Série Barracões: Com desfile grandioso e luxuoso Salgueiro pretende fazer passeio turístico, histórico e cultural sobre a resistência negra carioca
O Salgueiro busca reencontrar o caminho das vitórias com um enredo que é a cara da escola, afinal, não existe nada mais Salgueiro do que contar a história do povo negro entrelaçada com a do Rio de Janeiro, com o enredo “Resistência”, a escola da Tijuca irá retratar na avenida locais do Rio de Janeiro marcados como pontos importantes de resistência cultural preta. a agremiação se volta para sua riquíssima história e busca emocionar o público mais uma vez em busca do título que não vem desde 2009.

Indo para o seu o seu quarto ano a frente da academia, já tendo assinado “Senhoras do ventre do mundo”, “Xangô” e “O Rei negro do picadeiro”, Alex de Souza recebeu a equipe do site CARNAVALESCO no barracão para contar alguns detalhes do próximo desfile.
Lançado em meio às manifestações antirracistas em todo o mundo, por justiça social e igualdade, o enredo do Salgueiro para 2022 teve a concepção de Eduardo Pinto e Marcelo Pires, da Diretoria Cultural da escola, juntamente da professora e doutora Helena Theodoro
“Estávamos em meados do ano de 2020, já tinha acontecido toda aquela situação que tocou o mundo inteiro, de manifestações pelo planeta pela morte de George Floyd, aquilo eclodiu e aí já tinha uma sequência de escolas de samba prestando uma homenagem a essa questão, o departamento cultural achou por bem, pela tradição da escola, que a gente não poderia estar de fora dessa corrente, o departamento cultural optou por esse caminho e chamou a Doutora Helena Theodoro para dar o suporte e orientação, foi um trabalho feito por várias pessoas ”, conta Alex.
Poucas são as escolas que tem como marca uma linha de enredos de temática africana, pensar no Salgueiro é lembrar de enredos que traziam ao público personagens desconhecidos da nossa história, sambas-enredos com louvações aos orixás e que dão ao negro o protagonismo que ele de fato merece. Para esse ano, a escola buscou dentro de si a inspiração para valorização da cultura negra.
“O enredo se propôs a não ser tão abrangente, já que só de falar de territórios e formas de resistência no Rio de Janeiro, já bastava para um carnaval inteiro. Então se juntou duas coisas que são muito fortes no Salgueiro, a questão da negritude e o Rio de Janeiro como tema, então juntou duas tradições da escola, uma escola muito carioca e que sempre valorizou a história do negro. Uniu as duas coisas”, comenta Alex.
Durante a pesquisa do enredo, Alex encontrou pontos interessantes e até então desconhecidos para ele e também para o restante da sociedade, é uma oportunidade de falar do Omolokô, uma religião sincrética praticada no Brasil tendo como base elementos africanistas, espíritas e ameríndios, mas que é poucas vezes foi retratada no carnaval.
“Aquela Região do Alto Leblon, que hoje é super valorizada já foi um Quilombo, outra coisa extremamente interessante é falar sobre o Omolokô, no carnaval sempre se fala do Candomblé, as pessoas não tem muito conhecimento sobre as casas de Omolokô, assim como falar da Umbanda, que surge aqui e precisa ser valorizada. Vamos falar também sobre a festa da Penha, que era uma tradição muito importante, era uma festa que teve muito valor pra música popular brasileira e hoje é meio esquecida”, pontua Alex.
O enredo do Salgueiro é uma síntese da resistência carioca em todo o Estado do Rio de Janeiro, a proposta não é fixar apenas no Centro, mas também olhar o entorno e entender que a luta se faz presente em todo o território, o subúrbio terá uma representação enorme, um setor inteiro da escola vai homenagear os grandes bailes oriundos de Madureira, principalmente no Viaduto Negrão de Lima. Para Alex, o enredo será um grande passeio turístico, histórico e cultural sobre a resistência negra no Rio.
“Não é só a cidade do Rio de Janeiro, tem o entorno, tem territórios que a gente identifica em São Gonçalo, na Baixada Fluminense, que são satélites, é uma coisa muito rica porque pega o Rio todo, o Subúrbio, Niterói. São vários locais, mas a gente começa homenageando o Salgueiro e termina com uma menção ao Salgueiro como local de resistência, como o morro tendo sido um Quilombo”, destaca Alex.
Quando perguntado sobre o maior trunfo da escola para o desfile, Alex acredita que o conjunto fará a diferença, juntamente da garra do componente salgueirense, para ele, a força do enredo fará com que os integrantes sintam a energia.
“A gente deposita toda nossa confiança e esperança na garra do Salgueirense, superando todas as dificuldades que todas as escolas tiveram, e que nós também tivemos, vamos com toda força, cantando a plenos pulmões, a bateria tá fantástica, acredito muito na comissão de frente, ela vai mostrar um grande trabalho, então o conjunto é o nosso maior trunfo, o tema é pertinente a “A gente deposita toda nossa confiança e esperança na garra do Salgueirense, superando todas as dificuldades que todas as escolas tiveram, e que nós também tivemos, vamos com toda força, cantando a plenos pulmões, a bateria tá fantástica, acredito muito na comissão de frente, ela vai mostrar um grande trabalho, então o conjunto é o nosso maior trunfo, o tema é pertinente a escola e ao momento, vai ser um desfile alegre, com muita energia e com muita força”, destaca o carnavalesco.
“Escola de Samba é sempre um reflexo do momento da sociedade”
O carnaval deste ano terá um número enorme de enredos com temáticas africanas, reflexo do que estava acontecendo ao redor do mundo no período de escolha das escolas, nos últimos anos a pegada mais crítica ganhou força novamente, Beija-Flor e Mangueira foram campeãs com enredos extremamente críticos em 2018 e 2019, Alex acredita que o carnaval tem esse dever de retratar o que a sociedade está passando, mas para ele funciona melhor quando a mensagem é passada de forma mais leve.
“Temática negra em escola de samba existe desde sempre e o Salgueiro evidenciou ainda mais isso a partir dos anos 60 com o Pamplona e sua turma trazendo heróis negros que não eram conhecidos, era a história marginal do Brasil, as pessoas não conheciam Xica Da Silva, Zumbi dos Palmares, Chico Rei, até que o Salgueiro foi mostrando, acho que a crítica sempre teve e agora está se refletindo mais, a escola de samba tem esse dever de refletir o momento da sociedade, tivemos momentos de carnavais mais críticos por conta da situação política e com humor, acho inclusive mais bacana quando é mais bem humorado, o recado passa melhor”, comenta Alex.

Proposta Visual do Desfile:
No último carnaval, a Academia do Samba encantou o público presente no Sambódromo, tamanho o bom gosto de Alex em alegorias e fantasias, extremamente bem acabadas e de fácil concepção, a escola gabaritou em fantasia e não foi descontada em alegoria, Alex inclusive ganhou o Estrela do Carnaval na categoria “melhor conjunto de fantasias”, para esse ano, Alex pretende repetir o sucesso, mas diz que em nada o carnaval passado se assemelha ao desse ano, são propostas diferentes.
“Espero que seja no mesmo nível, mas são carnavais diferentes, a plástica é totalmente diferente, o assunto é outro, o trabalho de aderaçaria é mais forte do que nos últimos anos, então eu espero que esse conjunto funcione muito bem, pelas formas, pelas cores, pelo didatismo, espero que as pessoas consigam entender, principalmente, eu espero que as pessoas se identifiquem”, conta Alex.
O Salgueirense está acostumado com desfiles suntuosos e luxuosos, a grandeza faz parte da história da escola, principalmente após a longa passagem do casal Lage pela agremiação, essa grandiosidade será vista no desfile deste ano, ao chegar no barracão é impossível não se impactar com o tamanho dos carros, a riqueza de detalhes é enorme, Alex conta que a maioria dos carros terá 16 metros de altura, o cuidado nas fantasias também é muito perceptível, o volume está presente em todas as alas, assim como o acabamento primoroso.
“O abre-alas vai ser o de maior identificação, mas acredito que para os mais antigos, aqueles de raiz, seria a traseira do último carro, que é onde a gente fecha essa história Salgueirense”, aposta Alex.
Entenda o Desfile:
O Salgueiro será a terceira escola a desfilar na Sapucaí na primeira noite de desfiles, dia 22 de abril. A escola irá desfilar com 3.500 componentes, distribuídos em 32 alas, cinco alegorias e dois tripés.
Setor 1: “A abertura presta homenagem aos proprios enredos negros do Slagueiro e a estética que o Salgueiro desenvolveu com o Pamplona e sua turma, que a gente identificava de cara como o Salgueiro. É uma África estilizada, uma África clean, para o grande cenógrafo que foi o Pamblona”.
Setor 2: “Atrás do abre-alas nós temos um setor que mostra um período anterior à abolição e pós abolição, época de República Velha e a gente evidencia muito essa região da Pequena África, encerra com o tripé da a Pedra do Sal. Na sequência entra a religiosidade, desde um catolicismo negro, passando pelo Candomble, pelo Omolokô, pela Umbanda a gente vem trazendo essas várias vertentes de matriz africana até encerrar num tripé e numa alegoria referente a religiosidade.
Setor 3: “Neste setor a gente vem com uma parte cultural de cultura de popular com a cultura erudita, começando desde a comida de santo que vira a comida do dia a dia, da culinária dos restaurantes, passa por capoeira, pelo Jongo da Serrinha, pelo Caxambu do Salgueiro, que são primos, passa pelos times de futebol, depois tem a parte dos escritures negros, o teatro negro de Abdias do Nascimento e o balé afro e o balé clássico de Mercedes Batista, e vem o carro como grande palco dessas figuras que trouxeram essa negritude”.
Setor 4: “No quarto setor nós viemos com os ritmos de música e dança, desde lá do início do século com a festa da Penha com os chorões, passando pelas Escolas de Samba, pelos blocos afros, pelo Cacique de Ramos, pelo Charme, pelo funk, até chegar nessa modernidade, mais próxima dos dias de hoje com esses estilos musicais”.
Setor 5: “No último setor a gente vem com os movimentos sociais, nós tivemos várias formas de resistência e no final é o povo na rua reivindicando seus direitos, é uma grande passeata, nós teremos um grande grupo com várias figuras famosas, engajadas, ativistas, artistas, convidados da Doutora Helena para compor esse cenário final. No verso desse carro a gente tem uma lembrança desse morro do Salgueiro, anterior a criação da própria escola, ali é o grande lugar de resistência onde nasceu essa escola que está contando essa história há muito tempo”.
‘Mais importante é que a comunidade brinque e dance’, declara presidente da Santa Cruz
A Acadêmicos de Santa Cruz foi a quarta escola a desfilar na segunda noite de desfiles da Série Ouro. A Verde e Branco apresentou na avenida o enredo “Axé, Milton Gonçalves! No catupé da Santa Cruz”, com uma justíssima homenagem para o ator, cantor e diretor. Em entrevista para o site CARNAVALESCO, Zezo, presidente da agremiação, definiu a apresentação como emocionante.
“Foi uma passagem emocionante, mas tem jurado, o que a gente acha, não vale muita coisa. Importante é mostrar que conseguimos fazer uma grande homenagem e a prova disso foram as meninas que desfilaram chorando. Todo mundo feliz, brincando, essa é a proposta do carnaval. O importante é que a comunidade brinque e dance”.
O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira da Santa Cruz, Muskito e Roberta Freitas, desfilou com uma linda fantasia que representava os “Nobres africanos: Raízes ancestrais”. A dupla demonstrou muita segurança, bailado e sincronia.
“Graças a Deus conseguimos executar tudo que a gente ensaiou por meses. Todo esse tempo que a gente ficou sem carnaval foi compensado. Muito feliz e satisfeito”, declarou Muskito.
“Foi sublime. Tivemos o desfile da Cidade do Samba, o ensaio técnico que ajudou na construção desse trabalho. O reflexo hoje foi muito positivo, saio muito satisfeita”, disse Roberta Freitas.
O samba-enredo de Samir Trindade, Junior Fionda, Elson Ramires e Rildo Seixas teve um belo rendimento na avenida. Roninho, voz principal por levar o canto da Santa Cruz, terminou a apresentação bastante emocionado.
“Um baita desfile depois de dois anos pro conta da pandemia, perdemos muita gente do mundo do samba e passar na Marquês de Sapucaí foi muito emocionante. Independente de qualquer coisa que tenha acontecido, foi maravilhoso. A escola passou com alegria, brincamos e, isso que importa”. intérprete Roninho
Leandro de Itaquera desfila com investimento em alegorias e se destaca na evolução
A Leandro de Itaquera foi a penúltima escola a desfilar. Levando para a avenida o enredo “No ecoar dos tambores e no feitiço da Leandro – de Dahomé as terras de encantaria – O cortejo da rainha Jeje e os segredos de Xelegbtá”, a agremiação contou com um alto desempenho quesito evolução para passar na pista. Dentro do tempo de 56 minutos, se viu alas compactas e com coreografia padronizada dentro do samba. Por conta disso, a comunidade da Zona Leste não sofreu nada com o tempo e pôde passar tranquilamente, sem se preocupar com o temido 60 minutos do Acesso I. Porém, a escola teve um desempenho abaixo no quesito harmonia. Foi o ponto fraco na apresentação. Devido a isso, pode sofrer e perder alguns pontos.
Comissão de frente
A ala, comandada pelo coreógrafo Marcelo Gomes, representa o ritual da Pantera Negra e o culto aos voduns. A dança apresentada, foi totalmente cênica e, dentro da pista, mostrou- se personagens diferentes, sendo seis panteras e guardiões texossus, além de dois orixás (Oxalá e Exú) e a sacerdotisa Agotime.
A apresentação levou Elemento alegórico gigante com uma pantera no meio mexendo as cabeças, dando um belo efeito para a abertura da escola. Cobras ao lado das panteras também. A agremiação gosta bastante de exaltar os animais dentro de seus desfiles. Vale destacar a bela maquiagem dos integrantes.
A apresentação da comissão de frente consistiu em uma dança, onde os orixás Oxalá e Exú são os protagonistas dentro da coreografia.
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal José Luís e Juliana, representou o “A grandiosidade de reino do Dahome”. A dupla executou movimentos leves e uma coreografia satisfatória dentro do samba. Em frente à cabine do recuo, mostrou o pavilhão com garra e o jurado se curvou. Detalhe para sorrisos, toques e beijos nas mãos que o mestre-sala deu na porta-bandeira. A fantasia era tranquila e não atrapalhou a dança.
Harmonia
No minuto onze, onde a bateria executou uma bossa do apagão, localizada nas últimas estrofes interligadas com o refrão principal, houve uma pequena atravessada nas alas que estavam perto da bateria. Ainda dentro do quesito, não houve equilíbrio no canto entre as alas. Apenas o segundo setor passou cantando de forma satisfatória. As demais, não tiveram um desempenho dentro do esperado.
Enredo
A concepção do enredo e desfile realizado pelo carnavalesco Amarildo de Melo, é de grande ousadia e grandiosidade. Porém, por ser muito complexo, o entendimento perante ao público, pode não ser como esperado.
Entretanto, falando do desfile, a escola optou por setorizar tudo e levar tudo de formar linear. Fazia total sentido, pois o carro abre-alas se conectava bastante com a comissão de frente, visto que representava a grandeza do reino Dahomé. Muitas esculturas reais no carro, mostrando a imponência que o local que o Amarildo quis passar. Tal citação, é uma prova de que apesar da concepção ser difícil, a leitura se bem analisada dentro da pista, pode se tornar considerável para o público.
Evolução
Foi o quesito destaque da escola. Havia uma coreografia padronizada. No refrão do meio, em cada frase, os componentes balançavam os seus corpos para trás e frente. Nos costeiros, dava um belo efeito na pista.
Também houve um ótimo efeito na entrada do recuo. Muita ousadia. As passistas entraram no recuo e, a bateria, passou no meio delas para fazer a entrada. Sendo assim, não deixou espaço nenhum. Algo que com certeza foi muito ensaiado e perfeitamente executado.
Samba-enredo
A ideia do samba da agremiação da Zona Leste, é apresentar mais elementos afros possíveis. Porém, isso é cantado de uma forma diferente. A escola não optou por colocar várias palavras oriundas africanas em seu hino. Ao invés disso, o contexto é contado inteiro como uma história em ordem cronológica. O intérprete Hudson Luiz teve um desempenho satisfatório. As partes dos refrões foram as mais cantadas.
Fantasias
Apostaram muito em costeiros e materiais mais simples em baixo. A ala das baianas representou “Nochê Naê”, que é considerada a mãe de todos os voduns, teve destaque pelas cores quentes no laranja e vermelho. Passistas se misturaram entre homens e mulheres e, a fantasia, simbolizava “princesas tobossís e os príncipes”.
Alegoria
O abre-alas representou “A grandiosidade do reino de Dahomé”, era um carro gigante com esculturas de animais, como, cavalos, rinocerontes, elefantes e, no topo, o leão, que é o símbolo da agremiação.
A segunda alegoria, nomeada “Desbravando as águas Agotime em travessia rumo ao seu destino”, deu uma clara sensação de rio. Esculturas em cima e em baixo, além da presença de figuras de peixe e tecido simples em azul, dando uma aparência de ondas ou mexida nas águas
Última alegoria com uma mãe de santo no topo e duas mulas sem-cabeça. Realmente representando algo mítico.
Outros destaques
A bateria da agremiação, regida por mestre Pelé, executou bossas empolgantes. A maior delas, foi o apagão realizado no refrão principal, onde a batucada inteira para junto ao carro de som e deixa a comunidade cantar sozinha à plenos pulmões. Destaque para os agogôs, chocalhos e desenho de tamborim da bateria. Ouvindo o som, era notório a presença mais forte desses três fatos.
Império Serrano alia técnica e emoção, e fica perto de voltar ao Grupo Especial
O segundo dia de desfiles da Série Ouro foi encerrado com grande desfile do Império Serrano, que ficou próximo de um retorno à elite do Carnaval. A escola teve bom desempenho em todos os segmentos e viu concorrentes pecarem. A Unidos de Padre Miguel fez apresentação plasticamente impecável, com alegorias grandiosas, mas abriu enorme buraco na avenida e terá problemas na apuração. Com grande enredo e apresentação correta do início ao fim, o Império da Tijuca também promete briga nas primeiras posições.
Recém-promovida, a Lins Imperial fez bom desfile, somou bom conjunto plástico e deixou recado de não querer mais retornar à Intendente Magalhães. Inocentes de Belford Roxo e Acadêmicos de Santa Cruz também fizeram boas apresentações, mas cometeram erros de evolução. Com reedição do enredo de 1995, a Estácio de Sá se destacou no canto e na performance do casal, mas deixou a desejar na plástica, enquanto Vigário Geral também abriu buraco apesar do bom desempenho do samba.
LINS IMPERIAL: Após 10 anos sem pisar no solo sagrado da Sapucaí, a Lins Imperial abriu a segunda noite de desfiles da Série Ouro se destacando no geral em alegorias e fantasias, e contando de forma bastante leve a história do humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Alguns pontos em evolução, como a abertura de alguns buracos, devem fazer com que a escola perca alguns décimos. A harmonia também esteve um pouco irregular com as alas cantando bastante o samba e outras nem tanto. Com o enredo “Mussum pra sempris – traga o mé que hoje com a Lins vai ter muito samba no pé”, a escola encerrou seu desfile com 55 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE
INOCENTES DE BELFORD ROXO: A Inocentes de Belford Roxo apresentou um belíssimo conjunto visual em seu desfile, com destaque para as fantasias, com cores variadas e bastante volume, a escola encantou visualmente, porém, a evolução deixou a desejar e pode comprometer uma melhor colocação da escola na apuração. Logo no início, o carro abre-alas apresentou dificuldades de se locomover pela avenida e ao menos dois buracos foram abertos, um no setor três e outro no último módulo de julgadores. Além do conjunto visual, a entrada da escola, com a comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira também se destacou no desfile. * VEJA FOTOS DO DESFILE
ESTÁCIO DE SÁ: Terceira escola a desfilar no segundo dia de apresentações da Série Ouro, a Estácio de Sá se destacou com a Comissão de Frente e o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Contudo, apesar do bom início, a escola perdeu força estética, cometeu erros em fantasia, que acabaram impactando na leitura do enredo. O último carro da escola também destoou dos dois primeiros pela simplicidade e acabamento ruim. A agremiação reeditou o enredo de 1995 em homenagem ao Flamengo, com título ‘Cobra Coral, Papagaio Vintém, Vestir Rubro-Negro, Não Tem Pra Ninguém’, e passou pela Sapucaí em 54 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE
SANTA CRUZ: A Acadêmicos de Santa Cruz realizou uma justa homenagem ao ator, cantor e diretor Milton Gonçalves. A Verde e Branco apresentou na avenida o enredo “Axé, Milton Gonçalves! No catupé da Santa Cruz”. A agremiação da Zona Oeste se destacou com uma bela apresentação da bateria de mestre Riquinho, da sua comissão de frente e de seu conjunto alegórico. Porém, a escola pecou em evolução e harmonia, abrindo um buraco no setor 6, em frente a última alegoria. O desfile durou 53 minutos. * VEJA FOTOS
UNIDOS DE PADRE MIGUEL: A Unidos de Padre Miguel apresentava pelo menos a melhor abertura de uma escola na Série Ouro de 2022, juntando elemento alegórico da comissão de frente, pede passagem com a cabeça do boi vermelho, e o abre-alas trazendo a grande árvore sagrada. Mas justamente o abre-alas que compunha o conjunto que mexeu com o público desde os primeiros minutos, apresentou problemas que geraram consequências negativas para a evolução da escola. A presença de um enorme buraco entre os setores 6 e 8 deve custar preciosos décimos. O canto da escola, a comissão de frente e o casal também se destacaram na Vermelha e Branca de Padre Miguel. Com o enredo “Iroko – É tempo de Xirê”, a Unidos foi a quinta escola a desfilar na segunda noite da Série Ouro, encerrando sua apresentação com 52 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE
VIGÁRIO GERAL: Um desfile que começou promissor e terminou de forma caótica, assim pode ser definida a passagem da Acadêmicos de Vigário Geral, a comissão de frente emocionou e trouxe uma mensagem muito forte logo no início, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira também merece destaque, visualmente a escola cometeu alguns erros, porém, o quesito mais problemático da escola foi a evolução, devido uma grande dificuldade de locomoção do segundo carro ocasionou vários buracos ao longo da avenida. * VEJA FOTOS DO DESFILE
IMPÉRIO DA TIJUCA: O Império da Tijuca desfilou na madrugada desta sexta-feira no Sambódromo e contou, de forma brilhante, a história da Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo. O carnavalesco Guilherme Estevão trouxe para a Avenida a agremiação criada pelo intérprete Candeia, e fez várias referências ao baluarte da Portela na apresentação. Além do destaque para o enredo, o casal de Mestre Sala e Porta Bandeira também teve ótima exibição, assim como a Comissão de Frente. Fantasias sem grande impacto visual e pequenos erros de acabamento nos carros foram os pontos negativos. A escola passou na Avenida de forma correta, sem erros de evolução, em 54 minutos de desfile. * VEJA FOTOS DO DESFILE
IMPÉRiO SERRANO: O presidente Sandro Avelar falou mais de uma vez que o desfile de 2020 era o pior da história do Império Serrano em sua história. Se é verdade, a escola então se redimiu com um desfile sem erros, perfeito em evolução, com destaque também para o canto da escola, bateria do estreante mestre Vitinho e a comissão de Patrick Carvalho, que ainda que um efeito não tenha funcionado no segundo módulo, resumiu de forma clara o enredo. A Verde e Branco da Serrinha esteve menor do que algumas outras agremiações, mas entregou alegorias e fantasias de bom gosto. Com o enredo “Mangangá”, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira, a agremiação encerrou a última noite dos desfiles da Série Ouro com 53 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE
Participaram da cobertura: Lucas Santos, Luan Costa, Leonardo Damico e Eduardo Fróis
Comissão de frente e abre-alas se destacam, mas fraco desempenho em harmonia e evolução, podem comprometer o projeto de volta ao Especial da Pérola Negra
Fechando os desfiles do Grupo de Acesso I, a Pérola Negra, apresentou para o público o enredo “O mergulho nos rios sagrados em busca da cura, do corpo e da alma”. O que se viu na apresentação da comunidade da Vila Madalena, foi um ótimo primeiro impacto. Uma comissão de frente encenada, bem vestida e de fácil entendimento. Além disso, um casal de mestre-sala e porta-bandeira que teve um desempenho de maneira correta e, por fim, um carro abre-alas imponente.
Quem assistiu esse começo, se impressionou e se empolgou. Porém, com o passar do tempo, a escola começou a ter alguns erros, principalmente em harmonia e evolução. Contudo, não se pode ficar parado e não saber o samba-enredo do carnaval da agremiação e, devido a isso, as punições em nota podem chegar e adiar o sonho de voltar ao Grupo Especial, que seria logo depois de uma queda em 2020.
Comissão de frente
A dança, comanda pelo coreógrafo Robério Theodoro, teve como quatro personagens encenando, simbolizando o batismo no Rio Jordão. Sendo eles, Jesus Cristo, João Batista, pomba do divino Espírito Santo e Os Anjos Celestiais e o poder das águas do rio Jordão. A apresentação teve como os anjos saudando o público e dançando de um lado para o outro. Ocupando toda a pista. Os personagens Jesus Cristo e João Batista, dançavam esporadicamente e faziam movimentos leves.
A dança dos integrantes contava com uma fantasia de costeiros e capas azul. Os dançarinos puxavam a todo instante, dando um belo efeito na pista
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal, Gabriel Vullen e Joice Prado, que estava representando Faraó e Cleópatra, tiveram um desempenho satisfatório nesta noite. Preservaram-se por fazer movimentos leves e seguros. O sorriso no rosto, principalmente da porta-bandeira, é algo a se destacar dentro da apresentação. Quando se apresentavam às torres de jurados, se via um curvamento perante à dupla.
Harmonia
Claramente dá para ver no semblante que muitas pessoas não sabiam o samba, apesar de ouvir um certo canto nos apagões da bateria. Aparentemente, era o único momento em que a escola se empolgava. De resto, em questão de ânimo das alas e tônica do samba, o desempenho foi muito abaixo. Sem sombra de dúvidas, foi o ponto fraco da escola no desfile.
Enredo
O conceito do enredo da Pérola Negra, consiste em apresentar o poder dos rios na cura do corpo e da água. Segundo o tema, as águas do rio trazem tudo o que há de mais puro para o ser humano, como a conexão espiritual e o culto aos deuses na antiguidade. Na concepção do enredo, é algo muito fácil de se entender logo de cara, seja lendo ou vendo vídeos sobre o que se trata.
Sobre a pista, ficou muito a proposta da escola. A história dos rios, como a humanidade usou e a importância dessas águas, foram pontudas muito bem.
Evolução
Assim como a harmonia foi muito fraca, a evolução também. Muito dos componentes não dançavam direito. A sensação que deu é que estavam ali por estar. Não houve quase nenhuma empolgação por parte da escola. Nitidamente, no semblante, além de não saberem o samba, a evolução era lenta. Óbvio que não é generalizando, mas a maior parte da comunidade desfilou desse jeito.
Samba-enredo
O mais interessante do samba, é a ambiguidade da letra. O hino começa com um culto à orixá, que é Oxum e, logo após, entra no catolicismo, onde se fala do batismo de Jesus Cristo no sagrado Rio Jordão. Na segunda parte, após o refrão, cita o orixá Oxalá. Então, essa mistura entre o afro e uma parte do catolicismo, foi algo interessante de se observar dentro da letra
O carro de som, liderado pelo intérprete Daniel Collete, teve um desempenho satisfatório. O experiente cantor é forte em fazer as ‘antecipações’ dentro do samba. Em mais um desfile, Collete conseguiu executar.
Fantasias
Como dito anteriormente, a comissão de frente impressionou com as suas fantasias. Principalmente a dos integrantes vestidos de azul com vestido claro, fazendo movimentos e dando um belo contraste na pista. Outro grande destaque para as fantasias, vai para as vestimentas das baianas. Elas vestiam Oxum em um dourado fortemente brilhoso. São as duas melhores alas em questão de roupas. Porém, ao todo, a Pérola Negra foi com um conjunto de material simplificado. Aparentemente, dentro das alas normais, não quiseram ousar e, apenas, cumprir o que o regulamento manda.
Alegoria
A primeira alegoria, representou o “Esplendor do templo do Deus Sobek ás margens do Rio Nilo”. Um abre-alas com crocodilos na frente, junto ao letreiro da escola. Presença de led simbolizando a água e escultura realista simbolizando o Egito. Cada detalhe e adereço muito bem feito. O abre-alas foi outro ponto positivo do desfile
O segundo carro, simbolizou “O templo da deusa Ganga”, feito todo em lilás com brilho e uma escultura central de um homem.
Fechando o desfile, a terceira alegoria consiste no Rio Oxum e ao Rio Paraíba do Sul. O carro levou uma grande escultura de Nossa Senhora de Aparecida e Oxum carregando um filho pequeno. Outra bela ação para unificar as religiões.
Outros destaques
A bateria da escola, que é regida pelo mestre Fernando Neninho, mostrou cadência e grande destaque nas caixas. Tal naipe mostrou uma forte imponência dentro do desfile. A bossa destaque vai para o refrão principal, onde a bateria faz uma paradinha junto ao carro de som, apenas deixando os atabaques tocando, fazendo os componentes da Pérola Negra cantarem a uma só voz.
Morre menina atropelada por carro alegórico
Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, imprensada pelo abre-alas da escola Em Cima da Hora contra um poste, morreu na tarde desta sexta-feira. O acidente aconteceu na quarta-feira, na dispersão. A jovem estava internada no hospital Souza Aguiar e chegou a ter uma perna amputada. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, teve traumatismo no tórax e respirava por aparelhos. A informação é do portal “G1.com”.

Funcionários do hospital disseram que Raquel teve um hemorragia interna. A tia da jovem ligou para a mãe da menina para dar a notícia do falecimento. Ao chegar no Souza Aguiar, Marcela Portelinha desmaiou.
Em entrevista para o portal “G1.com”, o prefeito Eduardo Paes lamentou a fatalidade.
“Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares. Minha solidariedade neste momento de dor”, disse Paes.