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Comissão de frente e ala musical embalam ensaio técnico da X-9 Paulistana

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A X-9 Paulistana realizou seu ensaio técnico na última quinta no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. O bom desempenho da ala musical e a comissão de frente animada foram destaques do treinamento da agremiação da Parada Inglesa, que fechou os portões após 54 minutos na Avenida. A X-9 será a sexta escola a desfilar no dia 3 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 2 de São Paulo com o enredo “Nordestino Sim, Nordestinado Jamais!”, assinado por uma comissão de carnaval.

Iniciando as atividades na Passarela do Samba no feriado de aniversário da cidade de São Paulo, a X-9 enfrentou problemas principalmente com a evolução, que precisam de maior atenção nos preparativos até o dia do desfile oficial.

Comissão de Frente

A abertura do desfile da X-9 estará a cargo de uma comissão de frente que fará uma coreografia de um único ato marcando o samba. Atrizes e atores demonstraram uma sintonia muito boa de movimentos, com um protagonista recebendo destaque à frente dos demais, mas sem ofuscar a irreverência do coletivo, que parte atuava sozinho, parte em duplas. Em dado momento, parte do grupo se deitava no chão para juntos formarem a frase “boa noite” com seus corpos, chamando bastante atenção. Com danças no melhor estilo nordestino em parte da atuação, o quesito teve desempenho seguro e pode render boas notas para a escola.

X9 et Comissao

Mestre-sala e Porta-bandeira

Igor Sena e Julia Mary tiveram atuação segura no geral ao longo da pista. No primeiro módulo, o casal da X-9 fez uma apresentação com muito boa sintonia e cumprindo os requisitos da dança demonstrando confiança, com direito a passos marcados dentro do estilo do samba. O vento passou a querer atrapalhar a porta-bandeira conforme avançavam pela Avenida, e a dupla não cravou a finalização de um giro ao final da dança no terceiro módulo, onde até então estavam tendo outra boa atuação. Nada que não possa ser corrigido até o dia do desfile, afinal, ambos parecem acreditar muito no trabalho um do outro, o que é um elemento de sucesso para garantir as notas que a escola almeja.

X9 et PrimeiroCasal

Harmonia

Desempenho aquém da X-9 no quesito. O canto da escola como um todo se mostrou discreto, sem nenhum momento de explosão ao longo do ensaio. Não houve apostas em apagões ou bossas mais ousadas que estimulassem a comunidade a elevar o tom do canto. O ótimo samba da escola merecia ser cantado com mais vigor.

Evolução

Quesito mais preocupante da X-9 Paulistana ao longo de todo ensaio. Em ao menos dois pontos da pista houve espaçamentos que não se consertaram ao longo de todo o treinamento. O espaço entre a comissão de frente e a ala que veio em seguida se manteve amplo e constante. A ala que se posicionou logo atrás da bateria também não se aproximava do carro de som, e a morosidade da escola a partir desse ponto atrasou inclusive o fechamento do espaço gerado pela entrada dos ritmistas no recuo, apesar dos esforços do segundo casal e da rainha de bateria para ganhar tempo. Por toda a Avenida era explícito o pedido constante de diretores de ala para que houvesse mais compactação dentro das próprias alas.

Samba-enredo

Uma atuação fantástica da ala musical liderada por Daniel Collete e Helber Medeiros. A dupla demonstrou sintonia e defendeu o samba da X-9 Paulistana com muita eficiência, e tornam o quesito mais um para a escola ter segurança em relação ao desfile oficial. Os intérpretes, junto da bateria, podem ser a chave para que a escola corrija os problemas de canto apresentados pela harmonia.

X9 et RainhaValeria

Outros destaques

A bateria “Pulsação Nota Mil” teve boa atuação ao aplicar bossas animadas ao longo do ensaio. Enredos que falam de Nordeste tendem a ter características bem próprias das baterias inspiradas pelos ritmos regionais, e com os ritmistas da X-9 Paulistana não foi diferente.

Com super-heroína na comissão de frente, Imperador do Ipiranga faz ensaio técnico no Anhembi

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

O feriado que marca o aniversário da cidade de São Paulo teve ensaio técnico da escola que de samba que representa o bairro em que nasceu o Brasil independente. Nesta quinta-feira, a Imperador do Ipiranga pisou no Anhembi para fazer a única apresentação antes do desfile oficial do enredo “Desperte a Criança que Há Dentro de Você”, idealizado pelo carnavalesco Ivan Pereira. A agremiação será a nona escola a desfilar no Grupo de Acesso II – em 03 de janeiro. Apresentando a agremiação, a comissão de frente se destacou entre os quesitos.

Comissão de frente

Com um pequeno tripé, que veio para o ensaio técnico inteiro no ferro e aparentava algo próximo de uma gaiola, os componentes executavam duas coreografias distintas. Em uma delas, o protagonista era um adulto, que interagia com outros bailarinos; quando ele saía de cena, era a vez de uma criança aparecer. Chamou atenção, além do sincronismo entre todos, o momento em que a garotinha recebia um pavilhão da escola e era erguida ao colocar a bandeira da agremiação nas costas, tal qual uma super-heroína.

ImperadorIpiranga et Comissao

Mestre-sala e Porta-bandeira

Com a típica garoa paulistana, Vitor Barbosa e Naiomy Pires tiveram uma exitosa epopeia no Anhembi. Enfrentando uma passarela úmida, em cada módulo o casal passou por uma sensação diferente. Com total sincronia e com o mestre-sala sambando bastante, o primeiro módulo foi superado; no segundo, a dupla começou a preparar a apresentação já no final do recuo da bateria, em local bem à frente do que a maioria dos casais estão fazendo no novo formato do Anhembi; tal qual no anterior, a terceira cabine teve muito vento (logo, muita dificuldade para a porta-bandeira), desafio superado por Naiomy; e, no quarto, ela fez sinal perguntando em qual lado o módulo estava posicionado. Em todos eles, giros bastante rápidos e boa execução dos movimentos propostos.

ImperadorIpiranga et PrimeiroCasal

Samba-enredo

A temática do desfile de 2024 é muito semelhante a uma famosa apresentação da agremiação – em 2001, a Imperador do Ipiranga focou a exibição, sobretudo na relação das crianças com os brinquedos em geral. Parecia ter sido a deixa: a canção foi muito bem recebida pelos componentes – que, em sua maioria, cantava em bom som a canção. O carro de som, comandado por Rodrigo Atração, colaborou bastante com a boa execução do samba, focando na interpretação do mesmo e sem muitos cacos.

Harmonia

No começo do ensaio, tal quesito parecia ser o grande Calcanhar de Aquiles da agremiação. Sem setores que cantam com veemência e sem alas na cabeça da escola (no jargão carnavalesco, o início da instituição), até o abre-alas, o canto era bastante baixo. Ao ultrapassar o primeiro carro alegórico, o cenário mudava completamente. Absolutamente todas as alas passaram a cantar em ótimo volume, abrilhantando ainda mais o ensaio técnico. Se fica o alerta para os primeiros representantes da agremiação, também é necessário elogiar a ótima resposta de boa parte dos demais – a ala à frente do terceira casal de mestre-sala e porta-bandeiro foi o destaque negativo, com canto em volume mais baixo.

Evolução

Durante toda a apresentação, o grande espaço entre a comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira intrigou – ele, por vezes, dimunuía, mas sempre existia. Entre a Arquibancada Monumental e o Setor C, a distância entre os dois setores era equivalente ao camarote que os separa. Também vale destacar o recuo da Só Quem É, bateria da agremiação. Comandada por Mestre Thiago Praxedes, ela avançou até ocupar completamente o espaço da passarela à frente do box, aguardou todos os ritmistas virarem o corpo para a esquerda e, de costas, todos recuaram. Até a Ala das Baianas, que vinha na sequência, ocupar o espaço à frente, o movimento completo durou cerca de 120 segundos. A instituição da Zona Sul fechou a apresentação em 53 minutos – dentro do limite de 55 do Grupo de Acesso II.

ImperadorIpiranga et AlaCiganas

Outros destaques

Perto de outras coirmãs, a Só Quem É voltou “cedo” para a pista, antes de um carro alegórico e duas alas. Dentre os ritmistas, é importante destacar um que tocava prato – instrumento cada vez mais raro no carnaval paulistano. A corte da bateria contou com três destaques: Kananda Santos (rainha), Jéssica Bueno (madrinha), Sarah Cristina Pereira Azevedo (miss simpatia) e Victorya Menezes (princesa). Por fim, a instituição dedicou o ensaio técnico a dois baluartes da agremiação que morreram recentemente: Eliane Tejeda e David Poeta.

Casal e bateria são destaques no terceiro ensaio da Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro fechou sua maratona de ensaios técnicos no Anhembi. Foi o terceiro da agremiação da Freguesia do Ó, e agora só volta para a pista no dia do desfile que será justamente encerrando a sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro. O tema é “Ibira 70 – A Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024”. No terceiro ensaio teve destaque para o casal que fez uma apresentação muito alegre e leve, já com fantasia, e a bateria do Mestre Rafa novamente mostrou melhorias. O samba cresceu junto com a ala musical, só evolução teve alteração do ritmo.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Uilian Cesário e Isabel Casagrande com um sorriso imponente no rosto, com fantasia já no estilo do desfile, claro que não era a fantasia oficial, mas já treinavam com o peso oficial. Sincronizados com o samba, faziam sinal de parar no trecho do samba, do “Espaço verde onde o tempo para”. Fazendo os giros anti horário e horário na maior leveza, pavilhão sempre desfraldado, no terceiro e quarto módulos. Em alguns momentos a fantasia do Uilian que continha uma capa pegou no adereço da cabeça, mas não em frente ao módulo. No mais apresentaram o pavilhão com muito carisma, o casal fez um ensaio para valer e adequou o tempo de apresentações junto à comunidade.

Pois em relação a fantasia utilizada, Uilian revelou sobre se tem algo a ver com o desfile: “Zero! A proposta é completamente diferente. Nossa ideia em vir fantasiados era causar curiosidade no pessoal”.

RosasDeOuro et PrimeiroCasal 1

A porta-bandeira Isabel revelou sobre a temperatura fria e os desafios da dança: “Para mim, sobretudo o braço muda. Eu fico lutando para o pavilhão não enrolar. É difícil, eu não tenho mais braço no final do ensaio técnico. O Sol é ruim, a chuva também, mas o vento também exige bastante. São três fatores que nos colocam, realmente, preparados para o dia”. E o mestre-sala Uilian complementou: “Para o mestre-sala, quando está muito frio, a gente acaba esfriando os músculos muito rapidamente quando não estamos em um movimento tão intenso. Em alguns momentos, a coreografia fica um pouco mais acelerada; em outros, mais tranquila. Para dar esse pique, por vezes, é mais complicado. Mas eu confesso que, depois de tudo que a gente passou, frio e vento é muito melhor que calor e chuva”.

Harmonia

A Roseira teve uma energia no canto, está defendendo o samba-enredo que teve muitas críticas desde que foi o escolhido. Pois bem, para a comunidade que é o principal, está fluindo bem. Senti que em relação aos outros dois ensaios, houve uma evolução no canto e na leveza, a agremiação está realmente levando o samba para frente. Um dos poucos que ajuda muito a levar para frente é a bateria e suas bossas, ajuda demais no canto e ânimo da comunidade. Uma das alas fortes é a Roseira Real, sempre com um canto e alegria. A Velha Guarda que vem dentro de um carro, também demonstrou muita energia, e simpatia. Outra ala que tem sido engajada, samba e canta é a ala de passistas.

RosasDeOuro et InterpreteCarlosJr 1

Samba-enredo

Se a comunidade comprou o samba-enredo da Roseira, a ala musical não fez diferente, tem ajustado e realmente fez o melhor dos três ensaios. Deu para perceber ajustes e limpezas que foram feitas. Mesmo que neste ensaio técnico, a ala musical esteja bem desfalcada, por ser feriado de 25 de janeiro, muitos integrantes tiveram shows, compromissos, e não conseguiram comparecer. O intérprete Carlos Júnior falou sobre isso para o site CARNAVALESCO.

“Então graças a Deus a ala musical está bem montada, bem assessorada pelo Bruninho, e hoje tivemos algumas faltas, o pessoal tem show, hoje é uma data muito ruim para quem é músico, 25 de janeiro, para nós músicos têm muito show. Temos que cancelar shows para fazer o trabalho do Rosas, e nem todo mundo consegue fazer isso. Não estávamos com a ala 100% pronta hoje, mas assim, a gente vem ensaiando dentro de estúdio, trabalhando dentro da quadra, então já sabemos o que tem que fazer. Hoje tivemos definitivamente dentro do critério de julgamento, o que estava faltando no entrosamento com a bateria, conseguimos fazer o que estávamos necessitando, pois lemos esse critério e ele é muito novo, complicado, vai ser complicado para todo mundo, acredito eu. Mas neste debate conseguimos acertar esse detalhe dentro daquilo que discutimos e se reuniu para fazer. Conseguimos neste ensaio fazer o que não conseguimos nos outros dois, isso eu falo entrosamento ala musical e bateria. Pois infelizmente a ala musical vai ser penalizada mesmo que o erro seja da bateria, quem será penalizado é a ala musical. Tínhamos que ter essa conversa e comemoramos muito, eu e o mestre Rafa, a rapaziada da bateria, tiramos uma onda sensacional, neste sentido conseguimos acertar. Agora não sei como está o canto, pois dá onde a gente vem não dá para saber, mas pelo termômetro que vi, a galera conseguiu se acertar, se tiver mais alguma coisa, domingo vamos terminar”.

RosasDeOuro et PresidenteAngelina 1

Em relação aos ajustes, Carlos Júnior revelou que está gripado depois da chuva sofrida no último sábado, e fez uma análise: “Primeiro para a escola em geral, o tempo, primeiro foi calor forte que fez um monte de gente passar mal, depois pegamos uma chuva, chuva essa que me prejudicou para esse ensaio de hoje. Dá para você ver o nariz como está, perdi agudo, fiquei a semana inteira tomando antibiótico. Então assim, não estava preparado para fazer o ensaio de hoje. Mas para a escola, foi bom, pois olhava para o pessoal da lateral, e é um termômetro que a gente tem. Pois dá onde ficamos, não conseguimos ter o termômetro da escola inteira. Mas quando passamos na lateral e vemos empolgação do povo, você sente que está acontecendo alguma coisa boa. Foi um fechamento de ensaio aqui no Anhembi, muito bom, e se tiver algum detalhe de harmonia, domingo tem ensaio de rua, e no ensaio de rua às vezes acho mais importante que o próprio do Anhembi. Então vai ser um momento, que domingo, vamos estar corrigindo detalhes finais e depois de domingo já era, não tem mais o que fazer, já era, só rezar”.

Evolução

Um quesito me gerou curiosidade desde o início, pois no primeiro ensaio pegaram um sol imenso, no segundo uma grande chuva, neste era o frio… Pois bem, senti a escola no início com um ritmo mais lento, demorou um tanto para passar o recuo. Depois aumentou um pouco o ritmo e entrou nele corretamente, terminando o desfile sem problemas algum. A escola foi bem compacta e organizada, só que teve essa oscilação no ritmo. O diretor de carnaval, Evandro explicou falando a relação com a entrada no recuo.

RosasDeOuro et 17 1

“Nesse ensaio, a bateria fez uma evolução que não tinha feito nos outros dois ensaios. Após o ensaio, uma parte da equipe começou a conversar entre si para ver como iria rolar. Vamos seguir discutindo isso nos próximos dias”.

Para os novos ajustes a serem feitos, o diretor de carnaval da escola, Evandro ressaltou: “Nós temos mais dois ensaios de quadra, sempre às sextas, e mais dois ensaios de rua, sempre aos domingos. Isso oficialmente. Também fazemos alguns ensaios por segmento antes do desfile oficial”.

Comissão de frente

A comissão de frente veio sem o elemento alegórico, faziam uma roda que parecia de capoeira, mas cada integrante na verdade sambava ou dava seu show à parte, um dos componentes brincava com o boné, fazia uma graça. No fundo um carrinho com algodão doce. Foi um ensaio bem descontraído, diferente dos outros que fizeram passos mais interligados com o elemento alegórico. Distribuíram algodão doce, inclusive o redator que vos fala recebeu o presente de um dos integrantes da comissão de frente. A coreógrafa Helena participou da dança em um determinado momento, já depois da parte do recuo. Ou seja, foi mais um ensaio de descompressão. Não vi muitos elementos do ensaio anterior, afinal sem o elemento alegórico muda muitas coisas na apresentação.

RosasDeOuro et Comissao1

Outros destaques

A bateria comandada por mestre Rafa soltou diversas bossas, o mestre que ficou em um palanque no meio da “Bateria com Identidade” no recuo, e sempre bem solto, brincando bastante. Em determinado momento, quando passou pela Torcida Furacão Azul e Rosa, os ritmistas saudaram a torcida, viraram para ela e fizeram uma referência com direito a bossa. Depois que o pessoal do chocalho soltou confetes, a bateria realmente tirou onda, e mostrou repertório para o desfile, sustentou de forma perfeita com o samba.

O trabalho da bateria em relação ao samba foi comentado pelo mestre Rafa após o último ensaio técnico: “É capaz da gente, se não tomar cuidado, danificar a melodia do samba, porque é um samba de melodia muito bonita – podem criticar o samba, mas não podem falar que é uma das melodias mais bonitas dessa safra. Se não tomarmos cuidado com o número de bossas que apresentamos, corremos o risco. Nesse ano, mais uma vez, conseguimos entregar um bom trabalho e ajudar a abrilhantar a canção num geral – já que não é apenas a melodia, tem a letra e etc. Contribuímos bem para isso, e, mais uma vez, neste ano, conseguimos alcançar o nosso objetivo: fazer as bossas em cima da melodia, bem executada – apesar de ser uma maloqueiragem terrível a nossa bateria. Estamos conseguindo entregar e fazer. Hoje o ensaio provou isso: em termos de ritmo e parte musical, foi muito bom. Se for uns dois centavos melhor do que isso no dia do desfile, pode ter certeza que teremos um grande resultado”.

Para fechar a temporada de 2024 antes do desfile, mestre Rafa nos contou como está a agenda: “Sexta-feira teremos ensaio na quadra, sábado teremos feijoada, domingo teremos ensaio de rua, na segunda teremos ensaio de bateria, quarta tem mais ensaio… e assim por diante. É muito ensaio!”.

RosasDeOuro et RainhaAnaBeatriz

A rainha Ana Beatriz Godoi com sua rosa na mão, sempre interagindo com a comunidade, bateria, e público. Inclusive teve festa na véspera, e olha só, estava lá presente com muito empenho junto a sua comunidade. As musas são destaques a parte, principalmente a primeira, Nathany Piemonte tem o samba no pé impecável, e a simpatia, por isso foi uma das princesas da Corte em 2023, pois em 2024 segue brilhando por sua roseira. As outras musas também mostraram samba e simpatia, a roseira tem algumas como Fernanda Catanoce, Thaís Bianca, Alessandra Vania.

RosasDeOuro et DiretorCarnavalEvandro 2

Vale ressaltar que a escola está trazendo inúmeras referências ao Ibira, uma das que chama atenção é um grupo de jogadores de basquete, com a camisa tradicional de clubes da NBA, mas com Rosas de Ouro. Pela demarcação deve vir algo em um tripé. Teremos um jogo de basquete na avenida. E a presidente Angelina sempre um show a parte com o seu look

A ala Responsabilidade Social, comandada por Vanessa Rosas, merece um destaque a parte, com direito a uma intérprete de libras que fazia os sinais do samba que estava sendo apresentado. Ou seja, uma verdadeira inclusão na avenida, sejam eles cadeirantes, com deficiência visual, estavam todos lá incluídos, se divertindo e cantando o samba.

Mais de 2,5 toneladas de alimentos foram arrecadadas no Camarote do King durante os ensaios técnicos do Sambódromo

Joãozinho King convocou, e os amigos que receberam cortesia para o Pagode da Abelhinha abraçaram a causa. A roda de samba, que acontece no Camarote do King em todo final de semana de ensaio técnico, tem sido o ponto de encontro para uma grande ação social.
Além de destinarem o lucro do evento para ajudar centenas de famílias afetadas pelas chuvas no Rio de Janeiro, os sócios convocaram todos os amigos que receberam ingressos de cortesia a doarem alimentos não-perecíveis.

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Foto: Divulgação

A ação foi atendida por todos, e o pedido por doações continua valendo para os próximos finais de semana.

“Essa primeira remessa de alimentos destinamos a moradores de Acari, Fazenda Botafogo, Pedreira e arredores, que sofreram demais com a enchente da semana passada. Continuamos pedindo a quem possa contribuir, que também traga 3kg de alimentos não-perecíveis ou três latas de leite em pó nos próximos ensaios técnicos. Há muita gente precisando da nossa ajuda ainda!”, diz Lilian Martins, sócia do Camarote e irmã de Joãozinho King.

Senac RJ e Equipe de Maquiagem Artística da Viradouro se unem mais uma vez para maquiar componentes do desfile

O Senac RJ se une mais uma vez à Equipe de Maquiagem Artística da vice-campeã do Carnaval 2023, Unidos do Viradouro, liderada pela premiada maquiadora Christina Gall. Cerca de 80 alunos e ex-alunos, acompanhados por instrutores de ensino dos cursos de Maquiador, irão atuar na make-up de aproximadamente 600 componentes do desfile do dia 12 de fevereiro e, no sábado das campeãs, se a escola mantiver o ritmo de vitórias dos últimos anos. A atividade funciona como laboratório para os estudantes, permitindo a vivência profissional em um dos maiores eventos do planeta.

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Foto: Hélio Melo

A Equipe de Maquiagem Artística da Viradouro é formada há seis anos por Christina Gall, que também foi aluna do Senac e é responsável atualmente pela Maquiagem, Criação, Coordenação e Comissão de Frente da escola, auxiliada pelos coordenadores Diogo Lisboa, Silvana Maurente e por três alunas do Senac RJ que a acompanham desde o início da parceria: Glaucia Pandora, Karen Kim e Keit Souza.

Os alunos selecionados terão em torno de duas horas para caracterizar os rostos dos personagens do desfile, um trabalho que inclui produtos específicos para resistir à chuva e ao suor, a partir de um longo trabalho de pesquisa de Christina Gall:

“O trabalho da maquiadora está sujeito às ocorrências da natureza como calor ou chuva. Por isso foi feito todo um estudo para as maquiagens que serão feitas com produtos à prova de água. Foram horas sem dormir durante esse trabalho de pesquisa.” – conta a maquiadora.

Workshop de treinamento

Os participantes da ação de maquiagem recebem treinamento prévio com a equipe de Christina Gall, onde são orientados sobre as técnicas de aplicação das maquiagens que serão utilizadas pela escola no dia do desfile. A atividade se insere na metodologia do Senac RJ, que adota sempre o ensino prático, e oferece a oportunidade de alunos vivenciarem a realização de um grande evento e toda a rotina da maquiagem de uma escola de samba do Rio de Janeiro. A qualificação profissional de maquiador ensina a aplicação técnica de cosméticos e, utilização de recursos artísticos a partir de uma intenção, aplicando o conceito de beleza integrada. Desta forma, a equipe da escola assegura que a maquiagem dos componentes do desfile estará alinhada à mensagem de cada ala ou fantasia. A experiência desse trabalho na Avenida contribui para o portfólio profissional desses maquiadores.

Sobre o Senac RJ

Há 78 anos o Senac RJ atua na profissionalização de mão de obra para o setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Rio de Janeiro. A instituição de ensino investe fortemente em inclusão social por meio de capacitação para o mercado de trabalho e é reconhecida como referência na oferta de cursos profissionalizantes.

Casais da Unidos de Padre Miguel intensificam ensaios e adotam tratamento psicológico para brilharem na Sapucaí

A Unidos de Padre Miguel se prepara para brilhar mais uma vez no maior espetáculo da terra. Em meio a um universo de grandiosidade, a dança do mestre-sala e da porta-bandeira emerge como um dos elementos mais emblemáticos e tradicionais da festa, destacando-se não apenas pela apresentação imponente, mas também pela dedicação singular de seus casais.

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Foto: Diego Mendes/ Comunicação UPM

Há mais de uma década na escola, o casal Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira tem a responsabilidade de conduzir o pavilhão da agremiação. Os ensaios, iniciados em junho, vão além da busca pela perfeição coreográfica, incluindo uma preparação física e psicológica meticulosa. Com academia, treinos funcionais e sessões individuais com psicóloga, a dupla visa alcançar o equilíbrio perfeito entre corpo e mente para brilhar intensamente durante o desfile e conquistar os 40 pontos para o Boi Vermelho.

“Antes mesmo da escolha do samba iniciamos nossa preparação, com um trabalho intenso na academia para pegar condicionamento físico, além de um tratamento psicológico com a Dra. Isabel, que vem sendo extremamente importante para nós ” – contou Jéssica.

A criação das coreografias para o casal é um processo que combina a inspiração da fantasia, as exigências específicas da apresentação e a essência do samba-enredo, resultando em um estilo de bailado moderno que preserva a essência clássica do samba, como destaca Vinícius Antunes: “Cada movimento carrega a alma do samba, e é nesse ritmo que encontro a verdadeira essência do meu amor pela dança.”

Simultaneamente, o segundo casal, formado por Emerson Faustino e Joana Falcão, juntos há 16 carnavais, tem uma preparação dedicada, ensaiando desde agosto, a dupla enfatiza a musculação, atividades cardiovasculares e também faz uso de acompanhamento psicológico individual como fundamentais para assegurar uma performance impecável.

“Estar na Unidos de Padre Miguel é como ter um pedaço do meu coração pulsando no ritmo contagiante do samba” – contou Joana.

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Foto: Diego Mendes/ Comunicação UPM

Na criação das coreografias, a preferência da dupla é mesclar o clássico e o coreográfico em seu estilo de bailado. Com o enredo centrado em Padre Cícero, as duplas expressam seus pedidos ao Padim para conquistar o título tão sonhado para a Unidos de Padre Miguel. da alma do samba.

Em 2024, a Unidos de Padre Miguel levará para a Avenida o enredo “O Redentor do Sertão”, de autoria dos carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato. Vice-campeã em 2023, a vermelha e branca da Vila Vintém será a quinta agremiação a desfilar no sábado de carnaval, pela Série Ouro, do Rio de Janeiro, em busca do tão sonhado título e o acesso ao Grupo Especial.

Ale Jansen é a nova madrinha de bateria da Em Cima da Hora

AleJansen

A Em Cima da Hora apresenta mais uma beldade para o carnaval de 2024! Ale Jansen, a nova madrinha de bateria, se une à rainha, Davina, para trazer uma explosão de energia e paixão à Sapucaí.

Ao som dos ritmos envolventes da Bateria Sintonia de Cavalcante, liderada pelo mestre Léo Capoeira, Ale, com sua trajetória rica e vibrante no mundo do samba, traz consigo uma energia contagiante e uma dedicação incomparável à cultura carnavalesca. Desde os seus primeiros passos na União da Ilha até suas conquistas como coreógrafa, diretora de ala e co-criadora do projeto Poderosas do Samba, Ale personifica a essência do ritmo e da tradição.

De olho nos quesitos: julgadores de Evolução citaram 65 vezes ‘falta de coesão e fluidez’ para tirarem décimos

Imbuído de sua missão de realizar uma cobertura voltada para a competição na avenida, pilar do desfile das escolas de samba, o site CARNAVALESCO inicia a temporada 2024 da já tradicional série ‘De olho nos quesitos‘. Uma sequência de nove reportagens analisando cada um dos quesitos em julgamento na pista. Na edição deste ano, nossa reportagem se debruçou sobre notas e justificativas dos quatro jurados escolhidos pela Liesa para o julgamento de 2024. Quais as justificativas mais comuns? Quais as notas mais baixas? Há muita diferença entre as notas para as escolas da primeira e segunda noite? Respostas que buscaremos encontrar a partir do texto abaixo, iniciando com o quesito evolução.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval

Os quatro julgadores de evolução anunciados pela Liesa para 2024 estiveram também em 2023. A jurada Verônica Torres é a única presente em todos os anos analisados pelo CARNAVALESCO, desde 2018. Lucila de Beaurepaire está desde 2019. E Gerson Martins e Mateus Dutra entraram em 2022. Considerando todas as notas aplicadas pelos quatro, 46% foram 10. Das 13 notas aplicadas para agremiações que abriram o domingo, apenas a Imperatriz em 2022 recebeu uma nota 10 no quesito, dada pelo julgador Mateus Dutra.

‘Falta de fluidez e coesão’ domina justificativas

O manual do julgador da Liesa, ao explicar o que está em julgamento no quesito evolução explicita: “é a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba que está sendo executado e com a cadência mantida pela bateria”. São critérios de julgamento do quesito a fluência da apresentação; a espontaneidade dos desfilantes e a coesão do desfile.

Neste sentido os julgadores que terão a incumbência de julgar evolução este ano vêm seguindo à risca aquilo que determina o manual. Nosso levantamento encontrou termos como ‘fluidez’ e ‘coesão’ (ou a falta deles) impressionantes 65 vezes nos últimos cinco anos nas justificativas veiculadas pela Liesa após os desfiles. A falta de fluidez e coesão em um desfile é quando a escola de samba passa a ter lentidão em excesso ou correria desenfreada em dados momentos de sua apresentação. Os julgadores chegaram a apontar o “efeito sanfona” de alguns desfiles, quando se registra lentidão e correria o mesmo desfile. Esse é portanto o aspecto de maior relevância quando se busca uma evolução nota 10 na avenida.

Temidos buracos

Outro aspecto que causa muita perda de pontos em evolução são os temidos buracos. Já houve escola deixando de ser campeã por uma apresentação arrebatadora mas que abriu buraco e outras que quase foram parar no acesso pelo mesmo motivo. Portela e Mocidade sofreram recentemente com evoluções acidentadas que jogaram as respectivas agremiações nas últimas colocações. Os buracos podem surgir mediante acidentes no desfile, como a quebra de uma alegoria ou por mera desorganização da escola, quando se abrem clarões dentro das alas.

Embora tenha entrado no corpo de jurados em 2022, o julgador Gerson Martins já detém o recorde de ser o maior encontrador de buracos na pista. Em seus registros de justificativas ele explicou que estava despontuando algum desfile por algum buraco nada menos que 15 vezes. Gerson é bastante rígido e aplicou apenas nove notas 10 em 24 desfiles avaliados.

Correria e alas emboladas

É quase um déjà-vu. Quem está no trecho final da Avenida Marquês de Sapucaí atesta todo no a correria desenfreada nos últimos minutos de desfile de uma escola de samba. Especialmente aquelas que se enrolam com o tempo. No Grupo Especial cada escola tem 70 minutos para se apresentar. Quando o relógio se torna inimigo da tranquilidade de diretores de harmonia registram-se componentes que mais parecem corredores de maratona do que sambistas. Posicionados no setor 10 da Sapucaí, os julgadores do último módulo de julgamento não deixam passar essa falha e apontam a correria como um dos principais aspectos que causam perdas de décimos nos desfiles.

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Foto; Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

Talvez, a falha de evolução que mais deva irritar um diretor de harmonia é aquela que aponta para alas emboladas. Afinal de contas trata-se da falha humana de responsabilidade dos diretores de cada ala. Uma escola de samba ensaia dois, três meses em sua quadra e na rua, além do ensaio técnico na Sapucaí, para chegar no dia do desfile sem falhas. Porém um dos aspectos mais apontados nas justificativas de evolução são as alas embolando umas nas outras, causando confusão visual em quem vê o desfile de cima. O antídoto para esse problema é extrema atenção com as fileiras iniciais de uma ala e finais da outra para não jogar por terra meses de trabalho árduo.

Série Barracões: Na volta de Jack, Tuiuti vai mostrar, através de uma estética épica e cinematográfica, João Cândido como grande herói brasileiro

O Paraíso do Tuiuti está de volta ao Grupo Especial desde 2017, o maior período na elite do carnaval desde que a Amarela e Azul de São Cristóvão foi criada em 1952. Com um vice-campeonato em 2018, a agremiação tem trazido para a Sapucaí enredos com forte presença da representatividade negra, com temas políticos e voltados para grande cuidado com a responsabilidade social como “Ka RíBa Tí Ye” , “Meu Deus, meu Deus” e “Carnavaleidoscópio Tropifágico”, e assuntos inéditos e ricos de brasilidade como “O santo e o rei”, “Mogangueiro da cara preta” e “O Salvador da Pátria”, que também não deixavam de ter o seu “pézinho” nas questões sociais. De volta ao Tuiuti, após carnavais na Mocidade e na Unidos da Tijuca, o carnavalesco Jack Vasconcelos, responsável pela parte artística daquele desfile aclamado pelo povo e que quase beliscou o título há 6 anos atrás, mais uma vez segue a linha de enredos da escola nos últimos anos e levará para a Sapucaí “Glória ao Almirante Negro!”. A história faz uma justa homenagem a João Cândido, um marinheiro brasileiro que se engajou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatadas sofridas pelos colegas. Jack explicou que o objetivo é difundir para o máximo de pessoas possível a história e importância do almirante e revela que a equipe se surpreendeu bastante com o conhecimento que o grande público já tem do personagem histórico.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“O nosso intuito é dar esse reconhecimento, é trazer o João Cândido para um conhecimento maior. Na verdade, neste caminho até aqui a gente percebeu que o João Cândido é mais conhecido do que a gente imaginava inicialmente. Mas, às vezes era um reconhecimento um pouco superficial, às vezes as pessoas não o ligavam nem à Revolta da Chibata em si, e por isso, acredito que vamos dar uma contribuição bacana para essas peças todas se encaixarem na cabeça do público em geral, da grande massa, que na verdade é o público que mais nos interessa. A gente pegar a massa e mostrar para eles que nós temos um herói vindo da massa que nos representa, e que lutou pelos direitos humanos, lutou por nós, que ele serve de exemplo maravilhoso, já que estamos em uma época que carece de heróis bacanas”, afirma o carnavalesco.

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Em abril, quando o enredo foi lançado, a logo também foi divulgada. A marca do enredo foi desenvolvida pelo designer e ilustrador Antônio Vieira. O profissional se inspirou no universo dos quadrinhos para criar o desenho. A arte é uma capa de HQ, já dando o tom do que o carnavalesco Jack pretende trazer como identidade visual para este desfile.

“O nosso intuito é mostrar o João Cândido como o herói nacional que ele é. Existem alguns códigos visuais que a gente usa quando a gente quer dar uma ênfase maior a alguma passagem histórica, quer dar esse tom heróico que passa pelos dourados, pelos castanhos, a figura heróica, a passagem heróica, a construção de uma imagem, de um momento heróico, passa muito por esse filtro. A gente pensou muito no que que a gente podia usar para facilitar essa linguagem a ser assimilada pelo público. O desfile, como um todo, está se aproximando de uma linguagem pop, por que falo pop e usando a questão do heróico? Minhas referências para montar o desfile são muito cinematográficas e muito das histórias em quadrinhos. Desde o início eu pensei em mostrar o João Cândido de uma forma em que as pessoas entendam que estamos falando de um cara que é um herói. A gente não esconde isso, é isso o tempo inteiro, não é uma surpresa para quem não conhece o João Cândido que ele é o herói do enredo. A gente já deixa claro desde o início que a gente está falando de um momento heróico, que a Revolta da Chibata é um momento heróico da história brasileira. Alguns códigos de cores e de formas, eu extraí das linguagens de HQ e algumas coisas de cinema para a gente poder trazer para o desfile “, explica Jack Vasconcelos.

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Não só se inspirando nas histórias em quadrinho, mas também nos grandes sucessos de Hollywood para apresentar esse enredo, Jack espera que o público consiga ver João Cândido como o protagonista que ele foi para a luta pelos direitos humanos no Brasil e que esse desfile possa ser um “sucesso de bilheteria”.

“O enredo é um épico, é um filme de três horas “Hollywood mente” falando é daqueles filmes de três, quatro horas no cinema que vai ter 11 indicações , é um épico da história brasileira que a gente vai botar na Avenida. João Cândido é tratado com esse filtro heróico mesmo, desde o início”, enfatiza Jack Vasconcelos.

Família de João Cândido participa de toda a construção do desfile

Único filho vivo de João Cândido, Adalberto Cândido, conheceu de perto o projeto de alegorias e fantasias que o Paraíso do Tuiuti vai levar para a Avenida no próximo Carnaval. Seu Candinho, como é chamado,com quase 90 anos, chegou a conhecer o barracão da agremiação ao lado de familiares e tem estado bastante presente acompanhando o desenvolvimento do projeto. Em agosto esteve na festa de lançamento do samba na quadra do Paraíso do Tuiuti e falou de forma exclusiva ao site CARNAVALESCO sobre a honra e importância de ver seu pai sendo homenageado além da expectativa pelo desfile onde estará presente ao lado de familiares e amigos.

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“É uma satisfação muito grande para mim, para a minha família, para todos os admiradores do meu pai, por ele ser reconhecido e já pelo povo. Meu pai é um herói popular. É bom ele ser reconhecido pelo povo brasileiro. E no desfile, a emoção vai vir na hora, na hora que entrar no sambódromo, não é para qualquer. Se Deus quiser estarei desfilando com minha família e amigos”, explicou o filho do “almirante negro”.

O projeto desenvolvido por Jack passou pelos olhos da família que ajudou bastante desde o início colocando a disposição do carnavalesco arquivos, documentos e relatos importantíssimos para que o enredo pudesse ir além da Revolta da Chibata, mas também traçar um pouco mais da vida de João Cândido.

tuiuti barracao24 3“Eles conheceram o Barracão, conheceram o projeto que já estava um pouco mais adiantado, mas desde o início quando a gente resolveu que seria este o enredo, a gente entrou em contato com eles e foram super bacanas. O bom, que eu percebi na questão da família do João Cândido, é que eles entendem perfeitamente o papel dele como grande personagem da história brasileira. A preocupação deles era, na verdade, de como se usaria a imagem do João Cândido. Como a gente deixou claro para eles, desde o início, que a nossa intenção sempre foi só homenageá-lo e o trazer como uma referência para as pessoas de hoje, eles nos deixaram muito livres nessa questão da criação. Ficaram à nossa disposição para darmos uma olhada alguns materiais que eles nos cederam que são do acervo familiar”, conta o carnavalesco do Paraíso do Tuiuti.

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Seu Candinho foi fundamental neste papel pois é um entusiasta e efusivo defensor do legado do pai. Com seus quase 90 anos, Adalberto Cândido tem trabalhado muito para que João Cândido tenha o reconhecimento que merece e com certeza viu essa possibilidade no desfile do Paraíso do Tuiuti. Seu candinho conhece muito bem a história do pai, suas aventuras e sua luta pelos direitos humanos. O carnavalesco Jack Vasconcelos conta que quando o filho do “almirante negro” visitou o Barracão, o artista nem precisou explicar muita coisa para o herdeiro do homenageado.

“A gente ficou muito feliz de ver o seu Candinho estar por aqui e o mais bacana é ele descrever as coisas da história, a partir dos carros. Eu não precisei abrir a boca. E isso fez a gente pensar que acertamos em cheio. E também o fato dos familiares sempre estarem dispostos, solícitos, toda vez que a gente precisa tirar alguma dúvida, ou precisar deles para vir até aqui. Estão sempre aqui com a gente. Esta construção com o aval da família foi muito importante e isso dá para a gente um conforto de saber que a gente acertou pelo menos em questão de construção, de conceito, a gente acertou porque a família está muito à vontade com a escola e com o enredo”.

Barracão a todo vapor e uso das cores para dar o clima de cada setor

Muito elogiado pela forma como consegue tratar os seus enredos e muitas vezes sair do lugar comum, Jack Vasconcelos já contou a Baía de Todos os Santos pegando o ponto de vista das águas, já trouxe para Sapucaí o guaraná a partir de um prisma baseado na arte Naif, contou a vida e a carreira de Elza trazendo também uma homenagem a educação. Em termos de resultado seu grande trabalho foi no Tuiuti 2018 quando lançou um questionamento se a escravidão havia realmente sido abolida, pergunta chave para um enredo que falava sobre o momento dos direitos trabalhistas. Agora neste retorno, a vez é de João Cândido, que já passou na Sapucaí algumas vezes sendo citado, neste desfile, será a grande estrela, homenageado como o herói que foi. Jack explicou que buscou fazer com que o público possa sentir a emoção de cada momento vivido pelo almirante através da divisão cromática e de formas em cada setor. O artista espera causar diferentes sensações no público a partir de cada parte do desfile do Tuiuti.

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“A gente tem setores que existem para você sentir o que as pessoas sentiram naquele momento de enredo. A gente tem o segundo setor que é quando ele entra para a Marinha que é um choque de visão mesmo, das coisas que ele vai ver, das chibatas e da correlação que se faz com um passado colonial que insistia e insiste em continuar por aí. A gente tenta decodificar em cores e em formas esse choque. O outro é uma coisa mais descoberta, tem uma viagem para outro tipo de mar. A gente tem uma cor de mar para Brasil, a gente tem uma cor de mar para lá fora, então, o enredo vai falando com as pessoas através dessas emoções despertadas por esses signos. Tem um setor que está quase inteiro avermelhado por conta desse sangue do marujo que escorre das costas e entra pela Baía de Guanabara e deixa a gente louco de raiva para explodir a revolução. As cores vão conversando com o público durante o desenvolvimento do enredo e trazendo as pessoas para dentro da história”, esclarece Jack.

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Com um início que tem tudo para ser arrebatador, com um abre-alas que com certeza vai impressionar o público pelo tamanho, o carnavalesco procura não definir as emoções pela largura ou altura de alegorias, a ideia é atingir o público pela emoção do conteúdo que o carros e fantasias vão trazer para a Sapucaí.

“O que estamos fazendo é um desfile que traz essa preocupação com o épico, com a cor do épico, com esse signos de cinema, de história em quadrinhos para mostrar o nosso personagem. Como todo desfile que eu faço, eu atendo ao que o personagem ou ao que enredo pede. Desde o início o João Cândido pediu, me impôs ser tratado como herói e esse momento da história do Brasil ser tratado como um momento heróico. É claro que um carro tem mais impacto do que outro, mas isso a gente não tem como controlar, isso é gosto pessoal de cada um mesmo, mas a gente tenta dentro da nossa formação e do nosso estudo a ideia de brincar com esses signos e fazer as pessoas terem a sensação de estarem oprimidas em uma alegoria, ficar mais relaxadas em outra, e essas coisas vão acontecendo durante o desfile. Se juntar tudo e o pessoal falar ‘nossa tava grande’, beleza. Mas não é o intuito desde o início. A gente faz o que é melhor para a história”, define o artista.

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E até por isso, para Jack não há uma alegoria preferida. O profissional enfatiza que todas precisam ter um cuidado, e acrescenta em tom brincalhão que não pode ignorar uma e destacar outra. Nessa reta final, o momento é de foco para dar o melhor acabamento para tudo aquilo que o artista tem planejado levar para a Marquês de Sapucaí.

“Essa época é assim mesmo, a gente mete mais a bronca severa na reta final e o intuito é sempre fazer o melhor possível. A gente olha, acha que cabe mais um negócio ali, sempre assim, vê onde pode dar mais uma tinta, mais um tonzinho, tipo esse azul aqui está muito chapado, vamos dar outra mão, a gente vai afinando as coisas. Não sei (sobre a alegoria que mais gosta), é uma pergunta difícil. Eu tenho que dar conta de todas, não posso pensar,’ não gosto muito desse carro, vou fazer de qualquer jeito(risos), não tem isso”, brinca o carnavalesco.

Mensagem do enredo é extremamente atual

Em uma realidade em que os direitos da dignidade da pessoa humana são ridicularizados, onde muitas vezes torturadores são aplaudidos, o enredo do Paraíso do Tuiuti ainda é muito atual. Como uma marca também dos enredos de Jack Vasconcelos, a história contada no passado sempre dialoga com o presente e busca entender como essa relação se dá e como pode contribuir para um futuro melhor. A responsabilidade social do desfile, do carnaval e sua potencialidade como mensagem sempre é bastante avaliada. Um dos pontos que esse traço estará bem claro vai ser na terceira alegoria que trará o entregador Max Ângelo dos Santos, agredido a chicotadas em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, no ano passado. Max aceitou o convite do Paraíso do Tuiuti e será João Cândido no carro que representa o momento da Revolta da Chibata (1910). Jack Vasconcelos falou mais sobre a importância que o enredo tem para pensar questões atuais.

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“A grande mensagem é que a gente precisa estar sempre de olho na chibata que ainda está por aí, que ainda não acabou, que a luta não acabou. E também que democracia é uma luta constante, é uma vigilância. Nós tivemos há pouco tempo aí provas suficientes de ameaças, inclusive, à nossa democracia. Direitos humanos e direito à cidadania, à democracia, são lutas constantes. A gente não pode deixar de estar alerta. O João Cândido quando a gente olha para a estátua dele na Praça XV, é não deixar a gente esquecer que a gente não pode descansar porque as chibatas ainda estão por aí tentando ser empunhadas e a gente não pode aceitar”, prega o artista.

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E não só na terceira alegoria, mas de forma mais clara no final do desfile, segundo Jack, haverá signos que vão apontar que esta luta continua mais atual do que nunca.

“A gente tem no final da escola algumas representações do que acontece hoje, dessas chibatas que a gente vê ainda serem instaladas durante o dia a dia e que já deveriam ter terminado. São imagens que ficaram na nossa formação, cultura e que elas devem ser abolidas”, conclui o carnavalesco.

Conheça o desfile

O carnavalesco Jack Vasconcelos revelou que o Paraíso do Tuiuti va levar para a Sapucaí no enredo “Glória ao Almirante Negro!” cinco carros e dois tripés, além de 29 alas. Confira uma ideia da setorização do enredo a partir da fala do carnavalesco.

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“A gente vai acompanhando a construção desse herói, da infância dele no Rio Grande do Sul, dele entrando na Marinha, vendo as atrocidades, depois ele viajando para a Inglaterra e conhecendo a questão do sindicalismo, os movimentos, ele se nutrindo dessas informações e percebendo que ele não necessariamente precisaria se conformar com o que ele estava vendo de errado. A luta e ele se tornando líder e no final ele se tornando essa referência para a história do Brasil que ele acabou se tornando “, detalha o carnavalesco.