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Comissão de Frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira tornam início do ensaio técnico da Barroca arrebatador

O primeiro ensaio da Barroca Zona Sul no Anhembi para o carnaval 2023 foi realizado no sábado e teve um começo fulgurante. Com uma comissão de frente impactante, uma exibição fantástica do casal de mestre-sala e porta-bandeira e um ótimo rendimento do samba-enredo, a verde-e-rosa teve um início de apresentação arrebatador. Mais para o final do evento, a Faculdade do Samba mostrou alguns pontos de melhora para defender o enredo “Guaicurus”.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Marcos Costa e Monalisa Bueno vieram logo atrás da comissão de frente da escola e tiveram noite inspiradíssima. Girando bastante desde o começo da apresentação, majoritariamente no sentido anti-horário, ambos estavam deslumbrantes a começar pelo figurino: Marquinhos, como é conhecido o mestre-sala, inteiro com um rosa com muito brilho mais branco; e Monalisa mesclando o verde com o rosa, cores da escola.

Observados nas segunda e terceira cabines de jurados, todo e qualquer tópico foi executado de maneira perfeita. Sincronia, graciosidade, sorrisos e defesa do pavilhão estiveram presentes em cada momento. O casal, é bem verdade, foi favorecido com a ausência de chuva e com a pista já praticamente seca, mas é preciso relatar, também, a precisão ao desfraldar o pavilhão da escola.

BarrocaZonaSul et PrimeiroCasal

Vale destacar, também, o bailado de Marquinhos. Com um samba no pé invejável, ele cortejava a porta-bandeira com movimentos rápidos e mais arriscados que o de outros da mesma função, sempre com execução primorosa.

Monalisa destacou as diferenças entre os ensaios específicos e na quadra e no Anhembi: “Com a escola toda, funciona totalmente diferente, conseguimos pegar o ritmo da escola, deu para sentir isso hoje no ensaio, claro, ensaiamos em um ritmo, aqui foi outro. Mas saiu todo queríamos e imaginou”, pontuou. Já Marquinhos foi mais a fundo em algumas questões: “É como a Mona falou, a gente entender, os dois, voltando para a escola, ela é cria, e eu já desfilei aqui em 2009. Precisamos entender o andamento da escola, pois como é o primeiro geral nosso, com escola, o momento que a bateria vai entrar no recuo, mais ou menos quanto tempo vamos ficar parados. Então tecnicamente isso é importantíssimo para nós, entendermos se teremos que brincar, aonde brincar. Pois o casal de mestre-sala e porta-bandeira não pode parar, então temos que estar ocupando espaço, brincando, tirando uma onda, pois o público está olhando, jurado olhando, mas fizemos isso bem, teve adaptações por conta da velocidade que estamos vindo dançando. Basicamente viemos na mesma linha de dança que vamos fazer na avenida, mas o saiote deixa um pouco mais lenta, consequentemente acaba respirando um pouco mais. Hoje é o que falei para a Monalisa, puxei até mais do que devia, para a gente sentir que dá, é possível e com a roupa vai ficar confortável”, afirmou.

BarrocaZonaSul et Casal

Adrenalizado, o mestre-sala destacou qual foi o ponto chave da dança da dupla: “Gosto muito quando a gente dança, olho muito para o público, não para saber quem é quem, mas o público. Até porque estou de lente. Mas gosto de ver a troca com as pessoas, alguns setores que passamos, fazíamos a dança virada, a galera vinha, batia palma, vibrava junto conosco. É bom para o nosso pavilhão, as pessoas estão aqui para ver o pavilhão que carregamos, é a história da Barroca. É uma energia sem igual, dá um gás para continuarmos nesta pegada até o final. Pois quero fazer mais gente assim, e os jurados, quando crava o jurado, é muito bom, ainda mais neste primeiro treino valendo. Cravar o jurado, a Monalisa deve ter assustado que fiz um ‘Uhul’, eu vibro, hoje pode, e falava ‘é isso’, senti essa adrenalina, ver que o trabalho está em uma linha cerva, que vamos conseguir conectar o público e o jurado”, finalizou – com Monalisa acenando positivamente a cada ponto.

Comissão de Frente

Se a comissão de frente é a primeira impressão de uma escola de samba, a da Barroca Zona Sul foi bastante imponente. E, aqui, é necessário ir mais a fundo no enredo antes de falar sobre os componentes propriamente ditos e o que eles fizeram na avenida.

A tribo guaicuru, que estava instalada nos atuais estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e no norte do Paraguai, viviam fases distintas bem definidas com os espanhóis e portugueses. Em períodos mais bélicos, eles eram capazes de punir os europeus, já que domavam, em pleno século XVI, cavalos – algo que os ibéricos demoraram para aprender. Mas, quando eram tempos de paz, os nativos visitavam cidades em busca de trocas comerciais.

BarrocaZonaSul et Comissao

Dito isso, podemos falar sobre a comissão de frente propriamente dita. Com uma grande escadaria verde-e-rosa como tripé, diversos guaicurus fazem suas danças quando, de repente, chega um personagem vestido da maneira mais caricata possível como um turista – com camisa florida, shorts e uma câmera de revelação de foto automática. A coreografia, bastante longa e expressiva, mostra como seu deu, em diversos momentos, a convivência do europeu (representado pelo turista na comissão de frente) com os guaicurus. Em dado momento, o turista sofre com a vocação guerreira dos nativos; em outro, há respeito de ambas as partes.

Se os componentes chamaram muita atenção e atraíram olhares de curiosidade e admiração, vale destacar que eles não pararam na segunda cabine de jurados para fazer uma saudação para os julgadores – o que foi, talvez, o único deslize em um grande setor da Barroca.

Samba-Enredo

Desde 2019, quando a Barroca Zona Sul foi vice-campeão do Grupo de Acesso com o enredo “Oke Arô”, sobre Oxóssi, os sambas da escola têm uma característica em comum: sempre culturais, defendendo minorias e de grande qualidade, ganhando diversos elogios. Não foi diferente em 2023. A obra escolhida deixa clara a vocação guerreira dos guaicurus e, mais do que isso, instiga os componentes a cantarem forte.

A ala musical teve, é claro, grande influência no bom rendimento do samba. Cada vez mais afiado e identificado com a Barroca Zona Sul, Pixulé emendou vários cacos e cantos paralelos ao samba, sempre apoiados pelo carro de som – e a comunidade se reconheceu no intérprete, respondendo a ele quando pedidos. Já a Tudo Nosso levou ao Anhembi ritmistas que executaram o samba de maneira mais para cima que o normal, com andamento pouco mais acelerado que o de muitas co-irmãs.

Pixulé, intérprete da escola, exaltou o bom entendimento com a Tudo Nosso – sobretudo com o comandante da mesma: “Foi perfeito, pois temos um casamento, bateria, ala musical. Eu e o Mestre Fernando Negão nos entendemos no olhar, olhamos um para o outro, é isso, nos abraços e boom, embrulha e foi. Foi maravilhoso, bacana, acredito que no segundo ensaio será melhor ainda”, arriscou.

A comunidade respondeu, sobretudo, ao apagão comandado por mestre Fernando Negão, pouco depois dos ritmistas entrarem no recuo. Ao longo do ensaio técnico, entretanto, a Tudo Nosso preocupou-se em sustentar o samba – o que fez muito bem. Algumas variações com naipes específicos aconteciam e faziam os componentes cantarem mais alto, é bom ressaltar.

No entendimento de Pixulé, o momento, por sinal, foi o ponto chave do ensaio técnico: “Todo mundo para, e a escola responde. É um ponto maravilhoso, que ficamos de bobeira. É muito legal essa parte”, registrou.

Diretor de carnaval da Barroca, Marcus Paulo Tibechrani, o Marcão, também aprovou o ensaio técnico. “A gente ficou feliz que o povo veio, evoluiu e cantou. Para esse ensaio, para ter essa quebra, foi bastante positivo. Saí bem feliz”, comentou.

Comandante da Tudo Nosso, Mestre Fernando Negão sente que o desempenho pode melhorar ainda mais: ““Eu acho que a bateria foi boa. Está 85, 90%. Precisa só ajeitar alguns detalhes, algumas coisinhas que passam, alguma falta de atenção, erros bestas de falta de atenção. Passar algum detalhinho, alguma passagem. Mas aí isso é fácil de consertar, são só detalhes mas o caminho eu acho que está traçado. Eu acho que é só a gente dar mais uma ensaiadinha, ajeitar os ponteiros e estaremos prontos para o desfile”, destacou.

O samba de temática indígena também influenciará no resultado final da bateria, pontuou Fernando: “Teremos bastante garra, bastante pegada. Utilizo uma bossa com alguns toques indígenas. É isso, a gente fala que somos iguais aos indígenas, com força, raça e união”, detalhou.

Harmonia

O samba-enredo ajudou e os quesitos ligados à ala musical tiveram ótima noite, como dito anteriormente. Tudo leva a crer que a Harmonia da Barroca Zona Sul foi boa, certo? E é exatamente essa a palavra que cabe para analisar o quesito: boa. Não é possível tirar décimos da agremiação porque os componentes, de fato, cantaram o samba de maneira linear e sempre eram ouvidos. O coral da passarela, porém, não foi o mais alto já apresentado no Anhembi em 2023.

Se é possível melhorar, também é possível analisar outro lado bom – além do fato, bem importante, de que não é possível tirar décimos da instituição no quesito. Se a noite teve um Anhembi com problemas no sistema de som, a verde-e-rosa talvez tenha sido a agremiação que tenha sofrido menos com tal situação.

BarrocaZonaSul et Comunidade

Feliz com o rendimento do canto da agremiação, Pixulé evitou comentar eventuais deslizes: “Olha, sou bem crítico, como sou muito crítico, não vou opinar. Vou deixar essa pergunta para a direção de carnaval, para a harmonia, compete a eles. Mas sempre tem coisinhas para ajustar, uma coisa ou outra, mas é bobo, amanhã tem ensaio na nossa quadra, e lá ajustamos isso daí de boa. No próximo ensaio vem com tudo para não errar mais, caso tenhamos errado”, destacou.

Quem também gostou de ver a força da comunidade foi Fernando Negão: “A comunidade está cantando bastante. Bastante garra, bastante samba no pé. A bateria com bastante pegada, bastante união. Acho que estamos no caminho certo para, se Deus quiser, almejar o título”, vociferou.

Evolução

Este foi, certamente, o calcanhar de Aquiles da Barroca Zona Sul no primeiro ensaio técnico. Embora as alas cantassem bem, era possível sentir o componente um tanto quanto “preso”, sem evoluir tanto e nem curtir o evento. Algumas exceções são a aula entre o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, coreografada; e a primeira ala após o segundo carro alegórico, bastante solta, chamou atenção.

BarrocaZonaSul et Madrinha

Assim como outras coirmãs, a entrada da bateria no recuo também merece reflexão. Antes mesmo dos ritmistas recuarem, a escola ficou entre dois e três minutos parada. Após o movimento, bem executado, a agremiação, aparentemente, bateu cabeça. O carro alegórico que estava à frente seguindo assim, deixando o espaço a ser coberto ainda maior. A ala que vinha atrás precisou apertar o passo, configurando falta de linearidade.

Momentos depois, a reportagem flagrou alguma dificuldade para empurrar o Barroquinho, mascote da escola que funcionava como uma espécie de pede-passagem. Fica a dúvida se tal situação ajuda a explicar o recuo de bateria acidentado da verde e rosa.

BarrocaZonaSul et MusaCompositores

Para Marcão, entretanto, a escola passou bem pelo Anhembi. “Nesse primeiro ensaio, queríamos que o povo chegasse e entendesse. O que tiver acontecido, uma coisinha ou outra, a gente leva para a quadra. Tem tempo para ensaiar para isso e consertar. São coisas pequenas. Saí bastante feliz desse primeiro ensaio, não tenha dúvida. Da comissão de frente ao final da escola. Por enquanto, nada chegou até mim. Acompanhei, fui andando a escola inteira. É posicionamento, acertar mais o passo. A hora que veste a fantasia e o carro alegórico está aqui, é outra conversa. Essa é a Barroca Zona Sul”, ejactou-se.

Outros destaques

– Quando o cronômetro começou a contar, a Barroca ainda estava cantando o samba do ano passado – algo proibido por regulamento;

– O abre-alas da escola, pela marcação de alegoria, é bastante grande;

– O carro de som emulava os sons de índios tal qual no CD;

– Depois de retorno da bateria para a passarela, os ritmistas ficaram posicionadas antes de duas alas e a Velha Guarda;

– Após o encerramento do ensaio técnico, diretores identificados com a harmonia discutiram de maneira mais ríspida. Algum tempo depois, integrantes fizeram questão de colocar panos quentes;

– Em entrevista após o final do ensaio técnico, Marcão revelou que a escola levará quinze alas para a avenida e 1800 componentes;

– Também em entrevista, Mestre Fernando Negão destacou que serão 200 ritmistas na Tudo Nosso e doze pessoas (com ele inclusa) na avenida.

Colaboraram Fábio Martins, Gustavo Lima e Lucas Sampaio

Império de Casa Verde coroa nova rainha da bateria em mais um espetáculo do samba no ensaio técnico

O Império de Casa Verde realizou neste sábado seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi, em preparação para o desfile do Carnaval 2023. Os destaques deste treino imperiano vão para mais uma atuação brilhante do carro de som liderado por Tinga, e para a coroação da nova Rainha de Bateria, Theba Pitylla. O Tigre Guereiro será a quarta escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial no dia 18 de fevereiro, com o enredo “Império dos Tambores – Um Brasil Afromusical”.

Comissão de Frente

Mais uma comissão que aposta não só em um grande elemento alegórico, como também possui uma coreografia de quatro passagens do samba de duração. Durante os diferentes atos, os dançarinos vão se alternando ao entrar e sair de dentro do tripé, que possui a reprodução de uma árvore baobá no topo.

ImperioDeCasaVerde et Comissao

A coreografia é repleta de movimentos energéticos, e na maior parte do tempo a Avenida fica com até 16 pessoas interpretando. Em dados momentos, grupos de homens marcam presença, em outros, homens e mulheres atuam juntos, seguidos de outro ato só entre mulheres e por último um grupo de homens diferente do inicial.

A equipe aparenta estar bem ensaiada, mas o andamento da apresentação rende preocupação. No primeiro módulo, passaram impecáveis. No último, porém, alguns já demonstravam cansaço, concluindo movimentos com certo atraso. Um problema a ser observado para o próximo ensaio geral.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Um desempenho irregular da parte do primeiro casal do Império, formado por Rodrigo Antônio e Jéssica Gioz. Houve falhas de sincronismo dos movimentos nos dois módulos de jurados em que foram observados, e o ritmo da dança esteve longe dos grandes momentos da dupla em sua trajetória no carnaval. Ao conversarem com a equipe do site CARNAVALESCO, porém, a dupla avaliou seu desempenho como positivo.

“A dança veio bem justa, de acordo com o que estava na cabeça, o que a gente já vem ensaiando. O andamento vai ter que arrumar ainda algumas coisinhas, mas agora é com o diretor de harmonia, de carnaval. Mas nesta semana, conseguiremos ajustar tudo para o próximo ensaio”, disse Jéssica.

ImperioDeCasaVerde et PrimeiroCasal

“Minha análise do ensaio de hoje é que, além de nós, a escola ao todo está disposta a ganhar e em um clima de sangue nos olhos. Isso nos proporciona mais garra e alegria de fazer parte de uma escola diferente. Solta o bicho!”, declarou Rodrigo.

Quanto a possíveis melhorias a ainda serem feitas, a porta-bandeira fez os seguintes apontamentos. “Conseguimos limpar bastante coisa, tirar coisa que não funcionou e adicionar coisa que está funcionando”.

Em relação ao que consideraria o ponto-chave deste segundo ensaio, Jéssica exaltou a sintonia que tem com seu mstre-sala. “A minha sintonia com o Rodrigo é como se só tivesse eu, ele, e o Marcelo. Para nós não existe o público, sentimos energia do pessoal, mas não vemos quem está na arquibancada, quem é o conhecido do lado, focamos muito no trabalho”, concluiu.

Harmonia

Destaque no primeiro ensaio, a harmonia imperiana foi mais uma vítima do problemático sistema sonoro do Sambódromo do Anhembi. O atraso entre os alto falantes e o carro de som ficava evidente conforme o veículo se aproximava das torres, o que somado ao canto forte da comunidade, prejudicou demais a apreciação do espetáculo.

ImperioDeCasaVerde et InterpreteTinga

Não foram poucos os momentos em que houve atravessamento do samba ao longo de todo o treinamento, principalmente das três primeiras alas da escola que vieram à frente do enorme espaço demarcado para o carro Abre-alas, mas é difícil dizer se a responsabilidade é da direção de harmonia ou das caixas de som. A bateria “Barcelona do Samba” estava especialmente ousada neste segundo ensaio, tornando as falhas ainda mais explícitas. Por outro lado, a ala “Tigres Siberianos” deu um show de harmonia do início ao fim e merece total exaltação.

Falando na bateria, o alto número de apagões e bossas praticados parece ter provocado um efeito oposto ao esperado. O cansaço dos desfilantes ao longo da passagem do Império ficou evidente, com o desempenho do canto caindo e diretores cobrando suas alas na reta final.

ImperioDeCasaVerde et 8

Ao analisar o desempenho da escola, o diretor de Carnaval do Império, Tiguês, viu com bons olhos o desempenho da escola. “Mais um bom ensaio que a gente faz. Acho que o canto hoje não deixou dúvidas mesmo. Acho que a escola cantou muito hoje. Até por isso a gente provocou lá e fez um paradão, para testar o canto da escola também. No geral foi um baita de um ensaio, melhor do que o primeiro. Estamos no caminho certo”, declarou.

Tiguês avalia que houve uma melhora na questão das coreografias existentes ao longo da escola, e que o Império está no caminho certo. Ao citar ajustes a serem feitos, disse que será feita uma avaliação com o material colhido pela escola. “Acho que a gente percebe muitas vezes, não sei se é porque estamos na hora da bossa da coreografia da bateria, a gente percebe uma coisinha mais lenta um pouco, mas talvez seja normal. A gente está dentro da pista, e é difícil querer apontar alguma coisa. Lá de dentro é difícil falar. Agora é assistir os vídeos e ver o que a gente vai consertar aí”, explicou.

ImperioDeCasaVerde et SegundoCasal

Questionado em relação aos problemas que o sistema de som do Sambódromo tem causado às escolas desde sexta-feira, o diretor garante que fará parte das conversas a ocorrerem ao longo da semana. “É complicado também porque o som não está todo afinado, a parte de caixas de som e essas coisas. A gente vai ter inclusive, pegando o áudio e tudo, para vermos com o pessoal da Liga o que é que tem para melhorar aí. Eu de onde estava, não vi nada assim, mas já ouvi falar que teve alguma coisinha nesse sentido. A gente precisa ver também com o pessoal da Liga o que vamos fazer”.

Tiguês fez questão de exaltar a comunidade imperiana ao citar o ponto mais alto deste segundo ensaio técnico. “Gostei muito da pegada do componente. Acho que a gente veio numa crescente muito bacana desde os últimos ensaios técnicos, nos ensaios de quadra e nos ensaios específicos. A parte de canto, de harmonia, eu daria nota dez para a escola”, concluiu.

Evolução

Não dá para levar muito em consideração o fechamento dos portões com uma hora e seis minutos, o que causaria um estouro de um minuto no desfile oficial. A escola de fato atrasou um pouco sua entrada, mas foi porque aproveitaram o momento para coroar a nova Rainha da Bateria, Theba Pitylla.

ImperioDeCasaVerde et RainhaTheba

Dito isso, foi o melhor quesito do Império neste segundo ensaio. Sem correria, componentes brincando pelas alas, e a “Barcelona do Samba” deu uma verdadeira aula de recuo de bateria. Se fosse o desfile oficial, cravariam 40 pontos sem medo.

Samba-Enredo

Está para nascer alguém que dirá que esse samba tem algum defeito. Leve, animado, condensado em uma letra curta e de muito fácil assimilação, a obra imperiana para o Carnaval 2023 tem tudo para ser cantada por anos e anos na quadra do Tigre independente do resultado final da apuração deste ano. A maneira como o carro de som, liderado pelo novo reforço da casa, o consagrado intérprete Tinga, se encaixa com a bateria “Barcelona do Samba” é como se fossem almas gêmeas. O desempenho destes dois quesitos nesta temporada é uma verdadeira catarse, e neste ensaio apresentou novos elementos que certamente, com o devido polimento, engrandecerão ainda mais o desfile imperiano.

ImperioDeCasaVerde et MestreZoinho

Questionado quanto ao grande desempenho do samba, Tinga demonstrou estar sedento por ainda mais melhorias. “A gente vai procurar melhorar até o dia do desfile. O primeiro ensaio foi muito bom, hoje foi maravilhoso, melhor ainda, Eu acho que o grande dia vai ser o dia 09, no terceiro ensaio técnico. Assim o negócio fica bom! Vamos continuar trabalhando na quadra para chegar aqui e fazer mais um grande ensaio. E, claro, para chegarmos no dia do desfile no nosso melhor e chegarmos ao objetivo de fazer a Império ser campeã do carnaval”, declarou.

Durante o ensaio, em diferentes momentos a bateria realizou apagões, mas com um estilo diferente. Uma voz feminina executou certos cacos na mesma sintonia do refrão, o que deu um toque a mais na qualidade do desempenho do samba. Tinga explicou a respeito. “A gente fez um contracanto quando a bateria para e ficou bem legal, bem suave o negócio. Ficou lindo! Somou demais, e vamos levar isso para a avenida. É tão bonito, pareceu algo tão diferente. Legal demais. Estou bem feliz com o desenvolvimento do nosso trabalho”.

Por fim, o intérprete fez questão de exaltar o trabalho de parceria com a bateria “Barcelona do Samba”, de Mestre Zoinho. “Dá para ir bem longe. A gente vai continuar trabalhando sempre, para sempre melhorar. Parece que eu desfilo aqui há muito tempo! Graças a Deus a bateria do Mestre Zoinho é maravilhosa, ele está de parabéns. O carro de som, quando eu cheguei aqui, está com toda a humildade, todo mundo aqui quer ajudar o Império”, finalizou.

Outros destaques

O momento mais marcante do ensaio foi justamente seu começo. A coroação, em pista, de Theba Pitylla como Rainha da Bateria “Barcelona do Samba” é um justo reconhecimento a uma pessoa que há anos dedica seu amor e suor à família imperiana. Até então madrinha dos ritmistas, a passista mostrou na Avenida o porquê de merecer todas as congratulações de seus colegas, com destaque para os dançarinos da Comissão de Frente, que ecoaram um grito efusivo de “ela merece!”.

ImperioDeCasaVerde et Baiana

Dentro deste mesmo quesito, Mestre Zoinho fez uma análise geral do desempenho da bateria neste segundo ensaio do Império de Casa Verde. “Pudemos ver a evolução, tanto no canto da escola como na evolução, como no trabalho da bateria também, estamos vindo em uma crescente. Claro que temos uns detalhes para acertar, estamos trabalhando bastante, estou aqui com meus amigos que ajudam bastante. Cassiano, mestre da Independente, o Denys, mestre da MUM, mestres e diretores da rapaziada também. Dia nove será melhor ainda, e dia 18 será o auge da bateria do Império e de todos. Que possamos fazer um ótimo carnaval”, declarou o mestre.

Em diferentes momentos do ensaio, um apagão diferenciado ocorreu, onde apenas alguns instrumentos tocavam com a já citada voz feminina fazendo cacos ao fundo. Além disso, novas bossas foram inseridas ao repertório, e Zoinho explicou a respeito. “Uma nova pegada velha, pois já fazemos isso aí faz tempo. Só que o que vamos apresentar esse ano, não é novidade para nós. Vamos brincar com a galera e com o público, vai dar muito certo. Se está perguntando, é porque gostou também”, observou.

Dentre os elementos que mais gostou neste segundo ensaio, Mestre Zoinho exalta o ritmo da “Barcelona do Samba”. “O que mais se destaca aqui é o ritmo que colocamos. Nossa bateria é tradicional, prezamos pelo ritmo, sempre ele. Às vezes sobra uma bossa ou outra, conforme o samba nos propõe. Esse samba nos proporciona essa bossa, essas convenções. A galera fica feliz, a comunidade também, e fazemos uma bossa que ajuda a escola evoluir também. O segredo é esse aí”, concluiu.

O Império de Casa Verde ainda possui um terceiro ensaio geral a realizar no Sambódromo do Anhembi, no dia nove de fevereiro. Dito isso, é fundamental que a escola analise se há coerência nos erros apontados para tornar o último treino digno desse maravilhoso enredo que o Tigre Guerreiro trará no Carnaval 2023. O samba é magnífico e está nas vozes certas para ele. A bateria então, dispensa comentários. A torcida é para que a nação imperiana faça desse desfile um novo ser, como citado nos versos do samba. Um novo ser de uma nova era gloriosa, que a Casa Verde fará muito por merecer.

Colaboraram Fábio Martins, Gustavo Lima e Will Ferreira

Debaixo de chuva, casal dos Gaviões da Fiel se destaca em primeiro ensaio técnico

Na noite deste sábado, os Gaviões da Fiel realizaram o seu primeiro ensaio técnico rumo ao carnaval de 2023. O destaque principal fica para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, que não se intimidaram com a chuva. O tempo ficou dessa forma ao decorrer do treino, mas a dupla surpreendentemente não sentiu o peso do pavilhão após cair tanta água. Vale ressaltar o canto das alas que lá estiveram. Os componentes conseguiram pegar o samba. Deu para notar o volume do canto, mesmo com um contingente pequeno. A comissão de frente, que teve uma coreografia criativa, também atraiu olhares. Claro que não se pode deixar de fora a grande festa que a torcida da agremiação fez. Houve muitos fogos e sinalizadores na entrada da avenida. O enredo dos Gaviões da Fiel para 2023 é intitulado de “Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!”.

Comissão de frente

A ala desfilou com uma coreografia um tanto criativa. Ao passar dos anos, é sabido que este quesito é um dos maiores da agremiação alvinegra. Talvez a principal chave. Comandada pelo profissional Sérgio Cardoso, a comissão de frente dos Gaviões da Fiel mostrou um repertório curioso, visto que levava uma espécie de guerreiros vestidos de pretos e com um adereço de cabeça simbolizando um gavião. Todos eram homens. Além disso, haviam mulheres vestidas com saias coloridas de ciganas. O contexto da coreografia é difícil de entender. Talvez haja mais repertório a se mostrar no próximo ensaio. Porém, na primeira impressão, aparentemente é a religião ‘curando’ os seres humanos.

GavioesFiel et Comissao

Harmonia

A escola chegou ao ensaio com um contingente pequeno. Porém, mesmo com as alas que estiveram presentes, deu para ver uma comunidade bem entrosada com hino para 2023. Nos últimos anos, os alvinegros tem tido muita dificuldade em fazer os seus componentes cantarem de forma correta e explícita. Entretanto, neste ensaio, mostrou que a comunidade tem sinergia com o samba, principalmente no refrão principal. O “amém meu coração corinthiano” empolgou os integrantes dentro do treino. Vale destacar a última ala que ensaiou antes da segunda marcação de alegoria (a escola não colocou nome e número).

O diretor de harmonia, Alexander dos Santos, avaliou o treino. “A gente gostou muito, ficamos satisfeitos, o público veio e a escola balançou. Acho que funcionou muito a ideia da compactação que a gente tinha. É bom que por ser o primeiro ensaio, os pequenos ajustes a gente consegue montar para o segundo e vir muito forte. O samba funcionou, os dois refrões trabalharam do jeito que a gente queria e a parte do ‘era Cristo ou Oxalá?” pegou demais. A gente precisava de uma resposta. São pequenos ajustes que um primeiro ensaio nos traz. É a primeira vez que a gente trabalha juntos”, declarou.


Na questão do número menor de componentes, o diretor revelou que será uma estratégia para os próximos anos.” A gente vai enxergar os Gaviões muito apertado. Provavelmente a escola vem mais curta. É uma filosofia que a gente está tentando implementar. Nos outros anos vai ter essa sensação de uma escola mais justa. Não vai ter oscilação de velocidade, buraco entre as alas. É uma estratégia que vamos levar para o desfile”, revelou.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Wagner Lima e Gabriela Mondijan pegaram uma complicada chuva durante o treino. É sabido que este quesito é o mais complicado para enfrentar esse tipo de tempo. O pavilhão pesa e o calçado fica escorregadio. Porém, para a dupla, nem parece que choveu. Eles passearam na pista do Anhembi com facilidade. A jovem porta-bandeira e o experiente mestre-sala realizaram muito bem os atributos necessários para conquistar a nota. A coreografia foi bem executada do início ao fim. Wagner Lima estava tão solto que chegou até mandar beijos e interagir diretamente com a arquibancada. Grande ensaio dessa dupla que foi nota 40 em 2022 e vem crescendo cada vez mais.

GavioesFiel et PrimeiroCasal

“Na verdade, a chuva atrapalhou coisa mínima o nosso desempenho. Eu estava com um pouco de medo por isso, mas graças a Deus a gente veio muito bem. Fizemos o que estamos ensaiando. Viemos bem demais. O Wagner sabe que eu sou muito chata comigo mesma, mas a gente foi demais”, disse a porta-bandeira.

“A gente tirou do papel e colocou em prática na pista. A coreografia encaixou, mas sempre tem algumas coisas a se fazer. A gente é muito criterioso, mas de 10, chegamos a 9.8, porque eu sou muito chato. O pavilhão pede”, completou o mestre-sala.

Evolução

Esse é o grande ponto negativo da escola. Por faltar componentes, não há tanto repertório a se observar. Evolui muito ‘engessada’ e pragmática. A única coisa que se tem de “diferente” é que as alas da comunidade evoluíram pela pista dançando em três passos de um lado para o outro. Porém, o que deve importar para o departamento de harmonia é que não houve erros. Mas também existem os seus contras em desfilar com uma minoria.

Samba-Enredo

É uma obra que cresceu muito na comunidade. Como dito anteriormente, os Gaviões da Fiel já sofreram bastante para ajustar o canto. Porém esse ano deve ser diferente. O longevo Ernesto Teixeira está conduzindo o hino de forma totalmente satisfatória. O último verso, onde se canta “Nos braços do criador… Era Cristo ou Oxalá?” se emenda com o refrão principal e causa um impacto forte nos componentes. Isso é fruto do trabalho de mestre Ciro também, que faz uma parada seca e volta no primeiro verso do refrão citado.

GavioesFiel et Ernesto

“Da posição que a gente veio na avenida, só conseguimos avaliar a empolgação das pessoas. É todo mundo passando por nós, principalmente quando a bateria passa no box. Todo mundo canta o samba, e isso é fundamental. A arquibancada está muito empolgada e gera uma expectativa muito boa. Os outros detalhes nós vamos ver nas reuniões dos próximos dias para avaliar a Evolução direitinho e o desenvolvimento da escola como um todo”, analisou o intérprete Ernesto Teixeira.

O cantor ainda falou da sua parte favorita do samba. “A gente canta o samba como um todo, mas é óbvio que, como corinthiano, o verso é ‘amém meu coração corinthiano’. A gente vem falando de todas as religiões, que todas elas são bons caminhos para levar à positividade, a um mundo melhor. E o corinthianismo não deixa de ser uma religião porque ela é professada pela fé dessa nação de 30 milhões de torcedores. Nessa hora o coração fala mais alto”, completou.

Outros destaques

A bateria ‘Ritimão’, regida por mestre Ciro, mostrou uma força muito grande nos atabaques, caixas e chocalhos. O diretor optou por marcar o samba e realizar as bossas em alguns momentos, principalmente o ‘breque’ dos últimos versos correlacionado com o refrão principal, como citado acima.

GavioesFiel et MestreCiro

Ciro falou sobre o ensaio. “O desempenho foi legal. A gente curtiu. Veio a chuva inesperada, mas foi bacana. Sobre as bossas, a gente está trabalhando duas bossas em locais diferentes do samba para fazer a performance. Estão bem ensaiadas, dentro do que o samba pede e é isso que a gente enxerga”, avaliou.

Vários adereços de mão foram vistos nas alas.

Colaboraram Fábio Martins, Lucas Sampaio e Will Ferreira

Porto da Pedra mostra excelência em quesitos, apresenta chão forte em ensaio técnico sem erros

Encerrando a noite de ensaios da Liga-RJ na Sapucaí no sábado, a Porto da Pedra mostrou porque tem sido apontada como uma das favoritas e uma das principais candidatas a conquistar o acesso, que bateu na trave no carnaval passado com o vice-campeonato. Assim como já havia se destacado no mini-desfile na Cidade do Samba, a agremiação de São Gonçalo fez um treino com padrão Grupo Especial, tendo como grande destaque o canto da comunidade, além de não apresentar erros em outros quesitos. O primeiro casal, a comissão de frente e a bateria fizeram grandes apresentações no sambódromo. O treino do Tigre teve duração de 50 minutos. Em 2023, a Vermelha e Branca de São Gonçalo será a quinta escola a desfilar na segunda noite da Série Ouro, e vai apresentar o enredo “A invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, que está sendo produzido pelo carnavalesco Mauro Quintaes. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“Hoje foi excelente. Nós vamos fazer melhor ainda no dia 18. Tudo surpresa. Vamos apresentar um excelente carnaval. Não desmerecendo as nossas coirmãs, mas vamos brigar pelo título. Eu gostei de tudo, mas vamos cantar mais. Melhorar o canto”, comentou Aluízio Mendonça, diretor de canraval.

Harmonia

O canto da comunidade da Porto da Pedra foi o ponto alto do ensaio. Os componentes cantaram de forma intensa, homogênea, com praticamente todo o contingente da escola e cantando durante todo o tempo de ensaio. Comissão de frente, bateria, baianas e passistas também mostraram que estão com o samba na ponta da língua. O intérprete Nêgo foi outro show à parte. Experiente na Sapucaí, de várias escolas, estreando na Porto da Pedra, no ensaio mostrou que ainda tem muita lenha para queimar.

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Fotos de Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Muita intensidade na condução da obra, correção e a utilização de cacos completamente inseridos no contexto do samba e utilizados no momento certo.O samba foi trabalhado pelo cantor de forma limpa. A voz esteve potente até os minutos finais da apresentação amparado por um carro de som que fez o simples de uma forma muito correta, sem erros e bonita.

“Foi muito bom o ensaio, fizemos o andamento certo. Estamos ensaiando toda quinta-feira e está maravilhoso. Ensaio muito bom e harmonia certinha, porque, carnaval hoje em dia é um teatro e nós passamos bem na avenida, no andamento certo. O ensaio melhorou bastante. A Amazônia é o pulmão do mundo. O enredo é muito rico e falar da maneira que ele fala sobre a Amazônia é uma felicidade incrível para o carnavalesco”, disse o intérprete Nêgo.

Samba-Enredo

O samba da parceria de Vadinho e companhia é um dos melhores do grupo, tem uma linha melódica bastante interessante com algumas resoluções métricas bastante criativas como o trecho já no final da segunda do samba “O dom de proteger seringueiras, Matitas Pereiras, Chicos e irmãs desse lugar”, que foi muito bem colocado pela comunidade, sem deixar embolar em nenhum momento, mostrando o bom trabalho da diretoria com os ensaios de canto e de rua em São Gonçalo.

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Outro destaque também vai para a segunda do samba, dessa vez em sua plenitude, que possui uma melodia muito harmônica e doce. Ela prepara para a força que tem o refrão principal, que poderia gerar alguma dificuldade em termos de letra, mas que é outro ponto de elogio a comunidade da Vermelha e Branca gonçalense, que neste treino, mais uma vez, dominou o “Warrãna-rarae” do início ao fim. O trabalho de mestre Pablo com a bateria Ritmo Feroz fez com que um samba já bastante elogiado aqui melodicamente valorizasse justamente a sua melodia. Pois, o andamento deixou a obra bastante agradável para quem cantava e acompanhava do lado de fora.

Comissão de Frente

Aclamado no carnaval passado pela trabalho desenvolvido na Porto da Pedra, o que lhe rendeu convite para este ano também estar no Especial pela Mocidade, Paulo Pina trouxe para este ensaio bailarinos vestidos com uma fantasia que trazia traços do modelo imitando pele de onça com saias em tom marrom, criando um clima que invocava a Amazônia para a Sapucaí. Esse personagem que estava presente na fantasia da comissão de frente, ao mesmo tempo tinha muito de bicho, de fera, mas sem perder as características humanas, constituindo o imaginário onírico amazônico que está presente no enredo proposto por Mauro Quintaes.

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O que também impressionou no quesito, foi a maquiagem tanto corporal quanto facial dos bailarinos que lhes deu uma aura bastante selvagem. Nos movimentos se destacaram danças com mais pegada tribal e movimentos homogêneos dos componentes. Um exemplo dessa movimentação , acontecia no giro das saias que gerava um interessante efeito quando os integrantes da comissão se aproximavam. No final, em um momento de grande emoção, uma faixa com os dizeres “Lutem pela Amazônia” foi aberta.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Com a missão de substituir Cintya Santos que agora está na Mangueira, Laryssa Victória, em sua estreia ao lado de Rodrigo França, mostrou não sentir a pressão do legado deixado pela antiga dona da função. A nova primeira porta-bandeira do Tigre mostrou muita sintonia com Rodrigo. O casal apostou em uma coreografia muito delicada e de contato. Em um dos momentos de mais doçura, Rodrigo entrega beijava um girassol que carregava na mão e entregava para bailarina.

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Mas também havia momentos de muita intensidade, principalmente nos giros e quando a dupla de repente se abaixava ao mesmo tempo em que realizava um movimento de esticar a perna. A roupa do casal chamava bastante atenção por possuir uma característica que fazia referência a um pássaro. Tanto nas mangas da porta-bandeira, quanto nas mangas do mestre-sala havia penas e uma extensão em formato de asas, que gerava um bonito efeito no giro.

“Foi sensacional para nós. Uma experiência incrível. Hoje é a estreia da Laryssa como primeira porta-bandeira num ensaio técnico. Ela foi o máximo, arrasou demais. Nosso esforço valeu a pena, ensaiamos todos os dias. Está sendo incrível dançar com ela. Gostamos muito de sentir o calor da comunidade. Para mim, ela é a bateria da minha dança. Quando vemos as pessoas gritando, aí mesmo que dá aquele gás para nos soltarmos e nos doarmos mais, até chegarmos nos 110%. Buscamos a perfeição aqui”, disse o mestre-sala.

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“Sempre tem, principalmente porque esse ensaio é o parâmetro do desfile oficial. Somos gratos pela oportunidade de vir para cá e consertar o que não deu certo, tendo a certeza do que dá certo. É maravilhoso não só para a gente, como para a escola num tudo. Estamos trabalhando muito para que tudo vá bem no desfile, e gritarmos por sermos campeões na quarta-feira”, completou a porta-bandeira.

Evolução

A evolução da escola no geral foi bastante satisfatória. Não se identificou buracos ou mesmo grandes espaçamentos no desfile todo, mesmo entre a comissão de frente, o casal e a ala que vinha logo depois. O único ponto a se colocar é que após a apresentação do casal e da comissão no segundo módulo a escola passou um pouco mais acelerada, não chegou a correr e não comprometeu a grande apresentação que a comunidade de São Gonçalo fez.

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O final do desfile se deu de volta com a boa fluência que a Porto da Pedra havia iniciado. A agremiação não apostou em alas coreografadas, valorizando a espontaneidade dos foliões, que em sua maioria trouxeram apetrechos de cabeça indígenas. Muitos foliões estavam com uma pequena maquiagem indígena. Para simular os carros, a escola trouxe pequenos caminhões com telões. Alguns traziam imagens relativas ao enredo e outros passavam desfiles antigos da Porto da Pedra.

Outros destaques

A bateria Ritmo Feroz, de mestre Pablo, fez mais uma grande apresentação, volumosa, grande destaque para o toque de caixas. Pablo, como é costume vir fantasiado, trouxe um chapéu e calça de pescador ribeirinho. A rainha Tati Minerato exibiu toda a sua beleza em uma fantasia indígena com um cocar enorme que cobria quase toda a beldade. No caminhão que simulava o abre-alas em um determinado momento apareceu a imagem de Júlio Verne, autor do livro que inspirou o enredo.

“O ensaio foi nota 11! Eu sempre falo com a galera da bateria: ‘Toquem e divirtam-se!’, porque eles são batalhadores e aqui eles extravasam, mostram a garra do tigre de São Gonçalo. No dia do desfile, a gente não vai só pela Porto da Pedra, viremos buscar o título e levar para São Gonçalo. Que assim seja. Vamos vir com 250 ritmistas. Eu vou manter [como está], porque time que está ganhando não se mexe. Hoje, foi um ensaio, para mim, tecnicamente perfeito. Vou vir com duas paradinhas. Uma abertura bacana. Uma convenção da segunda para a primeira do samba. O público pode esperar muita ousadia e alegria do povo de São Gonçalo”, prometeu mestre Pablo.

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Antes do desfile, o prefeito de São Gonçalo fez um discurso à comunidade da Porto da Pedra pedindo garra no treino oficial, assim como o presidente de honra Fábio Montibelo. A ala de passistas teve alguns momentos apresentando uma coreografia de forma muito sincronizada e bonita, sem tirar a espontaneidade e o samba no pé.

Colaboraram Augusto Werneck, Luisa Alves, Matheus Vinícius e Rhyan de Meira

Unidos de Padre Miguel mostra força de seus quesitos e comunidade da show em ensaio técnico de alto nível

A Unidos de Padre Miguel foi a terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí no sábado, em mais um dia de ensaios técnicos da Liga-RJ. Como de costume, a escola mostrou a força de seus quesitos e fez mais um ensaio de alto nível. Muitos foram os destaques positivos, mas destaca-se o bom desempenho do samba-enredo, atrelado ao canto forte e aguerrido dos componentes da Vila Vintém. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

Vale destacar também o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira, que demonstraram muita sincronia em sua dança, além da comissão de frente do coreógrafo David Lima. O Boi Vermelho levou ainda um grande tripé para a avenida, o que causou um ótimo impacto visual. O que se viu foi um ensaio padrão do Grupo Especial.

No próximo carnaval a escola da Zona Oeste levará para a avenida o enredo “Baião de Mouros”, que está sendo desenvolvido pelos carnavalescos Edson Pereira e Wagner Gonçalves. A Unidos de Padre Miguel será a quinta escola a pisar na Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles da Série Ouro no Carnaval 2023.

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Fotos de Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“Eu detectei algumas coisinhas que dá para acertar até o desfile, mas foi 95% perfeito. O que tivemos de melhor foi o que sempre tivemos: o canto. Que comunidade! Agora a gente vai ter que dar 110% no desfile oficial. A Unidos de Padre Miguel vem com 1900 componentes. Eu posso garantir que estamos preparando um belo espetáculo e quem vir aqui na sexta-feira [17 de fevereiro] vai ver uma grande apresentação”, explicou Cícero Costa, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Completando 10 anos à frente da comissão de frente da Unidos, o coreógrafo David Lima presenteou o público com uma comissão de frente bem coreografada, de fácil entendimento e com doses de humor. A fantasia dos componentes fazia referência a personagens da cultura muçulmana e também do nordeste brasileiro, com uma dança envolvente, a comissão entreteu o público e apresentou a escola de maneira eficiente, o momento que mais arrancou aplausos foi quando o camelo ganhava destaque e interagia com os outros componentes.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Extremamente bem vestidos, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira brindaram o público com um grande espetáculo visual, eles, que completam 10 anos de parceira nesse carnaval, mostraram toda a sincronia e companheirismo em uma dança que mesclou momentos clássicos com coreografia. No verso do samba que diz “Respeita o povo da Vila Vintém”, o casal aponta para a comunidade, e ao finalizar a apresentação, Jéssica realiza uma bandeirada, o movimento foi extremamente bem feito e recebeu aplausos do público. Vale destacar que o casal se apresentou com os guardiões posicionados, uma prévia do que veremos no desfile oficial.

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“Foi tudo maravilhoso, minha escola é demais (risos). Eu sou suspeita para falar, estou há dez anos brigando com eles pelo título, defendendo nosso pavilhão, defendendo o Boi Vermelho de Padre Miguel. Foi maravilhoso, foi tudo maravilhoso. Além da minha expectativa. A gente ensaiou demais. Mas sempre tem alguma coisa para melhorar. Com certeza até o carnaval estaremos 100%. Sentir a atmosfera da Marquês de Sapucaí é uma coisa diferenciada. Só quem pisa aqui sabe a energia que esse lugar tem. É muito importante a gente ensaiar aqui também pelas cabines, para saber certinho onde estarão os jurados. Esse é o solo sagrado e é muito bom estar aqui”, disse a porta-bandeira.

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“O balanço foi positivo. Claro que nunca está 100%, a gente sempre vai buscar aperfeiçoar mais ainda. O saldo foi muito positivo graças aos meus orixás. A gente é bem perfeccionista. Foi muito bom, a gente sabe que pode melhorar. O ensaio aqui é muito importante. O nome já diz: ensaio técnico. A gente busca aperfeiçoar aqui por conta das cabines. É aqui que nós vamos jogar no dia do desfile. Nada mais justo que esse ensaio aqui para a escola possa identificar os pontos vulneráveis a melhorar. Queria dedicar essa oportunidade para dedicar esse ensaio a minha esposa e a minha filhinha Emanuele que vai nascer já já”, completou o mestre-sala.

Harmonia

O componente da Unidos entrou na avenida disposta a declarar todo seu amor pela escola, a letra do samba diz para respeitar o povo da Vila Vintém e foi exatamente esse o recado que eles deram, do início ao fim foi observado um trabalho de canto muito forte nas aulas, todas com muita animação e espontânea. Mesmo nos últimos setores a empolgação vista no início foi a mesma. Vale mencionar que apesar do excelente canto, algumas alas não conseguiram exercer o mesmo desempenho de outras, mesmo com o alto nível foi possível perceber algumas alas se sobrepondo a outras, o que causou uma leve oscilação.

“Foi fantástico, cheio de alegria e força. Tenho certeza que estamos no caminho certo. O que falta agora é mostrarmos exatamente isso no desfile oficial. Em termos de harmonia, você pode ver que a escola está desfilando muito bem. Sempre fui um grande admirador do trabalho do Dinho, e graças a Deus fazemos algo muito legal juntos”, contou o intérprete Bruno Ribas.

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Evolução

O quesito evolução foi outro que passou extremamente bem durante o ensaio, em nenhum momento foi observado espaços que pudessem comprometer o bom andamento do desfile. Apesar de muito numerosa, a escola se mostrou extremamente organizada. Os componentes estavam alegres e evoluíram com muita espontaneidade, mesmo com alas muito numerosas, foi uma evolução fluida e coesa, mas sem perder a empolgação e descontração. A marcação de onde ficarão as alegorias no desfile oficial foi feita com tripés com os dizeres “Aqui se aprende a amar o samba”.

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Samba-Enredo

O samba, de autoria de Myngal, Chacal do Sax, Alexandre Rivero, Robertinho, Maykon Rodrigues, Rafael Faustino, Gabriel Simões e Felipe Mussili, foi um grande destaque da escola durante o ensaio, com refrões fortes, o componente se sentiu à vontade para cantar. Fazendo sua estreia esse ano pela escola, o intérprete Bruno Ribas demonstrou total entrosamento com o carro de som e também com a bateria do mestre Dinho. A letra da obra mexe muito com o brio da comunidade, principalmente o refrão, nessa parte o samba explodia e a escola se contagiava.

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Outros Destaques

A bateria “Guerreiros”, do mestre Dinho, que está indo para o seu décimo segundo carnaval nesta posição pela Unidos, levantou o público do início ao fim. Além das bossas apresentadas, logo na entrada a rainha Thalita Zampirolli foi alçada e levou o público ao delírio. O samba mostrou que está na boca do povo e durante o esquenta foi cantado pelos torcedores a capela. Ainda no esquenta, alguns sambas da escola serviram de combustível para os componentes.

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“Se melhorar estraga. A gente só vem aqui pra disputar título. A gente tá fazendo algumas coisas do nordeste. Tem uma bossa que é lá do Marrocos que a gente estudou muito e vamos brincar”, garantiu mestre Dinho, que desfilará com 250 ritmistas.

Colaboraram Augusto Werneck, Luisa Alves, Matheus Vinícius e Rhyan de Meira

Vigário Geral incorpora enredo e realiza ensaio técnico divertido na Sapucaí, mas com erros em evolução e canto irregular

A Acadêmicos de Vigário Geral foi a segunda escola a pisar na Marquês de Sapucaí em mais um sábado de ensaios técnicos da Liga-RJ. O saldo do ensaio pode ser considerado positivo, visto que a escola incorporou o enredo e se divertiu na avenida. Além da espontaneidade dos componentes, os outros destaques foram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Jenkins e Thainá Teixeira, além do ótimo desempenho do carro de som, atrelado a bateria do mestre Luigi. Os destaques negativos ficam para o canto dos componentes que oscilou durante o cortejo e para alguns espaçamentos entre as alas que comprometeu a evolução. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

No próximo carnaval, A tricolor da Zona Norte vai levar para Marquês de Sapucaí o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria”, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Costa, Lino Sales, Marcus do Val e pesquisa feita por Marcus Vinícius Sant’anna. Ela será a terceira escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro no Carnaval 2023.

“O balanço do ensaio é positivo. Sabemos que ainda tem mais algumas coisas para fazer. A escola estava feliz e contente. Isso tudo após um temporal, onde muitos componentes não conseguiram chegar na Sapucaí, mas a galera que chegou, graças a Deus, conseguiu fazer um belíssimo ensaio. A gente sabe que até o dia do desfile sempre tem alguma coisa para ajustar. Vamos trabalhar para chegar a perfeição no dia do desfile. O samba é bem funcional e eles ficam à vontade, livres e evoluindo ao longo do desfile”, disse Jeferson Carlos, diretor de carnaval.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Indo para o segundo ano juntos, a dupla Diego Jenkins e Thainá Teixeira dançou com muita firmeza na noite de sábado, vestidos com as cores da escola, o casal dançou de forma leve, eles aplicaram um estilo clássico, mas bastante intenso com passos bem encaixados ao samba e fizeram ainda referências específicas à letra. A apresentação durou pouco mais de dois minutos e não foi observado nenhum contratempo, os dois se mostraram muito seguros com seu bailado.

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Fotos de Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“O ensaio técnico serve para poder testar as ideias que construímos, todo esse tempo, para o desfile. Eu estou muito feliz, a gente conseguiu brincar, distribuir doce e conseguimos fazer tudo que ensaiamos desde setembro. Foi melhor do que poderia imaginar. […] Amamos o que a gente faz, amamos dançar, amamos ser mestre-sala e porta-bandeira e amamos o nosso pavilhão. Poder ver a comunidade de Vigário Geral, brincando e defendendo seu pavilhão aqui, eu fico muito feliz e agradeço a escola pela confiança”, disse a porta-bandeira.

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“Começamos a dançar juntos no carnaval passado e na época não tivemos muito tempo. Agora estudamos as justificativas, muito felizes, e optamos por trabalhar muito cedo, começamos em setembro. Estamos ensaiando exaustivamente todo dia e agora aqui na Sapucaí. Hoje foi o dia de testar e apresentamos tudo que a gente propôs durante a semana. A gente ensaia mirando a técnica perante a cabine dos jurados. Quando ensaia toda a escola, melhora a nossa percepção, sentir a energia da população e da comunidade de Vigário Geral”, completou o mestre-sala.

Comissão de frente

Coreografada por Handerson Big, a comissão de frente se mostrou inserida dentro do enredo, contando apenas com homens no elenco, a sensação foi de que todos eram crianças se divertindo, a dança mesclou movimentos tradicionais com várias referências a brincadeiras infantis. Todos usavam uma espécie de suspensório e botas.

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Evolução

O quesito merece atenção da escola para que os erros apresentados no ensaio não se repitam no desfile oficial, em alguns momentos foram observados algumas alas com espaçamentos fora do normal, algumas alas não conseguiam se manter alinhadas e pequenos clarões surgiram durante o desfile. Um fator positivo foi a espontaneidade dos componentes, a maioria estava se divertindo e brincando, porém, em algumas alas o excesso de brincadeira fez com que alguns componentes acabassem embolando. Na altura da segunda cabine de julgamento ocorreram dois deslizes, o primeiro foi um espaço considerável à frente da ala das crianças, o segundo foi durante a apresentação da bateria, em que a ala da frente seguiu, ocasionando um espaço muito grande, mesmo a rainha Egili Oliveira ocupando foi possível observar.

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Harmonia

A escola se apresentou com bastante espontaneidade e animação, porém, muitos componentes demonstravam não dominar o samba por completo, nas primeiras alas o canto só era uniforme no momento do refrão principal, depois os componentes pareciam brincar, mas sem cantar o samba. Vale destacar que escola estava bastante animada, com componentes levando adereços de mãos e até bolinhas de sabão. Apesar do bom desempenho do carro de som, o canto da escola oscilou bastante e foi um dos destaques negativos do ensaio.

Samba-Enredo

O samba tem autoria dos compositores Júnior Fionda, Tem-Tem Sampaio, Marcelinho Santos, Marcelo Adnet, Orlando Ambrósio, Romeu Almeida, Fábio Turko, Kelly Grande Rio, Silvana Aleixo, David Imperador das Cestas Básica, apesar de não ser apontado como um dos destaques da safra para o próximo carnaval, a obra passou de forma competente pela avenida, principalmente, por conta do bom desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Tem-Tem Jr.

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Outros Destaques

A rainha de bateria Egili Oliveira estava completamente inserida no enredo e brincou de ciranda com algumas crianças durante uma bossa da bateria do mestre Luygui. A ala de passista levou os super heróis para a avenida, enquanto os homens desfilaram vestidos de Super-homem, as meninas estavam de Mulher-Maravilha.

“Foi um resultado positivo por todas as dificuldades que a gente enfrentou. Enfrentamos também essa chuva. A gente teve muito pouco tempo de ensaio. As pessoas sabem que mestre de bateria da Série Ouro rala bastante para fazer um trabalho bacana. Vocês podem ter certeza que a gente vai chegar 100% no dia do desfile. A execução das bossas pode melhorar. Acredito muito que a gente pode atingir a perfeição. Nós vamos trabalhar bastante para poder melhorar isso. Mas a bateria Swing Puro está de parabéns, toda direção de bateria… Vamos chegar muito forte no carnaval em busca dos 40 pontos. Eu preparei duas paradinhas. Uma atrás da outra ,em uma sequência. Em uma delas a gente faz uma coreografia onde a bateria abaixa, e ela levanta na crescente. Logo depois, a gente faz uma brincadeira de pular amarelinha, para um lado e para o outro. Nós estamos com essas duas bossas para apresentar no dia do desfile”, explicou mestre Luygui, que desfilará com 220 ritmistas.

Em seu discurso, a presidente Betinha agradeceu aos componentes ali presentes e deu o seu já tradicional grito de guerra “Pra cima deles”, divertindo a todos.

Colaboraram Augusto Werneck, Luisa Alves, Raphael Lacerda e Rhyan de Meira

Comissão de frente da União de Jacarepaguá é destaque no ensaio técnico

Coube à União de Jacarepaguá abrir a noite de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí, neste sábado 28. A recém-chegada à Série Ouro apresentou uma comissão de frente bem sincronizada e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Rogério Jr. e Natália Monteiro vieram com um bailado livre muito belo. Infelizmente, a escola pecou no canto da comunidade e na evolução. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

A verde-e-branca desfilará o enredo “Manoel Congo, Mariana Crioula – Heróis da liberdade no Vale do Café”. A agremiação fará a abertura do Carnaval no sábado com a história desses dois líderes de uma rebelião de escravizados no Vale do Café.

Comissão de frente

Márcio Vieira e Fabrício Ligeiro comprovaram a sua competência com a coreografia da comissão de frente. Em um pouco menos de dois minutos, os integrantes apresentaram passos muito sincronizados com saltos, movimentos amplos de braço e gestos de terreiro. Os bailarinos estavam vestidos como escravizados no cafezal e aparentavam entrar em combate, representando a revolta. Algumas ações remetiam ao uso de algum adereço de mão ou elemento cenográfico, o que dá uma curiosidade sobre o que irá de fato acontecer na abertura do sábado de Carnaval.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O impacto visual é a primeira qualidade do casal composto por Rogério Jr. e Natália Monteiro. Eles usavam trajes com uma estamparia africana muito bonita e colorida com tons terrosos predominantes e detalhes azuis. Quando se fala de dança, o casal apresentou um bailado mais clássico e livre em quase toda performance e, ao final, para sair dos jurados, eles faziam movimentos de dança africana. É evidente a conexão que Rogério e Natália têm entre si.

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“Foi maravilhoso. Tudo que estávamos ensaiando deu certo, graças a Deus. Esse ensaio foi só uma prova que o nosso trabalho e as nossas ‘noites perdidas’, na verdade, não são perdidas. As horas de sono deixadas para trás estão valendo a pena, e valerão ainda mais quando alcançarmos a nota máxima. Sempre podemos melhorar, sabe? O dia que estivermos 100% satisfeitos com o que fazemos, já podemos até parar. Temos que buscar o melhor e sentir vontade de aprender mais”, afirmou o mestre-sala.

“Aqui deixamos marcado o que a União de Jacarepaguá é e o que as nossas raizes representam. Viemos com força, garra e mostramos o motivo de estarmos aqui. Esses oito anos não foram tristes porque conseguimos efetuar o nosso trabalho, mas voltar pra Sapucaí e encontrar toda essa gente animada e os holofotes é gratificante. Deixo registrado que vamos mostrar ainda mais do nosso poder de povo preto e sambista”, completou a porta-bandeira.

Harmonia

O carro de som comandado por Silas Leleu e Zé Paulo Miranda deu um tom acelerado no início do ensaio, mas com o tempo se estabilizou em um ritmo agradável. O que deixou a desejar foi o canto da comunidade. Diversos segmentos não cantaram o samba-enredo em sua integralidade, embora haja intensidade na passagem pelo 1º refrão.

“Foi um ensaio muito positivo. Era o ensaio que toda a escola esperava. Foi muito positivo para a bateria, carro de som e harmonia. Como é uma escola do acesso, a gente sabe que o apoio não é lá essas coisas. A parte musical eu acredito que está pronta. Foi mais a questão do andamento do samba, mas foi muito legal e que resolvemos tudo hoje. A escola brincou na avenida. A bateria não corre, as bossas são bem explicadas. Nesse andamento, acredito que os jurados irão entender melhor o samba. Para o canto, esse andamento também é maravilhoso. O meu entrosamento com o mestre Marquinhos tem que ser 100%. Ano passado, no Especial, tiveram escolas que perderam ponto na bateria justamente porque o carro de som atrapalhou”, disse o cantor Zé Paulo Miranda.

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“Acredito que o ensaio na Sapucaí é muito importante para sentir o clima e a emoção do local. Essa escola tem um ‘chão’ bem forte e que chegou junto. Claro que ainda temos que consertar algumas coisas, mas eu estou muito satisfeito. O arranjo eu acho bem bonito. Vocês podem esperar: a União de Jacarepaguá vem com um belíssimo carnaval e vai surpreender muita gente. A bateria e o canto da escola têm que estar bem sincronizados. Caso contrário, não funciona. O sincronismo está cada vez melhor”, completou Leléu.

Evolução

Evolução é outro quesito que terá pontos a serem melhorados para o desfile principal. Um fator que chama atenção é a falta de alinhamento das alas apesar do esforço da equipe de harmonia em tentar manter a escola em formação. A União de Jacarepaguá ocupou a Avenida com rapidez, o que obrigou a agremiação a reduzir a velocidade e parar um tempo mais longo, pelo menos uma vez, para evitar passar abaixo do tempo mínimo. Um destaque positivo deve ser feito à desenvoltura da ala da baianas, elas estavam muito confortáveis em rodar. Vale ressaltar que a escola não apresentou buracos e veio animada.

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“Foi uma emoção grande. A gente estava há oito anos sem pisar nessa avenida. A comunidade abraçou a conversa que a gente teve nos ensaios na quadra. Chegou forte, mostrou que a União de Jacarepaguá veio para brigar na Série Ouro. Vamos aparar algumas arestas. A gente fez um treino. Nesse treino, nós vamos corrigir para vir no dia do desfile 100%”, explicou Paulo Dimitri, membro da comissão de frente.

“Dentro da nossa expectativa foi um bom ensaio, foi um bom treino. O ensaio técnico é um treino visando o jogo, visando o dia do desfile. Deu tudo certo: a comunidade abraçou, os segmentos abraçaram e o samba foi na boca do povo. A gente tem que melhorar o canto mais um pouquinho. O resto está de boa. Gostei muito da bateria, do nosso carro de som, da nossa comunidade que abraçou o samba e dos nossos segmentos”, garantiu Márvio Araújo.

Samba-Enredo

Apesar da composição de Beto Aquino e cia ser bonita, a escola não conseguiu fazer com comunidade a decorasse de ponta-a-ponta. O refrão “Firma o ponto, eu quero ver, vai ter batuquejê” foi uma das partes que ficaram na cabeça dos desfilantes. A dupla de intérpretes teve facilidade em executar o samba, sem cacos impertinentes, e contaram com o apoio importante da bateria do Mestre Marcus Vinícius.

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Outros destaques

A bateria foi, sem dúvida, um destaque positivo desse ensaio técnico da União de Jacarepaguá. Uma evolução muito coerente e integrada com a equipe do carro de som, animando a comunidade. Além da ótima condução, a verde-e-branca surpreende a Sapucaí ao trazer um dos poucos reis de bateria. John Avelino reina ao lado da madrinha Amanda Mattos com muita destreza.

“Foi um ensaio muito bom. Estávamos há oito anos longe do palco maior do carnaval carioca e tudo que nós viemos testando nos ensaiamos de julho até aqui, foi posto em prática hoje. Na minha concepção foi um ensaio muito bom e muito consistente da bateria Ritmo e União. Agora é só ajeitar mais umas coisinhas pra no dia 18 a gente passar firme. Nós demos uma volta diferenciada esse ano, que volta no agogô, ele chamando o retorno da bateria e acho que vai ser o ‘boom’ do desfile”, contou mestre Marcus Vinícius, que levará 241 ritmistas para o desfile.

Colaboraram Augusto Werneck, Luisa Alves, Raphael Lacerda e Rhyan de Meira

Freddy Ferreira analisa a bateria da União de Jacarepaguá no ensaio técnico

A bateria “Ritmo União” fez um ensaio técnico muito bom, comandada por mestre Marquinhos. Um ritmo com uma musicalidade fluída ao longo de toda pista, com arranjos musicais pautados pela melodia da obra da escola. A cozinha da bateria (parte de trás do ritmo) foi marcada por uma afinação de surdos particularmente grave, inserida nas tradições da bateria da escola. O trabalho dos marcadores exibiu segurança e firmeza, tanto na primeira, quanto na segunda. O balanço dado pelos surdos de terceira a todo o ritmo merece exaltação musical. Caixas de guerras e repiques auxiliaram no preenchimento da musicalidade da bateria da “Ritmo União”, num trabalho de qualidade técnica notável.

As peças leves fizeram um ensaio consistente. A ala de tamborins exibiu um desenho rítmico simples, mas com precisão. O naipe de chocalhos seguiu o nível técnico de qualidade, adicionando valor sonoro ao ritmo da bateria da União de Jacarepaguá. Cuícas se exibiram de forma sólida, aliados a agogôs ressoantes que usaram a melodia da obra da escola como base musical, aproveitando suas nuances para consolidar seu toque.

A bossa da cabeça do samba provocou impacto sonoro, sendo pautada pelo bom balanço dos surdos de terceira, além da contribuição de qualidade dos ritmistas solistas do repique.

Uma subida de três mais elaborada também ajudou a dar swing e na plena fluência entre os mais diversos naipes. Mesmo baseada em simplicidade, o arranjo se mostrou eficaz e funcional durante todo o ensaio.

Cabe ressaltar a virada para a segunda do samba-enredo, onde uma nuance rítmica envolvendo surdos de terceiras e caixas pôde ser percebida, executando com precisão um pequeno arranjo que exibiu nítido bom gosto.

Uma paradinha no final da segunda do samba se destacou pela elaboração refinada. Um misto de ritmo e pressão, sem contar uma luxuosa retomada do naipe de agogôs que pontuou a melodia da obra no trecho “Firma ponto, eu quero ver, vai ter batuquejê”. Essa volta pautada pelo ritmo dos agogôs desenhando merece exaltação pela concepção criativa acima da média, ainda mais estando tão integrada à música. Para finalizar o belo arranjo musical, na última passada do refrão principal, os surdos fazem um contratempo com médios (caixas e repiques) e agudos (Tamborins e chocalhos) baseado na melodia do samba, numa constituição que deixou evidente o esmero.

Um ensaio técnico da bateria “Ritmo União”, de mestre Marquinhos, que apresentou inúmeras virtudes musicais. O prenúncio é de um grande desfile da bateria da União de Jacarepaguá, após um treino marcado pelo equilíbrio e consistência.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Vigário Geral no ensaio técnico

A bateria “Swing Puro” da Acadêmicos de Vigário Geral fez um bom ensaio técnico, sob o comando de mestre Luygui. Um bateria da Vigário que apresentou complexidade na concepção musical das paradinhas, além de elevado grau de dificuldade nas convenções rítmicas.

A parte de trás do ritmo (cozinha da bateria) ficou marcada por uma afinação de surdos bem grave, talvez uma das baterias mais pesadas de todo grupo nesse aspecto. Caixas de guerra consistentes, aliadas a repiques seguros também deram sua contribuição musical. Assim como marcadores de primeira e segunda foram eficazes, além dos surdos de terceira preencherem a sonoridade tanto do ritmo, quanto nos arranjos musicais.

Na cabeça da bateria da Vigário Geral, um trabalho consistente e sólido foi percebido. Tamborins e chocalhos de nível técnico exemplar contribuíram imensamente para a sonoridade. Cuícas seguras aliadas a um naipe de agogôs com nítida qualidade auxiliaram no preenchimento da musicalidade, com um desenho rítmico que se aproveitou das nuances melódicas da animada obra da escola.

Viradas, tanto no fim da primeira, refrão do meio e na segunda do samba, ajudaram na versatilidade da bateria da Vigário Geral com nuances rítmicas, dando dinamismo sonoro.

Um breque realizado antes do refrão do meio e finalizado em seu primeiro verso deu impacto sonoro a bateria da Acadêmicos do Vigário Geral. O arranjo musical utilizou os surdos de terceira para consolidar seu ritmo.

A paradinha no refrão que antecede o principal teve uma elaboração complexa. Iniciava com ritmistas abaixados, que iam se levantando à medida que tapas em conjunto eram efetuados por todos os naipes. Depois se aproveitou do balanço das terceiras e dos tamborins efetuando tapas em contratempo, até um corte seco antes do estribilho.

O apagão para o samba ser cantado em coro na primeira passada do refrão principal se mostrou funcional, embora arriscado por deixar somente o surdo de primeira mais próximo ao carro de som marcando, o que faz ecoar um tom grave, mas também auxilia numa melhor retomada. Cabe mencionar o impacto musical dos surdos de terceira, que deram um balanço envolvente à bateria “Swing Puro”. Vale o lembrete para que os ritmistas não se deixem levar tanto pela emoção a ponto de interferir na retomada, coisa que não ocorreu no ensaio, onde todos se mantiveram atentos.

Mestre Luygui tem motivos para sair da Avenida satisfeito com o desempenho dos ritmistas da “Swing Puro”, após o bom ensaio da bateria da Acadêmicos de Vigário Geral.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Porto da Pedra no ensaio técnico

A bateria da Unidos do Porto da Pedra fez um ensaio técnico satisfatório, sob o comando do excêntrico mestre Pablo. Ainda que seja característica musical do mestre um ritmo mais acelerado, a bateria poderia ter se apresentado de maneira bem mais equilibrada se tivesse adotado um andamento um pouco mais para trás, o que teria garantido maior precisão nas convenções complexas e de elevado grau de dificuldade.

Na parte traseira do ritmo (cozinha da bateria) a sonoridade ficou marcada pelo peso da afinação grave de surdos, que junto com o balanço provocado pelas terceiras deu molho peculiar a “Ritmo Feroz”. Caixas de guerra sólidas e repiques coesos também ajudaram a preencher a musicalidade da bateria da Porto da Pedra.

Já na cabeça da bateria, o bom trabalho da ala de chocalhos merece exaltação musical pela unidade sonora produzida com eficiência. Outro naipe que se destacou, adicionando qualidade musical a sonoridade produzida foram os tamborins. Executando um desenho rítmico que deu inegável swing, contribuiu de maneira notável com a parte da frente da “Ritmo Feroz”. Cuícas sólidas se uniram a agogôs, que ajudaram a pontuar a grande obra da escola de São Gonçalo através de suas variações melódicas.

É importante ressaltar que a construção musical de mestre Pablo, na bateria “Ritmo Feroz” da Unidos do Porto da Pedra não se assemelha a qualquer outra, no que tange a de certa forma padronizar sua musicalidade. Seus arranjos musicais são genuínos e pautados nem que de maneira inconsciente por sua personalidade tanto irreverente, como bem humorada. Uma coisa que Pablo costuma fazer com esmero é passar alegria quando sua “Ritmo Feroz” embala os componentes da escola de São Gonçalo.

O breque do final do refrão do meio deu um molho peculiar a bateria “Ritmo Feroz” no último verso “Onde o curumim vira animal”. A bateria faz um corte seco que logo é embalado por um toque fabuloso envolvendo ritmistas com timbal, que é repetido em sua constituição musical pelos demais naipes. Vale menção para a retomada do ritmo, unindo pressão e um swing extremamente envolvente.

A bossa do refrão principal iniciava no último verso da segunda do samba-enredo. A pressão provocada pelo arranjo musical complexo e elaborado tem tudo para ser um ponto alto musical no desfile da escola.

O balanço intenso dos surdos, junto com complementos consistentes de médios (caixas e repiques) e leves (tamborim e chocalho) provocaram impacto sonoro inegável, daqueles de fazer o coração de qualquer um acelerar, se empolgando com uma sonoridade pautada por uma criação de elevado grau de dificuldade de execução.

Já a paradinha da cabeça do belo samba-enredo também se aproveitou da sonoridade destacada das terceiras, permitindo um impacto musical notável a bateria da Porto da Pedra. A retomada é musicalmente desafiadora.

Um ensaio técnico que serviu como base para mestre Pablo poder aparar arestas musicais e corrigir pequenas imprecisões rítmicas, em busca de uma apresentação ainda melhor no desfile oficial.

Talvez um dos maiores trunfos musicais da “Ritmo Feroz” tenha sido saber explorar em sua totalidade o lado selvagem de sua musicalidade. Tambores ecoam em florestas desde os primórdios desse país. E os tambores gonçalenses ecoaram por todos aqueles que pelas nossas florestas lutaram. Essa análise de bateria é gentilmente dedicada a todo o sofrido povo Yanomami, além de toda etnia que resiste em perpetuar o modo de sobrevivência cultural indígena pelas matas brasileiras.