Por Raphael Lacerda e fotos de Nelson Malfacini

Com o enredo “Debret pintou, camelô gritou: ‘Compre 2, leve 3! Tudo para agradar o freguês”, a Inocentes de Belford Roxo foi a quarta agremiação a desfilar nesta sexta-feira de Carnaval. Marcada por um desfile luxuoso com grandes alegorias e bem acabado, a Caçulinha da Baixada também teve como destaques o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e a alegria da comunidade. Apesar do bom desfile, a escola de samba apresentou problemas de evolução e chegou a ter um buraco em frente ao primeiro módulo de jurados, que é uma cabine dupla.

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Comissão de Frente

Comandada pela coreógrafa Juliana Frathane, a comissão de frente representou o primeiro baile imperial realizado por Dom João VI. Entre os ilustres convidados, surgia um camelô que apresentava o comércio ambulante da época. Com 15 bailarinos – sete mulheres e oito homens -, a equipe fez uma apresentação rica em detalhes. Destaque para a troca de roupas durante a transição entre os momentos da apresentação.

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Apesar da ótima performance, o tripé do segmento travou no primeiro módulo e ocasionou um buraco ao final da apresentação. Já no terceiro módulo, um adereço da fantasia caiu da cabeça de uma das componentes.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla fez uma homenagem à Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião. Luxuosa, a fantasia do mestre-sala Matheus Santos homenageou o padroeiro do Rio de Janeiro, enquanto a da porta-bandeira Jaçanã Ribeiro representou Nossa Senhora do Carmo. Com um estilo mais clássico, o primeiro casal apresentou muita sincronia, e expressão entre os dois. Experiente, Jaçanã conduziu o pavilhão com muita classe. Destaque, também, para os torneados e o maneio do mestre-sala. A apresentação foi muito positiva em todas as cabines de julgamento. A dupla foi apresentada pelo primeiro casal do Paraíso do Tuiuti, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane.

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Enredo

Com o enredo “Debret pintou, camelô gritou: compre 2 leve 3! Tudo para agradar o freguês”, dos carnavalescos Marco Falleiros e Cristiano Bara, a Caçulinha da Baixada levou para a Avenida a arte dos camelôs e a importância do comércio ambulante ao longo da história do país. A agremiação usou as pinturas de Debret como inspiração para o desfile. Os carnavalescos abusaram da criatividade e conseguiram passar a mensagem do enredo de forma bem simples e alegre.

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Alegorias

A Inocentes desfilou com três alegorias e três tripés – sendo um deles na comissão de frente. O abre-alas, que representou “A embarcação e a visão do paraíso tropical”, levou para a Avenida a chegada da missão francesa em terras brasileiras e o cenário tropical deslumbrante. À frente da embarcação, a mulher sereia – que segundo a lenda levava sorte, pacificava os deuses do mar e garantia o bom tempo – chamou atenção pelo bom acabamento. Destaque para a terceira alegoria, que representou o comércio ambulante nos trens do ramal Belford Roxo e retratou com fidelidade o dia a dia dos trilhos fluminenses. Passando pelo bairro de Madureira – representado pelo mercadão e pelas bandeiras do Império Serrano e da Portela -, Pavuna e, finalmente, a Central do Brasil. O segundo tripé representou o Baú da Felicidade, e trouxe a representação de Silvio Santos – que foi camelô da Zona Norte do Rio de Janeiro.

* LEIA AQUI: Inocentes abraça comércio popular de todo o país com setor sobre imigrantes e mercados populares

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Fantasias

Assim como as alegorias, as fantasias chamaram atenção pela luxuosidade, riqueza de detalhes e pelo bom acabamento. Os destaques foram as baianas, que representaram a mãe de Dom João VI – à época apelidada de louca devido aos seus surtos psicóticos -, e a ala nove, que fez referência aos comerciantes chineses. Cada ala representou fielmente a diversidade do comércio ambulante no país.

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Harmonia

Comandante do carro de som de Belford Roxo, o intérprete Thiago Britto conduziu o desfile da agremiação com muita maestria. A comunidade abraçou o samba-enredo e mostrou um canto regular – para bom – e cantaram de forma muito satisfatória. Ao todo, a harmonia da escola fez um bom trabalho e não mostrou discrepância entre as alas.

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Samba-enredo

A obra, de autoria dos compositores Cláudio Russo, Thiago Brito, Zé Luíz, Chico Alves, André Félix e Altamiro, apresentou um bom rendimento na avenida e realçou o tom alegre da mensagem do enredo. O ápice entre os componentes foi no refrão “Você não vai comprar a minha alegria”. A melodia do samba também facilitou o canto da comunidade.

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Evolução

Ainda na primeira cabine, o tripé da comissão de frente enfrentou dificuldades, o que resultou em buraco de frente aos jurados. No terceiro módulo, o tripé que representou Debret também evoluiu com dificuldades, mas não ocasionou grandes espaços. Já os componentes fizeram jus ao enredo, e desfilaram com muita alegria e leveza. Outro destaque negativo foi o grande número de pessoas com camisa de diretoria, que caminhavam pela lateral de diversas alas. O desfile foi encerrado aos 55 minutos.

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Outros Destaques

Destaque para o bom entrosamento entre o carro de som e a bateria do mestre Washington Paz, que foi fundamental para levantar o canto da comunidade da Caçulinha da Baixada.