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Comissão de frente da Mancha Verde é destaque no primeiro ensaio técnico

Com tripé discreto e coreografia bastante longa, componentes abriram muito bem o evento; casal de mestre-sala e porta-bandeira também teve ótima atuação

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Tradicionalmente, o primeiro ensaio técnico da Mancha Verde é utilizado pela escola como uma espécie de descompressão e para reconhecimento do Anhembi. Não foi diferente nesta sexta-feira, quando a agremiação estreou no Sambódromo no ciclo para o carnaval de 2024. Vale destacar a comissão de frente da agremiação, que mostrou-se bem diferente de boa parte das coirmãs ao apresentar o enredo “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”, que será a sexta a desfilar na sexta-feira de carnaval (09 de fevereiro).

Comissão de frente

Primeiro segmento da escola, os componentes surpreenderam em muitos aspectos. O traje, inteiro branco, remetia a uma influência afro – e a presença de uma participante vestida como uma baiana e de um dançarino interpretando Okô, o orixá da agricultura (com direito até mesmo a uma flauta) apenas reforça tal percepção. Outro ponto de surpresa foi a coreografia, bem independente em relação ao samba, exigindo muito mais que uma passada da canção para ser executada em sua plenitude. Por fim, ao invés de tripés que mais parecem uma alegoria pela imponência, a agremiacão optou por um elemento bem discreto, servindo de apoio para algumas bacias – que, em dado momento, são pegas por alguns dos integrantes. A primeira impressão manchista não poderia ser melhor.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Dos casais mais premiados do carnaval paulistano, Marcelo Silva e Adriana Gomes, mais uma vez, encantaram os presentes no Sambódromo. Em tons alviverdes, ambos seguiram a segurança e a prudência, em giros com velocidade mais cadenciada. Em cada movimento coreográfico, porém, era nítido o quanto ambos estão bem ensaiados: até mesmo as piscadas de olho para o público eram dadas simultaneamente.

Mesmo ciente do bom trabalho que fez, Marcelo aproveitou para destacar as reformas pelas quais o Anhembi está passando. “É o décimo primeiro ano juntos, e a gente sempre teve a consciência de que ensaio é para errar inclusive, errar para a gente sentar e conversar, mas eu estou saindo muito sossegado e tranquilo. É óbvio que a gente tem sim que conversar, mas foi um dos primeiros ensaios em que a gente saiu mais tranquilos. A escola deu um suporte para a gente. O nosso suporte de ensaio, o nosso suporte de apresentação para o jurado, cumprindo todos os critérios que a gente precisa cumprir para o jurado na frente do jurado. De verdade, eu saí tranquilo. Eu estou surpreso com a Avenida. A impressão que eu tive é que ela está mais alta, e eu acho que ela tem um desnível e isso me preocupa um pouco. A gente está de fantasia e me preocupa enquanto a minha porta-bandeira está de saia. Eu acho que a gente vai ter que ter uma certa atenção, mas acredito que até o dia do desfile eles vão acertar as coisas. Ela me olha e eu sei do que ela está precisando, ela me olha e ela sabe do que eu estou precisando, e a gente vai adaptando. Nós estamos saindo tranquilos, mas não sossegados. A gente tem sim conversar, a gente tem sim que continuar trabalhando para chegar no dia do desfile prontos”, disse.

Adriana concordou com os pontos abordados pelo parceiro de segmento. É o primeiro ano que a gente sai do primeiro ensaio tão bem. A gente teve que fazer algumas mudanças na coreografia depois que a gente veio para cá. A gente muda a coreografia na quadra e depois que traz para cá tem que mudar um pouquinho, e quando a gente coloca a fantasia muda mais um pouquinho. Acho que tudo encaixou bem. Acho que para o primeiro foi leve, foi tranquilo. Santa Clara nos ajudou, minha santinha, que a chuva não veio, então eu estou saindo muito feliz. Com o critério que teve umas mudanças, acho que a gente conseguiu fazer todos os balizamentos que o critério pede com os novos módulos em vez de cabines. Acho que rolou, acho que deu certo. A gente veio com os sapatos apropriados para a pista que a gente estava acostumados antes, então quando a gente sente que ela está diferente daquilo que a gente está acostumado a gente faz algumas adaptações nos passos. Mas quando a gente tem um par de confiança a gente pode fazer passo novo que a gente vai fazer o passo certo”, notou.

Samba-enredo

Alvo de diversas críticas ao longo de todo o ciclo carnavalesco, a canção foi executada de maneira bastante cadenciada ao longo de todo o percurso, com a Puro Balanço sustentando muito bem o ritmo – e com boa quantidade de apagões e miniapagões. Vale destacar que Freddy Viana, intérprete da escola, teve atuação bastante sóbria, sem fazer muitos cacos.

O próprio intérprete destacou a busca pela nota máxima por conta da canção. “Gostei do desempenho do samba, sim. Para falar a verdade, a Mancha sempre cantou muito. Se você acompanhar os ensaios da Mancha na quadra, é uma coisa absurda mesmo: deixa muitas pessoas com lágrimas nos olhos. A gente fica muito feliz por termos a comunidade na mão, que canta e sabe o que tem que desempenhar na avenida, o papel que ela tem que fazer para a escola tirar nota dez em Harmonia”, pontuou.

Sobre as críticas à obra, Freddy afirma que foca na escola e não dá muita atenção para o que o mundo do samba está falando. “A gente deixa para lá os comentários e fazemos o nosso trabalho. O que sabemos é que o samba vai crescer na nossa mão. Os críticos sempre vão falar de um samba ou outro, mas o samba da Mancha é muito leve e fácil de cantar. A comunidade aderiu a ele. O que dizem a gente nem absorve: o que a gente sabe é que faremos um grande trabalho com o que temos em mãos. A comunidade abraçou esse samba e está falando que não tem samba ruim na Mancha, não. Se está na escola, é bom”, ejactou-se.

Harmonia

Ao longo de todo o ensaio técnico, o canto foi bastante irregular. Os refrões e os primeiros versos logo após os mesmos eram cantados com força pelos componentes; mas, pouco depois, o vigor vocal rareava. É importante destacar duas alas que tiveram destaque em tal aspecto: os componentes que vinham antes e depois do segundo carro tiveram desempenho bem satisfatório e mais forte que as demais.

Evolução

Ao longo do desfile inteiro, chamou atenção o quanto a agremiação tinha um andamento, além de bastante uniforme, cadenciado. O ponto negativo foi o recuo de bateria, que deve exigir atenção da instituição carnavalesca. Se o movimento foi muito bem executado pelos ritmistas, que adentraram o box quando a ala da frente estava ainda na metade do espaço, os componentes do grupamento seguinte tiveram certa morosidade para ocupar o espaço aberto. Ao final do movimento, que durou cerca de 140 segundos, foi possível notar que staffs da agremiação pediram para que os componentes seguissem sem se movimentar por mais alguns minutos.

Paolo Bianchi, diretor de carnaval da agremiação, exaltou o que foi feito pela escola da Zona Oeste, “Tudo que a gente programou aconteceu. Duas horas antes estava caindo o mundo de chuva aqui em São Paulo, mas 80% da escola estava aqui pela contagem que a gente fez. Escola cantou, primeiro ensaio, pessoal está voltando de férias, mas funcionou o canto. O andamento foi fantástico. No rádio a gente falou aqui que foi o melhor ensaio da história em termos de andamento. É só não se empolgar muito e voltar para quadrar e trabalhar mais”, comemorou.

O controle do período para ensaia também foi destacado por Bianchi. “A disciplina da galera. A gente fez muitas reuniões desde agosto com componentes já explicando algumas coisas que não foram legais ano passado e claramente os diretores de ala assimilaram o que a gente falou e foi o relógio. Foi a maior parte positiva. As coisas que combinamos com todo mundo funcionou. As pessoas se dedicaram e tiveram disciplina. O ponto alto foi a nossa organização”, afirmou.

Outros destaques

Juntamente com os primeiros diretores da agremiação, o Manchão, mascote da escola, veio em um monociclo batucando um tambor – tudo isso de pelúcia. A ala das baianas veio inteira em tons de verde.

A marcação dss alegorias foi feita com quatro caminhões de um hortifruti parceiro da escola. O calçado de ao menos duas passistas teve problemas e ambas vieram descalças na passarela.

Os dois casais mirins da agremiação merecem destaque. Com muitos giros e dançando bastante, ambos estavam bem sincronizados e expressivos. Na “Mais Querida”, o quesito está com o futuro garantido.

Bastante cadenciada, a bateria Puro Balanço foi, pela primeira vez em um ensaio técnico, comandada pelos mestres Cabral e Viny. E ambos gostaram do desempenho dos ritmistas. “A gente é muito chato, para dizer a verdade. A gente diz bastante até para a nossa bateria que o trabalho é de formiguinha, nunca estamos muito satisfeitos com o trabalho. A gente é incrível, nós dois somos muito iguais. Acho que a gente vai estar satisfeito daqui uns 30 anos talvez. A bateria, às vezes, tem um grande desempenho, mas sempre a gente acha que tem que ter um quê a mais. Sempre acha que talvez a afinação, talvez a caixa, sempre a gente acha que falta um pouquinho e isso já é de nós. A gente sempre está buscando alguma coisinha de perfeição, e para a gente nunca vai estar perfeito”, destacou Viny.

O companheiro dele seguiu a mesma linha. “Estamos com várias ideias. Foi o que o Vini acabou de falar, a gente é muito perfeccionista, a gente quer sempre fazer o melhor. A gente sempre acha um erro ali, um erro aqui, e às vezes não é nem tanto erro, mas para a gente é muita coisa e estamos procurando sempre acertar. A gente não consegue chegar à perfeição, é difícil demais, mas a gente consegue botar no padrão legal para que a gente possa alcançar o objetivo junto com a escola. O nosso trabalho começou agora, a gente vem de uma continuidade, mas a gente tem a nossa cara e quer botar a nossa identidade um pouco na Puro Balanço. Demora, daqui a uns três, quatro anos a gente acha que a gente consegue já deixar um padrão legal na bateria. Hoje foi o nosso primeiro ensaio técnico do Anhembi como mestres e foi logo um geral, e a gente gostou, mas sempre com uma pontinha de que algo poderia ser melhor. De uma maneira geral a gente, quando chegar em casa, vamos escutar os vídeos e vamos estudar tudo porque a gente na frente não tem muita referência do que vem do peso, tá muito leve na nossa frente, mas a gente vai estudar. A diretoria de capacidade vai conversar com a gente, a gente vai entrar num acordo ali para ver o que a gente pode fazer de melhor já para o próximo ensaio”, pontuou.

Quando perguntados sobre qual foi o ponto forte dos comandados, Viny focou na atmosfera criada pelos ritmistas. “Eu acho que o entusiasmo da bateria, a alegria. A gente achava até que a bateria estava num clima até mais pesado, mas bateria está num clima leve e isso para a gente é até gratificante. Como o Cabral disse, foi o nosso primeiro ensaio aqui e querendo ou não é um peso, não é fácil. Uma escola de porte que é a Mancha Verde, num Grupo Especial. Uma escola que faz um grande carnaval todo ano e sempre vem brigando por título, e a gente está com essa chance, com essa oportunidade nesse cargo e nessa escola, nessa bateria que é a Puro Balanço. É um grande peso para todo mundo, e acho que é gratificante para a gente e para eles”, afirmou.

Cabral, por sua vez, deu outro detalhamento. “Só para dar um adendo aqui. Quero agradecer a Puro Balanço. A gente sempre agradece todos os dias, em todos os ensaios, mas mais uma vez, agradecer publicamente para todos verem que nós somos muito gratos a todos esses ritmistas. O clima é muito leve, a gente vem pedindo desde maio. Só agradecer a eles e ao presidente Paulo Serdan porque é uma responsabilidade muito grande no lugar que a Mancha está hoje ele apostar em dois iniciantes. Isso ele teve peito e a gente vai junto com ele, vai botar a cara e vai fazer o melhor para a bateria Puro Balanço e para a Mancha Verde”, finalizou.

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