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Águia de Ouro é ouvida com força em ensaio técnico

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Dentre tantas escolas que têm no canto a principal força, uma delas vem da Zona Oeste. A Águia de Ouro, mais uma vez, entregou muita força vocal em ensaio técnico realizado neste sábado no Anhembi. Toda a potência da voz foi utilizada para defender o enredo “Águia de Ouro nas Ondas do rádio”, desenvolvido pelos carnavalescos Márcio Gonçalves e Victor Santos. A instituição da Pompeia desfilará no quinto horário do sábado de carnaval – dia 10 de fevereiro.

Harmonia

Como já é tradicional, a agremiação contou com componentes extremamente competentes para defender o samba-enredo. Em 2024, é bem verdade, a canção, bastante leve e muito simples de se cantar, ajuda bastante; mas nada tira a empolgação dos desfilantes como principal destaque do evento.

Evolução

Muito criticada por alguns, há um motivo bastante simples para que a Águia de Ouro tenha movimentos bastante característicos: é uma das maneiras pelas quais uma escola não é despontuada no dia da apuração – e, ciente que todas as agremiações buscam o título, nada mais natural que a azul e branca se apegue a algo que tenha como trunfo. Dito isso, a instituição, mais uma vez, veio extremamente organizada, utilizando tudo que lhe é importante para garantir notas máximas no quesito. A síntese de tal bom andamento da agremiação foi o recuo de bateria: guiando à direita com metade do abre-alas ainda no espaço paralelo ao box, o movimento inteiro durou cerca de 80 segundos – ótima marca.

AguiaDeOuro et 16

Samba-enredo

Das canções mais criticadas no ciclo carnavalesco para 2024, a reportagem do CARNAVALESCO já dizia que, ao ser ouvido ao vivo, a canção crescia bastante. E, mais uma vez, isso aconteceu. De letra bastante simples, facilmente decorável e melodia que também convida para o canto, a canção teve condução bastante satisfatória de Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto – já históricos integrantes da agremiação. Com menos bossas e focando na sustentação do samba, a Batucada da Pompeia também colaborou bastante para a boa noite do quesito.

AguiaDeOuro et InterpretesSerginhoDouglinhas

Ao analisar o ensaio, Douglinhas fez questão de citar o primeiro: “Eu acho que no passado já tinha me agradado, e esse aqui eu acho que acabou completando o trabalho. Eu acho que a escola veio muito bem, cantando muito, com o astral lá em cima, com alegria estampada no rosto de cada um”, comemorou. O companheiro dele foi além: “Tudo que a gente queria graças a Deus aconteceu. De pegar o público todo cantando, a escola toda cantando. A gente está de parabéns porque a gente queria, e hoje conseguimos tirar, espremer o suco da laranja todinho e pegar ele, foi muito bom. Já estamos preparados para, no dia dez, quebrar o Anhembi”, prometeu.

Na visão dos intérpretes, por sinal, o samba-enredo está em franca ascensão: “Dá para perceber que este ensaio foi melhor, até porque hoje tinha bastante gente na arquibancada. Eu acho que isso motiva muito mais o componente, dá um gás a mais. Foi legal o da quinta-feira retrasada, mas acho que hoje foi bem melhor”, afirmou. Serginho do Porto seguiu na mesma linha: “E por quê? O som todo estava ligado, então todo mundo cantou e ouviu nós cantarmos. Isso aí é muito importante, foi muito bom”, destacou.

AguiaDeOuro et 6

Ambos, inclusive, falaram em título para a agremiação: “A mensagem que eu quero mandar para o povo da Pompéia em especial é que cantem com muita garra, que vibrem pela nossa escola. Esse é um ano que dá para a gente levar o título, está nas nossas mãos. O barracão está muito bonito, as fantasias estão muito bonitas, só depende de cada um”, pontuou Douglinhas. O parceiro seguiu indo além: “Hoje foi um ensaio-treino e o jogo à vera será no dia dez. Para toda a comunidade da Pompéia, que a gente tem um carinho muito grande e sabe que vai cantar em pelos pulmões aqui no Anhembi, tenha certeza de uma coisa: nós vamos levar esse título para a Pompeia”, finalizou Serginho do Porto.

Comandante da Batucada da Pompeia, Mestre Juca destacou que também tem participação na boa fase da canção. “Quanto ao samba, ele é funcional. A arquibancada fica meio tímida no começo, mas depois se solta por ser um samba alegre. Acho que a participação da bateria é mais no andamento, já que colocamos ele um pouco mais para frente. Com um samba funcional e alegre, no dia do desfile vai funcionar”, pontuou.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Individualmente, João Camargo e Monalisa Bueno são fantásticos e dominam absolutamente todos os movimentos necessários para uma ótima dança. A questão principal está no tempo em que a dupla foi formada. Com cerca de dez dias juntos, é bem verdade que um está mais sincronizado com o outro do que muitos poderiam imaginar. Mas, ainda assim, o duo ainda não atingiu o cem por cento – e nem teria como, convenhamos. Com giros já bastante rápidos desde o começo da pista, ambos também utilizaram o expediente longe dos módulos de julgamento – algo que nem todos os casais estão fazendo em tal ciclo. Vale destacar, também, a utilização de um leque, e não de um cetro, por parte do mestre-sala – agora, elementos de mão são obrigatórios, e muitos que estão em tal posto em coirmãs preferiram o objeto citado.

AguiaDeOuro et PrimeiroCasal 1

Focando no treinamento futuro, Monalisa fez questão de frisar que gostou do próprio ensaio: “Vou te dizer que, para mim, superou as nossas expectativas. No meu caso, chegar sem condicionamento, uma bateria nova, sem passar meses para se entrosar… falamos aqui que temos uma conexão de outras vidas, ela foi incrível. O resultado está aí: deu tudo certo nos ensaios. Gostei muito do que fizemos e, na avenida, batalharemos para que estejamos nesse nível”, afirmou. João preferiu elogiar a companheira: “É importante mensurar que todo o processo, até para quem está dançando há anos, cada ano é um carnaval diferente, é uma forma de criar o seu trabalho. Nesse ano, estamos falando muito de ser conhecido em outras vidas. Quando dançamos pela primeira vez juntos, nos conectamos muito. Esse ensaio, realmente, foi a consagração da experiência – e ela faz com que a gente consiga transmitir não só técnica, mas tudo que o bailado permite e deve: alegria, simpatia, leveza, entrosamento e todos os critérios de julgamento. Tenho certeza que, no dia, com as magias de fantasia e do dia em si, vai ser ainda melhor. Só tenho a agradecer à Monalisa por ter aceitado essa loucura, que é saudável. O retorno dela também foi muito importante – e, juntando nossas experiências, com certeza já deu certo”, refletiu.

Falando sobre a rotina de ensaios até o carnaval 2024, Monalisa revelou um número impressionante: “Já estamos no ritmo e cheio de ensaios! Estamos, praticamente, ensaiando seis dias e descansando um dia. O tempo é curto, temos que intensificar os ensaios para que, no da, saia tudo conforme o combinado”, disse. Já o mestre-sala destacou que o ensaio possui muitos outros pontos importantes para se pensar: “Além do ensaio, nos preocupamos muito com treinamento: o nosso corpo é a nossa máquina. Alimentação, dormir bem… se não tiver tudo isso, não adianta ensaiar. A gente não renderia nada! É todo um conjunto que a gente trabalha”, finalizou.

Comissão de frente

Mais uma agremiação a utilizar um tripé no segmento, a Águia de Ouro teve dois grupos de componentes: um deles, basicamente, ficou apenas no chão, realizando coreografias marcando o samba. Já o outro, em cima da alegoria, tinha mais que um ato – e algumas situações bastante divertidas, como integrantes aparecendo e desaparecendo por meio de um pórtico. Curiosamente, tais agrupamentos não interagiam entre si. O máximo que acontecia em tal cenário era a ida de alguns componentes do chã para a lateral do tripé em alguns instantes.

AguiaDeOuro et Comissao1

Como o coreógrafo responsável pelo segmento teve mudanças (tal qual aconteceu no casal de mestre-sala e porta-bandeira), Sidnei Carrioulo, presidente e diretor de carnaval da instituição, deixou claro que ambos estavam sob atenção mais rígida: “Sim, esses quesitos foram os principais pontos de atenção do Águia. Lógico que sempre tem coisas para ser corrigidas, mas deu tudo certo. Estou satisfeito”, comemorou.

Apesar de ficar de olho, o diretor também elogiou os componentes: “De zero a dez, minha nota seria nove. Sempre dá para melhorar e o nosso objetivo é sempre o dez. Se nós não formos atrás do dez, não tem porquê estamos disputando o carnaval. E falar que tem escola que está perfeita… nunca vi uma na minha vida. E olha que eu tenho muito tempo de carnaval!”, finalizou Sidnei.

Outros destaques

Vanessa Alves, rainha da Batucada da Pompeia, não compareceu ao ensaio por conta de uma lesão. Vale destacar, também, a Ala das Baianas. Vencedoras do Estrela do Carnaval 2023, elas estavam deslumbrantes com os saiotes azuis.

AguiaDeOuro et Baiana 1

“Temos, ainda, dois ensaios de domingo, e um na quarta-feira – esse é só bateria. Também estamos fazendo ensaios específicos com alguns naipes durante a semana. Sempre tem algo para ajustar: vemos algo no ensaio, limpamos – para que, no dia que passar o desfile oficial, entregar as notas para a escola”, afirmou mestre Juca, comandante de tal quesito.

Com homenagem a mestre Sombra, bateria e ala musical ditam ritmo da Mocidade Alegre

A atual campeã do carnaval, a Mocidade Alegre fez seu segundo ensaio técnico no último sábado, dia 27, e no ritmo do seu enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, agora só volta ao Anhembi no dia do desfile, no sábado, 10 de fevereiro, a terceira escola a desfilar. Neste ensaio técnico com direito a homenagem para Mestre Sombra, pelos 30 anos completos justamente no dia do ensaio, a bateria Ritmo Puro foi um dos grandes destaques, junto com o desempenho da ala musical comandada por Igor Sorriso.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Diego Motta e Natália Lago mostrou muita elegância e um bailado tranquilo perante os módulos dois e três. Realizando os passos obrigatórios, horário e anti horário, conectando os toques com as mãos, que é uma marca registrada deste casal que recém foi formado e é caseiro da Morada. Protegido pelos guardiões que eram membros da ala das crianças, vestiram uma fantasia já no estilo desfile, o que elevou o grau do ensaio e também no nível de elegância. Sincronizados no bailado, deu para sentir que evoluíram em relação ao primeiro ensaio, que já havia sido positivo.

Em relação a ter apenas dois ensaios técnicos, Diego Motta que está estreando como primeiro mestre-sala, relatou para o site CARNAVALESCO: “Falo por mim, pelas experiências anteriores: o primeiro é para quebrar o gelo, entendermos; o segundo é com alguns consertos do primeiro; e o terceiro é valendo. Aqui, no nosso caso, não teremos esse terceiro saboroso, mas essa situação fez a gente despertar uma técnica para ter várias soluções para qualquer tipo de problema. Hoje, testamos uma cabine que a gente ainda não tinha utilizado no último. Tem essa facilidade para experimentarmos algo diferente, mas, no contexto geral, não atrapalha tanto. A gente perde o sabor do último, aquele para lavar a alma. O segundo ainda é meio tenso. Mas estamos preparados, vambora!”.

MocidadeAlegre et Casal

E a sua companheira, a porta-bandeira, Natália Lago disse: “A gente traça o plano de acordo com o que temos. Se temos, dois ensaios em um, a gente vem testar tudo que a gente preparou e, no segundo e último, solucionamos todos os problemas – já que ele é o mais próximo da nossa realidade. Mas foi muito bom, nada foi prejudicado – e, para o casal, ter um ensaio a mais, ter um momento a mais, é de grande valia”.

A última cabine de jurados tem deixado os casais de cabelo em pé, o mestre-sala da Mocidade relatou: “Para mim, o que dificultou na questão desse jurado é essa mudança repentina muito próxima do desfile. Foi isso que deu um baque. Na teoria, os específicos servem para posicionamento. Preparamos todo o nosso trabalho para um desenho e tivemos que mudar. Uma das vantagens de termos um ensaio técnico a menos fez com que a gente tivesse várias possibilidades. No nosso caso, não interferiu muito ele ser mais acima ou para frente: foi tranquilo. Só experimentamos hoje, de fato, como será no dia – se não mudar de novo”, e a porta-bandeira complementou: “Fomos pegos um pouco de calça curta, está muito próximo do dia do desfile. A gente fica nessa ansiedade de saber o que de fato vai acontecer, onde vai estar, em que altura vai estar. A gente tem que bolar vários planos para, a hora que estiver definido, saber o que vai acontecer”.

Samba-enredo

Um dos destaques no ensaio técnico foi a ala musical comandada por Igor Sorriso, primeiramente pelas vozes femininas, a Talita Padovan, e a novidade que é a Jéssica Américo, que entrada foi feita a dela, já levantando a comunidade antes do samba-enredo ser cantado. Assim como a abertura do intérprete oficial que levanta a comunidade, vai para o povo literalmente. O desempenho na hora para valer, que é dentro do samba, foi impecável, conduziram bem o samba, ajudando a comunidade, é um samba fácil, leve e bem desenvolvido. Mas ainda por parte da comunidade, senti falta de um algo mais que a Mocidade Alegre tem, todas as alas sabiam o samba, cantavam, mas pelos fatores citados antes e também e por ser uma escola que canta muito, atual campeã, sei que pode mais. O intérprete Igor Sorriso conversou após o ensaio técnico, ainda na muvuca após o ensaio.

MocidadeAlegre et InterpreteIgorSorriso 1

“Seguimos em evolução, amadurecendo, hoje o meu povo estava mais solto e à vontade. A Mocidade Alegre está muito madura para o carnaval. Eu acho que sempre há ajustes a serem feitos, mas estamos no caminho para fazer um grande carnaval bem competitivo e brigando lá em cima mais uma vez. A gente está 99% pronto. Vamos incentivar ainda mais esse povo e vai ser melhor ainda no dia do desfile, pode ter certeza”.

Harmonia

A harmonia da Morada é sempre um quesito à parte, e a ser destacado, elogiado. De fato, todas as alas cantavam o samba, e em geral, todos os componentes sabiam o samba, o que é um ponto muito importante. Mas como citamos no quesito acima, o samba-enredo, apesar de ver todos cantando, senti que podia ser um tom pouco maior em algumas alas. Em compensação, teve ala como a Família da Morada que cantou muito alto e um astral incrível dentro da pista, mostrando a energia da atual campeã. Uma ala energética é a de passistas, ou melhor, na Morada é chamada de Grupo Miscigenação, que samba muito de fato, e também canta o samba, o que é um fator importante pelo estilo da ala. A bateria é outra ala que canta bastante, e olha que é outro quesito.

MocidadeAlegre et SolangeJuniorDentista

Em relação aos dois ensaios, e o fato de não ter um terceiro oficialmente, o diretor de carnaval Junior Dentista fez uma revelação: “Eu vou fazer o terceiro! Vou fazer no dia 08, com o teste de som. É por isso que eu não peguei um terceiro ensaio. Como o teste de som é meu, na quinta-feira, eu faço um ensaio geral. Então, na prática, eu tenho um terceiro ensaio técnico, na verdade”.

Evolução

A agremiação evoluiu com muita tranquilidade, passando pelo Anhembi com leveza. Em determinado momento, quando a comissão de frente estava perto da última cabine de jurado, que está localizada no último setor do Anhembi, e o casal estava próximo do terceiro módulo, a escola segurou um pouco o passo, mas aconteceu devido ao recuo da bateria. O diretor de carnaval da escola, Junior Dentista, conversou com o site CARNAVALESCO e falou sobre não ter tido nenhum problema durante o ensaio.

“Pelo menos no rádio, ninguém me falou. Eu tenho um ponto em cada ala e todo mundo me comunica no rádio quanto a espaçamento e Evolução. Para mim, não chegou nada”.

Outra questão que pode ter assustado quem acompanhou a Morada, foi que a escola fechou o portão 1h06, o que consideraria estouro do cronômetro e perda de ponto. Mas Junior Dentista explicou que na realidade, foi devido a homenagem feita para o Mestre Sombra na concentração.

MocidadeAlegre et 20

“A gente não coloca com dez minutos! No zero eu já estou na pista. É que nós quisemos fazer uma homenagem especial para o Sombra, trinta anos dele na bateria… quisemos fazer de portão aberto. Tanto que eu tinha dez minutos para esperar, para não ter problema, eu mesmo pedi para abrir o portão – e, aí, ligaram o relógio. Mas foi proposital, para fazermos uma homenagem para ele de portão aberto, para a presidente falar de portão aberto. Foi isso”.

Deu para sentir que também a escola já tinha passado com 1h05, porém o pessoal de harmonia da Morada costuma se reunir na pista e fechar o desfile com as mãos dadas ou abraçados, em uma forma de apoio. Portanto considerando as explicações, a Mocidade Alegre passou dentro do regulamento no quesito.

Comissão de frente

A comissão de frente teve uma personagem principal de preto e branco, em um ato subiam ao tripé e faziam algo que parecia mexer em um maquinário, seria algo em relação às viagens de Mário de Andrade pelo Brasil? É um mistério, pois o elemento alegórico estava totalmente tampado, entretanto essa parte era móvel e os integrantes da comissão fizeram o ato, só não dava para ver o que estava por baixo. Uma dança em ritmo bem intenso, no estilo do seu coreógrafo Jhean Allex. Já no chão, os grupos eram separados por meninas e meninos, mas que interagiam entre si no bailado. Um dos momentos de interação com o samba é quando cantam ‘sentimento verdadeiro’ e fazem sinal de abraço. Uma dança bem conduzida no ballet. Um dos atos principalmente é quando a menina de preto e branco soma com o grupo, fica centralizada e é a destaque do ato com o grupo dançando em volta dela. Outro ponto é que é uma comissão muito expressiva, com sorrisos, caretas, e também tem um momento que formam casais para dançarem, com provocações, interações, é bem intenso e interativo, claro que ainda estão escondendo o jogo.

MocidadeAlegre et Comissao 1

Outros destaques

A bateria comandada por mestre Sombra, que foi homenageado pelos seus trinta anos de Mocidade Alegre, em uma concentração que foi bem marcante para a agremiação. E na pista, a Ritmo Puro, que contém o seu filho Sombrinha, sendo o braço direito, herdeiro de todo o dom musical de Sombra, soltou bossas, brincou de caracol em frente ao Monumental, o que agrada muito o público. Faz referências ao público durante toda passagem e sustenta muito bem o samba, em uma das bossas levanta o povo é justamente no trecho do samba: “Na voz da minha Mocidade”, a pausa e jogar para o povo, funcionou muito bem. Sobre a parte da homenagem e do dia que viveu com a sua Morada, ressaltou em papo com o site CARNAVALESCO.

MocidadeAlegre et MestreSombra 1

“Primeiramente, tenho que agradecer a Deus por tudo que já aconteceu na minha vida. Lógico que foi importante! Teve uma surpresa, bateria com camisa nova, boné, homenagem… a surpresa é gratificante. Cantaram o samba que eu fiz para a escola no esquenta… é um dia muito especial, que não vai voltar mais. Temos que guardar essa grande recordação, essa grande lembrança. É especial demais. Não tenho palavras para resumir a emoção que se sente na hora, para transcrever isso tudo. É fantástico! Gratidão do início ao fim”.

Em relação ao fato de ter dois ensaios técnicos com a escola, Mestre Sombra ressaltou: “A quantidade não faz a qualidade, é muito relativo. Às vezes, você pode fazer um primeiro ensaio técnico excelente, errar no segundo, fazer um terceiro mais ou menos… é muito relativo. O que não pode mudar é o empenho e o foco, independentemente da quantidade. Tem que procurar a excelência e estar numa crescente. Não existe perfeição, você está a cada dia corrigindo alguma coisa e vendo alguma novidade”.

MocidadeAlegre et RainhaAline 1

A rainha Aline Oliveira é um show à parte, interage com o público, samba e dança muito bem. Também tem os passos marcados com a bateria em bossas, e sempre levantam o público. Ou seja, uma marca da Morada do Samba. Assim como as destaques de chão, que em geral, apostam em looks muito bem produzidos e tem um samba no pé a ser destacado. Vale mencionar outra destaque que vem no começo da escola, a Thelminha, que é cria da comunidade, venceu um reality show, e já foi passista, também membro da comissão de frente, agora é destaque logo a frente do logo da Mocidade, onde ficam dois destaques no tripé. A ala Meninos da Morada também mostrou muita dança e também cantaram bastante, é uma ala com uma dança bem intensa, ritmo alto, e somente jovens

As baianas além de uma energia surreal, vale destacar que visual lindo, roubaram a cena, uma parte com o saiote verde e a outra vermelha, mesma coisa no chapéu utilizado, uma parte vermelha e outra verde. O efeito da barra da saia era o que complementava o charme a mais, lindo de ver, quando a baiana rodava, reluzia, ponto alto.

Unidos de Padre Miguel faz ensaio irretocável e mostra que não precisa de milagre para o título da Série Ouro

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos de Padre Miguel pisou na Marques de Sapucaí, na noite do último sábado, encerrando a temporada de ensaios técnicos da série Ouro como se estivesse no desfile oficial. Uma energia absurda, um canto visceral do início ao fim e todos os quesitos passando de forma impecável. O que se viu foi um ensaio de uma escola que se mostra preparada para seu objetivo tão almejado, subir para o grupo Especial. Entre tudo que esteve no mais alto nível, destaque para o chão da escola que beirou a perfeição, e um samba que se mostrou muito forte. A Unidos colocará à prova todas essas credenciais no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro, sendo a quinta escola a desfilar, com o enredo “O Redentor do Sertão”.

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Harmonia

A escola só apresentou pontos positivos, mas a harmonia foi o destaque máximo da escola. Um canto fantástico, quase uníssono, durante todo o tempo em que a agremiação da Vila Vintém esteve na avenida. O samba em sua totalidade na ponta da língua dos componentes, sendo entoado com extrema vibração em todas as alas. Os refrãos são sempre um ponto de explosão, principalmente, o de cabeça que era cantado com clamor pelos componentes, mas não houve dissonância nos outros trechos do samba. A escola teve quase uma passada sem a voz dos intérpretes por conta de um problema no carro de som e os desfilantes seguraram no gogó com força. Destaque também para os diretores de harmonia cantando com muita euforia. Foi um desempenho de impressionar.

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Evolução

Outro ponto impecável do ensaio. A escola esteve extremamente organizada, mesclando entusiasmo com disciplina, sem abrir buracos ou espaçamentos dentro das alas. Evoluiu em ótimo ritmo, sem atropelos e sem lentidão, e contagiando quem assistiu ao ensaio. Uma sintonia fina entre direção de harmonia e componentes que a escola busca repetir em seu desfile oficial.

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“Fantástico! Se o samba não funcionasse não vinha tanta gente atrás da escola aí como vocês viram agora. A gente fala ‘é a última escola’, mas se for a última escola e não agradar ninguém não vem. E aí veio a Sapucaí inteira fazendo essa corrente com a gente. Maravilhoso cara, estou satisfeito demais. A gente está trabalhando muito. Muito, muito, muito… E também todos ligados em corrente fervorosa para que seja vindo esse milagre para a gente. Bateria e carro de som são uma coisa só aqui. Aliás, bateria e carro de som são uma coisa só em termos musicais, são uma coisa só em qualquer lugar, mas tem lugares que não tem uma grande afinidade então, às vezes não dá certo. Mas, graças a Deus, a padim Cicero Romão, a Xangô, a Oxum, a todo orixá, aqui funciona muito bem, até porque o meu relacionamento com o Dinho (mestre de bateria da UPM) é de muita proximidade. A gente tem muita proximidade um pelo outro, nos tratamos como familiares, somos primos, a gente se trata como primos, tem muitos anos que a gente tem vontade de trabalhar um com o outro, então o momento chegou e a gente simplesmente colocou isso em prática e está aí, o resultado é esse. Muito bacana”, disse o intérprete.

Samba-enredo

Um dos destaques da safra da série Ouro, o samba da parceria composta por Claudio Russo, Richard Valença, Thiago Vaz, W.Correa, Orlando Ambrósio, Miguel Dibo, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax mostrou todas as suas qualidades nesta noite. Uma melodia envolvente e com ótimas variações, jogando o canto do componente pra cima e uma letra que funciona como uma prece pertinente ao enredo sem ser cansativa, o que ficou claro no ensaio. O samba iniciou com uma pressão fortíssima e terminou no mesmo nível. Bruno Ribas em seu segundo ano na agremiação encaixou como uma luva na escola e com este samba especificamente.

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“Nós só fizemos o que a gente tem feito dentro da comunidade. Agora, a gente vai procurar ver os vídeos. Detectar algumas coisas e tentar acertar no dia do desfile. Por isso que a gente botou um drone aí para a gente ver por cima. E a gente vê o errado, a gente vai tentar acertar no último ensaio do dia 2 para chegar aqui forte. A escola está 95% pronta. Vamos desfilar com 1900 componentes”, contou Cícero Costa, diretor de carnaval.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A Unidos de Padre Miguel tem quesitos consolidados há bastante tempo. O casal formado por Vinicius e Jessica é um deles, e mostraram o entrosamento de quem forma o casal principal da escola há dez anos. Muito queridos pela comunidade, eles foram bastante aplaudidos durante a apresentação, que foi de ótimo nível. O casal somou coreografias ligadas à letra do samba e feitas com um bom entrosamento, com giros e uma dança de bastante agilidade por parte de ambos.

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“Foi ótimo. Mas a gente sempre tem um negócio para melhorar. Sempre tem. Nós somos muito perfeccionistas. E exigentes com a gente mesmo. Sempre vai falar que sempre tem um pouquinho para melhorar. A gente sempre procura esses detalhezinhos para a gente poder trabalhar em cima, porque um detalhe sempre é importante. Toda apresentação no contexto é importante. Um braço, um olhar, uma perna, um giro, tudo, a postura é sempre importante. A gente sempre procura essas pequenas coisinhas para a gente melhorar sempre. Só o que eu tenho a falar é que a coreografia de hoje foi a oficial. Não posso dar spoiler de fantasia, não. Isso vocês verão aqui e vai ser apresentado no dia. Mas a fantasia deixa surpresa para vocês, aguardem”, disse a porta-bandeira.

“O ensaio técnico foi ótimo. Nós, graças a Deus, conseguimos realizar tudo aquilo que propusemos a fazer. Mas é aquilo, é sempre buscando a evolução. Nunca está ótimo. A gente vai continuar treinando, intensificando, ver como é que foi hoje para poder melhorar no dia 10. Além do que a minha porta-bandeira falou, creio que a energia, dosar em algum momento, explorar mais a energia em outros, que é primordial”, completou o mestre-sala.

Comissão de frente

Outro quesito seguro da escola. David Lima também completa dez anos como coreógrafo da comissão e apresentou neste ensaio uma coreografia bem teatralizada, terminando com padre Ciço abençoando duas fiéis com bandeiras erguidas da agremiação, como concedendo o milagre que a escola pede em seu samba, e que mostrou todas as possibilidades de alcançá-lo após este excelente ensaio.

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“Olha, foi muito positivo, nós conseguimos fazer em todas as cabines os 80% que eu trouxe hoje. Os 20% a gente está concluindo no barracão, que é o tripé, o elemento cenográfico, que é a surpresa que faz parte. Nós somos com 16, tem uma mágica, porque tem uma surpresa aí. Não vou dar muito spoiler,ela é uma comissão muito religiosa, ela é uma comissão forte, que eu tenho certeza que desse início, eu não posso falar muito, vai ser lindo na avenida. As pessoas vão ficar emocionadas. E nós vamos entrar e atingir o que o carnavalesco me pediu. Tenho certeza, porque ele está muito feliz nos ensaios, então está dando certo”, garantiu o coreógrafo.

Outros destaques

A bateria do experiente mestre Dinho teve mais um desempenho redondo na Sapucaí. Também chamou atenção a beleza e simpatia da rainha Thalita Zampirolli, em seu segundo ano reinando à frente da bateria.

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“Para mim foi perfeito, porque a gente já está ensaiando um bom tempo. Infelizmente, o som aqui não ajuda muito, e a gente como tem uma bateria grande, às vezes acontece algum atropelosinho aqui e ali, mas não é por conta da bateria, é por conta do som e fica muito ruim. Temos uma fantasia muito legal. Não posso falar muito”, fez mistério o mestre Dinho.

Comissão de frente e bateria se destacam em ensaio técnico da Ponte, que apresenta problemas em harmonia

Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos da Ponte foi a segunda escola da Série Ouro a realizar seu ensaio técnico na noite deste sábado, na Marquês de Sapucaí. A agremiação de São João de Meriti teve um bom começo de treino, com uma ótima apresentação da comissão de frente, com movimentos fortes e boa sincronia, e um seguro desempenho do casal de mestre-sala e porta-bandeira. O samba-enredo, um dos melhores do grupo, apesar de difícil, foi muito bem conduzido pelo time de cantores da escola, comandado por Kleber Simpatia, e pela excelente atuação da bateria de mestre Branco Ribeiro, com um andamento adotado muito propício e com bossas de alta musicalidade e nível técnico. A evolução foi correta, sem nenhum sobressalto. Porém, a harmonia da azul e branco não correspondeu à altura. O volume de canto deixou a desejar em boa parte do ensaio, onde basicamente apenas o refrão principal era ouvido com mais intensidade.

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A Ponte será a oitava e última escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, com o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, de autoria do carnavalesco Renato Esteves, que contará a história do dendê, desde sua origem mítica nas terras africanas até sua chegada ao Brasil por meio da diáspora.

Comissão de frente

Comandado pela coreógrafa Deia Rocha, o grupo se apresentou com 15 mulheres. Elas estavam usando roupas douradas, com saias que davam um belo efeito nos giros. Uma das integrantes tinha maior destaque e usava roupa vermelha, representando uma orixá. A dança se mostrou bastante forte, com movimentos intensos e muito bem sincronizados. Uma apresentação bem no estilo afro, casando com o enredo. Ao final, as bailarinas se reuniam ao redor da personagem central, que pegava um bastão de fumaça vermelha, dando um toque especial no número.

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“Para a gente, foi melhor do que a gente imaginava. A gente conseguiu fazer tudo o que a gente queria. As meninas sentiram um gostinho do que vai ser daqui a duas semanas. Foi incrível. A gente vem com um tripé. Ele auxilia nas coisas que a gente vai fazer, por isso que a gente está trazendo. É pequenininho ali, mas a gente vai trazer sim. Surpresa, transformação e muita força, força, com certeza”, contou a coreógrafa.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Emanuel Lima e Thainara Matias, mostrou uma dança muito segura e tradicional. Apostando bastante nos giros, os dois tiveram muita sincronia nos movimentos, que aconteceram com leveza. Foram poucos passos coreografados de acordo com o samba. As interações entre eles foram doces e bonitas.

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“A gente fez a coreografia oficial, acho que tudo que a gente planejou até então deu certo. Agora a gente vai ver os vídeos, porque não é a mesma coisa ensaiar e no dia do ensaio técnico alguma coisa muda, que a gente consegue ver coisas que a gente não vê no dia a dia. Vamos analisar várias vezes para ver se é isso mesmo que a gente vai trazer. Acho que é uma coisa é a questão da centralização, algo que a gente precisa trabalhar, mas que para gente foi muito bom, pelo que a gente conversou com a nossa ensaiadora, a gente conseguiu estar bastante no centro, mas é algo que a gente tem uma preocupação de ter que lembrar de fazer”, comentou a porta-bandeira.

“A gente até está muito feliz. Nós vamos ver os vídeos agora pra avaliar. Mas assim, foi um ensaio técnico super positivo para gente. A energia foi muito boa. Tanto de fora, o que é muito importante para gente. Sentir essa energia de fora”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

A obra musical da Unidos da Ponte é considerada uma das melhores da Série Ouro. Ela possui uma letra muito forte, que conta bem a história do enredo, embora com termos um tanto difíceis. A melodia é valente e tem boas variações. O desempenho do samba foi impulsionado pela atuação do carro de som e da bateria, mas os componentes da agremiação não acompanharam o nível. Portanto, o rendimento geral pode melhorar.

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Harmonia

Quesito que deixou a desejar no treino da Ponte deste sábado. O volume total de canto foi de razoável para baixo, com apenas algum destaque para o refrão principal. Várias alas passaram com pessoas sem cantar ou entoando só alguns trechos. Talvez a letra difícil tenha complicado a harmonia da escola, que precisa evoluir. O desempenho do carro de som foi ótimo, principalmente do cantor oficial Kleber Simpatia, que deu uma aula de interpretação, com sua distinta voz e animação. Os cantores de apoio deram uma bela contribuição, mostrando bom entrosamento.

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“Nós estamos ainda no calor da emoção. Mas o ensaio técnico é para ajustar. Eu espero que algumas partes se ajustem. Vamos avaliar para ver como é que foi. Se for para acertar alguma coisa, são detalhes. Eu nem vou falar nada que possa melhorar, porque a minha parte musical é a parte da emoção. Eu não vi nada errado, mas pode ter acontecido. O entrosamento com a bateria é excepcional. Já estávamos com esse caminho já traçado desde do início, quando começamos a trabalhar o samba junto com a bateria. Não tem jeito, as coisas vão se encaixando, vão se encaixando até chegar aqui. A minha visão é que foi maravilhoso”, afirmou o intérprete.

Evolução

A Unidos da Ponte teve um bom desempenho em sua evolução, de forma geral. O ritmo na pista se mostrou constante, sem lentidão ou correria. Nenhum buraco foi aberto entre suas alas. Um ponto que pode melhorar é a animação e espontaneidade dos desfilantes. Muitos passaram arrastando pé ou brincando pouco.

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“O ensaio foi bom. A escola veio e mostrou para o que veio. A comunidade veio com bastante garra, a escola cantando. Ponto alto é a ala das passistas, que ano passado não teve fantasias, esse ano a gente está dando uma investida melhor na ala de passistas. As fantasias já estão prontas. Já começamos a entregar, já temos sete alas entregues, todas as fantasias prontas. E 90% do nosso barracão está pronto. Vamos puxar mais um pouquinho o canto. Por mais que isso tenha sido muito bom, mas é sempre bom melhorar”, disse Gabriel Macedo, diretor de carnaval.

Outros destaques

A atuação da bateria de mestre Branco Ribeiro foi ótima no ensaio técnico da Ponte. Os ritmistas mostraram muita firmeza no toque dos instrumentos. O ritmo que foi adotado se mostrou muito adequado para a execução do samba. Um grande número de bossas foi apresentado ao longo da avenida, com bastante musicalidade e muito bem encaixadas na obra. Todas muito criativas e funcionais.

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“Estou extasiado. De verdade, superou todas as minhas expectativas, mas a gente vem trabalhando há um bom tempo, diferente dos outros anos que a gente tinha uma dificuldade de conseguir ensaiar a bateria, esse ano a gente conseguiu iniciar esse trampo mais cedo. E o resultado disso foi obviamente melhor do que nos outros anos e infinitamente melhor do que eu esperava. Eu acredito que no que a gente tem como proposta a apresentar está tudo bem legal, tudo bem encaixadinho. Eu acho que a questão de detalhe da atenção mesmo de um ritmista ou outro no momento da execução desses recursos, mas de resto está tudo bem. Acho que hoje a gente tem um timbal aí que também vai contribuir, somar bastante com a sonoridade da nossa bateria. A gente até já trouxe um spoiler nos nossos instrumentos ali, que é uma pintura ritualística, a bateria vem caracterizada de Iaô. É uma fantasia grande, volumosa, tem pintura, é um trabalho diferente para a gente”, revelou o mestre.

Em Cima da Hora faz ensaio técnico na Sapucaí com problema de canto dos componentes em noite da bateria

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini

A Em Cima da Hora abriu a última noite de ensaios da série Ouro mostrando que precisa
melhorar muito o canto dos seus componentes para fazer um bom papel no desfile oficial. A azul e branco de Cavalcante não teve um canto forte em basicamente nenhuma ala, várias passaram praticamente mudas, outras cantavam apenas a partir do trecho “não é mole não, não é mole não….”. Foi de longe o destaque negativo de um ensaio que apresentou qualidades, como a boa apresentação do casal Marcinho Souza e Winnie Lopes, uma comissão de frente bem ensaiada e principalmente a firme bateria comandada pelo mestre Léo Capoeira. A escola será a segunda agremiação a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro, apresentando o enredo “A Nossa Luta Continua!”.

“Foi muito proveitoso. Acho que o ensaio apareceu aí para gente poder errar, acertar. E tenho certeza que nós conseguimos fazer o que a gente tinha em mente. Foi bastante exitoso para gente, o pessoal cantando. Claro que a gente tem a consertar e a melhorar para o dia fazer o melhor possível para a Em Cima da Hora. Mas já notei algumas coisas que a gente pode ajeitar durante a semana agora, no próximo ensaio, nos dois próximos ensaios antes do desfile. Vamos com 2.100 componentes, cinco alegorias no total, que é um carro acoplado e um tripé”, revelou Gustavo Barros, diretor de carnaval.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Marcinho e Winnie fizeram uma apresentação muito segura, de movimentos bem
coordenados, precisão e boa dança. Winnie chamou a atenção pela elegância nos seus
passos, postura corporal impecável e bonito bailado, bem acompanhada pelo vigor e
firmeza de Marcinho. Um belo momento do ensaio da Em Cima de Hora.

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“Foi bacana. A gente tem uma coisa ali ou outra para acertar ainda para poder limpar e encaixar certinho. Vamos afinar. A fantasia é linda demais. Eu estou apaixonada demais. O carnavalesco deu um presente para gente, ele perguntou para gente tudo, todos os detalhes, a fantasia foi montada com a gente, não foi nada que ele tirou da cabeça dele e falou vai vestir. Tudo que eu fui dando de ideia ele foi encaixando”, garantiu a porta-bandeira.

“É gratificante. A gente está ensaiando o trabalho de um ano inteiro. E hoje foi o nosso pontapé inicial para o nosso desfile. Eu vi que tem algumas coisas que a gente vai acertar, alguns detalhes, mas o básico é isso aí. A gente vai surpreender”, completou o mestre-sala.

Comissão de Frente

A comissão coreografada por Luciana Yegros trouxe 14 componentes vestidos de operários,
representando uma rebelião dos trabalhadores em prol da liberdade. Uma coreografia
simples, porém muito bem realizada e bem teatralizada, com uma boa sincronia entre os
componentes, sobretudo na parte final da coreografia quando um dos trabalhadores
resistente à greve é convencido pelos demais componentes. Um interessante esquenta para a apresentação oficial.

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“Nossa, eu estou muito feliz, porque vocês não têm ideia dos bastidores. Trazer essa rapaziada aqui para a avenida, que não é um naipe de bailarinos, são pessoas das mais diversas profissões, mas apaixonadas pelo carnaval. Compraram a ideia, se doaram, é muito ensaio, é muito treino. A gente veio a semana inteira aqui com chuva, ensaiamos e eu estou muito feliz com o resultado. Não tenho tripé. Vou inovar sem tripé, já que está todo mundo colocando tripé. Tudo acontece em tempo real, tem trucagem, tem efeitos, sim. Mas tudo em tempo real para o público assistir. E não escondidinho. O trabalho é três vezes maior”, citou a coreógrafa.

Samba-enredo

O samba composto por Richard Valença, Lucas Macedo, Aldir Senna, Orlando Ambrósio,
Serginho Rocco, Luis Caxias, Marquinho Bombeiro, Julio Cesar e Marcio Lêleko teve um
desempenho correto no ensaio técnico. Apesar de não ter gerado um canto satisfatório dos
componentes, foi bem conduzido pelo carro de som liderado por Rafael Tinguinha,
estreante na escola. Um samba que transmite o enredo de forma direta, com uma letra de
fácil assimilação. O ótimo desempenho da bateria comandada por Léo Capoeira também
sustentou bem a obra.

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“Eu encontro muita gente falando que é um dos melhores sambas do Acesso. A energia hoje foi muito positiva. A avaliação minha é muito positiva. A gente fez um excelente ensaio. Algumas coisas para acertar, mas até o desfile. A gente vai fazer um grande desfile e botar para quebrar na Marquês. A gente precisa melhorar é ficar mais um pouco com a força da comunidade. Cantar um pouco para poder chegar junto, cantar junto, evoluir junto. E tem a situação do som também que hoje deu ruim. Mas eu acredito que nada disso vai atrapalhar no dia”, afirmou o intérprete.

Evolução

A azul e branco teve uma evolução regular, sem mostrar grande empolgação mas
tecnicamente sem falhas mais evidentes. Manteve um ritmo constante no passar de suas
alas, demonstrando boa organização.

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Harmonia

O ponto negativo do ensaio. Um canto nulo na maior parte de apresentação, com
trechos do samba passando batidos pelos componentes, que só esboçavam alguma precisão no canto entre o trecho “não é mole não…” e o refrão de cabeça na sequência, mesmo assim apenas em algumas alas. Outras passaram mudas, chamando a atenção pela falta de tentativa de ao menos tentar cantar a letra do samba. O quesito que a Em Cima da Hora precisa trabalhar com afinco nas duas semanas restantes até o desfile oficial.

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Outros Destaques

Mestre Léo Capoeira mostrando sua competência habitual em mais um bom desempenho
da bateria da Em Cima da Hora. Bossas bem executadas e manutenção no ritmo durante
todo o ensaio. Uma bossa parava os instrumentos e chamava o canto da escola, que acabou não acontecendo. A ala de passistas vestida de gari de uma forma estilizada foi uma boa sacada.

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“Eu sou muito perfeccionista sempre, eu sou muito difícil, as coisas para poderem estar como eu quero tem que ser tudo nos mínimos detalhes. Sou muito grato por esse povo que chegou aqui hoje, tenho muito carinho, muita satisfação, só tenho a agradecer, sou grato demais. A gente sabe que precisa melhorar sempre. Ano passado, a gente conseguiu a nota máxima que é o objetivo e esse ano a gente tem que estar no mesmo nível ou até a mais para conseguir novamente. Hoje ainda faltou um pouquinho, vamos dizer assim uns 90% hoje. Falta ainda uns 10% para a gente poder chegar bem. Agora são uns detalhezinhos”, comentou o mestre de bateria.

Fotos: ensaio técnico da Unidos de Padre Miguel na Sapucaí

Fotos: ensaio técnico da Inocentes de Belford Roxo na Sapucaí

Fotos: ensaio técnico da Unidos da Ponte na Sapucaí

Freddy Ferreira analisa a bateria da Unidos de Padre Miguel no ensaio técnico

Um ótimo ensaio da bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel, comandada por mestre Dinho. Um ritmo equilibrado e fluído, graças ao andamento confortável e uma diferenciada afinação de surdos.

A cozinha da bateria da UPM contou com uma afinação privilegiada de surdos, além de marcadores de primeira e segunda bastante precisos durante o ensaio. Os surdos de terceira deram um balanço envolvente à parte de trás do ritmo. Repiques coesos e integrados preencheram a sonoridade dos médios, junto de caixas de guerra profundamente ressonantes. Na bateria “Guerreiros” ainda tinham ritmistas tocando frigideiras, que contribuíram com a musicalidade da parte traseira do ritmo.

Na parte da frente da bateria, um naipe de tamborins de altíssimo nível técnico executou um desenho rítmico pautado pela belo samba-enredo da Unidos. Tocando de forma interligada aos tamborins, uma ala de chocalhos extremamente acima da média mostrou valor sonoro. Complementando as peças leves, cuícas seguras se exibiram acompanhados de uma ala de agogôs funcional. O trabalho musical da cabeça da bateria esteve a altura do belo desempenho da parte traseira do ritmo da bateria “Guerreiros”.

Bossas profundamente ligadas as variações melódicas da obra da UPM mostraram um casamento musical simplesmente fabuloso. O caminho conceitual foi dar ao samba do Boi Vermelho exatamente o que pede a canção, fazendo com que a fluência dos arranjos fosse praticamente intuitiva. Ao invés da complexidade, a escolha foi extrair o máximo possível da sonoridade com escolhas simples, mas que se mostraram muito funcionais. Paradinhas que acrescentaram nordestinidade atrelaram culturalmente o enredo sobre Padre Ciço à sonoridade da Unidos.

Um ensaio técnico que mostrou uma bateria da UPM dirigida por mestre Dinho praticamente pronta para o desfile oficial. Um treino que garantiu uma execução de bossas com bastante segurança dos ritmistas, que nitidamente bem ensaiados, garantiram um toque privilegiado em paradinhas por toda a pista.