A Estácio de Sá foi a quinta escola a desfilar nesta sexta-feira, no primeiro dia de desfile da Série Ouro do Carnaval carioca. Em seu segundo carro, chamado de “Terrível travessia: fé e proteção”, a escola mostrou o poder feminino e como, através da fé crenças, o amor materno foi essencial para resistir à luta.

O carro trazia um barco preto, representando a luta dos negros que atravessaram o oceano. Na frente, dois peixes foram colocados em cima de uma estrela do mar com detalhes azul.

A agremiação retratou em seu enredo a trajetória de “Kianda e Mwana Ya Sanza”, Cambinda e Maria Conga, duas mulheres que, desde jovens, foram submetidas à escravidão, mas lutaram incansavelmente para manter viva sua herança cultural.

Jessica Pinha, de 43 anos, é pediatra e estava feliz e ansiosa por estar representando seu pavilhão pelo décimo ano consecutivo. “É muita emoção!”, disse emocionada. “A Estácio foi a primeira escola de samba, e o enredo deste ano fortalece as mulheres, principalmente as negras. Esse carro aqui representa um pouco disso, dessa luta das mulheres”.

A narrativa serviu como elo para explorar a tenacidade dos povos africanos trazidos ao Brasil ao longo da história e como conseguiram preservar sua identidade, apesar dos desafios cruéis impostos pelo sistema escravista.

A francesa Claire Poriel, é apaixonada pelo Carnaval carioca. Falando o português fluente, ela conhece a escola e veio preparada e sabendo de tudo sobre o carro em que desfila. “Eu sou francesa, vou desfilar pela primeira vez aqui no Carnaval do Rio. Então, eu fico com muita emoção. Bom, eu li que esta é a primeira escola de samba”, disse com os olhos brilhantes.

Fátima Tavares, de 66 anos, é professora e ritmista no chocalho. Foi convidada a desfilar no carro este ano e está “experimentando a sensação”. Ela defende o enredo e a alegoria da escola: “É porque a mulher agora, graças a Deus, está sendo mais valorizada. A gente está externando toda a problemática social. Eu estou aqui representando a luta, as guerreiras, as poderosas, que estão assim botando para quebrar na nossa sociedade”.

“É sobre a história ancestral. Porque fala também da Maria Conga e tudo isso. São as mulheres, a força da mãe, da feminilidade. É Perfeito”, completou Claire.