A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) definiu na plenária desta segunda-feira a realização de três dias de desfiles no Grupo Especial no Carnaval 2025. Segundo a TV Globo, o tempo mínimo e máximo de cada apresentação seguirá o mesmo até este ano, ou seja, 60 minutos a 70 minutos.
Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval
A Unidos de Padre Miguel, atual campeã da Série Ouro, abrirá o domingo, em 2 de março, com a Unidos da Tijuca, 11ª colocada do Grupo Especial no ano anterior, iniciando a segunda-feira, 3 de março, e a Mocidade, 10ª de 2024, abrindo a terça. As demais serão divididas em trincas, com a ordem sendo definida no sorteio do próximo dia 23, na Cidade do Samba: Mangueira, Portela e Beija-Flor / Grande Rio, Viradouro e Salgueiro / Paraíso do Tuiuti, Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense.
As notas eram dadas, até o Carnaval 2024, após a passagem da última escola de samba do Grupo Especial, já na manhã de terça-feira. Isso gerava a polêmica das agremiações fugirem do domingo, afinal, os julgadores poderiam acompanhar no hotel as notícias das apresentações do primeiro dia, já que só fechavam os envelopes no fim do último dia.
Dentro da configuração aprovada, que já valerá para 2025, quatro escolas se apresentarão em cada dia. Dessa forma, também em decisão inédita, as notas dos julgadores passarão a ser fechadas ao final de cada dia.
“Dentro dessa iniciativa, queremos viabilizar uma redução no preço das arquibancadas, com o objetivo de tornar os ingressos ainda mais acessíveis. Também vamos proporcionar que mais pessoas estejam no Sambódromo em dias diferentes”, ressaltou o presidente da Liesa, Gabriel David.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) definiu na plenária que acertou a realizou de três dias de desfiles no Grupo Especial no Carnaval 2025 também já acertou quais escolas vão abrir cada noite.
Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval
A Unidos de Padre Miguel, atual campeã da Série Ouro, abrirá o domingo, em 2 de março, com a Unidos da Tijuca, 11ª colocada do Grupo Especial no ano anterior, iniciando a segunda-feira, 3 de março, e a Mocidade, 10ª de 2024, abrindo a terça. As demais serão divididas em trincas, com a ordem sendo definida no sorteio do próximo dia 23, na Cidade do Samba: Mangueira, Portela e Beija-Flor / Grande Rio, Viradouro e Salgueiro / Paraíso do Tuiuti, Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense.
Os desfiles oficiais do Grupo Especial do Rio de Janeiro agora terão mais um dia. Além das tradicionais apresentações no domingo e na segunda-feira, o público poderá acompanhar as escolas de samba do Grupo Especial, no Sambódromo carioca, também na terça-feira de folia. A decisão pela nova divisão de datas foi chancelada pelos presidentes e representantes das agremiações durante reunião plenária realizada nesta segunda-feira, na sede da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
Foto: Léo Queiroz/Rio Carnaval
Dentro da configuração aprovada, que já valerá para 2025, quatro escolas se apresentarão em cada dia. Dessa forma, também em decisão inédita, as notas dos julgadores passarão a ser fechadas ao final de cada dia. A Unidos de Padre Miguel, atual campeã da Série Ouro, abrirá o domingo, em 2 de março, com a Unidos da Tijuca, 11ª colocada do Grupo Especial no ano anterior, iniciando a segunda-feira, 3 de março, e a Mocidade, 10ª de 2024, abrindo a terça. As demais serão divididas em trincas, com a ordem do dia de cada escola sendo definida no sorteio do próximo dia 23, na Cidade do Samba: Mangueira, Portela e Beija-Flor / Grande Rio, Viradouro e Salgueiro / Paraíso do Tuiuti, Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense.
“Dentro dessa iniciativa, queremos viabilizar uma redução no preço das arquibancadas, com o objetivo de tornar os ingressos ainda mais acessíveis. Também vamos proporcionar que mais pessoas estejam no Sambódromo em dias diferentes”, ressaltou o presidente da Liesa, Gabriel David.
Além disso, o espetáculo ganhará ainda mais atrativos, com novidades que garantam a presença do público na Sapucaí após o encerramento de cada dia, até o amanhecer.
Com a alteração do Grupo Especial, os desfiles mirins passarão para um novo dia da semana, que ainda será escolhido em comum acordo com a Aesm-Rio, organização responsável pelas apresentações das crianças, e com o poder público.
Vale ressaltar que o Desfile das Campeãs está mantido no sábado, dia 8 de março, com as seis primeiras colocadas festejando o resultado.
A Mancha Verde irá levar para a avenida um enredo cultural e inspirado em um documentário do canal “Futura”. O tema é ideia do presidente Paulo Serdan e foi lançado na última quarta-feira, na quadra da escola. Para o anúncio do enredo, a escola fez um vídeo e passou com exclusividade no telão para quem esteve presente na quadra. A reação positiva foi imediata. O tema é intitulado como “Bahia, da fé ao profano”, desenvolvido pela comissão de carnaval.
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
Escolhido por um documentário
O presidente Paulo Serdan é a mente pensante por trás do tema. Assistindo o canal Futura, o gestor viu o documentário que dá nome ao enredo, sugeriu à diretoria e equipe de carnaval. A mesma situação aconteceu no ano de 2023 com o enredo do ‘Xaxado’, que deu o vice-campeonato para a escola. De acordo com Serdan, o tema mudou. Seria um desfile com captação de recursos financeiros, mas por questões de política na sociedade e visões distorcidas de algumas pessoas no último carnaval, optou pela oportunidade do documentário. “Eu acho que o canal Futura daqui a pouco vai estar cobrando, mas acho que é para isso que o Futura existe, para expandir o conhecimento de todo mundo. A gente tinha até um outro enredo com grandes chances, quase acertado o lance de patrocínio, já ia vir dinheiro também, não sei o valor, mas ia vir. Eu senti nesse carnaval que essa polarização atrapalhou um pouco. As pessoas misturaram o nosso tema com política, e não tinha nada de política. E isso eu acho que engessou um pouco a gente. As pessoas ficaram receosas de se soltar mais também. Se a gente tivesse com esse outro enredo que estava acertado, acho que ia seguir quase que na mesma linha ou ia dar a conotação, a intenção de que era a mesma coisa. E aí não ia valer a pena. Na hora que apareceu a oportunidade que eu assisti, falei com todo mundo, o pessoal também assistiu e gostaram. A gente conseguiu a autorização do diretor, o produtor do documentário, principalmente pelo nome, porque é muito forte. E a gente vai desmistificar algumas coisas também, porque no Sul e Sudeste, quando a gente fala em profano, pensa sempre em coisa muito ruim, mas você assistindo o documentário, vê que não é. A gente entendeu que seria muito legal desmistificar isso também”, afirmou Serdan.
A Mancha Verde está fazendo algo diferente dentro do próximo projeto. Não há um carnavalesco de fato, e sim uma comissão de carnaval que, segundo Serdan, todos podem opinar, sendo desde a serralheria no barracão até o diretor de carnaval. O grupo que está conduzindo e assina o carnaval da Mancha Verde conta com nove pessoas, além do presidente.
“Nesse tempo todo que eu tenho de barracão assim, de carnaval, eu gosto de acompanhar sempre tudo e eu fui entendendo e enxergando também que muitas vezes quando o carnavalesco acaba se perdendo no projeto, deixando muita coisa escapar, e isso é normal, uma cabeça só é complicado. Mas quando acontece isso, quem segura a onda e dá muita qualidade é a retaguarda, e ela não é valorizada. Se dá errado, alguém acha um culpado, que às vezes é até o carnavalesco, mas se dá muito certo, é o carnavalesco também. A ideia disso foi valorizar as pessoas que estão nos bastidores. A gente tem uma equipe que está na Mancha há muito tempo e é muito competente e resolveu muito problema… por que não dar a chance desse pessoal opinar? Essa oportunidade que a gente está dando para que as pessoas sejam reconhecidas, tem tudo para dar muito certo”, completou.
Detalhes do enredo
Paolo Bianchi, diretor de carnaval e membro da comissão, deu uma explicação detalhada do que é o enredo da Mancha Verde para 2025. “A gente mais uma vez quis voltar para o que a Mancha tinha feito os últimos anos, que fazia enredos culturais. Sempre que surge, vem da forma mais inusitada. Esse aqui, o presidente assistindo um documentário no Futura, viu esse tema, achou legal, e lançou a ideia lá atrás, ainda na época das campeãs. O enredo não é sobre a Bahia, é sobre o comportamento do povo baiano. Então, é tentar captar a alma do baiano, que a gente sabe que é festeiro, que a gente sabe que é religioso em todas as vertentes. E quem quiser ver o documentário, ele fala exatamente isso. Tem um padre que diz: ‘não tem problema que o cara vem aqui na festa, fica aqui e começa a profanar’, porque o profanar na Bahia é beber e curtir. O padre falava que não tinha problema, porque o que importa é que ele fez a sua oração e agora ele vai se divertir. No dia a dia, se embelezar, algo da vaidade do povo baiano, voltando lá nos seus ancestrais, nas próprias escravas que se enfeitavam, e a gente quer mostrar isso. A vontade de se embelezar, para ir orar e também profanar”, explicou.
Paolo Bianchi, diretor de carnaval da Mancha
O diretor continuou com a explicação, dizendo que a música, danças culturais e comidas estarão inseridas no desfile, mas dentro da narrativa do enredo. “Depois vamos falar das comidas, como o baiano usa o corpo para profanar e dançar nas festas culturais, mas também usa dele para dar passagem paro o seu santo e seu orixá. Por fim, como é que a música baiana toca os dois mundos religiosos da profanidade, e não só o axé. A gente conhece vários ritmos baianos, até os mais contemporâneos hoje, que é o trap, o som da periferia que está aflorando”, disse.
De fato, enredos sobre Bahia é presente no carnaval há muito tempo todos os anos, mas essa narrativa da Mancha Verde é completamente diferente. Não é o chamado ‘CEP’ ou homenagens à determinadas pessoas ou religiões, e sim entrar na alma do povo da Bahia. “Eu sou suspeito. Meu filho é baiano, então eu adoro a Bahia. Mas a gente sabe que muita escola do Rio, São Paulo, de Guarulhos, de Santos, de qualquer lugar, já falou da Bahia. Quando a gente fala Bahia, cai nessa… Ou vai falar um negócio óbvio mostrando o Elevador Lacerda, Farol da Barra. Não que a gente não ache isso lindo, mas a gente quer falar da alma do povo baiano. É, que o povo batalhador, como que tem sua fé, sua crença e se diverte”, completou.
Projeto artístico por um novo artista
Lucas Abelha, que está com cargo de ‘projetista’ na comissão, ocupa a função que seria o de um carnavalesco como se é conhecido. É ele quem vai liderar os desenhos de alegorias e fantasias, supervisionado pelos outros membros. “Eu sou de Rondônia, definitivamente moro no Rio desde 2019, mas sempre eu cresci imbuído nessa missão de fazer carnaval contra tudo e todos do lugar de onde eu venho, que é uma cultura que não acontece tanto, mas desde o primeiro momento eu fui muito impactado por toda a minha arte. Eu sempre com arte trabalhei desde muito criança. A partir do momento que eu foco a minha arte dentro do carnaval, eu me encontro e eu acho que essa oportunidade de ter vindo tão cedo é uma coisa única, que não dá para desperdiçar de forma nenhuma”, completou.
Lucas Abelha, projetista e integrante da comissão de carnaval da Mancha
Abelha (como é chamado no meio do carnaval), falou ainda mais sobre a sua participação dentro do enredo entrando na parte do barracão. “Eu acho que a gente pode colocar como a parte mais subjetiva da criação. Então, eu estou dando esses contornos para a narrativa junto com o Paolo Bianchi (diretor de carnaval) e vou trabalhar na produção dos figurinos e das alegorias. Vou entregar o projeto para a escola junto com a equipe e daí a gente tem aderecistas, escultores, ferreiros, administradores que vão fazer acontecer, mas eu sou a mão que vai colocar isso no papel a partir de muito diálogo e muita troca. Essa equipe é grande, mas que não foi formada apenas por isso. Cada um tem a sua habilidade, cada um tem a sua área de atuação e eu vou agregar tudo isso no visual da escola”, contou.
De acordo com o profissional, o retorno deve ser positivo devido ao título de 2019, que foi o primeiro da agremiação. No caso, era um tema afro, mas que se tratando de Bahia, está ligado. “Eu acho que a comunidade se identifica muito pelo título que a escola teve. É um novo viés, é uma nova proposta, mas que conversa com a cultura afrocatólica. É uma ideia que parte do presidente através do documentário, e a gente encontra esse caminho. Falar de como esse território baiano ele mescla, agrega expressões de profanidade e do sagrado na sua cultura, seja na culinária, na dança, na música e em toda questão visual também, onde a gente tem muito forte isso no enredo, que é o ato de se enfeitar, seja para estar na rua e no sagrado. Acho que tudo isso gera uma potência que a comunidade consegue assimilar bem. Eu já esperava que a comunidade reagisse bem ao anúncio”, explicou.
Os 20 ritmistas, crianças e adolescentes, que participaram do show da cantora Madonna, na noite do último sábado, na Praia de Copacabana, fizeram história. Eles participaram do maior show da “Rainha do Pop”, que levou 1,6 milhão de pessoas para festa de 40 anos de carreira. Em publicação nas redes sociais, João Mourinha, integrante da Liesa, assessor especial do presidente Gabriel David, revelou detalhes dos cinco dias de ensaios, e comemorou o resultado.
Foto: Acervo pessoal
“Eu poderia escrever um livro sobre a semana que passou. Abandonei minha familia por cinco dias para fazer acontecer o sonho de outras 20, que só agora vão começar a entender o furacão que passou ontem pelo Rio de Janeiro. Ontem, no talento e trabalho duro de 20 ritmistas brilhantes, o samba venceu. E venceram todos os que amam a cultura do carnaval, maior expressão cultural deste país. Mas naqueles cinco minutos de fama, venceu a resistência, a luta contra o preconceito, a conviccao de que todos os sambistas merecem ser tratados como estrelas, com tudo o que teem direito, nome e sobrenome, e dignidade! Por uma semana passamos por tudo, tivemos acidentes, roubos, cansaço, momentos dificeis e chegamos ao final juntos, roubando a cena do show da rainha @madonna a bisa (entendedores entenderão). Revi amigos Paulo Fellin, @thaizeoliveira, conheci novos @pretinhodaserrinha, Tom, @gb65, Cecília, @sergioassolarii, Sarah, e ganhei 20 filhos. Agradeço a minha @patachok e aos meninos, que sempre apoiam minhas loucuras, a minha familia @produtosoficiais, a quem faltei esta semana de UFC, a diretoria da Liesa e todas as escolas do @riocarnaval ao Elmo Jose dos Santos, a @evelynbastosoficial, @nati_louise, ao @thismassari, @gustavomostof e a todos os que ajudaram de alguma forma. Sintam-se representados. Com respeito, saio deste show um pouquinho sambista. Vencemos @gabriod”.
O casal Renato e Márcia Lage está de volta ao carnaval. Na tarde do último domingo, na Vila Vintém, a dupla foi apresentada oficialmente como a responsável pelo desfile de 2025 da Mocidade Independente de Padre Miguel. Eles chegam para substituir Marcus Ferreira, que foi responsável pelo desfile deste ano, sobre o caju, no qual a escola terminou em 10º lugar. Renato Lage, um dos maiores carnavalescos da história, retorna à escola onde ajudou a criar uma identidade nos anos 1990. Em seus 13 carnavais na Mocidade, Renato conquistou três títulos: o bicampeonato em 1990-91 e em 1996. Além disso, seus desfiles são cultuados, especialmente na época em que a escola da Zona Oeste rivalizava com a Imperatriz Leopoldinense.
Foram anos de glória, nos quais Renato consolidou seu nome na história do Carnaval como um dos artistas mais criativos do universo das escolas de samba. Renato esteve na Mocidade entre 1990, quando estreou com o título, e 2002. Em seguida, mudou-se para o Salgueiro, onde trabalhou com Márcia. Depois de passagens sem grande destaque pela Grande Rio e Portela, ficou sem escola em 2024 e agora retorna à Estrela Guia.
Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO
Márcia descreveu em entrevista exclusiva ao site CARNAVALESCO seu retorno à Mocidade como um looping enlouquecido, uma montanha-russa de emoções. Ela se sente impactada por muitas histórias e emoções ao voltar após 24 anos, revendo a quadra e reencontrando pessoas da época. É prazeroso e emocionante, mas também vem com a responsabilidade de corresponder às expectativas da Mocidade. Ela vê esse encontro como muito aguardado, um reencontro de alma, sentindo-se em casa na escola onde foi muito feliz.
“É um looping enlouquecido, eu não gosto de montanha-russa não, mas eu estou vivendo uma montanha-russa. Não tem nem como eu encontrar uma palavra que defina, é muita história aqui dentro, foram 13 anos e você retorna depois de 24 e vê uma quadra, parece que eu estou sendo assombrada por muita história, muita emoção, muito carinho, reencontrando pessoas da época da gente, está sendo muito prazeroso. E ao mesmo tempo, aquela expectativa que a gente vai começando a criar dentro da gente de corresponder à expectativa da Mocidade. Eu acho que esse encontro é um encontro muito aguardado, e é um encontro de alma, eu fui muito feliz nessa escola, eu estou em casa”.
Para Renato, esse retorno significa reviver um “filmaço”. Ele associa a quadra da escola à história icônica da Mocidade, onde foram conquistados vários carnavais e alegrias. Essa volta representa reiniciar uma história que já passou, mas com o objetivo de manter a identidade e atmosfera da Mocidade. Ele está determinado a preservar esse clima e essa identidade enquanto dá continuidade à trajetória da escola:
“Está passando um filmezinho, filmezinho não, um filmaço, porque, inclusive, fizeram essa apresentação hoje aqui nessa quadra, que para mim é uma quadra icônica da escola, é aqui que a Mocidade conquistou vários carnavais, várias alegrias, essa quadra é histórica para Mocidade e para o carnaval também. Essa volta é assim, para gente reiniciar uma história que passou lá, mas a gente vai tentar dar continuidade a esse clima, essa atmosfera que a Mocidade tem, a identidade, vamos tentar isso”.
Márcia revelou como surgiu o enredo e as expectativas para o Carnaval 2025: “O enredo, nós fomos chamados pelo Rogério, com a intenção de resgate daquela Mocidade. Assim, encomenda dada, encomenda feita. E, de um certo modo, o pessoal da Independente se identificava com as nossas viagens. Também era um anseio da comunidade. Então, em primeira mão, era atender essa demanda. Porque eu sinto assim, todos muito felizes, tão confiantes que a gente vai botar aquela coisa. Mas isso dá um medo porque é uma responsabilidade muito grande de você chegar lá e corresponder a tanta ansiedade, a nossa e a deles para receber esse produto, mas tranquilo, vambora”.
O sábado foi de festa no Grajaú. Com um dia de antecedência, a Estrela do Terceiro Milênio comemorou os 26 anos de idade com um grande evento – com direito a bolo, festa no clima das antigas discotecas (a “Milênio Disco Club”) e o anúncio do enredo oficial da agremiação da Zona Sul de São Paulo para o carnaval de 2025 – intitulado “Muito Além do Arco-Íris – Tire o Preconceito do Caminho Que Nós Vamos Passar Com o Amor”.
A escola já vinha dando uma série de dicas sobre o enredo em redes sociais e em apresentações realizadas pela agremiação – como a Festa das Campeãs, realizada na Mocidade Alegre. A formalização da temática, entretanto, foi realizada no sábado – primeiro em um evento para a imprensa segmentada e convidados, depois para a própria comunidade, ambos com um documentário de 32 minutos produzido pela própria agremiação.
Caminhos e motivos
Durante a coletiva de imprensa, Murilo Lobo, carnavalesco da agremiação, contou como surgiu a ideia de realizar tal enredo. Antes, ele destacou que haviam cerca de dezoito temas propostos e que foram debatidos com toda a comunidade da agremiação. O escolhido foi o último, e ele até estava preparado para ser cortado: “Para minha surpresa e alegria, a diretoria ouviu e acolheu com muito carinho. Três segundos após eu perguntar o que eles tinham achado, o presidente pediu a palavra e falou que era exatamente isso, que era um tema necessário e que tínhamos que ser corajosos e levá-lo para a avenida. Nenhuma escolha de samba trouxe um tema como este para o enredo, e acho que muitas escolas queriam fazer algo semelhante, mas é necessário ter coragem e sensibilidade. O presidente abraçou, a diretoria abraçou, o mestre Vitor Velloso destacou que a Pegada da Coruja tem cerca de 30% de ritmistas da comunidade LGBTQIA+, ela é muito inclusiva… tinha tudo a ver a Milênio vir com esse tema”, pontuou, exemplificando a ótima receptividade da escola em relação à temática.
Continuando a fala, Murilo destacou o quanto está feliz e pontuou o quanto a satisfação com o enredo o motivou: “Foram mais de treze livros, sete mil e quinhentas páginas, muitos documentários, mergulhei em universos que eu também não conhecia”, revelou.
Outro momento surpreendente da fala do carnavalesco na coletiva de imprensa destaca o quanto a temática, mesmo sem ter sido lançada, já quebrou preconceitos na comunidade da escola: “Depois que revelamos o nosso tema, o presidente compartilhou uma mensagem no WhatsApp que ele recebeu de um pastor evangélico conhecido dele que tem uma filha que fez a transição de gênero. Ele queria falar o quanto ele e a família estão orgulhosos de desfilar com tal enredo. Vai muito além da gente”, comentou.
A noite na qual os eventos foram realizados coincidiu com um grande show em solo brasileiro: da cantora Madonna, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O carnavalesco utilizou a Rainha do Pop em sua expalanação: “A gente precisa educar. Hoje, eu vi uma matéria sobre a Madonna dizendo que, todo dia, nós precisamos criar uma versão melhorada de nós mesmos. O carnaval serve para isso. Faremos um carnaval muito emocionante, a ideia é fazer um grande show, o carnaval está precisando de show – e nós faremos isso”, citou.
Simbologias
Em dois momentos, Murilo pontuou que determinados símbolos utilizados pela comunidade LGBTQIA+ são muito mais que figuras: “O arlequim da nossa logo, por exemplo, é muito mais que um emblema como um manifesto carnavalesco. É uma figura andrógina, na qual cabem todas as sexualidades, e você vê a marca das violências – que ainda são reais. E, claro, a vontade da escola de oferecer colo, carinho e abrigo para um coração colorido”, emocionou-se. Em outro momento, enquanto a reportagem tentava “bater leque” (já que o item foi distribuído pela assessoria de imprensa aos presentes), o profissional destacou que tal ação também não é em vão: “O ‘bater leque’ também significa se abrir para um pensamento novo, uma mentalidade mais aberta”, explicou.
Aprendizado
Presidente da agremiação, Silvão Leite pontuou que, mesmo sendo ele a principal voz para a escolha do enredo, ele também está em processo de desconstrução: “Tudo que eu aprendi nesses poucos dias desde que a gente definiu o tema foi muito importante para mim. Esse tema é importante para dar oportunidade para outras pessoas, como eu, aprender, saber e ter o entendimento de toda a comunidade LGBTQIA+. A gente pode amar quem a gente quiser”, ratificou.
O mandatário da Coruja também pontuou que o desfile já está sendo preparado: “Quero parabenizar o Murilo, toda a diretoria e toda a comunidade por estar engajada nesse tema, com vontade de apresentar um grande espetáculo. Tenho certeza que nós vamos apresentar uma linda festa no carnaval de 2025 na avenida. Garanto que vocês vão se surpreender com tudo que a gente vai mostrar. O carnaval é isso, a Terceiro Milênio vem apresentando ótimos desfiles e tenho certeza que esse tema vai trazer um grande desfile para nós”, prometeu.
Quem também falou sobre o quanto está recebendo conhecimento foi Carlos Pires, o Carlão, diretor de carnaval da instituição: “É um tema que temos que estudar bastante para saber como falar. O Murilo e toda a diretoria estão nos ajudando nisso, sobre como falar. Já começamos o trabalho no nosso samba-enredo, já temos quinze times convidados e segunda-feira faremos nossa palestra técnica para eles, apresentando enredo e sinopse. E, aí, começa o processo de disputa – que será muito tranquilo, queremos ter um belo samba-enredo, entendemos que ele é a cereja do bolo da nossa apresentação. Teremos a participação da diretoria e do carnavalesco, todos podem vir à vontade conversar com a gente. Só teremos um samba campeão quando sentirmos isso: não temos pressa para desenvolver o concurso e apresentá-lo. Em um momento oportuno, na terceira fase (e não no começo), colocaremos as canções nas redes sociais. Teremos calma, tranquilidade e inteligência para apresentar um grande samba para o carnaval 2025”, detalhou.
Ações práticas
Após a coletiva de imprensa, em entrevista ao CARNAVALESCO, Silvão destacou que os trabalhos na Estrela do Terceiro Milênio vão além do enredo: “Estamos preparando algumas ações. Tivemos uma roda de conversa com a comunidade LGBTQIA+ aqui da nossa comunidade e temos procurado participar e interagir com vários movimentos do Grajaú. O tema escolhido foi muito bem recebido, e todos estão entendendo a seriedade que estamos dando para a carnavalização de um tema tão delicado. Através de tantos movimentos que já acontecem, faltava o carnaval apresentar uma situação dessa. O Murilo fez uma questão tão maravilhosa que conseguimos buscar situações de quatro séculos atrás, e viemos entendendo como toda a situação se desenrola. As pessoas vão ter uma clareza maior para ter o entendimento amplo que não deveria ser, mas é delicado até hoje”, contou.
Fotos: Will Ferreira e Lucas Sampaio/CARNAVALESCO
Carlão, tal qual na fala durante a coletiva de imprensa, destacou que, antes de mais nada, é necessário dar voz a quem sofre tal tipo de preconceito: “Primeiro a gente tem que aprender. Nós estamos aprendendo, acho que é uma lição de casa que nós da diretoria temos que fazer. Estamos todos aprendendo, falando sobre o tema com o carnavalesco, lendo, escutando, conversando com pessoas pra você poder passar pra todo mundo, para a equipe de trabalho, para a nossa comunidade, de uma forma certa”, pontuou.
O diretor de carnaval, porém, não nega que ainda existem pessoas que não estão prontas para um enredo tão impactante: “A gente sabe que ainda tem a resistência, então a gente está fazendo um trabalho para quebrar um pouco mais essa situação ruim. A gente vai fazer um trabalho buscando muita alegria, buscando que todo mundo participe, não diferenciando uma pessoa da outra, porque não é porque estão falando da comunidade LGBTQIA+ que a gente vai fazer pouco caso de outras minorias: todos vão estar juntos. Essa é a grande missão que a gente tem, de juntar todo mundo. E a gente teve uma grande aceitação da nossa escola, da nossa comunidade, do público em geral. É ter coração aberto, trabalhar com muito carinho, com muito amor, com muita dedicação. É um tema que é muito forte, então a gente vai procurar fazer um carnaval muito forte em termos de apresentação, com um grande samba, com muita alegria, mostrar tudo que tem de bom, de tudo que tem de importante e chegar num grande objetivo”, revelou, já falando como lidar com possíveis momentos desagradáveis ao longo do ciclo carnavalesco.
Prático, Murilo destacou que colocar determinados pensamentos em xeque já é motivo de orgulho. “Não tem preparação. O que tem, na verdade, é uma vontade de fazer a diferença, de plantar uma semente. Se a pessoa tiver uma dúvida na cabeça a respeito de algo que ela fez na vida, que ela disse e pensou depois de ouvir nosso samba e ver nosso espetáculo, já é uma grande vitória. É um processo que ainda vai demorar muito tempo para acontecer – embora o Brasil seja jovem e tenham países muito piores em relação à comunidade LGBTQIA+. Temos uma comunidade jovem e muito ativa, temos uma Constituição que garante isso e precisamos fazer isso valer. O carnaval é uma chance de ensinar, e vamos trabalhar, primeiro, com as nossas pessoas, com rodas de conversas, trazendo filmes e pessoas para conversar. Mas, depois, vamos para o carnaval – e tentaremos trazer para as pessoas a importância da comunidade LGBTQIA+ para o Brasil e para o mundo”, finalizou.
Presenças ilustres
Além da sempre presente comunidade da Estrela do Terceiro Milênio, algumas personalidades do carnaval paulistano também marcaram presença na Milênio Disco Club. Um deles foi Daniel Vitro, mestre-sala da agremiação entre os anos de 2019 e 2023. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade Alegre, Diego Motta (estreante em 2024) e Natália Lago (desde 2023 ostentando o pavilhão da Morada do Samba) também se fez presente.
A Botafogo Samba Clube já tem uma nova voz oficial para a sua estreia na Marquês de Sapucaí. Emerson Dias será o intérprete oficial da escola da torcida alvinegra no Carnaval 2025. O cantor já havia sido campeão na disputa de samba da agremiação em 2020, no enredo sobre Beth Carvalho.
Foto: Emerson Pereira/Divulgação
Emerson começou sua carreira em 1991 como apoio e tem passagens por diversas agremiações. Como intérprete oficial, defendeu a Grande Rio e o Salgueiro, escola por onde ficou nos últimos seis anos, e vai reencontrar o carnavalesco Alex de Souza. Atualmente, ele se divide entre as escolas Mocidade Unida da Mooca, X9 de Santos, Andaraí e Cova da Onça.
“É uma honra fazer parte de uma agremiação feita por torcedores apaixonados. Podem contar com a minha garra e dedicação para incendiarmos a Marquês de Sapucaí. Ei,psiu! Eu também sou Botafogo Samba Clube”, afirmou o intérprete.
Além de Emerson Dias, a escola conta em seu time de segmentos nomes como Alex de Souza, o diretor de carnaval Valber Frutuoso, o mestre de bateria Branco Ribeiro, o coreógrafo da comissão de frente Jardel Augusto, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Beatriz Paula e Diego Moreira. A agremiação lançará em breve o seu enredo para o Carnaval de 2025.