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Série Barracões: Imperatriz recorre à alegria de Lamartine para triunfar mais uma vez no palco iluminado

Por Diogo Sampaio

Já era manhã do dia primeiro de março de 1981, quando a Imperatriz Leopoldinense iniciou seu desfile na Rua Marquês de Sapucaí pelo, até então, grupo 1-A. Em busca do segundo título de sua história, a Rainha de Ramos trazia mulatas, arlequins, pierrôs e colombinas para homenagear o compositor Lamartine Babo. A alegria das marchinhas, junto ao lirismo dos hinos, norteava uma apresentação empolgante, de visual bem acabado e fácil leitura, assinada pelo carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba, feito por Zé Katimba, Gigi e Serjão, levantava o público das arquibancadas que vibrava, mesmo sob o sol forte e o intenso calor, entoando gritos de “já ganhou” conforme a escola passava. Não tinha mais jeito, naquele ano, no palco iluminado, só dava Lálá.

Quase 40 anos depois, a Imperatriz levará novamente Lamartine para Sapucaí. Dessa vez, através das mãos de outro artista: o atual campeão do carnaval carioca, Leandro Vieira. Porém, quem espera uma apresentação semelhante ou na mesma linha da de 1981, certamente irá se surpreender. As mudanças já começam no título do enredo, originalmente chamado de “O Teu Cabelo Não Nega”, em referência a marchinha da década de 1930, e que foi alterado para “Só Dá Lálá”, por uma questão de adequação às questões sociais atuais. Segundo Leandro, apesar de trata-se de uma reedição, o desfile de 2020 terá identidade própria.

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“Mantive o samba e desenvolvi o meu visual a partir dele. Posso dizer que tem muito do Leandro neste carnaval. Eu gosto da rua, da festa e da farra, faz parte do meu repertório. Sempre que posso, faço alguma coisa festiva e o Lamartine é isso. O trabalho feito aqui tem muito das cores e dos visuais que são a minha cara. Sou um carnavalesco que tem a tendência de celebrar e usar de imagens de celebração. Tem pouco de 1981 em termos visuais, até porque o modelo de carnaval é outro, a setorização do desfile é diferente… É visualmente muito novo”, afirmou.

Leandro Vieira recebeu e conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão da agremiação, localizado na Cidade do Samba. O artista, que acertou contrato com a Imperatriz somente no início de agosto do ano passado, explicou que a falta de tempo hábil foi fator crucial para optar por uma reedição. Já a escolha específica pelo enredo de 1981, de acordo com carnavalesco, esteve relacionada à ideia de resgatar a autoestima da escola e de sua comunidade, fragilizadas com o rebaixamento do Grupo Especial.

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“Fui contratado pelo presidente da escola (Luiz Pacheco Drumond, mais conhecido como Luizinho Drumond) após todo o imbróglio envolvendo o rebaixamento e isso aconteceu numa época tardia. Então, não havia tempo para propor um enredo autoral e para que esse enredo fosse concebido com um tempo para que houvesse qualidade. E haveria menos tempo ainda para uma disputa de samba com qualidade. A maneira que teria que ser uma coisa rápida e isso não faria sentido. Na expectativa de começar o trabalho, me surgiu essa ideia de reedição. A Imperatriz precisava de alegria para espantar o clima ruim, o Lamartine era o cara pra isso, a obra dele é muito festiva. Eu optei por um enredo libertador”, contou.

Apesar de ser a primeira vez que assina um carnaval na Imperatriz, a história de Leandro com a agremiação é mais antiga. O artista trabalhou como figurinista e assistente do carnavalesco Cahê Rodrigues nos desfiles de 2013, sobre o estado do Pará, e de 2014, em homenagem ao ex-jogador Zico. Durante a entrevista, ele relatou como foi a experiência desse retorno à escola:

“A recepção foi maravilhosa. O quadro de funcionários da Imperatriz continua o mesmo desde quando eu passei aqui pela primeira vez. Eu mantive contato com todos os amigos que fiz, afinal o barracão da Mangueira é do lado. E voltar para a Imperatriz na posição de carnavalesco, é uma forma de me reencontrar com o Leandro antes de ser carnavalesco. Me possibilita olhar pra mim mesmo, antes disso tudo. É tipo um exercício de voltar ao começo”, avaliou Leandro.

Retorno à Série A e dupla jornada

O desfile da Imperatriz de 2020 também marca outro retorno na trajetória de Leandro. Após quatro anos, ele volta ao grupo no qual debutou como carnavalesco, ao assinar o carnaval da Caprichosos de Pilares em 2015, com o enredo “Na minha mão é mais barato!”.

“Gosto de fazer carnaval. Quanto mais eu puder fazer, melhor vou me sentir. Estou em uma fase muito boa pessoalmente e isso reflete na minha produção artística, na diversidade das ideias, no vigor para realizá-las. Então, estou feliz em estar fazendo mais carnaval, independente da série. Eu não olho muito para isso, olho mais para a possibilidade de realizar mais carnaval”, comentou o artista.

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Foi após conquistar crítica e público com o seu trabalho na Caprichosos que Leandro ganhou sua grande oportunidade no Grupo Especial, ao ser convidado para assumir a Estação Primeira de Mangueira. Desde então, o carnavalesco permanece na verde rosa, onde já acumula dois campeonatos, e irá este ano para o quinto carnaval consecutivo.

Questionado pela reportagem do site CARNAVALESCO sobre a jornada dupla, Leandro Vieira faz questão de frisar que não se trata de uma divisão de trabalho, mas sim, uma soma:

“Não divido criatividade, somo criatividade. Dividir parece que tem uma quantidade, que dá para dividir por dois. Não, é uma qualidade que é duplicada. Eu tenho mais ideais, trabalho e realizo mais. Não divido nada”, garantiu.

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Acerca da crise que atinge a folia carioca, que neste ano viu corte completo do repasse de verba da Prefeitura do Rio para as escolas do Grupo Especial e da Série A, Leandro assegurou não se alarmar. Segundo o próprio artista, ele já está mais do que acostumado a trabalhar com pouco ou com nenhum dinheiro.

“Me acostumei com isso. Eu apareci no carnaval em uma época na qual o dinheiro já era escasso. Meu primeiro carnaval foi em uma Caprichosos de Pilares sem dinheiro algum. Então, esse corte não me assusta. Outra coisa, eu só sou carnavalesco porque o dinheiro acabou, se não tivesse acabado, tudo estaria no mesmo lugar. Essa nova geração não teria surgido. A falta de dinheiro possibilitou novas procuras e elas fomentaram o surgimento de novos artistas. Isso é ótimo”, declarou.

Do multicolorido ao barroco: A Imperatriz de Leandro Vieira

Quem adentra ao barracão da Imperatriz, logo se impressiona com um colorido de encher os olhos. Nesse quesito, se destaca o carro abre-alas, uma enorme locomotiva, multicolorida, representando o Trem da Alegria. Alegoria essa que Leandro confessou ser sua predileta.

“O abre-alas é o meu xodó. Parece um brinquedinho, só que grande. Ele chega a uns 50 metros de comprimento. E é multicolorido, festivo… Eu gosto de coisas coloridas e eu não tinha ainda tido a oportunidade de fazer um carnaval assim. As pessoas têm a enorme necessidade de rotular, e rotularam que eu sou o carnavalesco que gosta dos tons pastéis e não é bem isso. Às vezes, eu quero usar os tons pastéis, outras vezes quero usar uma paleta diferente. A minha visão para o Lamartine me possibilitou usar uma paleta mais colorida e alegre. Acho que a escola precisava e eu gosto de fazer aquilo que a escola precisava naquele momento. Acho que eu posso ser muitos, sendo o mesmo”, revelou.

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Além das cores, a Imperatriz apresentará também uma estética mais limpa e com traços bem definidos. Segundo Leandro, a mudança irá dar uma cara mais nova para escola.

“Sou um carnavalesco cheio de gás e gana pra fazer. E o meu visual dialoga com isso também. Acho que vou propor uma Imperatriz mais rejuvenescida, mais fresca. Tem muito do meu momento de vigor artístico. Se eu conseguir transmitir isso na minha criação e a escola incorporar isso, está ótimo”, pontuou.

Todavia, o estilo barroco tão característico das obras de Arlindo Rodrigues, carnavalesco responsável pelo desfile campeão de 1981, também estará presente no desfile, mais especificamente no último carro. Todo nas cores da escola (verde, branco e dourado), a alegoria trará o símbolo maior da agremiação, a coroa, e promete mexer com o brio do gresilense.

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“Tento fazer coisas que tem haver com a escola. A escolha de fazer a coroa de 2020 dessa maneira tem haver com mexer com a sensibilidade, a emoção dos torcedores da comunidade. Espero que eles enxerguem uma Imperatriz cheia de vigor nessa tradição de estética barroca, consolidada pelo Arlindo (Rodrigues, carnavalesco) e pela Rosa (Magalhães, carnavalesca)”, explanou.

‘Ganhar não é a minha prioridade’, afirma carnavalesco

Para Leandro, o fato de ser o atual campeão do carnaval carioca com a Mangueira e de estar assinando uma escola com estrutura de Grupo Especial na Série A, não garantem a conquista obrigatória do título. O carnavalesco ainda ressaltou que não se sente pressionado ou cobrado, mas sim motivado.

“Não sinto pressão nenhuma. Primeiro que eu nunca permiti que o meu trabalho fosse submetido a essa pressão. Não fui contratado para ganhar o carnaval para a Imperatriz, fui contratado para fazer o carnaval da Imperatriz. A pressão que eu faço sobre mim, não é ninguém, sou eu, é a pressão para fazer o melhor carnaval possível. Se o melhor carnaval que eu puder fazer for o que garantir o campeonato, que bom. Porém, não é a minha prioridade. Nunca tive obsessão por ganhar”, frisou.

O desfile

A Imperatriz Leopoldinense será a quinta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí no sábado de carnaval, segundo dia de desfiles da Série A. De acordo com Leandro Vieira, a agremiação irá com o número máximo, permitido pelo regulamento da Série A, de alegorias (três com mais um acoplamento) e tripés (um).

Gaviões da Fiel demonstram amadurecimento do nível de desfile durante último ensaio técnico

Por Matheus Mattos. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP

Os Gaviões da Fiel entraram na avenida nesta quinta-feira para realizar seu último técnico para o carnaval de 2020. Canto da escola e comissão de frente, mais uma vez, se destacaram na noite. Momentos antes do início do samba do ano, o presidente Digão citou eliminação recente do Corinthians e pediu vontade aos componentes.

“Hoje era pra ser um dia especial se o Coringão tivesse se classificado. Quem assistiu ao jogo, viu que não faltou vontade, não faltou raça. Hoje nós representamos 30 milhões de torcedores, e aqui não vai faltar vontade, não vai faltar raça. Vamos acreditar”, finalizou.

Após o ensaio técnico da escola, o diretor de carnaval, Márcio Rodrigues, conversou com o site CARNAVALESCO sobre treino e garantiu evolução em comparação aos primeiros. A escola encerrou o treino com 61 minutos e 2.200 componentes.

“Sem dúvida alguma foi o melhor, disparado. Observamos que os componentes desfilaram com mais naturalidade, mais soltos. O nosso segundo ensaio fomos muito prejudicados pela chuva, e por isso a escola estava pequena. Hoje já viemos com um contingente legal, cerca de 90% do que vão pra avenida”, declarou.

Comissão de frente

A ala evoluiu com um enorme tripé, ainda na madeira, mas com partes tampadas por plástico. A comissão traz duas coreografias, separados entre 28 e 30 bailarinos. Como o regulamento só permite a apresentação de 15, o restante se esconde dentro do elemento. A coreografia é trabalhada com casais, e eles tem passos que demandam domínio de entrosamento. Durante a execução do refrão principal, os componentes trocam de posições. O coreógrafo Edgar Júnior acompanhou o trajeto com um cronômetro pendurado ao pescoço.

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Samba-enredo

O carro de som fez um desfile correto e bastante seguro. Os cantores valorizaram a sustentação do canto e afinação, tendo poucos momentos de variações vocais. O intérprete Ernesto Teixeira pedia empolgação e animação dos desfilantes nos momentos dos cacos.

Da mesma forma dos intérpretes, as cordas também optam pela sustentação do samba. Porém, nota-se trechos com arranjos, como o pequeno solo no “numa doce ilusão, vou mergulhar”, e a rápida palhetada das cordas antes do trecho: “Canta Gaviões”.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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O primeiro casal, Wagner Lima e Gabriela Mondjian, bailou seguindo passos clássicos, valorizando cada movimento e dando a atenção devida as pausas após as execuções. Por conta da chuva que antecedeu, e também apareceu durante o treino, a dupla optou por dançar com tênis que evite quedas. Já na vestimenta, o mestre-sala fugiu do preto e utilizou um blazer prata e colete branco. Gabriela evoluiu com um vestido preto.

Harmonia

Assim com nos últimos ensaios, mesmo o no qual choveu forte, a escola trouxe um canto forte e linear, sem alterar o volume entre as alas. O setores são bem distribuídos, e isso faz com que em todo trecho exista um equilíbrio entre a ala que valoriza o canto e a ala mais coreografada. O samba tem letras fáceis e melodia com poucos riscos, e isso faz com que se torne claro a pronúncia de cada palavra.

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Evolução

A primeira surpresa do ensaio foi a ausência dos diversos tripés presentes nas alas. Para demarcar o espaço, os integrantes seguravam cordas com os então integrantes do elemento cenográfico. No geral, a escola apresentou alguns pontos a serem observados até o desfile oficial. No momento em que a ala 12 passava em frente ao recuo, algumas alas aceleraram o andar. Assim como aconteceu quando a alegoria 4 passava ao lado da torre 04, em que acelerou mais que o normal e ala detrás teve que corrigir, também acelerando as alas seguintes.

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No caso da entrada da bateria no recuo, a escola apresentou uma boa organização. A ala 11 trouxe integrantes com sinalizadores nas mãos durante o trajeto, e ocasionou um efeito visual positivo ao treino. A escola aposta em alas coreografadas, mas que não saem do lugar pra evoluir.

Bateria

A bateria do Mestre Ciro Castilho tem um andamento firme, desenhos de leves que seguem a proposta do hino do ano. A batucada traz diversas bossas, mas a do refrão do meio, mais especificamente que entra no trecho “Quantos sentimentos me levam”, tem frases de caixa que modificam a cara da paradinha.

Outro ponto que merece destaque nos Gaviões é o naipe de timbal. O instrumento traz desenhos no samba, é importante nas bossas e, na subida do tamborim, preenche o vazio até o carreteiro com uma levada característica da agremiação. Pelo excesso de fumaça proporcionada pela torcida no setor B, alguns ritmistas sentiram a dificuldade para enxergar, e isso refletiu na passagem.

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Outro destaque

A arquibancada do setor B recebeu um grande festa da torcida. Finalizadores, fumaças, fogos e bandeiras estiveram presentes no momento em que a bateria passava à monumental.

Demonstrando muita alegria, Tatuapé dá aula de canto e sonha com o melhor desfile de sua história

Por Gustavo Lima. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP

O Acadêmicos do Tatuapé realizou nesta quinta-feira seu último ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi. O discurso da escola é fazer o melhor desfile de sua história, mesmo com o título vindo ou não, e o treino novamente foi marcado pelo ótimo canto da comunidade, que demonstrou clareza e entrosamento com o samba em todos os setores. Isso ocorreu muito por conta do intérprete Celsinho, que jogou o samba para a comunidade e a animou o desfile todo, juntamente com a bateria, que realizou bossas e paradinhas para que os componentes pudessem entoar seu canto forte.

Outro ponto positivo foi a evolução, que teve alguns pontos corrigidos, além de ter repetido a entrada no recuo que foge dos padrões, é um movimento que é bem ensaiado. ocupa todos os espaços da pista e não deixa nenhum buraco.

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“Foi muito positivo os nossos ensaios. Nós fechamos um compromisso lá na nossa quadra, antes do início de janeiro, prometemos um para o outro, 2600 com uma só promessa, nós iríamos fazer no dia 26 de janeiro um grande ensaio técnico, no dia 9 de fevereiro nós faríamos um ensaio melhor do que o do dia 26, e no dia de hoje, a gente faria outro melhor ainda, e nós vamos culminar isso, fazendo no dia 21, um desfile maravilhoso, melhor do que esses três ensaios. Esa é a nossa promessa, e eu tenho certeza que na sexta-feira nós vamos vir pra cá fazer o melhor desfile de nossas vidas. Nós não falamos em título, porque isso depende de algumas variáveis que não estão no nosso controle. A nossa missão é fazer o melhor desfile de nossa história todo ano, estamos preparados e eu tenho certeza absoluta que essa comunidade toda vai conseguir mais uma vez atingir nosso compromisso”, declarou o presidente Eduardo dos Santos.

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A escola optou por um samba com uma melodia alegre e descontraída, para que o componente brinque na avenida. A obra foi brilhantemente interpretada pelo intérprete Celsinho Mody, que mantém uma boa fase há um bom tempo. Destaque para o entrosamento do carro de som com as bossas que a bateria desempenha, Celsinho interage com o componente e está por dentro de todas os arranjos. Outro destaque é a ênfase que a ala musical dá para os instrumentos de cordas, onde algumas vezes, no refrão do meio os cantores param e só as cordas permanecem, interagindo com a melodia do samba.

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“Eu estou muito feliz, o enredo é muito alegre, nossas alegorias já estão aí e são cenários lindos, retratando a simplicidade de quem mora no interior até a modernidade que são os tempos de hoje. A escola fez três ensaios crescentes, começamos em um nível, alcançamos um outro e chegamos em um melhor, e com certeza, como diz nosso presidente, nós vamos fazer na semana que vem o melhor carnaval das nossas vidas. São muitos ensaios, nós temos um casamento de muita fidelidade, respeito com o mestre Igor, eu como cantor e nossos dois diretores de harmonia, então a gente está em todos os ensaios, a gente sai pra jantar, conversamos sempre e criamos até uma amizade depois desses cinco anos de trabalho, então fica fácil procurar estratégias para que as pessoas se sintam a vontade, e dá o resultado que vocês viram. Temos que pregar humildade em tudo na vida, mas você conhece alguém que entra no jogo pra perder? A gente vai entrar pra ganhar, e assim, o regulamento é claro, ganha quem tem a maior quantidade de notas 10, e vamos em busca de todas elas”, garantiu o intérprete Celsinho Mody.

Bateria

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Todas as bossas novamente foram bem executadas junto ao carro de som. Destaque para as paradinhas que a “Qualidade Especial” desempenha, sendo a mais longa no refrão principal. As caixas dão ritmo da bateria e são os instrumentos predominantes, além de um desenho de agogô que é bastante nítido dentro da ala.

“Os ensaios técnicos foram satisfatórios, vieram em uma crescente, assim como tudo, quanto mais você pratica, melhor as coisas ficam. Agora, é se preparar pro dia 21 e fazer o nosso melhor. Sobre as paradinhas, acredito que a gente vem fazendo isso já há algum tempo e vamos fazer novamente na avenida”, disse o diretor de bateria, mestre Igor Silva.

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A dupla que está indo para seu nono carnaval na agremiação, estava vestida de azul, mostrou entrosamento em todos os movimentos. Destaque para a coreografia, realizaram a apresentação de forma sincronizada, os movimentos eram feitos no mesmo momento e não houve erros. Vale ressaltar a simpatia demonstrada pelo casal em todo o desfile, principalmente na apresentação frente a torre dos jurados.

Harmonia

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Foi um dos quesitos destaque da agremiação. A comunidade do Tatuapé deu aula de canto, todos os setores mostraram entrosamento com o samba. Os departamentos colocam a escola para cantar, os harmonias incentivam os componentes o tempo todo e a bateria juntamente com a ala de som, realizam paradinhas para a comunidade cantar a uma só voz. O intérprete Celsinho joga muito o samba para os integrantes, o que é importante para demonstrar clareza no canto, isso dá para ser notado principalmente na última estrofe do samba juntamente ao refrão principal. Em todas as paradinhas os componentes cantam entrosados, e no término dos arranjos, claramente há um entendimento entre bateria, ala musical e componentes, todos voltam na mesma hora, o que é fruto de muito ensaio.

Evolução

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Foi outro quesito destaque da escola, que irá apostar bastante em coreografias, principalmente em alas com danças específicas. O Tatuapé veio com as alas alinhadas em todos os setores, sem presença de buracos. Vale destacar a entrada da bateria no recuo, que foge do padrão. Uma ala coreografada que fica posicionada na frente da bateria na pista, entra primeiro no recuo, e depois a bateria vai de encontro aos integrantes desta ala e eles trocam de posição, o que preenche todos os espaços, não deixando nenhum buraco. É uma manobra diferente, e se bem executada no dia do
desfile, pode dar um aspecto visual muito bom, além de não prejudicar a escola no quesito.

Comissão de Frente

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A ala faz uma dança alegre, demonstra como o resto da escola vem no treino, com muita felicidade. A comissão é guiada por uma bailarina, que é a componente principal, onde faz interação saudação ao público. Os integrantes vestem uma capa que fica presente na apresentação inteira e dá um efeito especial quando dançam de forma sincronizada.

União da Ilha faz ensaio em alto nível de canto e promete garra da comunidade para o desfile de 2020

Por Victor Amancio

Devido ao tempo chuvoso na cidade, a União da Ilha realizou seu último ensaio de comunidade na quadra da escola. O diretor geral de carnaval e harmonia da escola, Laíla, fez um trabalho forte com a escola e hoje pode-se notar um canto superior aos apresentados nos últimos carnavais. Durando um pouco mais de três horas, a escola fez um ensaio intenso com o canto forte e empolgação dos componentes. Outro destaque fica por conta da bateria dos mestres Keko e Marcelo que fez um grande ensaio e promete embalar a Sapucaí. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“Nós estamos trabalhando desde maio, pegamos uma escola que não acreditava no rendimento que teríamos junto ao trabalho proposto. Na escola de samba enredo alguns torceram o nariz e nós fomos agregando com nossa inteligência os caminhos corretos para passar para vocês os caminhos corretos. Quando cheguei falei para vocês que estávamos na zona do perigo pois só tirávamos de décimo pra lá. Cheguei aqui e encontrei diversos problemas mas com minha inteligência e minha cara emburrada ou não fui colocando tudo no seu devido lugar. Sem maltratar ninguém. Por onde passei tive a felicidade de ouvir pessoas dizendo que me amavam pelo meu trabalho correto e honesto. Está faltando um pouco mais de uma semana, não vamos jogar fora o sacrifício de um ano inteiro por causa de 70 minutos. Não temos esse direito. Quero todo mundo com vontade de ganhar carnaval, somos iguais a todos os outros que estão disputando, não vamos temer ninguém, de cabeça erguida para mostrar nossa dedicação e trabalho. Eu quero pedir para vocês entrarem com garra, deixem que se tiverem de fazer sacanagem ou dar uma nota que a gente não mereça. Vamos cumprir com nosso dever, o grande público vai estar lá e verá. Temos um barracão digno de ganhar carnaval”, disse Laíla em discurso antes do ensaio.

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Samba-Enredo

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O samba da União da Ilha recebeu críticas dos especialistas, porém o que se vê no ensaio é uma obra que cresce na ‘mão’ da comunidade. O componente entendeu e abraçou o samba-enredo. Diferente dos sambas irreverentes e para cima que a Ilha costuma apresentar, a obra tem um tom de melancolia e apela para emoção da comunidade. Cantando a realidade em que a maioria dos brasileiros e moradores de comunidades vivem, o samba é um grito de socorro e pode pegar na avenida.

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“Esse samba vai render cada passada. Sem dúvidas vai emocionar a todos. O componente cantando muito, vibrando. Fizemos três horas de ensaio, sem cair o andamento. Quem está criticando antes da hora irá morder a língua”.

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Harmonia

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É notório o quão forte e empolgado é o canto da Ilha. Em três horas de ensaio o canto permaneceu retilíneo, sem cair em momento nenhum. Mestre Laíla de fato ensinou e aprimorou o canto da escola. O carro de som, a bateria e o canto da comunidade se encaixam perfeitamente, bem entrosados. O trabalho feito de harmonia promete surpreender a Sapucaí e pode alavancar o desfile da escola.

Evolução

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Por mais que o espaço para evolução seja menor e mais apertado, o componente se divertiu durante todo o treino. Pulando, erguendo os braços, sambando, a escola fez um grande ensaio em termos de evolução. Pode-se notar uma escola brincando carnaval, mas sem fugir das filas ou alas montadas pelos diretores de harmonia.

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Phelipe e Dandara já deixaram de ser um casal promessa e agora, mais do que nunca, preparam uma grande apresentação para o desfile. O casal está muito entrosado e fez a coreografia, que parece ser a oficial para o desfile, sem erros e deixando quem assistia o ensaio encantado com sua performance. Phelipe traz em sua dança trejeitos e passos mais malandreados e Dandara com sua leveza e elegância no bailado demonstra uma maturidade maior sob a dança.

“Expectativa é a melhor possível, esse último ensaio serviu para lavar a alma e irmos para avenida. Nos resta agora esperar o grande dia, mais pronto do que está impossível. Só caminhar para o grande dia”, falou Dandara.

Bateria

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A dupla de mestres, indo para o seu segundo carnaval comandando a Baterilha, prepara um verdadeiro show para a Marquês de Sapucaí, com o andamento em 144 BPM (batidas por minuto) e quatro bossas, os mestres vão levar funk, pagode e coreografia para avenida. Bossas muito bem elaboradas e executadas, e valorizando o canto da escola de forma geral. No ensaio desta quarta-feira promoveram um verdadeiro ‘sacode’ na quadra.

“Ensaio sensacional, nosso último ensaio, mestre Laíla consciente do que está fazendo. Bateria com o andamento de 146 e levando quatro bossas sendo a principal a do pagofunk, que iremos apresentar para o jurado, e o pagodão que vamos fazer uma pagode de mesa na Sapucaí e deixando a comunidade cantar o samba. Tem a bossa que vamos fazer em cima de letra do samba, aproveitando essa questão lenço e serão 280 ritmistas com lenço na mão pedindo paz”.

Galeria de fotos: ensaio de quadra da União da Ilha

É a hora de garantir sua presença no carnaval! Camarote Vivant! com lote promocional limitado

O Camarote Vivant!, já conceituado na Avenida como camarote do samba, conta com um espaço exclusivo e sofisticado para atender os foliões mais exigentes, com qualidade premium nos serviços, e muito conforto. O conceito é conforto e exclusividade. A ideia é que todos os clientes e parceiros tenham a melhor experiência na Sapucaí.

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O embaixador é o Milton Cunha, que tem mais escolas de samba em seu currículo, do que podemos contar. Já levou a magnitude das cores, plumas e paetês para fora do país, inclusive. Com seu olhar alegre e colorido, ele diverte e dá aula nas avenidas da vida. Não poderíamos ter escolhido melhor. Ele não é só um carnavalesco incrível, como também, um bon vivant nato.

A rainha é Viviane Araújo que, além de diva, é considerada o maior nome do carnaval, na atualidade. Dona de um carisma incrível, ela desfila sensualidade e esbanja alegria e brilho por onde quer que passe. Fazendo seu nome no carnaval do Rio de Janeiro e São Paulo, a bela ainda atua nas novelas brasileiras, participa de realities e vários programas de TV. Não é à toa que ela é considerada a rainha das rainhas. Então, só podia ser nossa mesmo.

Curadoria do Samba Social Clube com as seguintes atrações:

Sábado 22/02: Banda Samba Social Clube com Arlindinho, Thaís Macedo e Manda V
Domingo 23/02: Banda Samba Social Clube com Renato da Rocinha e Moacyr Luz
Segunda 24/02: Banda Samba Social Clube com Sandra de Sá, Chrigor e Manda V
Campeãs 29/02: Banda Samba Social Clube com Leci Brandão e Manda V

Serviços:

Barbearia
Salão de Beleza
Maquiagem
Customização

Carnaval Capixaba: MUG prepara ode a cultura indígena capixaba

Por Vinicius Vasconcelos

No desfile 2019 a Mocidade Unida da Glória mostrou na avenida que seu pré-carnaval altamente positivo poderia novamente consagrá-la ao título. Saiu da avenida ovacionada aos gritos de “É campeã!” que ecoavam da dispersão a concentração, passando pelos camarotes e mesas de pista. Mas quiseram os jurados consagrar a Boa Vista como campeã, deixando a escola de Vila Velha na segunda colocação, ao lado da Novo Império, ganhando no quesito de desempate. Se por um lado o vice-campeonato num ano é negativo, para a vermelho e branco no outro pode ser de alegrias. De 2011 a 2019 a escola levou cinco campeonatos e quando não foi campeã ficou em segundo lugar. Historicamente ficar em segundo num ano, significa ser campeã no ano seguinte para a MUG.

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Tentando manter o saldo positivo, a escola levará para 2020 o enredo “Oby: O Imaculado Santuário das Lendas”. Desenvolvido pelo carnavalesco Osvaldo Garcia, que assina pela terceira vez o carnaval da agremiação. Para o site CARNAVALESCO, quem explicou o desfile foi Patrick Rocha. Que além de diretor administrativo é um dos revisores do enredo.

“O enredo surgiu de um pedido da diretoria executiva em buscar uma história que retratasse a raiz capixaba. Olhando para o passado da MUG observamos que na nossa história não havia temática indígena. O que mais se aproximava era “Amazonas, Lendas e cobiças”, de 1987. Vimos que era hora de falar do tema e aprofundar no índio capixaba. A pesquisa de “OBY” foi feita e identificamos várias lendas do ES que não são conhecidas pelo grande público. A mais famosa é a do pássaro de fogo que conta história do Mestre Álvaro e Moxuara. Bebendo na bibliografia de Maria Estela de Novaes (folclorista que se especializou no Espírito Santo), encontramos manuscritos com lendas indígenas. Descobrimos a lenda da tribo cintilante, que ficava em cima de uma mina de ouro. Da suposta mina de esmeralda de Hidrolândia, na região do Caparaó. Passamos também na história da antropofagia. Porque muito é vendido que o índio capixaba canibal, selvagem e que fazia isso fora de um contexto. Sendo que o canibalismo no ES era feito dentro de um ritual dos índios botocudos que consumiam a carne humana com o intuito de se tornarem mais forte. Iremos desvendar o canibalismo. A proposta é poética e não tem cunho histórico. Seguimos na linha fantasiosa de passear pelos personagens das lendas. O enredo vai narrar um náufrago holandês que chega nesse cerco verde e encontra os personagens. Os indígenas tem várias explicações para fenômenos da natureza, vamos explicar como eles entendiam esses movimentos. É uma ode a cultura indígena, queremos exaltar esse povo que foi dizimado com a chegada do homem branco”.

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Questionado sobre a trajetória de sucesso da MUG ao longo dos anos, Patrick garantiu que o modelo de gestão da agremiação se aproxima ao de escolas do Rio e São Paulo. E confidenciou que hoje apenas 1/4 do que é gasto nos desfiles vêm de dinheiro público.

“Nossa fórmula de sucesso parte de uma administração continuada. No planejamento que fizemos em 2010, pensamos até 2030. Revisamos de 2015 para chegar até 2020. E na nova revisão traçamos até 2030. Onde estamos e até onde queremos chegar. O reflexo disso vem na avenida. Nós uniformizamos nossa linguagem e isso traz a comunidade para perto. Muito se engana quem diz que não temos comunidade. Abrangemos toda região 1, que territorialmente inclui Centro, Itapuã, Praia da Costa, Aribiri, Soteco e um pedaço de Santa Ines. Nosso alcance é grande. Um trabalho sério que fazemos o ano inteiro. Nosso barracão ficou pronto na última terça-feira. A cada dia durante o ano havia um cronograma e ele precisava ser executado. O carnaval da MUG hoje gira em torno de 1 milhão e 200 mil reais e apenas 1/4 disso vem de financiamento público. A maior parte nós já desenvolvemos e caminhamos para auto sustentabilidade. Quando afirmarmos que não dependemos mais de subvenção, é porque chegamos onde planejávamos. Queremos ser independentes”.

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Assim como no Rio de Janeiro, os famosos “sambas encomendados” também criam polêmicas no Espírito Santo. A MUG é uma das escolas que abriu mão da disputa e cabe a aos compositores Diego Nicolau e Dudu Nobre escreverem o samba. Sobre esse assunto Patrick afirmou que sempre existirão dois lados numa disputa, mas cabe a gestão da escola tomar a atitude certa.

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“É uma faca de dois gumes a disputa de samba enredo. Nós temos primeiro que entender quem faz parte da MUG. Na disputa de samba-enredo acaba fragmentando a escola. A direção vê como um todo, mas alguns compositores e torcidas não encaram isso de maneira madura. É uma pena porque não conseguimos fomentar a nossa ala. Em contra partida, fomentamos a escola por inteira. Infelizmente abrimos mão de uma coisa para ter outra. O bom é que as pessoas que se sentem insatisfeitas acabam comprando a ideia e cantando o samba-enredo. Não compensa ter uma comunidade enfraquecida por causa de uma disputa. Fora que tecnicamente com um samba encomendado temos quase que a certeza do 10”, declarou Patrick.

Setor 1

“Pindó-rama – o delírio antropofágico”.

Setor 2

“Cúmplice feitiço – o pássaro de fogo”.

Setor 3

“Sumé – o espírito conciliador”.

Setor 4

“Reluz a tribo cintilante”

Setor 5

“O derradeiro paraíso – as águas cor de esmeralda”

Carnaval Capixaba: ainda mordida de 2019, Novo Império levará as mazelas infantis para avenida

Por Vinicius Vasconcelos

Nos últimos anos as escolas de samba tem observado que carnavais com tons críticos são cada vez mais necessários. Não a toa, a Mangueira sagrou-se campeã no Rio de Janeiro em 2019 e Beija-Flor em 2018.

Terceira colocada no último desfile capixaba, a Novo Império mais uma vez resolve dar luz um tema social. Se em 2019 as vozes femininas ecoaram pelo sambão do povo, pra 2020 a escola opta por mostrar os direitos das crianças. Em “O bê-a-bá dos guris” o fio condutor será o Estatuto da Criança e do Adolescente que completa 30 anos. Em conversa com o site CARNAVALESCO, o artista Petterson Alves, que assina pelo segundo ano o carnaval da escola, confidenciou que mais uma vez o enredo não foi idealizado por ele. E sim, desenvolvido a partir de uma ideia que partiu dos gestores da escola.

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“O enredo foi proposto pela diretoria. É meu porque desenvolvi, mas não foi idealizado por mim. Veio de indicação dos diretores a partir de uma ideia da nossa porta-bandeira mirim, filha do presidente. Ela queira ver um dia as crianças sendo homenageadas. Será uma grande festa multicolorida, apesar de ser um enredo politicamente social. Vamos levar um universo infantil bem colorido. Claro que tem a parte sombria, do mundo sem direitos e sem sonhos. Começamos na década de 80 com a chacina na Candelária. O ponto de partida é o ECA, que ja existia, mas passou a entrar mais em vigor a partir daí. A gente começa a desfolhar o Estatuto mostrando direitos mais básicos para não confundir a cabeça do folião. As pessoas vão entender porque se tornou um enredo didático, você olha, compreende, aplaude e o 10 é garantido”, explica Petterson.

Sobre enredos com pegada mais crítica, Petterson exalta a coragem dos dirigentes da escola em mostrar as mazelas vividas pela sociedade, mas ressalta que é preciso ter tato para que a agremiação nao seja prejudicada.

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“Tem que ter cuidado para fazer enredo social no carnaval capixaba. Porque ainda é movido e sustentado pelos políticos. É necessário ter cautela para o carnaval não ser retalhado. As escolas de Vitória não são autosustentáveis para fazer enredo com essa pegada e não atingir ninguém, existe um receio de minha parte, com medo de respingar na instituição depois. O carnaval ainda não tem essa preparação para usar da vitrine do desfile um meio de questionamento”.

De contrato renovado e com próximo enredo já em desenvolvimento, o carnavalesco afirma que se sente em casa na escola mesmo com apenas dois anos de convivência.

“Ainda não cheguei onde quero na Novo Império. Que é levar uma escola pomposa e luxuosa. Renovei com a diretoria independente do resultado, acredito que todos estejam felizes. Foi um desejo da própria gestão. Aceitei o convite e acredito que para 2021 vou chegar onde pretendo, com máxima suntuosidade e glamour, até porque o enredo é meu e não proposto pela diretoria”, ressalta.

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Pouco tempo depois do período eleitoral, com as agressões dominando as redes sociais, Petterson chegou a ser chamado de “esquerdista” por algumas pessoas que o seguem. Mas, ele garante que sua posição nessa história é uma só.

“Não sou político. Algumas pessoas podem ouvir isso e não acreditar. Me chamam de esquerdista, respondo dizendo que não sou direita nem esquerda, sou pra frente. O poder público deixa educação para último lugar, sendo que é o pilar de um futuro positivo. Isso não pode ser esquecido por um presidente da república”.

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A história de Petterson Alves e da azul, branco e rosa de Caratoíra vai muito além desses dois últimos carnavais. A mãe do artista foi porta-bandeira na agremiação no ano do primeiro título, 1978. Ciente da responsabilidade e das coincidências, ele afirma que o campeonato é consequência de um trabalho bem feito e que a Novo Império irá surpreender.

“Já passou da hora da Novo Império ganhar carnaval. Acertamos na trave em 2019, vamos ver se o gol sai esse ano. O carnaval precisa acontecer no dia. Trabalhamos exaustivamente para que tudo passe na Avenida de forma correta. A escola pode estar banhada a ouro, mas estática é uma coisa, em movimento é outra. Só existe a chance de título quando o ultimo componente passa da linha amarela”, finalizou.

Setor 1

Caos infantil, um apocalipse urbano. Mundo sombrio e sem sonhos. Onde as crianças abandonam suas famílias e ganham a rua. Lá, começam a construir o suposto sonho dentro de um submundo de escuridão, fome, abandono, miséria, falta de educação.

Setor 2

O princípio básico: a saúde. O alicerce para toda criança. Vacinação, banho, alimentação. O direito a vida.

Setor 3 e 4

O direito de brincar.

Setor 5

Passaporte para o futuro: A educação o caminho para o mundo.

Mocidade realiza exposição inédita sobre o enredo ‘Elza Deusa Soares’

A Mocidade Independente de Padre Miguel, famosa pelo seu espírito vanguardista, segue inovando em 2020. A agremiação é a primeira escola de samba a ter um enredo como tema de exposição antes mesmo do desfile. O desfile “Elza Deusa Soares” acontece só no dia 24 de fevereiro, mas quem for para a Biblioteca Park Estadual entre 10 de fevereiro e 20 de fevereiro poderá mergulhar naquilo que a agremiação pretende mostrar na Avenida. Algumas fantasias serão expostas, assim como explicações sobre o desenvolvimento do tema, vídeos, fotos, e o trono que Elza desfilou em 2019. Haverá também sorteio de um par de fantasias e rodas semanais de bate-papo com personalidades da escola, do samba e da cidade.

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Na próxima terça-feira irá rolar às 18h um debate sobre “mulheres negras na música”. Já confirmaram presença Teresa Cristina, Silvia Duffrayer e Milena Wainer intérprete do carro de som da Mocidade. Na primeira terça-feira, inaugurando a exposição, houve uma mesa debatendo a importância deste enredo para a cultura do país. Participaram a jornalista Flávia Oliveira, Fábio Fabato, Renato Buarque, integrante do departamento cultural da Mocidade. Além das participações da secretária Danielle Barros e de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro e o Rodrigo de Castro Subsecretário de Promoção de Eventos do Rio.

Elza Soares nasceu na favela carioca de Moça Bonita, a atual Vila Vintém, e sempre foi um desejo do torcedor da Mocidade que a cantora virasse tema da escola. Este ano, enfim, o sonho foi realizado. Em sua trajetória, Elza passou por diversas adversidades, mas sempre dando a volta por cima e contribuindo de diferentes formas para a cultura de nosso país. Quem for à exposição poderá contribuir com a arrecadação de alimentos para moradores de áreas carentes. A exposição terá a curadoria do departamento cultural da Mocidade e a organização da agência Twelve. Renato Buarque, integrante do departamento cultural da escola reforçou a importância do evento.

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“Não há momento mais oportuno para uma exposição pioneira como essa tomar forma, justamente no ano em que a Mocidade homenageia em seu enredo uma personalidade com identificação tão forte com a escola e tão importante para a música brasileira. Elza merece todas as homenagens possíveis, e é muito gratificante poder mostrar a todos de alguma forma a linda história que ela tem com a Mocidade. Fizemos a pesquisa com muito carinho”, diz Renato.

A Agência Twelve Marketing, que atende a Mocidade Independente de Padre Miguel, desde quando o enredo foi anunciado, pensou nesta exposição sabendo toda força que a Elza Soares tem.

“A gente precisa valorizar essa mulher. Elza Soares é incrível. Um ícone. Foi a escolha perfeita da escola. Precisávamos colocar este projeto na rua. Projetos culturais aliados a experiências de marcas aos consumidores são os nossos
objetivos. E já projetamos um projeto ainda maior para 2021”, declara Bryan Clem, CEO da Twelve MKT.