A Unidos de Vila Maria realizou na noite da última sexta-feira a grande final para a escolha do samba-enredo que irá representar a escola no carnaval de 2023. Com seis obras, a disputa contou com um grande contingente de torcida na maioria das parcerias. O samba da parceria de Alemão do Pandeiro, Paulo Senna, Anderson Magrão e Tadeu Gomes, que foi o quarto a se apresentar, levou o título e será trilha sonora da agremiação no próximo desfile. O anúncio foi feito após a palavra do presidente Adilson José e uma encenação teatral. Após, o intérprete Wander Pires teve a missão de cantar a obra campeã. A Unidos de Vila Maria tem como tema para 2023 “Vila Maria, Minha Origem. Minha Essência. Minha História, Muito além do Carnaval”. * OUÇA AQUI O SAMBA DE 2023

Fotos: Gustavo Lima/Site CARNAVALESCO

História vencedora

Alemão do Pandeiro é um sambista formado dentro da agremiação. Frequenta a Vila Maria antes mesmo da quadra ser construída. O compositor que venceu quatro vezes pela escola, disse que é diferente ganhar esse ano, pois ele faz parte da história da entidade. “A sensação que eu tenho hoje é totalmente indescritível. Não que os outros não tenham sido obras importantes pra mim, até porque, uma delas a gente voltou para o Grupo Especial em um momento ruim. Mas esse ano foi muito mais importante, porque a gente está contando a nossa história e nela eu me incluo. Nasci aqui dentro dessa escola. Tenho propriedade para dizer que esse enredo vai trazer o título tão sonhado para a nossa escola. A inspiração para criar a letra foi mágica. Nós nos encontramos na casa do Paulo Senna em Mairiporã em dia de sol. Entendemos o enredo e o samba veio prontinho. Fomos agraciados e estamos aqui felizes da vida”, contou.

Emoção de ganhar na escola do coração

Outro compositor vencedor, Paulo Senna, não escondeu a emoção e contou sobre a conexão da parceria. “Ganhamos em 2014 no ano da junção e 2015 no ano do diamante e, depois desse jejum, após sete anos, papai do céu nos abençoou e fomos campeões na nossa escola do coração. Eu me sinto muito abençoado. Isso mostra o quanto a nossa parceria foi persistente em buscar esse resultado após tantos anos. A gente acreditou sempre no amor pela nossa escola. Acho que não há nada mais gratificante do que ganhar um samba pela nossa escola do coração. Esse samba foi fruto de um único encontro. Nós estávamos conversando dias antes sobre o direcionamento que a gente ia tomar. A energia estava tão intensa que em questão de horas estava tudo resolvido. Eu acredito que a Vila Maria vai trazer grandes resultados”.

Uma proposta diferente

O presidente Adilson José revelou que a escola optou por uma melodia solta. Por isso a decisão da escolha do samba 13. “Tínhamos seis grandes sambas e tivemos certa dificuldade para a definição por ser um tema familiar. No detalhe, no momento de avaliar uma melodia mais solta de ser cantada, escolhemos um grande samba. Estou muito feliz. Todos os compositores participaram da história da Vila Maria, então cada um colocou seu sentimento. Optamos por uma melodia solta”, afirmou.

Um samba com cara de título

O intérprete Wander Pires rasgou elogios à obra e vê a escola como possível campeã no carnaval de 2023. “É um samba que pode trazer muita felicidade. Era um dos sambas favoritos. A gente colocando na medida, no tom certo, vamos conseguir através do nosso mestre Moleza e presidente Adilson José. Eu acredito muito nesse samba. Eu vejo a Vila Maria conquistando título com ele, porque é a história da Vila Maria. Se nós conseguíssemos conquistar esse título homenageando a nossa escola, esse samba tem tudo a ver. ‘brilhou lá no céu a aliança’.

Foco no trabalho

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Edgar Carobina e Lais Moreira, opinou sobre o samba e, segundo a dançarina, era uma obra que ela queria. “Um samba maravilhoso. Era o que nós queríamos. Estávamos entre esse e mais um outro. Qualquer um que ganhasse, a gente ia ficar muito feliz. Vamos desenvolver um lindo trabalho com muito amor, tesão, porque o samba é gostoso, pra cima e, se Deus quiser, vamos ganhar mais um prêmio do CARNAVALESCO”, disse a porta-bandeira.

“É um samba que nós gostamos muito. Desde o início. Tinha outro que a gente estava em dúvida, mas como esse ganhou, estamos felizes para desenvolver um ótimo trabalho. O samba contagia o pessoal e é fácil de pegar”, complementou o mestre-sala.

Em busca do campeonato tão sonhado

Cristiano Bara, carnavalesco da agremiação, falou do hino e sua participação dentro da definição. “A gente participa sempre. O peso do carnavalesco conta bastante, porque a gente deve saber se a letra está dentro do enredo e daquilo que temos de proposta visual. A gente tinha lindas canções, alguns um pouco mais, um pouco menos, mas no geral tivemos uma boa média que atendia o enredo que estamos preparando no barracão na questão da parte visual. Vamos para mais um grande desfile tentar mais uma vez furar o bloqueio e conseguir esse título tão sonhado contando a nossa própria história. É um grande samba e temos a chance de conquistar um grande campeonato”.

Análise dos sambas

Samba 5: Uma obra em que os compositores ligaram a história de uma forma diferente. A única parceria que citou Xangô, lendária personalidade da escola que foi um dos fundadores da agremiação. A torcida tinha um contingente mediano. A parte mais cantada foi o refrão principal e o último verso que iria pegar: ‘Vila Maria eu sou, Vila Maria eu sou’.

Samba 11: Uma das favoritas na disputa, a obra foi feita por apenas um compositor, que é o experiente Rafa do Cavaco. Talvez, por isso, não tinha torcida levada por ele. Porém, nitidamente havia simpatizantes do samba pela quadra. A letra teve uma proposta diferente das outras. É uma declaração de amor à escola. Não cita o bairro e seus principais locais, mas toda a emoção que representa a Unidos de Vila Maria foi colocada dentro do samba. Vale destacar o último verso que se ligava ao refrão principal. “Um caso de amor… Que eu levo pra sempre na vida”.

Samba 7: Um samba que empolgou apenas pelo primeiro refrão. O corpo do samba e melodia, não davam tanta ênfase ao enredo. O ritmo era consideravelmente lento e, para 2023, a Vila Maria tem uma proposta diferente do habitual. Apesar disso, o samba na voz da torcida empolgou. Os torcedores levaram bandeiras e cantaram bastante. Principalmente o refrão principal, que é a peça-chave do samba.

Samba 13: A grande obra campeã foi a mais completa da noite. A apresentação foi impactante, visto que dava pra se notar um samba com cara de avenida já de imediato. Uma melodia para frente que casou perfeitamente quando a bateria subiu o ritmo. A letra faz citações importantes, como a igreja da Nossa Senhora da Candelária, que é a padroeira do bairro. A torcida deu um espetáculo. Levou muitas pessoas, bandeiras e cantou o samba fortemente de ponta a ponta. Foi um verdadeiro show da parceria nesta noite.

Samba 10: Outro samba que mostrou uma melodia lenta, porém de fácil e assimilação e canto. Mas, como dito anteriormente, a proposta da escola para o próximo carnaval é diferente do que vem tendo nos últimos anos.

Samba 1: A obra da velha-guarda foi mais por uma questão representativa. Por ser uma escola de quase 70 anos de existência, os baluartes da agremiação são bastante idolatrados. A melodia da obra é totalmente alusiva às antigas. Isso se vê principalmente nas estrofes pós refrão principal. A torcida da parceria compareceu em um número modesto. Não teve muita festa e coro.

Resultado final: Havia uma clara disputa entre samba 11 e samba 13. O que pesou definitivamente foi o fato da melodia. Nas palavras do presidente Adilson José, a escola quer algo mais leve, contagiante e solto. Por isso, a parceria de Alemão do Pandeiro, Paulo Senna, Anderson Magrão e Tadeu Gomes, levou a disputa.

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