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Por dentro dos ritmos: Saiba detalhes sobre a bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel

Mestre Dudu preserva o legado da bateria 'Não Existe Mais Quente' adicionando levada nordestina

O primeiro ensaio do ano ocorreu na última quinta-feira, dia 5 de janeiro, na quadra da Rua Coronel Tamarindo. Com um bom quórum na bateria, o treino mostrou um ritmo consistente e equilibrado. Nem o frio e nem a chuva impediram os ritmistas de ensaiarem para procurar manter o grau de excelência da bateria da Mocidade.

A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel possui um ritmo genuíno e peculiar. Um legado deixado por mestre André e trabalhado por mestre Coé (pai de Dudu), que demanda bastante responsabilidade quanto à preservação musical do atual mestre. É possível perceber uma afinação de surdos invertida em relação às demais baterias, já que na Mocidade o surdo de primeira tem timbre agudo, enquanto o surdo de segunda, timbre grave. No naipe de caixas de guerra, o toque característico possui uma acentuação específica inclusive no toque da “mão fraca”, que auxilia a produzir um molho diferenciado.

A bateria “Não Existe Mais Quente” foi a primeira a inserir o surdo de terceira em baterias, se aproveitando do swing propiciado por ele para dar balanço ao ritmo. Vale ressaltar também que o agogô foi incluído por Mestre André na bateria e pelas bandas de Padre Miguel os instrumentos possuem duas campanas (bocas). O toque extremamente refinado dos repiques da bateria “NEMQ” também merece menção musical. Sem contar o belo naipe de chocalhos, que além de primeira fila dançante, se destaca pela tradicional “subida cascavel” após as chamadas dos repiques solistas. Complementando as peças leves, um naipe historicamente forte de tamborins se encontra altamente vinculado às tradições do ritmo único produzido pela sempre aguardada bateria da Mocidade.

Mestre Dudu, além de buscar sempre manter a essência da bateria da Mocidade, também revelou que baseia seu trabalho na análise técnica das justificativas dos julgadores. A prioridade é garantir a evolução do ritmo e potencializar pontualmente tanto as virtudes musicais da bateria, quanto desenvolver os naipes que foram motivos de descontos. Para consolidar essa linha musical, Dudu tem preferência por buscar a limpeza rítmica através dos ensaios de naipes separados, garantindo assim evoluir os ritmistas individualmente, proporcionando melhor sincronia e coletividade. Segundo o mestre, o ensaio de naipe em dia distinto do da bateria completa faz com que ajustes técnicos sejam realizados mais facilmente, já que a sonoridade produzida somente por um único naipe acaba deixando evidente onde é possível melhorar.

O cuidado com o naipe de caixas de guerra embala musicalmente a bateria “Não Existe Mais Quente”. Mestre Dudu revelou que o crescimento passou a ser notado de forma geral após a mudança no diâmetro da caixa, alterando para 14 polegadas (por volta de 2016), além da acentuação utilizada na afinação do instrumento. Isso permitiu que o molho dado à bateria da Mocidade sobressaísse cada vez mais.

Dudu se mostra admirado com a resposta do bom samba-enredo da Mocidade, bem como com a linha melódica com variações que ajuda a consolidar o ritmo. A integração do trabalho musical com o intérprete Nino do Milênio tem deixado o mestre surpreso, com o cantor oficial da escola estando cada vez mais solto no comando do microfone principal. Se a missão de substituir o ícone Wander Pires é particularmente ingrata, Nino do Milênio tem se sentido gradualmente mais à vontade dentro da agremiação, segundo o mestre.

Para o Carnaval 2023, Dudu pretende levar um total de seis arranjos musicais, entre bossas e nuances que darão versatilidade rítmica à bateria “NEMQ”. O mestre acredita ser importante trabalhar o samba todo, se aproveitando da primeira, da segunda e dos refrões, dividindo a obra em quatro partes. Isso facilita a apresentação, pois em qualquer momento do samba-enredo que a bateria da Mocidade chegar próximo a cabine de julgadores terá soluções musicais a serem executadas disponíveis. Mestre Dudu, inclusive, aproveita para exaltar a qualidade técnica de assimilação de paradinhas por parte de seus ritmistas. Esse fato tem contribuído para que cada vez mais se apresente um leque amplo de bossas. Será possível identificar uma interação musical bem vasta na bateria da Mocidade, sendo notados os ritmos do Xote, do Maracatu e do Baião, fato que atrela cultura nordestina a sonoridade produzida.

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