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Presidente da Liesa avalia o Carnaval 2022 e revela o que pode melhorar para 2023

Eleito presidente da Liesa em maio do ano passado, Jorge Perlingeiro, conversou com o site CARNAVALESCO logo após a apuração do Grupo Especial do Rio de Janeiro. O dirigente abordou diversos assuntos, dentre eles, o carnaval de 2022, o que se deve melhorar para o próximo e a estrutura do espetáculo.

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Foto: Divulgação/Liesa

“A perfeição ninguém chega, mas já foi uma melhora considerável. Se analisar dois anos de adiamento, quatro adiamentos que foram marcados e desmarcados, depois de tudo certo para fazer em fevereiro, um novo adiamento, tudo podia, menos o carnaval, aquela perseguição, que invés de nos derrubar, nos levantou”.

Grande Rio campeã
“Completar 30 anos de apuração foi um marco e poder homenagear a Grande Rio, que a tanto tempo não levava um título, uma escola desse porte, já bateu na trave algumas vezes seguidas. A Beija-Flor já está acostumada a ganhar tantos títulos, até o pessoal da Beija-Flor foi abraçar a galera da Grande Rio, isso é prova de carinho, amizade, fraternidade e respeito entre as nossas agremiações”.

Desfile das campeãs
“Acho que vamos ter um desfile das campeãs fantástico. Todas que voltam, voltam por merecimento e o povo vai estar lotando a Sapucaí novamente para esse desfile”.

Melhorias na apuração
“Nosso projeto é fazer na Cidade do Samba. A ideia é fazer com 100 componentes de cada escola, com a camisa, não com a camisa do enredo, com camisa da marca da escola, carro de som e quando tiver o resultado, o campeão vai pro carro de som a bateria vai atrás tocando e dando volta olímpica”.

Planejamento para carnaval no meio do ano em 2023
“Tenho falado muito sobre isso. Vou levar o assunto para a Prefeitura, que é quem a primeira interessada, caso haja receptividade do prefeito, vou levar para o plenário da Liga para discutir. Um carnaval sem disputa, uns 1000 componentes por escola, pode ser dois dias, é para turista. Férias na Europa e nos Estados Unidos em julho. Turista não gosta de ficar 5, 6 horas em lugar nenhum, tanto que você vê o que o setor 9 fica vazio depois de 2h da manhã. A ideia é colocar 30 minutos para cada escola, com 1000 componentes. Vamos fazer sobre temas importantes: sobre a cidade ou Brasil. Cada escola vai fazer um tema pensando em uma prova de amor ao Rio de Janeiro ou Brasil. Uma vai falar do Sul, outra do Nordeste e vamos fazer por sorteio para ninguém dizer que queria falar de tal assunto e não pôde. A Liga não pode ficar restrita a um mês de trabalho. Tem que ter um outro evento para a gente fazer nosso caixa, ganhar um pouco mais e trazer mais alegria para o carioca”, declarou Jorge Perlingeiro, presidente da Liesa.

Veja a classificação final do Grupo Especial do Rio de Janeiro no Carnaval 2022

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A sscola de Duque de Caxias conquistou de forma brilhante o primeiro título de sua história no Grupo Especial. A Beija-flor ficou com o vice-campeonato e a Viradouro foi a terceira colocada. Vila Isabel em quarto, Portela em quinto e Salgueiro em sexto também voltarão à Passarela no Sábado das Campeãs. A São Clemente caiu para a Série Ouro, onde desfilará em 2023.

Presidente da Mangueira comenta o resultado de 2022

A Estação Primeira de Mangueira escolheu o enredo “Angenor, José e Laurindo”, para homenagear Cartola, Jamelão e Delegado. A escola entrou como uma da favoritas, mas acabou sendo muito penalizada em alguns quesitos, como samba enredo e terminou na sétima colocação. Em entrevista para o site CARNAVALESCO, Elias Riche, presidente da Verde e Rosa falou sobre o resultado.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Ficou muito aquém do que a Mangueira imaginou. Temos que aceitar o regulamento. Fico triste porque acho que algumas notas não foram justas, ficou muito triste com o resultado, mas quem sou eu para falar. Todas as escolas fizeram um grande desfile e tiveram condições de disputar. Eu preciso saber as justificativas dos jurados”.

O diretor de harmonia, Renato Kort, questionou algumas notas que a Verde e Rosa recebeu, como em enredo e bateria, mas vai esperar as justificativas para saber onde a escola errou.

“Algumas notas nossas que foram dadas eu questiono, como em enredo, samba enredo, bateria, mas agora é esperar a abertura dos envelopes com as justificativas para saber onde a gente errou. O que fica de legado é que o mangueirense fez um carnaval feliz, pra ele, homenageando quem ele queria homenagear”.

Evelyn Bastos, rainha de bateria, declarou antes da apuração que apostava no título da Mangueira, mas não aconteceu. A sambista declarou que o resultado foi decepcionante.

“O resultado foi decepcionante. Ficamos muito sem entender as notas que perdemos em bateria, em enredo que foi inexplicável. Agora vamos esperar as justificativas e com todo respeito aos jurados, mas um enredo com três grande nomes da nossa escola, três lendários nomes e foi um resultado inesperado. Vamos esperar as justificativas para entender esses décimos perdidos que tanto nos decepcionou”.

IMPÉRIO SERRANO VENCE A SÉRIE OURO E ESTÁ DE VOLTA AO GRUPO ESPECIAL

Festa na Serrinha! O Império Serrano venceu a Série Ouro e está de volta ao Grupo Especial. A Verde e Branco perdeu apenas um décimo na apuração. Estranhamente, a Santa Cruz e o Cubango foram rebaixadas para Série Prata e vão desfilar em 2023 na Intendente Magalhães. * LEIA AQUI A CRÔNICA DO DESFILE // * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Como foi o desfile do Império Serrano

O presidente Sandro Avelar falou mais de uma vez que o desfile de 2020 era o pior da história do Império Serrano em sua história. Se é verdade, a escola então se redimiu com um desfile sem erros, perfeito em evolução, com destaque também para o canto da escola, bateria do estreante mestre Vitinho e a comissão de Patrick Carvalho, que ainda que um efeito não tenha funcionado no segundo módulo, resumiu de forma clara o enredo. A Verde e Branco da Serrinha esteve menor do que algumas outras agremiações, mas entregou alegorias e fantasias de bom gosto. Com o enredo “Mangangá”, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira, a agremiação encerrou a última noite dos desfiles da Série Ouro com 53 minutos.

A comissão de frente de Patrick Carvalho “Besouro e Império da patente de Ogum” representou a crença de que Manuel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá, era um homem de corpo fechado que lutava com a força protetiva de seu orixá. Para isso, a comissão trouxe um bailarino representando o “Besouro Mangangá”, e outros representando as entidades do orixá, estes vestidos em uma roupa prateada que colocava um tom futurista para a apresentação. A coreografia de avanço trazia bastante sincronia entre os orixás e o capoeirista. Atrás, um elemento cenográfico representando o engenho foi palco primeiro para a emboscada armada para o assassinato do “Besouro”, quando outros capoeiristas e um coronel aparecia para realizar o ato. O elemento cenográfico apresentava o truque usado por Patrick Carvalho em outras comissões em que a alegoria passava e se realizava uma transformação, neste caso, o componente era trocado por um drone caracterizado do inseto besouro que voava e levantava o público. Como ponto importante a ser citado, o drone não realizou o voo no segundo módulo de julgamento, sendo retirado por um componente e guardado novamente na cenografia.

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O primeiro casal da Serrinha, Matheus Machado e Verônica Lima, tinham como fantasia “Exu de Oxalá”, representando o mensageiro de um orixá supremo, o exu que veste branco. A dupla realizou uma apresentação de cerca de dois minutos e meio pontuando bastante algumas terminações dentro do samba que traziam elemento das religiões africanas como “firma o ponto no Juremá”, “Sou eu Império da patente de Ogum” com algum tipo de passo afro, principalmente quando a bateria fazia uma bossa mais voltada para o jongo. No “sou Exu de Oxalá”, a dupla realizava uma referência afro com o ombro. No geral, a dança mostrou bastante intensidade nos passos, principalmente de Matheus, que alguns momentos parecia flutuar. Já Verônica girava com bastante elegância. Um ou outro momento que a bandeira poderia estar mais desfraldada, mas nada que comprometa a boa apresentação.

Desde os primeiros versos quando Igor Vianna e Nêgo iniciaram o “Bate Marimba”, não só os componentes da Serrinha como boa parte da Sapucaí nas arquibancadas e nas frisas entoaram o samba com vigor, intensidade e correção da letra que poderia aspirar alguma dificuldades pela letra e métrica bonita, mas de não tão fácil aprendizado. Do início ao fim da escola, as alas cantaram e não se via componentes fingindo ou conversando. Destaque para as alas “mestre Alípio”, no primeiro setor, ala “Ogum”, do segundo setor e “samba de roda”, do último. Algumas alas mais clássicas como baianas, velha guarda e passistas também passaram cantando muito, assim como a bateria de mestre Vitinho e a comissão de frente.

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O enredo “Mangangá” de autoria do carnavalesco Leandro Vieira transformou em narrativa carnavalesca a história de Manuel Henrique Pereira, capoeirista baiano que tornou-se uma forte liderança na luta contra a insubordinação de homens e mulheres negros. Seu nome mais popular, Besouro Mangangá. Dividido em três setores, na abertura “ Firma ponto pro corpo fechar”, a escola mergulhou em um ambiente que evoca a ancestralidade negra. Em seguida “Negro feito na cabaça não se rende a coronel”, a abordagem foi direcionada ao aspecto religioso, segundo mitos, o orixá fecha o corpo do homenageado para adiar a sua morte. Por fim, “Serrinha canta o justiceiro vingador”, o Império abordou a vida de trabalho do capoeirista e apresentou seus algozes. Um enredo de fácil leitura que trouxe de forma cronológica os fatos que o carnavalesco escolheu como mais relevantes da vida do capoeirista. A escolha por um recorte mais específico da vida do homenageado acabou por trazer um desfile menor em comparação com outros escolas.

A escola foi perfeita no quesito e se coloca muito forte na briga pelo título em comparação a escolas que erraram bastante. A opção por um desfile mais enxuto foi inteligente, focando em mostrar qualidade e não quantidade, o que impactou em uma evolução no geral fluida, sem buracos, espontânea, sem alas emboladas.Destaque para alas de passistas “trabalhadores negros” que além de trazer uma fantasia colorida mostrou bastante samba no pé. Destaque também para a ala “Xangô” do segundo setor que passou na Avenida com muita alegria, canto e sem se colocar em fileiras rígidas. A ala “Exu” do início realizava uma coreografia muito bonita e espiritualizada.

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O samba escolhido ainda em 2020 que poderia preocupar por algumas questões de métrica mais difícil nos dois refrãos passou de forma bastante tranquila pela Sapucaí principalmente pelo andamento mais cadenciado gerado pela Sinfónica de mestre Vitinho. O samba facilitou o canto e deixou a evolução mais espontânea. A letra foi cantada não só pelos componentes do Império, mas pelo público em geral nas frisas e arquibancadas, fato raro. Destaque para o refrão “Bate Marimba Camará”, o trecho antes do refrão do meio “Filho de faísca é fogo”. A integração no carro de som entre os intérpretes oficiais Nêgo e Igor Vianna, que finalmente fez sua estreia depois de quase dois anos anunciado, foi um ponto alto, sem vaidade, com cada um deixando o outro profissional brilhar e os dois impulsionando o canto do imperiano.

A escola trouxe fantasias de muito bom gosto com a cara do carnavalesco Leandro Vieira, com boas soluções estéticas.Em diversas alas, a escola também investiu em uma maquiagem que contribuia para a caracterização de cada fantasia. A bateria “besouro:sangue real”, que evocava a ancestralidade real do capoeirista, os ritmistas estavam com o rosto pintado de branco. O mesmo se viu nas alas seguintes Destaque para as alas seguintes “Jagunço”, representando os homens violentos, guarda-costas de pessoas influentes, e ” Coronel”, representando inúmeros senhores que queriam a morte do capoeirista, e “força policial”, apresentando brigas entre o Besouro e os supostos defensores da lei. A ala das baianas “mirongueiras”, muito coloridas, vestindo a sabedoria e os segredos das pretas mirongueiras. Outro destaque foi para a ala das crianças “ogun”, representando os corpos fechados que na tradição afro-brasileira.

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Com três alegorias, a escola trouxe no abre-alas “Besouro, saravá, Serrinha”, o Besouro Mangangá, capoeirista homenageado do enredo. A alegoria trazia a coroa do Império sendo resguardada por Orixás, destaque para a utilização de materiais como ferro retorcido que apresentava um efeito interessante, assim como a diferente estética das esculturas de frente, mais voltado para o afro.

Na segunda alegoria ““Se quebrar pra São Caetano”, o Império representou um ambiente rural, típico do recôncavo baiano, um carnavalesco engenho de cana de contorno africanizado, pois Besouro foi trabalhador de engenhos da região, criativo pela utilização de bambus.

Por fim, a terceira alegoria “Império, da patente de Ogum”, mostrou Besouro morrendo e virando lenda. Seu corpo, consagrado a Ogum, transforma-se em sinônimo de luta negra. Uma escultura de São Jorge figurava no centro da alegoria, a iluminação se destacou principalmente pela coloração prateada do carro. Em geral, a escola trouxe alegorias de muito bom gosto, assim como as fantasias, ainda que menores que outras escolas e não tendo o melhor acabamento da Série Ouro, ainda que estando entre as melhores.

 

A bateria do mestre Vitinho trouxe berimbaus que participavam das bossas. Uma de grande destaque remontava ao toque da cavalaria e o fechamento com o agogô. A rainha Darlin Ferrattry, com a fantasia “realeza imperiana”, chorava de emoção quando a bateria saiu do segundo recuo. Além dela, muitos imperianos no final do desfile estavam emocionados tanto dentro da escola como nas arquibancadas. O setor trouxe o grito de campeão. Quitéria Chagas levantou a arquibancada do setor 3 sambando antes do início do desfile. Arlindinho e sua esposa marcaram presença também na Sapucaí na apresentação da Serrinha.

Portelenses celebram volta da escola aos desfiles das campeãs

A Portela fez um belo carnaval e terminou na quinta colocação, com 269,2 pontos. Junior Scafura, diretor da escola, conversou com o site CARNAVALESCO e disse que vai esperar as justificativas das notas para saber o que aconteceu, mas comemora o fato da agremiação voltar no desfile das campeãs.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“A Portela tinha que estar no bolo, entre as seis, aí é questão de uma nota e outra nos quesitos e vamos esperar as justificativas. O mais importante é que a Portela de novo nas campeãs”, declarou Junior Scafura.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira foi o oitavo quesito a ser julgado e o casal Marlon Lamar e Lucinha Nobre tiraram quatro 10 e um 9,9. O Mestre-Sala falou da alegria de poder ajudar a escola.

“Estou muito feliz. Depois daquela catástrofe toda que aconteceu na avenida em 2020 e agora passar nesse desfile tão leve, tão convicto do resultado que a gente estava para fazer e conseguir essa nota máxima para a Portela é uma honra”.

O vice-presidente Fábio Pavão declarou que a escola queria mais, mas o acidente com um dos elementos cenográficos de um dos carros que acabou fazendo com que a Portela perdesse pontos preciosos em alegorias.

“A gente queria mais, fizemos carnaval para disputar o campeonato, mas infelizmente tivemos o acidente com o globo no viaduto, uma falha humana, das dezenas elevações que nós tínhamos, uma deu esse problema e perdemos muitos pontos em alegorias. Alegoria deveria ser o nosso quesito mais forte e acabou tirando a gente da disputa do terceiro ou quarto lugar e acabamos ficando em quinto. Foi um carnaval de altíssimo nível com várias escolas que vieram brigando para voltar nas campeãs e não retornaram, como a Mangueira, da Mocidade, Tijuca e Imperatriz. A Portela em quinto é uma boa colocação”.

Gabriel David avalia o carnaval de 2022 e já fala de novidades para o próximo

O carnaval de 2022 foi cheio de novidades, a começar pelas datas, já que os desfiles foram adiados de fevereiro para abril, em decorrência da covid-19. As escolas de samba voltaram para a Avenida, após dois anos de pandemia e apresentaram um carnaval de altíssimo nível. Até a apuração mudou de dia e, neste ano, aconteceu numa terça-feira ensolarada. Espaço onde são lindas as notas estava decorado, foi montado um pódio relevante para os campeões e também o estilo dos troféus mudou. O diretor de marketing da Liesa, Gabriel David falou ao CARNAVALESCO sobre a apuração:

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“Evoluiu e tem mais para evoluir, a gente conversou com a tv Globo para dar uma limpada e não ter tanta gente em volta das mesas. Fica mais arrumado, facilita o trabalho da imprensa e não fica todo mundo espremido, lógico que vai ter gente ficando chateada, já que tem menos pessoas perto do palco, mas faz parte. A minha parte é essa, reorganizar”, explicou.

Sobre os desfiles, Gabriel também falou das novidades vistas na Sapucaí para o carnaval de 2022, como a nova iluminação que dividiu opiniões no mundo do samba. O diretor espera que as escolas se apropriem do recurso para utilizarem nos desfiles do próximo ano.

“Iluminação foi boa e o nosso objetivo é que as escolas comecem a se apropriar desse recurso, a gente deve ter mais mudanças para carnaval de 2023, mas este ano tivemos um carnaval de altíssimo nível e isso mostra um pouco do trabalho que foi feito na liga para gerar um planejamento financeiro mais interessante para as escolas, ao ponto de chegar na apuração sem poder dizer quem seria a campeã do carnaval”, afirmou.

Para os próximos passos da Liesa, que está sob nova gestão, Gabriel disse que o sambista pode esperar mudanças nos eventos previstos para o carnaval de 2023.

“Todos os eventos já programados na Liga, a gente pode esperar mudanças, como no lançamento dos sambas, lançamento de enredos, sorteio da ordem dos desfiles para 2023. Sempre vamos analisar cada situação, mas a ideia é abranger novos públicos e priorizar o sambista”, relatou.

Gabriel, que também tem grande ligação com a Beija-Flor de Nilópolis, aproveitou para parabenizar a Grande Rio, que foi campeã do carnaval e saudar a baixada fluminense.

“Salve a Baixada Fluminense, a Baixada é foda. Temos que falar sobre isso”, comemorou.

Presidente da Viradouro parabeniza Grande Rio pelo título: ‘Fez um desfile muito bonito e mereceu’

Após a terceira colocação no Grupo Especial em 2022 o presidente da Viradouro, Marcelinho Calil, respondeu sobre o resultado dos desfiles deste ano. “A Grande Rio estava há muitos anos buscando o título. Fez um desfile muito bonito e mereceu. Sou bom ganhador e tenho que ser ótimo perdedor. Vi que a Grande Rio tinha feito bom desfile e que a gente ficaria no bolo de cima. Ficamos nas primeiras colocações”, disse o presidente Marcelinho Calil.

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Sobre os quesitos em que a Viradouro foi penalizada ele prefere esperar as justificativas dos jurados.

“Quero perder assim ficando nas cabeças e tendo apresentado grande trabalho. Análise melhor só quando saírem todas justificativas”.

Histórico! De rebaixada a campeã! A guinada da Grande Rio em três carnavais

O carnavalesco Renato Lage era um antigo sonho da diretoria da Grande Rio. Entretanto a tricolor de Caxias sempre tinha as portas fechadas pelas seguidas renovações do “mago” com o Salgueiro. A oportunidade finalmente veio após o desfile de 2017, quando Renato optou por deixar a Academia do Samba. O encontro de Renato com a Grande Rio foi cercado de expectativa. Afinal era um carnavalesco com o perfil ideal da Grande Rio. Será que finalmente viria o campeonato de Caxias?

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Nem o mais pessimista torcedor da escola imaginou o que estaria por vir pela frente. O enredo escolhido foi uma homenagem ao comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Com mais um samba de gosto duvidoso a escola até tinha um barracão competitivo e quesitos fortes. Os coreógrafos da comissão de frente, por exemplo era a badalada dupla Priscila Motta e Rodrigo Negri. Entretanto com um desfile caótico a escola não conseguiu colocar sua última alegoria na avenida, estourou o tempo e aquilo que era o sonho do primeiro campeonato virou um pesadelo do temido rebaixamento.

Na apuração o temor se confirmou. A escola foi muito penalizada em enredo e evolução e com os cinco décimos perdidos pelo estouro do tempo de desfile, acabou na 12ª colocação. No Carnaval 2018, em virtude do não rebaixamento em 2017, 13 escolas desfilaram e as duas últimas foram rebaixadas. Em uma disputa décimo a décimo com a São Clemente, acabou na zona de descenso ao lado do Império Serrano. A Grande Rio desfilaria no acesso em 2019.

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Ocorre que pelo segundo ano seguido, mas desta vez sem qualquer justificativa plausível, a Liesa decidiu virar a mesa novamente. Império Serrano e Grande Rio foram salvas e o desfile de 2019 teria 14 escolas, já que a Viradouro ganhou a Série A e voltaria para o Especial. Ao fim da plenária que rasgou o regulamento daquele desfile, o presidente de honra Helinho de Oliveira ainda debochou: “Quem tem padrinho não morre pagão”.

2019 marca início da reconstrução mas escola lida com rejeição

A virada de mesa após o desfile de 2018 causou revolta e indignação entre os sambistas. E a Grande Rio que já era uma escola taxada erroneamente de escola de artistas e sem fundamento sofreu com uma rejeição enorme do mundo do carnaval, em virtude de ter liderado a virada de mesa.

Internamente a escola iniciou uma profunda reformulação. Praticamente todos os quesitos da escola foram trocados. Na direção de carnaval sai Dudu Azevedo e chegou Thiago Monteiro. O intérprete Emerson Dias rumou para o Salgueiro e Evandro Mallandro o substituiu. A porta-bandeira Veronika Lima foi dispensada e a segunda, Taciana Couto, foi promovida à primeira. Os coreógrafos Priscilla Motta e Rodrigo Negri foram para a Mangueira e o casal Hélio e Beth Bejani foi contratado. Thiago Diogo deixou a bateria e o jovem diretor Fafá assumiu o lugar, apenas os carnavalescos Renato e Márcia Lage foram mantidos. Era uma nova Grande Rio, cercada de desconfianças.

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A escolha do enredo da Grande Rio para o Carnaval 2019 foi polêmica. Tentando limpar a barra com a opinião pública, anunciou o tema “Quem Nunca…? Que Atire a Primeira Pedra”. O tiro saiu pela culatra. Ao invés de conseguir se desculpar causou ainda mais indignação, pois soou como outro deboche da escola. O samba foi encomendado aos experientes André Diniz e Cláudio Russo, mas nem isso fez a escola ter um bom desempenho na avenida. Com um desfile mediano, a escola terminou apenas na 9ª colocação. Qual seria o futuro da agremiação de Caxias?

Grande Rio olha pra dentro, vira a chave e readquire o respeito

Após o desfile de 2019 Renato e Márcia Lage deixam a Grande Rio e acertam com a Portela. A tricolor de Caxias seguindo sua estratégia de renovação de quadros com jovens anuncia Leonardo Bora e Gabriel Haddad como novos carnavalescos, após dois brilhantes carnavais da dupla na Cubango no grupo de acesso. Depois de muitos anos a Grande Rio voltaria às origens e optaria por um enredo de matriz africana, uma homenagem a Joãozinho da Goméia.

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Bastou optar por um enredo com densidade cultural para a Grande Rio voltar a ter um grande samba. A obra da escola foi aclamada por público e crítica. O enredo elogiado por todos os especialistas e a Grande Rio pisaria na avenida em 2020 com o respeito do mundo do samba readquirido. No desfile o que se viu foi um banho de cultura, como cita um samba alusivo da escola. O título não veio por um triz. Empatada em pontos com a Viradouro, perdeu o carnaval no desempate pela segunda vez (a outra foi em 2006 para a Vila Isabel). Mas o caminho para o campeonato estava pavimentado.

‘Dando um banho de cultura’, Grande Rio finalmente é campeã do carnaval

Após o desfile de 2020 o mundo parou. A pandemia de Covid-19 devastou o planeta com mortes e sofrimento. O carnaval foi cancelado, as agremiações fecharam quadras e barracões. A incerteza sobre o futuro angustiava a todos. Em junho de 2020 a Grande Rio anunciou um novo enredo de temática africana. Exu seria contado pela escola na avenida quando fosse possível haver carnaval.

Novamente a escola escolheu um dos grandes sambas de 2022 e foi apontada pela maioria da crítica especializada como uma das favoritas ao título. O favoritismo se confirmou na avenida e a Grande Rio produziu o maior desfile de sua história, dominando as adversárias e deixando a avenida aclamada por público e crítica. O primeiro campeonato da escola aconteceu apenas três carnavais após o rebaixamento de 2018 e o retorno à antiga identidade da escola foi decisivo para o título.