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Camisa mostra força em ensaio com Gracyanne Barbosa, Belo e canto altíssimo da comunidade

Presença da madrinha de bateria abrilhantou ensaio que teve uma série de surpresas positivas para a tradicional agremiação

Por Fábio Martins e Will Ferreira

A noite bastante abafada do último domingo foi animadíssima na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. A quadra do Camisa Verde e Branco, das escolas mais tradicionais da cidade, receberia Gracyanne Barbosa, madrinha de bateria da agremiação. A presença de figura tão ilustre, é claro, também ajudou na experiência única vivida pelos componentes, mas o ensaio do Trevo com presença do CARNAVALESCO teve muitos outros atrativos – todos eles intimamente ligados a uma agremiação acostumada às glórias e histórias na folia.

Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

João Victor Ferro, vice-presidente e diretor de carnaval da agremiação, ao anunciar a presença dos repórteres antes do início de fato do ensaio, fez um pedido aos componentes ao microfone. “Eles me perguntaram qual era o grande trunfo da nossa escola. Eu conto com vocês para mostrar isso”. Dito e feito: a comunidade deu um show ao cantar o samba-enredo “Adenla – O Imperador nas terras do Rei”, bradando em alto e bom som uma das canções para o carnaval de 2024 mais elogiadas pela crítica.

Maestros

Voltando ao Trevo depois de dez anos, Igor Vianna teve atuação inspiradíssima ao longo de todo o ensaio. E, na visão do intérprete, a canção escolhida pela escola é algo próximo de um presente – com uma parte especial. “O grande trunfo desse samba… quando começa a falar do fio condutor do enredo, que é Oxóssi, essa é a parte que eu mais gosto. Ouvir que esse samba é um dos favoritos da comunidade carnavalesca de São Paulo, como muitas vezes eu ouço, pra mim é um bálsamo, um alívio, uma alegria tremenda porque quando o Renan Ribeiro lançou o nosso enredo, os que ainda nem tinha ouvido a proposta do tema falaram muita gracinha. Tem que estudar e ler antes de criticar, tem que conhecer antes de tacar pedra. O Camisa tá aí mais uma vez mostrando a sua história, sua discografia e com os grandes compositores que tem para agraciar o carnaval de São Paulo”, pontuou.

O intérprete foi elogiado por Jeyson Ferro, mestre de bateria da instituição. “O Gordão (Igor Vianna) é da hora, ele já é nosso desde 2012, saiu e voltou – como eu saí e voltei. A relação com ele é 100%, e é até bom porque ele é um cara que já tocou em bateria e eu também entendo um pouco de corda. A gente divide muita coisa. Quando a gente vê uma nota ou uma parte errada fazemos algo. Ele é fundamental para nós”, destacou o comandante da Furiosa.

Das mais respeitadas baterias do carnaval paulistano, Jeyson aproveitou para falar quais execuções está ensaiando para o desfile de 2024. “Nossa batida de caixa é tradicionalíssima, não preciso nem falar. Além dos nossos breques e bossas, quero vir com mais alguns surdos de terceira mor e com quatro repiques mor espalhados pela bateria”, revelou.

Voltando ao samba

Apesar de ser uma temática bastante diferente de “Invisíveis”, que garantiu o vice-campeonato do Grupo de Acesso I em 2023 e garantiu o lugar na elite para o Camisa, Jeyson pontuou que nem tudo mudou na Furiosa – muito pelo contrário. “Não mudou muita coisa, não. A gente está com o mesmo método de ensaio, de paradinha, de bossa, não vai ter muita coisa diferente. É lógico que cada ano que você desfila, como toda bateria, mudamos as bossas. Mas a proposta é a mesma”, ratificou.

Há, entretanto, uma semelhança entre as duas canções, na visão de Jeyson. “Um enredo afro te permite fazer uma brincadeira melhor, dá para mexer na melodia. Esse samba de 2024, igual de 2023, era um samba com uma melodia muito rica, e daí para brincar com a bateria nas bossas”, prometeu.

Quem também elogiou o samba-enredo foi João Victor. Perguntado sobre a expectativa para o desfile, ele pontuou a força da canção. “A expectativa sempre é muito positiva, seguimos na pegada de reestruturação, acabamos de voltar para o Grupo Especial e sabemos que é um pouco mais complexo. Mas está tudo muito positivo, a escola abraçou o novo projeto, o enredo e o samba-enredo – que, para mim, modéstia à parte, é um dos melhores do Especial. Tudo está muito positivo, as coisas estão acontecendo”, animou-se.

Regulamento sem segredo

Presente em absolutamente todas as discussões sobre o carnaval paulistano de 2024, o novo regulamento também foi destacado por diversos segmentos da alviverde. Jessika Barbosa, primeira porta-bandeira da agremiação, destacou as regras em entrevista. “Pra gente, o regulamento não mudou em nada. Hoje, o regulamento pede para que a gente faça o que mais gostamos de fazer: dançar. As novas regras pedem para que o casal dance mais e mostre mais a essência da dança. A gente valoriza muito a dança e o regulamento se tornou muitíssimo positivo”, tranquilizou-se.

Tal qual a responsável por conduzir o pavilhão máximo da escola, Igor não se assusta com o novo regulamento. Pelo contrário: agradeceu as mudanças. “No Rio de Janeiro já tinha esse tipo de trabalho ligado ao novo regulamento. Pra mim, o que muda é o que eu gostaria que viesse acontecendo há muito tempo: que o nosso trabalho fosse avaliado de verdade. Na Série Ouro (segunda divisão na pirâmide do carnaval carioca) já é assim, por exemplo. Não vão mais tirar ponto da gente junto com a Harmonia, não: agora é diretamente a gente. Agora, somos mais cobrados. E, por ser a voz de uma comunidade, eu concordo que temos, sim, que ser cobrados. O que muda, na minha opinião, é nós cantarmos com mais fervor e dedicação à escola”, destacou.

Mantendo a linha dos componentes, João Victor aproveitou para exaltar outra mudança relativa aos julgadores. “Acho que as mudanças no regulamento foram muito positivas, tinha que mudar algumas coisas, sim. Já estava na hora. Costumo dizer que não era só a mudança no regulamento, era isso e o preparo dos jurados. Tudo está sendo muito positivo, as coisas estão sendo muito positivas. Agora, é só se debruçar nas novas regras do jogo e trabalhar”, comentou.

Novo padrão de exigência

Nove vezes campeã do Grupo Especial, o Camisa Verde e Branco ficou mais de uma década no Grupo de Acesso I. O retorno, é claro, também foi citado por componentes da agremiação. “É uma estreia para a gente no Grupo Especial, já que estávamos no Grupo de Acesso I. É uma escola que vai abrir o carnaval, que está há onze anos longe do primeiro escalão. E é a responsabilidade de toda uma comunidade, que estava esperando ansiosamente por esse momento. Agora, estamos dando o nosso melhor e mais um pouco”, pontuou Jessika. Companheiro dela ao conduzir o pavilhão do Trevo, Alex Malbec, mestre-sala da agremiação, destacou a forte rotina de ensaios da dupla. “A frequência de ensaios tá redobrada! Não é pelo fato da escola ter voltado do Acesso I que nós entramos para permanecer, estamos indo em busca do título. Porém, sabemos que isso é uma consequência. Só precisamos trabalhar mais, mais e mais. No ano que vem, se tiver que ser diferente, vai ser o dobro”, prometeu.

A exigência, é claro, também está na fantasia do casal. E, de acordo com Jessika, ela está dentro dos conformes. “Já vimos a fantasia e ela já está em execução. Nós gostamos e já tiramos as medidas”, destacou. Alex, além de concordar com a parceira de dança, aproveitou para valorizar o trabalho de outro profissional. “Assim como no ano passado, a fantasia vai ser bem tranquila. O Renan é um carnavalesco muito caprichoso e tem intimidade com a gente, então os desenhos dele, além de estarem dentro do enredo, também são de acordo com o que gostamos: algo clean, confortável e visual”, detalhou.

Com funções administrativas, João Victor manteve o foco no trabalho. “A gente vem fazendo várias adaptações, a escola passou muito tempo no Grupo de Acesso I. É uma nova realidade para a escola. Vamos ter que reestruturar todos os segmentos porque não foram um ou dois anos, foram doze. Para a gente, tudo é novidade. Estamos fazendo várias reestruturações para voltar forte e fazer com que as coisas acontecendo”, afirmou.

Belo desfecho

Como já dito anteriormente, Gracyanne Barbosa abrilhantou ainda mais o ensaio. Já com o samba de 2024 em andamento, ela passou a fazer companhia a Sophia Ferro, rainha de bateria do Camisa – presente desde o início da atividade. Quem também marcou presença foi Belo, cantor e marido da modelo, que chegou junto da esposa.

Fazendo questão de sambar e interagir com a comunidade (sobretudo com os ritmistas), Gracyanne mostrou-se bastante sorridente e à vontade. Belo preferiu ficar no andar superior da quadra, observando a movimentação dos componentes. Se, em um primeiro momento, ela foi alvo de fotos e tietagens, os olhos se voltaram para o cantor assim que o ensaio se encerrava. E, então, vieram uma série de surpresas.

A primeira delas foi a exaltação ao cantor feita por Igor Vianna, que começou cantar a alguns sucessos do pagodeiro. Em determinado momento, ele foi encontrá-lo – e eis que ele aparece no primeiro andar, já cantando junto com o intérprete do Camisa. Ambos, então, ficaram no meio da comunidade – com muitas fotos sendo tiradas. Músicas como “Maçã do Amor” e “Tempo de Aprender”, ainda do tempo em que Belo era vocalista da banda Soweto, foram executadas. Para finalizar, ele apareceu na bateria cantando alusivos da agremiação sendo acompanhado por Sophia em um surdo.

Vale destacar que, no dia 18 de novembro, o cantor fará um show na Fábrica do Samba com apoio do Camisa – tanto que é possível comprar ingressos para a apresentação na quadra.

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