Por um segundo, Camisa 12 estoura tempo em desfile com ocorrências, bom samba e exibição segura do casal
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
Quem acompanhou o início do desfile da Camisa 12 jamais poderia esperar pelo final do mesmo. Com uma comissão de frente muito bem celebrada e um abre-alas extremamente imponente, a escola começou a exibição impressionando. Com os primeiros componentes evoluindo morosamente, um acidente com o segundo carro alegórico, um passo bastante apertado nos últimos dez minutos e o estouro do cronômetro em um inacreditável segundo (!), cabe ressaltar o bom apresentado pelo samba-enredo, a boa condução por parte de bateria e ala musical e uma noite bastante segura do casal de mestre-sala e porta-bandeira ao defender o enredo “Meu Black é de Rei, Minha Coroa é de Chico. Chico Rei Entre Nós”, sétima agremiação a desfilar no Grupo de Acesso II neste sábado.
Comissão de Frente
Com um ator representando Chico Rei, a comissão de frente investiu na dança e em uma coreografia bastante expressiva, e não em tripés alegóricos – como muitas coirmãs. O protagonista do enredo, por sinal, era cortejado por alguns “súditos” em um trono que evoluía na avenida. A coreografia, em dois atos, era revezada entre dois grupos distintos de componentes – ambos dourados: um que trazia um cabelo black power com detalhes dourados; outra simulando pepitas de ouro no cabelo e que abria um display com iminentes personalidades afrodescendentes – como Madrinha Eunice e Hélio Bagunça. O grande ponto de atenção do segmento coreografado por Yaskara Manzini foi a Evolução bastante morosa do segmento, que chegou à Dispersão com cerca de quarenta minutos – apenas dez antes do tempo-limite.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Se, no ensaio técnico da agremiação, Luã Camargo e Estefany Righetti focaram na segurança, ambos vieram com bem mais energia no desfile oficial – sem Sol, com pouco vento e temperatura agradável. Em nem um dos quatro módulos foram perceptíveis erros de execução e todos os balizamentos obrigatórios foram cumpridos – sendo que, em todos eles, o casal fez três sequências de giros. O figurino também ganhou destaque, com o amarelo ganhando companhia do azul – já que o ouro encontrado em Minas Gerais durante o ciclo da mineração também vinha de lagos e rios. No caso de Estefany, a barra da saia tinha tons mais terrosos – e um lado do figurino não tinha mangas, enquanto o outro possuía.
Enredo
Repleta de mensagens antirracistas, a história de Chico Rei foi contada pela Camisa 12 com um grande leque de situações. No primeiro setor, a história da mítica figura foi contada; depois, veio a hora de exaltar a resistência afrodescendente e falar sobre a presença da negritude durante o Ciclo da Mineração – e, em menor proporção, em toda a história nacional a partir de então; por fim, exaltar pessoas que, de acordo com o enredo, são herdeiros de um dos afrodescendentes mais conhecidos da história do Brasil – e, aqui, a escola optou por focar em ramos de atuação, como a imprensa e o teatro. O segundo carro era mais específico, com nomes de figuras importantes da história do Brasil que representam o legado de Chico Rei – como Leci Brandão e Emicida. Vale destacar, também, que tal fio condutor foi bastante utilizado no documentário “Chico Rei Entre Nós”, que conta com uma canção do rapper citado na linha anterior.
Alegorias
O abre-alas da agremiação, “Reino do Congo e Sequestro”, era bastante expressivo em todos os pontos possíveis: bastante alto e com três chassis acoplados – e alguns componentes que vinham no chão entre o primeiro e o segundo. Com predomínio do azul, a alegoria espantou a todos pela opulência e pelo bom gosto em esculturas e na confecção – repleto de tiras para emular o mar, com direito a uma caravela que fazia menção à chegada de Chico Rei ao Brasil em um navio negreiro. Importante notar, entretanto, as rodas aparentes no primeiro chassi.
O segundo carro, “Chico(s) Rei(s) entre nós”, com muitos tons de amarelos, trouxe uma série de desafios. Logo nos primeiros espaços da passarela, a alegoria bateu em uma das grades e teve uma parte do acabamento arrancado, ficando com madeiras à mostra. O nome de Abílio Ferreira, um dos escolhidos como um dos “descendentes” de Chico Rei, também estava dobrado por uma das tantas bolas emulando pepitas de ouro no carro.
Fantasias
Com muitos tons de amarelo, a Camisa 12 teve bastante detalhes em costeiros e ao longo do conjunto de fantasias no geral. A roupa de cada uma delas também variava: algumas tinham tecidos mais simples, outras possuíam mais detalhes – como a ala 10, “Caifazes”. Também é importante pontuar a Ala das Baianas, “Black da Alforria”, inteira em um tom mais fosco de dourado – e quebrando com extremo bom gosto o brilho na roupa de outros componentes.
Harmonia
Se o canto da agremiação preocupou no ensaio técnico, realizado sob muito Sol, a escola claramente evoluiu e mostrou estar habituada à madrugada. Vale destacar que a agremiação começou a cantar o samba-enredo de 2024 cinco minutos antes do cronômetro ser disparado, deixando a escola mais “quente”. Ao longo de todo o desfile, a agremiação teve bom volume vindo dos componentes – uma das poucas exceções foi a ala 08, “Coroação de Chico”, coreografada e que focou na dança, não na canção.
Samba-enredo
Sem muitos cacos ou exagero em rimas, a canção foi dividida da seguinte maneira: a primeira estrofe narrava o que acreditam ser os primeiros momentos da vida de Chico Rei, já com toda a temática da luta por direitos e cidadania em foco; a chegada da figura na cidade mineira de Ouro Preto, com a igreja de Nossa Senhora do Rosário como pano de fundo, é o tema do refrão do meio; enquanto a segunda estrofe da obra conta toda a mensagem de resistência que Chico Rei traz para os afrodescendentes – além, é claro, de exaltar a própria icônica figura. Na avenida, viu-se uma condução correta de Tim Cardoso e um pouco mais irreverente de Clóvis Pê, que tentava empolgar componentes e público com mais cacos que o companheiro de microfone.
Evolução
Ao falar da comissão de frente da agremiação, foi destacado que a Evolução tinha andamento moroso – o que já começou a preocupar. O recuo de bateria da escola foi outro prenúncio negativo: embora feito com um movimento bem simples, a ala seguinte não foi muito célere em ocupar o espaço deixado pelos ritmistas – em dinâmica que demorou cerca de cento e cinquenta segundos. Para tentar recuperar tempo, a escola, claramente, começou a apertar o passo após a saída da comissão de frente. Tal situação fez com que a agremiação deixasse alguns buracos consideráveis na avenida – como, por exemplo, à frente do segundo carro alegórico nos Setores A e C. Uma das cenas mais dramáticas foi a ala 11, “Imprensa Negra”, composta por diversos componentes PCD que, nitidamente, precisou ter um andamento bem mais acelerado do que quando começou a exibição. Mesmo com todos os esforços, o destino foi cruel com a agremiação, que encerrou seu desfile com cinquenta e um minutos cravados – sim: apenas um segundo tempos do tempo-limite.
Outros Destaques
Bateria da agremiação, a Ritmo 12 contou com duas destaques na corte: Vanessa Aggio (rainha) e Mayra Ribeiro (musa).
Visual da X-9 Paulistana se destaca em desfile no Carnaval 2024
Por Gustavo Lima e foto de Fábio Martins
A X-9Paulistana levou o Nordeste para o Anhembi. O desfile se destacou pelo visual colorido que se viu, claramente algo alegre que a comissão de carnaval quis passar para o público. A comissão de frente, executando as danças típicas do Nordeste também merece um adendo especial. Todo o visual foi caprichado, as fantasias além de belas, davam conforto aos componentes e, por fim, as alegorias deram tom na apresentação. A X-9 Paulistana foi a sexta escola a desfilar, com o enredo “Nordestino Sim, Nordestinado Jamais”, assinado por uma comissão de carnaval.
Comissão de frente
Comandada pelo coreógrafo Jaime Arôxa, a ala desfilou apresentando a escola significando as “Danças Nordestinas”. Como o nome já diz, a coreografia incorporava bailados da região, como o forró e xaxado. A mensagem da comissão era clara: Passar alegria ao público, que era a missão do desfile. Na dança, os bailarinos sempre formavam um casal de homem e mulher para representar tais atos.
Todos os componentes desfilaram com chapéus e roupas iguais, mas cada casal tinha cores diferentes, como tons marrom escuro, claro, cor vinho e bege.
Ainda dentro da ala, havia outro componente que vestia um chapéu de cangaceiro e segurava uma espécie de caixa. Este integrante circulava solto no ato da comissão de frente.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Igor Sena e Julia Mary, casal oficial da verde e vermelho da Zona Norte, representou o “Coração Nordestino” em sua fantasia. Em todos os módulos, observou-se que a dupla executou a dança com segurança, optando por giros horário e anti-horário do que propriamente a coreografia dentro do samba. Entretanto, mesmo com o sucesso obtido, há de se ressaltar certa dificuldade da porta-bandeira nos giros, que por vezes era lento, muito provavelmente pela fantasia.
Enredo
A verde e vermelho da Zona Norte apresentou ao Anhembi um enredo nordestino em uma homenagem ao artista Patatitva de Assaré. Intitulado “Nordestino Sim, Nordestinado Jamais”, X-9 quis passar uma visão de um nordeste alegre, com danças e demais coisas citadas pelo poeta ao seu amado local. Além de toda essa energia positiva, a bravura e o trabalho do povo nordestino foram citados.
Alegorias
O abre-alas, simbolizando o “Nordestino Relicário”, entrou com um colorido forte e esculturas, com destaque para as esculturas de mulher negra, nordestinos com enxadas e, na parte de trás, esculturas de sanfoneiros com chapéus de cangaço.
A segunda alegoria desfilou pela pista com o “Populário Nordestino” e com uma figura branca e preta de Patativa de Assaré. Também havia uma iluminação bem forte de luzes coloridas. Também havia bastante detalhes dourados e vermelhos. Sem dúvidas, o carro destaque da escola no desfile.
Fantasias
A X-9 levou uma paleta de cores muito variadas, puxando bastante para o colorido. Tal jogo de cores era visto o tempo todo, claramente casando com a estratégia das alegorias. As vestimentas estavam em bom estado e não atrapalharam o componente ‘xisnoveano’. Todos puderam evoluir com tranquilidade.
Harmonia
A escola teve certa dificuldade com o canto em algumas alas. Alguns componentes não conseguiam acompanhar a letra de forma correta e optava por só evoluir, voltando a cantar apenas nas partes de seu conhecimento. Realmente um desempenho não satisfatório no volume do canto da X-9. Entretanto, vale ressaltar que os refrões de cabeça e do meio, os componentes conseguiam cantar forte. Também tem a questão da característica do samba, que oscila em sua melodia. Ora era lento e ora explodia, como no refrão de cabeça.
Samba-enredo
A obra, composta por Cláudio Russo e Fadico, nitidamente passava uma alegria nos componentes e público do Anhembi. Vale destacar o grande desempenho que os estreantes Hélber Medeiros e Daniel Collete executaram. O primeiro fez a sua estreia como cantor principal na escola e o segundo volta para a sua terceira passagem na agremiação da Zona Norte.
Evolução
A evolução da X-9 foi satisfatória. Não houve problemas com buracos e demais coisas negativas que poderiam prejudicar. Vale lembrar que no único ensaio técnico realizado, a escola deixou muito a desejar no quesito, ficando bastante atrapalhadas nas questões citadas acima. Entretanto, foi corrigido e alas desfilaram compactas entre os setores. As fileiras também vieram corretas.
Outros destaques
Ala das baianas, vieram vestidas com uma bela fantasia tendo como significado a “Mulher Rendeira”. A bateria “Pulsação Nota 1000”, regida pelo mestre Adamastor, executou poucas bossas. Foi estratégica. Optou por marcar o samba de forma correta.
A madrinha de bateria, Valéria de Paula, desfilou com costeiros no tipo de asas e nas cores de vermelho, amarelo e laranja.
Cabeça da escola impressiona, mas Uirapuru da Mooca estoura tempo em desfile
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
O começo do desfile da Uirapuru da Mooca em 2024 foi arrebatador. Com uma comissão de frente bastante criativa e um abre-alas bastante bonito, a agremiação impressionou quem estava observando a apresentação. O final, entretanto, foi cruel: o tempo-limite de cinquenta minutos para concluir a exibição foi estourado em dezesseis segundos – e, pelo regulamento, faz com que a agremiação perca três décimos em obrigatoriedades, de acordo com o regulamento. Fazendo uma homenagem a uma ilustríssima coirmã carioca, a agremiação defendeu o enredo “Da Estrela Guia Que Brilha No Céu, Vem Aí a Mocidade Independente de Padre Miguel”, sendo a quinta a se apresentar no Grupo de Acesso II da folia paulistana neste sábado.
Comissão de Frente
Um dos grandes mistérios do Grupo de Acesso II era a fantasia da comissão de frente da escola que homenagearia a Mocidade Independente de Padre Miguel. Aladdin? Escafandristas? A revelação da surpresa foi a memória dos títulos da instituição, com algumas comissões de frente históricas da escola do Rio de Janeiro, como os escafandristas de “Chuê Chuá, As Águas Vão Rolar” (1991), os robôs de “Ziriguidum 2001, Um Carnaval Nas Estrelas (1985) e o Aladdin de “As Mil e Uma Noites de Uma Mocidade Pra Lá de Marrakesh” (2017). Além, é claro, de fazer menção a um momento histórico da Zona Oeste carioca, o segmento, coreografado por Giovanna Lacerda, fazia coreografias marcando o samba em um único ato. Sem tripés, todas as figuras se apresentavam e um personagem vestido como Castor de Andrade sambava e até abria espacates na passarela.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
De ótima exibição no ensaio técnico da escola da Zona Leste, Anderson Guedes e Pâmela Yuri, mais uma vez, tiveram boa exibição nos quatro módulos de jurados. O casal, com giros mais cadenciados, buscou a segurança e a correção ao bailar. Na segunda cabine, entretanto, Anderson demorou alguns instantes para desfraldar o pavilhão oferecido por Pâmela. Vale destacar a fantasia utilizada por eles, que remetia ao Independente Futebol Clube, equipe amadora que foi a inspiração tanto para o nome quanto para a histórica parte estética da instituição – já que tinha listras alviverdes na vertical e uma estrela solitária no símbolo. Na roupa, também havia espaço para algumas bolas de futebol, deixando a associação ainda mais evidente.
Enredo
O já citado primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira veio homenageando a origem da Mocidade Independente, ligada a um time de futebol da Zona Oeste carioca. A fundação da agremiação, no terreiro de Tia Chica, também foi exaltada. Desfiles históricos (e não necessariamente campeões, como é o caso de “Beijim, Beijim, bye bye Brasil”, de 1988) também foram lembrados da agremiação. A “Não Existe Mais Quente”, bateria da instituição carioca, também foi homenageada pelos próprios ritmistas na fantasia “Homenagem ao Saudoso Mestre André e ao herdeiro de Coé”, relembrando dois históricos mestres do segmento – e, indiretamente, citando Dudu, atual comandante do “coração” da Mocidade. No fim, a Uirapuru fez um misto entre referências a desfiles históricos e exaltações, com a cronologia sendo utilizada para contar a fundação da instituição homenageada.
Alegorias
Os dois carros da agremiação foram, certamente, alguns dos grandes destaques da agremiação. O primeiro, “Aos Braços do Cristo Redentor Brilha a Estrela Guia de Padre Miguel”, como o próprio nome dizia, trazia uma imensa escultura do ponto turístico carioca e uma iluminação inteira verde; majoritariamente prateado, a alegoria remetia à estética do histórico “Ziriguidum 2001, Um Carnaval Nas Estrelas), de 1985. Na parte mais abaixo da alegoria, uma série de fotos de grandes baluartes da agremiação – como Tião Miquimba, Ney Vianna, Elza Soares, Mestre Coé e Castor de Andrade. Já o segundo fazia um mix de dois desfiles quase que diametralmente diferente: “Como Era Verde Meu Xingu” (1983) e “Namastê: A Estrela Que Habita Em Mim Saúda a Que Existe Em Você (2017). Apesar dos desfiles bastante distintos, o efeito visual foi bastante interessante. Não foram notados erros de execução nem de acabamento.
Fantasias
Ao longo de todo o desfile, um padrão foi percebido em relação às fantasias: as partes que cobriam o corpo e as pernas eram mais simples, tal qual roupas, nas mais diversas cores. O luxo aparecia nos costeiros, sempre remetendo a algo relacionado à agremiação carioca – seja algo histórico, seja em relação a um desfile marcante.
Harmonia
Assim como acontece em muitas coirmãs, a cabeça (ou seja, os primeiros segmentos) não teve desempenho adequado no canto. A surpresa veio após o carro abre-alas: as alas seguintes também não cantaram a contento, prejudicando o quesito. A situação melhorou bastante no terceiro setor, já que, sem exceção, todos os componentes cantaram em bom volume o samba da agremiação.
Samba-enredo
Se o desfile trouxe várias referências a desfiles históricos da Mocidade Independente, o refrão dava o tom da homenagem: “A mão da bomba fez chuê chuá/Nas viradas dessa vida, descobriram o Brasil/São mil e uma noites de ziriguidum/Padre Miguel, Uirapuru” – fazendo menções a grandes exibições da coirmã carioca. A primeira estrofe inteira foca no sentimento e na fundação da agremiação, o refrão do meio exalta a Não Existe Mais Quente e a segunda parte do samba-enredo volta a fazer menções a outros desfiles da escola carioca. No misto entre referências e cronologia, a exaltação a exibições históricas saiu-se em maioria numérica. André Ricardo, intérprete da agremiação, teve atuação bastante interessante, sustentando o samba composto por André Ricardo, Tchelo, Diego Nicolau, Digo Sá, Maradona, Márcio André, Turko, Rafa do Cavaco, Fábio e Beto Colorado.
Evolução
Certamente, um dos grandes calcanhares de Aquiles da escola da Zona Leste foi tal quesito. A escola, que optou pela compactação e por um andamento mais moroso, teve alguma dificuldade com o segundo carro, que teve caminhada com alguns solavancos – sobretudo na parte final da passarela. E, por conta de tal situação, a agremiação estourou o tempo-limite de 50 minutos em dezesseis segundos – o que, se seguido o regulamento, acarretará perda de décimos.
Outros destaques
Quando a escola começou a se apresentar no Setor E (o último do Anhembi), diversos refletores se apagaram. Na corte de bateria, três destaques: Acassia Nascimento (rainha), Sheila Neves (musa) e Tati Reis (madrinha).
Freddy Ferreira analisa a bateria da Vila Isabel no ensaio técnico na Sapucaí
Um excelente ensaio técnico da bateria da Unidos de Vila Isabel, comandada por mestre Macaco Branco. Uma conjunção sonora preciosa foi obtida, graças ao equilíbrio musical e a boa equalização de timbres. Bossas altamente casadas com a obra da Vila mostraram uma bateria “Swingueira de Noel” com ritmo da Vila clássico, mesmo com arranjos com certa sofisticação.

A parte de trás do ritmo da Vila contou com sua tradicional afinação de marcações mais pesada, com uma boa distinção entre os timbres. Marcadores de primeira e segunda pulsaram de forma firme, mas com profunda precisão. Os surdos de terceira foram responsáveis pelo balanço e estiveram irrepreensíveis. Uma ala de repiques ressonante e coesa, auxiliou no complemento dos médios. Que ainda contou com um trabalho bastante eficiente das caixas retas, tocadas embaixo. Tudo isso destacado pelo sublime naipe de tarol, com sua genuína e bem executada batida com toque de partido alto.
Na cabeça da bateria da Vila, um naipe de cuícas bem seguro tocou de modo equilibrado. Uma ala de chocalhos com boa técnica musical se exibiu de modo interligado a um naipe de tamborins de altíssimo valor sonoro. Os tamborins da Vila Isabel, graças a um trabalho enxuto e um desenho rítmico funcional, tocaram de modo uníssono por toda a pista.
Bossas com musicalidade bastante integrada ao belo samba-enredo reeditado deram certo frescor a sua execução. Dando ares de modernidade, arranjos musicais contemporâneos ajudaram a impulsionar a obra da azul e branca do bairro de Noel. Tal fato, inclusive, ajudou certamente componentes na evolução, já que as paradinhas possuíam sonoridade envolvente e dançante. Destaque para a execução privilegiada de surdos, caixas e taróis nas bossas. Sempre demonstrando precisão e educação.
Um excelente ensaio técnico da bateria da Vila, dirigida por mestre Macaco Branco. Um trabalho pautado pela boa educação musical dos ritmistas, que tiraram som das peças sem colocar força a mais nos instrumentos. Isso impactou positivamente numa sonoridade enxuta, equilibrada e com uma fluência plena entre os mais diversos naipes. A “Swingueira” volta para o bairro de Noel feliz e orgulhosa, por estar pronta para realizar mais um grande desfile.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Beija-Flor no ensaio técnico na Sapucaí
Um ótimo ensaio técnico da bateria “Soberana” da Beija Flor de Nilópolis, comandada pelos mestres Rodney e Plínio. Uma conjunção sonora com fluência plena entre os naipes foi obtida, graças ao equilíbrio musical e uma equalização de timbres completamente diferenciada.

Uma bateria “Soberana” com uma afinação de surdos privilegiada foi percebida. O bom balanço dos surdos de terceira ficou em evidência na cozinha da bateria da Beija. Marcadores de primeira e segunda foram firmes, além de precisos ao longo de todo o cortejo. Um naipe de repiques acima da média tocou de forma coesa. Tudo complementado por uma trabalho consistente das caixas de guerra, complementando os médios com eficiência. Vale destacar o brilho da sonoridade metálica provocada pelas frigideiras, que desfilam junto ao peso.
Na parte da frente do ritmo, uma ala de cuícas segura demonstrou virtude sonora. Um naipe de chocalhos de boa técnica tocou interligado a uma ala de tamborins que executou um desenho rítmico simples, mas absolutamente eficaz. Tamborins e chocalhos, juntos, elevaram a qualidade musical das peças leves da cabeça da bateria da Beija Flor.
Um leque de bossas bastante integrado à música nilopolitana foi exibido de maneira praticamente impecável. É possível dizer que os arranjos, explosivos e dançantes, impulsionaram tanto o samba, quanto os componentes da azul e branca da Baixada. Bossas que se aproveitaram das nuances melódicas do samba da Deusa da Passarela para consolidar o ritmo. O destaque musical ficou para a envolvente bossa do refrão do meio, que com duas partes de bom gosto apresentou uma sonoridade diferenciada.
Uma ótima apresentação da bateria “Soberana” da Beija Flor no ensaio técnico, dirigida pelos mestres Rodney e Plínio. Uma bateria bem equilibrada e equalizada, com uma musicalidade profunda, graças à bossas com integração plena com o samba-enredo da escola. Conseguiu unir bom ritmo e uma concepção moderna, além de consistente de paradinhas. Uma bateria da Beija Flor de Nilópolis pronta para um grande desfile, em busca da sonhada nota máxima
Freddy Ferreira analisa a bateria da Grande Rio no ensaio técnico na Sapucaí
Um ensaio técnico muito bom da bateria da Grande Rio, comandada por mestre Fafá. Um ritmo de bastante equilíbrio, onde se destacaram a educação musical dos ritmistas, além de uma equalização de timbres que permitiu a fluência plena entre os mais variados naipes. Uma conjunção sonora acima da média foi obtida.

Uma bateria da Grande Rio com uma bela afinação de surdos foi notada. Os marcadores de primeira e segunda mostraram uma educação musical refinada, enquanto garantiam um pulsar eficiente e preciso. Destaque para a maceta dos surdos de primeira, maiores em diâmetro, que teve origem na bateria da Vai Vai e casou bastante com a sonoridade do ritmo de Caxias. O balanço dos surdos de terceira esteve em evidência, contribuindo no swing da bateria. Repiques coesos e retos adicionaram valor sonoro à cozinha da bateria, assim como um naipe de caixas com boa ressonância serviu de base para a parte de trás do ritmo.
Na cabeça da bateria, uma ala de cuícas segura ajudou na sonoridade da parte da frente do ritmo, junto de um naipe de agogôs com uma musicalidade diferenciada, que executou um desenho rítmico simples, mas eficaz. Um bom naipe de tamborins tocou uma convenção rítmica funcional de forma integrada e entrelaçada a uma ala de chocalhos de alto valor técnico. É possível dizer que o entrosamento entre tamborins e chocalhos foi um dos pontos altos do grande trabalho envolvendo as peças leves.
Bossas profundamente ligadas ao melodioso samba da agremiação se mostraram corretas, impulsionando componentes em canto e dança, além das execuções privilegiadas por toda a pista. Um leque de paradinhas com bastante esmero musical, que contribuiu destacando um trabalho que tem por base a manutenção de um bom ritmo. A equalização diferenciada também auxiliou os arranjos musicais, principalmente nos que destacavam as afinações de surdos distintas.
Uma apresentação muito boa da bateria da Grande Rio, dirigida por mestre Fafá. Um ensaio técnico que exibiu uma bateria pronta para o desfile oficial e que vai batalhar pela volta da almejada nota máxima. Um ritmo enxuto, equilibrado e muito bem equalizado da tricolor de Caxias. Major Fafá, seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para voltarem felizes para Duque de Caxias, além de confiantes num grande desfile da bateria da Grande Rio.