O Senac RJ se une mais uma vez à Equipe de Maquiagem Artística da vice-campeã do Carnaval 2023, Unidos do Viradouro, liderada pela premiada maquiadora Christina Gall. Cerca de 80 alunos e ex-alunos, acompanhados por instrutores de ensino dos cursos de Maquiador, irão atuar na make-up de aproximadamente 600 componentes do desfile do dia 12 de fevereiro e, no sábado das campeãs, se a escola mantiver o ritmo de vitórias dos últimos anos. A atividade funciona como laboratório para os estudantes, permitindo a vivência profissional em um dos maiores eventos do planeta.
Foto: Hélio Melo
A Equipe de Maquiagem Artística da Viradouro é formada há seis anos por Christina Gall, que também foi aluna do Senac e é responsável atualmente pela Maquiagem, Criação, Coordenação e Comissão de Frente da escola, auxiliada pelos coordenadores Diogo Lisboa, Silvana Maurente e por três alunas do Senac RJ que a acompanham desde o início da parceria: Glaucia Pandora, Karen Kim e Keit Souza.
Os alunos selecionados terão em torno de duas horas para caracterizar os rostos dos personagens do desfile, um trabalho que inclui produtos específicos para resistir à chuva e ao suor, a partir de um longo trabalho de pesquisa de Christina Gall:
“O trabalho da maquiadora está sujeito às ocorrências da natureza como calor ou chuva. Por isso foi feito todo um estudo para as maquiagens que serão feitas com produtos à prova de água. Foram horas sem dormir durante esse trabalho de pesquisa.” – conta a maquiadora.
Workshop de treinamento
Os participantes da ação de maquiagem recebem treinamento prévio com a equipe de Christina Gall, onde são orientados sobre as técnicas de aplicação das maquiagens que serão utilizadas pela escola no dia do desfile. A atividade se insere na metodologia do Senac RJ, que adota sempre o ensino prático, e oferece a oportunidade de alunos vivenciarem a realização de um grande evento e toda a rotina da maquiagem de uma escola de samba do Rio de Janeiro. A qualificação profissional de maquiador ensina a aplicação técnica de cosméticos e, utilização de recursos artísticos a partir de uma intenção, aplicando o conceito de beleza integrada. Desta forma, a equipe da escola assegura que a maquiagem dos componentes do desfile estará alinhada à mensagem de cada ala ou fantasia. A experiência desse trabalho na Avenida contribui para o portfólio profissional desses maquiadores.
Sobre o Senac RJ
Há 78 anos o Senac RJ atua na profissionalização de mão de obra para o setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Rio de Janeiro. A instituição de ensino investe fortemente em inclusão social por meio de capacitação para o mercado de trabalho e é reconhecida como referência na oferta de cursos profissionalizantes.
A Unidos de Padre Miguel se prepara para brilhar mais uma vez no maior espetáculo da terra. Em meio a um universo de grandiosidade, a dança do mestre-sala e da porta-bandeira emerge como um dos elementos mais emblemáticos e tradicionais da festa, destacando-se não apenas pela apresentação imponente, mas também pela dedicação singular de seus casais.
Foto: Diego Mendes/ Comunicação UPM
Há mais de uma década na escola, o casal Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira tem a responsabilidade de conduzir o pavilhão da agremiação. Os ensaios, iniciados em junho, vão além da busca pela perfeição coreográfica, incluindo uma preparação física e psicológica meticulosa. Com academia, treinos funcionais e sessões individuais com psicóloga, a dupla visa alcançar o equilíbrio perfeito entre corpo e mente para brilhar intensamente durante o desfile e conquistar os 40 pontos para o Boi Vermelho.
“Antes mesmo da escolha do samba iniciamos nossa preparação, com um trabalho intenso na academia para pegar condicionamento físico, além de um tratamento psicológico com a Dra. Isabel, que vem sendo extremamente importante para nós ” – contou Jéssica.
A criação das coreografias para o casal é um processo que combina a inspiração da fantasia, as exigências específicas da apresentação e a essência do samba-enredo, resultando em um estilo de bailado moderno que preserva a essência clássica do samba, como destaca Vinícius Antunes: “Cada movimento carrega a alma do samba, e é nesse ritmo que encontro a verdadeira essência do meu amor pela dança.”
Simultaneamente, o segundo casal, formado por Emerson Faustino e Joana Falcão, juntos há 16 carnavais, tem uma preparação dedicada, ensaiando desde agosto, a dupla enfatiza a musculação, atividades cardiovasculares e também faz uso de acompanhamento psicológico individual como fundamentais para assegurar uma performance impecável.
“Estar na Unidos de Padre Miguel é como ter um pedaço do meu coração pulsando no ritmo contagiante do samba” – contou Joana.
Foto: Diego Mendes/ Comunicação UPM
Na criação das coreografias, a preferência da dupla é mesclar o clássico e o coreográfico em seu estilo de bailado. Com o enredo centrado em Padre Cícero, as duplas expressam seus pedidos ao Padim para conquistar o título tão sonhado para a Unidos de Padre Miguel. da alma do samba.
Em 2024, a Unidos de Padre Miguel levará para a Avenida o enredo “O Redentor do Sertão”, de autoria dos carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato. Vice-campeã em 2023, a vermelha e branca da Vila Vintém será a quinta agremiação a desfilar no sábado de carnaval, pela Série Ouro, do Rio de Janeiro, em busca do tão sonhado título e o acesso ao Grupo Especial.
A Em Cima da Hora apresenta mais uma beldade para o carnaval de 2024! Ale Jansen, a nova madrinha de bateria, se une à rainha, Davina, para trazer uma explosão de energia e paixão à Sapucaí.
Ao som dos ritmos envolventes da Bateria Sintonia de Cavalcante, liderada pelo mestre Léo Capoeira, Ale, com sua trajetória rica e vibrante no mundo do samba, traz consigo uma energia contagiante e uma dedicação incomparável à cultura carnavalesca. Desde os seus primeiros passos na União da Ilha até suas conquistas como coreógrafa, diretora de ala e co-criadora do projeto Poderosas do Samba, Ale personifica a essência do ritmo e da tradição.
Imbuído de sua missão de realizar uma cobertura voltada para a competição na avenida, pilar do desfile das escolas de samba, o site CARNAVALESCO inicia a temporada 2024 da já tradicional série ‘De olho nos quesitos‘. Uma sequência de nove reportagens analisando cada um dos quesitos em julgamento na pista. Na edição deste ano, nossa reportagem se debruçou sobre notas e justificativas dos quatro jurados escolhidos pela Liesa para o julgamento de 2024. Quais as justificativas mais comuns? Quais as notas mais baixas? Há muita diferença entre as notas para as escolas da primeira e segunda noite? Respostas que buscaremos encontrar a partir do texto abaixo, iniciando com o quesito evolução.
Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval
Os quatro julgadores de evolução anunciados pela Liesa para 2024 estiveram também em 2023. A jurada Verônica Torres é a única presente em todos os anos analisados pelo CARNAVALESCO, desde 2018. Lucila de Beaurepaire está desde 2019. E Gerson Martins e Mateus Dutra entraram em 2022. Considerando todas as notas aplicadas pelos quatro, 46% foram 10. Das 13 notas aplicadas para agremiações que abriram o domingo, apenas a Imperatriz em 2022 recebeu uma nota 10 no quesito, dada pelo julgador Mateus Dutra.
‘Falta de fluidez e coesão’ domina justificativas
O manual do julgador da Liesa, ao explicar o que está em julgamento no quesito evolução explicita: “é a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba que está sendo executado e com a cadência mantida pela bateria”. São critérios de julgamento do quesito a fluência da apresentação; a espontaneidade dos desfilantes e a coesão do desfile.
Neste sentido os julgadores que terão a incumbência de julgar evolução este ano vêm seguindo à risca aquilo que determina o manual. Nosso levantamento encontrou termos como ‘fluidez’ e ‘coesão’ (ou a falta deles) impressionantes 65 vezes nos últimos cinco anos nas justificativas veiculadas pela Liesa após os desfiles. A falta de fluidez e coesão em um desfile é quando a escola de samba passa a ter lentidão em excesso ou correria desenfreada em dados momentos de sua apresentação. Os julgadores chegaram a apontar o “efeito sanfona” de alguns desfiles, quando se registra lentidão e correria o mesmo desfile. Esse é portanto o aspecto de maior relevância quando se busca uma evolução nota 10 na avenida.
Temidos buracos
Outro aspecto que causa muita perda de pontos em evolução são os temidos buracos. Já houve escola deixando de ser campeã por uma apresentação arrebatadora mas que abriu buraco e outras que quase foram parar no acesso pelo mesmo motivo. Portela e Mocidade sofreram recentemente com evoluções acidentadas que jogaram as respectivas agremiações nas últimas colocações. Os buracos podem surgir mediante acidentes no desfile, como a quebra de uma alegoria ou por mera desorganização da escola, quando se abrem clarões dentro das alas.
Embora tenha entrado no corpo de jurados em 2022, o julgador Gerson Martins já detém o recorde de ser o maior encontrador de buracos na pista. Em seus registros de justificativas ele explicou que estava despontuando algum desfile por algum buraco nada menos que 15 vezes. Gerson é bastante rígido e aplicou apenas nove notas 10 em 24 desfiles avaliados.
Correria e alas emboladas
É quase um déjà-vu. Quem está no trecho final da Avenida Marquês de Sapucaí atesta todo no a correria desenfreada nos últimos minutos de desfile de uma escola de samba. Especialmente aquelas que se enrolam com o tempo. No Grupo Especial cada escola tem 70 minutos para se apresentar. Quando o relógio se torna inimigo da tranquilidade de diretores de harmonia registram-se componentes que mais parecem corredores de maratona do que sambistas. Posicionados no setor 10 da Sapucaí, os julgadores do último módulo de julgamento não deixam passar essa falha e apontam a correria como um dos principais aspectos que causam perdas de décimos nos desfiles.
Foto; Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
Talvez, a falha de evolução que mais deva irritar um diretor de harmonia é aquela que aponta para alas emboladas. Afinal de contas trata-se da falha humana de responsabilidade dos diretores de cada ala. Uma escola de samba ensaia dois, três meses em sua quadra e na rua, além do ensaio técnico na Sapucaí, para chegar no dia do desfile sem falhas. Porém um dos aspectos mais apontados nas justificativas de evolução são as alas embolando umas nas outras, causando confusão visual em quem vê o desfile de cima. O antídoto para esse problema é extrema atenção com as fileiras iniciais de uma ala e finais da outra para não jogar por terra meses de trabalho árduo.
O Paraíso do Tuiuti está de volta ao Grupo Especial desde 2017, o maior período na elite do carnaval desde que a Amarela e Azul de São Cristóvão foi criada em 1952. Com um vice-campeonato em 2018, a agremiação tem trazido para a Sapucaí enredos com forte presença da representatividade negra, com temas políticos e voltados para grande cuidado com a responsabilidade social como “Ka RíBa Tí Ye” , “Meu Deus, meu Deus” e “Carnavaleidoscópio Tropifágico”, e assuntos inéditos e ricos de brasilidade como “O santo e o rei”, “Mogangueiro da cara preta” e “O Salvador da Pátria”, que também não deixavam de ter o seu “pézinho” nas questões sociais. De volta ao Tuiuti, após carnavais na Mocidade e na Unidos da Tijuca, o carnavalesco Jack Vasconcelos, responsável pela parte artística daquele desfile aclamado pelo povo e que quase beliscou o título há 6 anos atrás, mais uma vez segue a linha de enredos da escola nos últimos anos e levará para a Sapucaí “Glória ao Almirante Negro!”. A história faz uma justa homenagem a João Cândido, um marinheiro brasileiro que se engajou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatadas sofridas pelos colegas. Jack explicou que o objetivo é difundir para o máximo de pessoas possível a história e importância do almirante e revela que a equipe se surpreendeu bastante com o conhecimento que o grande público já tem do personagem histórico.
Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO
“O nosso intuito é dar esse reconhecimento, é trazer o João Cândido para um conhecimento maior. Na verdade, neste caminho até aqui a gente percebeu que o João Cândido é mais conhecido do que a gente imaginava inicialmente. Mas, às vezes era um reconhecimento um pouco superficial, às vezes as pessoas não o ligavam nem à Revolta da Chibata em si, e por isso, acredito que vamos dar uma contribuição bacana para essas peças todas se encaixarem na cabeça do público em geral, da grande massa, que na verdade é o público que mais nos interessa. A gente pegar a massa e mostrar para eles que nós temos um herói vindo da massa que nos representa, e que lutou pelos direitos humanos, lutou por nós, que ele serve de exemplo maravilhoso, já que estamos em uma época que carece de heróis bacanas”, afirma o carnavalesco.
Em abril, quando o enredo foi lançado, a logo também foi divulgada. A marca do enredo foi desenvolvida pelo designer e ilustrador Antônio Vieira. O profissional se inspirou no universo dos quadrinhos para criar o desenho. A arte é uma capa de HQ, já dando o tom do que o carnavalesco Jack pretende trazer como identidade visual para este desfile.
“O nosso intuito é mostrar o João Cândido como o herói nacional que ele é. Existem alguns códigos visuais que a gente usa quando a gente quer dar uma ênfase maior a alguma passagem histórica, quer dar esse tom heróico que passa pelos dourados, pelos castanhos, a figura heróica, a passagem heróica, a construção de uma imagem, de um momento heróico, passa muito por esse filtro. A gente pensou muito no que que a gente podia usar para facilitar essa linguagem a ser assimilada pelo público. O desfile, como um todo, está se aproximando de uma linguagem pop, por que falo pop e usando a questão do heróico? Minhas referências para montar o desfile são muito cinematográficas e muito das histórias em quadrinhos. Desde o início eu pensei em mostrar o João Cândido de uma forma em que as pessoas entendam que estamos falando de um cara que é um herói. A gente não esconde isso, é isso o tempo inteiro, não é uma surpresa para quem não conhece o João Cândido que ele é o herói do enredo. A gente já deixa claro desde o início que a gente está falando de um momento heróico, que a Revolta da Chibata é um momento heróico da história brasileira. Alguns códigos de cores e de formas, eu extraí das linguagens de HQ e algumas coisas de cinema para a gente poder trazer para o desfile “, explica Jack Vasconcelos.
Não só se inspirando nas histórias em quadrinho, mas também nos grandes sucessos de Hollywood para apresentar esse enredo, Jack espera que o público consiga ver João Cândido como o protagonista que ele foi para a luta pelos direitos humanos no Brasil e que esse desfile possa ser um “sucesso de bilheteria”.
“O enredo é um épico, é um filme de três horas “Hollywood mente” falando é daqueles filmes de três, quatro horas no cinema que vai ter 11 indicações , é um épico da história brasileira que a gente vai botar na Avenida. João Cândido é tratado com esse filtro heróico mesmo, desde o início”, enfatiza Jack Vasconcelos.
Família de João Cândido participa de toda a construção do desfile
Único filho vivo de João Cândido, Adalberto Cândido, conheceu de perto o projeto de alegorias e fantasias que o Paraíso do Tuiuti vai levar para a Avenida no próximo Carnaval. Seu Candinho, como é chamado,com quase 90 anos, chegou a conhecer o barracão da agremiação ao lado de familiares e tem estado bastante presente acompanhando o desenvolvimento do projeto. Em agosto esteve na festa de lançamento do samba na quadra do Paraíso do Tuiuti e falou de forma exclusiva ao site CARNAVALESCO sobre a honra e importância de ver seu pai sendo homenageado além da expectativa pelo desfile onde estará presente ao lado de familiares e amigos.
“É uma satisfação muito grande para mim, para a minha família, para todos os admiradores do meu pai, por ele ser reconhecido e já pelo povo. Meu pai é um herói popular. É bom ele ser reconhecido pelo povo brasileiro. E no desfile, a emoção vai vir na hora, na hora que entrar no sambódromo, não é para qualquer. Se Deus quiser estarei desfilando com minha família e amigos”, explicou o filho do “almirante negro”.
O projeto desenvolvido por Jack passou pelos olhos da família que ajudou bastante desde o início colocando a disposição do carnavalesco arquivos, documentos e relatos importantíssimos para que o enredo pudesse ir além da Revolta da Chibata, mas também traçar um pouco mais da vida de João Cândido.
“Eles conheceram o Barracão, conheceram o projeto que já estava um pouco mais adiantado, mas desde o início quando a gente resolveu que seria este o enredo, a gente entrou em contato com eles e foram super bacanas. O bom, que eu percebi na questão da família do João Cândido, é que eles entendem perfeitamente o papel dele como grande personagem da história brasileira. A preocupação deles era, na verdade, de como se usaria a imagem do João Cândido. Como a gente deixou claro para eles, desde o início, que a nossa intenção sempre foi só homenageá-lo e o trazer como uma referência para as pessoas de hoje, eles nos deixaram muito livres nessa questão da criação. Ficaram à nossa disposição para darmos uma olhada alguns materiais que eles nos cederam que são do acervo familiar”, conta o carnavalesco do Paraíso do Tuiuti.
Seu Candinho foi fundamental neste papel pois é um entusiasta e efusivo defensor do legado do pai. Com seus quase 90 anos, Adalberto Cândido tem trabalhado muito para que João Cândido tenha o reconhecimento que merece e com certeza viu essa possibilidade no desfile do Paraíso do Tuiuti. Seu candinho conhece muito bem a história do pai, suas aventuras e sua luta pelos direitos humanos. O carnavalesco Jack Vasconcelos conta que quando o filho do “almirante negro” visitou o Barracão, o artista nem precisou explicar muita coisa para o herdeiro do homenageado.
“A gente ficou muito feliz de ver o seu Candinho estar por aqui e o mais bacana é ele descrever as coisas da história, a partir dos carros. Eu não precisei abrir a boca. E isso fez a gente pensar que acertamos em cheio. E também o fato dos familiares sempre estarem dispostos, solícitos, toda vez que a gente precisa tirar alguma dúvida, ou precisar deles para vir até aqui. Estão sempre aqui com a gente. Esta construção com o aval da família foi muito importante e isso dá para a gente um conforto de saber que a gente acertou pelo menos em questão de construção, de conceito, a gente acertou porque a família está muito à vontade com a escola e com o enredo”.
Barracão a todo vapor e uso das cores para dar o clima de cada setor
Muito elogiado pela forma como consegue tratar os seus enredos e muitas vezes sair do lugar comum, Jack Vasconcelos já contou a Baía de Todos os Santos pegando o ponto de vista das águas, já trouxe para Sapucaí o guaraná a partir de um prisma baseado na arte Naif, contou a vida e a carreira de Elza trazendo também uma homenagem a educação. Em termos de resultado seu grande trabalho foi no Tuiuti 2018 quando lançou um questionamento se a escravidão havia realmente sido abolida, pergunta chave para um enredo que falava sobre o momento dos direitos trabalhistas. Agora neste retorno, a vez é de João Cândido, que já passou na Sapucaí algumas vezes sendo citado, neste desfile, será a grande estrela, homenageado como o herói que foi. Jack explicou que buscou fazer com que o público possa sentir a emoção de cada momento vivido pelo almirante através da divisão cromática e de formas em cada setor. O artista espera causar diferentes sensações no público a partir de cada parte do desfile do Tuiuti.
“A gente tem setores que existem para você sentir o que as pessoas sentiram naquele momento de enredo. A gente tem o segundo setor que é quando ele entra para a Marinha que é um choque de visão mesmo, das coisas que ele vai ver, das chibatas e da correlação que se faz com um passado colonial que insistia e insiste em continuar por aí. A gente tenta decodificar em cores e em formas esse choque. O outro é uma coisa mais descoberta, tem uma viagem para outro tipo de mar. A gente tem uma cor de mar para Brasil, a gente tem uma cor de mar para lá fora, então, o enredo vai falando com as pessoas através dessas emoções despertadas por esses signos. Tem um setor que está quase inteiro avermelhado por conta desse sangue do marujo que escorre das costas e entra pela Baía de Guanabara e deixa a gente louco de raiva para explodir a revolução. As cores vão conversando com o público durante o desenvolvimento do enredo e trazendo as pessoas para dentro da história”, esclarece Jack.
Com um início que tem tudo para ser arrebatador, com um abre-alas que com certeza vai impressionar o público pelo tamanho, o carnavalesco procura não definir as emoções pela largura ou altura de alegorias, a ideia é atingir o público pela emoção do conteúdo que o carros e fantasias vão trazer para a Sapucaí.
“O que estamos fazendo é um desfile que traz essa preocupação com o épico, com a cor do épico, com esse signos de cinema, de história em quadrinhos para mostrar o nosso personagem. Como todo desfile que eu faço, eu atendo ao que o personagem ou ao que enredo pede. Desde o início o João Cândido pediu, me impôs ser tratado como herói e esse momento da história do Brasil ser tratado como um momento heróico. É claro que um carro tem mais impacto do que outro, mas isso a gente não tem como controlar, isso é gosto pessoal de cada um mesmo, mas a gente tenta dentro da nossa formação e do nosso estudo a ideia de brincar com esses signos e fazer as pessoas terem a sensação de estarem oprimidas em uma alegoria, ficar mais relaxadas em outra, e essas coisas vão acontecendo durante o desfile. Se juntar tudo e o pessoal falar ‘nossa tava grande’, beleza. Mas não é o intuito desde o início. A gente faz o que é melhor para a história”, define o artista.
E até por isso, para Jack não há uma alegoria preferida. O profissional enfatiza que todas precisam ter um cuidado, e acrescenta em tom brincalhão que não pode ignorar uma e destacar outra. Nessa reta final, o momento é de foco para dar o melhor acabamento para tudo aquilo que o artista tem planejado levar para a Marquês de Sapucaí.
“Essa época é assim mesmo, a gente mete mais a bronca severa na reta final e o intuito é sempre fazer o melhor possível. A gente olha, acha que cabe mais um negócio ali, sempre assim, vê onde pode dar mais uma tinta, mais um tonzinho, tipo esse azul aqui está muito chapado, vamos dar outra mão, a gente vai afinando as coisas. Não sei (sobre a alegoria que mais gosta), é uma pergunta difícil. Eu tenho que dar conta de todas, não posso pensar,’ não gosto muito desse carro, vou fazer de qualquer jeito(risos), não tem isso”, brinca o carnavalesco.
Mensagem do enredo é extremamente atual
Em uma realidade em que os direitos da dignidade da pessoa humana são ridicularizados, onde muitas vezes torturadores são aplaudidos, o enredo do Paraíso do Tuiuti ainda é muito atual. Como uma marca também dos enredos de Jack Vasconcelos, a história contada no passado sempre dialoga com o presente e busca entender como essa relação se dá e como pode contribuir para um futuro melhor. A responsabilidade social do desfile, do carnaval e sua potencialidade como mensagem sempre é bastante avaliada. Um dos pontos que esse traço estará bem claro vai ser na terceira alegoria que trará o entregador Max Ângelo dos Santos, agredido a chicotadas em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, no ano passado. Max aceitou o convite do Paraíso do Tuiuti e será João Cândido no carro que representa o momento da Revolta da Chibata (1910). Jack Vasconcelos falou mais sobre a importância que o enredo tem para pensar questões atuais.
“A grande mensagem é que a gente precisa estar sempre de olho na chibata que ainda está por aí, que ainda não acabou, que a luta não acabou. E também que democracia é uma luta constante, é uma vigilância. Nós tivemos há pouco tempo aí provas suficientes de ameaças, inclusive, à nossa democracia. Direitos humanos e direito à cidadania, à democracia, são lutas constantes. A gente não pode deixar de estar alerta. O João Cândido quando a gente olha para a estátua dele na Praça XV, é não deixar a gente esquecer que a gente não pode descansar porque as chibatas ainda estão por aí tentando ser empunhadas e a gente não pode aceitar”, prega o artista.
E não só na terceira alegoria, mas de forma mais clara no final do desfile, segundo Jack, haverá signos que vão apontar que esta luta continua mais atual do que nunca.
“A gente tem no final da escola algumas representações do que acontece hoje, dessas chibatas que a gente vê ainda serem instaladas durante o dia a dia e que já deveriam ter terminado. São imagens que ficaram na nossa formação, cultura e que elas devem ser abolidas”, conclui o carnavalesco.
Conheça o desfile
O carnavalesco Jack Vasconcelos revelou que o Paraíso do Tuiuti va levar para a Sapucaí no enredo “Glória ao Almirante Negro!” cinco carros e dois tripés, além de 29 alas. Confira uma ideia da setorização do enredo a partir da fala do carnavalesco.
“A gente vai acompanhando a construção desse herói, da infância dele no Rio Grande do Sul, dele entrando na Marinha, vendo as atrocidades, depois ele viajando para a Inglaterra e conhecendo a questão do sindicalismo, os movimentos, ele se nutrindo dessas informações e percebendo que ele não necessariamente precisaria se conformar com o que ele estava vendo de errado. A luta e ele se tornando líder e no final ele se tornando essa referência para a história do Brasil que ele acabou se tornando “, detalha o carnavalesco.
A renomada profissional da comunicação, Eloise Matos, celebra três décadas de dedicação à indústria, com mais de 20 anos como destaque na rádio FM, focando na vibrante cena do samba e pagode.
Foto: Felipe Araújo / Liga-SP
Desde 1995, Eloise Matos tem sido uma presença cativante na região metropolitana de São Paulo, solidificando-se como uma das locutoras mais respeitadas do ramo. Atualmente, ela brilha na rádio, conduzindo programas de segunda a sexta, que são um sucesso absoluto de audiência.
Com uma carreira diversificada, Eloise também atuou como mestre de cerimônia no concurso para a escolha da Corte do Carnaval de São Paulo, demonstrando seu comprometimento não apenas com a música, mas também com as tradições culturais.
Ao longo dos anos, Eloise Matos teve a honra de apresentar shows ao lado de alguns dos maiores nomes do samba. Além de sua carreira sólida como locutora, Eloise emprestou sua voz única para spots publicitários e jingles.
Entretanto, é na locução que Eloise Matos se destaca, manifestando claramente sua verdadeira vocação. Sua voz inconfundível continua a encantar os ouvintes em todas as suas atuações como Comunicadora.
A grande novidade é que Eloise Matos será a nova voz da apuração das notas do Carnaval de São Paulo. Sua experiência e paixão pela cultura carnavalesca a tornam a escolha perfeita para conduzir esse momento crucial do Carnaval, guiando o público através dos resultados e das emoções.
A Unidos da Ponte, mantendo sua tradição de enredos afros, promete encantar a Marquês de Sapucaí na Série Ouro com a narrativa envolvente de “Tendendém – O axé do epô pupá”. Este enredo conduzirá os foliões pela fascinante saga do dendê, desde sua origem mítica nas terras africanas até sua chegada ao Brasil por meio da diáspora. Com a direção do carnavalesco Renato Esteves, a escola de samba de São João de Meriti promete uma celebração cultural única. Na entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Renato Esteves contou alguns detalhes fascinantes sobre a inspiração por trás de sua criação e revelou o que podemos esperar do desfile na Avenida.
Fotos: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO
“O enredo surgiu através de um incêndio. Eu era assistente do Cahê, na Imperatriz, para o carnaval do Museu Nacional, e nessa pesquisa tinha um livro lá no cantinho da biblioteca que eu peguei, e falei assim, eu acho que isso dá enredo. E era o livro do Raul Lodi, que é ‘Tem Dendê, Tem Axé’, que falava sobre a história do Dendê, que eu acho que o mais interessante é que a gente sempre fala do Dendê, em tudo que é samba enredo, mas o Dendê mesmo nunca foi protagonista de um enredo. Achei essa ideia interessante, e aí com o incêndio eu não consegui devolver o livro, e o livro ficou guardado comigo até hoje, e virou o enredo da Unidos da Ponte”, comentou Renato Esteves.
Na entrevista, Renato também destacou o especial interesse que encontrou durante sua pesquisa pelo enredo, focando na riqueza dos fundamentos relacionados ao dendê. Ele ressaltou a importância e singularidade dos aspectos que envolvem essa temática, especialmente destacando a marcante presença de elementos africanos e baianos. Essa ênfase revela a profundidade de sua abordagem, explorando não apenas o significado simbólico do dendê, mas também sua conexão intrínseca com a cultura africana e baiana.
”Olha, o que eu achei mais interessante são os fundamentos envolvendo o Dendê. Assim, é um enredo cheio de africanidade, de baianidade, então acho que foi o momento que a gente pegou um recorte para falar sobre a Bahia, e a gente vai fundo que a Bahia é considerada o povo do Dendê. A gente vai fundo nessa história”, revelou Renato.
Renato Esteves, renomado por sua trajetória de sucesso como assistente de carnavalescos e suas contribuições para escolas campeãs como Unidos de Viradouro, Imperatriz Leopoldinense e Vai-Vai, está agora fazendo sua estreia como carnavalesco da Unidos da Ponte. Como grande trunfo do desfile da escola deste ano, ele aposta que a posição estratégica da Unidos da Ponte como a última escola a desfilar será um fator de sorte. Ele acredita que a luz do sol, sendo uma presença marcante no desfile, será um trunfo significativo. Essa escolha estratégica, associada ao tema vibrante e caloroso do dendê, reflete a ousadia e a alegria que a escola pretende imprimir na Sapucaí: ”Por sorte, ou azar nosso, mas eu acredito que foi sorte, nós já somos as últimas a desfilar, né? Então a gente vai pegar a luz do sol. Acho que o nosso grande trunfo é poder desfilar com sol e quente como o Dendê. Eu acho que a escola está muito alegre, a escola está muito quente, as cores são bem vivas, a gente vai acordar a Sapucaí”.
A reivindicação do carnavalesco Renato Esteves em relação à previsão da Cidade do Samba 2 reflete uma preocupação válida em meio aos desafios enfrentados pela Unidos da Ponte com as fortes chuvas do Rio de Janeiro. O compromisso feito pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de inaugurar a Cidade do Samba 2 até o final de seu mandato em dezembro de 2024, é aguardado com expectativa pela comunidade carnavalesca.
”A gente precisa urgentemente da Cidade do Samba 2. É muito complicado, principalmente agora que está chovendo bastante, tem um carro nosso que a gente não consegue mexer porque ele precisa estar coberto, porque ele já foi danificado com a primeira chuva. A gente tomou um susto, porque foi uma verdadeira cachoeira em cima do carro. E a gente tem que trabalhar olhando para o tempo. Se chove, cobre o carro, segura. Aproveitando, abrir um pouquinho o tempo, a gente vai lá, cai em cima do carro para refazer o que foi danificado e construir. Falta pouco tempo para o carnaval. A gente precisa de melhores condições de trabalho para botar um carnaval a nível de uma Série Ouro, que é o último degrau antes do Grupo Especial. A diferença é muito grande dos grupos. A gente precisa de condições melhores”, desabafou Renato.
Diante das dificuldades enfrentadas, Renato Esteves compartilha a abordagem que pretende adotar para colocar o desfile da Unidos da Ponte na Avenida, revelando uma solução criativa e adaptativa. Ele destaca a necessidade de empregar “muito jogo de cintura”, indicando a importância da flexibilidade e da capacidade de improvisação diante dos desafios.
”Ah, muito jogo de cintura, buscar materiais alternativos, coisas que a natureza nos dá, a gente vai usar muitas folhas secas e tentar usar materiais que, agora mais do que nunca por causa da luz do sol, que façam efeito, e que a gente consiga levar o senhor desfile para Sapucaí”, comentou Renato.
Mesmo enfrentando desafios consideráveis no grupo de Acesso, Renato Esteves deixou claro, em entrevista ao CARNAVALESCO, que continua a sentir grande prazer em trabalhar com o Carnaval. Ele expressa seu amor pela atividade carnavalesca, enfatizando que o carnaval é a sua vida. Apesar das dificuldades, a paixão pelo que faz supera os obstáculos: ”Eu amo o que eu faço. Fazer carnaval é a minha vida. É muito difícil, mas a gente precisa passar por essas condições até para entender e valorizar o trabalho da gente. Existe muito carnaval além da cidade do samba”.
Conheça o desfile da Ponte
A agremiação será a oitava escola a desfilar no dia 9 de fevereiro, sexta-feira de carnaval, com três alegorias e o tripé da Comissão de Frente, formando 1.200 componentes divididos em 17 alas.
Setor 1: ”A gente começa falando da África Tribal, vamos apresentar os reis do Dendê. A gente começa com o nosso grande fio condutor, são os ventos de Oya que vão soprar esses ventos, que vão levar o Dendê, vai percorrer o Dendê até São João de Meriti. Então, a gente começa na África, apresentando Exu, Xangô, Ogum e Iansã, que são aí o grande panteão do Dendê”.
Setor 2: ”Depois a gente apresenta como o Dendezeiro e todos os seus derivados são utilizados nos cultos africanos. A partir daí, a gente apresenta a travessia desse Dendê, que foi levado através dos navios negreiros, pelos pretos escravizados, que eles comiam as sementes do Dendê. Então, a gente, de uma forma lúdica, a gente mostra que esse Dendê, ele atravessou o Oceano Atlântico através do suor e da saliva e do sangue do preto escravizado”.
Setor 3: ”E ele é plantado na Bahia. Esse Dendê é plantado e ele é comercializado. Então, o preto, através do suor dele, ele consegue a sua alforria com o óleo vermelho, com o azeite de Dendê. E na Bahia ele canta, ele dança pela sua alforria, ele luta”.
Setor 4: ”E vamos dar um salto no tempo, a gente vai chegar nas Baianas Quituteiras do Acarajé, onde a gente vai começar a falar sobre as comidas que envolvem o Dendê. E é o comércio do Dendê na Feira de São Joaquim, que é uma feira muito famosa de Salvador, onde a gente apresenta como o ganho, como o próprio Samba diz, o ganho do atizo. Como o ganho em cima do Dendê floresceu para esse povo do Dendê, que é o baiano”.
Setor 5: ”A partir desse momento, até usando uma metáfora, que é a procissão de Santa Bárbara, que sai da igreja do Pelourinho, esses ventos de Oya sopram e caem as sementes em São João de Meriti, que há 40 anos já oferecia oferendas aos orixás. Então a gente revisita oferendas, oferecendo as comidas com o Dendê para os orixás”.
Setor 6: ”E a gente termina o desfile em um grande terreiro, o terreiro de São João de Meriti, o terreiro da Unidos da Ponte, onde a gente vai celebrar as oferendas aos santos”.
O hotel Ibis Styles Anhembi, pelo segundo ano consecutivo, é o grande parceiro do CARNAVALESCO no ramo de hotelaria voltado para a cidade de São Paulo. Os paulistanos e demais visitantes que vão ao carnaval ou querem viajar na época, têm direito a 10% de desconto na compra de diárias feitas diretamente pelo link disponibilizado no site.
A parceria é feita pensando na comodidade dos sambistas para se locomover para o sambódromo do Anhembi, visto que perto do local onde acontecerá a grande festa nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro.
Aline Santos, gerente de contas do hotel, fala do privilégio da parceria sendo fechada pela segunda vez. “A nossa proposta nesse ano é fazer essa união com vocês do CARNAVALESCO. A gente teve o privilégio de receber vocês ano passado e a proposta é que a gente consiga oferecer um desconto para quem venha participar de alguma forma, como visitantes ou até mesmo o pessoal que é daqui da região e queira conhecer e ficar aqui pela noite. A gente fez uma proposta diferenciada para vocês, por todos os colaboradores e para todos os clientes de vocês e toda a gama de visibilidade que o site tem. A proposta é 10% de desconto nas diárias com café da manhã”, contou.
Comodidade e café da manhã
A gerente falou sobre a comodidade oferecida nos quartos. “Os nossos apartamentos ele possui a cama casal doc station. É a gente tem os banheiros dentro dos apartamentos também serviço de passadoria gratuito. Quem vai vir para passar as fantasias ou que precisa dar uma ‘desamarrotadinha’ nas roupas, a gente tem um espaço especial. A gente também tem o nosso restaurante próprio. Então os nossos estão conosco podem também fazer as refeições que não estão inclusas, mas a gente tem todos os serviços. O café da manhã pode estar incluso na diária. Quem comprar, a tarifa especial direto com vocês, do site CARNAVALESCO, vai ter o café da manhã incluso”, explicou.
Aline fala sobre opções e funcionamento do café da manhã. “O café da manhã é servido em estações, como pães e massas. Geralmente croissants e massas em geral. A gente tem a extensão dos frios, uma estação que a gente chama de saúde. Então vai ter um queijinho fresco, iogurte, frutas. Sempre a gente deixa disponível pelo menos de duas a três frutas ali no café da manhã, porém tem variedades, como Nutella. A gente também deixa um suquinho de laranja preparado para os hóspedes e o famoso café continental. Então tem um ovinho e outras comidas que o público pode se servir bem à vontade. Estando incluso dentro da diária, todos que estão no apartamento podem fazer o consumo, mas caso algum amigo venha visitar, também é possível com o pagamento à parte, no valor de R$ 45,00 com 5% de taxas”, afirmou.
Preparação com temática brasileira
De acordo com Aline, o local vem se preparando para receber os desfiles voltados ao público alvo, como a preparação de comidas brasileiras. O Anhembi pulsa aqui na região e estamos preparados. A gente já tem proporcionado algumas comidas de temáticas brasileiras no nosso restaurante para recepcionar essa galera que vem forte para o carnaval. A gente tem um privilégio muito grande de estar aqui perto do Anhembi. Então por estar próximo também aqui da região de metrô, rodoviária e tudo mais, a gente acaba sendo um ponto focal das pessoas que vêm de outros estados e tudo mais. Estamos bem felizes. Nossa equipe já está preparada e a gente acredita que vai ser um sucesso esse ano como tantos outros”, disse.
Opções de pagamento
A profissional explica o funcionamento do link no site. “O nosso pagamento é feito diretamente no site, que no caso vai ser o link do CARNAVALESCO. Com esse desconto, no próprio site ele vai abrir uma opção de pagamentos, como crédito parcelado dependendo do valor e a quantidade de diárias que a pessoa for ficar aqui, aceitamos cartão de débito, crédito e dinheiro como pagamento direto no hotel”, comentou.
Um ensaio técnico de escola de samba em uma terça-feira já é algo curioso – e ficou ainda mais peculiar quando se pensa, que em pleno janeiro, a noite estava com um vento bastante gelado. Tudo se explica: na véspera do aniversário de São Paulo, feriado na maior cidade da América do Sul, o Vai-Vai aproveitou para realizar seu segundo (e último) teste para defender o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, idealizado pelo carnavalesco Sidnei França e que será a primeira escola a desfilar no sábado de carnaval – 10 de fevereiro. Renato e Fabíola Trindade, casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, tiveram noite brilhante – literalmente.
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Mestre-sala e Porta-bandeira
Se, no primeiro ensaio, ambos tiveram a roupa produzida horas antes por uma grafiteira, o segundo ensaio viu o casal de mestre-sala e porta-bandeira deslumbrantes em um look inteiro amarelo fluorescente. Mais bonita que a roupa, apenas a atuação técnica de ambos. Com giros mais rápidos que no primeiro ensaio técnico e com passos intimamente ligados ao hip hop, ambos tiveram atuação impecável à frente dos quatro módulos de jurados. Vale destacar, também, a sincronia e a leveza de cada um deles ao interagir com o público – que estava animado nas arquibancadas.
Sem muito segredo, Fabíola conta o que mudou de um ensaio para o outro: “Nós sentimos muito a evolução de um ensaio para o outro! Nós resolvemos curtir o momento: ficamos mais leves e seguros. É a vibe que o Vai-Vai quer passar nesse carnaval, então tínhamos que corresponder na mesma altura”, afirmou, sendo interrompida por um extremamente animado Renatinho: “A única coisa que a gente adicionou é o povo feliz, gritando, cantando. Bela Vista, Vai-Vai! Meu povo, minha gente, minha raça!”, gritou, relembrando uma histórica frase eternizada por Afonsinho, dos grandes integrantes de ala musical da história da agremiação.
Sobre o destacado figurino, Fabíola manteve o suspense: “A gente vai ser luz em um momento de trevas!”, disse, em tom misterioso.
Comissão de frente
O grande tripé que acompanha os componentes seguiu embalado por imensas sacolas pretas, deixando à vista apenas uma espécie de portão com um grafitti destacado. A coreografia dos componentes, que tinha break em tal alegoria e movimentos do hip hop nas escadarias do elemento e no chão, também foi muito semelhante. Vale destacar, entretanto, que a grande maioria dos bailarinos estava com uma camisa padronizada, cinza, facilitando a identificação dos mesmos – e boa parte deles também tinha um adorno particular, como um boné ou uma calça mais larga. O que mais chamou atenção, entretanto, foi o personagem de destaque, que ficou acima de uma espécie de palco à frente do tripe durante boa parte do tempo, com uma roupa inteira preta.
Harmonia
Reconhecida em toda a cidade, o canto do Vai-Vai teve um duo difícil de se conquistar: constância e força. Ao longo de toda a avenida, era possível ouvir os componentes cantando o samba-enredo da agremiação de maneira uniforme, sem destaques negativos e com poucos picos – como, por exemplo, a ala que veio logo após o tripé da comissão de frente, que cantou a plenos pulmões.
Mestre Beto, um dos diretores da Pegada de Macaco, bateria da agremiação, parabenizou os comandados pela ótima condução musical da escola na avenida: “Nós fomos bons no primeiro ensaio e fomos ótimos no segundo. Nesse ensaio, nós demos mais um gás. Não sei te explicar. Fizemos o nosso andamento do começo ao fim, sustentando e tocando no box. Fizemos todas as bossas e não tive os problemas que tive no prieiro ensaio. Nota dez para a Pegada de Macaco”, comentou.
Samba-enredo
Canção mais executada dentre as obras do carnaval paulistana nos streamings, o samba-enredo do Vai-Vai foi muito bem impulsionado por dois fatores. O primeiro deles é a Pegada de Macaco, que novamente executou a já histórica Paradinha Rap algumas vezes. A outra foi a presença de discotecagem hip hop e rap no carro de som, dando efeitos sonoros muito pertinentes ao enredo ao longo do ensaio técnico – e criando um efeito único no Anhembi.
Focado, Luiz Felipe, intérprete alvinegro, fez questão de exaltar o desempenho da música: “Vou confessar para vocês que não reparei muito no ensaio, reparei mais, pela primeira vez desde que virei interprete que reparei em canto, ala musical e bateria, não reparei muito no ensaio. Mas já falei com harmonias rapidamente, disseram que foi muito positivo. Sempre tem coisas a arrumar, estamos aí há dezessete dias e vamos arrumar tudo”, destacou.
Pouco depois, em entrevista, o cantor destacou quais foram os pontos de melhora de um ensaio técnico para o outro:”Teve muito trabalho, teve introdução nova agora, que o Thiago Xangô juntamente com o Danilo colocou. Mas o trabalho é o mesmo, continua o mesmo, muito trabalho, empenho, bateria, ala musical, é tipo andar de mão dada, se soltar a mão não dá. Então trabalhamos muito a bateria, o canto, sempre junto para dar certo como deu hoje e no outro ensaio também”, afirmou.
Sobre a introdução, LF, como é popularmente conhecido, fez uma explicação: “O Thiago de Xangô, muito louco, viajando, chegou no domingo e disse ‘tenho uma introdução’ e foi a introdução que a gente fez no começo, que ensaiamos uma vez, fizemos no ensaio e foi bem recebida, a comunidade gostou. Emociona o começo do desfile, que o Vai-Vai voltou de verdade, introdução muito positiva e a escola gostou muito”, sintetizou, antes de destacar a “sensacional” paradinha rap: “Não só eu: o carnaval está gostando, está sendo bem repercutido em todas as mídias do Brasil. Viralizou. E a tendência é dar certo como está dando no dia 10”, pontuou.
A discotecagem também foi tema de palavras de Mestre Beto, que relembrou a própria carreira enquanto músico e mostrou extremo conhecimento sobre ritmos relacionados ao hip hop: “O Vai-Vai procura fazer os arranjos de acordo com o enredo: se falamos de um enredo africano, procuro fazer um ritmo daquele local – com autorização do Mestre Tadeu. Vou dar um resumo bem rápido: a escola já fazia uma batida rap, chamada de boom bap. Com esse enredo, quarenta anos de hip hop no Brasil e cinquenta anos no mundo, procurei informação. Eu, como toco com Rapin Hood e já toquei com o Sabotage, conversei com o DJ Cia e apresentei o projeto pra ele. Ele me orientou a fazer a batida trap junto com a nossa bateria: fazemos 150 de andamento, subimos para 151, fazemos o trap, retornamos para 150 e seguimos o desfile”, comentou.
Evolução
Eis aqui o grande ponto de atenção do Vai-Vai nos últimos dias antes do desfile. Se a agremiação encerrou o ensaio técnico com 63 minutos (dentro dos 65 máximos do regulamento do Grupo Especial) com um arrastão incluso, a Saracura (nome do córrego canalizado que passa na região do Bixiga, histórica localidade paulistana onde a escola foi fundada e apelida a Alvinegra) teve alguns componentes e alas que apertaram o passo de maneira curiosa no final da passarela, já que a instituição possuía total domínio do cronômetro. Vale pontuar, também, a Pegada de Macaco entrando nor ecuo de bateria no movimento de redemoinho: as primeiras linhas viram para a Arquibancada Monumental, os de trás fazem uma fila já dentro do box e, então, todos os ritmistas giram o corpo. Tudo isso entre 95 e 100 segundos – ótimo tempo para a manobra.
O tempo, por sinal, foi um dos destaques do ensaio para Luiz Robles, integrante da comissão de carnaval da Alvinegra: “O ponto positivo do ensaio passado para esse, a gente enxerga a compactação da escola. A gente conseguiu atingir o objetivo que queria, que é trazer a escola muito mais compactada. Conseguimos ainda repetir a mesma saída do ensaio passado, com 01:03. Tirando o canto, o ponto positivo foi esse”, destacou.
Sobre o andamento, o diretor falou sobre o que é o desejo de quem comanda a instituição: “O andamento contínuo é o que a gente sempre busca no Vai-Vai, que é fazer a escola evoluir sem parar. Os únicos momentos que a gente acaba parando é no recuo de bateria e diminui um pouco o andamento na apresentação do casal. Mas fora isso, sempre contínuo. Nenhum relato de correria”, disse – apesar da observação atenta da equipe do CARNAVALESCO.
Outros destaques
Conhecida como Escola do Povo, o Vai-Vai mostrou força nas arquibancadas (com ótima presença de público, apesar de uma noite bastante atípica em São Paulo, com direito a garoa no ensaio técnico anterior – paralisada quando a agremiação pisou no Anhembi) e na passarela, com muitas pessoas no corredor. As baianas, de saiote branco e parte de cima alvinegra, vieram na cabeça da agremiação, que ensaiou com três alas de passistas – uma delas, com direito a guardiãs. Vale destacar, também, alguns agrupamentos bastante especiais: a Saracura contou com alas de sapateado e um segundo setor com diversas alas coreografadas – mas, quando o samba canta “balançou, balançou”, diversos setores da escola fazem o mesmo movimento, arqueando o corpo para frente e alternando os lados para evoluir. Por fim, a corte de bateria tinha Negra Li (madrinha), Madu Fraga (rainha) e Giuliana Silva (princesa).