Os ensaios técnicos voltaram! Primeira escola a pisar na Marquês de Sapucaí, na noite do último sábado, a Lins Imperial realizou um ensaio técnico com destaque para apresentações da comissão de frente, comandada por Marcelo Chocolate e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Verde e Rosa, Jackson Senhorinho e Manoela Cardoso, além do ótimo desempenho do samba-enredo. O entrosamento da bateria “Verdadeira Furiosa” e a dupla de cantores Rafael Tinguinha e Lucas Donato também foi destaque na noite. O canto da escola, entretanto, apresentou bastante irregularidade ao longo dos 52 minutos de apresentação. A Lins Imperial levará o enredo “Madame Satã-Resistir para existir” para a avenida no carnaval de 2023. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

Logo no esquenta, a Verde e Rosa do Lins de Vasconcelos mostrou a que veio, com a apresentação de seu samba-exaltação e da obra de 1991, em homenagem ao ativista Chico Mendes. Para inflamar a comunidade, discursou o presidente da agremiação, Flávio Mello.

“Acho que foi uma experiência ímpar. Ter a oportunidade de ensaiar aqui, sendo a primeira escola a abrir essa temporada, é gratificante. Conseguimos fazer o planejado e isso é muito importante. A gente sabe que precisa trabalhar o cantor, porque o samba é muito bom, mas não é tão simples de ser cantado. Precisamos forçar mais o componente a cantar com destreza e emoção, é o que ele merece. Conseguimos compactuar o que tínhamos ensaiado. Inicialmente, viemos um pouco mais abertos. Com o passar do tempo, a escola se sentiu mais à vontade e fez um desfile bonito”, disse Marcos Alexandre, diretor de carnaval, que terá 1700 componentes em 2023.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente da Lins Imperial foi um dos pontos altos do ensaio técnico da escola na avenida Marquês de Sapucaí. Comandados pelo coreógrafo Carlos Bolacha, 14 dançarinos representavam a malandragem carioca, com roupas e acessórios a caráter, e um retratava o personagem principal do enredo: Madame Satã, com uma navalha nas mãos.

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Ao longo da apresentação, os bailarinos faziam diversos movimentos remetentes à boêmia e malandragem do bairro da Lapa, reduto de Madame Satã. Além disso, a performance da Comissão de Frente apostou bastante na força do personagem retratado pelo enredo da escola, com elementos bem teatrais, como a representação da prisão, o uso da navalha e as expressões do bailarino que representava João Francisco dos Santos, o Madame Satã. A apresentação impactou o público presente na avenida.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outro destaque do ensaio técnico da Lins Imperial foi o primeiro casal de Mmstre-sala e porta-bandeira da escola, Jackson Senhorinho e Manoela Cardoso. Vestidos com uma bela e brilhosa roupa preta e rosa, a dupla apostou em uma coreografia com mescla de elementos tradicionais da dança de casais com passos associados a letra do samba da Verde e Rosa, como no momento em que a obra canta “Salve Madame Satã” e “Bom de briga”, quando Jackson simulava uma guarda típica de luta com as mãos. Além da boa coreografia, o casal demonstrou muita garra e vibração em sua apresentação no ensaio técnico. A letra do samba da escola foi bastante cantada pela dupla.

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“Estamos acostumados a trabalhar com o samba na quadra, com um andamento semelhante, mas quando é transportado para cá a realidade é outra. Foi bom, ótimo pra gente sentir o ritmo real da bateria. Estar junto com a comunidade é ótimo pra sentir o axé mesmo. Eu e Manu nos complementamos na energia durante o pré-carnaval, mas sentir isso de forma coletiva é muito mais especial. Preparamos uma base para mostrar aqui, até para o público que não tem a oportunidade de vir no dia do desfile. Vai ser mais grandioso, temos fantasias lindas”, disse Jackson.

Temos alguns segredos que não mostramos. De resto, mostramos o técnico. Falta a purpurina, né?”, afirmou Manoela.

Harmonia

O quesito harmonia foi sem sombra de dúvidas o mais problemático da apresentação da Lins Imperial no ensaio técnico na Marquês de Sapucaí. Ao longo da avenida, o canto das alas se mostrou bastante irregular, com as alas do início da escola com bastante destaque enquanto as últimas alas, do carro de som para trás, não demonstravam o mesmo. De destaque positivo no quesito, pode-se destacar a primeira ala da Verde e Rosa que entoou a obra da escola com bastante afinco. Os trechos com referência direta ao homenageado do enredo, sobretudo o “Salve Madame Satã”, foram os mais cantados pela comunidade do Lins de Vasconcelos.

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“De verdade, foi desfile de escola de samba. Maravilhoso e emocionante. Não esperávamos tudo isso, apesar de termos bons ensaios até aqui. Vamos ver agora o que melhorar, conversando com todo mundo. Mas o que nos pareceu é aquilo que já falamos, foi maravilhoso e nos surpreendeu muito bem”, comentou Lucas Donato.

“O resultado foi visto hoje na avenida, tudo encaixado. E outra, o legal é que somos todos amigos, isso faz o entrosamento muito mais fácil. O refrão é lindo e forte”, completou Tinguinha.

Evolução

No quesito evolução, a Lins Imperial demonstrou que pretende “brincar carnaval” na Avenida. Com alas bastante soltas e leves, a escola evoluiu sem maiores problemas na Marquês de Sapucaí. Vestidas de branco com saia estampada, as baianas da Verde e Rosa merecem destaque pela animação e disposição no ensaio técnico. A se destacar também a presença de diversas manifestações feitas por componentes da escola pelo respeito à diversidade e contra o preconceito, com uma verdadeira “arte em forma de protesto”.

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Samba-Enredo

Composto por Claudio Russo, Genésio, Jefferson Oliveira, Kiko Vargues, Mateus Pranto, Naldo, Paulo César Feital, Pezão e Samuel Gasman, o samba-enredo da Lins Imperial provou na avenida os motivos de ser um dos mais elogiados no período pré-carnaval. No ensaio técnico, a Verde e Rosa apostou em um andamento mais “para trás”, o que destacou ainda mais a bonita letra e a garra presente na obra. No comando do carro de som, os entrosados intérpretes Rafael Tinguinha e Lucas Donato, que também possuem um estilo aguerrido de canto, deram contribuição fundamental para o bom desempenho do samba.

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Outros destaques

Comandada pelo experiente mestre Átila Gomes, a bateria “Verdadeira Furiosa”, em uma das bossas apresentadas na avenida, os ritmistas da Verde e Rosa se ajoelharam na pista de desfiles. A rainha de bateria da escola, Katarina Harmony, apostou em um brilhoso figurino com tons de prata, laranja e lilás e interagiu bem com a bateria e o público.

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“Foi surpreendente o ensaio. Na correria, na superação de verba, de tempo. Mas conseguimos fazer um trabalho bom. A bateria está no contexto, no andamento, na pulsação que nós queríamos, bem confortável e trazer mais alegria. Temosbossas ligadas a uma arte histórica do nosso querido Madame Satã. É gerê, capoeira, jongo.. Todo ritmo afro no qual ele participava diariamente em sua carreira”, revelou mestre Átila, que desfilará com 245 ritmistas.

A Lins Imperial será a segunda escola a desfilar na sexta-feira, primeira noite de desfiles da Série Ouro. A Verde e Rosa do Lins de Vasconcelos levará para a avenida o enredo “Madame Satã-Resistir para existir”, desenvolvidos pelos carnavalescos Eduardo Gonçalves e Rai Menezes.

Por Gabriel Gomes, Augusto Werneck, Luisa Alves e Victor Pinho