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De sambista para sambista! Segunda edição do festival Guardiões da Favela faz história e conquista público

Um carnaval fora de época. A Cidade do Samba recebeu no último sábado a segunda edição do Guardiões da Favela, organizado pela Acadêmicos do Grande Rio para promover a integração entre as baterias das agremiações. Com 14 horas seguidas de duração, passaram pelo palco do evento 11 escolas do Grupo Especial, três da Série Ouro e duas de São Paulo. Segundo mestre Fafá, que comanda a bateria da tricolor de Caxias e idealizador do festival, o encontro buscou valorizar o espetáculo do carnaval em todo o país e foi abraçado pelo povo do carnaval.

Fotos de Valber Luis/Divulgação

Os ingressos foram vendidos por cerca de R$ 30 e cada agremiação recebeu cerca de 300 a 400. Abraçado pelas coirmãs e aprovado pelo público, a próxima edição do Guardiões tende a ser muito maior. Fafá revelou que a proposta para o próximo ano é dar mais espaço para a Série Ouro e convidar, também, as escolas mirins e da Intendente Magalhães. Segundo ele, a iniciativa é importante para valorizar todo o carnaval brasileiro.

“Acredito que deva ter essa inclusão. Também vamos aumentar o número de escolas do Grupo de Acesso e cada vez mais vamos melhorar a estrutura. Esperamos que se mantenha aqui ou vá para um lugar maior. Tem que ter essa integração não só daqui ou com São Paulo. Acredito que a intenção dos Guardiões é ter uma integração também com o Espírito Santo, Porto Alegre, Manaus, Belém, para mostrar que o nosso carnaval é forte em todos os lugares”, contou o mestre de bateria.

A primeira edição foi realizada na quadra da Grande Rio, em Duque de Caxias, e não comportou o público presente. A partir daí surgiu a iniciativa de buscar um local maior. Fafá acredita que a iniciativa tem o papel de valorizar os ritmistas e mestres de bateria. Imagens de grandes nomes que passaram pela bateria da escola decoravam a Cidade do Samba.

“Hoje, com a Cidade do Samba do jeito que está, vejo que a galera comprou a ideia. O nosso intuito é valorizar os mestres. Colocamos um banner com todos os mestres que passaram pela Grande Rio – só faltou o mestre Maurício, que não conseguimos achar nenhuma foto. Valorizar ritmistas, mestres e diretores é algo que precisa ser feito. É uma galera apaixonada e que se dedica muito. Queria agradecer a todos que ajudaram. Espero que a gente consiga estruturar cada vez mais o Guardiões da Favela”, diz.

Idealizador do festival junto com Fafá, o diretor social da Grande Rio, Mozart Dalua, conta que o planejamento da segunda edição teve início três meses após a primeira.

“A Grande Rio estava condicionada a só fazer ensaio técnico. Daí o Fafá pensou em fazer uma festa. A primeira edição foi um sucesso e a quadra não comportou. Na procura por um lugar maior, chegamos a pensar na Apoteose, mas seria muito grande. Essa edição também foi um sucesso e no próximo ano vamos tentar crescer ainda mais. O espaço é muito bom e tem uma integração além das apresentações”, ressalta Dalua.

De acordo com ele, os paulistas compareceram em peso e representaram quase metade dos ingressos comercializados. Para representar a terra da garoa, foram convidadas a Vai-Vai e o Império da Casa Verde.

Mestre Zoinho, que comanda a bateria do Império da Casa Verde, é um velho conhecido do carnaval carioca. Ele já foi ritmista da Vila Isabel, Unidos da Tijuca e Grande Rio. Na agremiação caxiense, Zoinho chegou a tocar com o mestre Du Gás, pai de Fafá. Ele acredita que a integração entre as baterias representa a luta por um mesmo ideal.

“Considero algo muito importante. Frequento o carnaval do Rio há 23 anos e participo de várias baterias. Estar com a minha bateria fazendo parte dessa festa me deixa muito honrado. A festa é muito boa e o que vale é a integração da galera. São todos juntos lutando pelo mesmo ideal”, comenta o mestre da ‘Barcelona do samba’.

O mestre Nilo Sérgio, que comanda a bateria da Portela, também acredita que festivais como o Guardiões da Favela contribuem para a integração entre os ritmistas. Para ele, as apresentações contribuem, de certa forma, no preparo para a Marquês de Sapucaí.

“Até mesmo para o público saber como as baterias vão se apresentar no dia do desfile. Também ajuda para o pessoal saber o samba e isso é muito importante. A avaliação é positiva. No ano passado tiveram alguns erros, mas acredito que eles acertaram. Precisamos dessa festa”, afirma o mestre da Tabajara do Samba.

Por parte dos ritmistas, a única reclamação foi o extenso horário de duração. Ao CARNAVALESCO, alguns mestres afirmaram que o festival foi aprovado e é muito importante para o carnaval, mas sugeriram que ele seja dividido em dois dias.

Público aprova

O público presente aprovou a segunda edição do Guardiões da Favela. Na ‘invasão’ paulista à Cidade do Samba teve até mãe e filha apaixonadas pelo carnaval carioca. Ivete Tamagnini, 64 anos, empresária e torcedora da Beija-Flor, e a filha Mariani Tamagnini, 41 anos, arquiteta e mangueirense, vieram de Peruíbe para acompanhar o festival. Para Mariani, o encontro foi ‘incrível’.

“Eu amei. Vale cada centavo e cada suor. Ano passado nós fomos na Grande Rio, e como era a primeira edição, algumas coisas precisavam ser acertadas. Neste ano eles se superaram e realmente mandaram muito bem. Com certeza, volto no ano que vem”, diz.

Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Ela conta que o amor pelo carnaval do Rio de Janeiro começou desde cedo, porque os pais tinham uma escola de samba na cidade de Mongaguá. Por influência de um amigo, se apaixonou pela Estação Primeira de Mangueira.

“Meus pais eram carnavalescos de Mongaguá (São Paulo) e sempre teve essa coisa das agremiações do Rio de Janeiro serem o olimpo das escolas de samba. Um colega meu era um mangueirense fanático e apaixonado pela Mangueira, daí eu me apaixonei pelo amor dele”, conta.

Já a mãe, Ivete, comemora seu aniversário nesta semana e ganhou a viagem como presente da filha. Também apaixonada pelo carnaval, ela comandou a Veneno, uma antiga escola de samba de Mongaguá. “Última vez que eu vim para o Rio foi em 1996, quando desfilei pela Beija-Flor. Eu não conhecia a Cidade do Samba. Hoje, quando cheguei aqui, fiquei chorando por meia hora”.

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