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Análise da bateria da Portela no desfile de 2022

A bateria Tabajara do Samba de Mestre Nilo Sérgio fez uma boa apresentação. A boa afinação de surdos propiciou base grave sólida para que a terceira portelense brilhasse com seu toque envolvente. Além dos repiques e das primorosas caixas de guerra da bateria da Portela. Aquele molho peculiar e inconfundível das caixas da Portela foi notado. Peças leves preenchendo com consistência a equalização do ritmo. Tamborins tocando firme e com bom volume sonoro, fazendo um toque notável de 1 x 1, dando uma sonoridade exemplar no trecho do refrão do meio. A batida 1 x 1 consiste no mesmo toque das frigideiras e foi repetido também em trechos da primeira e segunda do samba.

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Agogôs pontuaram melodicamente o samba com eficácia, além de uma ala de chocalhos com firmeza e coesão. A paradinha do refrão principal exibiu um arranjo musical soberbo, se destacando na narrativa musical apresentada pela bateria da Portela. Já a bossa do refrão do meio uniu musicalidade e movimentos dançantes para um lado e pro outro.

As apresentações nas cabines de julgadores ocorreu com solidez e sem nenhum transtorno musical evidenciado na pista de desfile. A melhor apresentação foi na última cabine dupla de julgadores, recebendo aplausos, num retorno visivelmente positivo do júri. A ressalva negativa fica para um chapéu de altura elevada, incomodando ritmistas e fazendo com que o trabalho de diretores fosse dobrado para sinalizarem as paradinhas de modo visível.

Erros em Evolução comprometem desfile da Portela caprichado no visual

No segundo ano do casal Lage, a Portela, mais uma vez, apresentou um bonito conjunto de fantasias e alegorias para trazer para a Sapucaí a árvore sagrada da vida, o Baobá. No entanto, diversos problemas resultaram também em dificuldades no quesito Evolução. O samba, não muito destacado na época da escolha, confirmou o crescimento durante estes meses e passou bem na Passarela do Samba, impulsionado por mais uma boa atuação da Tabajara do Samba e por Gilsinho. Outro ponto alto do desfile foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, que fizeram uma coreografia com muita garra e vigor. Com o enredo ” Igi Oṣè Baobá”, a Portela foi a segunda escola a pisar na Sapucaí na última noite de desfiles do Grupo Especial encerrando a sua apresentação com 68 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Coreografada por Leo Senna e Kely Siqueira, o grupo apresentou o retorno às origens dos povos africanos, um encontro com a energia dos antepassados fundadores da Portela com um ritual em memória dos escravizados. O ponto de partida é a cidade de Ajudá, que concentrou grande parte do tráfico de seres humanos da costa sul da África Ocidental A primeira cena é a chegada dos guerreiros guiados por um sacerdote, que invoca espíritos ancestrais. Estes espíritos saem do elemento cenográfico criando um bonito efeito de ventania. Reunidos, eles preparam o terreiro em frente ao templo, representado pelo elemento alegórico.

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Apesar da beleza do recurso, um dos integrantes tomou um tombo na saída da cenografia na primeira cabine de julgamento, e na segunda, outro ficou perto de cair. Após a invocação, os guardiões da noite, estruturas feitas de palhas, saíam do elemento cenográfico e participavam do ritual. Por fim, Oxumaré se personifica em seu aspecto principesco, aparecendo após um efeito de fumaça no alto do tripé da comissão, arrancando aplausos do público. Ele vive no Baobá, a árvore da vida ancestral dos povos africanos, um símbolo de resistência que faz a ligação entre o céu e a terra.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal da Portela, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, vestiu a fantasia ” Entre o Céu e a Terra”, representando, segundo a mitologia Iorubá, as grandes árvores sagradas que são pontes de contato entre o Orun e o Ayê, isto é, o mundo dos vivos e dos mortos, ou o material e o sobrenatural. A dupla iniciou sua coreografia e os integrantes da comissão de frente se viraram para acompanhar a apresentação.

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O casal mostrou uma dança com muito vigor, intensidade, mas também delicadeza. Lucinha que é uma porta-bandeira muito reconhecida pela sua intensidade nos movimentos, em diversas momentos apresentou uma doçura na dança alternando com muita energia na bandeirada. O ponto alto da apresentação era quando a dupla fazia um gingado mais afro na bossa da bateria que remetia a um Ijexá.

Harmonia

Mesmo com os problemas de evolução no início, a escola cantou e fez jus ao que sempre foi visto nos ensaios de quadra, rua e na própria Marquês de Sapucaí. No segundo setor, algumas fantasias estavam mais pesadas e alguns componentes pareciam mais cansados próximo à terceira cabine de julgamento, mas mesmo assim, o canto apresentava um bom nível. Destaque neste setor para a ala das baianas “Nana” e para a velha guarda “sabedoria ancestral”, que além de tudo estavam muito elegantes. Em outros setores, pode-se destacar as alas “Rei guezo”, “Griots”, do departamento feminino, “resistência” e “jongo”.

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Enredo

A Portela trouxe para a Sapucaí “Igi Oṣè Baobá” apresentando a história dos Baobás, árvores testemunhas dos tempos imemoriais, acompanhando a sucessão de gerações, ancestrais vivos, que nos remetem ao princípio da criação. Na abertura do desfile, a escola pediu licença aos “Guardiões da noite” para entrar no território por eles vigiado, evocando a força da ancestralidade, buscando a comunicação com a energia criadora dos antepassados e organizando um grande Xirê para isso. Neste setor, a Portela também enfatizou a arte iorubana.

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No segundo setor, a escola trouxe “Oxalá”, o orixá mais velho, mais respeitado do panteão africano. No próximo setor, a “árvore mãe”, fez-se referência exatamente à importância dos Baobás para a sobrevivência da fauna e das comunidades humanas. Em seguida, o enredo mostrou como o simbolismo dos Baobás esteve presente no cruel comércio de escravizados, acompanhando a diáspora africana e chegando às Américas.

No quinto e último setor, “Árvore de muitos frutos”, a Portela encerrou o desfile com as ricas manifestações culturais afro-brasileiras que surgiram com o passar dos anos, trazendo em sua essência as raízes do “Berço do mundo”. Enredo de fácil leitura e com boa conexão entre os setores.

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Evolução

Uma das principais preocupações para a Portela neste desfile, o quesito acabou sendo bastante afetado pelos problemas com as alegorias. Quando o segundo carro teve problemas para entrar na Sapucaí, a escola não segurou as alas que vinham na frente, o que gerou um buraco que pegou o primeiro módulo de jurados. Depois, problemas no quarto carro, fizeram com que a escola ficasse por algum tempo parada.

Outra questão que impactou um pouco na evolução foram as fantasias principalmente do segundo setor que impediam que os componentes evoluíssem de uma forma mais espontânea e leve. A fantasia da ala “omolu” limitava um pouco a visão dos componentes, que tiveram dificuldades mais próximo ao setor 10 onde havia na lateral uma elevação na lateral da pista. Como destaque positivo os babalorixás e ialorixá na primeira ala que executavam uma coreografia religiosa. No último setor, a ala “jongo” fazia uma bonita coreografia com as mulheres de vestido e os homens segurando tambores.

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Samba

O samba, que não foi dos mais festejados na sua escolha em setembro do ano passado, confirmou o bom rendimento que já vinha acontecendo nos ensaios de rua, beneficiado pelo andamento cadenciado produzido pela Tabajara da Samba de mestre Nilo Sérgio e pela excelente condução de Gilsinho por mais um ano. O intérprete se destacava com sua poderosa voz em relação ao restante do carro de som, ainda que as vozes de apoio também tenham feito um excelente trabalho, deixando o cantor mais à vontade para fazer alguns poucos e pertinentes cacos. Destaque para o trecho “Meu povo é resistência feito um nó na madeira do Cajado de Oxalá”, trecho cantado com força pelos desfilantes, além do refrão principal. O refrão do meio também se destacava pelo seu estilo mais melódico.

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Fantasias

As fantasias concebidas e idealizadas pelo casal Lage mais uma vez foram destaque no desfile da Portela. Com um conjunto estético de muito bom gosto e volume e satisfatória leitura. Os tons de marrom aliados a outras cores, principalmente o azul da Portela, utilizados em um enredo que fala sobre o Baobá, foi bastante pertinente. A crítica fica para as fantasias do segundo setor que estavam um pouco pesadas em demasia atrapalhando a evolução dos foliões, e para alguma repetição de costeiros que pode tirar décimos da escola como em 2020. Outro ponto de preocupação a ser citado foi o fato de um componente da ala “resistência” perder a fantasia na frente dos jurados próximo à primeira cabine. Destaque positivo para a ala das baianas “Nana”, nos tons de roxo, trazendo o orixá feminino relacionado à origem do homem na Terra.

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Alegorias

A Portela apresentou em seu conjunto alegórico 5 carros e 1 tripé. O quesito foi o principal calcanhar de aquiles da escola, apesar de diversos carros apresentarem uma estética muito bonita. Diversos carros tiveram elementos que se quebraram na Sapucaí. No terceiro carro “Pela vastidão da Savana” que trazia animais estilizados, uma escultura de bicho caiu antes de entrar e teve que ser recolocada na entrada da escola. O globo que vinha no final da alegoria acabou passando com uma clara danificação.

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O abre-alas, “Berço do Mundo”, que fazia uma referência à arte e a cultura Iorubá, com a cor branca predominante também chegou a agarrar próximo a torre de imprensa no setor 10 e passou desacoplado, o que não deve preocupar em obrigatoriedades devido ao fato de a agremiação ter trazido apenas cinco carros. Outro problema, aconteceu no segundo carro “Baobá , templo e altar”, que trazia a árvore representada no enredo, quando uma cabeça de fantasia foi esquecida no teto.

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O quarto carro “travessia” tinha problemas de acabamento nas bandeiras traseiras. Destaque positivo para o tripé “raiz da criação”, que trouxe o louvor a Obatalá para buscar a energia primordial dos povos africanos. O carro abre-alas , etéreo, remetendo à espiritualidade e para o abre-alas que trazia sobre um tronco que se estendia até o céu, a Águia da Portela fazendo a união entre os mundos, evocando ancestralidade.

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Outros destaques

A bateria “Tabajara do samba”, de mestre Nilo Sérgio, veio de “Oxossi”, orixá protetor da bateria da Portela, o caçador da flecha certeira. O prefeito Eduardo Paes veio à frente da bateria com uma camisa da Portela. A rainha, Bianca Monteiro” veio de Otim, orixá feminino que habita nas matas, mais uma vez esbanjou simpatia e samba no pé. O jogador Cafu, capitão do penta, foi outra celebridade que veio junto com a escola. A última alegoria “Ancestralidade do samba” indicou os portelenses como legítimos herdeiros dos povos africanos,trazendo a velha guarda, e no alto, uma escultura de Mestre Monarco, a essência da ancestralidade da Portela.

Ala das baianas da Mocidade emociona ao homenagear todas as ialorixás

Mocidade02A ala das baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel presta homenagem a todas as ialorixás – as mães de Santos, sacerdotisas dos terreiros.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Tia Nilda, responsável pela ala há tantos anos e referência na escola, contou o que achou da escolha do enredo da Mocidade para esse carnaval.

“Esse enredo é maravilhoso, é de alma. As pessoas precisam aprender a respeitar as religiões alheias. Eu não sou macumbeira, sou espírita do Candomblé, e com muita honra”, desabafou.

“Estou muito agradecida ao nosso Pai maior por estarmos de volta depois desses dois anos. Já tomei remédio, já me tremi, estou realmente muito emocionada. Quantos se foram não é mesmo? Vocês não medem o sentimento de ter sobrevivido a isso tudo”, concluiu emocionada.

A baiana Isabel Miguel, desfilante da escola há mais de 20 anos, afirmou ter gostado da fantasia, apesar de não ser tão leve.

“Esse ano não está tão leve não, não vou mentir. Mas independente disso, está linda e ideal para uma boa evolução na Avenida”.

“Eu amei esse enredo, é a cara da escola. Já chorei muito hoje, estar de volta era tudo que eu queria, a saudade foi de apertar o coração. Mesmo com os tempos difíceis, foi lindo demais ver todo mundo se reencontrando e dando a vida pela escola que a gente tanto ama e defende todos os anos”, contou a baiana com 22 anos de escola Nilda Barra da Silva.

Alegoria da Mocidade faz homenagem aos Mestres de Bateria que fizeram história na escola

Mocidade01a 1Com enredo em homenagem a bateria da própria escola, o quinto e último carro da Mocidade Independente de Padre Miguel reforça esse prestígio. Composta por mestres lendários estampados nos tambores da alegoria, o batuque se conecta com a ancestralidade, o terreiro de fé e do samba, onde toda alma independente, incluindo famílias e tradições, perpetuam o conhecimento transmitido por gerações.

A alegoria é composta por alternância de cores branca e diferentes tons de verde. Na lateral, os desenhos feitos pela desenhista Orádia ilustrando mestres de bateria que marcaram a escola, como: Mestre Jorjão, Mestre Coé, Mestre Bira, Quirino da Cuíca, Mestre Dudu e Mestre André.

Um dos representantes da alegoria, Mário Sérgio, contou ao CARNAVALESCO a mensagem que a última alegoria gostaria de passar.

“A alegoria veio representando a bateria e os mestres que deixaram muito trabalho para termos chegado até hoje. O carro é lindo, muito detalhado. Sou bastante antigo na escola, trabalho em alegoria há muitos anos, sempre é uma emoção muito forte, esse ano acredito que tenha sido ainda maior”, afirmou Mário Andrade.

A componente Roberta Cavalcante, de 39 anos, também demonstrou muito agrado quanto a alegoria.

“O carro está lindo, muito brilhoso, do jeito que a Mocidade merece. Minhas expectativas são as maiores possíveis. Tenho certeza de que voltaremos como campeã no sábado”.

Estreando na escola, Janaína Cristina, afirmou estar muito satisfeita com o trabalho da escola.

Fotos: desfile da Portela no Carnaval 2022

Gaviões da Fiel 2022: galeria de fotos do desfile

Bateria da Portela representa Oxossi em desfile sobre o Baobá

Portela04aOxossi, o caçador, é o orixá padroeiro da bateria da Portela. E a Tabajara do Samba entrou na avenida com o figurino que o representa. O caçador da flecha certeira os protege, quando cruzam as “florestas sagradas”, sendo aquele que caça com as boas influências e as energias positivas.

Por todo o continente, as diversas etnias africanas travam disputas desde os tempos imemoriais. Com conflitos ritualizados que regem a interação com diferentes grupos.

Para o Mestre de bateria da Portela, Nilo Sérgio, vir representando o padroeiro é sentir ele mais próximo e que o axé dele os ajude a pegar os 50 pontos. O mestre conta o que sentiu quando soube do figurino.

“Quando o Renato mostrou para mim, eu falei: já comprei, é essa que quero. Oxóssi para a bateria da Portela é tudo, representa muita coisa. Ele nos abençoa e sempre, e hoje também está olhando por nós”.

Portela04bJá o ritmista Jean, de 24 anos, considera como uma emoção inexplicável estar na bateria da azul e branca de Madureira. Criado dentro do samba, vir representando a Portela na avenida é algo surreal. Ele explica a importância de estar vestido de Oxossi na bateria:

“É muito importante, pois sou ogã na minha religião que é o candomblé. Oxossi faz parte da minha vida e representar ele na escola que me abraçou há alguns anos é incrível, como se fosse da família”.

Depois de dois anos sem carnaval, voltar a Sapucaí é algo que todo ritmista queria fazer. E estavam com uma grande expectativa de que tudo desse certo. Para o técnico de informática e também ritmista da Tabajara do Samba, Thiago, de 25 anos, estar de volta a Marquês é algo mágico, ainda mais vindo vestido do orixá protetor da bateria. “É muito especial estar aqui novamente e homenageando o nosso padroeiro que sempre vem nos abençoando e hoje ele fez isso também”, comenta.

O toque de caixa da bateria da Portela é uma saudação a Oxossi, o caçador. O Mestre Nilo Sérgio explica como funciona a batida: “A batida de caixa da Portela é como se fosse o toque de Aguerê junto com a rufada. O que é uma marca registrada já da nossa bateria”.

Emocionados com a tradicional águia da escola, portelenses se derretem: ‘O maior símbolo e mais forte do carnaval’

desfile portela 2022 026Não há como falar da Portela sem mencionar o seu maior símbolo. Cercada de expectativas, a águia altaneira de Oswaldo Cruz e Madureira desperta a emoção dos torcedores portelenses. Para o carnaval deste ano, com o enredo “Igi Osè Baobá”, em homenagem à árvore sagrada africana, a escola volta, depois de muito anos, a se reencontrar com suas raízes africanas.

Logo no abre-alas, no azul e branco do pavilhão da escola, estava ela, a tradicional águia altaneira da maior campeã do carnaval carioca. A alegoria, muito bem acabada, representava o “Berço do mundo”. Já na concentração, o carro era o principal objeto de curiosidade dos portelenses, por portar o símbolo da escola.

Em entrevista ao Site CARNAVALESCO, componentes da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira, sempre muito críticos, comentaram sobre a águia desenvolvida pelo casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage. Para o advogado Felipe Camargo, veterano desfilante da escola, a águia altaneira é o maior símbolo do carnaval carioca.

“A emoção é grande. A águia, talvez, seja o símbolo mais forte do carnaval. Para mim, que já desfilo desde 1993 seguidamente na Portela, a águia é de suma importância, ela tem de estar sempre presente. Se você pensar em um símbolo no carnaval, o primeiro que virá à mente será a águia da Portela. A Portela está com a cara da Portela, com muito azul e branco. A águia está belíssima, parabéns ao Renato e a Márcia Lage. A Portela vem para brigar porque ela está com a cara da escola.”, afirmou.

A apaixonada portelense Daniele, minutos antes de ser entrevista, estava admirando o símbolo da escola da qual é torcedora. Emocionada, expressou sua opinião acerca da águia do carnaval de 2022. Segundo ela, o animal está “imponente”, no abre-alas da escola.

“A águia deste ano está vindo imponente, com a força desse enredo da Portela sobre Baobá para, se Deus e os orixás quiserem, trazer a vigésima terceira estrela para nossa escola. A Portela merece porque ele vem com a força que ela sempre tem. Eu estava aqui me tremendo, quando vi a águia. Esse é o sentimento. Estou muito emocionada, muito feliz e agradecida por estar aqui com saúde, aos portelenses, aos baobás da Portela e aos que estão lá em cima, que também estão conosco hoje”, disse.

Já o cabeleireiro Pablo de Araújo, além de elogiar o trabalho do casal Lage, foi categórico ao falar da representatividade da águia em sua vida. Para ele, o animal é “perseverança, conquista e orgulho”.

Sou componente da Portela, sou filho da Portela e, embalada pela beleza da águia, creio que a Portela fará um belíssimo desfile. A águia altaneira está linda, grandiosa, sou um pouco suspeito para falar, mas a Portela vai entregar um desfile muito lindo. A águia é um sinônimo de perseverança, de conquista, de orgulho”, concluiu.

Enredo da Portela, árvore Baobá é representado em segunda alegoria

Portela01aA segundo escola adentrando a Sapucaí neste sábado (23), trouxe para os espectadores o enredo “Igi Osè Baobá” onde contou a história e a simbologia das gigantescas e milenares árvores que representam a ancestralidade, religiosidade, identidade e a memória do povo africano.

Em sua segunda alegoria, apostou em trazer a entidade representada na religiosidade africana, onde são templo e altar, ao mesmo tempo. A principal escultura do carro é um Baobá, em que ficou cercado pelos destaques que compunham o carro e representavam os Orixás Nanã, Omulu, Oxumaré e Oxum, padroeira da Azul e Branca de Madureira. Carlos Ribeiro, destaque principal da alegoria e um dos responsáveis, em entrevista ao site CARNAVALESCO, destacou alguns detalhes do carro.

“O segundo carro veio representando o enredo, o Baobá, veio trazendo também outros Orixás que são membros da família da palha, contando a história e a força dessa entidade que trouxemos esse ano.”

desfile portela 2022 038Na parte da frente da alegoria, a Escola de Madureira trouxe Xangô, o Orixá da justiça. As árvores, consideradas sagradas, vieram diretamente das cisternas naturais, o que aproxima de Nanã, primeira divindade das águas. No topo da alegoria, foi trazido o Orixá que simboliza a paz, Oxalá. Veio representado por Carlos Ribeiro que, em entrevista ao site carnavalesco, contou a importância dessa fantasia e sua composição.

“Representar Oxalá foi uma responsabilidade muito grande, é um Orixá branco que é o maior. A fantasia veio toda em branco, com muito branco, prateado, estava grande. Uma particularidade é que sou espírita e filho dele”, comentou.