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Sambistas rasgam elogios ao espetáculo ‘O Som do Morro’, de Patrick Carvalho

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Durante a estreia do espetáculo “O Som do Morro”, do coreógrafo Patrick Carvalho, no SESC Copacabana, diversos sambistas estiveram marcando presença e reverenciando o trabalho e a história do coreógrafo, que já escreveu seu nome na história do carnaval carioca através de comissões de frente memoráveis. O CARNAVALESCO conversou com algumas das personalidades que foram à sessão, ocorrida na última quinta-feira.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Lorena Raíssa, rainha de bateria da Beija-Flor, esteve presente na estreia, e falou um pouco sobre a importância de uma pessoa do carnaval conseguir ter sua vida contada nos palcos, exaltando Patrick, e como ela observa os espaços culturais do poder público abrindo as portas para o povo do samba:

“Cara, eu enxergo como uma revolução de verdade. É uma pessoa que o carnaval inteiro conhece. É impossível de não conhecer. É uma pessoa que me ensinou muitas coisas e hoje está trazendo para cá o que é o morro. Trouxe o morro para cá, para dentro, para mostrar para o povo o que é realmente o carnaval. Até porque a gente sabe que a gente não deve deixar o samba morrer. Mas ele vem mostrar a verdadeira história do carnaval, que toca a mesma gente, mostrando que começou no pé do morro. E é assim que vai permanecer, contando a sua história para todo sempre e eu sinto extremamente orgulhosa em ver uma pessoa tão incrível que eu sou extremamente fã e que tem orgulho de te chamar de mestre”.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Em seguida, a jovem rainha falou o que mais tocou seu coração no show idealizado por Patrick: “O espetáculo tocou muito o meu coração, principalmente a parte do início, onde mostrou cada um dos personagens e a parte que toca o samba do Tuiuti, que eu acho que é o que mais me representou, mostrando o negro. E foi a parte onde mais me tocou, mostrou que a gente está ali e está vivendo, o quê realmente a gente tem, o quê a gente realmente mostra no carnaval, mostrando os nossos antecedentes para toda a vida ali, e mostrando que, sim, a gente vem do carnaval”.

Aldione Senna, grande passista do carnaval, também prestigiou a estreia, e ficou muito feliz com o espetáculo e com ele ter ocorrido dentro de um equipamento público, um teatro, com esses espaços se abrindo a receber o mundo do samba, e exaltando, além dessas possibilidades, os talentos revelados nos morros cariocas:

“O que que acontece, é que são anos de luta. E, assim, o gostoso disso tudo é ver que a gente conseguiu adentrar. Está tendo workshop de samba no pé, que nem o que eu dei no ano que a Mercedes Batistas fez 100 anos. Eu dentro do Municipal, no ano em que ela fez 100 anos, fui dar um workshop de samba no pé. Aonde, em toda a minha vida, que eu imaginei estar dentro do municipal para dar uma aula de samba no pé? E que é um lugar que a gente preto, não tinha acesso. Aí você chega aqui no SESC, que você vê uma apresentação como essa, belíssima, fantástica. É o morro descendo e mostrando a que veio, mostrando que o morro não é só marginalidade, tem muito talento no morro. Eu sou mangueirense, sou Vila Isabel, e eu costumo dizer que são escolas que você não precisa nem buscar o talento em outros lugares que lá eles têm. Isso aqui que a gente viu hoje, isso se chama resistência, né? Chegar ao ponto que chegou. Você viu o SESC completamente lotado, muita gente, um espetáculo belíssimo”.

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Aldione ainda continuou elogiando e exaltando os membros do elenco montado pelo coreógrafo: “E eles… Nada contra a passista. Porque eu fui, ainda sambo, mas não mais como passista. Mas você vê verdadeiros bailarinos do samba, que é o que eles se tornaram. E você vê que o Patrick fez uma seleção muito boa, trouxe um grupo muito bom, mas o elenco do Patrick é grandioso. O elenco dele é grandioso. É muita história, é muito samba, é muita representatividade. Eles me representam totalmente. Eu sou muito fã desse trabalho. Eu estou muito feliz que nós pretos estamos conseguindo entrar nos lugares onde as portas para a gente eram fechadas e estamos mostrando ao que viemos”.

Ela então falou sobre pessoas que também tem possibilidades, na visão dela, de trazer algo do samba para os palcos também, em forma de espetáculo: “Tem uma menina que é nova, mas ela está se mostrando uma pessoa talentosíssima. Inclusive, ela veio na comissão de frente da Viradouro, fazendo a sacerdotisa. O nome dela é Laíza Bastos, é uma historiadora. Está fazendo doutorado e ela também tem condições de trazer um espetáculo para esse palco. Estava aí o Fábio Batista, que é um excelente coreógrafo e ele faz espetáculos, só que o Fábio Batista nessa época ele fica voltado para as quadrilhas, a Festa Junina. Mas é tudo coreografia dele, é coreógrafo da Comissão de Frente da Acadêmicos de Niterói, tem alas coreografadas dentro da Mangueira. O Fábio Batista é um garoto que eu conheci pequeno e hoje em dia está aí esse grande homem, esse grande profissional com um talento incrível, tem muita gente em condições de colocar um bom trabalho, um belíssimo trabalho em qualquer palco, não é só no palco do SESC não, é no Imperator, e em vários lugares”.

Por fim, Aldione Senna contou o que fez seus olhos brilharem ao ver “O Som do Morro” sendo encenado e dançado na sua frente: “Tudo, do início ao fim, a história, as tristezas que eles interpretaram, a sirene, o tiro, o choro, a dor, e a alegria, que, como a gente diz, que tudo acaba em samba, e é assim que termina: Tudo em samba”.

Carlinhos de Jesus falou sobre a representatividade que o espetáculo traz ao sambista, trazendo na história de Patrick a história de diversos outros sambistas, na vivência do coreógrafo:

“Representatividade. Eu acho que todo mundo que estava aqui hoje se sentiu representado. Preto, branco, azul, amarelo, gordo, magro, rico, pobre, todo mundo foi representado aqui. E outra coisa importante, a ancestralidade. E a gente se sentia ali, eu vi meu pai, eu vi meu avô, eu sou neto de Santo Amaro da Purificação, do Recôncavo Baiano, e aqui eu vi isso, sabe. Enfim, tudo que a gente pensa da alma carioca, respeitando a sua ancestralidade, trazendo suas histórias, o que nos formou, para hoje nós sermos o que somos, é o que eu vi aqui hoje. Eu acho que o Patrick traz isso, até pela própria vivência dele”.

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Ele continuou comentando sobre o trabalho corporal do elenco e como tudo foi bem acertado e ensaiado por Patrick: “Foi um belíssimo trabalho e o mais importante ainda não foi só um trabalho coreográfico que eu assisti. Eu assisti um trabalho de corpo. Não é um trabalho que ensaia, vamos ensaiar um mês pra fazer um espetáculo. Não, é um trabalho que já vem sendo feito em trazer essa corporalidade, essa importância, essa essência no corpo de cada um, por mais que eles vivam, e tenham experiências nas suas comunidades, nos seus ambientes naturais, no dia a dia. Mas eles trouxeram isso de uma forma que todos nós ficamos assim, meio perplexos e, logicamente, aplaudindo com a alma, porque eu me vi ali, e como eu me vi, e todos se viram ali. Acho que é um trabalho de excelência, é um trabalho de talento e de superação. Justamente ultrapassar essas barreiras da dificuldade de a gente ter o Samba num espaço como esse, na Zona Sul, dentro do SESC, que não é qualquer lugar. Estou apaixonado, eu vou puxar a orelha do Patrick. Apaixonante”.

Em seguida, Carlinhos contou que acredita que diversos nomes poderiam ser temas de peças e outros espetáculos artísticos nos palcos, como Jamelão, Candeia e Beth Carvalho:

“Eu acho que todas as histórias são importantes para os seus protagonistas e toda a história sendo contada, é interessante para quem não protagonizou, para quem não é o representado naquilo e que acaba conhecendo. Eu vejo uma apresentação da sua história, deve ser interessante. Todos nós temos fatos marcantes, uns mais, com mais vivências ou com histórias que venham acrescentar mais que o outro. Mas eu acho que de toda grande personalidade, eu sinto falta de uma história de um Jamelão, de ser contada a história do Jamelão no palco, de um Candeia. Dos mais contemporâneos que a gente assiste, eu sentia falta disso da Alcione, até que eu vi uma Alcione no palco, de uma Beth Carvalho, mas a gente hoje, quer dizer, hoje ainda não se tem conhecimento dos grandes, dos que protagonizaram isso e que nos deixaram isso como um legado, suas histórias como um legado e que a gente dali seguiu. Eu acho que falta um pouco dessa essência”.

Ele continua falando sobre Milton Cunha também ter sua história sendo trazida a arte dos palcos de alguma forma, por considerar uma história incrível de uma pessoa com muito entendimento sobre o carnaval, enquanto cita um pouco da sua ao relembrar Cartola, a quem também acredita que pode ter sua via encenada:

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“Eu acho que, eu adoraria ver uma história de um Milton Cunha, porque eu sei que não é uma história tão simples, eu sei mais ou menos o que ele passou. Então, vê-lo no palco, a história dele sendo contada, certamente vai ser uma história que vai motivar muitas outras pessoas. Eu contei um pouco, não da minha história, no palco, e quando se fala de samba é impressionante o pertencimento, como as pessoas participam, como as pessoas estão envolvidas e curiosas de saber da história das pessoas. Cartola, eu sou apaixonado por Cartola. Eu comecei no samba, sendo sempre mangueirense de coração, por causa do Cartola. Mas eu era Em Cima da Hora, então meu coração é dividido entre Em Cima da Hora que é minha raiz, que me ensinou o samba, e a Mangueira pela paixão que eu tinha pelo Cartola. Mas essas histórias é que a gente tem que ver com mais afinco, presença”.

Ao final da entrevista, Carlinhos citou o que mais gostou no espetáculo como um todo, ressaltando a técnica de cada bailarino e os momentos da história em que se viu representado:

“Técnica: Primorosíssimos, sincronizados, bem ensaiados, você vê que eles estão bem ensaiados. Uma boa preparação corporal, coreografias lindíssimas, e olha que eles só sambaram. Só sambaram, mas tiveram uma variação, uma criatividade coreográfica incrível, e uma história muito bem contada. Momentos de aperto no coração, momentos de representatividade, nos ver ali, vivendo aquilo, e momentos de alegria, como o samba é”.

Conheça o enredo da Acadêmicos de Vigário Geral para o Carnaval 2025

A Acadêmicos de Vigário Geral invoca as letras de Francisco Guimarães, vulgo Vagalume, jornalista descendente de escravizados que jogou luz sobre as frestas da cidade, destacando negros, moradores dos subúrbios, e suas práticas dançantes e religiosas que mereciam outras páginas que não as policias. É para revelar o Rio que sobrevive nas rachaduras da urbe idealizada e turística que as crônicas de Francisco Guimarães serão enredo de escola de samba.

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”Ter a oportunidade de estrear na Vigário e na Sapucaí com um enredo tão importante e substancial é um prazer. Mais do que prazer é também uma responsabilidade por contar um pedaço importante da história através das palavras do maior cronista popular dessa cidade que infelizmente ainda não tem a visibilidade devida. Temos a missão de embarcar nas palavras do Vagalume pra refletir sobre o Rio de Janeiro de ontem e o de hoje’, contou o carnavalesco Caio Cidrini.

O carnavalesco Alex Carvalho também contou sua expectativa para o carnaval de 2025. “Espero que, através desse enredo, possamos não apenas encantar com nosso desfile, mas também proporcionar uma reflexão sobre o Rio de Janeiro. É uma oportunidade única de celebrar nossa cultura e história, enquanto lançamos luz sobre questões essenciais que ainda afetam nossa sociedade”.

Imperatriz Leopoldinense atualiza calendário de concurso de samba-enredo

Com a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) indicando que o “calendário do carnaval” será antecipado em um mês, por exemplo, com os sambas oficiais sendo disponibilizados no streaming, na primeira semana de novembro, a Imperatriz Leopoldinense informou que fez alterações no seu calendário de disputa de samba.

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Agora, a escola entrega a sinopse do enredo no dia 20 de maio. Receberá os sambas concorrentes no dia 30 de julho e a primeira apresentação oficial será no dia 10 de agosto. A final está marcada para o dia 27 de setembro.

A escola levará para a Marquês de Sapucaí ano que vem o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON- Água fresca para o Senhor de Ifón”, do carnavalesco Leandro Vieira.

Confira o cronograma completo:

20/05 – Entrega da sinopse
04/06 – Tira Dúvidas
11/06 – Tira Dúvidas
18/06 – Tira Dúvidas
25/06 – Tira Dúvidas
02/07 – Audição
30/07 – Divulgação dos Sambas
10/08 – Apresentação Oficial (Feijoada)
16/08 – Eliminatórias
23/08 – Eliminatórias
30/08 – Oitavas de final
06/09 – Quartas de final
14/09 – Semifinal (Feijoada)
27/09 – Final

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

As parcerias poderão ser formadas com no máximo seis compositores, sendo expressamente proibidas as participações especiais;

Não será cobrada taxa de inscrição;

É expressamente proibida a participação de torcidas comercializadas e grupos coreografados;

Serão disponibilizados cinco microfones para cada parceria;

Será permitida apenas a contratação de 01 (um) intérprete do Grupo Especial por parceria

Está proibida a confecção de camisas, bandeiras, adereços, e faixas de torcidas

Pura emoção! Unidos do Peruche lança enredo e vai homenagear ‘Seu Carlão’, principal baluarte da escola

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A Unidos do Peruche apresentou na noite da última terça-feira o seu tema para o Carnaval 2025. Em um evento fechado, no Teatro Mesquita, localizado na Zona Norte de São Paulo, a ‘Filial do Samba’ proporcionou um grande show, contando com o grupo de música liderado pela eterna e ovacionada intérprete Bernadete. Logo após, entrou a participação da ala musical oficial liderada pelo cantor Renan Bier. Na ocasião, também foi apresentado o novo quadro de casais de mestre-sala e porta-bandeira, incluindo o oficial. Juntamente, foi anunciada uma nova direção de carnaval com todos presentes e sendo enaltecidos pelo presidente Alessandro Zóio.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Sobre a atração principal, que foi o lançamento de enredo, pode-se dizer que era realmente o que a comunidade queria. Se apegar a algo que é realmente de seu patrimônio. O tema é intitulado como “Axé Griô! Carlão do Peruche, o cardeal preto do samba”. É um enredo que toca os corações perucheanos. O baluarte, que tem seus 94 anos de idade, é reconhecido como sinônimo de resistência do samba e parte fundamental no crescimento da Unidos do Peruche. Pode-se dizer que é a principal figura da história da escola. Devido a isso, o pavilhão das cores do Brasil e um dos mais antigos do carnaval paulistano, ganha um novo gás pelo objetivo de alcançar divisões maiores.

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Desejo antigo

De acordo com o presidente Alessandro Zóio, a Unidos do Peruche já tinha uma vontade de fazer a homenagem ao grande ícone da escola, mas isso acendeu ainda mais com a chegada do carnavalesco Chico. Além disso, não teme o Acesso II para executar o tema.

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“Nós esperávamos um apego muito grande pela comunidade, pelo enredo e funcionou. Foi muito bom. Do início ao fim, a comunidade sentiu aquele arrepio na pele, de ter orgulho de ser perucheano. Um enredo que é super valente e super notório no repertório da Unidos do Peruche. Dentro da nossa gestão, nós pensamos em estar fazendo já no ano passado e retrasado também, mas tudo tem seu tempo e sua hora. Tivemos algumas outras situações que não deixaram acontecer naquele momento. Com a troca do nosso carnavalesco, a saída do Mauro Xuxa e a vinda do Chico, pintou aquele sentimento que dá sim, mesmo estando no Acesso II. É um enredo gigante, cabe no Grupo Especial tranquilamente. É o que o Chico tinha falado. É maravilhoso poder estar homenageando em vida uma pessoa que tanto fez pelo carnaval e tanto fez pela nossa Unidos do Peruche”, declarou.

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O gestor Zóio, como é conhecido na escola e no mundo do samba, disse que provavelmente a escola vai repetir o processo de escolha de samba-enredo, sendo eliminatórias internas com final na quadra.

“Vamos fazer a explanação do enredo, provavelmente agora no próximo dia 30, no feriado. Não decidimos ainda, provavelmente teremos a disputa igual foi o do ano passado. Vamos receber os sambas, ouvir com nossa diretoria e com a nossa sala musical. Talvez tendo uma final, mas não está decidido ainda como que vai ser. Porém, provavelmente vamos copiar a ideia do ano passado”, explicou.

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DNA da escola e responsabilidade dobrada

Homenagear uma figura tão importante como o Carlão realmente significa um passo significativo em uma provável reconstrução e tentativa de resgate de componentes, integrantes e torcedores que se afastaram da agremiação. Isso também é o que diz o carnavalesco estreante Chico.

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“O senhor Carlão é um enredo que traz o DNA do Peruche. É impossível falar de Peruche sem falar dele e vice-versa. É um enredo que a escola queria muito e que eu fiquei muito feliz de ser escolhido para desenvolver, e eu tenho certeza que o povo perucheano amou, porque a gente precisa disso. A gente precisa voltar às essências, fazer esse resgate para reconstruir essa história, sair desse acesso logo e continuar brilhando, porque o Peruche nunca deixou de brilhar. Eu tenho certeza que vai ser um carnaval daqueles tão emocionantes quanto hoje”, disse.

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O artista pode vir a ser uma revelação, pois é a primeira vez que assume uma escola com tanta visibilidade e um enredo desse porte. Ele diz que a missão de executar o tema na avenida é complicada, visto que tem bastante história e deve seguir todo um regulamento. Além de enxugar tudo, pois o Acesso II permite dois setores e, segundo Chico, o tema é nível Grupo Especial.

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“É muito difícil, porque o senhor Carlão tem muita história que caberia em cinco enredos do Grupo Especial. A gente tem um tema um pouco mais enxuto, voltado à vida da direção mística, de uma forma um pouco fantasiosa para conseguir cumprir todos os requisitos do julgamento como um todo e como o que a gente tem disponível hoje para desenvolver o carnaval. Eu tenho um compromisso quanto uma pessoa branca dentro do carnaval. Eu preciso honrar os ancestrais, honrar quem abriu os caminhos, valorizar e agradecer muito às pessoas pretas por terem construído e mantido essa história viva. Eu me coloco totalmente no papel de aprendiz e estou vivendo esse enredo de uma forma inenarrável”, afirmou.

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O profissional se vê muito feliz. Segundo o próprio, o barracão e as fantasias já estão em andamento. Também comenta que o desfile vai além do carnaval, onde pretendem levar a história do senhor Carlão para outras praças de cultura.

“A gente já começou tudo. Isso é muito bacana. Já começamos o barracão, fantasia e a meta é fazer tudo com calma, tranquilidade para que a gente consiga ter o melhor resultado. Então, agora a gente vai ter as eliminatórias de samba-enredo, a explanação com os compositores e é uma novidade atrás da outra. A gente vai contar essa história que não coube no enredo em outros momentos. Em exposições, em outras peças teatrais para que a gente possa contar a grandiosidade do Carlão, além do carnaval”, contou.

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Orgulho de um filho

Vagner Caetano, filho de ‘Seu Carlão’, disse estar muito feliz com a homenagem que o Peruche irá realizar para o pai. O descendente do baluarte cresceu junto ao pai na entidade. “Realmente é um imenso prazer que a escola da gente, onde nós crescemos, vai fazer essa homenagem a ele com vida. Se Deus quiser, vamos alcançar o nosso objetivo. Infelizmente, no grupo que nós encontramos, não dá para contar toda a história dele, mas a gente vai conseguir trazer uma boa homenagem”, disse.

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De acordo com o servidor público, o pai está debilitado em algumas situações, como a visão, mas de resto está bem. “Infelizmente ele anda bem debilitado, ele perdeu a visão e aí fica mais difícil de interagir. Neste momento, ele está com 94 anos, um pouquinho mais debilitado, mas está bem, graças a Deus. De resto, está melhor que eu”, concluiu.

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Ritmo aprimorado

Cria da escola, mestre Marcel Bonfim diz que é inexplicável desfilar como mestre de bateria em um enredo tão importante na história do Peruche. “É um sentimento que vem de criança, dos nossos pais. Agora. ter esse privilégio de representar o senhor Carlão e eu como mestre de bateria, é um sentimento que não dá para explicar. A gente vai lutar e, se Deus quiser, vai dar tudo certo”, descreveu.

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O diretor de bateria analisou o desempenho da “Rolo Compressor” em 2024. Comemorou os 40 pontos alcançados e contou que todos conseguiram entender o seu estilo.

“Como foi o primeiro ano, foi muito difícil. Isso acontece em todo o primeiro ano de um trabalho. Mas graças a Deus a gente conseguiu fazer um trabalho bacana. A galera entendeu qual era a nossa ideologia, nosso trabalho, e graças a Deus a gente conseguiu colocar um trabalho sólido no desfile. A gente conseguiu tirar nota e agora para o próximo carnaval, zerou tudo”, avaliou.

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História de vida

O historiador da agremiação, Junior do Peruche, falou sobre o sentimento do enredo. Curiosidades envolvem este carnaval, pois o profissional tem uma ligação muito forte com o senhor Carlão.

“Para mim é emocionante demais, porque ele é meu padrinho de batismo, junto com a Ivonete. Quem foi a Ivonete? A comadre dele e primeira puxadora oficial de samba-enredo de São Paulo. Peruche é pioneira em tudo. É muito emocionante, porque envolve toda uma história de vida, de ter nascido e criado no Parque Peruche, na Unidos do Peruche com ele (Carlão). Ele realmente é a pedra fundamental da nossa escola. A gente ainda está com ele, firme e forte”, relatou.

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Como historiador e conhecedor nato de tudo que envolve Peruche, Júnior disse o que não pode faltar no desfile e citou importantes personagens que passaram na história da agremiação.

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“As perseguições que foram muitas em cima da escola. Era uma agremiação muito forte na década de 50, 60, 70. Era uma escola de samba muito grande. Ela já começou dessa forma. Não pode faltar a parte do que aconteceu na quadra do Peruche na década de 70, que a polícia invadiu. Foi uma coisa horrível. Isso causa traumas até hoje na própria comunidade e no bairro da escola. Não pode faltar personagens como Belobo, Catimbau, Pinheirão e Geraldo Filme. O Geraldo Filme ganha grande patente de sambista mesmo na Unidos do Peruche. Os enredos que o carnavalesco conseguir colocar por causa do grupo, o tempo de desfile… Foi a primeira escola de samba a trazer o instrumento repinique para São Paulo. Fomos a primeira escola de samba a ter uma quadra em São Paulo. A primeira transmissão ao vivo da TV Record foi na nossa quadra, no Terreiro do Caquí. Então, essas partes importantes da escola, é muito bom que sejam faladas”, citou.

Por fim, o profissional contou a forma em que irá participar no desfile. De acordo com ele, irá colaborar, mas a velha-guarda é prioridade, além de ter a missão de resgatar pessoas que estão fora da escola.

“A pedido do presidente da escola e a direção de carnaval, me pediram que colaborassem com a história da escola naquilo que fosse possível. Eu vou participar no desfile do Peruche com a velha guarda da escola que eu já acompanho há mais de duas décadas. Eu pretendo trazer alguns componentes antigos da escola, como o Manézinho, primeiro mestre de sala de São Paulo, que começou no Peruche e ficou 16 anos. Então, provavelmente, eu vou ajudar nisso daí, que é trazer essas pessoas importantes que estão até afastadas da escola, para que desfilem em homenagem ao senhor Carlos”, finalizou.

Marcelo Adnet é aclamado vice-presidente cultural da Botafogo Samba Clube

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Em assembleia realizada na noite de terça-feira, Marcelo Adnet foi aclamado novo vice-presidente cultural da Botafogo Samba Clube. Ele, que já foi compositor campeão e carnavalesco da escola, assumirá uma nova função na estreia da escola alvinegra na Marquês de Sapucaí.

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Foto: Divulgação/Botafogo Samba Clube

“É uma honra fazer parte desta agremiação de torcedores alvinegros e eu não poderia ficar de fora desta chegada à Marquês de Sapucaí. Vamos trabalhar intensamente agora em busca do Grupo Especial”, revela Adnet.

Campeã da Série Prata em 2024, a Botafogo Samba Clube montou uma verdadeira seleção para a sua estreia na Marquês de Sapucaí. A agremiação lançará ainda neste mês de maio o seu enredo para o carnaval de 2025.

Santa Cruz terá participação especial em pré-estréia de filme sobre Ruth de Souza

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A Acadêmicos de Santa Cruz terá participação na mostra audiovisual do Festival de dança “O Corpo Negro”, promovida pelo Sesc RJ, nesta quinta-feira, com a participação especial na pré-estréia do filme “Diálogos com Ruth de Souza”. A sessão será gratuita e vai acontecer ao ar livre, na Cinelândia, em frente ao Theatro Municipal, no Centro do Rio, a partir das 19h.

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Foto: Divulgação/Santa Cruz

O filme dirigido por Juliana Vicente, conta a história de uma das grandes damas da dramaturgia brasileira com imagens captadas dos seus últimos dez anos de vida. Em meio à reflexões e memórias, nasce o diálogo entre duas gerações de artistas negras: Ruth e Juliana.

No elenco, estão também a artista visual Rosana Paulino, a mãe de santo Iya Wanda de Omolu, a cantora, compositora e atriz Livia Laso; a atriz Mirrice de Castro e a cantora Luísa Dionísio. O filme chega aos cinemas no dia 9 de maio e também integra a programação deste ano do CineSesc.

A atriz desfilou na agremiação no Carnaval de 2019 com o enredo “Ruth de Souza – Senhora Liberdade, abre as asas sobre nós”, pela Serie Ouro na Marquês de Sapucaí.

Vice-presidente da Mocidade fala em novo momento da escola: ‘mais organizada e mais planejamento’

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Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o vice-presidente da Mocidade, Luiz Cláudio, fez uma avaliação do Carnaval 2024, compartilhou detalhes sobre as novas contratações e revelou o que a torcida pode esperar para o Carnaval 2025.

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Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

O dirigente destacou que a Mocidade enfrentou um desafio com o enredo de 2023, mas conseguiu uma proposta inovadora para 2024, com um samba que se destacou, embora não tenha alcançado o resultado desejado. Após o desfile, a escola reforçou seus quesitos, trazendo o casal Renato e Márcia Lage, além de Marcelo Misailidis para a comissão de frente, e outros profissionais para direção de Harmonia e Carnaval. O objetivo é garantir que o Carnaval 2025 seja um sucesso e que a Mocidade entregue o que a comunidade merece. Luiz Cláudio afirmou que os torcedores da Mocidade podem esperar que a escola dispute pelo título, confiante no elenco que foi montado.

“A Mocidade, ela veio de 2023, de um enredo muito complicado. A gente fez uma proposta nova para o enredo de 2024, eu acho que a gente teve êxito nessa proposta, tivemos um samba que furou a bolha do carnaval, uma proposta inovadora, mas infelizmente não alcançamos um bom resultado. Após o desfile, reforçamos os quesitos da escola, trouxemos o casal Renato Lage e Márcia Lage. Para comissão de frente o coreógrafo Marcelo Misailidis, trouxemos outros profissionais, como Mauro Amorim para direção de carnaval, e reforçamos todos os quesitos para que o Carnaval 2025 seja um sucesso e que a Mocidade entregue de fato o que a comunidade merece. O torcedor da Mocidade precisa é disputar o título e eu não tenho dúvida que com esse elenco que a Mocidade montou, vamos brigar pelo Carnaval 2025”, avaliou.

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Sobre as novas contratações e a decisão de resgatar o casal Lage para a Mocidade, o vice-presidente explicou: “Eu acho que era o momento que nós viemos de dois carnavais com resultados não de Mocidade e a gente precisou de fato voltar as nossas origens e trazer esse casal maravilhoso que na década de 90 fez sucesso, entregou o título na Mocidade e nada melhor que eles para poder colocar a Mocidade no lugar que nunca deveria ter saído”.

O vice-presidente também deixou um recado para os torcedores da Mocidade sobre o Carnaval 2025: “Vocês podem esperar uma Mocidade forte, como vocês viram nas contratações, uma Mocidade mais organizada, com mais planejamento e com certeza com tudo organizado da forma que nós estamos fazendo desde o dia da apuração, nós vamos chegar no grande dia, preparados para fazer um grande darnaval”.

Liesa vai manter ‘arrastões’ após cada dia de desfile e promete parceria com poder público para melhorar o funcionamento do sistema de transporte

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O presidente da Liesa, Gabriel David, em publicação nas redes sociais, garantiu que os “arrastões” após cada dia de desfile estão mantidos para o Carnaval 2025. O momento é sempre o ápice que fecha o dia com o público atrás da última escola que desfilou. Ele revelou também que os shows, prometidos para acontecerem até o amanhecer, vão ser relacionados ao samba.

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Foto: Marco Terranova/Divulgação Riotur

“Os famosos arrastões de forma alguma vão acabar, pelo contrário, teremos mais um dia deles. Prometo para vocês que teremos uma surpresa no final de cada dia de desfile que todo mundo vai gostar muito no final desses arrastões para ficarmos mais um tempinho na Sapucaí. Não vão shows megalomaníacos. O que posso dizer agora é que será de samba”, afirmou.

Gabriel David frisou também que a sua diretoria já conversa com a Prefeitura do Rio e o Estado para que o poder público atue ainda mais no carnaval, garantindo o melhor funcionamento do sistema de transporte para atender quem irá ao Sambódromo para assistir aos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro.

“Vamos ter ação acontecendo no Sambódromo depois dos desfiles. Vou contar ao longo do ano. Teremos ações com a Prefeitura e Estado e garantir a saída de todo mundo, ter boas operações de transporte acontecendo, para quem a gente tenha bons processos e boa segurança e logistica para todo mundo. É um bom de atenção e estamos estudando para darmos informações mais próximas do carnaval para todos”.

Carreta Social na Unidos de Padre Miguel oferecerá exames ginecológicos para a comunidade

Nos dias 08, 09 e 10 de maio, a quadra da Unidos de Padre Miguel, agremiação do Grupo Especial do Carnaval Carioca, será palco de uma iniciativa que visa promover a saúde e o bem-estar das mulheres. O Projeto Carreta Social chega na quadra do Boi Vermelho da Zona Oeste para levar cuidados médicos gratuitos para mulheres a partir de 16 anos, moradoras da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

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Foto: Divulgação/UPM

Com o lema “Cuidando de Todos”, a ação oferecerá exames essenciais para a saúde feminina, como ultrassonografias de mamas, transvaginal e abdominal total. A ação ofertará 200 vagas diárias, com atendimento por ordem de chegada, a partir das 08h00.

Além dos exames médicos, a iniciativa também promoverá a solidariedade, incentivando os participantes a doarem 1kg de alimento não-perecível, que serão destinados às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

Para participar, é necessário levar um documento de identificação com foto e o cartão do SUS, se disponível. Vale ressaltar que para a ultrassonografia abdominal total é necessário um jejum de 8 horas.

A ação é uma iniciativa do Departamento Social da Unidos de Padre Miguel e realizada pelo Instituto Pallade e do ICEO Instituto de Cidadania e Oportunidades, reforçando o compromisso com o bem-estar e a saúde da mulher em todas as esferas da sociedade.

A quadra da Unidos de Padre Miguel fica na Rua Mesquita, nº 8 – Padre Miguel.

Fé é o que move a Morada! Religiosidade da escola foi o principal motivo da escolha do enredo da Mocidade Alegre

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É verdade que o enredo da Mocidade Alegre repercutiu de forma bastante positiva dentro do carnaval, principalmente, internamente na escola. Desde o anúncio até os dias de hoje, a comunidade vive em êxtase em virtude do anúncio. É um tema de fé que obviamente tende a ir para o lado afro, mas com uma abordagem diferente. Quem nunca andou ou carregou um terço, guia, patuá ou qualquer coisa de proteção… É dessa fé que a Morada do Samba vai desfrutar na avenida em busca do sonhado tricampeonato consecutivo, tendo como objetivo repetir o feito do início da década passada, onde a agremiação foi campeã nos anos de 2012, 2013 e 2014. Desenvolvido pelo carnavalesco Caio Araújo e com o enredista Léo Antan, o enredo da Mocidade Alegre para 2025 é intitulado como: “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”.

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Muita fé e projeto avançado

A presidente Solange Cruz está muito feliz e encantada com o tema. A gestora, que completou 20 anos à frente da Morada, exaltou os seus carnavalescos, sua comunidade e quer buscar o tri.

“Na realidade, eles vieram e apresentaram alguns enredos para nós, trouxeram algumas dicas, mas não era tudo aquilo. Aí eu falei: ‘Poxa, mas eu queria uma coisa assim e outra coisa assim’ e eles apareceram com isso. A gente ficou muito contente, o Léo Antan foi muito feliz no desenvolvimento do enredo, juntamente com o Caio, que se debruçaram lá, e uma semana depois eles voltaram. O Caio passou uma semana lá no Rio com o Léo, e nessa volta já veio com essa grande novidade para apresentar para nós. Foi muito bacana, é uma coisa que a escola gosta e é uma coisa que a gente abraça. A fé é uma coisa que mexe comigo, mexe muito com a agremiação, enfim… Agora é fazer o nosso diferencial para buscar o tricampeonato”, declarou.

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Segundo a presidente, o barracão já está em funcionamento. O carnavalesco Caio Araújo iniciou os pilotos. A líder também fala que é uma escola visada e encara isso como algo natural, visto que é bicampeã do carnaval.

“Já estamos trabalhando, o Caio já está no último setor da escola a nível de fantasia, e a gente já iniciou algumas coisas de pilotos, de protótipos, já estamos trabalhando. A gente tem que começar, porque sabemos que somos a escola agora avisada, e é normal, é natural. A gente entende isso, o que a gente almeja é que outras também almejam. Então é natural, é normal que todo mundo queira isso, e é claro que a gente vai trabalhar em busca do tri”, completou.

Estreia com o pé direito

O carnavalesco estreante na escola, o jovem Caio Araújo chega na agremiação após fazer dois carnavais como artista oficial na Mocidade Unida da Mooca. Não conseguiu o acesso junto à agremiação da Zona Leste, mas seu trabalho principalmente na parte plástica se destacou e despertou interesse da Mocidade. Aliás, devido ao fato da reação positiva da comunidade, dá para notar que o profissional estreou com o pé direito. O artista deu sua visão sobre o tema.

“‘Quem não pode com mandinga não carrega patuá’ foi um enredo que nas pesquisas com o Jorge e com o Léo, a gente foi descobrindo aos poucos e acho que ele foi se revelando para gente. Desde o começo das nossas primeiras conversas, era uma vontade muito grande de trazer um enredo que fosse um carinho para a comunidade da Mocidade Alegre. Era muito importante que fosse um enredo com uma identificação imediata, com a identidade da escola, com o poder da comunidade e acho que a gente conseguiu fazer isso. As primeiras respostas estão sendo bem positivas”, explicou.

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Seguindo a linha de pensamento da presidente, a fé é o que move a comunidade. De acordo com Caio, foi feita muita pesquisa para encontrar um denominador comum. “Acho que a gente tinha uma ideia de ligar principalmente a uma religiosidade afro-brasileira e conseguimos realizar tudo aos poucos. A gente não tinha uma ideia fixa do que seria, mas ao longo das pesquisas foram aparecendo. A ideia era justamente quando a gente descobriu que teria que ser um enredo baseado nesse dito popular. Dessa fé que a gente carrega no pescoço, que faz parte do nosso dia a dia, que a gente carrega um patuá na carteira, um crucifixo no pescoço, colocamos a nossa guia… É dessa fé que a gente tem sempre”, concluiu.

Detalhes do enredo

A função de um enredista tem sido cada vez mais contundente dentro de uma escola de samba, sobretudo no momento de definir o enredo. Hoje, uma pesquisa e sinopse bem feita é o fio condutor do desfile. Léo Antan, que ocupa esse cargo na Mocidade Alegre, explicou o enredo na sua ótica e entrou em mais detalhes. Segundo o profissional, o tema passa por toda uma linha histórica até chegar na figura das baianas do carnaval.

“Chegamos aos amuletos, aos objetos de fé e mais do que isso, chegamos a um recorte muito histórico e muito preciso do que é o enredo e de como os objetos de fé são inseridos na cultura brasileira. Para isso, a gente tem esse fio condutor da chamada bolsa de mandinga, que era um objeto usado por escravizados islamizados no Brasil e que se tornou sinônimo de feitiçaria, macumba, magia e foram perseguidos pela inquisição católica. Então a partir desse objeto a gente mostra a resistência do povo preto, a recriação que eles fizeram na diáspora e, a partir disso, falamos dessa forma de acreditar, sincrética, sem preconceito e sem intolerância. Então a partir desse objeto que vai conduzir todo o nosso enredo, saindo desde os escravos islamizados até as baianas do carnaval brasileiro como um todo. A gente vai passar por uma série de outros objetos que falam sobre fé e que estão relacionados também a esse ato de acreditar em algo. Então a bolsa de mandinga, digamos assim, é o nosso fio condutor do nosso enredo. É o ponto de partida e ponto de chegada também. A partir disso o nosso enredo se desdobra em vários objetos, elementos que falam sobre essa proteção, sobre o sincretismo e chegando obviamente até o carnaval, até a figura da baiana do carnaval, que é uma figura síntese da brasilidade e do que a gente pode ser enquanto país”, explicou.