A São Clemente anunciou a intérprete Cecília D’Preto para ser a cantora da escola no Carnaval 2023 na dupla com Leozinho Nunes. O cantor Maninho não segue na agremiação.
“Nova voz! Cecília D’Preto é a nova intérprete oficial da São Clemente. Após uma longa jornada no carro de som clementiano, ela cantará ao lado de Leozinho Nunes no segundo microfone da escola da Zona Sul”.
Cecília D’Preto já fazia parte do carro de som da São Clemente. Ela é mãe da cantora Wic Tavares, da Unidos da Tijuca.
A Estácio de Sá anunciou que Mauro Leite será o carnavalesco para o desfile de 2023. Neste ano, ele fez parceria com Wagner Gonçalves na escola. Confira a publicação.
“Mauro Leite seguirá como nosso carnavalesco para o próximo carnaval. Desta vez assinando de forma solo o desfile no carnaval 2023. Quem mais já está ansioso para saber qual enredo o nosso carnavalesco está preparando? Desejamos muito sucesso”.
Mauro Leite seguirá como nosso carnavalesco para o próximo carnaval. Desta vez assinando de forma solo o desfile no carnaval 2023.
Quem mais já está ansioso para saber qual enredo o nosso carnavalesco está preparando?
Desejamos muito sucesso!#GresEstácioDeSá#BerçoDoSambapic.twitter.com/Z9umziz36R
— G.R.E.S. Estácio de Sá (@GresEstacioDeSa) May 30, 2022
A escola também anunciou mais novidades. Veja abaixo.
É com muita alegria que anunciamos que Edvaldo Fonseca passará a integrar a Comissão de Carnaval.
Edvaldo, que em 2022 esteve à frente da Direção Geral de Harmonia, passará a integrar o quadro de Diretores de Carnaval.
A família estaciana deseja sucesso nesta nova empreitada! pic.twitter.com/MgfbKknL6d
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Durante o discurso de posse a presidente mangueirense, Guanayra Firmino, revelou que o enredo da Mangueira para o carnaval de 2023 já foi escolhido e será revelado no próximo dia 6 de junho. Ela explicou que o tema é autoral, desenvolvido pela dupla de carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão.
Foto: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
“O enredo é autoral, conversei com os carnavalescos, me apresentaram algumas propostas e nós todos juntos, diretor de carnaval, vice-presidente, carnavalescos, e aí chegamos à conclusão de que um deles era o que nós queríamos, um enredo autoral da dupla”, explicou a dirigente.
Ainda sobre os carnavalescos que vão desenvolver o carnaval da Mangueira, ambos vindos da Série Ouro, Annik da Porto da Pedra, e Guilherme do Império da Tijuca, a presidente revelou que a escolha veio a partir de um olhar da própria dirigente para os trabalhos desenvolvidos pela dupla em 2022 em suas respectivas escolas. Guanayra Firmino falou sobre o desafio de escolher substitutos para o artista Leandro Vieira que vai desenvolver o próximo carnaval pela Imperatriz Leopoldinense.
“Eu participei de todos esses momentos na gestão do Chiquinho. E participei dessa ousadia também (trazer o Leandro do Grupo de Acesso para o carnaval 2016), e são as duas coisas, um pouco de ousadia e um pouco de tentar puxar o que deu certo, que nós já fizemos. Mas, principalmente, por eu acreditar em dar oportunidades para jovens talentosos. Eu me apaixonei pelo trabalho da Annik e do Gui. Assisti tudo da Série Ouro, e antes do Leandro pedir para sair, eu já tinha me encantado pelo trabalho dos dois. Depois de o Leandro sair, foi só apurar aquilo, convidar e lançar”, explicou a dirigente.
Faleceu na tarde desta segunda-feira o ator Milton Gonçalves, de 88 anos, consequências de um problema de saúde. Em 2020, ele teve um AVC. O artista foi enredo da Santa Cruz no Carnaval de 2022.
A escola da Zona Oeste realizou uma justa homenagem ao ator, cantor e diretor Milton Gonçalves. A Verde e Branco apresentou na avenida o enredo “Axé, Milton Gonçalves! No catupé da Santa Cruz”. Injustamente, a escola foi rebaixada após o desfile deste ano.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a carnavalesca Rosa Magalhães relembrou histórias sobre carnavais da época de ouro de Pamplona, Arlindo e do próprio Joãosinho Trinta. Em 1971, o Salgueiro teve a honra de reunir na produção de um carnaval, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Maria Augusta. Rosa, também ajudou na produção, trabalhando no barracão junto com Lícia Lacerda. A carnavalesca cita as diferenças entre Arlindo, Pamplona e Joãosinho.
Foto: Divulgação
“Pamplona era mais conceitual e também era de resolver logo, não tem, não tem, tem, troca aqui e põe para lá. Essa velocidade de raciocínio, de tomar decisão. O João era diferente, uma hora ele achava que tinha muito vermelho, outra hora ele achava que estava muito branco. Ainda bem que eram só duas cores, se fossem três, seria um inferno na minha vida (risos). O Arlindo tinha menos envolvimento porque na época estava com uma novela que estava pegando lá na Globo. Ele estava mais envolvido nessa novela que eu não lembro qual era e ele ia muito pouco lá. Mas, encontrava com o Pamplona pois eles trabalhavam na mesma televisão. A gente não sabia tudo, mas você volta um pouco no tempo”.
Em relação aquele carnaval de 1971 no Salgueiro, Rosa lembra que o carnaval ainda era um universo muito machista, tanto que, na época, a então assistente, não frequentava a quadra da agremiação ainda no alto do morro.
“Era tudo muito diferente, naquela época o resultado era no quartel, e só iam duas pessoas de cada escola. Foi o Pamplona e o presidente. E eu disse , vou para porta do quartel? Não! Eu vou ficar na minha casa e fiquei sabendo do resultado pelo rádio, pois naquela época não tinha televisão, era no rádio que dava. E mulher não ia na quadra não. Não tinha esse negócio não. Eu nem sabia onde era a quadra para te dizer a verdade pois eu não ia. Hoje pode. Não é que as mulheres não fossem, tinha baiana e tudo, mas a gente, as moças que faziam os desenhos, não iam, não éramos nem convidadas”.
Com João, Rosa teve uma relação mais próxima de trabalho e explica como era a rotina.
“O João já era diferente a relação, porque o João era um bailarino, mas pela altura dele, nem sei se a técnica era boa porque nunca vi ele dançar, mas era difícil ele fazer um ‘padede’, porque uma bailarina para subir ficava maior que ele, ficava estranho. Ele fazia papéis de bruxo, de rato, povo. Ele dançava esses papéis que não precisavam ter um físico mais definido e tal. Mas ele tinha muita habilidade manual e começou a ajudar na confecção de roupas, detalhes do cenário, e fazer alguns objetos. E tinham outros no Theatro Municipal que também eram muito bons. Teve uma leva muito grande de profissionais que vieram do teatro para o carnaval, aderecistas, ‘peruqueiras’, maquiagem para comissão de frente. E o João se destacou, não só pela habilidade de fazer, mas pela habilidade de criar”, explica a carnavalesca.
Rosa também lembra de noites de muito trabalho e de como Joãosinho Trinta criava fantasias com materiais alternativos.
Ilustração para o site CARNAVALESCO: Antonio Vieira
“Quando eu conheci ele, foi na época do Salgueiro, e ele ia lá em casa e a gente fica desenhando e ele me contando as histórias. E eu nunca tinha visto escola de samba e ele me contava aquilo e eu não entendia nada. Eu ficava as vezes a noite inteira conversando e desenhando porque tinha que fazer as coisas todas. Foi o início do isopor, ele comprava prancha de surf e virava escudo africano. Essas coisas de reaproveitar, balde de gelo virava chapéu de africano. Ele andava pela rua da Alfândega igual um cão farejador, procurando alguma coisa que servisse. O barracão era muito ridículo, porque era uma costureira, dois ajudantes do Joãozinho, eu, ele e a Lícia (Lacerda), seis pessoas. E ali a gente fazia os carros, os adereços dos carros. E quando ficava pronto, do lado tinha uma casa de uma salgueirense, que emprestava a casa, e de noite eu guardava os adereços todos prontos lá. Algumas coisas o Pamplona mandava fazer na rua, e assim a gente foi”, lembra Rosa.
Já com Pamplona a relação era de aluna e professor. No Salgueiro, por exemplo, Pamplona era quem se relacionava com presidência, diretoria, e tinha uma relação mais forte com Arlindo.
“Eles eram muito grudados, raramente, no carnaval, o Arlindo se separava dele. Só depois que o Arlindo saiu do Salgueiro, e o Pamplona não saía. O Pamplona ia umas duas ou três vezes por semana para ver se estava precisando de alguma coisa. A gente trabalhava na casa de um salgueirense que era arquiteto e que ele emprestava o quintal da casa dele que eu pintei com todas as cores e ele ficou ‘P da vida. Falei que ia voltar lá para pintar de volta, nunca fui(risos)’.
Sobre Arlindo, a carnavalesca disse que nunca descobriu foi a cor da escola do coração do artista que trabalhou no Salgueiro, na Mocidade, União da Ilha e Imperatriz.
“O Arlindo era muito opulento. Ele que inventou esse negócio de usar espelho no carnaval. Ele inventou várias coisas de solução plástica. Antes, botavam luzinhas, mas não serviam para nada, agora tem LED, você vê, mas uma luzinha, uma aqui, outra lá, não fazia efeito. As mudanças plásticas, que vieram antes do João (Joãosinho Trinta), de uma visão mais centralizada das coisas, vem do Arlindo. Ele era cenógrafo e figurinista e eu acho que fora de escola de samba, ele só dirigiu uma coisa que foi um espetáculo sobre o descobrimento do Brasil no teatro. Acho que ele ficou tão impressionado com isso que ele fez o descobrimento na Mocidade e ganhou, fez o descobrimento na Imperatriz e ganhou, o descobrimento cada vez ele fez diferente , mas era aquela visão daquela música com aquele espetáculo, com as danças que levaram ele a fazer tantos descobrimentos. O último carnaval do Arlindo ele fez foi na Imperatriz. E aí acabou morrendo no meio do ano. Agora, o coração do Arlindo para que lado batia eu não sei”.
Os sócios da Portela escolheram pela manutenção do grupo que vem presidindo a escola nos últimos anos. Luiz Carlos Magalhães entrega o mandato para Fábio Pavão que terá Júnior Escafura como vice. A vitória foi por 431 a 83 votos contra o candidato Richard Rodrigues, tendo ainda 40 votos nulos. Uma das grandes bandeiras de Fábio Pavão para este mandato é a pacificação da escola e união para que todos os portelenses caminhem juntos em um ano tão importante como é o ano do centenário.
Foto: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
“A minha geração, quem nasceu na década de 1970, eu e o Júnior somos dessa geração, então a nossa geração, que está chegando ao poder na Portela, não vivenciou as brigas que marcaram a escola desde as décadas de 1940, 1950, 1960. Nós temos um centenário pela frente que é a grande oportunidade de unir a escola, e a nossa chapa sempre teve como princípio unir a escola. Infelizmente, não foi possível unir a escola inteira, a gente teve uma chapa de oposição, mas dentro da tranquilidade, dentro das regras da democracia, uma eleição limpa, democrática. E, a gente caminha com a escola unida para esse centenário, um Portela unida, uma Portela cada vez mais forte, é o objetivo da nossa chapa”, deseja o presidente eleito.
Júnior Escafura, que também fez parte da equipe de carnaval da escola no último carnaval, agora vice-presidente, fala sobre o sentimento de ocupar o cargo em uma escola tão tradicional como a Portela.
“É uma emoção muito grande. Eu vim galgando passo a passo até chegar a ser escolhido por essa comunidade, pelo sócio da Portela como um dos responsáveis por comandar o centenário da escola. Isso para mim é uma felicidade e um orgulho sem tamanho”.
O centenário, aliás, é tema recorrente, Fábio Pavão revelou que a diretoria já vem trabalhando para desenvolver ações e também para que a data possa render boas parcerias para a Portela.
“Temos desafios pela frente, o centenário é uma oportunidade também para a gente conseguir patrocínios, receitas, temos vários projetos para realização de festas, teremos enredo sobre o centenário, e temos menos tempo, pois o carnaval acabou de terminar e nós temos pela frente a criação e produção do próximo desfile. Ainda não tem data para lançar o enredo, é um consenso dentro da escola, será sobre o centenário, mas o caminho e o desenvolvimento não definimos ainda com os carnavalescos, trocamos algumas ideias, mas agora sim, passada a eleição, é que a gente vai sentar para viabilizar a realização desse enredo. É um enredo que o portelense quer para buscar o campeonato e vamos lutar com todas as forças que a gente tem”, explicou Pavão.
Fortalecimento da marca Portela sem perder o foco no desfile
Pavão vai administrar a escola até 2025. Nos últimos nove anos, na gestão Portela Verdade, o dirigente participou ativamente da diretoria, atuando como vice-presidente e presidente do Conselho Deliberativo e vice-presidente Executivo. Fábio Pavão promete fortalecer ainda mais a marca que hoje é a Portela.
“A gente já vem trabalhando a marca desde 2018 com projeto de Brand, avançamos em parcerias como o camarote da Portela, parceria da Portela com grupo de investidores, nós pretendemos criar outras formas de parceria, aproveitando a força da marca Portela e a força do centenário também. A gente tem um departamento comercial que busca parceiros, a gente conseguiu alguns com toda a dificuldade da pandemia, com toda a dificuldade da crise econômica, nós conseguimos vários parceiros já para o carnaval de 2022, fizemos um carnaval competitivo na Avenida, tivemos o melhor conjunto de fantasias segundo várias avaliações, alegorias também, que se não tivesse falhas humanas teriam conseguido a nota máxima, ou algo próximo disso”, entende o dirigente.
Pavão também quer que a escola retorne em um futuro próximo, com a pandemia controlada de vez, a um número de produção de eventos que aproveite cada vez mais a estrutura da quadra, além de ampliar os projetos sociais da Portela sem perder o foco principal que é o desfile.
“A gente quer aumentar essas parcerias aproveitando o centenário, aproveitando a força da marca da Portela, e trabalhar com a realização de eventos que é muito importante, ampliar os eventos para também o momento sem pandemia, os eventos ficaram parados, a gente vem retomando e pensando nesse novo ciclo que se inicia, realizar a rentabilidade da quadra, dentro do orçamento da Portela é muito importante. A gente quer ampliar isso e claro, nosso norte sempre é o desfile, temos projetos da área da cidadania, da área de cultura que também são reconhecidos, vamos manter, vamos ampliar, mas manter a Portela como uma escola forte e competitiva. Nos últimos oito desfiles, nós voltamos sete vezes nas campeãs, isso é uma marca que apenas o Salgueiro tem marca melhor nesse sentido, mas nós queremos mais, queremos conquistar o campeonato como em 2017, e vamos brigar para isso com certeza”, promete o dirigente.
Tia Surica é a nova presidente de honra da Majestade do Samba
A primeira grande ação dessa gestão foi conceder a Tia Surica o título de presidente de honra da escola que estava vago desde dezembro com o falecimento do mestre Monarco. Pavão fez questão de valorizar Tia Surica como grande ícone da Portela para o mundo. A escola planeja uma feijoada para comemorar o início dessa nova gestão.
“É a primeira mulher que assume esse cargo, pelo menos na Portela, isso para gente é muito importante, e gratificante. A Tia Surica hoje é a cara da Portela, a marca da Portela, depois do falecimento do Monarco ela se tornou o grande ícone da nossa velha-guarda e eu acho que é uma merecida homenagem que nós estamos fazendo para ela, ela já é a nossa matriarca e agora vai ser nossa presidente”.
Em eleição realizada neste domingo, 29, Fábio Pavão foi eleito presidente da Portela, com a vitória da Chapa 1 (Portela Verdade), que recebeu 431 votos. A Chapa 2 (Respeita Portela), encabeçada por Richard Rodrigues e Cláudio Sodré obteve 83 votos.
Foto: PH/Divulgação
Fábio Pavão vai administrar a Majestade do Samba até 2025, tendo como vice-presidente Júnior Escafura. Com o falecimento de Monarco, a nova presidente de honra é Tia Surica, a primeira mulher a ocupar o posto na escola.
Fábio Pavão chegou à Portela em 1995, aos 19 anos. Nos últimos nove anos, durante a gestão Portela Verdade foi, na sequência, vice-presidente do Conselho Deliberativo, Presidente do Conselho Deliberativo e Vice-Presidente Executivo. Em todos esses anos, trabalhou diretamente com a direção de carnaval, ou fez parte efetivamente dela.
“Este ano, a minha proposta e a do Junior é unir a escola, até por causa do centenário. Queremos trazer de volta quem estava afastado, gente boa que fez parte de outras gestões, pessoas que podem e querem voltar a contribuir com a Portela. Quero ser presidente para seguir com o trabalho sério que vem sendo feito nestes últimos nove anos. Vamos voar para os próximos 100 anos desse verdadeiro patrimônio da cultura brasileira!”, disse Pavão.
A votação ocorreu em clima de total tranquilidade durante todo dia na quadra, onde desde às 9h os sócios aptos a votar se dirigiram ao local para exercerem seu direito ao voto.
Tomou posse neste domingo a nova presidente da Estação Primeira de Mangueira, Guanayra Firmino, para a gestão do próximo triênio. Como a chapa foi a única apresentada para o pleito, a reunião que inicialmente seria para a realização da eleição, foi utilizada para dar posse a Guanayra, seu vice Moacyr Barreto e o restante da diretoria administrativa. Na mesa, estavam presentes antigos presidentes da escola como Chiquinho da Mangueira, Elmo José dos Santos, Aramis Santos, Elias Riche, o antecessor de Guanayra, e, Eli Gonçalves Dias, a Chininha, primeira mulher a tomar posse como presidente da escola.
Fotos: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
Guanayra é nascida no Morro da Mangueira, descendente da lendária Tia Fé (Benedita de Oliveira), famosa benzedeira, que criou em 1910 o Rancho “Pérolas do Egito”, e que era avó do seu tio, Seu “Sinhozinho”, Darque Dias Moreira, que foi presidente da Mangueira 1974-1976. Além de ser filha de Roberto Firmino, ex-presidente da Verde e Rosa. Guanayra fez questão de valorizar seus antepassados.
“Para mim ser presidente representa eu honrando os meus que vieram antes. A tia Fé, seu Júlio, meu bisavô, meu tio Sinhozinho, meu pai Roberto. E, eu me sinto representando a comunidade onde eu nasci. Meus amigos, as pessoas que tem história dentro da escola. É uma honra imensa, então eu não tenho nem muito a falar”.
Guanayra também fez questão de valorizar Chininha como a primeira presidente mulher da escola, ainda que Guanayra tenha sido a primeira eleita para o cargo, já que Chininha assumiu como vice após a saída do presidente Percival Pires.
“A Chininha também foi eleita como vice-presidente, e todo vice também pode assumir a presidência, não é verdade? Toda mulher, em tudo que ela faz, tem mais responsabilidade, ela é mais cobrada que o homem. Mas para mim, é tranquilo, eu estou acostumada a desafios, então eu não me sinto com uma responsabilidade maior do que eu já tinha. Eu estou na gestão desde 2012, já estou aqui, mas, efetivamente, depois da gestão do meu pai que se encerrou em 1995, eu voltei a atuar na gestão do Chiquinho. E, de lá para cá, eu tenho feito o que eu vou fazer agora, só que eu não assinava. Eu ajudei Chiquinho a tomar as maiores decisões que ele tomou, o Elias, eu fiz esse papel mais no último ano do mandato, mas, assim, para mim não é um desafio maior do que eu já venho enfrentando”, revelou a presidente eleita.
Agora como vice-presidente, Moacyr Barreto, se disse feliz por fazer parte da diretoria e fez questão de valorizar a presença de pessoas nascidas e criadas da comunidade trabalhando na nova gestão.
”Essa nova diretoria é uma diretoria, que acho tirando eu, em que todo mundo é cria da Mangueira, todo mundo é da ‘raízes mangueirenses’, todo mundo é nascido e criado no morro, então acho que tem uma coisa muito bacana, pessoas que estão assumindo os cargos, retornando à escola. Muito bom termos uma presidente mulher, sinal dos tempos, não faz diferença ser mulher, ser homem, o importante é a gente tocar o trabalho, tenho certeza que a Guanayra vai vir com muita disposição para que a gente possa tocar esse trabalho”.
Enredo escolhido para o Carnaval 2023
Durante o discurso de posse a presidente revelou que o enredo da Mangueira para o carnaval de 2023 já foi escolhido e será revelado no próximo dia 6 de junho. Guanayra Firmino revelou que o tema é autoral, desenvolvido pela dupla de carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão.
“O enredo é autoral, conversei com os carnavalescos, me apresentaram algumas propostas e nós todos juntos, diretor de carnaval, vice-presidente, carnavalescos, e aí chegamos à conclusão de que um deles era o que nós queríamos, um enredo autoral da dupla”, explicou a dirigente.
Ainda sobre os carnavalescos que vão desenvolver o carnaval da Mangueira, ambos vindos da Série Ouro, Annik da Porto da Pedra, e Guilherme do Império da Tijuca, a presidente revelou que a escolha veio a partir de um olhar da própria dirigente para os trabalhos desenvolvidos pela dupla em 2022 em suas respectivas escolas. Guanayra Firmino falou sobre o desafio de escolher substitutos para o artista Leandro Vieira que vai desenvolver o próximo carnaval pela Imperatriz Leopoldinense.
“Eu participei de todos esses momentos na gestão do Chiquinho. E participei dessa ousadia também (trazer o Leandro do Grupo de Acesso para o carnaval 2016), e são as duas coisas, um pouco de ousadia e um pouco de tentar puxar o que deu certo, que nós já fizemos. Mas, principalmente, por eu acreditar em dar oportunidades para jovens talentosos. Eu me apaixonei pelo trabalho da Annik e do Gui. Assisti tudo da Série Ouro, e antes do Leandro pedir para sair, eu já tinha me encantado pelo trabalho dos dois. Depois de o Leandro sair, foi só apurar aquilo, convidar e lançar”, explicou a dirigente.
Troca na bateria e escolhas de Douglas e Claudia Motta
Neste período em que foi confirmada a chapa única, a presidente, antes mesmo da posse oficial, andou realizando algumas mudanças ou alguns acréscimos. Uma troca que surpreendeu muita gente foi a saída de mestre Wesley que estava à frente da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” nos últimos três anos, e a chegada da dupla Rodrigo Explosão que volta ao comando depois de três anos, e Taranta Neto que fará sua estreia no Grupo Especial.
“Eu sugeri ao Chiquinho o nome do Wesley, mas eu acho que a bateria como qualquer quesito que precisa de 50, 40 pontos, ela vive de resultados. E eu achei que como eu estava mudando a gestão, apesar de ter sido eu três anos atrás que havia feito o convite a ele, eu achei que era o momento de dar uma repaginada sempre em busca da nota máxima. Mas, o Wesley é maravilhoso, senão eu não teria o indicado tempos atrás para o presidente que aceitou. É só a questão mesmo de tentar buscar a nota máxima no próximo carnaval, apesar de eu não ter achado justa a nota de bateria da Mangueira. Mas como carnaval é resultado, eu fiquei infeliz com a nota, mas vou buscar melhorá-la assim mesmo”, entende Guanayra Firmino.
Outras mudanças na escola, foram a introdução de Douglas Diniz para formar dupla com Marquinhos Art’Samba como vozes principais do carro de som da Mangueira, e a chegada da coreógrafa Claudia Mota que desenvolveu o trabalho na comissão de frente do Paraíso do Tuiuti em 2022, e substituirá o casal segredo Priscilla Mota e Rodrigo Negri que foram contratados pela Viradouro. Guanayra Firmino também contou um pouco sobre as escolhas realizadas para estes segmentos.
“O Douglas é um menino nascido na comunidade e que a gente já olha para ele há seis anos. Apenas chegou a hora na minha gestão, porque é uma gestão de continuidade. Eu estou aqui na gestão há nove anos. E a gente já tinha esse projeto. Talvez a pandemia tenha atrapalhado e por isso não tenha sido feito na minha gestão com o Elias, mas era o momento, já estava sendo planejado. O Douglas é um garoto de futuro e nós aqui da escola sonhamos que ele possa um dia assumir sozinho o microfone da escola. Muito talentoso. A Cláudia, eu sou ‘rata’ de olhar desfile, então eu fico olhando mesmo. E já vi alguns trabalhos da Cláudia, e esse trabalho dela no Tuiuti, eu achei maravilhoso, conversei com alguns coreógrafos, mas era a Cláudia, tinha que ser, foi por isso”.
Equação de dívidas e outros projetos
Bastante entrosada com a comunidade, a presidente que tem ajudado nas gestões da escola desde 2012, também tem estado à frente do desenvolvimento de projetos sociais, inclusive durante a pandemia da Covid-19.
“Projeto Social a gente já faz todo dia. Eu sou nascida na comunidade, eu fui vice-presidente da associação de moradores da Mangueira aos 14 anos de idade. Projeto Social aqui eu faço desde essa época. Agora mesmo na pandemia, a gente distribuiu mais de 15 mil cestas básicas, a escola com parceiros, mas quem coordenava isso era eu. Muitos legumes, álcool em gel, confeccionamos muitas máscaras, tudo isso idealizado por mim. O projeto social já faz parte da minha vida, junto com a Evelyn, pessoal da bateria, a gente vai fortalecer isso”.
E sobre as dívidas que têm atrapalhado a escola a fazer carnavais mais grandiosos, a presidente tem uma proposta para conseguir conciliar a redução dos dividendos com o desenvolvimento de carnavais competitivos.
“Buscar parcerias para as dívidas. Carnaval eu tenho uma ideia de que falta pouco do que as escolas já recebem para gente botar um carnaval top na rua. O que entra dá para fazer um carnaval, a gente vai buscar para botar a cereja do bolo. Por estar na gestão há nove anos, eu sei que o dinheiro que entra das subvenções, ajuda a gente a colocar o carnaval quase todo na rua. O problema da Mangueira é que ela tem dívidas, dívidas trabalhistas, coisas que o Chiquinho parcelou lá atrás e a gente vem pagando. E eu vou buscar parcerias para isso, eu já tenho algumas parcerias acordadas, que a gente vai usar mais para equalizar essas dívidas “, explica a presidente.
A Estação Primeira de Mangueira pretende apresentar sua nova diretoria e suas contratações para os setores e segmentos da escola em um evento no dia 9 de julho com horário e mais detalhes a serem divulgados mais para frente.
Após 20 anos, Raissa de Oliveira deixou o posto de rainha de bateria da Beija-Flor de Nilópolis. Neste sábado, nas redes sociais, ela divulgou uma carta aberta. Veja abaixo.
Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
“Tio Anízio, tio Laíla (in memorian), ritmistas da Soberana e toda comunidade nilopolitana, esta carta aberta é para vocês. Um filme passa na minha cabeça enquanto escrevo. Eu não estou aqui falando de triteza, palavra de ordem é gratidão!
Despedidas sempre nos causam emoções e trazem sentimentos guardados. E chegou a hora de me despedir depois de lindos 20 anos juntos no cargo de rainha de bateria da nossa amada Beija-Flor de Nilópolis.
Eu e Azul e Branco de Nilópolis temos uma linda história de amor que jamais se apagará. Esta escola mudou a minha vida e de toda minha família.
Fico feliz e lisonjeada com tudo que construímos ao longo destes 20 anos, sei que de alguma forma contribuí positivamente para a história da Beja-Flor. Valeu cada noite em claro, ensaios, viagens, apresentações, reuniões.
Mais uma vez agradeço ao meu tio Anízio por tudo que ele sempre fez por mim, ao nosso eterno mestre Laíla por acreditar no meu potencial e a toda comunidade que me abraçou quando eu era apenas uma menininha apaixonada pela Beija-Flor que sem pretensão alguma só queria sambar na Ala das Passistas.
Por falar em passistas, quero aqui dizer que eu nunca deixei de ser uma, sempre estive à frente da bateria levantando a bandeira das meninas da comunidade que assim como eu, sonham um dia em ser rainha. Tenho um imendo carinho e respeito por esta ala, pois foi o berço de onde sai e me consagrei. Por fim, deixo aqui minha gratidão ao saudoso Edson Lima Bittencourt (Edson Cambalhota), meu líder da ala de passista que com profissionalismo e carinho me lapidou.
Aos meus ritmistas, os melhores do mundo, a nota máxima sempre será nossa! Sigam com esta batida de arrepiar a alma e o coração. Com vocês ninguém fica parado! Obrigada pela proteção e cuidado que semrpe tiveram comigo. Foi uma honra representá-los por duas décadas.
Não há despedidas fáceis, sobretudo quando dizemos adeus a alguém que amamos, que cresceu conosco e faz parte da nossa família. Mas um amor forte e verdadeiro jamais morrerá, independentemente do cargo que eu deixo de ocupar a Beija-Flor sempre estará no meu coração, as lembranças mais lindas de amor, parceria, alegria, conquistas e vitórias são azul e branca! A torcida continua!
Encerro aqui esta carta, mais uma vez, agradecendo a todos aqueles que me quiseram bem e me apoiaram ao longo deste 20 anos, nos bons e nos maus momentos. Os méritos de cada conquista minha pertecendm a cada um de vocês.
Minha mãe, Cristina, meu irmão, Diego, faltam palavras para agradecer tudo que vocês fizeram por mim ao longo destes 20 anos de reinado. Vocês são a minha base, força e alicerce até hoje. A Raissa rainha de bateria deve muito à vocês. Ela nem existiria se não houvesse uma familiar tão sólida. Gratidão!
Como diz a música “Beija-Flor minha escola, minha vida, meu amor”. A minha bandeira é e para sempre será a comunidade nilopolitana.
Beijos no coração de cada um vocês. Com carinho, Raissa de Oliveira”.
A Portela realiza neste domingo sua eleição presidencial. A oposição concorre com a chapa “Respeita Portela”. Richard Rodrigues é o candidato para presidente. Abaixo, você pode conferir uma entrevista com ele.
Por que você quer ser presidente da Portela?
Richard Rodrigues: “Porque acredito que posso contribuir para a melhoria da instituição. Tenho enfatizado que escola de samba não pode se resumir a um desfile anual, mas a um conjunto de ações que precisa estar intimamente associado às comunidades de seu entorno. O alicerce de uma agremiação é a Velha Guarda, que preserva os elementos de sua constituição, bem como a comunidade que a ergueu e as suas torcidas. Portanto, precisamos dar vez e voz a essas pessoas. Eu não tenho interesse em fazer uma gestão centralizadora. Não funciona mais. É um modelo anacrônico, ultrapassado, de administração. Precisamos da participação efetiva daqueles que, dos bastidores, constroem o espetáculo direta ou indiretamente. Ou a gente avança neste terreno ou, no caso da Portela, permaneceremos neste lugar, sem efetivamente disputar títulos. Escola de samba é conjunto e tem de entrar na avenida para brigar pelo campeonato. E na Portela há um certo comodismo. Não é normal uma escola não vencer individualmente há 52 anos. Desde 1970, com “Lendas e mistérios da Amazônia” que a escola não ganha de verdade. Os títulos de 1980, 1984 e 2017 foram divididos com outras agremiações. Sozinha, a Portela não vence há mais de cinco décadas”.
Qual é a principal mudança que a Portela precisa e será feita na sua gestão?
Richard Rodrigues: “A principal mudança se concentrará no modelo de gestão administrativa. Há um certo anacronismo atualmente na Portela. O lema da diretoria vigente é “administração com transparência”. Mas onde está a transparência? É o que temos questionado. Os sócios portelenses conhecem as finanças da escola? A eles são permitidos os acessos devidos ao que se debate e decide nas reuniões do Conselho? Durante o Carnaval, os sócios usufruem ou têm algum acesso ao camarote da Portela, negociado com uma empresa que “aluga” a marca? Os ingressos dos setores populares são distribuídos para a comunidade, as torcidas e os segmentos? Então, pergunto: onde está a transparência? Conheço a situação da Portela. Sabemos que a escola deve muito. Não temos esse valor com precisão. Falam em R$ 10 milhões, R$ 15 milhões e até R$ 20 milhões. Há um obscurantismo administrativo terrível, hoje, na escola. Precisamos levantar o passivo real da instituição. A partir disso, começaremos as negociações para pagar todo mundo. A nossa ideia é contratar uma auditoria externa que nos ajude neste diagnóstico. É preciso esclarecer que não vamos adotar um processo expulsório ou condenatório, o vulgo “caça às bruxas”. A gente não quer briga. Desejamos organizar a Portela, pagar funcionários e empresas credoras. Se conseguirmos fazer isso, já começaremos a nossa administração no lucro. Há uma outra questão em particular que nos sensibiliza e se relaciona à assistência médica para os baluartes da Velha Guarda. Vamos buscar possíveis parcerias com planos de saúde a fim de que esses verdadeiros patrimônios da escola possam receber a assistência que merecem quando preciso for. Sabemos o quão caro é um plano de saúde para idosos. Temos tudo para conseguir. É chegado o momento de os portelenses refletirem se a atual administração deve prosseguir ou se a “Respeita Portela”, que propõe uma reformulação no modelo administrativo, merece a oportunidade de mostrar a que veio. Ninguém aqui é aventureiro ou inexperiente. Entendemos de escola de samba e da dinâmica dos barracões. Da forma como a Portela se encontra hoje não está bom. Todos sabemos. Estamos na era do compliance, da transparência. Não cabe mais na atual conjuntura sociopolítica do país omitir informações da sociedade civil. Queremos que todos tenham acesso ao nosso estatuto, que a listagem de sócios esteja publicada no site, bem como a prestação de contas. Essa transparência é importante porque incentivará as próprias instâncias de governo e as empresas privadas a investirem na escola. Desejamos fazer um balanço financeiro e social ao término de cada ano. Temos urgência em modernizar administrativamente a Portela. Dirão que somos “sonhadores”, que “Carnaval é assim mesmo”. Isso é uma inverdade. Há escolas que sempre nos deram ótimos exemplos de gestão A marca Portela é uma potência. É tão poderosa quanto a de um time de futebol renomado da primeira divisão. Não conseguimos compreender o porquê de em quase uma década de administração, a atual gestão não ter feito nada disso. Fato é que a “Portela Verdade” com o Falcon e o Serginho Procópio era uma. Depois do Falcon e do Serginho no comando, a administração se perdeu, embora tentem ainda se associar à imagem dele. São nove anos de “Portela Verdade”. Por quanto tempo mais desejarão permanecer no poder? Alternância de gestão é importante e faz parte do processo democrático. Hoje, a Portela parece viver um estado de exceção. Até a chapa 2, a nossa, ser efetivamente inscrita, vivemos um martírio. O estatuto precisa ser modificado. Não é justo que a lista de sócios e a convocação de eleições nos sejam informadas a apenas dez dias antes do pleito. O estatuto favorece sempre a chapa da situação. Como uma chapa oponente pode fazer campanha de forma equânime em 10 dias, sem ter os contatos dos sócios? Só nos cedem os nomes. Não temos endereço, e-mail ou telefone. Isso é um absurdo e desigual. Nós faremos uma reforma estatutária, porque não temos a pretensão de nos perpetuamos no poder”.
A Portela produz muitos eventos sociais durante o ano. O que sua gestão faria nesta área de shows e atividades sociais?
Richard Rodrigues: “Nós pretendemos explorar a quadra de forma plural, alinhando entretenimento e pautas sociais. Há projetos desenvolvidos pela atual gestão que merecem reconhecimento. A Fliportela é um exemplo incrível. A gente não pode ser leviano. Não vamos desqualificar ou desmerecer o que de bom foi criado. Não temos a intenção de chegar na escola para destruir conquistas e desagregar os segmentos. Queremos dar voz e vez à comunidade e às torcidas para agregar valores, pacificar, unir a Portela. A Feijoada da Família Portelense faz parte do calendário oficial da escola. Precisamos ouvir os segmentos a fim de compreender em que podemos melhorá-la. Mas o que necessitamos, de fato, é criar uma programação efetiva que atenda às demandas sociais da comunidade e às necessidades administrativas da escola. A gente tem de fechar essa equação. Ou seja, precisaremos pensar sobre como ofertar uma programação gratuita para crianças, adolescentes e jovens do entorno, bem como explorar a quadra comercialmente em busca da autossustentabilidade da instituição. É um tremendo desafio. Mas já temos algumas definições. Parte das salas da Portela poderão ser reformuladas para dar vez a pequenos escritórios de coworking, nos quais os jovens da Grande Madureira poderão trabalhar usando computadores e Wi-Fi gratuitamente. Óbvio, que esses ambientes terão de passar por reformas e serão refrigerados. Algumas outras salas abrigarão o LABPortela, um laboratório de experimentação com estrutura física e suporte técnico a fim de que os participantes ponham em prática os seus projetos. O objetivo é criar um ambiente que fomente a produção colaborativa e a criação de redes. Desejamos montar um estúdio para a ala de compositores e a bateria da escola. Isso facilitará a gravação dos sambas-enredos que serão inscritos na disputa. Os compositores têm um custo alto com estúdio e produção de CDs. Também buscaremos desenvolver rodas de leitura, de rima, batalha de passinhos. Dirão que o viaduto de Madureira já cumpre esse papel. Mas por que não podemos fazer um intercâmbio na própria região? A gente quer atrair os jovens para a Portela. A nossa missão será sensibilizá-los a fim de que se apropriem do espaço. Esse é um primeiro desenho do que intentamos no campo social. Também poderemos oferecer assistência médica, jurídica e psicológica a partir de convênios com a universidade federal e estadual do Rio de Janeiro. Quanto ao entretenimento, a Portela trará de volta os grandes shows de nomes da música brasileira. A proposta é recebermos um show a cada bimestre, num formato patrocinado, a fim de que os ingressos sejam comercializados a preço popular. E em janeiro faremos sempre um espetáculo, reunindo artistas portelenses num encontro por meio do qual iremos angariar fundos para o desfile da escola, como a Mangueira realiza no Vivo Rio o seu “Show de verão”. É um projeto bem sucedido. Por que motivos não podemos reproduzi-lo na Portela? Até porque já houve “A noite veste azul”, que reuniu Marisa Monte, Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela. Um espetáculo, aliás, lindíssimo”.
Na área social o que você pensa em trabalhar na escola?
Richard Rodrigues: “Como expus na resposta anterior, a nossa meta é trazer para a Portela experiências bem sucedidas no campo social, que vêm sendo adotadas nas três instâncias de governo e também por empresas privadas. A gente não quer transformar a Portela num centro de assistencialismo infundado. Por isso, queremos firmar parcerias com instituições públicas renomadas que nos auxiliem na área médica e assistencial. Sou um homem propositivo. Tenho certeza que dará certo. Os escritórios de coworking e o LABPortela poderão ser incubadoras de talentos. Por que os integrantes da bateria, os casais de mestre-sala e porta-bandeira, os intérpretes, as baianas não podem ministrar oficinas, formando junto às novas gerações futuros talentos? A alas das baianas é um patrimônio de qualquer escola de samba. Há muito pouca procura de mulheres jovens da comunidade para sair na ala das baianas. É uma arte incrível. A Jane Carla, presidente da ala, pode realizar um trabalho lindo com a juventude e ser remunerada por isso. Da mesma forma, os casais de mestre-sala e porta-bandeira. A Lucinha é oriunda da Estrelinha da Mocidade. Gilsinho, intérprete fabuloso, pode formar novos nomes. Nas últimas décadas, quantos intérpretes novos sugiram? Como há concursos de sambas de quadra, por que não podemos fazer uma disputa de intérpretes de sambas-enredo entre os jovens, homens e mulheres, da comunidade? Tudo isso cabe no LABPortela, essa incubadora de talentos, da qual poderão emergir também novos aderecistas, escultores, sapateiros, chapeleiros, serralheiros, pintores de arte, carpinteiros. O Sebrae pode nos auxiliar neste processo. Nós temos a escola mirim Filhos da Águia, presidida pelo Celsinho Andrade, que precisa de atenção. Temos de oferecer condições para que ele possa desenvolver um trabalho digno. Há um time da pesada na escola. Podemos citar a Nilce Fran, presidente da ala das passistas, o Jerônimo, antológico mestre-sala, Neide Santana, filho de Chico Santana, que neste 2022 completaria 100 anos, Áurea Maria, herdeira de dona Neném e Manacéa. A Portela não é brincadeira. É, de fato, um celeiro de bambas. A gente quer dar voz a essas pessoas, valorizá-las, acolhê-las. Muitos estão na chapa da situação. Compreendemos. Que mal há? Vamos hostilizá-las porque se encontravam na chapa da situação? Não, não faremos isso. Se vencermos, todos serão tratados com a devida deferência. A Portela é uma só. Não pode haver mais divisão como atualmente. Eu acredito nos projetos sociais como uma forma de nos unirmos e restabelecermos os laços com a comunidade. Tudo é uma questão de vontade. E a “Respeita Portela” está com sede e muita energia para por em prática um trabalho pleno e respeitoso com os segmentos, as torcidas e as comunidades da Grande Madureira. Por outro lado, há uma questão que nos incomoda muitíssimo e sobre a qual nos debruçamos nos últimos dias. Por que motivos a atual gestão tirou a Surica da feitura da feijoada mensal? Foi essa administração que a afastou e veio contratando empresas para a produção do prato que dá nome ao evento mais importante da escola. A Feijoada da Família Portelense é um projeto idealizado pelo Marquinhos de Oswaldo Cruz, que, recentemente, também se afastou da Portela por divergências relacionadas à disputa de sambas-enredo. Foi essa administração que provocou o afastamento de outros expoentes da escola. As pessoas se sentem hostilizadas. A Portela é uma escola elegante por natureza. Lembremos de Paulo da Portela, o seu fundador. Logo, resgatar os elos perdidos com a comunidade, as torcidas, os segmentos e os frequentadores da antiga será uma de nossas premissas. Na verdade, a gente deve distinguir escola de samba de desfiles. As escolas precisam ser pensadas como instrumentos de transformação das comunidades em que estão inseridas. Elas talvez sejam o elo cultural e o palco de representatividade mais efetivo existente no território em que se localizam. Já os desfiles são um espetáculo e têm de ser tratados de forma empresarial, porque ao longo das décadas as escolas foram cedendo às pressões da indústria do entretenimento. Candeia lutou contra isso. Mas chegamos até aqui. Está estabelecido. O que precisamos fazer é resguardar, proteger, amparar os nossos profissionais que se dedicam por inteiro ao processo de construção dos desfiles. A gente não pode fazer um espetáculo lindo na avenida, com pessoas em situação de vulnerabilidade nos bastidores. Na Portela, podem ter a certeza de que esse quadro se modificará. Eu não compactuo com o que vem acontecendo. A gente quer reintegrar a Portelinha à nossa administração, dando autonomia, claro, aos seus gestores para reinseri-la no circuito cultural da cidade. Foi a primeira sede da escola. É preciso valorizá-la. Pretendemos criar um centro de documentação e pesquisa na Portela a fim de preservar a memória da instituição, atendendo a professores, a alunos e a pesquisadores em geral de nossa história. Buscaremos ainda, em parceria com o poder público, criar o centro de convivência Paulo da Portela, que incentivará a prática esportiva junto aos jovens da região. O intento é formar atletas para competições em nível regional, nacional e internacional. E vamos manter os projetos atuais que funcionam. Não há motivos para desconstruirmos o que a comunidade abraçou. Não temos essa filosofia”.
Eleito, você mantém toda equipe que fez o desfile de 2020 ou pensa em alguma mudança e qual?
Richard Rodrigues: “Manteremos os que desejarem permanecer. Alguns já tiveram o contrato renovado pela atual gestão. Seria, portanto, desrespeitoso dispensar os profissionais sem ouvi-los. Mas cremos ser importante a abertura de uma rodada de diálogos para compreender a atual situação de cada integrante da equipe. A gente não pode exigir que as pessoas entreguem um trabalho incrível sem que tenham condições para executá-lo. Digo condição estrutural e financeira. Todos precisam ser devidamente remunerados. E de forma regular. Temos conhecimento de que há atrasos salariais. Buscaremos acertar os pagamentos imediatamente. Será uma prioridade. Sabemos que será uma missão nada fácil. Estamos querendo arrumar a casa administrativamente. A partir daí reorganizaremos o artístico-cultural da escola. Já disse e repito: para fazermos um espetáculo incrível na avenida, precisamos ordenar as questões internas, solucionando tête-à-tête, com cada segmento, os problemas que se apresentam. Não serei irresponsável em sair demitindo todo mundo após uma pandemia, porque tiveram o contrato renovado pela atual gestão. Eu sou um democrata, não um capitão do mato”.
O enredo de 2023 é o centenário. O que não pode faltar nesse enredo?
Richard Rodrigues: “Há um consenso de que o enredo para 2023 seja, de fato, o centenário pelos motivos óbvios. Agora, como esse enredo será desenvolvido é o que discutiremos com os carnavalescos. Se formos analisar bem, o enredo de 2022 já foi uma celebração aos 100 anos de Portela, na medida em que, por analogia ao Baobá, Márcia e Renato (Lage) resgataram todos aqueles que alicerçaram a agremiação. Relembraram Paulo da Portela, Antônio Rufino e Antônio Caetano, reverenciando os seus sucessores. Monarco era a figura central do último carro alegórico do desfile deste ano. Mas pergunto: onde estava a família Diniz no desfile? Há o Mauro e o Marquinhos Diniz, que são filhos, a Olinda, a viúva; a Juliana, a neta. Monarco tem uma família linda. A direção da Portela não poderia ter pecado em algo tão elementar. Não convidaram a família Diniz para o desfile, embora o Mauro tenha feito um show no camarote da escola. Está tudo errado. Onde estava a Selma Candeia, filha do Candeia, e a Geisa Ketti, filha do Zé Ketti? E as filhas de Mauro Duarte e de Casquinha? Onde estava a rapaziada dos Crias, que simboliza a nova geração deste imenso baobá portelense, que foi para a avenida neste Carnaval? Tem alguma coisa errada na atual administração da Portela, que não trata com o devido respeito essas pessoas. Não dá mais para continuar assim. Os portelenses terão de decidir, no domingo, se querem continuar desta forma ou enfrentar um novo desafio, em que todos serão acolhidos afetuosamente, respeitosamente. O verbo RESPEITAR está nome da chapa, conjugado no imperativo afirmativo. “Respeita tu” a Portela. É um chamamento, uma convocação, um “grito de alerta”. O que não pode faltar no desfile centenário da Portela é portelense nato na Sapucaí, é a comunidade cantando o hino que será escolhido, é a gente em estado de congraçamento e felicidade. Não pensamos afastar pessoas da chapa da situação caso vençamos. Queremos eles juntos, festejando no Sambódromo, brigando pelo 23° título ao nosso lado. A gente precisa resgatar o conceito de escola de samba como um palco de celebração da vida. Perdemos isso na Portela. Já batemos o martelo de que Paulinho da Viola será enredo em um dos carnavais do triênio 2022/2025. O Zeca será celebrado na Grande Rio, bem como a Wilma Nascimento, uma das maiores porta-bandeiras de todos os tempos. A homenagem é linda, merecida. E quebra o tabu de que um ícone de outra agremiação não pode ser celebrado pela escola concorrente. Por que não pode? Carnaval é comunhão, é o maior espetáculo da terra. Parabéns à escola de Caxias por um feito histórico. Não sei o que a Márcia e o Renato estão pensando para 2023. Precisaremos ouvi-los. É assim que se faz quando ganhamos um cargo dentro de uma instituição, na qual já se encontram profissionais tão incríveis. Poderão surgir divergências e isso faz parte. Mas tem de haver respeito. É um dever de todos nós. Se vencermos as eleições nos dedicaremos a realizar um dos mais emblemáticos desfiles da Portela em seus 100 anos de glória. A escola não ganha um título individual há mais de cinco décadas. É uma questão de honra vencer. Vocês irão ver a águia mais imponente e triunfal já exibida na avenida. É melhor respeitar, porque se a chapa 2 vencer ninguém vai nos segurar mais”.