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Casal brilha no segundo ensaio técnico do Vai-Vai

Com figurino fluorescente, casal de mestre-sala e porta-bandeira mostrou leveza e passos de hip hop; agremiação também teve discotecagem especial

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Um ensaio técnico de escola de samba em uma terça-feira já é algo curioso – e ficou ainda mais peculiar quando se pensa, que em pleno janeiro, a noite estava com um vento bastante gelado. Tudo se explica: na véspera do aniversário de São Paulo, feriado na maior cidade da América do Sul, o Vai-Vai aproveitou para realizar seu segundo (e último) teste para defender o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, idealizado pelo carnavalesco Sidnei França e que será a primeira escola a desfilar no sábado de carnaval – 10 de fevereiro. Renato e Fabíola Trindade, casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, tiveram noite brilhante – literalmente.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Se, no primeiro ensaio, ambos tiveram a roupa produzida horas antes por uma grafiteira, o segundo ensaio viu o casal de mestre-sala e porta-bandeira deslumbrantes em um look inteiro amarelo fluorescente. Mais bonita que a roupa, apenas a atuação técnica de ambos. Com giros mais rápidos que no primeiro ensaio técnico e com passos intimamente ligados ao hip hop, ambos tiveram atuação impecável à frente dos quatro módulos de jurados. Vale destacar, também, a sincronia e a leveza de cada um deles ao interagir com o público – que estava animado nas arquibancadas.

Sem muito segredo, Fabíola conta o que mudou de um ensaio para o outro: “Nós sentimos muito a evolução de um ensaio para o outro! Nós resolvemos curtir o momento: ficamos mais leves e seguros. É a vibe que o Vai-Vai quer passar nesse carnaval, então tínhamos que corresponder na mesma altura”, afirmou, sendo interrompida por um extremamente animado Renatinho: “A única coisa que a gente adicionou é o povo feliz, gritando, cantando. Bela Vista, Vai-Vai! Meu povo, minha gente, minha raça!”, gritou, relembrando uma histórica frase eternizada por Afonsinho, dos grandes integrantes de ala musical da história da agremiação.

Sobre o destacado figurino, Fabíola manteve o suspense: “A gente vai ser luz em um momento de trevas!”, disse, em tom misterioso.

Comissão de frente

O grande tripé que acompanha os componentes seguiu embalado por imensas sacolas pretas, deixando à vista apenas uma espécie de portão com um grafitti destacado. A coreografia dos componentes, que tinha break em tal alegoria e movimentos do hip hop nas escadarias do elemento e no chão, também foi muito semelhante. Vale destacar, entretanto, que a grande maioria dos bailarinos estava com uma camisa padronizada, cinza, facilitando a identificação dos mesmos – e boa parte deles também tinha um adorno particular, como um boné ou uma calça mais larga. O que mais chamou atenção, entretanto, foi o personagem de destaque, que ficou acima de uma espécie de palco à frente do tripe durante boa parte do tempo, com uma roupa inteira preta.

Harmonia

Reconhecida em toda a cidade, o canto do Vai-Vai teve um duo difícil de se conquistar: constância e força. Ao longo de toda a avenida, era possível ouvir os componentes cantando o samba-enredo da agremiação de maneira uniforme, sem destaques negativos e com poucos picos – como, por exemplo, a ala que veio logo após o tripé da comissão de frente, que cantou a plenos pulmões.

Mestre Beto, um dos diretores da Pegada de Macaco, bateria da agremiação, parabenizou os comandados pela ótima condução musical da escola na avenida: “Nós fomos bons no primeiro ensaio e fomos ótimos no segundo. Nesse ensaio, nós demos mais um gás. Não sei te explicar. Fizemos o nosso andamento do começo ao fim, sustentando e tocando no box. Fizemos todas as bossas e não tive os problemas que tive no prieiro ensaio. Nota dez para a Pegada de Macaco”, comentou.

Samba-enredo

Canção mais executada dentre as obras do carnaval paulistana nos streamings, o samba-enredo do Vai-Vai foi muito bem impulsionado por dois fatores. O primeiro deles é a Pegada de Macaco, que novamente executou a já histórica Paradinha Rap algumas vezes. A outra foi a presença de discotecagem hip hop e rap no carro de som, dando efeitos sonoros muito pertinentes ao enredo ao longo do ensaio técnico – e criando um efeito único no Anhembi.

Focado, Luiz Felipe, intérprete alvinegro, fez questão de exaltar o desempenho da música: “Vou confessar para vocês que não reparei muito no ensaio, reparei mais, pela primeira vez desde que virei interprete que reparei em canto, ala musical e bateria, não reparei muito no ensaio. Mas já falei com harmonias rapidamente, disseram que foi muito positivo. Sempre tem coisas a arrumar, estamos aí há dezessete dias e vamos arrumar tudo”, destacou.

Pouco depois, em entrevista, o cantor destacou quais foram os pontos de melhora de um ensaio técnico para o outro:”Teve muito trabalho, teve introdução nova agora, que o Thiago Xangô juntamente com o Danilo colocou. Mas o trabalho é o mesmo, continua o mesmo, muito trabalho, empenho, bateria, ala musical, é tipo andar de mão dada, se soltar a mão não dá. Então trabalhamos muito a bateria, o canto, sempre junto para dar certo como deu hoje e no outro ensaio também”, afirmou.

Sobre a introdução, LF, como é popularmente conhecido, fez uma explicação: “O Thiago de Xangô, muito louco, viajando, chegou no domingo e disse ‘tenho uma introdução’ e foi a introdução que a gente fez no começo, que ensaiamos uma vez, fizemos no ensaio e foi bem recebida, a comunidade gostou. Emociona o começo do desfile, que o Vai-Vai voltou de verdade, introdução muito positiva e a escola gostou muito”, sintetizou, antes de destacar a “sensacional” paradinha rap: “Não só eu: o carnaval está gostando, está sendo bem repercutido em todas as mídias do Brasil. Viralizou. E a tendência é dar certo como está dando no dia 10”, pontuou.

A discotecagem também foi tema de palavras de Mestre Beto, que relembrou a própria carreira enquanto músico e mostrou extremo conhecimento sobre ritmos relacionados ao hip hop: “O Vai-Vai procura fazer os arranjos de acordo com o enredo: se falamos de um enredo africano, procuro fazer um ritmo daquele local – com autorização do Mestre Tadeu. Vou dar um resumo bem rápido: a escola já fazia uma batida rap, chamada de boom bap. Com esse enredo, quarenta anos de hip hop no Brasil e cinquenta anos no mundo, procurei informação. Eu, como toco com Rapin Hood e já toquei com o Sabotage, conversei com o DJ Cia e apresentei o projeto pra ele. Ele me orientou a fazer a batida trap junto com a nossa bateria: fazemos 150 de andamento, subimos para 151, fazemos o trap, retornamos para 150 e seguimos o desfile”, comentou.

Evolução

Eis aqui o grande ponto de atenção do Vai-Vai nos últimos dias antes do desfile. Se a agremiação encerrou o ensaio técnico com 63 minutos (dentro dos 65 máximos do regulamento do Grupo Especial) com um arrastão incluso, a Saracura (nome do córrego canalizado que passa na região do Bixiga, histórica localidade paulistana onde a escola foi fundada e apelida a Alvinegra) teve alguns componentes e alas que apertaram o passo de maneira curiosa no final da passarela, já que a instituição possuía total domínio do cronômetro. Vale pontuar, também, a Pegada de Macaco entrando nor ecuo de bateria no movimento de redemoinho: as primeiras linhas viram para a Arquibancada Monumental, os de trás fazem uma fila já dentro do box e, então, todos os ritmistas giram o corpo. Tudo isso entre 95 e 100 segundos – ótimo tempo para a manobra.

O tempo, por sinal, foi um dos destaques do ensaio para Luiz Robles, integrante da comissão de carnaval da Alvinegra: “O ponto positivo do ensaio passado para esse, a gente enxerga a compactação da escola. A gente conseguiu atingir o objetivo que queria, que é trazer a escola muito mais compactada. Conseguimos ainda repetir a mesma saída do ensaio passado, com 01:03. Tirando o canto, o ponto positivo foi esse”, destacou.

Sobre o andamento, o diretor falou sobre o que é o desejo de quem comanda a instituição: “O andamento contínuo é o que a gente sempre busca no Vai-Vai, que é fazer a escola evoluir sem parar. Os únicos momentos que a gente acaba parando é no recuo de bateria e diminui um pouco o andamento na apresentação do casal. Mas fora isso, sempre contínuo. Nenhum relato de correria”, disse – apesar da observação atenta da equipe do CARNAVALESCO.

Outros destaques

Conhecida como Escola do Povo, o Vai-Vai mostrou força nas arquibancadas (com ótima presença de público, apesar de uma noite bastante atípica em São Paulo, com direito a garoa no ensaio técnico anterior – paralisada quando a agremiação pisou no Anhembi) e na passarela, com muitas pessoas no corredor. As baianas, de saiote branco e parte de cima alvinegra, vieram na cabeça da agremiação, que ensaiou com três alas de passistas – uma delas, com direito a guardiãs. Vale destacar, também, alguns agrupamentos bastante especiais: a Saracura contou com alas de sapateado e um segundo setor com diversas alas coreografadas – mas, quando o samba canta “balançou, balançou”, diversos setores da escola fazem o mesmo movimento, arqueando o corpo para frente e alternando os lados para evoluir. Por fim, a corte de bateria tinha Negra Li (madrinha), Madu Fraga (rainha) e Giuliana Silva (princesa).

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