InícioSão PauloÁguia de Ouro é ouvida com força em ensaio técnico

Águia de Ouro é ouvida com força em ensaio técnico

Agremiação contou com o canto bastante uniforme e vigoroso da própria comunidade para impressionar os presentes no Anhembi neste sábado

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Dentre tantas escolas que têm no canto a principal força, uma delas vem da Zona Oeste. A Águia de Ouro, mais uma vez, entregou muita força vocal em ensaio técnico realizado neste sábado no Anhembi. Toda a potência da voz foi utilizada para defender o enredo “Águia de Ouro nas Ondas do rádio”, desenvolvido pelos carnavalescos Márcio Gonçalves e Victor Santos. A instituição da Pompeia desfilará no quinto horário do sábado de carnaval – dia 10 de fevereiro.

Harmonia

Como já é tradicional, a agremiação contou com componentes extremamente competentes para defender o samba-enredo. Em 2024, é bem verdade, a canção, bastante leve e muito simples de se cantar, ajuda bastante; mas nada tira a empolgação dos desfilantes como principal destaque do evento.

Evolução

Muito criticada por alguns, há um motivo bastante simples para que a Águia de Ouro tenha movimentos bastante característicos: é uma das maneiras pelas quais uma escola não é despontuada no dia da apuração – e, ciente que todas as agremiações buscam o título, nada mais natural que a azul e branca se apegue a algo que tenha como trunfo. Dito isso, a instituição, mais uma vez, veio extremamente organizada, utilizando tudo que lhe é importante para garantir notas máximas no quesito. A síntese de tal bom andamento da agremiação foi o recuo de bateria: guiando à direita com metade do abre-alas ainda no espaço paralelo ao box, o movimento inteiro durou cerca de 80 segundos – ótima marca.

Samba-enredo

Das canções mais criticadas no ciclo carnavalesco para 2024, a reportagem do CARNAVALESCO já dizia que, ao ser ouvido ao vivo, a canção crescia bastante. E, mais uma vez, isso aconteceu. De letra bastante simples, facilmente decorável e melodia que também convida para o canto, a canção teve condução bastante satisfatória de Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto – já históricos integrantes da agremiação. Com menos bossas e focando na sustentação do samba, a Batucada da Pompeia também colaborou bastante para a boa noite do quesito.

Ao analisar o ensaio, Douglinhas fez questão de citar o primeiro: “Eu acho que no passado já tinha me agradado, e esse aqui eu acho que acabou completando o trabalho. Eu acho que a escola veio muito bem, cantando muito, com o astral lá em cima, com alegria estampada no rosto de cada um”, comemorou. O companheiro dele foi além: “Tudo que a gente queria graças a Deus aconteceu. De pegar o público todo cantando, a escola toda cantando. A gente está de parabéns porque a gente queria, e hoje conseguimos tirar, espremer o suco da laranja todinho e pegar ele, foi muito bom. Já estamos preparados para, no dia dez, quebrar o Anhembi”, prometeu.

Na visão dos intérpretes, por sinal, o samba-enredo está em franca ascensão: “Dá para perceber que este ensaio foi melhor, até porque hoje tinha bastante gente na arquibancada. Eu acho que isso motiva muito mais o componente, dá um gás a mais. Foi legal o da quinta-feira retrasada, mas acho que hoje foi bem melhor”, afirmou. Serginho do Porto seguiu na mesma linha: “E por quê? O som todo estava ligado, então todo mundo cantou e ouviu nós cantarmos. Isso aí é muito importante, foi muito bom”, destacou.

Ambos, inclusive, falaram em título para a agremiação: “A mensagem que eu quero mandar para o povo da Pompéia em especial é que cantem com muita garra, que vibrem pela nossa escola. Esse é um ano que dá para a gente levar o título, está nas nossas mãos. O barracão está muito bonito, as fantasias estão muito bonitas, só depende de cada um”, pontuou Douglinhas. O parceiro seguiu indo além: “Hoje foi um ensaio-treino e o jogo à vera será no dia dez. Para toda a comunidade da Pompéia, que a gente tem um carinho muito grande e sabe que vai cantar em pelos pulmões aqui no Anhembi, tenha certeza de uma coisa: nós vamos levar esse título para a Pompeia”, finalizou Serginho do Porto.

Comandante da Batucada da Pompeia, Mestre Juca destacou que também tem participação na boa fase da canção. “Quanto ao samba, ele é funcional. A arquibancada fica meio tímida no começo, mas depois se solta por ser um samba alegre. Acho que a participação da bateria é mais no andamento, já que colocamos ele um pouco mais para frente. Com um samba funcional e alegre, no dia do desfile vai funcionar”, pontuou.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Individualmente, João Camargo e Monalisa Bueno são fantásticos e dominam absolutamente todos os movimentos necessários para uma ótima dança. A questão principal está no tempo em que a dupla foi formada. Com cerca de dez dias juntos, é bem verdade que um está mais sincronizado com o outro do que muitos poderiam imaginar. Mas, ainda assim, o duo ainda não atingiu o cem por cento – e nem teria como, convenhamos. Com giros já bastante rápidos desde o começo da pista, ambos também utilizaram o expediente longe dos módulos de julgamento – algo que nem todos os casais estão fazendo em tal ciclo. Vale destacar, também, a utilização de um leque, e não de um cetro, por parte do mestre-sala – agora, elementos de mão são obrigatórios, e muitos que estão em tal posto em coirmãs preferiram o objeto citado.

Focando no treinamento futuro, Monalisa fez questão de frisar que gostou do próprio ensaio: “Vou te dizer que, para mim, superou as nossas expectativas. No meu caso, chegar sem condicionamento, uma bateria nova, sem passar meses para se entrosar… falamos aqui que temos uma conexão de outras vidas, ela foi incrível. O resultado está aí: deu tudo certo nos ensaios. Gostei muito do que fizemos e, na avenida, batalharemos para que estejamos nesse nível”, afirmou. João preferiu elogiar a companheira: “É importante mensurar que todo o processo, até para quem está dançando há anos, cada ano é um carnaval diferente, é uma forma de criar o seu trabalho. Nesse ano, estamos falando muito de ser conhecido em outras vidas. Quando dançamos pela primeira vez juntos, nos conectamos muito. Esse ensaio, realmente, foi a consagração da experiência – e ela faz com que a gente consiga transmitir não só técnica, mas tudo que o bailado permite e deve: alegria, simpatia, leveza, entrosamento e todos os critérios de julgamento. Tenho certeza que, no dia, com as magias de fantasia e do dia em si, vai ser ainda melhor. Só tenho a agradecer à Monalisa por ter aceitado essa loucura, que é saudável. O retorno dela também foi muito importante – e, juntando nossas experiências, com certeza já deu certo”, refletiu.

Falando sobre a rotina de ensaios até o carnaval 2024, Monalisa revelou um número impressionante: “Já estamos no ritmo e cheio de ensaios! Estamos, praticamente, ensaiando seis dias e descansando um dia. O tempo é curto, temos que intensificar os ensaios para que, no da, saia tudo conforme o combinado”, disse. Já o mestre-sala destacou que o ensaio possui muitos outros pontos importantes para se pensar: “Além do ensaio, nos preocupamos muito com treinamento: o nosso corpo é a nossa máquina. Alimentação, dormir bem… se não tiver tudo isso, não adianta ensaiar. A gente não renderia nada! É todo um conjunto que a gente trabalha”, finalizou.

Comissão de frente

Mais uma agremiação a utilizar um tripé no segmento, a Águia de Ouro teve dois grupos de componentes: um deles, basicamente, ficou apenas no chão, realizando coreografias marcando o samba. Já o outro, em cima da alegoria, tinha mais que um ato – e algumas situações bastante divertidas, como integrantes aparecendo e desaparecendo por meio de um pórtico. Curiosamente, tais agrupamentos não interagiam entre si. O máximo que acontecia em tal cenário era a ida de alguns componentes do chã para a lateral do tripé em alguns instantes.

Como o coreógrafo responsável pelo segmento teve mudanças (tal qual aconteceu no casal de mestre-sala e porta-bandeira), Sidnei Carrioulo, presidente e diretor de carnaval da instituição, deixou claro que ambos estavam sob atenção mais rígida: “Sim, esses quesitos foram os principais pontos de atenção do Águia. Lógico que sempre tem coisas para ser corrigidas, mas deu tudo certo. Estou satisfeito”, comemorou.

Apesar de ficar de olho, o diretor também elogiou os componentes: “De zero a dez, minha nota seria nove. Sempre dá para melhorar e o nosso objetivo é sempre o dez. Se nós não formos atrás do dez, não tem porquê estamos disputando o carnaval. E falar que tem escola que está perfeita… nunca vi uma na minha vida. E olha que eu tenho muito tempo de carnaval!”, finalizou Sidnei.

Outros destaques

Vanessa Alves, rainha da Batucada da Pompeia, não compareceu ao ensaio por conta de uma lesão. Vale destacar, também, a Ala das Baianas. Vencedoras do Estrela do Carnaval 2023, elas estavam deslumbrantes com os saiotes azuis.

“Temos, ainda, dois ensaios de domingo, e um na quarta-feira – esse é só bateria. Também estamos fazendo ensaios específicos com alguns naipes durante a semana. Sempre tem algo para ajustar: vemos algo no ensaio, limpamos – para que, no dia que passar o desfile oficial, entregar as notas para a escola”, afirmou mestre Juca, comandante de tal quesito.

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