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Unidos da Tijuca levou as lendas de Portugal para a avenida em desfile com destaque para a bateria ‘Pura cadência’

Evolução e harmonia alternaram bons e maus momentos ao longo da apresentação

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos da Tijuca foi a quinta escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles do Grupo Especial. A passagem da bateria pura cadência de mestre Casagrande foi o grande destaque do desfile, com ritmo equilibrado e paradinha dançante no refrão do meio. Porém, evolução e harmonia inconstantes fizeram com que a escola passasse pela avenida de forma burocrática. Em sua estreia pela Tijuca, o carnavalesco Alexandre Louzada entregou um bom conjunto de fantasias.

Apresentando o enredo “O conto de fados”, desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, a azul e amarela do Borel viajou pelo misticismo e contou a história de Portugal através das lendas portugueses. A agremiação terminou sua apresentação com 68 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente da Tijuca foi coreografada por Sérgio Lobato, intitulada “Offiusa”, ela contou com 17 componentes no total, sendo 15 deles aparentes. A comissão passeou pelas terras de Offiusa, um tempo mítico da história de Portugal, a ideia foi retratar o nascimento do herói, Ulisses queria ter uma cidade com seu nome, seduziu uma rainha metade rainha e metade serpente. A apresentação mostrou toda história contada por Orfeu da Conceição, ele com um cavaquinho na mão, toda cena aconteceu em cima de um grande tripé, porém, a leitura não foi de fácil compreensão, os efeitos propostos também não causaram impacto, ao final da apresentação os componentes formaram a cauda do pavão, símbolo da escola, posteriormente as palavras “Samba” e “Fado” surgiram.

Mestre-sala e Porta-bandeira

De volta à escola onde foi protagonista por tantos anos, a porta-bandeira Lucinha Nobre fez par com o jovem Matheus André. A fantasia da dupla representou o ouro de Offir e a dupla brilhou na avenida, a dança de ambos foi tradicional, porém, em alguns momentos eles realizaram uma espécie de coreografia, principalmente no refrão do meio. Matheus demonstrou muito vigor em sua dança, e Lucinha, mesmo tendo um bailado mais clássico conseguiu acompanhar o parceiro. O único senão fica por conta de pequenos detalhes durante apresentação do casal no setor seis, no início a porta-bandeira teve dificuldade para manter o pavilhão esticado e por pouco o mestre-sala não deixou escapar de suas mãos. Como destaque vale o elogio a bandeirada realizada por Lucinha.

Enredo

O carnavalesco multicampeão Alexandre Louzada foi o responsável pelo enredo “O conto de fados”, nele, a escola do Borel fez uma viagem a Portugal mostrando diversos aspectos da história do país como fábulas, mistérios e lendas populares. O desfile foi dividido em seis setores definidos por Louzada como seis fados, nestes, o carnavalesco também considerou a abertura como um setor. Forem eles, “Fados Mitológicos”, “Fados de Magia”, “Fados Invasores”, “Fados Marítimos”, “Fados das lendas em Romaria” e “Fado d ‘alma portuguesa com certeza”.

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Em sua justificativa, o enredo teve o cuidado de revisitar o passado e trouxe a possibilidade de se reescrever um futuro diferente, de não repetir os erros e de ampliar as lições. Porém, o que se viu na avenida foi uma grande ode a Portugal, o carro que representou as invasões foi lúdico e não trouxe o impacto necessário.

Alegorias e Adereços

A unidos da Tijuca levou para avenida cinco carros e um tripé, o conjunto alegórico foi bem apresentado, porém, houve discrepância entre as primeiras alegorias e as últimas, apesar do bom acabamento visto em sua maioria. O abre-alas foi o grande destaque da noite, intitulado “A arca de uma nova aliança: guardiã das lendas e dos segredos de Offir”, ele trouxe o pavão da escola no primeiro chassi, o acabamento e a iluminação foram primorosos. A segunda alegoria, “Os segredos dos povos pré-romanos: um balaio de magia – a conexão mística entre a natureza e o homem”, entrou na avenida apagada, mas acendeu antes da cabine de julgamento e não comprometeu o desfile.

Na sequência vimos o tripé “Heranças mouras: “doces sabores, velho saber”. O terceiro carro, “Os segredos da máquina do mundo: o alerta à monstruosidade na colonização”, não fez o alerta que se propôs, visto que a escultura do colonizador não deixou claro que a ideia era confrontar o passado. O quarto carro “Passarola: os segredos da verdadeira alma portuguesa” voou pelos imaginários populares à criação cultural e histórica de Portugal. A alegoria que encerrou o desfile foi intitulada “Segredos em romaria: a união do amém com axé”, a grande santa teve um efeito que acabou mostrando algumas ferragens internas.

Fantasias

O carnavalesco Alexandre Louzada apresentou um bom conjunto de fantasias, em sua estreia na Tijuca, a assinatura se fez presente em todas as alas, o gigantismo, volume e esmero no acabamento permearam todo o conjunto. No total, a escola levou para a avenida 29 alas, o uso de cores foi interessante, assim como o material utilizado na confecção das roupas, foi observado também muitas penas artificiais, o que elevou o tamanho das fantasias. Vale destacar a ala das baianas, “As Téginas: guardiãs do conhecimento e do tempo”, a ala 14, “O monstro da bruma: terror e cegueira no Atlântico” e a 16, “O Dragão de Quatro Cabeças: o terror dos marinheiros no mar da China”.

Harmonia

A comunidade do Borel por muitos anos foi considerada um rolo compressor, no desfile desta noite essa característica ficou em segundo plano, os componentes cantaram o samba de forma burocrática e alternou momentos de canto mais vigoroso, com outros em que diminuíram o ritmo. A bateria “Pura Cadência”, de mestre Casagrande, foi o grande destaque do conjunto harmônico da escola, com um ritmo equilibrado e paradinha dançante no refrão do meio. O entrosamento junto ao carro de som comandado por Ito Melodia também foi positivo, vale lembrar que o cantor fez sua estreia na agremiação.

Samba-Enredo

O samba-enredo da Unidos da Tijuca, em 2024, trouxe um compilado de lendas portuguesas que acabaram transbordando também, nas histórias, de forma que o “Fado vira Samba, e o Samba vira Fado”. Composto por Júlio Alves, Claudio Russo, Jorge Arthur, Chico Alves, Silas Augusto e De Sousa, a obra passou sem brilho pela avenida, apesar de bem interpretada por Ito Melodia, não conseguiu fazer com que o componente entregasse um canto satisfatório e muito menos atingiu o público. A parte de maior destaque foi o refrão do meio, principalmente o verso “Põe no balaio um punhado de magia”.

Evolução

A evolução da Unidos da Tijuca passou pela avenida de forma inconstante e burocrática, apesar de não apresentar falhas graves, a escola alternou momentos de lentidão com outros em que acelerou o passo, a escola finalizou o desfile em 68 minutos. O único ponto realmente negativo foi durante a apresentação da bateria no setor seis, a ala de passistas acelerou e um buraco se formou, sendo visível para os jurados.

Outros Destaques

A rainha de bateria Lexa passou pela avenida deslumbrante, sua fantasia representou a rainha moura que estimulou a coexistência de diferentes culturas e religiões, sendo considerada a matriarca da diversidade, com muito carisma, a cantora chamou pra si todos os holofotes.

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