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Unidos de Padre Miguel 2023: samba da parceria de Claudio Russo

Compositores: Claudio Russo, Jefinho Rodrigues, Jonas Marques, W. Correa, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gutto Neves e Thiago Vaz

REPENTE DE UM POVO GUERREIRO SE ACHEGA AO SERTÃO
ESTRELA ALUMIA A SEMENTE PLANTADA NO CHÃO
HERANÇA POPULAR, QUANTOS MENINOS / PÉS DESCALÇOS, NORDESTINOS QUE NÃO CANSAM DE SONHAR?

OH! “LUA” QUE BRILHA NO CÉU INVENTOU O BAIÃO TOCANDO A VAREJO, A GRANEL, MELODIA E MOURÃO
HERANÇA POPULAR, TANTOS MENINOS, ROMANCEIROS, BEDUÍNOS QUE NÃO CANSAM DE SONHAR!

SHERAZADE NO ABC ALAÚDE NA CANÇÃO
A SANFONA VAI GEMER PRO PADIM EM PROCISSÃO PRO PADIM EM PROCISSÃO A SANFONA VAI GEMER ALAUDE NA CANÇÃO SHERAZADE NO ABC

MALÊ, MALÊ, BOTA PIMENTA E DENDÊ PRA LIBERDADE MALÊ, MALÊ, MUÇURUMIM É UM CADIM DE ETERNIDADE

RABEQUEIRO NA VIOLA, UM CASTELO ARMORIAL FEITO MIL E UMA NOITES, ANDALUZ NO CARNAVAL
SOPRA O VENTO DO DESERTO, TERRA DE MOÇA BONITA LAMPIÃO, CAMINHO CERTOCHÃO SAGRADO DA MESQUITA

TOMA CUIDADO COM MEU BOI AVERMELHADO TOMA CUIDADO COM MEU BOI AVERMELHADO DA VINTÉM A BODOCÓ, O FORRÓ É ARRETADO

TOMA CUIDADO COM MEU BOI AVERMELHADO TOMA CUIDADO COM MEU BOI AVERMELHADO
A VITÓRIA VEM DE ALAH, EITA POVO ABENÇOADO!

Unidos de Padre Miguel 2023: samba da parceria de Eli Penteado

Compositores: Eli Penteado, Gule, Tio Wandir, Franco Cava, Leandro Budegas, Eliane Buenos e Régis

ÓXENTE
TUDO É SERTÃO NO MEU NORDESTE
SOU MAS UM CABRA DA PESTE, SERTANEJO É A CANÇÃO
SOU EU MENINO DESCALÇO BRINCANDO
NO CHÃO RACHADO IMITANDO UM PRANTO DE FELICIDADE
COM A ROUPA COSTURADA A CIPÓ
NESSA TERRA DE LUZ NO ORVALHO DA NOITE AO BRILHO DA LUA
NO ABEÇÊ DESSA VIDA VOU LEVANDO
AQUI SE APRENDE AMAR O SAMBA O BAIÃO E O FORRÓ

NO CÉU DE SÃO JANUÁRIO SEU LUA BRILHOU
ZABUMBA OITO BAIXO NA SANFONA MISTUROU
VIVER NO SERTÃO É SER TÃO FELIZ
O MALTUF ARRETADO CHEGA EM MEU PAÍS

BAIÃO DE MOURO É DO NORDESTE
SOU TUAREG NÃO SE AVEXE NÃO
O SOM É A RAIZ DESSA GENTE
É VENTO DO SAARA NO SERTÃO
HERANÇA QUE CHEGA EM DUNAS DE AREIA
VIRA ESTRELA NO CHAPÉU DE CAPITÃO
QUANTOS AQUI SEGUEM A ROMARIA DE MAOMÉ
PRA VER PADIM CIÇO SERTANEJO VAI A PÉ
BEDUINO NO DESERTO ROMANCE ARMORIAL
A PEDRA DO REINO AZULEJA O QUINTAL
O ABOIO DO VAQUEIRO CHAMA O BOI VERMELHO
CANGACEIROS DE ALÁ RASGANDO
O SILÊNCIO DAS MIL E UMA NOITES
AO SOM DA VIOLA REBECA E PANDEIRO
NO MUIÉ RENDE MUIÉ RENDÁ

LAMPIÃO ALUMIA NOSSA HORA JÁ CHEGOU
O CALIFA ANUNCIANDO QUE A NOSSA VITÓRIA VEM
MUÇURUMIM LEVANTA A POEIRA VERMELHA
NO SERTÃO DA MESQUITA GUERREIROS DA VILA VINTÉM

Unidos de Padre Miguel 2023: samba da parceria de Júlio Assis

Compositores: Júlio Assis, Juninho de Jesus, Kirraizinho, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira e Rafael Gigante
Intérprete: Marquinho Art Samba

TEM SANGUE MOURO CORRENDO NAS VEIAS DA VILA VINTÉM
MEU ALCÁÇAR, BENÇÃOS DE ALÁ
HÁ NO MEU SERTÃO A VERMELHIDÃO DESSA POEIRA… POEIRA
QUE TRAZ LEMBRANÇA DOS ARPEJOS DE OUTRORA
MANTILHAS QUE ENCANTAM MEU OLHAR
GIBÃO NO CANGACEIRO A ENFEITAR
ARRE! OXENTE! MOVIMENTO REPENTISTA
SALVE O DOM ARMORIAL QUE VEM DA ALMA DO ARTISTA
ARRE! OXENTE! MOVIMENTO REPENTISTA
ARMORIALMA DE ARTISTA

PRA ALUMIAR A NOSSA FÉ
OUÇA O CLAMOR DA MULTIDÃO
OH PADIM CIÇO, OH MAOMÉ!
A ROMARIA SEGUE AO SOM DO ACORDEOM

SOLO ENLUARADO E MUSICAL
CULTURA QUE EMOLDURA MEU POEMA
CONVERSA DA VIOLA COM TABAL
ESCULPE UM SORRISO NA MORENA
TUDO É MIGRAÇÃO E NÓS
NOTAS QUE O DESTINO REUNIU
ACORDES DE OCAZ, AS VOZES DE OROS
PULSAM NAS ENTRANHAS DO BRASIL
ANDALUZ A FULORAR
EM VERA CRUZ ME FEZ ASSIM
MANDACARU DA FAVELA
LAMPIÃO QUE SE REVELA
PRA LUTAR ATÉ O FIM

NÓS SOMOS HERANÇA, ACONCHEGO PRO IRMÃO
DO BARRO, UM AUTO EM BAIÃO
DE UM POVO VALENTE, AUDAZ E REVEL
UNIDOS DE PADRE MIGUEL

Ouça o samba-enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval 2023

Compositores: Myngal, Chacal do Sax, Alexandre Rivero, Robertinho, Maykon Rodrigues, Rafael Faustino, Gabriel Simões e Felipe Mussili

E LÁ VOU EU
A SECA, UM DESERTO, SOL ARDENTE
SANFONA NO COMPASSO DO REPENTE
SIMBORA QUE HOJE VAMOS PROSEAR, OUTRA VEZ ROMANCEAR
LÁ VOU EU NA LUZ QUE ALUMIA MEU SERTÃO
RABECA ENCONTRA O SOM DO ACORDEOM
SOU EU VIVENDO UM SONHO DAS ARÁBIAS
VI CAMELO NO AGRESTE, SULTÃO CABRA DA PESTE
SÃO 1001 NOITES DE HISTÓRIAS AO LUAR
ROMANCE DE CAVALARIA, UM CANGACEIRO
DE TURBANTE E GIBÃO
QUE VAI ALÉM DA IMAGINAÇÃO

(BIS) EM DEVOÇÃO VOU SEGUIR EM ROMARIA
SEMPRE GUIADO PELOS CAMINHOS DA FÉ
DIZ, MAOMÉ: SALAMALEICO!
PEDINDO A BÊNÇÃO NA MECA DO MEU PADROEIRO (BIS)

O SAL DA TERRA É O DESERTO DESSE MAR
POVO VALENTE, ALMA DE GUERREIRO
O BEDUÍNO SEGUE OS PASSOS DO VAQUEIRO
É O OÁSIS QUE ENFEITIÇA O NOSSO OLHAR
VEM VER O SOL DO SAARA INVADINDO O NORDESTE
O BARRO RACHADO NO CHÃO DO AGRESTE
FORRÓ, XAXADO, BAIÃO… INSHALÁ!
TEM PANDEIRO E CAMAJÁ, RASTAPÉ A NOITE INTEIRA
DE MÃOS DADAS NA AVENIDA PRA SELAR A UNIÃO
E NA MESQUITA DE PADRE MIGUEL, MUSTAFÁ E LAMPIÃO!

Ê BOI VERMELHO CHEGOU PRA GUERREAR
MEU BOI VERMELHO A VITÓRIA VEM DE ALÁ
A NOSSA ESCOLA NÃO DEVE NADA A NINGUÉM
RESPEITO O POVO DA VILA VINTÉM

Unidos de Padre Miguel 2023: samba da parceria de Jaci Campo Grande

Compositores: Jaci Campo Grande, Marfim, Gilmar Souza, Marinho do Catumbi, Carlinho Caixa, Pimenta, Beto Bombeiro e Nando

TUDO É TÃO ÁRIDO NO MEU SERTÃO
AMENA A DOR AO CANTAR BAIÃO
O DESERTO É UM SÓ DESTINO
REFUGIADOS E MIGRANTES SOMOS NÓS
NA SECA O CHÃO RACHADO VIRA PORTA VOZ
DA GUERRA NA ARÁBIA UM ANSEIO
MALÊ CANGACEIRO

CANGACEIRO LUTA, NO GIBÃO O APELO
NO AUTO DO JERICO, SOB UM CAMELO
SOMOS BEDUÍNOS, PENÍNSULA ME ENXERGA UM PARDIEIRO

MINHA SAGRADA MECA SE REÚNE
PROFETA MAOMÉ, O NOSSO LUME
A LUZ DO LAMPIÃO
MUIÉ RENDEIRA SEU TALENTO É LAMPARINA
OH PADIM CIÇO ENCANDEIA A RETINA
DO POVO ALÁ

TREMULANTE NO VÉU
CARNE TRÊMULA SIM
O BOI VERMELHO DE PADRE MIGUEL
PODE ATÉ PERDURAR ALCANÇAR O PARAÍSO
MAS NA SAPUCAÍ FAREI O QUE FOR PRECISO

‘Bem mais que um caso de amor!’ Unidos de Vila Maria escolhe samba-enredo para o Carnaval 2023 em final disputada

A Unidos de Vila Maria realizou na noite da última sexta-feira a grande final para a escolha do samba-enredo que irá representar a escola no carnaval de 2023. Com seis obras, a disputa contou com um grande contingente de torcida na maioria das parcerias. O samba da parceria de Alemão do Pandeiro, Paulo Senna, Anderson Magrão e Tadeu Gomes, que foi o quarto a se apresentar, levou o título e será trilha sonora da agremiação no próximo desfile. O anúncio foi feito após a palavra do presidente Adilson José e uma encenação teatral. Após, o intérprete Wander Pires teve a missão de cantar a obra campeã. A Unidos de Vila Maria tem como tema para 2023 “Vila Maria, Minha Origem. Minha Essência. Minha História, Muito além do Carnaval”. * OUÇA AQUI O SAMBA DE 2023

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Fotos: Gustavo Lima/Site CARNAVALESCO

História vencedora

Alemão do Pandeiro é um sambista formado dentro da agremiação. Frequenta a Vila Maria antes mesmo da quadra ser construída. O compositor que venceu quatro vezes pela escola, disse que é diferente ganhar esse ano, pois ele faz parte da história da entidade. “A sensação que eu tenho hoje é totalmente indescritível. Não que os outros não tenham sido obras importantes pra mim, até porque, uma delas a gente voltou para o Grupo Especial em um momento ruim. Mas esse ano foi muito mais importante, porque a gente está contando a nossa história e nela eu me incluo. Nasci aqui dentro dessa escola. Tenho propriedade para dizer que esse enredo vai trazer o título tão sonhado para a nossa escola. A inspiração para criar a letra foi mágica. Nós nos encontramos na casa do Paulo Senna em Mairiporã em dia de sol. Entendemos o enredo e o samba veio prontinho. Fomos agraciados e estamos aqui felizes da vida”, contou.

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Emoção de ganhar na escola do coração

Outro compositor vencedor, Paulo Senna, não escondeu a emoção e contou sobre a conexão da parceria. “Ganhamos em 2014 no ano da junção e 2015 no ano do diamante e, depois desse jejum, após sete anos, papai do céu nos abençoou e fomos campeões na nossa escola do coração. Eu me sinto muito abençoado. Isso mostra o quanto a nossa parceria foi persistente em buscar esse resultado após tantos anos. A gente acreditou sempre no amor pela nossa escola. Acho que não há nada mais gratificante do que ganhar um samba pela nossa escola do coração. Esse samba foi fruto de um único encontro. Nós estávamos conversando dias antes sobre o direcionamento que a gente ia tomar. A energia estava tão intensa que em questão de horas estava tudo resolvido. Eu acredito que a Vila Maria vai trazer grandes resultados”.

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Uma proposta diferente

O presidente Adilson José revelou que a escola optou por uma melodia solta. Por isso a decisão da escolha do samba 13. “Tínhamos seis grandes sambas e tivemos certa dificuldade para a definição por ser um tema familiar. No detalhe, no momento de avaliar uma melodia mais solta de ser cantada, escolhemos um grande samba. Estou muito feliz. Todos os compositores participaram da história da Vila Maria, então cada um colocou seu sentimento. Optamos por uma melodia solta”, afirmou.

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Um samba com cara de título

O intérprete Wander Pires rasgou elogios à obra e vê a escola como possível campeã no carnaval de 2023. “É um samba que pode trazer muita felicidade. Era um dos sambas favoritos. A gente colocando na medida, no tom certo, vamos conseguir através do nosso mestre Moleza e presidente Adilson José. Eu acredito muito nesse samba. Eu vejo a Vila Maria conquistando título com ele, porque é a história da Vila Maria. Se nós conseguíssemos conquistar esse título homenageando a nossa escola, esse samba tem tudo a ver. ‘brilhou lá no céu a aliança’.

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Foco no trabalho

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Edgar Carobina e Lais Moreira, opinou sobre o samba e, segundo a dançarina, era uma obra que ela queria. “Um samba maravilhoso. Era o que nós queríamos. Estávamos entre esse e mais um outro. Qualquer um que ganhasse, a gente ia ficar muito feliz. Vamos desenvolver um lindo trabalho com muito amor, tesão, porque o samba é gostoso, pra cima e, se Deus quiser, vamos ganhar mais um prêmio do CARNAVALESCO”, disse a porta-bandeira.

“É um samba que nós gostamos muito. Desde o início. Tinha outro que a gente estava em dúvida, mas como esse ganhou, estamos felizes para desenvolver um ótimo trabalho. O samba contagia o pessoal e é fácil de pegar”, complementou o mestre-sala.

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Em busca do campeonato tão sonhado

Cristiano Bara, carnavalesco da agremiação, falou do hino e sua participação dentro da definição. “A gente participa sempre. O peso do carnavalesco conta bastante, porque a gente deve saber se a letra está dentro do enredo e daquilo que temos de proposta visual. A gente tinha lindas canções, alguns um pouco mais, um pouco menos, mas no geral tivemos uma boa média que atendia o enredo que estamos preparando no barracão na questão da parte visual. Vamos para mais um grande desfile tentar mais uma vez furar o bloqueio e conseguir esse título tão sonhado contando a nossa própria história. É um grande samba e temos a chance de conquistar um grande campeonato”.

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Análise dos sambas

Samba 5: Uma obra em que os compositores ligaram a história de uma forma diferente. A única parceria que citou Xangô, lendária personalidade da escola que foi um dos fundadores da agremiação. A torcida tinha um contingente mediano. A parte mais cantada foi o refrão principal e o último verso que iria pegar: ‘Vila Maria eu sou, Vila Maria eu sou’.

Samba 11: Uma das favoritas na disputa, a obra foi feita por apenas um compositor, que é o experiente Rafa do Cavaco. Talvez, por isso, não tinha torcida levada por ele. Porém, nitidamente havia simpatizantes do samba pela quadra. A letra teve uma proposta diferente das outras. É uma declaração de amor à escola. Não cita o bairro e seus principais locais, mas toda a emoção que representa a Unidos de Vila Maria foi colocada dentro do samba. Vale destacar o último verso que se ligava ao refrão principal. “Um caso de amor… Que eu levo pra sempre na vida”.

Samba 7: Um samba que empolgou apenas pelo primeiro refrão. O corpo do samba e melodia, não davam tanta ênfase ao enredo. O ritmo era consideravelmente lento e, para 2023, a Vila Maria tem uma proposta diferente do habitual. Apesar disso, o samba na voz da torcida empolgou. Os torcedores levaram bandeiras e cantaram bastante. Principalmente o refrão principal, que é a peça-chave do samba.

Samba 13: A grande obra campeã foi a mais completa da noite. A apresentação foi impactante, visto que dava pra se notar um samba com cara de avenida já de imediato. Uma melodia para frente que casou perfeitamente quando a bateria subiu o ritmo. A letra faz citações importantes, como a igreja da Nossa Senhora da Candelária, que é a padroeira do bairro. A torcida deu um espetáculo. Levou muitas pessoas, bandeiras e cantou o samba fortemente de ponta a ponta. Foi um verdadeiro show da parceria nesta noite.

Samba 10: Outro samba que mostrou uma melodia lenta, porém de fácil e assimilação e canto. Mas, como dito anteriormente, a proposta da escola para o próximo carnaval é diferente do que vem tendo nos últimos anos.

Samba 1: A obra da velha-guarda foi mais por uma questão representativa. Por ser uma escola de quase 70 anos de existência, os baluartes da agremiação são bastante idolatrados. A melodia da obra é totalmente alusiva às antigas. Isso se vê principalmente nas estrofes pós refrão principal. A torcida da parceria compareceu em um número modesto. Não teve muita festa e coro.

Resultado final: Havia uma clara disputa entre samba 11 e samba 13. O que pesou definitivamente foi o fato da melodia. Nas palavras do presidente Adilson José, a escola quer algo mais leve, contagiante e solto. Por isso, a parceria de Alemão do Pandeiro, Paulo Senna, Anderson Magrão e Tadeu Gomes, levou a disputa.

Império da Tijuca sonha nas cores do Axé! Parceria de Samir Trindade vence disputa de samba para o Carnaval 2023

O Império da Tijuca definiu seu samba-enredo para o Carnaval 2023 na madrugada da última sexta-feira na quadra da Unidos da Tijuca. A parceria vencedora é composta pelos compositores Samir Trindade, Ricardo Simpatia, Bachini, Julio Pagé, Wagner Zanco, Osmar Fernandes e Almeida Sambista. A escola do morro da Formiga será a penúltima a desfilar no sábado de carnaval, pela Série Ouro, com o enredo “Cores do Axé”, de autoria dos carnavalescos Júnior Pernambucano e Ricardo Hessez. * OUÇA AQUI O SAMBA

Compositor premiado no mundo do samba, Samir Trindade chegou a sua terceira vitória pelo Império da Tijuca e desejou que para o próximo ano a escola do morro da Formiga possa voltar para o grupo especial. Sobre a parte que mais gosta do samba, ele disse ser o refrão do meio. Ainda afirma que falar sobre africanidade e negritude é falar de carnaval.

“É sempre uma sensação especial estar no Império da Tijuca. Uma escola que tem muita história e que vai muito além do que a gente imagina. É uma conexão de almas com a agremiação. Tive a oportunidade de vencer dois sambas aqui, perdi outros sambas também. Espero que no próximo ano o Império da Tijuca consiga estar no lugar dela, que é no grupo especial. O samba fala sobre a ancestralidade, sobre africanidade e a negritude, e o carnaval é isso”, disse Samir.

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Fotos: Ingrid Marins e Luan Costa/Site CARNAVALESCO

Ricardo Simpatia, um dos autores do samba, estava bastante emocionado após o resultado, para ele essa vitória significa não desistir de seus sonhos, em anos anteriores ele escreveu sambas para o Império, mas não conseguiu sair vencedor.

“Essa vitória aqui no Império significa demais, a gente sabe que o carnaval não tem barreiras, eu sou diretor de carnaval na Santa Cruz e sou compositor da Mocidade, o carnaval é algo mundial, é aberto, é brasilidade. Ano passado eu disputei, outro ano também, chegamos perto mas não ganhamos, as pessoas falavam que era difícil ganhar samba aqui, mas pra gente não existe barreira, reunimos os parceiros, conversamos com os carnavalescos e fizemos essa obra maravilhosa pra Império da Tijuca ter grande sucesso no carnaval”, declarou Ricardo Simpatia.

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Sobre a parte que mais gosta no samba, Ricardo afirma que tem carinho por toda frase que constitui a obra, mas que o refrão principal o emociona quando diz para Caribé fazer de seu pincel o Ofá da escola.

“Cada parte desse samba, cada frase a parceira criou com amor, então eu gosto de todas as partes, mas o que mais emociona é esse legado que o Caribé deixou pra gente, então a gente faz ele subir o morro da Formiga e fazer do seu pincel o Ofá da escola”, pontuou Simpatia.

Após os trabalhos elogiados do carnavalesco Guilherme Estevão, Júnior Pernambucano, retorna ao Império da Tijuca para fazer dupla com o jovem talento Ricardo Hessez, juntos eles levarão o enredo “Cores do Axé”, que fará uma homenagem ao artista Carybé, pintor argentino que apaixonado por Salvador e suas manifestações culturais, fez sua obra em cima das expressões de fé, e sua relação com o axé. Os dois artistas falaram sobre o convite para dividirem os trabalhos, o enredo para o próximo ano e como está sendo essa parceria.

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“Eu fui embora, mas a gente namorou, é uma escola que eu gosto muito e tenho um carinho muito grande, pra mim foi muito satisfatório essa volta. O enredo surgiu dessa ideia de querer falar sobre o axé, e aí junto minha proposta do axé com a do Ricardo que é falar do artista plástico Caribé, aí a gente faz essa junção e foi super válida, tem tudo a ver com o Caribé e com o Axé. Trabalhar com o Ricardo tem sido muito bacana, somos dois aquarianos, as coisas fluem de uma maneira muito tranquila”, citou Júnior Pernambucano.

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“O convite pra eu vir pro Império veio de um outro convite, do Guilherme Estevão, que hoje está na Mangueira, meu amigo que já sabia do meu trabalho e me apresentou pro presidente Tê e pro Luan (Teles, diretor de carnaval). Está sendo maravilhoso estar no Império da Tijuca, já tenho uma experiência do carnaval da Sapucaí, fui assistente muito tempo do Jorge Silveira, hoje tô dividido o carnaval com o Júnior e tá sendo incrível, o nosso enredo nasce da junção desse tema que é o axé com o enredo contando as histórias das telas do Caribé, são as manifestações de axé através das obras de arte dele, foi uma junção perfeita, uma sintonia perfeita entre o trabalho do Júnior e o meu”, declarou Ricardo Hessez.

‘Império da Tijuca não faz desfle para permanecer’, diz presidente

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente Tê falou sobre a expectativa para o próximo carnaval, ele afirmou que o Império sempre faz carnaval para ganhar e não apenas disputar a permanência.

“Nós fazemos desfiles para ganhar, a Império da Tijuca não faz desfile para permanecer em grupo, agora quando entra na avenida é outra história, é diferente, nós temos jurados, então quem errar menos fica na frente e quem erra mais fica mais atrás, certamente vamos fazer um belíssimo carnaval em 2023”, conta o presidente.

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Sobre a final de samba, ele disse que assume sempre a responsabilidade de escolher a obra vencedora, e que o samba campeão foi sem dúvida uma ótima escolha que proporcionará um grande carnaval para a escola. “Geralmente, eu procuro analisar com os carnavalescos, com o pessoal da escola, mas não deixo eles julgarem ou votarem em nada, quem define o samba campeão sou eu. Certamente entre os quatro finalistas esse sobressaiu mais, acabou sendo campeão, é um grande samba e com certeza vai permitir que a gente faça um grande desfile”, pontua Tê.

Protótipos com mais de 80% prontos

Para o diretor de carnaval, Luan Teles, o Império da Tijuca levará para a avenida um grande samba, sobre o próximo carnaval ele afirma que os protótipos já estão quase finalizados, e que o problema da falta de espaço afeta o início dos ensaios, mas que em breve terá datas.

“Estamos vindo com um enredo forte, foi uma escolha dos carnavalescos, ou seja, um enredo autoral. Hoje conseguimos apresentar quatro lindas obras e sei que a escolhida é a melhor que vai fazer com que a gente consiga ter um desfile belíssimo na avenida para o carnaval de 2023. A gente está na fase de 80% dos protótipos sendo realizados. Vamos começar o barracão agora na próxima segunda-feira. Os ensaios ainda estão com o problema de quadra, com isso estamos no processo de conseguir espaço para podermos prosseguir com os treinos. Em breve teremos uma data pronta para isso. Ainda estamos saindo do forno desse carnaval de 2022″, disse Luan.

Caminho certo na bateria

Ao site CARNAVALESCO, o mestre Jordan analisou o desfile de 2022, revelou detalhes para o desfile de 2023 e disse estar muito feliz com o samba escolhido, ele ainda revelou que o enredo afro permite muitas possibilidades de bossas. “Em 2022 nós fizemos um grande desfile, graças a Deus tudo o que planejamos nos ensaios funcionou bem na avenida. Infelizmente, o resultado não foi o esperado, mas nós vamos persistir porque nossa bateria está no caminho certo e vem grandes novidades para 2023. Depois do samba escolhido como esse, uma obra prima que foi feita, se Deus quiser no ano que vem vamos vir com tudo novamente e voltaremos ao grupo especial. O enredo afro é algo que deixa muitas possibilidades para a gente trabalhar em cima. É uma coisa de raiz e nossa escola já está acostumada a abordar esse tipo de enredo. E com certeza teremos diversas novidades até o ano que vem. O enredo permite muitas bossas, ele é muito rico e vamos ter treinos e com direito a coisas novas também”, contou o mestre.

Daniel Silva ressalta que enredo fala com ancestralidade

Intérprete do Império da Tijuca e marca registrada da escola, Daniel Silva, disse que sempre espera o melhor samba para a escola, o objeto da escola é melhorar a posição do último carnaval, quando ficou em nono lugar e para isso ele acredita que esse enredo é fundamental, Daniel disse ainda que para a final deste ano o carro de som aprendeu todos os sambas finalistas.

“A gente sempre espera o melhor. E tenho certeza que o próximo carnaval será diferente. A energia é outra, a escola está bem feliz e focada, querendo fazer um desfile mais forte do que o de 2022. Com todo respeito as co-irmãs, mas esse nono lugar não teve motivo. Vamos procurar com muito afinco, treinar e ensaiar bastante para entregar o melhor para toda galera do carnaval. Falou da nossa ancestralidade, eu topo tudo. Esse enredo é de mexer com a curimba, nossas cores do axé. Para a final, nós do carro de som aprendemos os quatro sambas finalistas. Acredito que mais uma vez o Império da Tijuca irá estar com um belíssimo samba na avenida e que vai dar o que falar. E que também vai entrar para a história”, disse Daniel.

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O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Laís Lúcia, disseram estar felizes com o desempenho no último carnaval e demonstraram também muito entusiasmo com o enredo escolhido para o próximo ano, segundo eles, a presença de dança afro estará ainda mais forte em sua dança.

“O enredo afro mais uma vez gera uma expectativa muito boa, os ensaios já começaram, a preparação afro também, a gente pretende colocar uma pitada a mais, queremos nos superar a cada ano, podem esperar que se Deus quiser vai ser sucesso”, disse Renan.

“Estou muito feliz pelo nosso último carnaval, estou muito feliz pelo carnaval que ainda virá, a gente já está com algumas coisas prontas, já começamos os nossos ensaios, já vamos começar nossa aula de afro também porque o enredo pede. Estou esperançosa, expectativa lá em cima, mais um enredo afro que eu adoro, eu acho que tem a nossa cara e a cara da escola, tô feliz”, pontuou Laís.

Como foram as apresentações dos finalistas:

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Parceria de Paulinho Bandolim: a primeira parceria a se apresentar teve como ponto alto a presença do intérprete Pixulé no comando do carro de som. Apesar do desempenho avassalador de Pixulé, o mesmo não foi visto na torcida, que apesar de estar com alguns balões, não demonstrou muito entusiasmo, durante a passagem foi possível perceber muitas pessoas com a letra do samba nas mãos para poder acompanhar.

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Parceria de Samir Trindade: a segunda parceria da noite começou arrepiando, o refrão do meio foi cantado repetidas vezes antes do início da apresentação, mostrando que estava na ponta da língua, comandado por Nino do Milênio e Bico Doce, o samba foi cantado por todas pessoas presentes, não só pela torcida. Durante a apresentação os torcedores carregaram muitas bandeiras nas cores da escola, além de um grupo de homens dançando balé afro, foi um show do início ao fim. O refrão do meio explodiu na quadra e tem tudo para ser um dos destaques deste carnaval.

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Parceria de Tinga: a terceira parceria da noite começou sua apresentação de forma muito forte, principalmente por conta da voz e experiência de Tinga no comando do samba, o refrão principal foi o mais cantado pela torcida e também pelos presentes na quadra. A parceria foi a que mais fez uso de pirotecnia durante a apresentação, o que causou um bom efeito.

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Parceria de André Diniz: a última parceira da noite encerrou com chave de ouro, o samba empolgou e foi cantado de maneira firme pela torcida que levou balões coloridos para quadra e bandeirões. Emerson Dias comandou o samba e animou todos os presentes.

Tucuruvi celebra chegada de Carlos Jr e apresenta samba-enredo para homenagear Bezerra da Silva no Carnaval 2023

O Acadêmicos do Tucuruvi apresentou na noite da última sexta-feira o samba-enredo para sua comunidade na Avenida Vila Mazei, Zona Norte de São Paulo. A escola vai homenagear a malandragem, a periferia, o samba e o rap, ou seja, as raízes paulistanas a partir de um personagem marcante Bezerra da Silva, ou como diz o enredo: ‘Da Silva, Bezerra’.

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A comunidade do Tucuruvi marcou presença em peso na quadra em um evento que contou com a presença dos intérpretes históricos Agnaldo Amaral, Vaguinho e Royce do Cavaco, participando de uma homenagem ao recém chegado Carlos Junior. Além deles, o filho do Bezerra da Silva, esteve presente e chegou a cantar um trecho de uma das músicas do seu pai. O site CARNAVALESCO esteve presente e registrou todos os momentos do evento. Os compositores Carlos Jr, Paulo César Feital, Rodrigo Minueto, Marcelo Casa Nossa e Rodolfo Minueto assinam o samba-enredo para 2023. * OUÇA AQUI O SAMBA

Com quadra cheia e apresentação oficial do novo intérprete, Carlos Junior, a escola pulsou durante todo o evento na noite de sexta. Um momento marcante foi a presença do Carlos Jr, vindo do camarote e descendo pelo chão da escola, contato forte com a comunidade e muita emoção para ele.

“Tive no Tucuruvi uma coisa que nunca tive na minha vida. Uma recepção calorosa, com 100% de carinho. Ainda mais desta época que a gente viveu pós-pandemia. Fui uma das pessoas que ficou doente, depressão, e ter uma receptividade igual à de hoje. Foi difícil segurar emoção, consegui segurar, pois já vivi diversas emoções em outras oportunidades, na avenida, coisas de lembrar da mãe, momentos que mexem com nosso coração. Mas assim, com certeza vai ser um dia que nunca mais vou esquecer”, afirmou o cantor.

Porta-bandeira dança, apresenta e mexe com comunidade

Toda a equipe foi apresentada no palco, os quesitos que defenderão o Tucuruvi em 2023, e com apresentação do evento, Waleska Gomes, porta-bandeira que cruza e faz o gol? Pois é, apresentou boa parte do evento, trazendo a comunidade para perto. E depois, estava com seu pavilhão junto com o mestre-sala Luan Caliel dançando para comunidade.

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“É um desafio imenso, você não imagina o nervoso que é. Desde que deu certo, a nossa Super Live, comecei a fazer lives. A diretoria me convoca para fazer esse papel do pessoal que vai intermediar e ter uma forma mais popular de conversar com a comunidade. E uma pessoa que a comunidade acabou gostando muito, porque eu acho incrível, quando não sou eu, quando não vou falar, eles falam: ‘A Wal tem que falar, tem que ser a Wal’, fico muito feliz, honrada. Mas é um trabalhão, antes da festa, na festa, hoje, acho que nem tomei uma água”, contou a porta-bandeira.

Por fim, Waleska Gomes exemplificou sobre a missão de apresentadora da escola: “O dançar é uma coisa da minha vida. Mas essa coisa de apresentar, é muito nova para mim, que estou amando, mas não posso deixar de te falar, e você como jornalista sabe, é muito difícil”.

Nova rainha

Outra novidade do Tucuruvi foi o anúncio da rainha de bateria Carla Prata. A ideia da escola era apresentar com coroação e tudo, mas não foi possível devido a um compromisso particular. Mas sua imagem já aparecia ao lado da bateria. Que inclusive contou com presença da Valeska Reis, ex-rainha de bateria do Império de Casa Verde, antiga casa do intérprete Carlos Junior.

Efetivado como carnavalesco

Junto com Dione Leite, Yago Duarte foi efetivado para conduzir o carnaval do Tucuruvi em 2023, e falou sobre o desafio: “A pressão sempre teve, nunca foi diferente. Mas recebo essa nomenclatura com muita honra. Realmente senti que estava no caminho certo, de estar trabalhando em algo que mais amo nessa vida que é fazer carnaval. Ter oportunidade de dividir com o Dione que é uma pessoa que eu aprendo, que tenho uma amizade muito grande. Assim como com o Rodrigo, gratidão é gigantesca”.

Enredo pelos carnavalescos

Com um enredo que desperta olhares, Bezerra da Silva, o carnavalesco Yago explicou o que a escola pretende apresentar ano que vem no Anhembi: “Como sempre falo, a Tucuruvi tem uma identidade de brasilidade, cada vez mais a gente quer reafirmar essa brasilidade que a escola tem, sempre de falar de alguém do Brasil, ou sobre o próprio país. Bezerra da Silva talvez seja a homenagem mais importante da nossa história para reafirmar essa brasilidade. Ele era um homem do povo, e a gente fala do povo brasileiro em histórias que se encontram e levam essa mensagem que a riqueza maior é o nosso povo. Então a Tucuruvi mais do que nunca reafirma identidade dela. Escola de samba como cultura, uma agremiação social e cultural”.

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Renovado na escola, Dione revelou uma adaptação crucial no nome do enredo: “Complementar é que quando falamos de Da Silva, isso é muito interessante no título do enredo e está muito claro. O Da Silva dizer, vem primeiro do Bezerra, pois Bezerra é Da Silva, ele cantou a mazela, resistência, a luta contra opressão, contra deboche da sociedade. A sociedade sempre fez, e faz até hoje se a gente for falar claramente com o povo que vive com a periferia, povo que é menosprezado. A maior massa no Brasil é feita por pobres, não é classe média, ricos, a gente pega porcentagem, e o que sobe de população nas favelas do Brasil é muito grande”.

“É muito atual falar de Bezerra, o discurso dele é pertinente, quando falamos ‘Da Silva, Bezerra’, estamos falando de mim, Yago, de você, de todas as pessoas. Foi até uma sacada de mestre do Diretor de Carnaval e vice-presidente, o Rodrigo, que nos sugeriu que o Da Silva abrisse esse nome, e a gente aqui no Tucuruvi, o mais legal de tudo isso, nas minhas experiências de carnaval, é que nós estamos em uma escola que tem pluralidade, tem discurso e realmente discutimos sobre carnaval diariamente. Tudo que fazemos, não sou eu, Yago, Rodrigo, estamos todos juntos, afinco para ter resultado. Em busca de identidade, que é o mais importante”.

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Dione finalizou refletindo sobre o momento: “A gente tem feito esse trabalho de mudança de mentalidade da escola e tem sido fenomenal. E nós estamos entendendo o nosso espaço de fala, então ter um enredo como esse é pertinente, neste momento que o Brasil atravessa, é demais. Estamos à beira de uma eleição, país extremamente polarizado, que não é novidade para ninguém, já não é a primeira eleição. Mas precisamos lembrar que somos o lado de cá, nós não somos o lado de lá. E eles insistem em ludibriar o povo, em enganar. Então você que está aí, não esqueça que somos do lado de cá, do lado de quem é oprimido, acusado, tirado de besta. É assim que o povo é tratado, e o carnaval, os enredos de escola de samba tem o dever muito grande, desses discursos voltados às suas comunidades”.

Casal opina sobre o enredo e representa olhar da comunidade

A escola inteira é Bezerra da Silva, a fachada foi pintada com todo o estilo do artista, uma homenagem sobre o tema. Músicas dele foram tocadas e comovendo a comunidade que abraçou o tema.

O mestre-sala, Luan Caliel, é bem jovem, mas demonstrou muito entusiasmo com o tema: “Como todos sabem, o Bezerra é um dos maiores malandros. É o malandro precursor do nosso país e ter ele como enredo, representar nós, a comunidade, o povo, é uma das melhores coisas. Não tinha enredo melhor do que ser ele. É o Bezerra, todo mundo acho que desde pequeno já ouviu ‘o meu vizinho jogou’, quem jogava Counter Strike, tinha um mapa que tocava direto. Tem que puxar um pouco de videogame, que jogo. Todo mundo sabe, os sambistas conhecem as músicas ‘malandro é malandro, mané é mané’, é o Bezerra, não tem o que falar, vamos com tudo”.

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Enquanto a porta-bandeira, Waleska disse que Bezerra é porta-voz de tantas pessoas: “Eu amei. Um dos maiores malandros, um dos maiores sambistas, é um cara que é porta voz do povo pobre, do povo preto, do carnaval, do samba, da periferia, da favela. Bezerra representa o carnaval, tem vários hinos, que são icônicos no Carnaval. Me traz uma memória afetiva do meu pai, da minha mãe, que sempre no domingo de manhã, quem não gosta de ouvir um Bezerra. Hoje vim contando aqui, não só um pouco da história dele, mas como vocês viram, o nosso enredo vem falando um pouco de crítica, do nosso país, do momento que a gente vive, falando que precisa ter fé para viver nesse país. É incrível poder estar homenageando e fazer parte da criação dos nossos carnavalescos, direção de carnaval, nossa fantasia já vimos, é um presente. É um carnaval que estamos ansiosos para começar, e está sendo tudo incrível e maravilhoso”.

Escolha do samba

Um samba com raízes das malandragens, gírias, presença até mesmo de um rapper e do filho de Bezerra da Silva no palco do Tucuruvi, comoveu toda a comunidade, que já cantavam músicas da artista com todo fervor durante todo o evento. Para chegar no samba, não foi um processo simples.

“Foi difícil fazer, porque a Tucuruvi não é uma escola que uma pessoa só escolhe. São diversas pessoas que participaram da escolha. Tivemos que fazer uns quatro sambas para agradar o pessoal lá. E é uma galera grande, mas eles no final gostaram, depois de muita briga entre nós compositores, teve muita briga para agradá-los. É um samba encomendado, tinha que ser em benefício deles, chegamos em um final positivo. A gente nunca teve pretensão, na primeira vez que a gente conversou, nunca quisemos ter um samba melhor que o outro, pelo menos a maioria dos compositores ou de qualquer outra escola. Mas de ter um samba que a escola pudesse alavancar o melhor lugar possível, de preferência entre as campeãs. Fizemos isso, sem contar a homenagem que é da malandragem, da minha época, anos 80”, explicou Carlos Jr.

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O cantor disse que o samba buscou referência dos anos 1980, Carlos Junior reforçou: “Ver os caras abraçando o samba, que fala da minha época, anos 1980, eu rezo para que essa nova geração entenda a linguagem, é muita gíria, malandragem, é de morro, periferia, rap, misturada com samba, que não é intelectual, linguagem de rua, espero que saibam entender. Bezerra não era intelecto, ele batia de frente com polícia, política, milícia, é o que está acontecendo agora, é um artista contemporâneo. Vamos retratar isso, malandragem, homenagear o morro, as quebradas, que é onde tudo acontece e ninguém vê”.

Do outro lado, o carnavalesco Dione Leite comentou sobre o samba: “O samba é uma obra, sintetiza de uma forma muito grande nosso enredo. Que é muito rico de informação, vocês vão ter acesso ao enredo mais para frente, pois estamos trabalhando. É uma época de muito trabalho com o enredo, que é fechado há muito tempo. Mas trabalhamos muito para chegar a um samba de enredo para que conseguisse passar o sentido do que era para tocar as pessoas. Chegamos a um samba de enredo que quando escutamos, sentimos ele de verdade, junto com Rodrigo e está aí a obra. Um dos grandes sambas do carnaval de 2023”.

Quesitos em preparação para nota máxima

Em relação a preparação, o casal Luan Caliel e Waleska Gomes já está trabalhando há algum tempo, como disse o mestre sala: “Já começamos há bastante tempo nossa preparação. Nossa preparadora Daniela Reinzo e o Matheus Zumba, vamos vir em uma pegada um pouco diferente esse ano, mudamos a coreografia, estamos tentando colocar alguns passos novos, que case com o enredo. Que lembra um pouco da malandragem do Bezerra, então esse ano vamos vir sim diferente. É um ano atípico para nós, mas sempre dentro do regulamento, respeitando nosso critério, nunca com aquelas maluquices, e sempre vindo certinho para trazer os 40, 30, e se Deus quiser trazer o título para a escola”.

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Já a porta-bandeira recordou nota 9.9 no primeiro jurado no carnaval de 2022 e prometeu surpresas: “Não acredito, não posso falar que a gente vai colocar algo para mudar, para consertar, pois ao meu ver esse nosso desfile, não erramos nada. Independente que a gente tenha perdido um décimo no pavilhão que para mim foi injusto. Mas a nossa dança ensaiamos muito já, antes de conhecer o samba, pois aqui não é em cima do samba. A gente tem uma coreografia montada, a fantasia também é bem diferente do que vocês estão acostumados de ver eu e o Luan, e a escola inteira vai vir em uma pegada de uma Tucuruvi renovada. Pegada que agora o mundo do carnaval já percebeu que novos ventos sopram aqui na Cantareira, e a gente vem uma pegada de se transformar, crescente muito grande da escola, tenho certeza que não só eu e o Luan, mas toda escola, principalmente a cabeça da escola vai surpreender muita gente”.

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O mestre de bateria, Serginho, ainda prepara seu quesito para a próxima temporada e explicou: “Semana passada que o pessoal fez o samba. A gente espera terminar toda parte da composição e ajuste de letra para a gente não comer bola. Vamos esperar, provavelmente essa semana, mais tranquilo depois do lançamento e vamos resolver tudo como vai ser. O pessoal está querendo mexer no andamento, colocar um andamento mais para trás, vamos ver, se o pessoal falar isso aí, vou curtir muito”.

Por fim, Serginho estuda novidades e mostrou otimismo aproveitando Bezerra da Silva: “Sim (tem a ver com Bezerra), tem umas coisinhas lá, vamos ver no que vai dar. Agora a gente só solta para a rapaziada da criação. Eles fazem um churrasco, senta todo mundo e começa a fazer as coisas, vai indo. Vai ficar legal”.

Aprovação

O sentimento é que a comunidade aprovou e muito o enredo do Bezerra da Silva. Os diretores da escola estão confiantes com o trabalho e falam de uma ‘Tucuruvi renovada’, sob novo olhar e trabalho. Tanto carnavalescos quanto casal e mestre de bateria, citaram sobre novidades. Enquanto o samba é uma viagem no tempo e leva para os anos 1980 com gírias, tentando realmente trazer Da Silva, Bezerra para o Anhembi.

Vale lembrar que o Zaca será a segunda escola a desfilar no sábado, dia 18 de fevereiro, e busca uma melhor colocação do que no último carnaval na qual ficou na 11ª colocação.