InícioSão PauloTom Maior causa suspiros em ensaio técnico competentíssimo no Anhembi

Tom Maior causa suspiros em ensaio técnico competentíssimo no Anhembi

Carnavalizando o mito de Orfeu em uma releitura indígena, agremiação teve desempenho muito além do satisfatório em todos os quesitos que podiam ser avaliados

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Escolher apenas um destaque no segundo (e último) ensaio técnico da Tom Maior, realizado nesta sexta-feira, é uma tarefa hercúlea. Com ótimo rendimento em absolutamente todos os pontos passíveis de avaliação, a vermelho e amarelo está pronta para defender o enredo “Aysú: Uma História de Amor”, idealizado pelo carnavalesco Flávio Campello, que será exibido no segundo horário do sábado de carnaval – 10 de fevereiro. Para destacar uma das mais elogiadas canções da temporada, porém, esse será o enfoque da análise.

Samba-enredo

Tido como uma das melhores músicas que embalarão desfiles no carnaval 2024, a agremiação soube trabalhar muito bem com o samba – e, também, potencializá-lo ainda mais. Cantado por absolutamente todos os componentes, a obra ganhou brilho extra com um competentíssimo carro de som capitaneado por Gilsinho.

Com um regulamento que pede para que o intérprete foque na condução do samba-enredo, sem muitos cacos, Gilsinho, intérprete da agremiação, faz um alerta: “Eles querem ouvir mais o canto e o samba. Acho legal, acho pertinente. Só que a gente não pode pedir a alegria que a gente transmite ao fazer certos cantos e chamadas. Acho que isso não vai interferir em nada. Vamos ter que dosar um pouco mais, mas usar a mesma vibração de sempre”, pontuou.

Harmonia

Com uma canção tão elogiada e bonita, o trabalho do quesito, é bem verdade, fica facilitado. Mas, mostrando o belíssimo trabalho da Harmonia vermelha e amarela, a obra ficou ainda mais ao agrado dos amantes do samba. Os três apagões feitos pela Tom 30, bateria da escola, fizeram o canto ficar ainda mais forte. Com um canto regular e forte ao longo de toda a pista, a maioria dos staff que ficavam no corredor pouco cobravam dos componentes – algo raro no ambiente carnavalesco. Mais do que isso: após o último apagão realizado, um dos harmonias berrou: “Está bonito demais!”, em cena ainda mais incomum.

Mostrando que o trabalho coletivo é o ponto chave da agremiação, Bruno Freitas, diretor de carnaval da agremiação, fez questão de citar outro importante componente da equipe: “Vocês não vão ver imagem, mas tem um cara que faz um trabalho fenomenal, que é o Gerson: ele coloca essa escola com um andamento absolutamente confortável. O canto hoje foi o teste. Tinha um suspense em relação ao paradão. Com a caixa de som não vai ter mais as atravessadas? Pelo que eu senti, passou limpo. Estamos para lá satisfeitos e não vamos parar mais. Agora que temos quadra, nós vamos fazer ensaio de canto e uma reunião para dia 10 passar aqui muito forte”, prometeu.

Mais do que concordar com a avaliação, Gilsinho acredita na primeira colocação da vermelha e amarela. “Com toda a certeza a escola está pronta para voos maiores! A Tom Maior é uma escola que está em uma crescente. Vem desenvolvendo muito os trabalhos e carnavais que faz. A diretoria se esforça muito para colocar o melhor na avenida. Acho que a escola está muito pronta para ser campeã, tudo vai depender da cabeça dos jurados”, fez mistério.

Evolução

Com bexigões coloridos, os movimentos dos componentes ganhavam ainda mais brilho – e trazendo ainda mais pontos para o quesito em si. O último setor, com duas alas inteiramente coreografadas, merece destaque por toda a dinâmica, tal qual a bateria – que merece linhas à parte. Antes de entrar no recuo, ela fez giros à frente da Arquibancada Monumental, empolgando os presentes no Setor B. Com a escola já parada, ela virou à direita, mas não entrou completamente, aguardando o alinhamento da ala de passistas que vinha logo atrás. Conforme os ritmistas entravam no box, os passistas centralizavam-se – logo, sem deixar clarão algum. Em cerca de cem segundos, toda a Tom 30 estava no box e a agremiação não deixou clarão algum, de forma criativa e eficiente.

Com os pés no chão, Bruno teve bastante sobriedade ao falar do ensaio: “Para quem está querendo o primeiro título, acho que cada ensaio é fundamental. A gente está dando o nosso e quem passar vai precisar vir com a gente. Óbvio que respeitando sempre, não somos melhores que ninguém, mas estamos trabalhando muito e olhando cada detalhe. Fomos para a rua, fizemos reunião, analisamos vídeos, grade a grade, espaçamento de casal, de destaques e deu certo”, destacou.

Comissão de frente

A temática indígena, como não poderia deixar de ser, também inspirou a comissão de frente da agremiação. Com um grande tripé, que veio inteiro ensacado na cor amarela e com um componente em cima dele, alegoria e integrante não tiveram interação alguma com os demais bailarinos, que estavam no chão. E, lá, haviam três grupos de pessoas: os anjos, em maior número e que cortejavam três casais. Dois desses casais vieram fantasiados tal qual os duos de princesas da Disney; o terceiro, protagonista, era formado por uma índia e por um homem fantasiado tal qual um europeu – semelhante a outra história muito conhecida de povos originários, mas da literatura: Iracema, escrito por José de Alencar. Não foram identificados erros na coreografia, que marcou o samba em cada passagem da canção.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Conhecidos no universo do carnaval paulistano pela velocidade, Ruhanan Pontes e Ana Paula Sgarbi tiveram mais uma ótima (e célere) apresentação. Desde o primeiro módulo, ambos não economizaram nos giros nem mesmo longe dos locais onde ficarão os módulos de julgamento – e, em especial, os pés do mestre-sala tiveram destaque, com rapidez que impressionava. Vale destacar os momentos em que ambos interagem com o samba-enredo: quando a canção canta “é flecha certeira no peito”, ele emula uma flechada certeira nela – que finge sentir o golpe. No primeiro módulo, a agremiação seguiu evoluindo enquanto o casal se apresentava – o que fez com que a exibição fosse mais enxuta quando comparada a outros casais; nos demais, os componentes foram segurados pela Harmonia.

A temperatura mais baixa não foi um problema para o casal: “Se você se alongar bem, se preparar bem antes, aquecer o corpo, não tem grandes problemas. Não pode chegar lá na Concentração e querer fazer tudo de uma vez, vai ser difícil. Mas, se você se aquecer antes e se alongar, vai para cima!”, energizou Ruhanan. Ana Paula, por sua vez, destacou outro fenômeno climático que a afeta: “Como preparação, não vejo tanto problema na parte muscular. O que me desestabiliza é o vento. O vento, para o pavilhão, é péssimo. Temos que fazer mais força, o giro fica mais comprometido… é pior que a parte muscular quanto à dificuldade. O vento acaba comigo”, confessou.

Seguro, o casal também não se importou muito com fazer “apenas” dois ensaios técnicos no ciclo carnavalesco: “Não atrapalha em nada. A escola veio preparada para dois ensaios, se programou para dois… e são dois que fizemos, muito bem feitos. No dia nós vamos entregar. Jogo é jogo e treino é treino: às vezes, a ‘campeã do ensaio técnico’ chega no dia e não dá em nada. O ensaio técnico é bom, mas, se a Tom Maior acha que dois são o suficiente, acabou”, comentou Ruhanan. Outro aspecto relativo à escola também foi pontuado por Ana Paula: “A gente tem se preparado porque o ensaio de rua tem um percurso ainda maior que o Anhembi. É muito grande! Para a gente, cada ensaio de rua é, praticamente, um ensaio técnico. A gente já vem se preparando faz um tempo. Dois, para a Tom Maior, foi o suficiente”, relembrou, sem citar nominalmente a rua Sérgio Tomás, onde a Tom Maior faz suas atividades na comunidade ao ar livre.

Outros destaques

Sem economizar nem mesmo no ensaio técnico, o pede-passagem à frente do abre-alas da Tom Maior, em alguns momentos, tinha uma explosão de papel picada – alegrando os presentes na arquibancada. À frente da Tom 30, esteve Andréia Gomes, madrinha de bateria da agremiação.

Com fé, Mestre Carlão, comandante da Tom 30 e presidente da agremiação, destacou o ótimo ensaio protagonizado pela agremiação: “A gente fez exatamente o que foi feito no ensaio específico de terça-feira. Graças a Deus deu tudo certo, Deus foi bondoso, os ritmistas foram focados e foi um bom ensaio”, comentou.

Sobre os três apagões realizados pelos ritmistas, ele falou da união entre dois quesitos da vermelha e amarela: “Isso foi o trabalho da harmonia juntamente com a bateria, fomos testando e veio pegando. Hoje a escola canta, o samba é muito bom e graças a Deus passou no teste. Agora não tem jeito, vai para o desfile. Acredito que esses apagões valorizam muito o canto da escola. É isso que nós queremos”, finalizou.

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