A União da Ilha realizou uma coletiva de imprensa no seu barracão na Cidade do Samba. Na coletiva estiveram presentes o carnavalesco Cahê Rodrigues e o diretor de carnaval Dudu Azevedo. Após longo período de portas fechadas, a escola convidou a imprensa para um bate-papo a respeito de como foi a preparação para o desfile de 2022, passando pela escolha do enredo, adaptação do barracão sem a presença do carnavalesco Severo Luzardo e expectativas para o carnaval de 2022. Também foram levantados temas como a evolução da escola nesta reta final para o desfile. Para Dudu Azevedo, mesmo que pudesse haver desconfiança a respeito de como a União da Ilha estaria para o carnaval, internamente a equipe estava confiante sobre o projeto.
“A escola vinha recebendo críticas, mas internamente nós não tínhamos dúvidas sobre o trabalho. Depois do que foi apresentado no ensaio técnico o que mudou é que mudaram a forma de ver a escola, mas nós nos planejamos e ensaiamos muito o samba. Até porque tivemos momentos de dúvida, teve momento do auge da covid que existiam alas com menos da metade de componentes e isso assustava a gente. De uma semana para outras mais de 150 pessoas vieram informar que estavam desistindo de desfilar, mas ainda acreditávamos no planejamento, só faltavam as pessoas para realizar o desfile, até que depois de um tempo elas foram surgindo. Já no ensaio de rua antes de irmos para a Sapucaí, nós percebemos que a escola estava cantando forte, evoluindo bem e com boas nuances”, disse Dudu Azevedo.
Dudu também afirmou que a escola não sofreu grandes impactos com o adiamento do carnaval, porque na verdade a Ilha já estava pronta para desfilar em fevereiro. Sendo assim, a diferença ocasionada foi o amadurecimento do chão da escola e discussões saudáveis com o carnavalesco Cahê Rodrigues que teve dificuldades em fazer novas ideias pararem de surgir ao longo dos dois meses de adiamento. O diretor de carnaval também comentou sobre como a escola encara o favoritismo do Império Serrano.
“É lógico que todo ano vão cotar o Império, assim como vão cotar a Estácio, mas quanto ao Império, se formos fazer uma comparação será que deixamos a desejar? Deixamos a desejar em equipe? Eu acredito que não. Deixamos a desejar em escola? Também não, nós somos grandes como o Império. Agora é avenida, tem que entrar para saber quem vai ganhar”.
Outro tema que merece destaque na coletiva foi a adaptação do cotidiano no barracão da Ilha após o falecimento do carnavalesco Severo Luzardo que fazia dupla com Cahê Rodrigues. “Todo processo criativo foi feito por nós dois. Hoje, com a ausência dele, toda a minha luta dentro do barracão é para a gente preservar a memória dele e suas ideias iniciais. É claro que aconteceram modificações, porque a partir do momento que se tem duas pessoas e uma delas não está mais, nós passamos a ter que tomar algumas decisões, mas nada que mudasse a ideia, roteiro e rumo do desfile. Não era muito uma questão de criar, era questão de enfeite e finalização de projeto”, disse Cahê.