A Avenida Amaral Peixoto tem cinco faixas para veículos, extensa em comprimento e largura, a via localizada no coração do Centro de Niterói ficou pequena, mais uma vez, no último domingo para tamanha animação e energia do folião da Viradouro. A escola pisou pela quarta vez nesta temporada no solo da via para confirmar a força de canto que sua comunidade possui e que tem ajudado a escola nos últimos anos a se manter no topo sempre visando a disputa do carnaval. O samba, muito elogiado desde a escolha, mais uma vez esteve na boca do povo e foi ingrediente principal para uma evolução eficiente e potente dos componentes. Como diz a letra do samba escolhido para 2024 “Ê alafiou, Ê alafiá, é o ninho da serpente preparado para lutar”, a comunidade do Barreto está realmente preparada para lutar por esse campeonato e além do brilho no olhar já característico, neste ensaio pode se ver o sangue nos olhos do componente. Em uma noite um pouco mais fria na cidade de Niterói, a Vermelha e Branca do Barreto esquentou o clima e terminou o ensaio com um show final da bateria de mestre Ciça tocando para os passistas e o público em geral se acabar e aproveitar o finzinho do domingo.

O diretor executivo da agremiação, Marcelinho Calil, viu mais um grande ensaio da escola neste domingo, destacando a energia do componente no treino como algo a ser desenvolvido para chegar ainda mais forte na Sapucaí em 2024.

“Achei outro grande ensaio, a gente realmente faz o nosso planejamento para chegar em fevereiro no ápice, no melhor que a escola pode oferecer, acho que para novembro já temos feito ensaios espetaculares, esse foi mais um. A escola evolui bem, a escola responde bem ao andamento do samba, à qualidade do samba, consegue ter a energia necessária, pelo o que vemos aqui, para levar a escola a um grande carnaval. Essa energia vai ser muito facilmente vista com a parte plástica da escola, e o nosso papel aqui é fazer com que ela também seja sentida quando a escola passar na Avenida. Vejo como um saldo muito positivo o ensaio de hoje , como todos os que fizemos na Avenida Amaral Peixoto até agora. Pelo tempo que estamos trabalhando, está até melhor do que eu imaginei”, revela o dirigente.

Sobre o trabalho de canto desenvolvido pela agremiação e os resultados colhidos no ensaio, o diretor de carnaval Dudu Falcão, que divide a direção com Alex Fab, definiu esse processo como uma grande parceria entre comunidade e diretoria.

“Resumir em um recorte só desse ano, eu acho muito pouco, nós estamos na escola há 7 anos e há 7 anos que nós estamos fazendo essa troca com a comunidade, tanto tratando eles no máximo possível bem, entregando fantasias bonitas, no prazo, respeitando a comunidade, e eles respeitando o nosso trabalho. Com isso, em 2023, se preparando para 2024, a escola canta muito, porque é um trabalho feito desde muito tempo atrás para que chegue agora. O samba é bom, e quando a obra é boa já é mais um diretor de harmonia em nosso favor, e essa continuidade, essa troca direto com a comunidade faz com que eles cantem cada vez mais com amor e tudo que se faz com amor vai alto mesmo”, entende Dudu.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

Em 2024 a Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente. Criado e desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo.

Comissão de Frente

Devido ao desgaste dos ensaios diários para o desenvolvimento e aprimoramento da coreografia, além da aproximação de datas dos próximos compromissos como o mini desfile na festa de lançamento do álbum oficial da Liesa marcado para o próximo fim de semana, a dupla de coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri preferiu preservar seu bailarinos para este treino especificamente, ficando a cargo do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira abrir o teste deste domingo na Avenida Ernani Amaral Peixoto.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Sempre muito intensos e com postura impecável, Julinho Nascimento e Rute Alves, brindaram o público na Avenida Amaral Peixoto com mais uma grande apresentação neste trabalho de preparação para o desfile de 2024. Elegantes, a dupla foi para o ensaio em vestimentas em tons mais claros. O vestido de Rute que alternava o preto e o branco produzia um bonito efeito nos giros da porta-bandeira. Os movimentos eram rápidos, mas graciosos, a potência do enredo e o lado mais visceral também estavam presentes. Em um momento de grande ápice, a dupla girava cada um em seu eixo de forma bastante veloz, mas com muita técnica. Outro ponto alto, foi em um momento mais coreográfico, em que o casal executava passos de danças referentes à religião de matriz africana, bem pertinente à temática do enredo. Uma grande exibição, ainda deixando um gostinho de que tem mais coisa boa por vir. Um importante destaque a ser feito é ao segundo casal da escola Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete que vinham logo a frente da bateria e quando possível executavam uma destacada coreografia.

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Harmonia

A Viradouro mais uma vez se mostrou uma escola pronta para desfilar com todas as alas sempre cantando o samba, mostrando facilidade e desenvoltura com a obra, mesmo possuindo alguns trechos mais densos e com termos menos conhecidos. Mesmo em uma acústica mais aberta pelo tamanho da via em que a escola desfila, uma das Avenidas principais de Niterói, impressiona por ser notório a facilidade com que se tem percepção do canto da comunidade e se observa ele de forma empolgada. Alas como baianas, velha-guarda e até mesmo a bateria também participaram de forma intensa do canto da escola e nas deixas da bateria isso ficou ainda mais destacado. O carro de som também foi digno de elogios o entrosamento, com as vozes de apoio sempre prontas para entrar no momento certo do samba, com bom encontro de timbres, apresentando boas construções melódicas e deixando o brilho principal para o intérprete Wander Pires. Sobre essa relação comunidade e carro de som, o diretor executivo Marcelinho Calil apontou que percebeu também uma evolução dos últimos ensaios para cá.

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“O encaixe carro de som, bateria e comunidade, ele vem, graças a Deus, semana a semana ficando com uma sinergia maior. Acho que a gente consegue do domingo passado para esse ter uma sinergia ainda maior, o que reflete nessa manutenção de uma qualidade musical e de uma qualidade de desenvolvimento e evolução da escola, e também do mais importante que é o espírito e energia do folião respondendo na Avenida. O ponto alto para mim foi o conjunto do que foi mostrado”, acredita o dirigente.

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Evolução

Mesmo não contando com a comissão de frente neste ensaio, não houve impressão de uma escola mais rápida ou mais devagar para compensar algo. A evolução se deu de forma fluida, espontânea e com a cara que o enredo pede: potente, intensa, aproveitando os trechos do que o samba chama o componente a desenvolver uma postura mais visceral. Destaque neste domingo também para as alas coreografadas que, sem exageros, protagonizaram um bonito efeito e ajudaram a dar mais corpo de desfile ao ensaio. Em uma delas os componentes carregavam bastões e reproduziram passos voltados para a temática ancestral, com ênfase nas expressões faciais e tudo. Outros componentes levavam bolas nas cores da escola. Não se percebeu nenhum buraco e muito menos alas emboladas. A evolução da Viradouro foi outro ponto destacado pelo diretor de carnaval Dudu Falcão em conversa com o site CARNAVALESCO no final do treino.

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“A evolução da escola é uma evolução muito solta, o componente hoje brinca de verdade, você vê o componente se divertindo no ensaio, e a bateria e nosso carro de som sempre com o ápice do trabalho. E gostaria de destacar hoje também as nossas alas coreografadas que tem feito um trabalho bacana, crescente e cada vez mais vamos ver o impacto mais direto na evolução da escola. É um conjunto de fatores que faz com que as pessoas saiam daqui sempre impressionados com o ensaio”, entende o diretor.

Samba-enredo

Muito elogiado pela escolha, a obra escolhida pela Viradouro para o carnaval 2024 mais uma vez foi um destaque da noite. Com o uso de atabaques na bateria de mestre Ciça, toda a potência e musicalidade africanas estavam presentes no decorrer da apresentação da obra que teve mais uma vez na voz de Wander Pires e de seus carro de som um rendimento muito bom com a composição sendo bastante explorada naquilo que pode entregar na avenida. O uso de terças e as vocalizações de Wander deram outro brilho enquanto as vozes de apoio colocavam potência na obra quando entravam, principalmente nos trechos que mais pediam. Do componente, se viu a letra sendo bastante valorizada, cantada ao máximo, com o destaque sempre natural para o refrão principal “Arroboboi meu pai…”, além do bis anterior “ê alafiou, ê alafiá…”. O intérprete oficial Wander Pires mais uma vez falou sobre as qualidades da obra.

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“Esse samba parece que a gente foi meio que vidente, digo a gente, quando falo dos patrões, seu Marcelo Cali, seu Marcelinho Calil, a direção de carnaval, Alex Fab, Dudu Falcão, a bateria de mestre Ciça, o diretor musical Hugo Bruno, já tinham mais ou menos uma visão do que ia acontecer e a gente está totalmente surpreendido, cada vez mais feliz vendo o resultado, é mais do que a gente esperava. O samba está na boca do povo, na boca da comunidade, na boca da escola, daqui a pouco vai estar na boca da Sapucaí, daqui a pouco na boca do Brasil”, projeta o cantor.

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Outros destaques

A emissora responsável pela transmissão dos desfiles e patrocinadora fez uma gravação para produtos internos antes do ensaio com o cantor Wander Pires, com a bateria e mestre Ciça, além de alguns componentes. O comentarista de carnaval Milton Cunha esteve presente no ensaio ao lado da equipe de TV e foi bastante tietado pelos componentes e por quem assistia o ensaio. Mesmo sem a comissão de frente, os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri participaram do treino, logo à frente da escola, ajudando na organização, em geral, do evento. Sem a rainha Erika Januzza, coube às rainhas da Unidos do Viradouro Mirim a honra de vir à frente da Furacão Vermelho e Branco de mestre Ciça.

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Os ritmistas, aliás, além do bom ritmo, mostraram a intenção de algumas coreografias que devem levar para a Sapucaí. No esquenta, Wander Pires cantou o ” Eu vou me acabar…” de 2001 , além da ” Carta” de 2022 e o samba que homenageia a Santa Rosa Maria Egipcíaca do desfile passado. Em seu discurso motivacional antes do início propriamente dito do desfile, o presidente de honra Marcelo Calil convocou os componentes, lembrando que não se ganha carnaval só com a diretoria, mas a partir do trabalho de três mil pessoas, entre profissionais da escola e os desfilantes.