Unanimidade na comunidade, samba do Tuiuti para o Carnaval 2023 conquista os sambistas
O samba-enredo da Paraíso do Tuiuti de 2023 é uma unanimidade na comunidade. As palavras da cultura paraense já estão na boca do povo do Tuiuti e dos amantes do carnaval. Os segmentos estão confiantes, já que o resultado do canto com os componentes e o público no ensaio técnico foi satisfatório. Isso é resultado do trabalho da equipe de carnaval, dos ensaios de rua e da parceria vencedora da disputa.

Todo grande samba começa por um grande enredo. O trabalho dos enredistas da Paraíso do Tuiuti vem sendo elogiado pelos segmentos. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, os compositores Claudio Russo e Moacyr Luz, e o mestre Marcão falaram da importância desse trabalho.
“Esse é o quinto ano que eu estou na Tuiuti. Todos os enredos ajudaram muito”, elogiou Moa. “É impossível fazer um grande samba, se não tivermos um grande enredo”, complementou Claudio. “Fica mais fácil para os compositores fazerem um bom samba-enredo”, finalizou Marcão.
A disputa foi importante para o acolhimento do samba. A equipe de carnaval e o presidente Renato Thor se desdobraram para ouvir todos os concorrentes, e escolher o melhor para a escola. “A gente procura levar a melhor obra para o dia do desfile, um belíssimo samba. São muitos detalhes. O presidente nos bota para escutar muito samba no carro. Não é só a gente que vai estar cantando, os componentes e todo o público estarão conosco”, disse o diretor de carnaval André Gonçalves.
O estado do Pará já está na cabeça do desfilante da Paraíso do Tuiuti. O samba-enredo da parceria de Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Pier Ubertini e W Correia trouxe expressões típicas que caíram no gosto da comunidade.
“Sempre tento trazer palavras novas. Porque cultura nunca é demais. A gente trouxe a flor do mururé, o mogangueiro, trouxemos muitas coisas do carimbó, a curuminha. Acho que isso foi pensado para trazer cultura para o povo. Palavras que são pouco usuais aqui no Rio de Janeiro, mas não são difíceis de falar”, explicou Claudio Russo.
Os quesitos Bateria e Samba-enredo andam de mãos dadas. O mestre Marcão da Super Som do Tuiuti está preparando paradinhas em homenagem ao carimbó, ritmo típico do Pará. A qualidade do samba da Paraíso do Tuiuti faz a bateria se impulsionar junto com ele. ‘O samba em si já é alegre. Não é massante, é chiclete. Fica tudo mais fácil”, enfatizou Marcão.
A alma do samba-enredo na avenida, o carro de som, está empolgado com o samba. O entrosamento dos cantores com os componentes é notável. A obra casou com a voz do recém-chegado intérprete Wander Pires. “Foi escolhido o melhor samba. O samba da Tuiuti é um dos melhores que nós temos no Grupo Especial. Eu sou suspeito para falar porque sou intérprete. Vai dar muita felicidade para a gente”, afirmou Wander.
Talentosa, salgueirense Eduarda Apolinário inspira mulheres a cair no samba
Um dos sucessos do pré-Carnaval é Eduarda Apolinário, de 18 anos, passista plus-size do Salgueiro. A jovem dançarina começou no samba na ala de passistas mirins da Imperatriz, em 2015, mas o seu sonho já era desfilar pelo Salgueiro. Hoje, na sua escola de coração, emociona e inspira com seu talento outras mulheres a serem felizes com seus corpos.

“Eu sempre quis ser do Salgueiro, mas, para mim, era muito difícil chegar lá por causa de falta de recursos. Em meados do ano passado, eu fui procurar se já estava aberta a inscrição para a ala e vi que tinha o projeto [Samba no pé]. Fui fazer a inscrição e já fiquei”, disse Duda.
Infelizmente, a passista já sofreu gordofobia, nome dado ao preconceito com as pessoas gordas. Como é comum associar as passistas a um padrão de beleza específico, a presença dela já causou reações negativas no seu passado. Muitas pessoas já declararam vergonha de dividir ala com Eduarda.
“Quando eu era da Imperatriz, mães de passistas mirins falavam para minha mãe que, se tivessem uma filha gorda, teriam vergonha de ter na ala de passista. Olhares também, às vezes não precisa ser dito. Muita coisa. Falavam que ser passista gorda é uma vergonha”, relatou ela.
Nesses casos, a forma de resistir é o conhecimento. Apesar da dor que essa discriminação já lhe causou, Eduarda comenta que se sustenta na luta das pessoas gordas que vieram antes dela. Hoje, é ela quem abre caminhos e acredita que seu exemplo vai encorajar futuras gerações. A partir da repercussão que vem tendo nas últimas semanas, mulheres gordas já a contataram para falar sobre seus próprios casos.
“Depois que meu vídeo repercutiu bastante, muitas meninas vieram falar que eu sou inspiração. Uma menina falou que na cidade dela não aceitam passistas plus e falei para ela vir para Rio para sambar e ser passista comigo. Saber que sou uma inspiração para elas me dá mais força para continuar todos os dias. É mostrar que o samba não tem corpo e ele pode ser para todos e para quem quiser. As pessoas têm que entender que o samba é para todo mundo e não tem padrão”, contou a passista.
O reconhecimento veio pelas mãos de Carlinhos Salgueiro. Coreógrafo e responsável pela ala coreografada Maculelê da vermelho e branco, ele viu o potencial de Duda Apolinário no projeto Samba no pé. A passista fica grata por seu caminho ter cruzado com este professor.
“Ele é um mestre! Para mim ele é a maior influência, porque ele acreditou muito em mim e no potencial. Quando eu entrei no projeto, eu tinha muita coisa para melhorar. Ele me chama de ‘diamante bruto’ e ele está me lapidando. Graças ao trabalho que ele vem fazendo comigo e venho tendo essa repercussão”, agradece Eduarda.
O Salgueiro, 5º a desfilar no domingo, vai para a Marquês da Sapucaí com um enredo sobre liberdade de expressão a partir das interpretações de Paraíso e Inferno. Com um tema desse, a escola pede o fim de qualquer tipo de violência, intolerância e opressão por meio de seu desfile. Alinhada a isso, Duda Apolinário acredita que o carnaval do futuro será para qualquer tipo de corpo.
“Eu espero que o carnaval venha aceitando todo mundo, com todo mundo curtindo e aceitando o outro, apesar da competição. Muitos enredos estão falando de aceitação, o Salgueiro é um exemplo disso. Que no próximo carnaval tenha mais aceitação, mais liberdade! Que não tenha muito padrão”, projetou Eduarda.
Casal, evolução e carro de som se destacam em último ensaio técnico da Mancha Verde
A Mancha Verde realizou na noite de sábado o seu terceiro e último treino. Nesta oportunidade, o ensaio foi levado mais a “sério”, visto que em discursos anteriores, o presidente Paulo Serdan soltou a galera para brincar. Vale destacar o desempenho do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcelo Silva e Adriana Gomes, que mostraram outro nível de apresentação em relação aos dois treinos que a entidade alviverde realizou. É válido falar também do grande entrosamento entre bateria ‘Puro Balanço’, comandada por mestre Guma e o carro de som de Fredy Vianna. Os apagões realizados colocaram a comunidade para cima e deram um contraste a mais no ensaio da Mancha Verde. A evolução dentro das alas e a maneira como os componentes brincam é divertido. Não há preocupação com alinhamento. A Mancha Verde quer uma escola solta. O enredo da agremiação para 2023 é intitulado como “Oxente – Sou Xaxado, Sou Nordeste, Sou Brasil”.
“Esse foi bem. O outro eu realmente eu não tinha gostado de uma série de questões, inclusive em questão de alinhamento, porque não era assim que a gente estava ensaiando. A gente conversou na semana, fizemos ensaio de ala musical com a bateria na terça e quarta-feira para ajeitar o andamento. Hoje foi sensacional”, avaliou o presidente Paulo Serdan.
Comissão de frente
A ala representa puramente o enredo, que é a dança do xaxado. Dentro da encenação, nós vemos cangaceiros (incluindo Lampião e Maria Bonita) e outros personagens nordestinos inseridos dentro delas como Luiz Gonzaga, Maria Inês e Padim Ciço. É uma comissão de frente diferente, porque mistura o xaxado com uma parte humorística. O integrante que interpreta Luiz Gonzaga passa a avenida tocando sanfona e Maria Inês vai no triângulo, além de outros acontecimentos, como a reza de Padim Ciço. Vale ressaltar que a maioria dos componentes da ala estava dançando com uma espingarda, típica de cangaceiro.
Harmonia
É um samba diferente do que vimos no ano passado em relação à Mancha Verde, pois muito se compara. Nesta oportunidade, podemos notar algo mais cadenciado, até o próprio refrão não está dando aquela explosão de antes. Talvez isso dê a impressão de uma escola ‘fria’. Mesmo assim dá para notar que a agremiação alviverde está repetindo a dose e caprichando no canto. O que difere é a melodia. Os componentes cantaram alto e de forma sincronizada. A prova disso foram os apagões realizados pelo mestre Guma dentro do refrão principal.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Marcelo Silva e Adriana Gomes fez um ensaio muito mais leve nesta última noite. Anteriormente a dupla aparentemente optou por se pouparem, mas agora foi para valer. Realizaram de tudo. A coreografia dentro do samba, giros e o grande sorriso estampado de Adriana Gomes, que é uma das referências do carnaval paulistano. O ritmo do samba deu o tom, a dança fluiu e, em análise frente ao setor B até a torre 8, o casal teve uma grande performance.
Evolução
Foi um dos grandes pontos do ensaio, principalmente a evolução dentro das alas. A estratégia da escola é deixar os componentes livres para evoluir da melhor maneira possível, sem se preocupar tanto com alinhamento entre as fileiras. A ideia é de fato jogá-los soltos e leves no desfile. Isso tem dado muito certo, pois os desfilantes acataram a ideia e estão treinando dessa forma. Sorridentes e saltitantes. Os outros pontos foram feitos com bastante clareza, como o recuo de bateria preenchido com certa rapidez. Não houve demora para concluir a manobra.
Sobre os componentes evoluírem a vontade, o presidente disse que quer realmente desfilar daquela forma. “A ideia é desfilar dessa forma. É assim que a gente tem ensaiado na nossa quadra e assim ensaiamos no domingo, onde mostramos o vídeo da sexta-feira e do ensaio anterior. Hoje foi perfeito e saiu do jeito que planejamos. Foi muito bom”, comentou.
O carro de som comandado pelo intérprete Fredy Vianna, teve grande destaque por mostrar uma alta sincronia com a bateria ‘Puro Balanaço’ de mestre Guma. Os apagões foram realizados de forma correta e, dentro disso, o intérprete jogou a comunidade para cima, como é de sua característica.
“A ala musical hoje foi praticamente perfeita. Era o que nós queríamos executar na Avenida hoje. Nós temos um último ensaio aqui, mas é para a TV, esse aqui é o que vale de verdade. Acho que foi praticamente perfeito. Eu coloquei tudo que eu queria colocar na Avenida, as aberturas, os contracantos. As cordas que vieram divididas de uma forma fantástica. Tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, só tenho a agradecer a Deus por isso. Acho que foi 100%”, disse o intérprete Fredy Vianna.
O cantor também avaliou o canto da Mancha Verde. “O canto veio muito forte. Tem um “Sync” muito legal entre a bateria, o carro de som e a comunidade. Isso é primordial para que você tire as notas que você precisa, principalmente em Harmonia e Evolução. Eu não tenho do que reclamar, pelo menos do que vi aqui. A bateria veio muito ‘sincadinha’ com o carro de som. A gente conversou a semana inteira, eu o presidente Paulo Serdan e o Mestre Guma, para a gente ‘sincar’, acertar os finais de frases do samba, e isso deu muito certo. Tanto que a bateria veio num ritmo só, veio entre 142 e 143 bpm e não caiu disso. Nós estamos satisfeitos com o ritmo, até porque isso ajuda toda a escola, e principalmente o nosso casal nota 10 que é a Adriana e o Marcelo”, completou.
Outros destaques
A bateria ‘Puro Balanço’, de mestre Guma, manteve um grande desempenho neste último ensaio. É uma batucada muito técnica, cadenciada e que sabe marcar muito bem o samba. Além disso, realizou apagões em alguns momentos dentro do refrão principal, como nos minutos 36 e 41 do treino. Um próximo do outro.
“Esse último ensaio, depois de tantas conversas, foi essa última semana, não vou dizer difícil, mas a cobrança foi muito grande. Queríamos acertar a questão do andamento que é era prioridade, e hoje conseguimos cumprir. Agora é esperar o grande dia, fazer um grande desfile e trazer o tricampeonato para nossa entidade, declarou mestre Guma.
O diretor de bateria também especificou os ajustes que foram feitos. “O principal foi o andamento, assim, era uma situação que por conta do samba, ser mais cadenciado, estávamos buscando descobrir um meio termo e como foi falei, no último ensaio achamos que ficou muito cadenciado, não era o ideal para escola, evolução, e durante a semana foi muito puxado, conversamos muito com a rapaziada. Para colocar o andamento um pouquinho mais para frente, não é tão fácil, são muitos ritmistas, mas acredito que conseguimos deixar confortável para o componente evoluir e desfilar”, finalizou.
Colaboraram Fábio Martins e Lucas Sampaio
Manutenção de desempenho marca segundo ensaio técnico da Águia de Ouro
A Águia de Ouro realizou na noite de sábado o seu segundo ensaio técnico visando se preparar para o desfile que acontecerá daqui a duas semanas. O treino foi marcado novamente pelo forte canto da comunidade da Pompéia. Manteve o que foi feito no anterior. Mesmo com a grande tempestade que assombrou o início do ensaio, os componentes se mostraram aguerridos e cantaram com força o hino para 2023. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, João Camargo e Lyssandra Grooters se fizeram confiantes e realizaram uma apresentação segura, mesmo com a pista extremamente molhada. Além disso, a comissão de frente repetiu a dose e desempenharam uma criativa coreografia. “Um Pedaço do Céu” é o enredo da Águia de Ouro para o próximo desfile.
Comissão de frente
A ala levou um grande elemento alegórico. Em sua apresentação, interpreta-se que o contexto significa crianças brincando, fazendo travessuras, se divertindo e chegando ao céu. Os integrantes encenam mostrando a língua e fazendo outros gestos uns para os outros. Após toda essa encenação na parte de baixo, os personagens subiam no tripé e ainda ficavam brincando, até que, aparentemente achavam algo mágico. Interpreta-se que tal elemento alegórico representa o céu (tema do enredo) e os achados são as magias que existem dentro dele.
Harmonia
Sempre foi o grande destaque da comunidade da Pompéia. É uma escola que canta uma enormidade, seja qual for o samba. A agremiação sempre segue a linha de escolher trilhas sonoras alegres devido a isso. Deve-se aproveitar o máximo desse potencial da dos componentes. Porém, apesar de o canto fluir de forma totalmente satisfatória, deu uma leve queda em relação ao ensaio anterior, especialmente no último setor. Após o recuo de bateria, deu para notar uma queda de ‘explosão’ que as alas tiveram ao passar a faixa amarela, mas nada que tirasse o protagonismo. De fato, novamente foi o ponto chave.
O presidente da agremiação, Sidnei Carrioulo, avaliou o ensaio e falou sobre o canto da comunidade. “A chuva atrapalha um pouco, mas tecnicamente deu tudo certo. Espero que no dia do desfile tenhamos um tempo seco e a galera venha com a gente. A avaliação é que foi legal. O canto é um trabalho que a gente faz há bastante tempo. O ponto alto da Águia de Ouro realmente é o canto. Por isso que a gente escolhe sambas com tonalidades para fazer um grande coro. Está aí o resultado. A gente vem trabalhando na quadra, ensaiando e fazendo as coisas”, declarou.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal João Camargo e Lyssandra Grooters tiveram uma apresentação segura. Apesar da pista molhada, a dupla conseguiu executar os movimentos de forma leve. Nada de intensidade na dança. Abdicaram dos tradicionais giros horários e anti-horários. Desenvolveram um bailado satisfatório que corroborou no ritmo do samba, como pede a regra. Vale destacar o emprenho de Lyssandra para segurar o pavilhão. Deveria estar muito pesado, pois não foi uma chuva qualquer. Foi uma tempestade. E todos sabem que o casal de mestre-sala e porta-bandeira é o quesito mais afetado com esse tempo.
“Acho que a gente cumpriu tudo que tínhamos que cumprir. Finalizamos os ensaios técnicos com êxtase de tudo que criamos. Os intermeios da pista acontecem. Eu tive um tropeçãozinho, mas acontece. A gente tem que saber como voltar o foco. Acho que aqui, como eu sempre falo, aqui é para errar e é consertável. Aqui é para entender que imprevistos acontecem e como a gente sai de tudo isso. Deu tudo certo”, comentou a porta-bandeira
“A Adriana falou tudo. A gente tem ensaiado há algum tempo, e até o dia do desfile vamos acertar algumas coisas que são automáticas. São automáticas porque dependem de todo um contexto da situação em si, mas também estamos ensaiados para isso. Nos conhecemos pelo olhar, nos entendemos pelo olhar. Eu sei o que ela quer, e ela sabe o que eu quero. Essas coisas a gente acaba acertando e dá tudo certo. É visível que a gente ensaia também isso”, completou o mestre-sala.
“A gente sempre gosta de falar e comentar no final dos nossos desfiles esse bate-papo entre nós e nosso técnico Edinei. A gente sempre se prepara para tudo. Para você ver, estamos com calçados apropriados para dias de chuva justamente para que consigamos desempenhar exatamente o que mandam os pontos de balizamento. Apresentamos com muita propriedade, alegria, confiança e principalmente com segurança. Tendo total segurança para a minha Porta-Bandeira. Ela tendo total segurança, e a gente conectando essa parceria para que o efeito natureza seja só um efeito natural, mas que a dança seja forte e precisa, que é o que a gente apresentou para vocês”, avaliou o mestre-sala
“Acho que hoje a gente conseguiu executar o que a gente está vindo propondo. A chuva veio um pouco para “atrapalhar”, mas deu tudo certo, nos adaptamos super bem. Estamos trabalhando firmes e fortes, principalmente porque é meu primeiro ano na escola, na parceria com o João, e graças a Deus a nossa parceria está fluindo. Estamos muito felizes com o resultado e hoje gostamos do que estamos ensaiando”, completou a porta-bandeira.
Evolução
A Águia de Ouro teve um grande desempenho na sua evolução. Chama atenção para a ótima montagem da escola , que vem na ordem de: comissão de frente, ala coreografada, baianas, casal e abre alas. Há um visível grande preenchimento de espaço. João Camargo e Lyssandra tiveram muito espaço para evoluir. Algumas escolas também adotam essa estratégia de montagem no primeiro setor, mas a Pompéia fez com maestria. Parecia uma espécie de ‘tapete’ para encobrir tudo. Dentro do samba, as alas se mexeram bastante. Não tem coreografia nos grupos comuns, mas o ritmo da trilha sonora permite os componentes de cantar e dançar com muita energia. O ponto chave disso se mostra na transição entre os últimos versos e refrão principal, onde a comunidade ‘explode’.
Samba-Enredo
Falando da letra, o hino que se destaca por ser explosivo. Também demonstra muito amor e afeto pela comunidade da Águia de Ouro. O componente se sente muito representado dentro dele. Vale destacar o trio de intérpretes que está em ótima sincronia. Chitão Martins, estreante no carro de som vem dando as caras e colocando energia, que é a sua marca, Serginho do Porto com sua total identificação na Pompéia e também o Douglinhas Aguiar, também identificado com a agremiação e famoso pelo bordão “que a luz divina nos ilumine pro caminho da vitória”. A tonalidade de voz dos três tem dado muito certo e todos fizeram os seus cacos sem atrapalhar o companheiro.
“Mais uma vez a gente conseguiu começar no mesmo pique e terminar assim. A bateria terminou e continuamos cantando. Felicidade imensa participar desse projeto, a escola toda veio passando com alegria e eu acho que agora é só colher os frutos e eu tenho certeza que o resultado vai vir”, disse o intérprete Chitão Martins.
“O céu entregou águas abençoadas no começo e agora de novo. Muito bom, ensaio maravilhoso, acho que estamos nos preparando cada vez melhor. Esse entrosamento entre eu e todo o carro de som é maravilhoso. Estou muito feliz. Agora é aguardar o dia 18”, comentou o cantor Serginho do Porto.
“Só alegria. Acho que nós fizemos um grande ensaio no primeiro e não podíamos deixar a peteca cair. Conseguimos corresponder”, completou o intérprete Douglinhas Aguiar.
Outros destaques
A ‘Batucada da Pompéia’, regida pelo mestre Juca, veio novamente em um ensaio que se destaca muito por marcar o samba. Vale destacar a bossa feita nos últimos versos, onde nos últimos versos e acaba no refrão principal. Os acordes que acompanham, dão um grande efeito.
“Foi válido, muito bom, em relação a bateria, andamento foi o mesmo do começo ao fim, mesmo com a chuva, as afinações não cederam. Bateria cantando muito, tudo do jeito que a gente previu. Temos mais alguns ensaios na quadra para passar no dia 18, melhor do que foi. “Melhorou bastante, apesar da escola cantar, cantou bastante no primeiro ensaio, mas hoje se superou, a chuva não desanimou, muito pelo contrário. Temos que vir preparado para tudo, é difícil, vai ser um carnaval muito difícil, parelho, quem chorar menos vai poder mais”, avaliou mestre Juca.
Destaque para a ala das bandeiras amarelas, que estava localizada logo atrás da terceira marcação de alegoria. Dava um belo contraste na pista. A aposta em alas coreografadas tem dado certo. Todas tem sido bastante criativa.
Colaboraram Fábio Martins e Lucas Sampaio
Técnica irretocável e samba contagiante são destaques no terceiro ensaio técnico da Mocidade Alegre
A Mocidade Alegre foi a terceira escola a passar pelo Sambódromo do Anhembi neste sábado de ensaios técnicos, em preparação para o Carnaval 2023. Com destaque para o desempenho impecável dos quesitos técnicos, a chuva temeu o poder do samurai que homenageará e deu passagem para o espetáculo proporcionado pela comunidade do Limão. A Mocidade será a quinta agremiação a desfilar pelo Grupo Especial no dia 18 de fevereiro com o enredo “Yasuke”.
Comissão de Frente
A comissão de frente se apresenta ao longo de duas passagens do samba. Um tripé oculta parte dos dançarinos ao longo da encenação, permitindo explorar diferentes cenários na trama proposta. Manipulando pedaços de bambu como se fossem espadas, homens representam samurais, enquanto mulheres com leques em mãos atuam como gueixas. Um homem negro de aparência mais madura inicia a encenação em torno dos demais atores, dando lugar a outro, mais jovem, iniciando o segundo ato onde os samurais sobem na alegoria por escadas laterais. Os dois personagens distintos dos demais parecem representar a mesma pessoa em fases diferentes da vida, como se o primeiro iniciasse o conter de uma história. Provavelmente a pessoa em questão é o protagonista do enredo, o samurai Yasuke.
A apresentação é feita de uma forma que qualquer pessoa com mais afinidade com a cultura oriental irá se identificar. O clima que a atuação transmite é uma clássica retratação da saga de um herói que lembra enredos de animações japonesas. Funcionou como uma espécie de “live action carnavalizado” do anime que possui o mesmo nome do enredo. Fácil leitura e muito bem encenado do início ao fim. Seguindo dessa mesma forma, o desfile da Mocidade Alegre começará com o pé direito, de pisar equivalente à força dos passos do Yasuke visto na Avenida.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A chuva que caiu forte durante o ensaio do Águia de Ouro cessou assim que a Mocidade Alegre entrou na Avenida. Mesmo assim, Jefferson Gomes e Natália Lago optaram por ensaiar sem calçados, e evoluíram vestindo apenas meias nos pés. O que poderia ser uma oportunidade de treinar uma dança para condição adversa do desfile oficial parece que foi abortada pelo casal, que praticamente não dançou durante o período em que foram observados. Muitas apresentações do pavilhão ao público seguidas, poucos giros mesmo para uma dança mais focada na técnica. Não foi um ensaio bem aproveitado pela dupla.
Ao avaliar o desempenho do quesito neste ensaio, Jefferson citou o estado da pista do Sambódromo, tão ruim que nem os calçados especiais foram capazes de ajudar.
“Foi um ensaio muito bom pelas condições. A gente não pegou a chuva para descer, mas pegamos muita chuva na concentração, que molhou a roupa. Como o piso está inadequado, não é o piso do desfile, nosso antiderrapante não funcionou. A gente optou por vir com uma meia e, dentro das limitações, foi excelente”, disse o mestre-sala.
Natália fez uma observação curiosa quanto ao pavilhão, e que faz sentido do ponto de vista da física: objetos pesados sofrem menos com o vento do que objetos leves.
“O pavilhão chegou a pesar um pouquinho, porque justamente a gente pegou um pouquinho de chuva na concentração. Por conta do vento, é até melhor ele estar molhado e não seco, mas isso foi de menos. O que a gente tomou cuidado mesmo foi a questão do chão. De não escorregar”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Uma aula de quesito Harmonia em forma de ensaio técnico. A sensação que fica é que que a Mocidade Alegre está um nível acima das adversárias em um elemento tão importante para um desfile de sucesso. A comunidade parece atuar como se fosse um gigantesco time profissional de algum esporte. Cumprem seu papel, ao mesmo tempo que estão atentos às instruções dos diretores de harmonia, que também são um show à parte. As instruções são fáceis de serem entendidas até por quem observa de fora, sendo possível até estimar os momentos que a escola irá realizar bossas e apagões. Um desempenho impecável de toda a equipe.
Evolução
Outro quesito que teve uma atuação na qual é possível definir como didática. A Mocidade veio compacta do início ao fim, como se fosse um enorme tapete humano, não se vendo brechas amplas entre as alas em nenhum momento. A estratégia de recuo da bateria “Ritmo Puro”, mantendo chocalhos na pista antes de entrarem por completo, além de belo foi brilhante.
Também se trata de um quesito que está aos cuidados da direção de harmonia de uma escola, e nas mãos de Magno Oliveira, o que parece ser apenas técnico se torna uma autêntica orquestra. O diretor gostou do que viu, mas acredita que a Morada do Samba pode ainda mais.
“Ensaio bom. Tomamos uma bela chuva durante a montagem e ficamos preocupados, mas a nossa comunidade é muito forte e pesada, chegou com vontade de fazer. Hoje fizemos algumas correções, mas temos trabalho ainda para fazer, não estamos zerados. Mas eu acredito que o canto melhorou bastante hoje, e trabalhamos bastante em nota de Harmonia. Eu acredito que demos mais um passo, mas precisamos ainda nos acertar e se alocar, para chegarmos do jeito que queremos, bem redondo”, avaliou Magno.
O andamento da Mocidade no ensaio foi tão imponente que toda a escola terminou de passar com 54 minutos sem apresentar aumento ou queda no passo ao longo de todo treinamento. Um minuto abaixo do tempo mínimo regulamentar? Nada disso. Como tem se tornado quase um ritual a cada ensaio técnico, após todos os componentes da Morada cruzarem a faixa amarela, ficando apenas a equipe de Harmonia, Jefferson e Natália voltaram para a pista com o pavilhão principal seguidos da bateria. Entraram por completo, curtiram mais um pouco o momento e saíram pisando juntos com o pé direito no final da Avenida, fechando o portão com incríveis 59 minutos. Magno Oliveira citou a importância de manter ensaios constantes com toda a comunidade.
“É ensaio. A gente passa dias e dias ensaiando, onde você imaginar que a escola estiver, ela está ensaiando. Graças a Deus a nossa comunidade realmente abraça a causa, e conseguimos trabalhar com eles tranquilamente. Claro que chegam aqueles foliões de última hora, mas um vai ajudando o outro. Fizemos um trabalho na concentração mesmo antes da chuva. A chuva nos atrapalhou um pouquinho, mas no contexto foi legal. Então a gente consegue fazer essas coisas graças a Deus. Trabalhamos com um pouquinho de gordura realmente, então quando dá para a gente voltar, fazer e tal, a gente trabalha com isso. Quando não dá, segue o jogo. A gente trabalha muito para isso. É realmente um trabalho de barracão, com os diretores de alegoria, então é um contexto geral. Não sou só eu ou só o Junior Dentista. É todo mundo que abraça realmente a causa e trabalha. Acredito também que as outras escolas estão se preparando, e quem ganha é o público”, celebrou.
Um elemento que chama bastante atenção da atuação da direção de harmonia é a facilidade de compreender o significado dos sinais feitos pelos componentes do corpo técnico. Com uma passagem do samba de antecedência, toda a escola se comunica por gestos ao longo dos corredores, fazendo com que os diretores de ala transmitam o comando para os desfilantes e preparem a bateria para o que a escola pretende fazer naquele momento. Magno Oliveira novamente destacou a importância de todos os ensaios realizados ao longo da preparação da escola.
“Isso é baseado em ensaios. Ensaiamos incessantemente, principalmente os sinais. É para toda a escola saber o que estamos fazendo, e os sinais não são só para a diretoria ver. Toda a escola sabe exatamente quais são os sinais que fazemos. Fazemos isso no ensaio de domingo, no ensaio de sexta, fazemos nos ensaios específicos, e graças a Deus a gente consegue ter essa comunicação com o pessoal”, explicou.
Diante deste verdadeiro elenco de centenas de jogadores, Magno Oliveira exalta mais uma vez a comunidade da Mocidade Alegre como ponto mais alto do último ensaio técnico geral no Sambódromo do Anhembi.
“O que eu mais gostei, volto a dizer, é a nossa comunidade. Essa comunidade é incrível. Caiu o mundo, nos assustamos, e do nada começaram a brotar. Os ônibus chegaram, mesmo com o trânsito ruim, então eu dedico esse ensaio à nossa comunidade com certeza”, concluiu.
Samba-Enredo
Fruto de uma junção de duas obras finalistas, o samba da Mocidade Alegre caiu nas graças da comunidade e é um dos mais ouvidos da safra de 2023 de acordo com a plataforma de streaming Spotify. Uma obra de concepção simples, seguindo uma estrutura tradicional de samba-enredo, mas que funciona e levanta o público graças ao potente coral da Mocidade Alegre. Como o enredo traz uma proposta de temas que mistura o afro com o oriental, o que se vê na bateria é uma interação com o samba na forma de uma mistura exótica, porém contagiante de ritmos que levantam o público em bossas bem caprichadas e uma interpretação irretocável da ala de canto liderada por Igor Sorriso. O intérprete saiu da Avenida em êxtase, e falou com muita empolgação sobre o desempenho do quesito no ensaio.
“Meu povo canta demais. Minha comunidade canta muito, fica fácil. Sério, de verdade. É que eu não quero perder esse privilégio de ser cantor da Mocidade Alegre, mas todo mundo que não teve a oportunidade, tinha que ter a oportunidade de ser cantor da Mocidade Alegre por um dia para entender o que estou falando. É muito bom, é muito fácil, o povo canta demais. Fica fácil conduzir o samba. Eu sou apenas o porta-voz. Eu direciono, dou o caminho e o povo canta. Fica fácil”, comemorou.
Ao apontar o que melhorou em relação aos outros dois ensaios, que foram feitos em um espaço de tempo muito próximo um do outro, Igor citou a importância de se ambientar com a Avenida.
“É claro que quando a gente vem para a pista, para o campo de jogo, todo mundo fica tenso. No primeiro ensaio, está todo mundo tempo e aí vai se acostumando, o povo vai ficando mais à vontade, mais seguro, e consequentemente o ensaio vai evoluindo. Eu acho que do primeiro para o terceiro ensaio, fomos evoluindo progressivamente e o caminho é esse. E agora temos o quarto ensaio, que é grande dia, no desfile, que será ainda melhor, pode ter certeza”, declarou.
A ala de canto da Mocidade Alegre possui a presença de duas vozes femininas que estão se destacando nessa preparação para o Carnaval de 2023. Igor Sorriso falou sobre elas e exaltou a importância que possuem no desenvolvimento do trabalho.
“Talita Padovan e Didi Gomes, minhas duas meninas do carro de som, cantam demais. Auxiliam naquelas notas mais agudas, dão aquele brilho, aquela leveza ao samba, aquela qualidade vocal, isso é bacana. Tem a voz dos homens, aquele peso, mas tem a voz das mulheres também, para dar aquela leveza, que é o equilíbrio que a gente busca”, concluiu.
Outros destaques
Da comissão de frente até a última ala, passando por destaques de grande brilho, como a médica campeã do BBB Thelma. O brilho da Rainha de bateria Aline Oliveira se destaca em meio a essa constelação chamada Mocidade Alegre, com a bateria “Ritmo Puro” tendo novamente uma atuação fantástica liderada por Mestre Sombra.
O que se viu no Sambódromo do Anhembi neste sábado foi um conjunto geral do mais alto nível. Há elementos que ainda podem ser polidos, mas na essência é inegável que a Morada do Samba mais uma vez é candidata forte ao título do Carnaval de São Paulo. Com a temporada de ensaios técnicos quase acabando, o patamar do Carnaval de 2023 está especialmente nivelado para cima, e a Mocidade Alegre tem papel fundamental nas expectativas elevadas que a festa deste ano proporciona aos que estão acompanhando os preparativos desde o começo.
Colaboraram Gustavo Lima e Fábio Martins
Bateria é destaque positivo em ensaio irregular da Rosas de Ouro
A Rosas de Ouro encerrou a noite de ensaios técnicos nesse sábado no Sambódromo do Anhembi em preparação para o Carnaval 2023. Com destaque para a sempre ousada bateria de “Com Identidade”, de mestre Rafa, a escola por outro lado demonstrou fragilidade nos quesitos técnicos que precisam ser corrigidas até o dia do desfile oficial, terminando seu treinamento com uma hora e três minutos. A Roseira será a quinta escola a desfilar pelo Grupo Especial no dia 17 de fevereiro com o enredo “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”.
Comissão de Frente
Primeiramente é preciso parabenizar os dançarinos da comissão de frente da Rosas de Ouro pela coragem de encarar o desafio proposto. O elemento alegórico utilizado é altíssimo, com algo que provavelmente será um navio após a preparação para o desfile, que fica balançando de um lado por outro apenas com o peso e a movimentação dos dançarinos em cima dele. São movimentos bruscos, como se fosse um pêndulo, e há pouco onde se segurar. Ao longo das duas passagens do samba, parte dos atores descem do carro por buracos na parte de trás do tablado que escondem uma fina escada de metal. Definitivamente é uma missão para poucos.
A trama encenada pela comissão tem como principal objetivo impactar. Não há sinais de alegria em nenhum momento da apresentação, e quem está com as aulas de história frescas na memória entenderá claramente o que será contado. Um navio negreiro levando africanos para o tal do novo mundo para servirem de escravos, onde muitos deles nem chegavam ao destino já que eram jogados ao mar ao menor sinal de fraqueza que demonstrassem. Uma passagem cruel e sombria da história da humanidade que certamente, dando tudo certo, fará da comissão de frente da Rosas de Ouro um momento histórico para o Carnaval de São Paulo.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O desafio de Everson Sena e Isabel Casagrande para este último ensaio foi treinar utilizando as fantasias com as quais desfilaram no Carnaval de 2022, mas ao contrário do último desfile, a pista do Anhembi está agora com um estado de conservação muito pior. Somado ao vento, o desafio da dupla foi difícil e a sincronia em alguns momentos se mostrou irregular. Apesar disso, o pavilhão girou com valentia nas mãos de Isabel, e junto de Everson sempre foi exibido ao público com o respeito que a Rosas de Ouro merece.
Ao analisarem o próprio desempenho no ensaio, a dupla destacou a importância de ter a fantasia para fazer testes finais antes do desfile oficial. “Acho que foi muito bom. Deixamos para vir no último ensaio técnico de fantasia porque é realmente um ensaio muito importante. É o último antes do dia oficial. A gente fica muito feliz porque a Rosas de Ouro proporciona isso para a gente, de ter uma fantasia inteira e completa para conseguirmos trabalhar o nosso condicionamento físico na Avenida. Conseguimos desenvolver um bom trabalho dentro do que a gente vem ensaiando dentro desse período, desse trabalho, o que é muito bom”, avaliou Everson.
“Faço das minhas palavras as do Everson. Hoje foi o último treino, porque o jogo está chegando, mas no todo foi bom. Passamos de fantasia, e é bem diferente você passar. A gente falar que a roupa normal é biê, e passando com a fantasia conseguimos realmente ver as dificuldades para poder melhorar no dia. Mas no geral, foi bom sim. Foi bom e valeu”, declarou Isabel.
Ao citarem o que mais gostaram no ensaio, Isabel destacou a resistência da dupla, enquanto Everson exaltou a leveza e felicidade da comunidade da Roseira. “Acho que a resistência a tudo. O corpo já está moído. A fantasia não é uma fantasia leve, é uma fantasia pesada que veio machucando. Mas mesmo assim viemos, não deixamos a peteca cair, e chegamos no final. Fizemos tudo que tínhamos que fazer. Acho que ao todo foi muito bom, mas foi isso. A resistência”, disse a porta-bandeira.
Everson: “Acho que o clima estava bom, leve. Estava todo mundo muito feliz. Rosas de Ouro é isso, um povo feliz, um povo completo, e eu estou muito feliz por isso. Foi um desfile muito leve”, concluiu o mestre-sala.
Harmonia
O samba da Rosas de Ouro teve dificuldade em se destacar no coral da Roseira. Em praticamente todas as alas havia componentes que não pareciam animados em cantar, ou balbuciavam a letra com muita discrição. Falta pouco tempo, mas é um sinal amarelo a ser aceso para os ensaios de quadra que ainda ocorrerão até o dia do desfile oficial.
Curiosamente, a ala que parecia mais animada e cantava a plenos pulmões, foi justamente uma ala a qual a simples presença daquelas pessoas ali já são motivo de comemoração. A ala “Carnaval Acessível”, que vem quase no final, foi um show à parte, e precisa ser usada como exemplo para todo o restante da escola.
Evolução
O quesito tirou a Rosas de Ouro do desfile das campeãs no Carnaval 2022, e era para ter proporcionado lições a serem aplicadas para este ano. Porém, neste terceiro ensaio foi mais um ponto delicado. A Roseira veio grande, e entre os módulos três e quatro houve um descompasso muito grande no andamento da escola. Aceleradas, freadas, um anda e para agoniante que parece ter sido notado pela direção de harmonia, que foram vistos discutindo em dado momento. A escola correu um bocado no fim, e terminou o ensaio com 63 minutos.
O diretor de carnaval, Evandro Rosas, sabe que há elementos a serem ajustados, mesmo avaliando que a escola melhorou em relação aos outros ensaios. “A escola está em uma ascendente, vem melhorando, hoje foi muito bom. A escola estava com alegria, descontraída, cantando, teve uma boa evolução. Estamos chegando perto do que queremos, e buscamos mais um pouco para ficar melhor ainda. Mas acho que hoje fizemos um ensaio nota 8”, avaliou.
Em relação a melhorias percebidas, Evandro sentiu a escola mais leve na última passagem nesta temporada de ensaios técnicos. “Justamente a parte da evolução, a escola está mais solta, alegre, evoluindo de uma forma mais feliz, nas outras achei o pessoal mais tenso, então estava mais Rosas de Ouro hoje”, declarou.
Questionado sobre o que mais gostou no ensaio, o diretor disse: “Para mim, essa alegria, e o canto da escola”, concluiu.
Samba-Enredo
É inegável que o samba que tem todo o carinho da comunidade da Rosas de Ouro, mas após três ensaios técnicos a sensação que fica é a de que é possível entender o motivo dele ter sido preterido na disputa de 2005. É uma obra de letra pesada, mas que ao momento não possui nenhum momento muito vigoroso, que sirva como estopim para incendiar a comunidade. É belo, mas parece pouco funcional, e isso ficou evidente na harmonia da escola. Sendo analisado como quesito propriamente dito, o samba cumpre bem a proposta do enredo, de fazer as pessoas refletirem a respeito do que o próprio título do enredo prega.
Novo reforço da temporada para fazer dupla com o consagrado Royce do Cavaco, o intérprete Hudson Luiz analisou o desempenho do quesito neste ensaio. “O time de canto eu posso dizer que é um “dream team”, um time dos sonhos. Só temos maestros nas cordas. Cantando, só cantores “Camisa 10”, de primeira qualidade. Graças a Deus, fizemos um belíssimo trabalho. O desenho das cordas sobressaíram muito bem. As terças que foram feitas. Todos os desenhos de canto com a bateria aconteceram. O desempenho para mim digo que foi nota dez, e para o desfile com certeza a gente vai manter esse pique, essa energia, que trouxemos hoje para esse último ensaio técnico”, declarou.
Em relação a melhoras percebidas, Hudson reforçou a importância dos ensaios técnicos. “Tivemos bastante evolução. Na verdade, ensaios técnicos são para isso, para a gente assimilar se teve erro ou não, e onde pode melhorar. E a escola, graças a Deus, melhorou muito na questão a Harmonia, na questão do canto. Se hoje fosse desfile, eu diria que foi impecável. Toda a escola funcionou como uma engrenagem de fato, que é necessária para poder a escola brigar pelo título que está engasgado na garganta faz muitos anos”, afirmou.
Ao se referir ao que mais gostou neste último ensaio, Hudson garante que a Rosas de Ouro surpreenderá no Carnaval 2023. “Acho que a energia. A escola está muito motivada. Temos feito ensaios de canto que tem acontecido muito, e acho que o nosso canto evoluiu bastante. A escola está muito bonita, mas muito bonita de verdade, eu vi no barracão. A escola está muito motivada, até pela questão de ser um samba que muitos na época gostariam que viesse para a Avenida. Esperem a Rosas de Ouro, que vocês se surpreenderão positivamente”, concluiu.
Outros destaques
A bateria “Com Identidade”, liderada pelo vencedor do Estrela do Carnaval de 2022, mestre Rafa, parece ser a fonte do gás que o samba precisa para enfim incendiar na Avenida. Jovem e ousado, o líder dos ritmistas da Roseira não se intimida na hora de aplicar várias bossas diferentes e em sequência, o que faz da sua bateria um espetáculo sem igual. O mestre está muito satisfeito com o desempenho deus comandados e demonstrou otimismo ao analisar o ensaio.
“Foi espetacular. Quem treina e estuda, vence. No primeiro a gente passou legal, no segundo falamos que iriamos melhorar mais um pouco e agora entregamos como se fosse o dia. Se fosse o dia a gente vai com certeza alcançar um ótimo resultado. As nossas bossas são muito grandes e às vezes eu termino uma e já está chegando outra entrada, Já tenho que fazer outra sequência O risco que fica muito amostra, mas a gente vai fazer isso ou mais. Todas as passagens que a gente puder fazer bossa nós vamos fazer e acabou. Tem que atingir o jurado, campo de visão e tudo mais. Nosso povo está preparado para a guerra”, afirmou Rafa.
A Rosas de Ouro trará para o Carnaval de 2023 um enredo de temática importante e que ainda demonstra ser bastante atual, mas a sensação que fica é de que “Kindala” se apegou à nostalgia de um samba clássico. A torcida fica para que as palavras de Hudson Luiz se tornem profecia, e que a Rosas de Ouro surpreenda e faça um grande espetáculo na Avenida no dia 17.
Colaboraram Gustavo Lima e Fábio Martins
Bateria arrisca mais bossas, enquanto Carlos Jr e casal repetem destaque no segundo ensaio da Tucuruvi
Antes de vir a tempestade no sábado movimentado com seis ensaios técnicos, abrindo o dia, a Acadêmicos do Tucuruvi fez seu segundo ensaio técnico no ritmo de Bezerra da Silva, homenageado pela escola. Os destaques voltaram a ser casal e o intérprete Carlos Jr no carro som. Evolução melhora bastante do primeiro para segundo ensaio, a harmonia cantou, mas não teve uma explosão do samba. A azul, amarelo, branca e vermelha será a segunda escola a passar pelo Anhembi no sábado, dia 18 de fevereiro.
Comissão de Frente
Com um elemento alegórico grande na comissão de frente. Um dos atos era só com homens com roupas sujas de tinta, e o Bezerra ao centro, que pela característica boina é logo. Instrumentos musicais faziam parte da apresentação, talvez o ponto alto da apresentação por todo o contexto envolvendo Bezerra da Silva. Após a apresentação do grupo, surgiam as mulheres, desciam do elemento e muita movimentação. Depois somente as mulheres retornavam ao elemento alegórico, ao centro, este que girava. Foi uma apresentação de fácil leitura, apesar de ser bem intensa nos movimentos, até difícil de captar em imagens, mas dava para entender referências na malandragem da dança, as conexões com o homenageado já no início da escola.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Waleska e Luan muito entrosado, nos passos e olhares, chamaram atenção com os passos sincronizados, seja pelas mãos, ou nos pés, combinando para lá, para cá, e os giros envolventes com o pavilhão sempre desfraldado, nitidamente. Waleska com seu sorriso característico, Luan evoluindo nos seus passos, bailado, dá para sentir a energia deles, apresentaram o pavilhão nas duas primeiras cabines dentro do exigido, ou seja, passaram bem pelo ensaio, mais uma vez. No restante, brincavam bastante, estavam leves no ensaio, desfrutando o momento do último ensaio técnico junto com a comunidade como explicou o mestre-sala Luan Caliel.
“Comparado com o primeiro, esse daqui foi perfeito praticamente. Não podemos falar que foi 100% perfeito, pois a dança nunca é perfeita. Mas foi uma vibe incrível, vários momentos viemos nos divertindo, brincando com o público, mandando beijo para o público. Na hora do jurado viemos dentro do critério e depois passava o jurado, dava para brincar, tirar uma onda, é o último ensaio nosso com a comunidade então tem que vir um pouco mais descontraído e se Deus quiser vem os 40”.
A porta-bandeira Waleska Gomes, com sua lente que deixava o olho vermelho, até arrepia, enfim, na pista, mostrou muita concentração e entrosamento com seu mestre. Um momento era quando ambos abriam o pavilhão e centralizados na pista, sem ir para um dos lados da arquibancada. Sobre a apresentação, Waleska disse para o site CARNAVALESCO.
“Muito, trabalhamos todos os dias, acredito que vocês veem, e quando fazemos um ensaio geral, é diferente a energia. Pois dependemos da escola, andamento, depende do clima, do vento, chuva, e hoje estou feliz, pois rezei muito para o tempo ajudar nós. O vento acaba me atrapalhando e parece que foi tudo muito bom, o primeiro ensaio saímos feliz né filhão? Hoje zeramos o game, foi demais”.
Com o último ensaio e já mirando o dia do desfile, Waleska contou sobre o que esperar do casal da Tucuruvi: “Podem esperar um casal muito ensaiado, com a coreografia limpa, e nas pontas dos pés, o samba, o sorriso, a interpretação, e acima de tudo o amor pelo pavilhão, a nossa dança, o nosso amor, um pelo outro, nossa parceria é maravilhosa, é meu filho, parceiro de vida, se pudesse escolher dez mil vezes, escolheria. Então é isso que podem esperar, é uma fantasia linda, diferente do que já usamos, então fiquem ligados, que vão gostar”.
Harmonia
No quesito, a escola passou com o samba na ponta da língua, mas não senti nenhuma ala explodir no canto. Explicando melhor, o que dava para ver era uma escola que sabia o samba, cantava, mas um pouco tímida, ou seja, não com tanta potência. Destaco algumas alas em sua passagem pelo Anhembi. Uma delas, a ala revelação com bexigas azul e amarelo, dava um efeito visual interessante na pista. Baianas com contraste de cor azul e amarelo, eram bem animadas na pista, pura simpatia. Ala entrelaçados do samba destaque pela dança. Ala amigos de Guarulhos, maioria dos componentes cantando, ala da bateria também cantou. O diretor de carnaval, Rodrigo Delduque deu seu panorama da evolução em uma semana.
“A análise é positiva. No último ensaio, nós saímos daqui conscientes de que tínhamos algumas coisas a ajustar. Não está perfeito, mas evoluímos bastante em uma semana. Estamos atacando individualmente os pontos que achamos que ainda podem melhorar e tem surtido efeito. Hoje nós saímos daqui muito mais contentes do que na semana passada, e possivelmente sairemos ainda mais contentes no dia do desfile”.
O trabalho da Tucuruvi com o componente tem sido um dos fatores, Delduque explicou: “A Tucuruvi vem já há muitos anos no Grupo Especial, e isso nos ajuda muito. Mas o trabalho em específico com o componente, o trabalho individual com cada ala, e essa pedagogia, esse trabalho teórico também tem ajudado muito com que o componente se sinta, e é dentro da Tucuruvi, muito respeitado e cada vez mais valorizado. É o que o Carnaval pede, o que o Carnaval exige e a Tucuruvi não é diferente disso. Nós mostramos para eles a importância que temos no Carnaval”.
“Graças a Deus que hoje a tecnologia ajuda o sambista. A gente volta para casa com alguns pontos de observação, mas temos esses vídeos, essas transmissões maravilhosas como a de vocês para podermos nos basear e irmos ajustando. Sempre tem alguma coisinha para ajustar”.
Evolução
A evolução foi compacta e bem segura, algumas alas coreografadas ajudaram de modo geral na passagem da escola, inclusive vimos alas seguindo um ritmo coreográfico pré-definido pela diretoria, mas hoje com mais leveza e alegria do que no primeiro ensaio há uma semana. Deu para sentir diretores de harmonias bem preocupados com alinhamento, sempre buscando compactar a agremiação no máximo possível, o que já era bem ajustado, assim foi em todo ensaio. Fechou 56m12 segundos de acordo com o cronômetro do Anhembi que já está funcionando conforme o esperado. Muito do que avaliou Rodrigo Delduque em conversa com o site CARNAVALESCO.
“Conversei bastante com o Ricardo e a Fabi, que são nossos diretores de harmonia. Eles também tinham reconhecido alguns pontos. A nossa evolução dentro da própria evolução. Uma escola bem mais compactada, com uma evolução mais ativa, mais agressiva. Com um canto muito melhor do que vinha, ensaiamos bastante na quadra. Espero que dia 18 tudo isso daí seja multiplicado e possamos sair daqui com o objetivo cumprido”.
O diretor de carnaval, inclusive, fez questão de destacar a evolução como ponto chave no desfile: “A evolução em um modo geral. A evolução nos pontos que achamos que tínhamos que ajustar, e conseguimos sair daqui mais felizes. Eu saio feliz daqui com toda a escola, com toda a organização em todos os setores. Como eu disse, hoje temos os vídeos e as transmissões que nos ajudam a ajustar, mas eu saio feliz, mais do que eu saí da última vez com a escola toda”.
Samba-Enredo
O grande destaque foi Carlos Jr, o intérprete mostrou muita garra desde a concentração e a arrancada, indo junto com cada setor da comunidade do Zaca, claramente bem entrosado com sua nova casa. Pois conduziu o samba de forma muito bem executada, a ala musical foi o ponto alto neste ensaio técnico, levou o samba com muita clareza e ajudando as alas cantarem, quase todos estavam com o samba na ponta da língua. Primeiramente, avaliando a evolução do primeiro para o segundo ensaio, Carlão relatou.
“Melhorou bastante, primeiro que a infra do primeiro ensaio estava sendo montado, o que falo é a estrutura de som. Então percebemos, e mesmo assim fizemos um bom trabalho ali, digo em termos de carro de som, pois quem está no carro de som não sabe como está a escola, não temos a visão. Mas hoje procurei ver um pouquinho, e ver a infra, acredito que a Tucuruvi está preparada para disputar o carnaval. Não vou falar, ser ousado de falar que iremos ganhar o campeonato, pois temos que respeitar as coirmãs, até pelo fato de algumas delas estão há dez, quinze anos preparadas para isso. Estamos nos preparando aos poucos com essa nova diretoria do Delduque e essa oportunidade que o Seo Jamil está dando para ele. Foi através dele que vim aqui e até quando cheguei, achei que não viria para disputar não, achei que iria vir só para passar, ter uma tranquilidade e tals. Mas está no sangue a disputa, vi que a galera, os componentes pegaram a mensagem, e com certeza iremos chegar no dia 18, como diz a música do Zeca, uma criança pegando o leão. Vamos para cima dos leões”.
Toda sua energia no antes, e também durante desfile, que chegou a ajoelhar-se no meio das baianas, cantando o samba, mostrando contato com a comunidade, Carlão explicou: “Sou uma pessoa que não me diverti muito nos últimos anos, fiquei cinco anos estudando, passamos por pandemia, tive uma mudança de escola, pessoal do samba sabe, toda mudança, quando sai da zona de conforto é difícil adaptação, demora um tempo. Mas tive uma recepção muito grande dentro da Tucuruvi, que era inesperado, não sabia que as pessoas gostavam tanto da gente,quando você está em um momento, quase uma depressão, estava em um estágio de depressão. Quando está em um momento assim, o melhor remédio é o carinho, e consegui reconhecer isso e hoje quero servir da melhor forma que puder, possível. Até o fato que se tiver que ficar rouco, pagar por isso, vou pagar”.
Ao comentar sobre o samba de 2023, Carlos Jr ressaltou o estilo ‘diferente’ que muito tem se comentado no meio do carnaval: “É costumeiro no mundo do carnaval, pois o carnaval hoje é grande, São Paulo, Rio, Sul, é comum ter aquilo do melhor samba. Qual o melhor samba do ano, não consigo nunca definir o melhor samba do ano, até porque nasci compondo samba-enredo. Mas tem meu sentimento pelo samba, acredito que tem uns pela linha intelectual poética, muito bonita, e tem sambas que é da malandragem, sou de 1980, então esse samba é de malandro, falando de Bezerra, e eu adoro a malandragem dos anos 80, quando falo malandragem não é coisa de criminoso, falo da malandragem daquele que respeita criança, o adulto, que fala ‘o pai, é o seguinte, sei que você não está certo, mas é meu pai, estamos juntos’. Então esse samba retrata muito isso para mim, cantei muitos sambas durantes anos, que eram sambas de patrocínio, cantei Líbano, Itu, muitos patrocinados, e esse ano cantei uma homenagem, é a primeira vez que canto homenagem. E é o Bezerra, meu pai é fã, não é nem eu, é do meu pai que me ensinou samba, meu irmão me ensinou. Nem sei a discografia do Bezerra, mas sei que era um malandro de fato que ajudou muita gente nos morros, periferias, quebradas, tem história na Barra Funda, onde comecei, uma história de felicidade e tristeza na família, tem a religiosidade que é uma coisa que me pega muito”.
Destaco um momento que a ala musical e bateria fazem um arranjo na hora que cantam ‘Brasil’, uma referência clara a música ‘aquarela do Brasil’, ficou muito bem feita, um dos pontos altos do samba.
Outros destaques
A bateria do Zaca comandada pelo Mestre Serginho mostrou mais ousadia, arriscou bossas, no recuo mesmo teve um momento no refrão e retornou ‘nos morros, diversos talentos’, que já era previsto, mas analisando contexto geral, empolgou na condução do samba e funcionou com o novo ritmo implantado. Auxiliou de uma maneira mais próxima com o samba de Bezerra da Silva, que envolve toda a malandragem. Inclusive em conversa com o site CARNAVALESCO após o treino, o mestre de bateria comentou sobre.
“Hoje a gente fez mais um pouquinho de bossas que estamos acostumados a fazer. Não foi muita coisa, mas foi um tempero a mais. No recuo foi a mesma quantidade de sempre. Acredito que a escola estava melhor. O que eu estranhei muito é que no recuo tinha um eco muito grande”.
Em outro momento falou sobre o sistema de som que tem sido relatado pelos profissionais do carnaval: “A diferença que eu senti é que o som estava mais alto. No primeiro estava mais baixo. Acho que a bateria estava mais valente do que semana passada, principalmente no segundo setor, onde deu uma tranquilizada, mas agora melhorou. Não tem o que falar. A molecada faz um trabalho muito bom”.
Vale destacar a ala das passistas que tem o samba no pé, muito entrosamento nesta ala. Também vemos muita conexão com Bezerra da Silva nas camisas das alas, componentes, também referências em espaço de alegorias, integrantes, seja com a boina, óculos, estilo malandro. Ou seja, a escola vestiu mesmo o seu enredo, e irá para a avenida com muitas referências ao homenageado, inclusive, o filho do mesmo, Ítalo tem marcado presença, sempre muito intenso nos ensaios da escola, está bem entrosado e feliz com o resultado.
Colaboraram Gustavo Lima e Lucas Sampaio
Comunidade da Vila Maria abraça samba de sua história e tem uma nítida evolução em ensaio
Depois do clima estabilizar um pouco, a Vila Maria entrou na pista, foi a quinta escola a ensaiar no sábado agitado no Sambódromo do Anhembi. Homenageando sua história, a Vila mostrou uma franca evolução do primeiro ensaio para o último, com os quesitos crescendo, casal repetindo destaque com uma dança bem leve e sincronizada, bateria é destaque novamente, harmonia e evolução cresceram. Será a quarta escola a desfilar no dia 17 de fevereiro, famosa sexta-feira de carnaval em São Paulo.
Comissão de Frente
A comissão de frente vestidos de palhaço, vale citar um momento que um personagem faz o famoso espacate. Roupas azul e branco. Dois triciclos andando em círculo entre os componentes que com muita dança, gestos com braçais, bem mímico dos componentes. Outra dança bem expressiva e que contava com conexão com o público. A pista ainda estava um pouco molhada, mas os componentes não preservaram, buscaram saltos, seguiram o previsto da apresentação que remete muito ao circo, por vezes com sorrisos, interações dos palhaços entre eles ou com público.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Casal Laís e Edgar com muita leveza e sincronismo, com o pavilhão desfraldado e giros conectados nas mãos, mesmo com tanta intensidade. Evoluíram muito bem, apresentavam o pavilhão e seguiam com ele aberto até o outro lado da pista, puro entrosamento e habilidade, haja treino. Apresentaram o pavilhão no segundo módulo, muito bem no desenvolvimento da dança e em sua apresentação para a cabine de jurados. A porta-bandeira Laís Moreira, comentou para o site CARNAVALESCO sobre essa entrega toda que deu para sentir no casal neste ensaio, e com direito a pavilhão histórico da Vila, vem novidade?
“Acho que por ser o último, foi muito emocionante. Teve choro, vela, estresse, abraço, amor, troca de carinho, gratidão por estar nesse solo sagrado mais um ano juntos agradecendo a Deus só por estar aqui. Eu estava muito emocionada, segurei as lágrimas por muitas vezes durante a pista, ainda que a gente tenha que ensaiar, se dedicar e estudar mais um pouco, mas foi lindo e gratificante”.
Emocionados e satisfeitos, o mestre-sala Edgar Carobina complementou sobre: “Entre erros e acertos, foi uma noite muito especial. Vimos uma comunidade cantando e é bom demais dançar com a Laís que me atura durante tantos anos. Não tem nem o que falar”.
De fato, o casal fez uma apresentação bem envolvente, no Setor B foi a parte mais marcante com a Torcida da Vila cantando, fazendo barulho, e eles apresentando o pavilhão como manda o figurino, mas claro, com mais leveza por não ser para os jurados. Ou seja, destaques em mais um ensaio técnico, mostraram um bom trabalho, e sempre com o sorriso característico marcado no rosto de ambos.
Harmonia
Um dos pontos que a Vila Maria mais cresceu do primeiro para o último ensaio foi referente ao quesito harmonia. O cantou nos primeiros estava aquém, mas no terceiro deu para sentir uma melhora importante, componentes cantando com mais força. Destaco a Ala da Comunidade, que cantou bastante, a Ala Social também seguiu o padrão. E uma ala que veio no fim da escola, Ala Quintal da Vila, considerei muito animada mesmo encerrando o ensaio, estava evoluindo com leveza. Aliás, esse foi o panorama, a Vila veio mais leve dentro das suas escolas, representando de uma forma mais próxima ao samba que é de si próprio, importante.
Para o diretor de harmonia, Cesinha, um dos pontos altos é justamente no quesito: “Além do desempenho da “Cadência da Vila”, posso dizer que o quesito Harmonia da escola melhorou e muito. O povo está conseguindo entender que é preciso cantar. O recado que deixamos essa semana, tanto com o Mestre Moleza, o presidente Adílson, para a Laís, a nossa Porta-Bandeira aqui, para motivar o nosso povo a cantar o samba e entender o porquê eles precisam cantar. Carnaval é isso, é alegria. Se você não cantar, fica difícil até evoluir”.
Evolução
A evolução foi dentro do tempo com 61 minutos e alguns segundos, deu para sentir a escola desfilando com tranquilidade, sem pressa, cumprindo os requisitos de uma evolução. As alas fluindo entre elas com interação, brincando com o público, dançando e com elementos que ajudaram a preencher a avenida, boa parte das alas tinha algum em mãos. Sobre a apresentação com mais leveza, também foi percebido pelo diretor de harmonia, Cesinha, que nos contou.
“A escola veio mais solta, mais alegre e mais confiante. A comunidade abraçou literalmente a ideia de construir o nosso Carnaval contando a própria história. Hoje a escola estava mais leve, mais solta e mais confiante. Tenho certeza de que no dia 17, se Deus quiser, faremos um grande espetáculo aqui para o povo do samba”.
Seguindo a avaliação do quesito, Cesinha destacou a melhora na condução da escola na pista: “O quesito Evolução é uma. A gente conseguiu preencher alguns espaços entre determinadas alas, espaçamentos técnicos entre uma ala e outra, às vezes forma um buraquinho. Principalmente em relação ao primeiro ensaio técnico, nós melhoramos 95%. Não vou falar 100% porque seria falta de modéstia da minha parte, mas teve uma grande melhora no quesito Evolução. E no quesito Harmonia também, a escola deu um show, até porque com a “Cadência” fazendo esse ritmo para nós aqui, é impossível a gente não se jogar”.
Sobre um espaço notado pela equipe do site CARNAVALESCO durante o ensaio da agremiação, entre o segundo e terceiro módulo da escola, ou seja, nas alas na frente e atrás do primeiro casal, o diretor de harmonia relatou: “Como o primeiro casal não tem um espaço definido. Temos um espaço definido em que tudo que vem atrás da comissão de frente, então usamos da artimanha do manual do julgado. O casal não tem espaço, não foi comentado sobre isso, então vamos usar o espaço que o casal que está portando o pavilhão principal quiser usar. Podemos manter esse espaço para eles para deixá-los mais soltos até”.
Samba-Enredo
Em uma sequência frenética de Rio e São Paulo, shows, Wander Pires teve momentos menos intensos na condução do samba. Mas de maneira geral, fez uma apresentação importante, já que olhamos para o samba que fluiu muito bem neste ensaio técnico, o melhor dos três, nítido crescimento. Vale destacar o trabalho da ala musical como um todo, que ajudou bastante a levar o crescimento no quesito harmonia que citamos acima. Após a saída, Wander Pires que foi muito tietado, comentou com o site CARNAVALESCO sobre o último ensaio.
“Do primeiro ensaio para cá, nós evoluímos muito. Ficou muito melhor, hoje foi aquele clima, parece que esperávamos. O que a gente tem é essa vontade de fazer um bom trabalho, e estamos conseguindo, hoje conseguimos realizar esse trabalho. O ensaio hoje, digo que estamos prontos para fazer um desfile além do normal”.
Na questão das melhorias que foram feitas na ala musical, o intérprete da Vila Maria ressaltou: “Ajustamos, detalhes, coisas pequenas. Mas coisas que influenciam, mas conseguimos estar, está tudo certo, o samba está na boca do povo. Pessoal já tem um carinho especial pela Vila Maria, a cada ano que passa, conseguimos cada vez mais público para nossa torcida, e fico feliz, isso é fruto de um trabalho da Vila Maria. Antes de chegarmos na Vila, são 69 anos e já existia todo esse trabalho, fruto do trabalho de longos anos, Adilson, nosso presidente, junto com o vice Marcelo Rocha, o Queijo com a comissão de carnaval, e está maravilhoso, muito bom, a tendência é melhorarmos cada vez mais, e conquistar as pessoas, mas pelo coração”.
Teve momentos que deu para ver o Wander no meio da apresentação da escola, cantando o samba, e mostrava o carinho que tem pela comunidade. Ou seja, entregou ao máximo dentro da sua maratona.
Outros destaques
Bateria cheia de bossas, uma paradona no Setor B levantou o público. Outra no início do ensaio e uma no recuo. Foi com certeza um ponto alto, a bateria brincou com os instrumentos. No penúltimo setor parou no trecho e a bateria explodiu cantando “sou da Vila”. Inclusive cantaram muito, nas paradas deu para sentir. Outra parada foi no último setor, sempre que acontecia, a arquibancada explode. No trecho descendo o morro fazia barulho com instrumentos. Fato é que a Cadência da Vila manteve o excelente padrão na apresentação, repertório amplo e levantou o público em todos os setores, basicamente em todos teve algum momento de estouro.
O Mestre Moleza fez sua avaliação sobre o ensaio e a crescente de um para o outro: “Tivemos uma crescente. O segundo foi melhor que o primeiro e agora o terceiro foi melhor. A sonorização da avenida passando por alguns ajustes de sincronia. A gente estava no box de esquenta e pedimos para ajustar o retorno de som e o pessoal ajustou. No segundo som também. A Liga está de parabéns por proporcionar o som antes do desfile para gente poder fazer esses ajustes e já dá uma referência maior do que é o dia. Sobre o ritmo, colocamos a novidade que é o forró em homenagem aos imigrantes nordestinos na Vila Maria e também o funk, que hoje tem uma galera que gosta bastante lá no bairro. Resolvemos fazer essa homenagem”.
No ritmo das bossas, que já é uma marca da escola, sempre ousada na bateria, Moleza relatou: “A estratégia é fazer sempre. Se a gente estiver bem compactado com a harmonia da escola, e se conseguirmos fazer o que veio hoje, com a questão do espaçamento entre a rainha e a ala da frente, vamos ver tudo isso que vocês ouviram no ensaio”.
A rainha Savia David sempre bem conectada com a comunidade, um momento estava junto com Mestre Moleza, dando o ritmo. Seu look também despertou muita atenção, e claro, o samba no pé, que foi um pouco mais contido devido às condições da pista, mas não deixou de interagir com o público e sua comunidade.
Grupo de passistas entra no espaço do recuo, tiveram que fazer pequenos ajustes antes desta entrada, distribuir as passistas para um lado e para o outro, mas funciona. Outro detalhe é no penúltimo carro, uma limousine, com dois destaques dentro. E também uma ala com pessoal de patins, são coisas que chamaram atenção, o que virá no dia do desfile? Por fim, dois tripés que olha… Já queremos saber!
No futebol quando a torcida faz a diferença, dizemos que tem um décimo segundo jogador, podemos dizer o mesmo no carnaval? É uma ala extra, a Torcida da Vila fez um show na apresentação, conduziu a escola, ajudou bastante no gás especial.
Colaboraram Gustavo Lima e Lucas Sampaio
Freddy Ferreira analisa a bateria da São Clemente no ensaio técnico
A “Fiel Bateria” da São Clemente de mestre Caliquinho fez um excelente ensaio técnico, no encerramento das escolas da Série Ouro da Liga RJ. Um treino marcado pela conjunção sonora equilibrada e por arranjos musicais que com simplicidade deram balanço ao ritmo. Na cozinha da bateria, uma afinação pesada, particularmente grave foi notada, estando plenamente inserida nas tradições da escola preta e amarela da zona Sul. O balanço envolvente dos surdos de terceira foi percebido. Bem como caixas e repiques acrescentaram valor sonoro e integrando a musicalidade da “Fiel Bateria”.
Já nas peças leves, uma ala de tamborins de nítida qualidade técnica contribuiu bastante com a sonoridade da cabeça da bateria. O naipe de chocalhos também merece exaltação pelo trabalho sólido e destacado. A ala de cuícas, que tocou de forma coesa e correta, auxiliou no preenchimento da musicalidade da parte da frente do ritmo.
A tradicional subida de quatro dos surdos clementianos transcorreu de modo constante e seguro, permitindo uma fluência entre os mais diversos naipes a cada execução impecável.
A bossa realizada no refrão do meio deu impacto sonoro à bateria da São Clemente. Se aproveitou do molho envolvente dos surdos de terceira para iniciar a convenção com uma espécie de Afoxé, com uma pegada mais moderna. A finalização usando um toque de caixas ousado deu complexidade rítmica a referida bossa.
A paradinha de maior destaque sonoro foi a do refrão principal do irreverente samba-enredo clementiano. Uma elaboração musical moderna, fazendo alusão ao ritmo de Funk, estando plenamente inserida no que solicita a obra da escola de Botafogo. A construção do arranjo foi baseada no balanço dos surdos, principalmente pelo molho proporcionado pelas terceiras. Um acerto tanto cultural, quanto musical.
Mestre Caliquinho e toda “Fiel Bateria” clementiana tem motivos de sobra para ficarem contentes com o ensaio técnico realizado. Um ritmo que mostrou a bateria da São Clemente no caminho certo em busca de ajudar a escola com a nota máxima dos julgadores.