Hélio Motta, vice-presidente da Liesa: ‘O conceito é o álbum ser mais limpo para todos conhecerem os sambas’
O mundo do samba sempre espera ansiosamente todos os anos pela divulgação dos sambas-enredo já em versão final, no modelo em que a escola quer levar para a avenida. Se antigamente, havia a espera pelo CD físico chegar na loja, hoje o anseio é pela divulgação das faixas de cada agremiação nos players de áudio. Depois de algumas críticas no ano passado, a Liesa tomou algumas providências para que o próximo álbum possa ser satisfatório para todos os sambistas.

“Ouvimos muita gente depois do álbum de 2022 e buscamos alguns aprimoramentos. Achamos que não performou bem e o Alceu (Maia, novo produtor do disco) é um ícone da música, profissional que já participa da nossa gravação há mais de 20 anos, já participou também da produção do álbum e da produção de grandes nomes do samba brasileiro. Ele é a pessoa ideal para conduzir todo esse processo que queremos começar a implementar”, explicou o vice-presidente da Liesa, Hélio Motta
Em entrevistas ao site CARNAVALESCO, Hélio também explicou que a Liga tem a concepção de um disco mais “clean”, voltado para a valorização do samba em sua melodia e letra. “O conceito é ser um disco de estúdio, mais limpo, para que quem não conhece o samba, possa conhecer a letra, a melodia, vai ser a primeira vez que o público vai estar em contato com o samba. Nós temos pessoas no mundo inteiro querendo conhecer o produto”.
Ideia é ter gravações ao vivo da Sapucaí e dos esquentas
O vice-presidente da Liga também revelou que a Liesa tem a intenção de atender a outros públicos que desejam um produto mais voltado para o “ao vivo”. “Temos sambistas também que querem um BPM mais rápido, que querem bastante coro, querem bastante caco. Estamos desenvolvendo também uma outra solução. Sabemos temos público para isso. Criamos uma selo chamado ‘Rio Carnaval’, que vai agregar todas as nossas músicas desde 1985 para cá. Vamos começar a organizar a casa. Ao longo de um planejamento até 2024, a ideia é que tenha também gravações ao vivo, na Sapucaí, esquenta. Tem também um projeto que queremos implementar em formato de como foi o “Pagode da Tia Doca”, no Samba do Trabalhador, onde a gente grava os fonogramas e edita, mixa, consegue colocar nos nossos canais como do YouTube do Rio Carnaval, consegue entregar para o sambista um produto de qualidade que já utilizamos e fazemos um grande evento na Cidade do Samba, para transformar isso em fonograma para o sambista também curtir esse momento. Vamos ter muita coisa ligada ao ‘ao vivo’, mas o samba especificamente, que é o hino que vai levar até o carnaval, vai ser um samba limpo, para que os sambistas e todos os amantes do samba possam conhecer a música, a letra e a melodia”, explicou.
Sobre o disco físico, que perdeu um pouco do interesse da grande massa, mas que ainda encontra demanda, principalmente, entre colecionadores, a Liesa vem encontrando dificuldades em relação a fornecedores mas tem buscado soluções.
“Estamos desenvolvendo o produto, não estamos encontrando ainda fornecedor, porque a maioria fechou no Brasil. Em 2022, a maior empresa que produzia CD no Brasil fechou. Estamos tentando encontrar pequenos fornecedores onde a gente possa criar um item de lembrança para colecionadores e tentar juntar com produtos promocionais, como camisas, canecas, coisas específicas, para a gente criar um valor agregado a esse produto”, revela o vice-presidente da Liesa.
Ainda não há uma data definida para divulgação da capa, mas a Liga trabalha também com uma data para realizar o lançamento do CD. O que se sabe é que as faixas estarão disponíveis nos respectivos episódios do “Seleção do Samba” na TV Globo.
“A capa já está pronta, a ideia é divulgar um pouco mais próximo do lançamento do álbum. O presidente Perlingeiro está estudando, vai conversar com a gente semana que vem sobre algo que possa se fazer em conjunto para divulgar o nosso álbum que é praxe da casa no Dia Nacional do Samba. A gente já iniciou as gravações cedo para que os sambas possam subir em todas as plataformas, quando chegar no programa a meia noite, a gente vai abrir o link para cada programa”, definiu Hélio Motta.
O primeiro programa “Seleção do Samba” na TV Globo com a divulgação das primeiras faixas de sambas-enredo vai ao ar no dia 12 de novembro. Os outros dois programas acontecem nos dias 19 e 26 de novembro.
Beija-Flor escolhe nesta quinta a nova rainha de bateria; leitores elegem Lorena Raissa como favorita para vencer
Nilópolis vai parar nesta quinta-feira. Isso porque a Beija-Flor, a principal referência da cidade, terá noite de gala e decisão em sua quadra de ensaios. A ‘Deusa da Passarela’ escolherá sua nova rainha de bateria. Três candidatas disputam a tão sonhada coroa: Lorena Raissa, 15; Aieny Mendes, 20; e Flávia Custódio, 40. As passistas, todas da comunidade, passaram por quatro etapas e concorreram com outras 21 candidatas até chegar à decisão. Além do samba no pé, foram avaliadas a vivência com a Beija-Flor, a postura, a oratória, a elegância, o carisma e a simpatia.

“Foi uma disputa linda. Todas as três já são vencedoras, porque durante todo o concurso mostraram união e amor ao pavilhão. No final, independente do resultado, somos uma só família: a família Beija-Flor”, disse Dudu Azevedo, diretor de Carnaval.
Na final, as três se apresentarão em duas etapas. Na primeira, estarão de traje de gala e responderão a uma pergunta feita por Selminha Sorriso. Na segunda, estarão com fantasia de rainha de bateria e mostrarão samba no pé à frente da ‘Soberana’, de mestres Plínio e Rodney.
O júri será composto de personalidades da Beija-Flor. As ex-majestades Sônia Capeta, Neide Tamborim e Raissa de Oliveira também têm presença confirmada. A última, inclusive, fará sua despedida oficial do posto que ocupou por 20 anos.
“É uma emoção muito grande poder passar a coroa a outra representante da comunidade, e que vai continuar com esse lindo legado de valorização do seu povo que a Beija-Flor têm”, afirmou Raissa.
* LEIA AQUI: Aieny Mendes, candidata a ser rainha na Beija-Flor: ‘vou ser uma eterna passista’
Leitores elegem a favorita
Lorena Raissa Souza da Silva foi eleita a favorita para vencer com 46,8% dos votos dos leitores do site CARNAVALESCO. Aieny Mendes de Araújo Nogueira recebeu 28,8% e Flávia Regina da Silva Oliveira Custódio ficou com 24,4%.
Vote: Qual é a parceria favorita para vencer no Império Serrano?
De volta ao Grupo Especial, o Império Serrano faz no sábado a sua final de samba-enredo para o Carnaval 2023. Três parcerias estão na disputa: Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrosio Aurélio; Paulo César Feital, Andinho Samara, Ronaldo Nunes, Igor Fininho, Anderson Lemos e Jefferson Oliveira; e Pretinho da Serrinha, André Diniz, Karinah, Hamilton Fofão, Thierry Alves e Fred Camacho. * OUÇA AQUI OS SAMBAS FINALISTAS
Abaixo, você pode votar e apontar qual é a favorita para vencer. Vamos divulgar o resultado no sábado.
Aieny Mendes, candidata a ser rainha na Beija-Flor: ‘vou ser uma eterna passista’
Nascida e criada em Nilópolis, Aieny Mendes, de 20 anos, professora, filha de Mônica Mendes e Cláudio de Araújo é mais uma candidata ao título de rainha da Beija-flor. A jovem passista conversou coma reportagem do site CARNAVALESCO para contar um pouco mais sobre a sua vida e principalmente como chegou ao mundo do samba. A final é nesta quinta-feira.
“Minha mãe um belo dia resolveu ir no projeto da Selminha. E perguntou ‘quem vai comigo’ lá em casa. Eu resolvi ir com ela. A gente foi para um projeto de percussão. Chegando lá nós começamos a bater na mesa, essas coisas todas, mas aí eu me interessei pelo chocalho. E no chocalho da Beija-Flor, vi os meninos sambando. Aí eu gostei. Aí eu fazia o chocalho e a ala de passistas. Só que não estava batendo o tempo. Tive que escolher um dos dois. Escolhi então o ensaio de passista, o projeto. E assim continuei. Em 2015, eu tentei uma vaga na ala de passistas, e já estavam todas preenchidas. Então fui para a ala da ‘baianinhas’. Vim, desfilei de ‘ baianinha’. Em 2016, num corte de samba, eu sambando na lateral, e passou sete diretores de harmonia. Os sete diretores de harmonia me olharam e me colocaram para fazer teste na ala de passistas, onde estou até hoje”, conta a candidata.
Aieny leva em seu coração o desfile de 2018 da Beija- Flor de Nilópolis em que veio já na ala de passistas fantasiada de “Pomba Gira”, representando o povo das ruas.
“Meu desfile preferido é 2018. Foi um desfile que as pessoas estavam precisando colocar para fora o que sentiam. Tudo aquilo que acontece com a gente, no nosso dia a dia. A voz do negro ser exaltada, o negro ser exaltado ali, aquele ano a gente colocou para fora todas as dificuldades que a gente passa no nosso dia a dia, então acho que aquele desfile foi uma libertação”.
Para a candidata ao posto de rainha, ser passistas é uma relação de amor com a escola que defende. “Ser passista é ter amor ao pavilhão, é você chegar na sua comunidade, sambar, estar ali presente por gostar, por amor aquilo que faz, por amor a arte, que precisa muito ser valorizada”, entende Aieny.
E para a jovem passista, a comunidade da Beija-Flor lhe enche de orgulho e lhe traz muita emoção. “É gratificante demais, você chegar no desfile, com a sua escola de coração, nascida e criada naquela escola , você chegar no mesmo setor, ver todo mundo cantando o samba da sua escola, o samba do ano, é emocionante demais”.
A vida de Aieny deve ter mudanças obviamente caso vença o concurso e substitua um grande ícone como é Raíssa Oliveira. Mas a jovem passista acredita que o posto de rainha não vai tirar a essência do segmento que ela sempre vai continuar se sentindo pertencente.
“Uma coisa que eu sempre falo é que se eu virar rainha, eu vou ser uma eterna passista, porque a minha origem é ser passista, é passista. A única coisa que vai mudar é que eu não vou ter mais as pessoas ali do meu lado, vou estar sozinha, sendo a atenção do povo e sambando para o povo. Eu não vou estar na ala das passistas, mas vou ser uma eterna passistas”, completou a candidata.
A musa também revelou que ela tem como referência de samba no pé. “Eu tenho três pessoas que são as minhas referências, a Raíssa (Oliveira), a Evelyn Bastos e a Luciene Soares, rainha do Leão de Nova Iguaçu. Essas três mulheres são minha referência. Claro, a Sônia Capeta, mas esta em um patamar altíssimo, eu sou encantada por ela”.
Quando o assunto é referência de vida no carnaval, Aieny responde sem nem pestanejar. “Selminha Sorriso. Eu gosto muito do que ela faz, do trabalho que ela faz com as crianças no Instituto. Uma coisa que eu sempre falo, ela é mãe de todos ali. Então, o trabalho social que ela faz é muito importante hoje. Tenho ela como referência”.
Aieny sente também que as coisas estão melhorando para o mundo do samba, para o carnaval como um todo. “Eu acho que o carnaval já está sendo visto de uma forma que tem que ser, o carnaval já hoje tem uma propulsão importante, a gente está sendo visto, as passistas estão sendo vistas. Todos nós figuras artistas estamos sendo vistas. Isso é importante demais”.
Jogo rápido com Aieny Mendes
Time do coração: Vasco da Gama
Samba-enredo predileto: O chuveiro da Alegria ( Beija-Flor 2009)
Filme predileto: Minha mãe é uma peça
Comida favorita: Estrogonofe
Lugar inesquecível que visitou: Sapucaí
Lugar que sonha conhecer no mundo: Ilhas Maldivas
Carnaval é espaço para política?: Sim
Vote: qual parceria é favorita para vencer a disputa de samba da Portela?
A Portela faz na sexta-feira a final de samba-enredo mais importante da história da azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira. Será escolhida a obra que vai representar o desfile do centenário portelense. Três parcerias estão na disputa: Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Edmar Jr, Bira e Marcelāo; Mariene de Castro, Marcelo Lepiane, Devid Gonçalves, Lico Monteiro, Leandro Thomaz e Leandro Reis; Noca da Portela, Diogo Nogueira, Ciraninho, Flavinho Bento, César Rezende, Son do Tramela e Alexandre Fernandes. * OUÇA AQUI OS SAMBAS FINALISTAS
Abaixo, você pode votar e apontar a parceria favorita. Vamos divulgar o resultado na sexta-feira antes da decisão.
Vermelha paixão salgueirense! Parceria de Moisés Santiago vence disputa de samba no Salgueiro para o Carnaval 2023
O Salgueiro consagrou a parceria de Moisés Santiago, Líbero, Serginho do Porto, Celino Dias, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Gilmar L Silva e Marquinho Bombeiro como o samba-enredo para o Carnaval 2023. Moisés Santiago assinou a obra de 2009, o “Tambor, último título salgueirense. A final começou na noite de terça-feira e acabou depois das 5h30 desta quarta-feira. A quadra, como sempre, ficou lotada. Em 2023, o Salgueiro vai levar para a Sapucaí o enredo “Delírios de um paraíso vermelho”, desenvolvido pelo estreante na Academia, o carnavalesco Edson Pereira, que busca realizar uma valorização da liberdade de expressão mostrando que o paraíso cada um é que constrói o seu. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO CAMPEÃO

“Essa vitória é muito significante, vencer no Salgueiro é o sonho de ser campeão. Assim como o Salgueiro foi campeão em 2009 e o samba era de minha autoria, agora voltamos a vencer e eu estou muito emocionado, fica até difícil falar. Essa é a quarta vitória aqui, mas o gostinho é muito especial, é como se fosse a primeira, eu precisava disso”, disse o compositor Moisés Santiago.
“A vitória ainda não caiu na minha cabeça, eu estou pulando, chorando, mas ainda não sei a dimensão dela. Nssa parceria é todo mundo de samba há muitos e muitos anos, o Salgueiro está entre as quatro escolas que são a matriz do carnaval. Você ganhar numa escola que é a matriz é diferente, eu já venci em outras, mas aqui é outra energia. No Salgueiro é a primeira vez que escrevo e ganho, sou muito amigo do Serginho do Porto, do Moisés, já venci em outros lugares”, afirmou o compositor Aldir Senna.

“É uma alegria muito grande, foram muitos dias de concurso, de apreensão, chegar nesse momento é muito bom, é hora de externar toda essa emoção, é muita felicidade. Essa é minha primeira vitória no Salgueiro, eu sou oriundo da Unidos da Tijuca, já participei de quatro finais aqui e essa é a primeira vez que ganho, na Tijuca eu sou pentacampeão, mas essa vitória aqui é muito especial. Dizem que paixão é uma vez só, mas eu posso dizer que me apaixonei primeiro pela Tijuca e depois pelo Salgueiro, completou o compositor Gilmar L Silva.

“A vitória representa tudo. Depois de tantos anos, estou voltando a ganhar um samba no Salgueiro. A parte fundamental da letra para termos vencido foi o refrão: ‘Vermelha paixão salgueirense, que invade a alma, tá no sangue da gente’. Essa vitória é tudo pra mim”, garantiu o compositor e intéprete Serginho do Porto.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente salgueirense, André Vaz, falou da missão no segundo mandato na Academia. “O tamanho da missão é o mesmo do primeiro mandato, colocar a escola em dia, essa sempre foi a nossa tese, a nossa partida, colocar a escola sempre brigando pelo campeonato. A gente investiu em profissionais para que juntos dos que estavam aqui levar o nome do Salgueiro o mais alto possível, tanto no desfile, quanto na administração”.
O dirigente também fez promessa sobre o desfile de 2023. “Com certeza será um desfile grandioso. O projeto é muito grande, as fantasias estão lindas, luxuosas, os carros também grandes para que a gente possa levar para a avenida uma emoção, uma empolgação. O Salgueiro é uma atração que todos esperam e nós não podemos decepcionar esse público, tanto a torcida do Salgueiro quanto o público em geral do carnaval”.

André Vaz também falou sobre o processo de escolha do samba-enredo e a pressão pela conquista do décimo título do Salgueiro. “Não existe pressão, existe a vontade de vencer, a saudade de vencer existe. O carnaval é muito disputado, o sarrafo está lá em cima, tem que inovar, investir, porque são detalhes. Uma escola campeã começa a se formar com as contas em dia, com pagamentos em dia, com fornecedores em dia, a partir consegue formar um grupo sólido, o título vai vir, consequentemente com esse trabalho ele virá. A disputa de samba-enredo no Salgueiro a gente tenta ser a mais parcial possível, bota a comunidade pra votar, temos uma equipe que vota, escutamos as pessoas. Fazemos uma análise de cada samba”.

Responsável pelo desfile do Salgueiro no Carnaval 2023, o carnavalesco Edson Pereira mostrou entusiasmo com o projeto da escola para o desfile do ano que vem. “Eu acho que para qualquer carnavalesco, qualquer artista do carnaval e do mundo do samba é muito importante alcançar, chegar numa escola como o Salgueiro. Numa proporção astronômica, para mim hoje é a realização de um sonho. O salgueirense pode esperar muito mais no conjunto das alegorias, porque chego com essa proposta. Já é uma proposta que faz parte do meu currículo. O Salgueiro é grandioso também, vamos somar o grande ao maior. E vai dar tudo certo, pois vai ser um grande carnaval e inesquecível para o Salgueiro e para mim também”.

O artista explicou o enredo salgueirense para 2023. “O enredo fala muito do que hoje é a nossa realidade de vida. A gente fala sobre o preconceito, sobre o que é o pensamento do certo e do errado. Acho que não existe certo ou errado, mas que existe respeito. O enredo fala muito sobre isso e pregando as possibilidades que nosso grande mestre João 30 já nos dizia, que era ter a liberdade de nos expressar. Acredito que é isso que a gente tem que olhar mais, para que assim possa entender mais o enredo do Salgueiro. O presidente tem o entendimento do que é o Salgueiro quanto potência no carnaval. O que eu faço nesse momento é somar com esse projeto grandioso que o Salgueiro vai apresentar no carnaval 2023. Estamos trabalhando com muita força e vontade. Acho que era a única pitadinha de tempero que faltava para o Salgueiro se mostrar cada vez maior”.

Recém-chegado na Academia do Samba, o diretor musical Alemão do Cavaco contou como foi o processo de escolha do samba, inclusive, com a tradição audição com a comunidade salgueirense.
“A gente fez uma audição com os três finalistas, dando o mesmo padrão com o Emerson Dias e com o carro de som, para mostrar que não tem privilégio para ninguém. Foi para sentir como ficaria o campeão na voz do nosso cantor. É muito importante para comunidade já ouvir com o carro de som, com a assinatura da escola. Fiquei 14 anos numa outra escola (Mangueira), é claro que é um trabalho muito no início, nosso trabalho começa de fato agora, a partir da escolha, eu fiz uma leitura dos timbres, de colocação de vozes, uma adaptação pra shows, alguns arranjos pra show e gravação oficial dos três sambas finalistas ficou sob minha regência. Eu amplifiquei a bateria do Salgueiro, a quadra é muito grande, fizemos essa mudança para ter essa pressão de palco e todo mundo escutar, agora o nosso trabalho começa de fato focado na avenida. O principal é ter uma melodia de identidade, o samba é música, se fosse outra coisa a gente fazia uma redação, quando tem o DNA da escola, a pegada da escola, bateria, carro de som eu acho que isso favorece a escolha de samba”.

O novo comandante da harmonia do Salgueiro é Fagney Lins. Ele conversou com o site CARNAVALESCO sobre o trabalho que pretende desenvolver para o desfile do ano que vem. “Os aprendizados que tive ao longo desses anos com o mestre Jô dá uma facilidade e tranquilidade de exercer o trabalho com perfeição. É uma escola muito boa de harmonia, onde pude aprender melhor a essência de ser um verdadeiro diretor de harmonia. Eu estou muito tranquilo com isso. A comunidade é muito preparada. Qualquer samba que eu colocar pra ela, ela canta, empolga e evolui muito bem. É adaptar a comunidade com as ideias do nosso carnavalesco. Tenho certeza que vai ser um carnaval maravilhoso. O entrosamento entre eu e o Alemão do Cavaco está muito bom. Ele é um profissional incrível e muito bem gabaritado. Tudo que vem pra somar e ajudar vale muito a pena. A gente se dá bem, nos falamos pelo olhar”.

Quem também chegou esse ano na Academia foi o diretor de carnaval, Julinho Fonsca. Ele contou o que representa estar no Salgueiro. “Representa muito fazer parte dessa família, uma escola maravilhosa, eu já fui do Salgueiro, fiquei muitos anos como ritmista e agora volto como diretor de carnaval, pra mim está sendo maravilhoso, um mega desafio na minha vida”.

O diretor contou como está o trabalho no barracão e revelou mudanças. “O barracão desde que nós chegamos passou por uma mudança radical, em nível de estrutura, de organização. Ele já era organizado, mas estamos colocando a nossa cara, a minha, a do Edson Pereira, estamos vindo com um carnaval muito diferente, um carnaval que o salgueirense nunca viu. Muito dinâmico e muito grande, podem esperar um mega Salgueiro na avenida, se Deus quiser. Acabamos nossos protótipos na semana retrasada, já estamos na reprodução das fantasias, estão maravilhosas, super arquitetadas pelo Edson. Os carros já estão se encaminhando, nosso cronograma está todo certinho. Dia 20 de outubro voltam nossos ensaios de quinta e no dia 10 de novembro já começam os ensaios de rua. O primordial é o canto da escola, vamos trabalhar muita coisa que aconteceu ao longo dos anos. Vamos procurar os erros e acertos, tanto em evolução quanto em harmonia, que é tudo que o jurado pede hoje. Vão ser entre 2.600 e 2.700 componentes, vamos trabalhar pesado”.
Desde 2014 juntos dançando na Academia do Samba, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Sidclei Santos e Marcella Alves, já estão se preparando visando o próximo ano. Sidclei conta que a dupla trabalha em cima das justificativas dos jurados.
“A gente procura observar as justificativas dos jurados, não só as nossas, mas de todos os casais para que a gente possa ter uma base. Até para a gente saber o que eles entenderam da dança, a gente tem que avaliar a justificativa do julgador e a análise dele final. Eu e a Marcella, minha porta-bandeira, já fizemos essa reunião alguns meses atrás, para elaborar o trabalho para o carnaval 2023”.

Marcella explicou também que a dupla procura não ficar muito tempo sem dançar e realizar uma rotina de treinamento. “Na verdade, a gente não para 100%. A gente separa treinamento. E precisa coloca esse treinamento em ciclos para o corpo poder responder da forma que a gente deseja. De fato, a gente vem tendo acompanhamento desde que acabou o carnaval. Tivemos apenas um mês de férias e depois voltou o acompanhamento, tanto do personal, quanto da coreografa, a nossa nutrição, equilibrando para a gente vir no sapatinho e agora com o samba cair em cima. A gente já começou um ritmo mais intenso há um mês e meio, dois meses dos nossos ensaios particulares”.
Sobre a fantasia que foi projetada pelo estreante na Academia do Samba, o carnavalesco Edson Pereira, a dupla já teve contato e ficou apaixonada pela roupa.
“Aqui no Salgueiro a gente sempre tem uma liberdade, o presidente nos dá essa liberdade para que a gente em conjunto com o carnavalesco possa elaborar a fantasia. A fantasia está linda. Eu acho que o Edson acertou também nos carros, estou muito feliz com a minha fantasia e tenho certeza que será uma fantasia apta para a gente evoluir”, conta Sidclei.
“Já vi o desenho, estou apaixonada, o Edson e a equipe mandaram muito bem. É uma fantasia legítima de Salgueiro, nem melhor , nem pior, apenas diferente. E respeitando a tradicionalidade do quesito”, revela Marcella.
Festa salgueirense
Se o Salgueiro já é conhecido pelos sábados especiais na Rua Silva de Teles com grandes apresentações de seus segmentos, em uma final de samba-enredo não poderia deixar por menos. O que se pode dizer? Foi um grande espetáculo. Passeando pelos grandes sambas antológicos. Com a apresentação da velha-guarda, baianas, e, principalmente, os passistas comandados por Carlinhos, que fizeram grandes performances, cada uma muito bem pensada e elaborada para cada temática do samba.

A elegância dos casais de porta-bandeira da Academia também chamou a atenção. Outro destaque ficou para a rainha das rainhas e nova mamãe. Viviane Arauújo mostrou que continua com muito carisma e samba no pé, sem abandonar o talento ao tocar tamborim.
Outro destaque ficou para o carro de som do Salgueiro comandado por Emerson Dias, e dirigido musicalmente por Alemão do Cavaco. Muito bem afinado, e entrosado com a Furiosa comandada pelos mestres Guilherme e Gustavo. Uma grande noite de alegria e festa em uma quadra do Salgueiro abarrotada de gente como nós velhos tempos.

O momento mais emocionante da noite foi a homenagem do Salgueiro para o intérprete Quinho, que esteve novamente na quadra, ainda no processo de recuperação da saúde. Ele cantou com Emerson Dias, foi ovacionado pelos presentes que gritaram o nome do cantor.
“Eu estou me sentindo maravilhosamente bem, hoje voltando a adentrar na quadra do Acadêmicos do Salgueiro, minha escola que eu amo de paixão, revendo pessoas que eu amo, pessoas que ao longo da minha vida sempre estiverem torcendo por mim, e continuam torcendo. Tenho que estar muito feliz”, disse Quinho ao CARNAVALESCO.

Voo solo de Emerson Dias na escola do coração
Agora, Emerson Dias comandará sozinho o carro de som do Salgueiro. Salgueirense de coração, o cantor falou sobre o momento que vive na escola. “É uma honra. Um sonho realizado meu e da minha família. Hoje estar aqui na frente da Academia do Samba, é uma consagração e responsabilidade. O Quinho é minha inspiração. Foi daí que veio minha identidade de cantar, transmitir alegria e passar isso através do meu canto. Tem um ditado que fala que ninguém é substituível, eu sou fã desse ditado. Ninguém substitui o Ayrton Senna, o Leonardo da Vinci, o Einstein. O Quinho também será insubstituível, ele é do Salgueiro para sempre. Meu grande desafio é conseguir criar essa mesma identificação de voz que ele teve com o Salgueiro. Estou indo para o meu quinto ano aqui dentro e agora vou caminhando sozinho”.

O intérprete também comentou sobre a ideia de fazer algo para lembrar de Quinho durante o desfile e a gravação do samba no álbum oficial da Liesa. “Com certeza, vou homenageá-lo. O presidente André já estipulou que o nome do carro de som é Quinho do Salgueiro. Sempre faço o grito de guerra dele, o “arrepia, pimba, pimba”. O Quinho é uma marca do Salgueiro hoje, e eu não tenho o porquê de querer apagar essa história. Muito pelo contrário, para mim ele tem a história dele, já está no hall da eternidade e se eu conseguir chegar 5% de onde ele chegou, fico feliz para caramba”.
Irmãos dominam a ‘Furiosa’
Mais um ano a frente da “Furiosa”, os irmãos Guilherme e Gustavo seguem mostrando que o entrosamento que vem de berço tem sido levado para dentro do trabalho com os ritmistas. “A minha relação com o Guilherme, apesar de nós sermos irmãos, a gente trabalha junto há muitos anos, apesar de ele ser seis anos mais velho do que eu, mas acabou que a gente começou na mesma época, e a gente viveu muito junto. Quando a gente está na bateria, ele está fazendo alguma coisa, eu já seguro para olhar, as vezes eu estou enxergando uma coisa que ele não está e vice versa. O nosso entrosamento vem de ventre da mãe mesmo”.

Mestre Guilherme também pensa da mesma maneira e conta que os dois sempre fizeram muitas coisas juntos. “A gente passou muito tempo dividindo o mesmo quarto, eu só saí de casa quando eu tinha 20 anos e fui morar sozinho. A gente passou esse tempo todo, dormindo praticamente na mesma cama e a gente toca junto desde muito novo. Essa parceria é natural, mas a gente briga a toda hora, eu penso de uma maneira e ele pensa de outra, toda hora um tem que ceder para que o trabalho saía natural”.

Sobre a pressão pela nota máxima que uma escola como o Salgueiro impõe, Guilherme acredita que essa pressão vem mais da própria dupla do que da diretoria ou componentes. “A pressão é nossa, vem da gente primeiro, antes da própria diretoria. Como a gente nasceu aqui dentro praticamente, então para gente é muito natural, a gente passou nossa infância aqui. A gente sabe da responsabilidade”.
Análise das apresentações das parcerias na final
Parceria de Pedrinho da Flor: A primeira parceria a se apresentar na grande final do Salgueiro trouxe como intérpretes principais Igor Vianna e Marquinhos Art’Samba. No aspecto visual, a torcida trouxe um bonito conjunto de balões no vermelho característico do Salgueiro, com dourado. O time de voz da parceria mostrou bastante empolgação e energia do início ao fim da apresentação. Em relação a quadra o samba teve alguns momentos de maior interação, mais para o início do canto, e outros de menor interação com o público. Destaque para o refrão principal para o forte “meu paraíso é vermelho” e para a entrada do refrão do meio “Nem vem! Sei que é de vidro esse seu telhado”.
Parceria de Moisés Santiago: A segunda parceria a se apresentar na final da Academia, tinha como vozes principais Serginho do Porto e Wantuir. No aspecto visual, a torcida trouxe bandeiras brancas, algumas com os dizeres Samba 1 , o número da parceria e Basta, fazendo referência ao trecho do samba que pede o fim da opressão, intolerância e violência. O início do samba gerou uma grande empolgação maior na quadra. Destaque para o refrão do meio “No meu sonho de rei…” com uma melodia bastante interessante e bonita, retomando os sambas antigos. A parceria sustentou bem a vibração e manteve o interesse do público.
Parceria de Marcelo Motta: A última parceria a se apresentar tinha como intérpretes Tinga e Evandro Malandro. No visual, a torcida também apostou nos balões nas cores da escola vermelho e branco com um pouco de dourado. Com a obra sendo entoada já as quatro da manhã, a quadra ainda estava cheia e mostrou uma boa interação com o samba. Na apresentação no palco, muita energia de intérpretes e compositores. Destaque para o refrão principal que fazia alusão ao personagem mitológico “Caronte”. A parte que vinha logo anterior “quem vendeu a eternidade”, que não repetia a letra totalmente, mas a estrutura, também mexeu bastante com o público.
Volta triunfal da rainha! Viviane Araujo marca presença na final de samba do Salgueiro
Um mês após o parto, Viviane Araujo conseguiu um vale-night do filho, como ela mesmo disse, e compareceu à final de samba-enredo do Salgueiro, na noite de terça-feira. Apostando em look transparente, ela sambou muito à frente da bateria “Furiosa” dos mestres Gustavo e Guilherme. Como de costume, Vivi foi ovacionada pela comunidade.

Essa foi a primeira vez que Viviane saiu de casa desde que Joaquim nasceu, ela disse que esse retorno tinha que ser no Salgueiro, a casa dela. Por ser a final de samba-enredo, ela disse que não poderia ficar de fora e disse que o filho está sendo muito bem cuidado.
“Ai gente, eu estou feliz demais, minha primeira vez na rua depois do nascimento do Joaquim, e estou aqui, tinha que ser aqui na minha casa, na final do samba que é uma noite especial. Por isso também que eu estou aqui, uma noite feliz. Ele (filho) está lá em casa bem, graças a Deus, bem cuidado, então está tudo maravilhoso”, conta a mamãe.
Perguntada sobre sua relação com o Salgueiro, Vivi acredita que a história que ela construiu dentro da escola através dos vários anos a frente da bateria fizeram com que essa união se mantivesse tão forte e bonita: “Eu acho que é história, são vários anos, cria-se uma relação, um vínculo, um amor, uma cumplicidade e um respeito”, conta Viviane.
No próximo carnaval, Edson Pereira estreia como carnavalesco da vermelha e branca da Tijuca, Viviane conta que está ansiosa para conhecer sua fantasia, mas que tem certeza que virá coisa boa das mãos do artista: “Ele já falou comigo, disse que está cheio de ideias, mas eu ainda não tive tempo de conversar pessoalmente. Quer me mostrar figurino no barracão, mas tenho certeza que será tudo lindo”, pontua Vivi.
Viviane é uma rainha de bateria que mesmo não sendo cria da comunidade, caiu no gosto popular devido a sua dedicação e amor pelo Salgueiro, nos últimos anos muitas rainhas de comunidade estão ganhando espaço novamente no carnaval, para Viviane, existe espaço para todas brilharem e mostrarem seu valor.
“Acho que quem é rainha é rainha, não tem essa de ser da comunidade ou não. A Mayara Lima (Tuiuti) é rainha porque merece, Evelyn Bastos (Mangueira) é rainha, Bianca Monteiro (Portela) é rainha, como virão outras. Hoje eu estou aqui, amanhã virá outra, mas eu acho que é isso, é você ser rainha de verdade e elas estão mostrando que são”, frisa a rainha das rainhas.
Viviane impressiona a todos por conta de corpo perfeito apenas um mês o nascimento de seu primeiro filho, a rainha diz que o fato de sempre ter se cuidado e feito exercícios físicos a ajudou nesse processo, além da amamentação, que a fez perder peso, mas a mamãe diz que ainda não está com o corpo pronto para o carnaval.
“Eu já tenho um histórico de cuidar muito da saúde e do corpo, isso vem antes da minha gravidez. Isso me ajudou bastante durante a minha gravidez para que eu não ganhasse e nem perdesse muito peso. Agora eu acho que a amamentação ajuda muito, eu não voltei ainda ao meu corpo, eu emagreci porque de fato Joaquim me suga demais, mas ainda não estou com meu corpo para o carnaval”, finaliza Viviane.