Início Site Página 973

Série “Barracões’: A Santa Dulce dos Pobres e da Unidos da Ponte

Diretamente de São João de Meriti, Baixada Fluminense, para a Marquês de Sapucaí. A Unidos da Ponte vem de um carnaval muito criticado e considerado frio em 2020. Com o enredo sobre “Elos da Eternidade”, desenvolvido pelo carnavalesco Lucas Milato, a escola ficou na 12ª colocação da Série Ouro. Para o carnaval de 2022, a diretoria optou por trazer os carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques que já tiveram uma passagem pela escola. Com o enredo “Santa Dulce dos Pobres – O Anjo Bom da Bahia”, a escola vai levar para a avenida uma homenagem e a história da Santa Dulce, ou melhor, Irmã Dulce.

ponte barracao22 3

A ideia de fazer um enredo sobre ela surgiu por meio de um dos carnavalescos, o Guilherme. Ele fez a proposta, pois é devoto de Santa Dulce dos Pobres. Rodrigo embarcou e já começou a fazer a pesquisa, só que infelizmente nesse tempo, o mesmo acabou pegando a Covid-19 e ficou internado por 14 dias. Com isso, coube a Guilherme ter que tocar toda a pesquisa sobre o enredo que já havia sido iniciada com a ajuda do amigo Thiago Freitas.

De acordo com os carnavalescos, a característica em si deste enredo é humanizar a santa e falar sobre a história de vida e o legado dela. “Queremos deixar a mensagem de que se todos fossem 1% do que a Santa Dulce foi, o mundo seria bem melhor, os dias seriam melhores para todos e também pensaríamos mais um no outro do que em nós mesmos. Essa é a ideia principal da temática”, enfatiza Guilherme.

ponte barracao22 1

O que eles pretendem passar na avenida é que todos conheçam quem Santa Dulce era. A mulher que teve o início da sua vida no interior da Bahia, construiu um império voltado para as causas sociais e em prol dos mais necessitados. O foco da mensagem que o enredo transmite é que visa mais em quem foi a santa, mas não falar explicitamente da igreja e sim na mulher que passou a vida toda se dedicando ao trabalho social. Ajudando os pobres e sendo uma das precursoras do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para os carnavalescos, o grande trunfo desse desfile é o foco voltado mais na parte mais social da vida de Santa Dulce, e não na religiosa. Pois muitos a conheceram pela igreja, mas não é isso que foi pertencente a vida dela.

“Estamos muito mais preocupados com o trabalho social dela, são mais questões pertinentes a biografia dela do que a religião”, conta Rodrigo.

ponte barracao22 2

Além disso, ele também fala que ninguém está esperando esse contexto social do enredo, do que a santa fazia pelos enfermos e entre outras coisas. O trunfo também vem nos carros, que vão ter uma teatralidade falando da missão de Santa Dulce. Tudo o que ela fez, pois as pessoas que a mesma ajudava viam nela alguém que transcendia, pela humildade e cuidado com os outros.

“No nosso processo de pesquisa conhecemos pessoas que conviveram com a Santa Dulce, trabalharam com ela, fizeram parte da vida dela. Essa proximidade com a população é muito legal. E a nossa proposta é impactar e humanizar quem ela foi”, completa Rodrigo.

ponte barracao22 6

O maior desafio dos carnavalescos para reproduzir esta temática é sair do comum. “Nosso desafio é ser original nos nossos trabalhos, ser intenso no dia a dia, como na materialização, pesquisas e também saber respeitar. Respeito porque religião é algo que não podemos entrar no coração e na crença das pessoas. E mais ainda focar no CPF da Irmã Dulce, e não no CNPJ. Na humanização de quem ela foi, tudo o que construiu e todo legado que deixou”, relata Guilherme.

Ao escolherem este enredo, a diretoria da escola entrou em contato com as obras sociais de Irmã Dulce, e elas adoraram a ideia da homenagem. Isso também irá ajudar as pessoas a conhecerem mais sobre essas instituições que sempre estão precisando de algum auxílio. Só o previsto até o fim deste ano, o déficit financeiro dessas obras pode chegar a 24 milhões de reais. Sendo assim, a ideia do desfile da Ponte além de homenagear a santa, é entrar na casa, no coração das pessoas que possuem condições de ajudar essas organizações. Santa Dulce para os católicos, Irmã Dulce para todos os outros. Ela era alguém que dialogava com todas as frentes, sem fazer distinção de religião, de quem era rico ou pobre.

“Uma vez ela recebeu uma doação da Mãe Menininha do Gantois e perguntaram se ia aceitar mesmo, porque não era de alguém que tinha a mesma fé da Irmã. Ela respondeu dizendo que quando as coisas são feitas de bom coração não é possível negar”, diz Rodrigo.

ponte barracao22 4

O diálogo sem dúvida era algo que Irmã Dulce priorizava demais, porque para ela “não existe só uma fé para quem é pobre”. Quem é devoto de Santa Dulce, e mesmo quem não é, irá se emocionar demais no desfile. Durante o ensaio técnico da escola na Marquês de Sapucaí, o carnavalesco Guilherme levou uma imagem da santa e viu pessoas chorando, mesmo não sendo devoto dela.

“Nesse momento de dificuldade o povo olhou a imagem, se emocionou e fez pedidos. Isso é algo muito maneiro. Além disso, no desfile terá uma comitiva das pessoas que participam das obras sociais. Devoto e não devoto”, expõe Guilherme.

Estando na Série Ouro é óbvio que a dificuldade é permanente. Ainda mais em um período em que ficou sem carnaval por dois anos. Graças a nova direção da Unidos da Ponte, que deu total suporte para os carnavalescos realizarem todo o trabalho e compraram a ideia desde o início. Na pandemia, algumas pessoas que exerciam funções na agremiação infelizmente faleceram e isso fez com que fosse um pouco mais difícil fazer o carnaval.

“As dificuldades financeiras sempre vão existir, a falta de estrutura de barracão também. Trabalhar em barracões que não tem 100% dos seus carros cobertos, a escola não ter dinheiro para fazer 100% do que a gente quer. Tudo é muito caro, então com a nossa experiência tentamos substituir por materiais mais alternativos”, explica Guilherme.

ponte barracao22 5

Em 2020, os carnavalescos assumiram a Acadêmicos do Sossego faltando 15 dias para o desfile. Já na Ponte, tiveram dois anos e alguns meses para fazer o carnaval de 2022, o que foi o inverso. Com mérito da direção da escola de São João de Meriti e deles também, acabaram conseguindo antecipar muito o trabalho para que não faltassem materiais para o projeto de criação.

Entenda o desfile

A Unidos da Ponte vai levar para a avenida o enredo “Santa Dulce dos Pobres – O Anjo Bom da Bahia”. Ela pretende emocionar todo o público com a história de vida da santa, o que ela construiu, o legado que deixou e também falar sobre a canonização. A agremiação de São João de Meriti será a terceira escola a passar pela avenida no dia 20/04 pela Série Ouro.

Primeiro setor: “Ela sempre fez caridade, trabalho social desde que era criança. No início ela ajudava mais as pessoas, as levava para dentro de casa, alimentava e dava banho. Após isso, ela procurou outros lugares que era possível abrigar. Nossa proposta é que além dela ser uma pessoa da igreja é que ela enxergou isso sendo um potencializador de sua vontade maior que era ajudar. Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde ela foi noviça O primeiro setor simboliza o primeiro contato da Santa Dulce, ou melhor, Maria Rita com a igreja. Antes dela se tornar quem ela foi, a igreja foi o gás inicial para ela construir o seu legado, mas também era o seu refúgio nos momentos de tristeza e fraqueza. A mensagem inicial é que através da fé, ela conseguiu construir tudo isso”.

Segundo setor: “São duas questões da vida dela. A primeira é uma visita na comunidade Alagados, em Salvador. Ali era um local totalmente insalubre, onde as casas eram feitas de palafitas, ela conheceu esse lugar e ficou sensibilizada. Esse segundo setor vai começar com ela levando as pessoas dessa comunidade para a sua obra social. A ideia inicial era levar as pessoas de lá, cuidar delas e dar o suporte que precisavam, sendo que o local disponível para a obra social de Irmã Dulce era um galinheiro. Então o segundo setor é sobre a criação da OSID”.

Terceiro setor: “O terceiro setor representa a canonização da Santa Dulce. Como ela dialogava com várias frentes, vão ter essas pessoas que conviviam ali no dia a dia. Temos homenagem a Mãe Menininha do Gandois com algumas composições. Estamos canonizando ela em Salvador. Vamos ter diversas alas que liga o legado até a canonização da Santa Dulce. Vamos ter também a escultura da santa com Paulo Gustavo, pois ele era um grande apoiador da obra dela”.

Ficha técnica

Número de alegorias: 3 carros e 1 tripé (comissão de frente)
Número de alas: 20 alas
Componentes: 1.800 componentes
Carnavalescos: Rodrigo Marques e Guilherme Diniz
Diretor de Barracão: Wallace Oliveira
Diretor de Carnaval: Thiago Gomes e Cátia Santanna
Pintores: Allan
Ferreiro: Alan
Carpinteiro: Luiz
Iluminação: Wagner
Escultor: Allan

Série ‘Barracões’: Porto da Pedra quer deixar de ser coadjuvante na Série Ouro e promete carnaval grandioso para voltar ao Especial

A Unidos do Porto da Pedra é uma escola acostumada com o Grupo Especial, após 10 anos desfilando na Série Ouro, o sentimento de todos é um só: voltar para o lugar que de fato te pertence. A agremiação tem apresentado bons desfiles, ficando na terceira colocação em suas últimas três apresentações na Sapucaí. Para esse ano, o tigre quer voltar a rugir e sonhar com um lugar no Grupo Especial, para isso, conta mais uma vez com a carnavalesca Annik Salmon no desenvolvimento do seu carnaval, única mulher a comandar um escola no grupo. Com o enredo “O Caçador que traz alegrias”, a escola segue a linha de levar temáticas culturais para a avenida, a agremiação de São Gonçalo aposta na história de Mãe Stella de Oxóssi para emocionar a Sapucaí, escritora e yalorixá, ela lutou pelo respeito ao candomblé e marcou seu nome na história.

ppbarracao22 2

Esse é o primeiro enredo afro da história da Porta da Pedra, e nada melhor que começar contando a história de uma mulher, negra, candomblecista e que foi a mensageira dos ensinamentos de fé. O site CARNAVALESCO visitou o barracão da escola e bateu papo com a carnavalesca Annik Salmon, segundo ela, o enredo surgiu naturalmente.

Annik conta que não conhecia a história de Mãe Stella e que a admiração surgiu após pesquisas na realização do último enredo da escola, sobre as baianas quituteiras da Bahia. “O enredo surgiu no carnaval passado, que foi o enredo da baianas quituteiras, quando eu cheguei aqui na escola já tinha esse enredo, que foi feito pelo Alex Varella, eu comecei a estudar a sinopse e fui fazer uma pesquisa pra eu conseguir botar minha cara dentro do enredo, nessas pesquisas sobre baianas lá de Salvador, eu vi o nome de Mãe Stella, comecei a ler sobre ela e fiquei encantada, logo pensei que poderia render um enredo maravilhoso e deixei guardado, ela não era quituteira, ela era uma grande Yalorixá, uma grande líder, passou o carnaval e o presidente pediu pra eu desenvolver um enredo afro, o que foi perfeito, visto que eu já tinha esse achado”, conta Annik.

Annik conta que durante a pesquisa se encantou com os ensinamentos de Mãe Stella,
apesar de não ser feita no candomblé, a carnavalesca diz que admira e respeita muito a religião e que desenvolver esse enredo na Porto da Pedra é um presente, pois a história da Yalorixá tem que ser passada adiante.

ppbarracao22 3

“Esse enredo é maravilhoso e fico feliz que tá todo mundo gostando, tá sendo muito elogiado, é uma história linda, a gente tinha que contar, não podia ser deixado de lado, ela foi uma mulher de frases e de pensamento marcantes, tem uma frase dela que deu norte para eu desenvolver esse enredo foi “o que não se registra, o vento leva”, então eu falei, eu tenho que registrar esse enredo, a história dela não pode ficar ali só dentro dos livros, ou do Ilê Opô Afonjá, temos que botar no nosso carnaval, que é onde a gente transmite e onde a gente tem a oportunidade de mostrar a nossa cultura”, destaca Annik.

Mãe Stella disse uma vez que seu papel era mostrar para o mundo o que é feito dentro dos terreiros. E que era sua tarefa levar o conhecimento que estava a seu alcance para que o povo escute, entenda e aprenda a respeitar o semelhante e a crença dos outros, tudo isso está presente dentro do enredo que Annik levará para avenida e a fez se encantar a cada nova descoberta.

ppbarracao22 4

“Eu fui me encantando com várias coisas, fui me apaixonando, eu nunca fui feita no
candomblé, mas passei a frequentar há pouco tempo, fui estudando, lendo e me aprofundando, não com a religião mas com tudo que ela fez, tem vários ponto interessantes nesse enredo, coisas que o candomblé te passa, o trabalho que ela fez, ela levou todo esse conhecimento para o mundo, a força que ela tinha de conseguir lutar e dentro do seu momento como líder religiosa , a quantidade de pessoas que ela conseguiu alcançar, então isso foi me encantando, ela era uma mulher a frente de seu tempo, nos últimos anos de vida ela começou a se inteirar com a modernidade, procurou saber onde estava o público jovem, criou um canal nas redes sociais e dialogava com eles”, pontua a carnavalesca.

Mensagem de Amor

O enredo da Porta da Pedra é baseado nas entrevistas que Mãe Stella deu, nos vídeos, e nos livros que a baiana escreveu, Annik não teve a oportunidade de conhece-lá pessoalmente, mas sente que a força dela está presente nesse enredo, assim como o amor que ela demonstrava ter pelo próximo, a maior mensagem do enredo é justamente essa, o amor.

“Quero falar de amor, o amor de uma mulher, que tinha um amor não só pelos seus filhos, mas pela cultura dela, pelo seu povo, pelas suas raízes, ultrapassa a região, vinha dos seus
ancestrais, ela conseguiu passar para todos, eu pude observar a força dela, o amor em querer cuidar das pessoas, ouvi um comentário de um repórter que dizia que ela foi uma líder completa, ela cuidado do corpo e da alma, além ser Yalorixá, ela também era uma enfermeira sanitarista, o mais legal é que ela conseguiu deixar tudo isso registrado, através dos livros que ela escreveu, da biblioteca que ela fundou, deixou um conhecimento para o mundo todo”, descreve Annik.

ppbarracao22 1

Mãe Stella de Oxóssi recebeu o título de doutora honoris causa por duas universidades da Bahia e fez parte da Academia de Letras baiana. Ela se dedicou à educação, Annik se diz muito grata por poder levar essa história para a avenida, única mulher a comandar o carnaval de uma escola na Série Ouro, ela se diz feliz e honrada com essa missão. “Nada é por acaso e tudo tem seu tempo e a sua hora, o destino está ali traçado, ela mesmo sempre falou isso, o momento é esse, por eu ser uma mulher esse enredo me traz muita felicidade, falo de uma grande mulher, de suma importância para tantas pessoas, negra, resistiu a tantas coisas, enfrentou tantos preconceitos, mas conseguiu coisas que muitos não conseguiriam, nem homens, nem brancos, ninguém, ela teve uma cadeira na Academia de Letras, a primeira mulher negra a ter essa posição ali dentro, fico feliz em poder retratar isso”, enfatiza Annik.

Tigre de volta ao abre-alas

O tigre é sempre o motivo de maior expectativa por parte dos torcedores da Porto da Pedra, no último ano ele ficou de fora do abre-alas, mas esse ano a promessa é que volte como nos tempos áureos da agremiação no Grupo Especial, cercado pelas matas, ele vem imponente, com movimentos de Parintins e rugindo alto, Annik faz um paralelo entre o tigre e o Orixá Oxóssi, ambos têm a caça como fundamento, além de proteger e garantir a fartura para sua comunidade.

“Ele (o Tigre) vem lindo, maravilhoso, vem imponente, ele vem com a força que ele tem, a figura do tigre tem uma força muito grande, uma representativa enorme dentro de São Gonçalo e da Porto da Pedra, então ele representa essa força que a escola tem, esse símbolo de luta e valentia, tudo que a escola proporciona para a comunidade de São Gonçalo, isso tem muito a ver com o guia espiritual de Mãe Stella, que era Oxóssi, ele é o caçador, aquele que leva toda a caça e fartura para sua comunidade, então o tigre tá ali, lado a lado com ele”, conta a carnavalesca.

Proposta visual do desfile

Diferente dos últimos anos, a Porto da Pedra teve um pré carnaval bem tranquilo, mesmo com as dificuldades naturais que é fazer carnaval na Série Ouro, a escola conseguiu se preparar e organizar para levar um trabalho bonito e competitivo na avenida, Annik está no comando do carnaval da escola pelo segundo ano consecutivo e acredita que isso a deu mais segurança e confiança no trabalho.

ppbarracao22 5

“A gente conseguiu se preparar e se organizar para poder fazer um carnaval bem melhor do que a gente fez no último ano, acredito que o abre-alas será o ponto alto, mas gosto muito do fechamento da escola, das alas, os enredos deu essa possibilidade da gente construir uma plástica mais bonita, acho também que o tempo deu certo, é meu segundo ano na escola, isso facilita, eu já sei onde posso chegar, onde posso pisar, me sinto mais confortável”, destaca Annik.

Entenda o desfile:

A Unidos do Porto da Pedra será a quarta escola a entrar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro, quarta-feira, dia 20 de abril. A escola levará para a avenida cerca de dois mil componentes, divididos em 19 alas, três carros alegóricos e um tripé.

Setor 1: “Eu dividi os setores de acordo com os títulos do livro, o primeiro setor da escola chama-se assim aconteceu o encantamento, que mostra o primeiro contato dela com o
candomblé, é quando ela realmente se encanta, é o primeiro contato que ela teve com a religião”.

Setor 2: “O segundo setor é o caçador que chegou com alegrias, é quando Mãe Stella já está no Ilê Axé Opô Afonjá e ela é feita, ela renasce, conta toda a trajetória dela, é a parte que a gente faz bastante menção aos orixás”.

Setor 3: “O terceiro setor chame meu tempo é agora, que também é o título de um livro dela, que mostra ela se formando como enfermeira, que é a ocupação que ela tinha além de ser uma grande líder espiritual, a luta que ela teve para divulgar a cultura do candomblé junto com o povo dele”.

Setor 4: “Finalizamos com um título que me marcou muito, o que não se escreve o tempo leva, que foi tirado da frase o que não se registra, o vento leva. Nele vamos mostrar os livros que ela escreveu, a biblioteca que ela formou, os prêmios que ela ganhou, a última ala é uma homenagem a ela e o último carro é justamente isso”.

Série ‘Barracões’: Transcendendo amor, a Acadêmicos do Cubango promete linda homenagem a Dona Chica Xavier

Após o quinto lugar no carnaval de 2020 com o enredo “A voz da Liberdade”, a Acadêmicos do Cubango está apostando tudo no novo enredo para 2022, “O amor preto cura: Chica Xavier, a mãe baiana. Apesar do luxo nos carros elaborados pelos carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, a escola pecou em problemas técnicos em algumas alegorias. Com o objetivo de corrigir esses erros, a agremiação investe pela primeira vez no talentoso João Vitor Araújo. Com passagem pela Unidos do Viradouro, também escola de Niterói, o artista contou em entrevista ao CARNAVALESCO, como se sente estando de volta ao bairro que tanto gosta.

joao cubango

“É a primeira vez que eu trabalho na Acadêmicos do Cubango e está sendo muito bom esse encontro com as minhas raízes profissionais, já que comecei minha carreira como carnavalesco em Niterói, na Unidos do Viradouro. Além disso, tem o encontro com a minha raiz afro descendente, encontrando com essa escola que possui 90% da sua comunidade e dos seus segmentos formados por pessoas negras. É a primeira vez que isso acontece comigo, estou me sentindo em casa e representado o tempo todo dentro da escola”.

João aproveitou para contar como surgiu a ideia do enredo, uma vez que a Cubango é conhecida por trazer temática afro. Segundo ele, a escola pediu que o mesmo seguisse nesse padrão, o que foi um desafio, já que fazia tempo que o carnavalesco não desenvolvia um enredo desse tipo.

joao cubango2

“Quando eu cheguei na Cubango, obvio que o primeiro pedido foi que eu continuasse com a temática afro. Havia muito tempo que eu não fazia um enredo com essa temática, então foi muito bom flertar novamente com um enredo que me representa. Eu selecionei vários enredos para apresentar para a escola, até que um dia eu fui ao templo e pedi que me desse uma inspiração para algo a mais, sentia que estava faltando alguma coisa. Daí encontrei uma frase de amor na internet da neta Luana Xavier para ela: “O amor preto cura”. Só consegui imaginar como eu não havia pensado em Dona Chica ainda? Me arrepiei dos pés cabeça, deixei todas as minhas outras ideias de lado e só levei esse enredo para a escola, totalmente convencido”.

João se mostrou bastante apaixonado por Dona Chica e toda sua história. Durante a entrevista, o carnavalesco nos mostrou o livro que está lendo sobre a homenageada, livro esse que ele carrega para todo canto.

joao cubango3

“A Chica havia um olhar de paz, calmaria. Quando olho para a foto dela nesse livro, sinto como se ela me dissesse para ficar calmo, que dará tudo certo. Muita gente me pergunta em qual parte do enredo irei fazer o protesto, a reivindicação, mas no meu enredo não tem nada disso. É um enredo que fala de amor justamente num momento onde está todo mundo muito ferido, triste e cansado. Depois de tudo isso que nos aconteceu nesses dois anos, chegou a hora de falar de amor, e não de dor”.

Como citado anteriormente, uma das grandes apostas da Cubango, é corrigir as falhas técnicas do desfile anterior. Com isso, toda a comunidade da escola de Niterói, está com bastante expectativa quanto as alegorias de João.

“Tenho feito um trabalho muito bem cuidado. Estamos saindo de uma fase bem ruim, e eu espero de verdade que estejamos realmente saindo e que essa pandemia de fato termine de uma vez por todas. Está sendo um ano muito difícil, principalmente para as escolas da Série Ouro. Retomar os trabalhos depois de dois anos sem carnaval é um desafio muito grande. Não tivemos esse ano aquela facilidade de encontrar materiais disponíveis no mercado carnavalesco, logo, tivemos muita dificuldade para reunir o brilho, os tecidos de base e as penas. Tudo isso porque todo mundo parou, então porque as indústrias carnavalescas também não haveriam de parar? Com isso, todo mundo quis atacar o mesmo tipo de material, virou um salve-se quem puder”, brincou.

joao cubango4

“Até aquele material considerado até então como o mais vagabundo, que ninguém queria usar, foi disputado esse ano. Geralmente esse tipo de material fica para as escolas da Série
Ouro e Intendentes, mas esse ano até o Grupo Especial quis trabalhar com esse tipo de material. Esse ano não tivemos nem material e nem tempo para produzir. Ficamos naquela incógnita, vai ter carnaval? Não? Então para. Vai ter? Então volta. Foi uma loucura! Estou fazendo um trabalho plástico na Cubango com o maior cuidado possível. Quem me conhece sabe que eu gosto de me esmerar bastante, principalmente nas minhas alegorias e eu
estou batalhando muito para que isso seja possível. Estou a pouquíssimos dias do meu desfile e pode ter certeza de que estou querendo fazer o melhor para os jurados e as pessoas que estarão lá assistindo e para que a comunidade se orgulhe do que estamos fazendo”, concluiu.

Quanto ao trunfo do desfile, o carnavalesco respondeu sem nem pensar duas vezes: “Amor. Pode parecer redundante, mas todo mundo se apaixona por esse enredo. Eu ouço de muita gente, de pessoas bem críticas até, que o nosso enredo é tão bonito, que se a Cubango passasse no ferro ainda sim iriamos emocionar, mas não será o caso. A escola é a segunda a desfilar logo na primeira noite, então eu quero que ela espalhe esse amor para as outras que virão”.

Contando com três alegorias, um tripé e 1900 componentes, o Cubango promete trazer muita emoção para a Sapucaí. João destacou comissão de frente, mestre sala e porta bandeira, e ainda contou sobre o último carro da escola. “Gosto muito da comissão de frente, o Fabinho está fazendo um trabalho belíssimo. Até o site CARNAVALESCO elogiou muito a performance dele no ensaio técnico, então acho que ali deu para todo mundo entender um pouquinho do que ele vai apresentar para a gente. Além disso, temos o casal de mestre-sala e porta-bandeira com um bailado maravilhoso e com uma fantasia belíssima, bem além dos padrões da Série Ouro. E no último carro teremos uma foto muito bonita da Chica. Esse mesmo sentimento que eu disse que tenho quando olho a foto dela no livro, eu vou  sentir com a foto de cinco metros de altura e espero que todos sintam o mesmo que eu”.

Entenda o desfile

Setor 1: Terra Mãe – A Bahia de todos os santos
Setor 2: Magé Bassã – A ialorixá de tenda dos milagres
Setor 3: A bandeira da arte do ensino dos saberes ancestrais
Setor 4: O amor preto cura

Cada Lata Conta: iniciativa internacional de conscientização ambiental chega ao Brasil, na Sapucaí

Nesta sexta-feira, às 23h, durante o desfile das escolas de samba na Sapucaí, será apresentada ação do Cada Lata Conta, iniciativa internacional presente em 19 países, que tem o objetivo de conscientizar ambientalmente as pessoas sobre a importância das escolhas que fazemos na hora de consumir e sobre como a lata de alumínio se destaca neste cenário, como a embalagem mais sustentável do planeta com índice de reciclagem recorde de 98,7%.

lata

Organizada pela Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio), a ação conta com a parceria de catadores da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho (ACAMJG), que farão todo o trabalho de coleta, triagem e destinação adequada das latinhas do Sambódromo. Também estão programadas ações educativas, com a distribuição de 3 mil sacolas biodegradáveis para separação correta de descartes.

Série ‘Barracões’: Fechando os desfiles, Império de Casa Verde conta a história da comunicação, citando Carlinhos Maia

A equipe do site CARNAVALESCO visitou o barracão do Império de Casa Verde e conheceu todo o projeto que a escola desenvolveu e irá levar para a avenida em seu desfile no dia 23 de abril. O ‘Tigre Guerreiro’ tem como enredo: “O poder da comunicação”. Os carnavalescos Mauro Quintaes e Leandro Barboza estão juntos realizando todo o espetáculo da agremiação e, ambos, explanaram o enredo.

casaverde barracao22 3

“O enredo chegou para gente através da captação de recursos e foi dada a incumbência dos carnavalescos de criar uma história em cima disso. O projeto se concluiu na figura do Carlinhos Maia e nos juntamos para fazer um texto que pudesse apresentar ele de uma maneira mais educativa, criativa, que nos favorecesse em alegoria e fantasia, e criamos esse enredo que fala basicamente da comunicação. A princípio seria sobre os influenciadores, mas a escola preferiu seguir da comunicação. Nós concordamos, visualizamos coisas bem bacanas e foi esse o caminho para desenvolver o projeto”, comentou Mauro.

Carlinhos Maia no desfile e a era digital

Segundo Leandro Barboza, em todo o processo da história da comunicação, a era digital foi que mais fascinou o artista. O lado empreendedor e as causas que o Carlinhos Maia abraça, foram importantes para a montagem do setor que faz a homenagem ao influencer.

casaverde barracao22 5

“Essa parte atual também (fascinou). Eu sou um pouco mais novo que o Mauro, mas pra mim também foi novidade esse mundo digital, porque não estou dentro 100%. Então, essa parte de influenciadores e até mesmo do Carlinhos Maia, a gente conhecia, mas não tinha tanta ligação com as causas que ele abraça. Foi uma surpresa para gente”.

“A princípio, era só um influenciador digital, que era um cara engraçado e tinha alguns milhões de seguidores. Hoje ele tem 23 milhões de seguidores. E aí, a gente começou a conhecer o Carlinhos e entender que ele era muito mais do que se apresentava. Tem causas sociais, projetos LGBT, ações em Manaus, entregas de cilindros e nós começamos a ver um outro lado dele, como empreendedor. A figura que vemos no Instagram é uma e, por trás, há uma máquina. Por isso, ficamos mais tranquilos em fazer essa citação dele no último setor”, completou Mauro Quintaes.

casaverde barracao22 1

Dentro do desfile, os carnavalescos revelaram que Carlinhos Maia irá aparecer na última parte do desfile, junto de outros famosos. Leandro Barboza, contou que o internauta priorizou ser uma parte do enredo, e não quis ser a estrela da apresentação.

“Ele aparecerá no último setor para dar a cara do enredo. A gente o deixou muito à vontade para convidar quem quiser. Então, ele optou por chamar a turma da Vila, que também são influenciadores. Vão ser todas as pessoas ligadas a eles e que hoje têm suas redes sociais bombando. Priorizou as pessoas que estão com ele desde o início. Em reunião, apresentamos o projeto e estávamos muito preocupados em relação ao que ele pensaria de tudo e, já fomos armados para poder reverter a situação para uma linha de desfile melhor. A primeira palavra dele foi: ‘gente, antes de começar qualquer coisa, eu não sou enredo e não tenho história para ser enredo. Eu quero ser uma parte de um pedacinho dali’. Então, isso nos deixou muito tranquilos”.

casaverde barracao22 2

“E é exatamente isso. Você tem um enredo histórico, cronológico, informativo e de fácil entendimento, que vai passando pela história que vai passando pela história, até culminar com esse grande fenômeno da comunicação”, disse Mauro Quintaes.

O que esperar do Império na avenida

A comunidade da Casa Verde, fechará os desfiles de 2022. Será a última escola de sábado. Devido a isso, os carnavalescos contaram que será um desfile grandioso plasticamente. Os artistas mantiveram as características da agremiação e prometeram uma apresentação imponente. Mauro falou sobre a leitura que teve de fazer quando chegou para desenhar o desfile do ‘Tigre Guerreiro’

casaverde barracao22 7

“A grande vantagem de chegar em uma escola nova e encontrar um profissional que trabalha aqui há 7 anos, é ele chegar dizendo as características da escola. Coube nós falar ‘vamos por ali ou aqui’. Essa parceria foi bacana, porque é uma criação coletiva. Eu poderia chegar e falar: ‘não gosto disso ou daquilo’, mas o grande segredo do carnavalesco é conhecer a escola, saber do limite dos gastos. Eu particularmente estou feliz com o resultado e, agora que os carros vão sair, a gente vai ver a dimensão do projeto”.

Leandro contou como a famosa escultura do tigre será montada, além das características das demais alegorias.

“Fizemos uma leitura diferente do tigre. Até mesmo para não entrar na mesma referência de todos os anos, mas o carro vai estar imponente. Teve uma alteração de tamanho, por causa da Liga. Teve essa redução de tripé para poder adequar às medidas. Acoplamento de carro nós temos só um também. Porém, a escola vem imponente, com essa leitura bem legal. Como o Mauro falou, é uma identidade da escola”.

O grande impacto na avenida

É fato que a grande figura do Carlinhos Maia vai despertar o interesse do público, mas tecnicamente, para Mauro, o primeiro setor é a parte favorita do desfile.

casaverde barracao22 9

“Eu particularmente gosto muito do primeiro setor. Vem todo em branco, prata e azul, até por conta do horário. Fazer esse diálogo de comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira, com a primeira ala, baianas e carro alegórico”.

Já o artista Leandro, citou mais artefatos que estarão dentro do desfile e que são de seu gosto.

“Eu concordo, mas também gosto do segundo setor e o último. Acho que vai surpreender a primeira parte, comissão de frente e, os esses momentos mais cenográficos, vão surpreender a galera”.

O carnaval da vida para Mauro Quintaes

No auge da pandemia, Mauro contraiu a doença e chegou a ficar internado por duas semanas. O artista mostrou muita emoção, disse ser grato pela vida e que ainda não caiu a ficha sobre tal acontecimento.

casaverde barracao22 8

“Eu confesso para você que eu não parei para pensar. Não caiu a ficha. Eu sei que passei pelo pior, me curei graças aos amigos e pelo próprio Leandro que detectou. O próprio Jorge Freitas também me ajudou muito. O Império e a Dragões da Real também. Então foi um grupo de pessoas que me deu suporte por eu estar fora do ar, mas eu confesso para você que não caiu essa ficha. ‘É o carnaval da sua vida?’. Talvez porque a gente tenha saído da doença e começado os trabalhos. Não tive aquele momento para parar e pensar. Eu deixo de ser vítima para ser o sobrevivente dessa história toda. Mas, pode-se dizer sim que tem um sentimento totalmente diferente de poder presenciar e colocar o projeto na rua. Sou grato pela vida e as fichas vão caindo devagar”.

O primeiro carnaval assinado por Leandro no Império

O carnavalesco Leandro Barboza, está no Império há 7 anos e trabalhava como assistente. Neste carnaval, o artista está tendo a oportunidade de assinar o seu primeiro enredo pela escola, junto de Mauro Quintaes.

casaverde barracao22 6

“Pra mim é um sentimento muito grande. Já trabalhava aqui e sempre me identifiquei com a escola. Fiquei muito feliz com o convite do presidente e me senti bastante valorizado. Para mim foi muito legal e me cativou mais ainda. Por mais que a gente tenha passado por esse período de dois anos, cai um pouco o ânimo, temos altos e baixos, mas agora estamos com mais gás novamente”.

O funcionamento da parceria

“A gente diverge também. São opiniões pessoais e faz parte do processo criativo. É uma criação coletiva. O Leandro faz os casais. Cada peça se junta com um objetivo só e, lógico, que você tem que ceder um pouco aqui e ali, mas faz parte de cada pessoa”, disse Mauro.

Conheça o desfile

Setor 1
“O primeiro se trata dos tambores primitivos. No nosso imaginário, foi a primeira maneira de transmitir a comunicação. Tambores, danças tribais, fogo, fumaça e, tudo isso, no ambiente da era do gelo. Dentro desse ambiente, criamos essas coisas dos primórdios da humanidade. A idade da pedra, tigre de dente de sabre. São os ancestrais do tigre do Império de Casa Verde que vai estar presente no abre-alas”.

casaverde barracao22 4

Setor 2
“No segundo setor, a gente vem falando sobre a Babilônia e a parte das civilizações. Sumérios, amoritas, as primeiras escritas, a parte da pedra. Também tem a parte do Egito e do papiro”.

Setor 3
“No terceiro setor, já entra a parte dos monges e a prensa de Gutenberg, que é a parte mais forte do setor, que vai criar a proliferação do impresso e a criação dos livros. Por isso, o carro tem livros enormes, distribuídos. A gente elegeu o Hermes, que é o deus da comunicação, para ser o personagem que vai representar isso e vai ser uma das escultas mais belas que já tenha passado no carnaval de São Paulo. Nesse carro, juntamos papel chinês, a figura do deus da comunicação e os monges copistas sintetizados em um carro só”.

Setor 4
Depois vem o tripé, onde colocamos o Chacrinha como representante do rádio e da TV como maior comunicador da era. Esse setor vem junto com os passistas. E a gente fecha com o carro da internet. Vamos unir o Carlinhos Maia com os outros influenciadores. Vamos mostrar como ele foi um dos que conseguiu levar essa internet para o nordeste. Uma parte tão pobre que agora está conectada ao mundo”.

Ficha técnica

Alegorias: Quatro
Tripé: 1
Componentes: 1600
Casais mestre-sala e porta-bandeira: três
Direção de barracão e supervisão de fantasias: Equipe de barracão interna

Roteiro dos Desfiles pronto para os desfiles do Carnaval 2022

Imagina se não tivesse o Roteiro dos Desfiles? Mas chegou a hora! O Roteiro dos Desfiles vestiu a fantasia, decorou seus carros alegóricos e traz seus destaques para mais uma edição exclusiva da publicação mais querida da Sapucaí.

roteiro desfiles

Ao longo de 13 anos, o trabalho inédito do RD (Roteiro dos Desfiles) permitiu um mergulho mais profundo na criação artística das agremiações, ressaltando os aspectos históricos e culturais dos enredos, bem como valorizando os artistas, o público folião, os turistas nacionais e estrangeiros, a imprensa e instituições carnavalescas.

Nos dias 20, 21, 22, 23 e 30 de abril, como já é tradição do Carnaval carioca, o roteiro será distribuído gratuitamente no Sambódromo do Rio.

A distribuição começa às 18h nas roletas que dão acesso à Passarela do Samba. Chegue cedo e garanta seu exemplar: porque com o Roteiro nas mãos, todos aproveitam integralmente os momentos inesquecíveis dos desfiles da Sapucaí.

Terreirão do Samba é reaberto para Carnaval 2022

No próximo dia 20, a Prefeitura do Rio, por meio da Riotur, abre a temporada de shows no Terreirão do Samba Nelson Sargento que será reaberto pela primeira vez para a celebração do Carnaval deste ano com uma programação dedicada ao samba. Serão 5 dias de shows a partir das 19h.

terreirao
Foto: Rafael Catarcione/Riotur

O evento marca a estreia de Paulinho da Viola no local, além de contar com figuras ilustres do gênero, como Alcione, Tereza Cristina, Tia Surica e Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador. O valor da entrada inteira é R$20,00 e da meia-entrada, R$10,00. O Terreirão do Samba está localizado na R. Benedito Hipólito, 66, no Centro.

PROGRAMAÇÃO TERREIRÃO DO SAMBA NELSON SARGENTO

20/04
19h – DJ
20h00 – Ginga Pura, Quintal do Pagodinho, Brasil, Elaine Machado, Gabrielzinho de Irajá, Dunga, Wanderley Monteiro, Alamir e Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador
22h20 – Teresa Cristina
22h40 – Chico Alves
23h20 – Alcione
00h30 – DJ
01h00 – Belo
02h10 – DJ
02h30 – Toninho Geraes

21/04
19h00 – DJ
20h30 – Almirzinho e Banda, Marquinho Diniz, Dorina e Alex Ribeiro
23h00 – Fundo de Quintal
00h30 – DJ
01h00 – Clareou
02h3 – DJ
03h00 – Caju para Baixo
04h30 – DJ

22/04
19h00 – DJ
20h00 – Tempero Carioca, Zé Luiz do Império, Matriarcas do Samba e Tia Surica
22h10 – Banda do Terreirão
22h40 – Luiz Camilo
23h10 – Bruno Maia
23h20 – Zeca do Trambone
23h30 – Carlos Dafé
00h00 – Agita Samba
01h00 – DJ
01h30 – Diogo Nogueira
03h30 – Pique Novo

23/04
19h00 – DJ
20h00 – Bruno Gama, Mauro Diniz, Juliana Diniz, João Diniz, Marquinho Sathã e Velha Guarda do Império Serrano
23h30 – Delcio Luiz
00h00 – Jorge Aragão
02h00 – DJ
03h00 – Vou pro Sereno

30/04
19h00 – DJ
20h00 – Terreiro de Criolo, Didu Nogueira, Pedrinho da Flor e Amanda Amado
23h00 – Paulinho da Viola e Beatriz Rabelo
00h30 – DJ
01h00 – Lecy Brandão
02h30 – DJ
03h30 – Péricles
05h00 – DJ

Série ‘Barracões’: Tucuruvi relembra antigos carnavais ao propor reflexão sobre o futuro da festa

Os Acadêmicos do Tucuruvi abrirão, na noite do dia 22 de abril, os desfiles do Grupo Especial no Sambódromo do Anhembi. Em seu retorno à elite da folia paulistana, a escola pretende levantar o público com o enredo “Carnavais… De lá pra cá o que mudou? Daqui pra lá o que será?”, mas também propor uma reflexão sobre o que as pessoas querem para o futuro dessa festa popular. A equipe do site CARNAVALESCO visitou o barracão do Zaca e conferiu o andamento dos preparativos.

zaca barracao22 5

Procurando entender onde a gente se perdeu

A apresentação, desenvolvida pelos carnavalescos Dione Leite e Fernando Dias, foi proposta pelo presidente Jamil. Teve como principal fonte de inspiração as pessoas da própria comunidade, mas também deu voz a todos aqueles envolvidos com o carnaval de alguma forma.

“Tivemos o cuidado de mostrar o que as pessoas falavam dentro da nossa escola, em outras escolas, pessoas que não são de escolas. Todas as pessoas que têm alguma ligação com o carnaval usavam praticamente as mesmas falas. O que é o engessamento do carnaval de São Paulo? Quais são os valores que estão balançando contra o pavilhão de uma escola de samba? Onde foi parar o samba no pé?”, disse Dione.

zaca barracao22 4

Ao longo dos quatro setores, o público será convidado a viajar nos “Trilhos da Saudade”. A escola irá relembrar como era brincar no carnaval de São Paulo desde os seus primórdios, partindo do Vale do Anhangabaú, passando pela Avenida Tiradentes até chegar no Anhembi, para compreender onde a alegria e a simplicidade deixaram de ser prioridades.

“Precisávamos ir lá atrás, falar sobre o passado, trazer a essência do carnaval, discutir a ideia onde ela acontece com muita força. Como que isso começa a se diluir, em que parte da história que isso se perdeu ou não, que essa é a pergunta do enredo. Para que se chegasse ao final do enredo e tivéssemos uma conclusão com perguntas muito bem embasadas, e houvesse uma comparação. Não tinha como falar do que é ou o que será sem refletir com o que estava lá no passado”.

zaca barracao22 2

O ápice da liberdade foi na Avenida Tiradentes

O diretor de carnaval da Tucuruvi, Rodrigo Delduque, marca presença no carnaval desde os tempos da Tiradentes. Tempos esses em que as regras não eram tão complexas, o folião sambava despreocupado e trazem lembranças calorosas para todos aqueles que testemunharam os anos dourados das escolas de samba. Em sua opinião, o desenvolvimento do enredo ajudou a própria escola a rever seus conceitos.

zaca barracao22 1

“É uma das coisas que fez com que nós também mudássemos um pouco a cabeça da Tucuruvi. Relembrar tanto o passado, com alegria, e hoje estamos em um jogo, uma disputa com outras 13 coirmãs. Mas que a gente também não deixe de levar a alegria, não deixe de levar a essência e as pessoas que fizeram tanto pelo nosso carnaval”, declarou Rodrigo.

O peso da globalização com a chegada ao Anhembi

“Eu vejo o Anhembi como o grande divisor do carnaval. Quando chegamos ao Anhembi, recém-chegados da Tiradentes, nós não tínhamos carnaval para a tal estrutura. Era certo que o carnaval cresceria para que o Sambódromo nos acolhesse na forma como é hoje. Com essa mudança toda, esse crescimento todo, tende a administração também imperar. A partir daí começamos a mostrar a grandiosidade do Anhembi, o crescimento das escolas de samba, e começamos a apontar até que ponto o jogo é sadio. Até quando o número é muito melhor que a essência. Hoje nós deixamos de fazer essência para fazer jogo, resultado”, opinou o diretor.

zaca barracao22 3

“Nós nos globalizamos. Nos transformamos no maior espetáculo da Terra quando chegamos ao Anhembi. E isso é bom para o carnaval, é ótimo e é reconhecido. Não podemos ser hipócritas e dizer que isso aqui está tudo errado ou que não está. O que está errado é a forma como as pessoas olham o carnaval, como estão cuidando do carnaval, da forma que estamos fazendo as coisas por ele. Quando ele chega no Anhembi, cresce de uma forma muito grande e toma essa proporção mundial. Isso nos traz o bônus, mas também tem o ônus”, completou Dione.

O Grande Cassino Carnaval

Um dos momentos de maior destaque no desfile dos Acadêmicos do Tucuruvi será o terceiro carro da escola, batizado de “O Grande Cassino Carnaval”. O público conseguirá identificar diversas críticas que são muito comuns de serem feitas entre as pessoas no cotidiano das agremiações. Uma grande mão errante será a responsável por apontar quem são aqueles que se enquadram dentro de todos aqueles elementos retratados, ou seja, algo visto pela escola como imprevisível nos dias de hoje.

zaca barracao22 6

“Uma grande aposta. Sabe-se lá o que vai acontecer. Antes da quarta de cinzas é uma interrogação para qualquer ser humano ligado ao carnaval. Uma coisa que o nosso diretor sempre defende muito é que não há surpresa. Não existem surpresas quando você se prepara, quando você realmente trabalha em prol disso. Só que muitas vezes no carnaval há algumas surpresas. E essas surpresas nem sempre estão relacionadas ao dia do resultado. Não é só sobre o resultado. Mas é sobre o dia a dia do carnaval. Nós trabalhamos 365 dias fazendo o carnaval para a grande noite, e na grande noite nós nem vemos o que acontece. O que a gente vivencia do carnaval são os 365 dias, que é quando você planeja, executa, vai atrás, motiva, se motiva, e isso para mim é o que dá uma diferença grande. E esse Cassino Carnaval fala um pouco de tudo. É onde tem uma pitada bem mais assim, uma ‘alfinetadinha’ muito legal para quem irá se identificar. Acho que é o carro da identificação. Quem estiver lá na arquibancada vai conseguir olhar, se identificar e dizer ‘é, eu também acho que é isso aí’”, explicou o carnavalesco.

Conheça o desfile

Primeiro setor: “Uma viagem nos trilhos da saudade”
Dione: “A gente começa nos primórdios de tudo. Damos uma pincelada para termos uma referência do surgimento do carnaval, que vem do povo preto, do povo de alma simples. Mas ao mesmo tempo tem a parte europeia do carnaval, que traz toda a grandiosidade dos salões, traz as riquezas, traz os corsos pela cidade, e isso cria um contraste. É onde o samba se encontrava nesse momento, ele estava em todos os lugares. Mas quem será que é o preferido dele? A simplicidade do seu povo, que andava pela rua com qualquer roupa, batendo em lata de graxa, ou quem estava no salão de luxo, que havia até interferências de outras culturas na arte do carnaval? É a partir desse ponto que começamos a mostrar para o público onde o samba sempre quis estar, que é no meio do povo dele, por causa da essência dele.”

Segundo setor: “Um desfile na Avenida Tiradentes”
Dione: “A partir desse ponto, vamos traçar um segundo momento. Vamos recordar a Avenida Tiradentes, que é onde o carnaval de São Paulo ganha uma base muito forte e uma avenida para si. Ganha notoriedade e charme para fazer seu carnaval. Nós não vivemos a época da Tiradentes, mas escutamos as pessoas falando. Escutamos o Rodrigo e todo mundo falando, que tem cada história incrível, e isso nos encantou. Né, Rodrigo? Fala um pouco da Tiradentes para a gente.”

Rodrigo: “As lembranças que tenho da Tiradentes é que toda vez que eu conseguia chegar lá com a minha mãe, só conseguíamos assistir a Peruche, que hoje é retratada dentro da nossa bateria como uma das grandes essências do carnaval. Por estar no segundo setor, onde evidenciamos a Tiradentes, não poderíamos deixar de destacar também uma escola como a Peruche, dentre tantas outras que virão nesse setor e ao longo do nosso carnaval. Também é um presente ao nosso mestre de bateria (Serginho), que foi criado dentro do Peruche”.

Terceiro setor: “De lá pra cá, o que mudou?”

Fernando: “No nosso terceiro setor é a parte aonde chegamos no Anhembi, no nosso templo. Ele é construído e nós vamos para lá. E assim vão surgindo novas histórias e novas escolas, como as escolas de torcida, as disputas, que nem hoje estamos envolvidos nela. A partir daí começamos a ter outro momento, outra visão do carnaval, em uma época em que se criam as regras em que estamos dentro para poder nos organizar e ter um outro caminho. Porque não dá para chegar lá e crescer sem ter uma disciplina, uma regra. Não dá para chegar no oba-oba”.

Dione: “É exatamente como o Fernando falou. Vem a questão das disputas entre as escolas. Há uma questão, que foi taxada de forma pejorativa como ‘escolas de torcida’, mas elas trouxeram para o carnaval mais organização. A partir disso nós vimos que não dá para ficar dormindo, está aparecendo gente nova e precisamos começar a nos organizar também. Então o carnaval ele ganha, só que ao mesmo tempo, quando o Fernando fala sobre as regras, nós nos perguntamos muito, porque nem tudo também está escrito. Nós também estamos engessados”.

Quarto setor: “Daqui pra lá, o que será?”

Dione: “É uma reflexão para que todas as pessoas possam pensar que, se não mudarmos de atitude, o que pode acontecer com o carnaval? Esse último setor está muito pautado nas falas das pessoas. Nós como escolas de samba não afirmamos nada. Nosso dever é fazer com que as pessoas pensem, para que possam ter as suas respostas. Vamos pegar a fala das pessoas, colocar dentro de um enredo plasticamente, para que tenha alguma identidade e quem sabe isso se torne a grande voz que o povo do samba está tendo a oportunidade de usar. Tivemos esse cuidado de que não fosse apenas a voz do Tucuruvi, mas de todo o carnaval, de todo sambista, para que possamos repensar o caminho futuro da nossa festa”.

Ficha técnica

Enredo: “Carnavais… De lá pra cá o que mudou? Daqui pra lá o que será?”
Alas: 14
Alegorias: 4
Componentes: 1800

Série ‘Barracões’: Mocidade Alegre exalta Clementina de Jesus

A Mocidade Alegre pisará no Sambódromo do Anhembi em 2022 fazendo uma pergunta que não quer calar. “Quelémentina, cadê você?”. Tal questionamento é o título do enredo em homenagem a cantora Clementina de Jesus. A resposta será desvendada ao longo do desfile da escola do bairro do Limão, na forma de uma homenagem que exaltará a importância dessa mulher na representação da africanidade do povo brasileiro.

morada22 4
Fotos de Diego Cesilio/Divulgação

Rainha Ginga, Quelé, ou até mesmo “Mãe”, são algumas das diferentes formas de carinho e respeito utilizadas por amigos e fãs para se referir a Clementina de Jesus da Silva. Filha de pai senegalês e de mãe que, assim como ela, nascida na cidade de Valença, interior do Rio de Janeiro. Demorou mais de meio século, mais precisamente 63 anos, para iniciar sua carreira na música, sendo descoberta nas caminhadas até a praia do compositor Hermínio Bello de Carvalho, enquanto cantava na Taberna da Glória, na capital carioca.

Quem foi Quelé? Entendendo a proposta do enredo

A ideia da Morada do Samba é fazer a coroação de Clementina e seu legado, narrando a jornada da cantora, que acompanhou de perto os primeiros passos da Portela, mas que, quando se casou com Albino Pé Grande, se mudou para o Morro da Mangueira e pela verde e rosa foi arrebatada. O carnavalesco Edson Pereira contou sobre como a ideia dessa homenagem nasceu.

“Assim que eu finalizei o último ano de carnaval da Mocidade Alegre, eu percebi que é uma escola muito movida a emoção. Esse é o ponto de partida da Mocidade Alegre. E aí eles me pediram que sugerisse um enredo, e já existia na minha cabeça a ideia de fazer um enredo sobre Clementina de Jesus. Eu acredito na força de Clementina, e acho que ela não foi reconhecida em vida como a grande mulher que ela é. Morreu como uma pessoa pobre, muito pouco reconhecida ainda. Só depois que morreu que ela foi reconhecida. Então o que a gente quer agora, com a Mocidade, é coroar a Negra Quelé como Rainha Quelé”.

morada22 1

A Rosa dos Palcos da voz de navalha

Ainda criança, Clementina se mudou para a capital carioca, onde viveu por muitos anos no bairro de Oswaldo Cruz. Aprendeu rezas e cânticos ancestrais acompanhando o trabalho de sua mãe ganhadeira, que era o nome popularmente dado às escravas que lavavam roupas para comprar a própria alforria. Músicas que cantou ao longo de toda sua vida, e as quais não abandonou nem quando foi enfim revelada para o grande público.

Em seus primeiros anos de carreira, Clementina de Jesus se apresentou no show Rosa de Ouro ao lado de artistas consagrados como Paulinho da Viola e Nelson Sargento, e que foi dirigido pelo mesmo Hermínio Bello de Carvalho que a revelou. Sua voz ficou conhecida por ecoar belas músicas em um tom que não escondia os tantos anos da vida humilde que sempre levou. Essa simplicidade encantou Edson durante suas pesquisas para o desenvolvimento do enredo.

morada22 2

“O que mais achei interessante foi saber que uma mulher com tanta simplicidade, tanto conhecimento, tantas coisas para nos ensinar, tinha tanta humildade. Isso valorizou muito mais o trabalho em si”.

‘Fui feita pra vadiar’

Todas as línguas passam por constantes transformações ao longo dos anos. A palavra “vadiar” se consolidou apenas pela referência a pessoas que não fazem nada de útil, relevante, produtivo. Mas teve tempos que, ao dizer que alguém vadiava, era o mesmo que dizer que essa pessoa apreciava a vida de forma despreocupada. Essa era uma característica da personalidade da artista que inspirou o compositor Candeia a escrever a música “PCJ”, cuja sigla significava Partido Clementina de Jesus, e que foi imortalizada na parceria entre Quelé com Clara Nunes. O samba da Mocidade Alegre faz referência a versos dessa canção no seu refrão do meio.

A prece no cantar da Filha de Zambi

O público que comparecer ao Sambódromo do Anhembi apreciará, ao conhecer a trajetória de Clementina de Jesus, como era o estilo de vida dos primeiros descendentes de escravos libertos, que nasceram na mesma época que Quelé, apenas poucos anos após a assinatura da Lei Áurea.

morada22 3

Conheceremos a jornada de uma mulher que não foi muito diferente do que conhecemos de pessoas que fazem parte do dia a dia de uma escola de samba. Clementina deu seus primeiros passos na Mangueira, mas também desfilou em blocos, participou do grupo Folia de Reis, e viu a Portela se tornar escola muitos anos antes de ter sido revelada como artista. Muitos sambistas irão se reconhecer nas fantasias das alas e nas alegorias do desfile da Morada do Samba. Edson Pereira sabe que fez uma grande escolha de enredo, e vê nessa identidade o grande trunfo a ser aproveitado pela escola.

“É a comunidade inteira da Mocidade, que abraçou e aceitou muito bem esse enredo. A escola está organizada, e eu acredito muito que será um grande desfile.”
Em função da pandemia, o carnaval de 2022 contará com um menor número total de alegorias e desfilantes por escola, mas o tempo de desfile está mantido em até 65 minutos. A presidente Solange Bichara quer agraciar o público com diferentes surpresas, e pede a todos para ficarem atentos.

morada22 5

“Como viremos com a escola muito mais compacta, e o tempo de desfile é o mesmo, com um desfile mais calmo várias coisas irão acontecer. Mas aí eu vou pedir para vocês ficarem de olho”.

Ficha técnica:
Enredo: “Quelémentina, cadê você?”
18 alas
4 Alegorias + 1 Tripé
2800 componentes

Mocidade perdeu 35% de décimos em quesitos plásticos nos últimos cinco anos. Comissão, casal e enredo são destaques

A Mocidade Independente de Padre Miguel vive um excelente momento depois que o fim da Era Castor de Andrade deixou a escola vários carnavais como coadjuvante no Grupo Especial. Mas entre 2017 e 2020 a escola voltou a ser campeã, tirou um 3º lugar e vem voltando no sábado das campeãs nos últimos quatro anos, algo só repetido nos áureos anos 90.

ensaiotecnico2022 mocidade 47

A Estrela Guia é a escola analisada na série de reportagens ‘De olho nos quesitos’. Se foi campeã em 2017, certamente é possível afirmar que outros campeonatos poderiam ter chegado não fosse o desempenho em quesitos plásticos, conforme a reportagem do CARNAVALESCO comprova neste material. Ao longo dos últimos cinco anos a verde e branca perdeu 60 décimos, 21 deles em alegorias e fantasias. A média de perda foi de 1,2 ponto por ano, muito graças ao desfile de 2016, quando a escola foi penalizada com um total de 3,5 pontos. Entre 2017 e 2020 a média cai para apenas seis décimos perdidos por ano.

Confira o desempenho da Mocidade quesito a quesito:

Alegorias e Adereços

Os independentes mais atentos reconhecem: o que tem tirado a Mocidade da chance de ser campeã são os quesitos plásticos, notadamente aqueles que são 100% dependentes do aspecto visual, caso de alegorias. Especialmente em 2016 e 2019 a escola foi muito penalizada (oito dos nove décimos perdidos no período foram nesses anos). Em 2018 a perda foi mínima, de um décimo. Isso torna o quesito o de segundo pior desempenho da Mocidade nos últimos carnavais.

ensaiotecnico2022 mocidade 44

Bateria

Em que pese alguns julgamentos injustos sofridos pela Não Existe Mais Quente, foram seis décimos de penalização nos últimos cinco desfiles, o que dá uma média superior a um décimo por ano. Apenas em 2018 e 2019 a escola fechou a apuração com os 30 pontos. 2016 responde por 50% da perda total no período e nem no título de 2017 a escola conseguiu gabaritar no seu quesito mais famoso.

Comissão de Frente

Certamente um dos quesitos mais consistentes de todo o Grupo Especial é a comissão de frente da Mocidade. Se o independente já chega no desfile preocupado com as notas em alegorias e fantasias, também já sabe que dificilmente a escola deixará pontos em comissão de frente. Foram apenas quatro décimos perdidos em cinco anos, média inferior a um por ano. E seria ainda mais positivo não fosse o desfile de 2016, onde todos os quesitos sofreram penalizações altas. Desde o antológico Aladin de 2017 foi apenas um décimo perdido no quesito, em 2019.

ensaiotecnico2022 mocidade 31

Enredo

Quesito de desempenho idêntico à comissão de frente. Dos quatro décimos de punição nos últimos cinco anos, três aconteceram em 2016, quando a escola terminou na 10ª posição. De lá pra cá, Alexandre Louzada e Jack Vasconcelos garantiram à escola 119,9 pontos em 120 distribuídos no quesito. A Mocidade não é penalizada em enredo desde 2017, mas é preciso lembrar que esta punição se deveu a um erro da Liesa que não atualizou uma mudança no roteiro de desfile da escola, fazendo com que o julgador tirasse um décimo da escola. A falha foi responsável pela divisão de título com a Portela naquele ano.

Evolução

Como o fã de carnaval pode perceber, a média de penalizações da Mocidade fica prejudicada pela consideração do desfile de 2016, que foi o último onde a escola passou muito mal pela avenida. Em evolução, por exemplo, a verde e branca perdeu meio ponto somente no fatídico desfile citado e nos últimos quatro carnavais apenas dois décimos, em 2018, por causa de uma saída equivocada da bateria do segundo recuo que causou um buraco no último módulo. O total da perda do quesito foi de sete décimos.

Fantasias

Na apuração de 2018 a Mocidade caminhava se não para o bicampeonato mas para brigar até o último décimo pelo título, até que no quesito fantasias foram quatro décimos de punição de uma só vez. Em 2016 foram mais cinco e no último desfile em 2020 outros três. 1,2 ponto perdido em cinco anos, média de 0,2 por desfile. Números que tornam o quesito fantasias o calcanhar de aquiles dos desfiles da Mocidade.

ensaiotecnico2022 mocidade 27

Harmonia

Considerada como uma das melhores harmonias do atual Grupo Especial, a Mocidade perdeu apenas dois décimos no quesito nos últimos quatro anos. Em 2017, 2018 e 2020 a nota máxima foi alcançada. Mesmo com os três décimos de desconto em 2016, o quesito se coloca como o de segundo melhor desempenho da escola, atrás apenas de comissão de frente, enredo e mestre-sala e porta-bandeira.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A Mocidade é um celeiro de formação de portas-bandeiras. Babi Cruz, Lucinha Nobre e a atual detentora do pavilhão, Bruna Santos, são bons exemplos. Além disso, Marcella Alves também já passou pela Estrela Guia. Coincidência ou não, este é um dos quesitos mais fortes da escola. Apenas quatro décimos de punição em cinco carnavais. Foram dois décimos em 2016, um em 2019 e um em 2020 e o restante 30 pontos. Ao lado de enredo e comissão de frente o melhor desempenho da escola.

ensaiotecnico2022 mocidade 10

Samba-Enredo

Pode surpreender a muito independente o fato de o samba-enredo representar o segundo pior desempenho da escola ao lado de alegorias. Mas como já dito nesta reportagem, o acidentado desfile de 2016 puxa todas as médias para baixo. Naquele ano a punição foi de seis décimos, o pior quesito da Mocidade em toda a apuração. Mas se pegarmos entre 2017 e 2020 são apenas três décimos perdidos, todos em 2019. Ao lado de comissão de frente, enredo e harmonia samba-enredo foi o único a gabaritar três vezes nos últimos cinco carnavais.