A Terceiro Milênio entrou na pista do Anhembi pela segunda vez no ciclo de ensaios técnicos neste domingo, dia 28 de janeiro, e com o enredo “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: O Mito da Criação”. Será a sétima escola a desfilar no domingo, dia 11 de fevereiro, no Grupo de Acesso II. Em seu segundo ensaio, mostrou a força dos quesitos, e assim, o conjunto sobressaindo-se, consolidando o que já tinha feito no primeiro ensaio, mesmo perante a um sol desgastante.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Waleska e Arthur passaram com muita elegância. A piscada de olho da Waleska logo após passagem pelo primeiro módulo, já no monumental, reforça o desempenho nesta primeira apresentação, corretos, com o bailado envolvendo sentido horário e anti-horário, os toques de mão conectados, idem nos olhares. Com seus passos de bailarina, muita intensidade, essa é Waleska Gomes. O jovem Arthur, que faz sua estreia como primeiro mestre-sala, vestiu um macacão que continha uma coruja, símbolo da escola, ele e Waleska representavam crianças no look. A apresentação também foi correta no segundo módulo. O casal evoluiu do primeiro ensaio, mostrou mais sincronia e intensidade, mesmo com um calor absurdo que estava nesta tarde em São Paulo.
Harmonia
A harmonia da Milênio segue como ponto alto, é uma escola que canta bastante, tem como característica. Bem verdade que devido ao forte calor, não teve o mesmo canto do primeiro ensaio. O que vale frisar, não foi um problema, afinal ainda sim, todas as alas cantavam o samba e mostraram saber o samba. Portanto a comunidade do Grajaú mostrou sua força e consolidou o que foi feito no primeiro ensaio, com o samba na ponta da língua, ajuda a fluir todo o restante. Os harmonias vieram cantando bastante ao lado, mas pouco vi exigir canto, afinal, o trabalho já estava sendo positivo pelos componentes, destaco a ala que veio logo após o segundo casal, com um casal bem forte e animados. Como diz o samba, “Canta forte Grajaú, faz tremer o seu ilê”, e assim cantou!
Samba-enredo
A ala musical da Milênio é muito forte, Grazzi Brasil ganhou Darlan como parceiro e bem entrosados, respeitando o espaço de cada um. A voz da Grazzi é incrível, ganhou mais destaque ainda na parceria e também de acordo com o samba. E méritos do Darlan que encaixou junto com sua parceira nesta chegada a agremiação. Também destacar que agora a ala musical conta ponto, e a Milênio tem uma equipe muito forte, bem competente que passou com excelência pelos dois ensaios técnicos. Em relação a comunidade com o samba-enredo, fluiu muito bem, os componentes tem o samba na ponta da língua, cantaram bem, dava para ver nas alas todos sabiam o samba. É de fato, um samba agradável, e está na boca dos componentes da Coruja.
Evolução
A evolução da escola fluiu com muita leveza, tranquilidade, tem passos marcados, mas você sente a comunidade envolvida com o samba. Entrou na pista com três minutos cravados e completou a apresentação com 58m07s, ou seja, passou bem no sambódromo. Vale ressaltar a leveza, ainda que tenham realmente passos marcados, você vê a comunidade sentindo o chão, gostando do samba, de estar no Anhembi, não foi uma passagem robótica. O Grajaú mostrou a força desfilando com gosto, força de vontade, e sem ter problemas mesmo com a alta temperatura que apontava no fim da tarde. Foi um dos pontos chaves do ensaio técnico, a evolução bem realizada.
Comissão de frente
A comissão de frente comandada por Regis trouxe referências de Vovó Cici. Bem teatral com parte do elemento alegórico interagindo com a coreografia. Uma mulher era coroada, depois de vestida com uma roupa preta, onde o vestido inicialmente era esticado em algumas partes, e ocorria a coroa. Depois um ato bem parecido, mas toda de branco e aí sim toda a energia era decorrida. Após a segunda coroação, com vestido branco, três crianças abraçam a coroada. E a coreografia segue com alegria, leveza, como pede o enredo. Realmente é uma comissão que promete fortes emoções junto ao tripé. Tem um momento que a personagem principal, quando era coroada, fica em destaque a frente do elemento alegórico, e a parte dela é destacada, subindo um pouco, onde ela é reverenciada. Uma parte legal é que membros da comissão vestiam-se de uma parte do tripé, uma lona preta, grande, e ela saia com eles como se fossem asas gigantes.
Outros destaques
Falar da Pegada da Coruja comandada por Vitor Veloso é chover no molhado, a fase tem sido de muita ousadia, nos dois ensaios técnicos foi assim. Durante a passagem, foram inúmeras bossas e paradonas. Anotei algumas delas, a primeira logo no começo da bateria na pista, com 15 minutos durante o trecho “que seja ao menos respeito”, até “poesia a derramar o firmamento”. Na entrada da monumental uma bossa com 17 minutos, e assim foi uma sequência de bossas durante a monumental, destaque para o uso dos atabaques durante elas. Com 28 minutos no recuo tiraram onda nas bossas por mais de 30 segundos. Aos 36 minutos quando a bateria esteve à frente da sua torcida, fizeram nova bossa, levantando a galera. Aos 42 minutos até 45 foram várias bossas, nova paradinha, no trecho “Sete dias pro ayê nascer”… Ah, e não parou por aí, aos 47 minutos mais uma paradinha. Faltou alguma? Pois bem, a bateria tirou onda, foi o ponto positivo.
Arrancada com samba da mulher na voz da Grazzi Brasil, é simplesmente de arrepiar. Foi o samba-enredo que subiu à escola, e um dos enredos mais marcantes dos últimos anos no Anhembi, portanto é sempre um ato a mais. Principalmente na voz de uma mulher, uma intérprete marcante, e você vê componentes cantando muito, principalmente as mulheres, é um ato no carnaval paulistano. Também as palavras do Presidente Silvão levantando o astral da comunidade, e dizendo sobre o desfile ser focado em nível de Grupo Especial.
A corte de bateria da Milênio conta com a jovem Geovanna Pyetra, Mah Caval e Mirela, o trio que esbanja sorriso no rosto, samba no pé e simpatia. As estrelas do Milênio estão afiadas e em grande a frente da Pegada da Coruja. Vale destacar a primeira ala que entrou com palavras chaves do samba “firmamento, respeito, amor, mundo”, entre outras, cada uma em uma plaquinha. Por fim, a Torcida Garra da Coruja mais uma vez agregou e sendo uma ala a mais, entretanto fora da pista, faz o show à parte nas arquibancadas, principalmente quando a bateria passa.