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Série Barracões: Unidos da Ponte conta a história do Dendê da África até a Bahia

A Unidos da Ponte, mantendo sua tradição de enredos afros, promete encantar a Marquês de Sapucaí na Série Ouro com a narrativa envolvente de “Tendendém – O axé do epô pupá”. Este enredo conduzirá os foliões pela fascinante saga do dendê, desde sua origem mítica nas terras africanas até sua chegada ao Brasil por meio da diáspora. Com a direção do carnavalesco Renato Esteves, a escola de samba de São João de Meriti promete uma celebração cultural única. Na entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Renato Esteves contou alguns detalhes fascinantes sobre a inspiração por trás de sua criação e revelou o que podemos esperar do desfile na Avenida.

Fotos: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

“O enredo surgiu através de um incêndio. Eu era assistente do Cahê, na Imperatriz, para o carnaval do Museu Nacional, e nessa pesquisa tinha um livro lá no cantinho da biblioteca que eu peguei, e falei assim, eu acho que isso dá enredo. E era o livro do Raul Lodi, que é ‘Tem Dendê, Tem Axé’, que falava sobre a história do Dendê, que eu acho que o mais interessante é que a gente sempre fala do Dendê, em tudo que é samba enredo, mas o Dendê mesmo nunca foi protagonista de um enredo. Achei essa ideia interessante, e aí com o incêndio eu não consegui devolver o livro, e o livro ficou guardado comigo até hoje, e virou o enredo da Unidos da Ponte”, comentou Renato Esteves.

Na entrevista, Renato também destacou o especial interesse que encontrou durante sua pesquisa pelo enredo, focando na riqueza dos fundamentos relacionados ao dendê. Ele ressaltou a importância e singularidade dos aspectos que envolvem essa temática, especialmente destacando a marcante presença de elementos africanos e baianos. Essa ênfase revela a profundidade de sua abordagem, explorando não apenas o significado simbólico do dendê, mas também sua conexão intrínseca com a cultura africana e baiana.

”Olha, o que eu achei mais interessante são os fundamentos envolvendo o Dendê. Assim, é um enredo cheio de africanidade, de baianidade, então acho que foi o momento que a gente pegou um recorte para falar sobre a Bahia, e a gente vai fundo que a Bahia é considerada o povo do Dendê. A gente vai fundo nessa história”, revelou Renato.

Renato Esteves, renomado por sua trajetória de sucesso como assistente de carnavalescos e suas contribuições para escolas campeãs como Unidos de Viradouro, Imperatriz Leopoldinense e Vai-Vai, está agora fazendo sua estreia como carnavalesco da Unidos da Ponte. Como grande trunfo do desfile da escola deste ano, ele aposta que a posição estratégica da Unidos da Ponte como a última escola a desfilar será um fator de sorte. Ele acredita que a luz do sol, sendo uma presença marcante no desfile, será um trunfo significativo. Essa escolha estratégica, associada ao tema vibrante e caloroso do dendê, reflete a ousadia e a alegria que a escola pretende imprimir na Sapucaí: ”Por sorte, ou azar nosso, mas eu acredito que foi sorte, nós já somos as últimas a desfilar, né? Então a gente vai pegar a luz do sol. Acho que o nosso grande trunfo é poder desfilar com sol e quente como o Dendê. Eu acho que a escola está muito alegre, a escola está muito quente, as cores são bem vivas, a gente vai acordar a Sapucaí”.

A reivindicação do carnavalesco Renato Esteves em relação à previsão da Cidade do Samba 2 reflete uma preocupação válida em meio aos desafios enfrentados pela Unidos da Ponte com as fortes chuvas do Rio de Janeiro. O compromisso feito pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de inaugurar a Cidade do Samba 2 até o final de seu mandato em dezembro de 2024, é aguardado com expectativa pela comunidade carnavalesca.

”A gente precisa urgentemente da Cidade do Samba 2. É muito complicado, principalmente agora que está chovendo bastante, tem um carro nosso que a gente não consegue mexer porque ele precisa estar coberto, porque ele já foi danificado com a primeira chuva. A gente tomou um susto, porque foi uma verdadeira cachoeira em cima do carro. E a gente tem que trabalhar olhando para o tempo. Se chove, cobre o carro, segura. Aproveitando, abrir um pouquinho o tempo, a gente vai lá, cai em cima do carro para refazer o que foi danificado e construir. Falta pouco tempo para o carnaval. A gente precisa de melhores condições de trabalho para botar um carnaval a nível de uma Série Ouro, que é o último degrau antes do Grupo Especial. A diferença é muito grande dos grupos. A gente precisa de condições melhores”, desabafou Renato.

Diante das dificuldades enfrentadas, Renato Esteves compartilha a abordagem que pretende adotar para colocar o desfile da Unidos da Ponte na Avenida, revelando uma solução criativa e adaptativa. Ele destaca a necessidade de empregar “muito jogo de cintura”, indicando a importância da flexibilidade e da capacidade de improvisação diante dos desafios.

”Ah, muito jogo de cintura, buscar materiais alternativos, coisas que a natureza nos dá, a gente vai usar muitas folhas secas e tentar usar materiais que, agora mais do que nunca por causa da luz do sol, que façam efeito, e que a gente consiga levar o senhor desfile para Sapucaí”, comentou Renato.

Mesmo enfrentando desafios consideráveis no grupo de Acesso, Renato Esteves deixou claro, em entrevista ao CARNAVALESCO, que continua a sentir grande prazer em trabalhar com o Carnaval. Ele expressa seu amor pela atividade carnavalesca, enfatizando que o carnaval é a sua vida. Apesar das dificuldades, a paixão pelo que faz supera os obstáculos: ”Eu amo o que eu faço. Fazer carnaval é a minha vida. É muito difícil, mas a gente precisa passar por essas condições até para entender e valorizar o trabalho da gente. Existe muito carnaval além da cidade do samba”.

Conheça o desfile da Ponte

A agremiação será a oitava escola a desfilar no dia 9 de fevereiro, sexta-feira de carnaval, com três alegorias e o tripé da Comissão de Frente, formando 1.200 componentes divididos em 17 alas.

Setor 1: ”A gente começa falando da África Tribal, vamos apresentar os reis do Dendê. A gente começa com o nosso grande fio condutor, são os ventos de Oya que vão soprar esses ventos, que vão levar o Dendê, vai percorrer o Dendê até São João de Meriti. Então, a gente começa na África, apresentando Exu, Xangô, Ogum e Iansã, que são aí o grande panteão do Dendê”.

Setor 2: ”Depois a gente apresenta como o Dendezeiro e todos os seus derivados são utilizados nos cultos africanos. A partir daí, a gente apresenta a travessia desse Dendê, que foi levado através dos navios negreiros, pelos pretos escravizados, que eles comiam as sementes do Dendê. Então, a gente, de uma forma lúdica, a gente mostra que esse Dendê, ele atravessou o Oceano Atlântico através do suor e da saliva e do sangue do preto escravizado”.

Setor 3: ”E ele é plantado na Bahia. Esse Dendê é plantado e ele é comercializado. Então, o preto, através do suor dele, ele consegue a sua alforria com o óleo vermelho, com o azeite de Dendê. E na Bahia ele canta, ele dança pela sua alforria, ele luta”.

Setor 4: ”E vamos dar um salto no tempo, a gente vai chegar nas Baianas Quituteiras do Acarajé, onde a gente vai começar a falar sobre as comidas que envolvem o Dendê. E é o comércio do Dendê na Feira de São Joaquim, que é uma feira muito famosa de Salvador, onde a gente apresenta como o ganho, como o próprio Samba diz, o ganho do atizo. Como o ganho em cima do Dendê floresceu para esse povo do Dendê, que é o baiano”.

Setor 5: ”A partir desse momento, até usando uma metáfora, que é a procissão de Santa Bárbara, que sai da igreja do Pelourinho, esses ventos de Oya sopram e caem as sementes em São João de Meriti, que há 40 anos já oferecia oferendas aos orixás. Então a gente revisita oferendas, oferecendo as comidas com o Dendê para os orixás”.

Setor 6: ”E a gente termina o desfile em um grande terreiro, o terreiro de São João de Meriti, o terreiro da Unidos da Ponte, onde a gente vai celebrar as oferendas aos santos”.

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