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Galeria de Fotos: Desfile da Vigário Geral no Carnaval 2020

Ziriguidum de Fernando Pinto nos “Elos da eternidade” da Ponte

Desfilando pela segunda vez na Unidos da Ponte, o casal Daniele Nascimento, 40 anos, e Heitor Nascimento, 41, vestia a fantasia “Fernando Pinto e o Ziriguidum pra lá do Século XXI”. Representando uma capacidade de pensar o futuro através do carnaval.

A fantasia era leve, permitindo que o componente brincasse carnaval com facilidade. A leitura clara, remetendo ao estilo desenvolvido por Fernando Pinto no desfile campeão na Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1985. Os detalhes futuristas prateados eram homenagem aos artistas que, assim como o consagrado carnavalesco, trataram em suas obras as transformações. O capacete e a saia em forma de nave espacial eram feitos com material simples mas com bom acabamento. Cores cítricas reforçavam as referências ao desfile da escola da Zona Oeste.

ponte fernando pinto

Emocionado, Heitor declarou que seu amor pela ponte vem desde a adolescência.

“Estreei na escola no ano passado e agora não deixo mais de desfilar. O amor pela Ponte eu não consigo explicar, é como time de futebol”, explicou o morador da comunidade de São João de Meriti. Sua esposa Daniele ressaltou a leveza e beleza da fantasia.

“Deu pra evoluir muito bem pois a fantasia é bem leve. Nós desfilamos com muita garra”, contou.

 

Com muitos problemas no módulo visual, Barroca Zona Sul abre Grupo Especial de São Paulo sem brilho

Por Guilherme Ayupp. Fotos: Magaiver Fernandes

Barroca desfile2020113A Barroca Zona Sul foi a primeira agremiação  desfilar na noite desta sexta-feira de carnaval no Sambódromo do Anhembi, abrindo os caminhos para as duas noites de apresentações do Grupo Especial de São Paulo. Vice-campeã do Acesso 1 em 2019, o Barroca apresentou-se com o enredo ‘Benguela… a Barroca clama a ti Tereza!’. A escola enfrentou problemas em seu módulo visual e encerrou seu desfile em cima do tempo máximo permitido, mas teve de lidar com uma caótica dispersão.

Retornando para o Grupo Especial 14 anos depois de sua passagem, a escola demonstrou ter uma estrutura distante das grandes escolas acostumadas à elite. Muito simples, esteve com um conjunto visual que não é característico de Grupo Especial. De positivo  garra da comunidade que esteve muito bem no canto, impulsionados por um bom desempenho da bateria e do carro de som.

Comissão de Frente

Barroca desfile2020135Coreografada pelos profissionais Alê Batista e Thais Seixas, a comissão de frente da Barroca Zona Sul se apresentou intitulada ‘Do ventre das yabás, o nascimento de Tereza de Benguela’. O conceito da apresentação trazia um plano espiritual, habitado por orixás.Em dado momento, Obatalá convoca cinco yabás, onde cada uma delas entregava um pedaço de si para que fosse gerado o clamor na terra. No fim da apresentação cada orixá feminino entregou um sentimento que juntos formaram a figura de Tereza.

A comissão foi um dos pontos de maior interação com o público de todo o desfile. A defesa da apresentação disponível na pasta enviada pela escola à liga esteve condizente com o que foi mostrado nas torres de julgamento. O destaque ficou a cargo da finalização, com  Tereza de Benguela flutuando no tripé, causando aplausos da plateia. Uma apresentação singela e emocionante.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Barroca desfile2020041O primeiro casal, Igor Sena e Lenita Magrini desfilou representando o orixá Oxossi, no caso do mestre-sala e a homenageada do enredo, Tereza de Benguela, no caso da porta-bandeira. A apresentação da dupla teve a intenção de mostrar o padroeiro da agremiação, que é Oxossi, enredo campeão em 2019. Ele conduziu Tereza em sua caminhada pelas matas de Mato Grosso, por conhecer os caminhos e mistérios da floresta.

Bela indumentária da dupla, que se apresentou com movimentos firmes e finalizações corretas. Também demonstraram grande entrosamento e o importante romance na troca de gestuais que confere toda a elegância ao quesito. AA exibição do pavilhão também se deu de forma correta.

Enredo

Barroca desfile2020042Para homenagear Tereza de Benguela, a Barroca Zona Sul iniciou seu enredo no plano espiritual, onde Obatalá convoca orixás femininas (Yabás) para que cada uma delas, através de um pedaço de si, gerasse Tereza. Com a ala de baianas representando pretas velhas e o primeiro casal personificando Oxóssi e a própria Tereza, a verde e rosa iniciou o desenvolvimento de seu tema. O sequenciamento do enredo se dá com a vinda de Tereza para o Brasil, onde hoje se encontra o estado do Mato Grosso. A rica natureza da região foi exibida através da segunda alegoria do desfile. Em seguida o desfile trouxe o Vale do Guaporé, onde Tereza conheceu indígenas, também escravizados. O Quilombo do Quariterê, fundado por Tereza e seu marido José Piolho, esteve representado no desfile. A homenageada se tornaria líder do Quilombo. A destruição do local pela Coroa Portuguesa pode ser vista representada no quarto carro da Barroca. A morte de Tereza, que se mata por não suportar a opressão, encerra a explanação do enredo. Através de outras figuras femininas negras, como Marielle Franco, a escola deixou a mensagem de que a heroína homenageada vive através do dia internacional da mulher negra, comemorado sempre em 25 de julho, data de sua morte.

A apresentação do enredo, de acordo com a pasta do quesito se deu de maneira coerente com a setorização de alas e alegorias defendidas. Os figurinos e carros estavam de fácil leitura, o que tornou os setores compreensíveis.

Alegorias e adereços

Barroca desfile2020044A Barroca Zona Sul passou pelo Sambódromo do Anhembi com cinco alegorias. O abre-alas, ‘Benguela. Nação de Angola. Mão África’ trazia o local de origem da homenageada, encerrando  parte introdutória do enredo. O segundo carro, ‘Mato Grosso, um eldorado no coração do Brasil’ representou a região do Brasil para onde Tereza veio trazida, escravizada. O terceiro carro da Barroca representava o Quilombo do Quariterê, fundado por Tereza. ‘A destruição de um sonho’ foi a quarta alegoria do desfile, que trazia a destruição do Quilombo. Através do carro ‘Dia internacional da mulher negra’, a verde e rosa fechou seu desfile. O carro representou o legado de Tereza.

O primeiro carro tinha soluções estéticas com pouco apuro e uso de materiais excessivamente simples, tirando o brilho esperado de um abre-alas. Na terceira alegoria havia uma única escultura que estava desproporcional ao restante do carro, causando um desconforto no conjunto visual do carro em questão.

Fantasias

Barroca desfile2020036Através de cinco setores, a Barroca distribuiu suas 20 alas no afã de contar a história de uma das mulheres negras mais importantes de nossa história. Na introdução do desfile, vieram as baianas, que representaram as pretas velhas, com bênção e proteção. Localizada no segundo setor do desfile, mas como uma ala móvel, a bateria veio representando ‘o som, a fé e a coragem negra em plena floresta’. Os passistas representaram no desfile a Tereza como líder quilombola.

Tal qual o conjunto de alegorias, as fantasias, embora estivessem de fácil leitura, não receberam o apuro estético devido para o que se espera de um desfile do Grupo Especial. A ala de baianas estava com um indumentária muito simples. Destaque para a ala que veio à frente da terceira alegoria, que era bastante leve mas conseguiu boa reunião de materiais deixando boa impressão.

Samba-Enredo

Barroca desfile2020138No aspecto da adequação da letra ao enredo, conforme defendido na pasta o samba cumpriu seu papel corretamente. Além disso teve excelente rendimento na voz do intérprete Pixulé, estreante no Grupo Especial de São Paulo. A obra impulsionou o módulo musical da apresentação da Barroca e deixou ótima impressão na pista do Anhembi, comprovando ser uma das melhores obras do carnaval deste ano.

Evolução

Barroca desfile2020073Quesito problemático no desfile da Barroca. Embora alas estivessem soltas, sem organização militar e com componentes brincando bastante, houve diversas irregularidades. Quando as primeiras alegorias começaram a deixar a pista e alcançar a dispersão, a evolução se tornou muito lenta destoando do início do desfile. Após a chegada da última alegoria, a bateria precisou contornar o carro para conseguir deixar a pista. A dispersão se tornou uma pedra no sapato neste quesito.

Harmonia

Barroca desfile2020082Bom desempenho da harmonia no desfile da Barroca. As las cantaram o samba com muita garra e emoção, como pedia a obra. Após o abre-alas uma ala coreografada apresentou grande desempenho, fazendo sua coreografia com correção, sem deixar de cantar muito o samba-enredo. O desempenho dos componentes contagiou o público nas frisas e camarotes, que começaram a cantar junto. Destaque também para o entrosamento entre o carro de som e a bateria.

Bateria

Barroca desfile2020083Junto com  comissão de frente, um dos pontos altos do desfile da Barroca. Cumprindo o que determina o manual do julgador para 2020, os comandados de Acerola de Angola deram um show de bossas e convenções. Em um determinado trecho da obra a bateria fazia um paradão para permitir o canto da escola. A entrada do recuo foi com uma convenção, bem em frente à torre de julgamento. Um show.

Unidos da Ponte leva Monalisa em uma de suas alas

Com o enredo “Elos da Eternidade” a Unidos da Ponte prestou homenagem ao pintor Leonardo da Vinci em uma de suas alas. Com acabamento primoroso, a roupa possuía diversos tons de azul e detalhes em dourado. Dando um ar de nobreza ao figurino. Os componentes traziam nas mãos um adereço que também era feito com bastante capricho, reproduzindo a famosa pintura “Monalisa”. Destaque para o chapéu feito com um material que lembra veludo, com forte contraste com o branco e dourado que compõem o visual.

Com 65 anos, Bebel Rosa desfilou na ala “O Sorriso de Monalisa”. A roupa representava o retrato da Gioconda, simbolizando as obras de artes que se tornaram eternas. Em conversa com o site CARNAVALESCO a desfilante explicou a importância da fantasia.

monalisa ponte

“Essa fantasia significa para mim a importância da arte. É uma roupa maravilhosa. Linda, leve, bem feita e com muito capricho. Não tem cola, é tudo costurado na máquina. Não tem nada despencando, nada espetando e nem arranhando. Dá pra sambar a vontade e o adereço é leve. Pra quem sabe sambar, nada atrapalha”, contou a foliã.

Galeria de fotos: desfile da Barroca Zona Sul no Carnaval 2020

Vigário Geral abre o desfile da Série A com problemas estéticos e com comissão de frente empolgando

Por Victor Amancio. Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini

Depois de 21 anos, a Vigário Geral voltou a desfilar na Sapucaí. Chegando da Intendente e abrindo o primeiro dia de desfiles, depois de uma chuva forte, a escola apresentou problemas estéticos com carros e fantasias com problemas de acabamento.

Destaque do desfile foi a comissão de frente que durante as suas apresentações levantou o público, sendo o ponto alto. O samba, de fácil aprendizado, cresceu na voz do interprete Tem-Tem Jr, que segurou e chamou o componente para dentro do desfile. A Vigário desfilou com o enredo “O conto do Vigário”.

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Comissão de Frente

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Do coreógrafo Handerson Big a comissão fez boas apresentações, salvo no primeiro módulo onde o chapéu de um dos integrantes caiu durante a execução. A comissão trazia ovelhas e um pastor que durante a apresentação se tornava um juiz, fazendo referência, aparentemente, ao juiz Sérgio Moro. No início da comissão esse líder coordena as ovelhas vestidas com a blusa do Brasil que levantavam placas com frases ditas por políticos do país e uma parcela da população como: “Meu partido é o Brasil”, “Não a ideologia de gênero”, “Fim da velha política” e etc, as ovelhas no ponto alto da apresentação se rebelam contra o juiz e encerram a coreografia com ele preso. Bem executada e dançada foi um dos destaques da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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O casal Jefferson Gomes e Paulinha Penteado veio com a fantasia representando o Cruzeiro do Sul. Por conta da pista molhada o casal pareceu inseguro e com falta de sincronia. Fazendo uma coreografia bonita, dançando afro em um trecho da apresentação e usando referências do samba, como no trecho “Pra santo que nem olha para favela”, fazendo um gesto tapando os olhos.

Harmonia

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Abrindo o carnaval da Série A e enfrentando a Sapucaí depois da chuva a escola cantou bem apenas com alguns componentes passando sem cantar. O intérprete Tem-Tem Jr segurou bem a responsabilidade de levar a escola e fez uma apresentação positiva, sem deixar o samba cair. Bateria e carro de som sincronizados, sem erros perceptíveis.

Enredo

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O enredo foi bem desenvolvido, com fantasias de fácil leitura e entendimento. Os carros e o tripé faziam referências diretas ao enredo, um ponto positivo para escola. Contudo, um ponto pode prejudicar a escola, as alas 21 e 22 ao invés de estar uma seguida da outra como sugeria o roteiro de desfile foram separadas pela presença da musa Akua Apraku, que inicialmente viria após essas duas alas.

Evolução

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Evoluindo bem, sem correria ou lentidão a escola desempenhou bem o papel do quesito, salvo alguns componentes que não evoluíam e apenas andavam durante o desfile, atrapalhando a escola e o quesito. No final do desfile isso aconteceu com mais frequência, em especial com a ala 13, que passou quase por completa sem evoluir.

Samba

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O samba deu conta do enredo da escola, tem letra fácil e funcionou para o desfile. O refrão funcionou sendo o trecho mais cantado pela escola e foi possível ver o público acompanhando nesse trecho.

Fantasias

palhaco presidente vigario

Fantasias com materiais funcionais que deram um efeito visual positivo para escola e melhoraram a parte visual que veio desfalcada por conta da crise financeira que atinge as escolas. Palha, acetato foram materiais usados no desfile e deram um efeito bonito. Por mais que os materiais foram um acerto, a escola teve problema com fantasias caindo e desmontando ao decorrer do desfile como as alas 2, 6, 11 e 14.

Alegorias

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O maior problema da escola que passou com os carros mal acabados. O abre-alas tinha ferro exposto na asa da arara central do carro e fios expostos. De fácil leitura o primeiro era acoplado e trazia na parte da frente o paraíso e a parte de trás a chegada do colonizador. O segundo carro tinha uma escultura relativamente grande, mas o braço parecia estar solto e dava para perceber os ferros que o seguravam.

O tripé que vinha no final do desfile, com muitos problemas estéticos, agradou o público por conta da crítica direta ao presidente Jair Bolsonaro, um palhaço com faixa presidencial e fazendo o símbolo de arma com uma das mãos. De forma geral os carros apresentaram a proposta do enredo e cumpriram a missão do enredo.

Outros Destaques

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A rainha Eligi Oliveira levantou o público em uma das bossas quando a bateria abria para sua entrada, ela sambou bem e desempenhou de forma majestosa seu papel.

Capatazes de Maria Conga se tornaram demônios perseguidores no desfile da Rocinha

Alessandra rocinha

Segunda escola a pisar na Marquês de Sapucaí, a Rocinha apresentou na avenida a história de Maria Conga, princesa congolesa retirada de seu país para ser escravizada no Brasil. Ela fundou um Quilombo na cidade de Magé para proteger negros fugidos de seus senhorios. A sétima ala da agremiação retratou os capitães do mato, homens que a perseguiram, inconformados com a luta de Maria pela liberdade e direito dos negros.

Intitulada “Demônio Perseguidor”, a ala trouxe uma fantasia sombria e de tons escuros. Uma criatura verde, parecida com um dragão, adornou os ombros do componente. A integrante Rosannea Pereira, que comemorou seu aniversário de 58 anos na Avenida junto com a agremiação, afirmou que gostou muito da representatividade desse ser místico como um monstro que vagava atrás dos negros

Rosanea rocinha

“Essa ala é muito importante para o contexto da vida de Maria Conga e é bacana porque foi citada no samba da escola”, disse a componente Alessandra Rodrigues, de 40 anos. O traje, formado por uma calça cinza, blusa marrom e chapéu preto, remeteu exatamente às roupas usadas pelos capitães do mato. Como adereço, os integrantes carregaram nas mãos um chicote, objeto cruel utilizado para castigar os escravizados.

Alegoria da Vigário Geral relembra o grande golpe do Santo do Pau Oco

carrovigario

A segunda alegoria da Acadêmicos de Vigário Geral era uma referência ao período colonial em que os comerciantes contrabandeavam ouro dentro de imagens de santos para fugir dos impostos feitos pela Coroa. Assim como os escravos, que escondiam o ouro no cabelo para comprar sua alforria. O site CARNAVALESCO conversou com os componentes da alegoria sobre esse ‘jeitinho brasileiro’ que se perpetua até hoje.

Para Raquel Careiros, 32, as coisas não mudaram muito. “Tem tudo a ver com a atual política brasileira, onde todo mundo faz cara de santo, mas no fundo todo mundo tem alguma coisa a esconder.”

A alegoria denominada Santo do Pau Oco trazia um santo no alto do carro, que estava revestido de um amarelo cor de ouro. Com um acabamento aparentemente prejudicado. Na parte inferior do carro havia velas juntos aos santos e anjos que compunham a alegoria.

Na frente da alegoria, uma grande escultura que mostrava com clareza as imperfeições e defeitos do acabamento. Os destaques presentes no carro representavam também a riqueza contrabandeada e o quinto, o imposto real.

“Essa história que o carro traz a gente acaba vendo que é uma coisa que ainda acontece hoje em dia, mesmo que de uma forma diferente. Como o próprio samba diz, ‘a gente acende vela pro santo que nem olha pra favela’, só olham pra gente em época de eleições, prometendo favores. E o enredo também vem contando que o povo sonhava com uma nova história, uma nova eleição.”, contou Allan Pelloso, 32.