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Band prepara transmissão da Série Ouro com 26 câmeras e define apresentadores e comentaristas

A Band Rio exibe de segunda-feira, dia 13 de fevereiro, a sexta-feira, das 13h às 13h30, o programa especial Band Folia na Série Ouro. Com apresentação de Amanda Martins e participações dos jornalistas Bruno Chateaubriand e Leonardo Bruno e da geógrafa, gestora pública e ex-passista da Mangueira Rafaela Bastos, a atração vai desvendar a história das 15 agremiações que buscam uma vaga na elite do samba.

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Os desfiles da Série Ouro do Carnaval do Rio de Janeiro serão apresentados pela emissora com exclusividade na sexta-feira, às 21h, e no sábado, às 20h30. Posicionados em um ponto privilegiado dentro do Camarote Nº1, Glenda Kozlowski e Sergio Mauricio vão descrever toda a emoção vivenciada já no início da Sapucaí.

A transmissão terá comentários de Bruno Chateaubriand, Leonardo Bruno e Rafaela Bastos, com participações especiais das apresentadoras do programa Samba Coração, da Band Rio, Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, e Selminha Sorriso, primeira porta-bandeira da Beija Flor de Nilópolis. Na programação nacional, a exibição começa a 1h da manhã nos dois dias.

Seis equipes estarão dedicadas para mostrar todos os detalhes do evento até as 6h da manhã em 26 câmeras. Ao longo do espetáculo, o público ainda poderá votar em enquetes interativas no Band.com.br/carnaval para avaliar os quesitos comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, além da escola como um todo. Tanto no domingo quanto na segunda-feira, o repórter Rafael Pessina dará plantão no Camarote Nº1 trazendo a movimentação das celebridades.

Transmissão online e redes sociais

No digital, o público contará com uma cobertura robusta, com câmeras instaladas em pontos específicos para registrar a folia em tempo integral em todas as praças. De onde estiver, o folião poderá acompanhar as transmissões ao vivo de vários Carnavais da Band pelo Brasil no site Band.com.br/carnaval, no Bandplay e no YouTube do Band Folia. Conteúdos exclusivos direto da Sapucaí serão disponibilizados nas redes sociais do Band Entretê e Band Folia e no site oficial da emissora. A Série Ouro será exibida na íntegra na sexta-feira, a partir das 21h, e sábado, às 20h30 nos canais Band Jornalismo e Band Entretê no YouTube.

Sobre os comentaristas

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Bruno Chateaubriand: É jornalista, colunista de Veja Rio e há nove anos integra o júri do Estandarte de Ouro do jornal O Globo. Também foi jurado oficial da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), no quesito alegorias e adereços, entre os anos de 2007 e 2014. Em janeiro de 2023, realizou o primeiro simpósio de casais de mestre-sala e porta-bandeira do Carnaval do Rio de Janeiro e finalizou a obra “Mestre-Sala e Porta-Bandeira, uma Arte Essencialmente Nossa”, que será lançada no próximo ano pela editora ACE. Como jornalista, apresentador e ator teve passagens pelo SBT, RedeTV, TV Globo e Record. Em rádio, trabalhou na Tupi FM, Nativa FM e Mix. É autor do livro “Como Usar o WhatsApp a Seu Favor” em 2017. É conhecido pela produção de eventos sociais e culturais. Na área esportiva, é presidente da Federação de Ginástica do Estado do Rio de Janeiro desde 2017.

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Leonardo Bruno: É jornalista, escritor e roteirista, com trabalhos no cinema, no teatro, na TV e na literatura. Autor de sete livros sobre música e cultura popular, entre eles, “Canto de Rainhas”, “Zeca Pagodinho – Deixa o Samba me Levar”, “Beth Carvalho – De Pé no Chão”, “Explode, Coração – Histórias do Salgueiro”, “Cartas para Noel -Histórias da Vila Isabel” e “Três Poetas do Samba-Enredo”. No cinema, escreveu o roteiro do filme “Andança – As Memórias e os Encontros de Beth Carvalho”. Já no teatro, é autor do musical “Leci Brandão – Na Palma da Mão”. Na TV, assinou direção e roteiro da série “O Samba me Criou”. Atua como pesquisador do Observatório do Carnaval, no Museu Nacional (UFRJ) e em 2023 completa dez anos como jurado do prêmio Estandarte de Ouro do jornal O Globo. É comentarista de carnaval nas transmissões de TV desde 2020.

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Rafaela Bastos: Tem 25 carnavais pela Estação Primeira de Mangueira, sendo 23 deles como passista e musa da comunidade. Filha de dois integrantes da Velha Guarda da agremiação, é uma entusiasta do Carnaval e uma das organizadoras do estudo “Carnaval de Dados”, da Prefeitura do Rio. É responsável pela nova marca da Mangueira e sempre está ativa nos projetos que geram valor para a história da escola, ocupando atualmente o cargo de vice-presidente de Projetos Especiais da escola. É geógrafa e especialista em gerenciamento de projetos, branding e economia comportamental. Atua como gestora pública há mais de 17 anos e é presidente do Instituto Fundação João Goulart. Em 2016, foi condecorada com a medalha Rui Barbosa pelo seu estudo autodidata sobre a objetificação sexual das passistas.

Especial Barracões SP: A viagem da Tatuapé pelas histórias da cidade de Paraty

A série “Barracões” do site CARNAVALESCO embarca hoje em uma viagem rumo à cidade de Paraty, tema da Acadêmicos do Tatuapé para Carnaval de 2023. O histórico município do litoral sul do estado do Rio de Janeiro será retratado no enredo “Tatuapé Canta Paraty! Do Caminho do Ouro à Economia Azul. Patrimônio Mundial, Cultura e Biodiversidade. Paraty Cidade Criativa da Gastronomia”, em desfile assinado pelo carnavalesco Wagner Santos. O artista recebeu a nossa equipe e explicou como se dará essa jornada.

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Fotos: Lucas Sampaio/Site CARNAVALESCO

“A ideia partiu de um dos componentes da escola, amigo dos diretores da nossa agremiação. Foi ele que partiu com a ideia, que fez o contato com a cidade de Paraty com a nossa diretoria, e foi através dessa pessoa que conseguimos o apoio cultural para desenvolver o nosso enredo. Estamos desenvolvendo um enredo em homenagem à cidade de Paraty que eu fiquei muito feliz. Tem pessoas que tem a mania de criticar os enredos “CEP”, mas eu gosto muito de desenvolver enredos que homenageiam cidades, certo lugar ou certas pessoas, porque eu acredito que não é fácil de desenvolver”, disse.

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Viagem turística à cidade de Paraty

Homenagens a lugares nem sempre são vistas com bons olhos, mas muitos Carnavais históricos e campeões vieram de enredos com esta temática, e Paraty é um bom exemplo disso. Em 2004, a Unidos de Vila Isabel homenageou a cidade em uma apresentação apoteótica coroada com o título do Grupo A do Rio de Janeiro, e é um desfile lembrado até os dias de hoje com muito carinho pelo Povo do Samba.

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“Eu acho que para você desenvolver um enredo que irá homenagear uma cidade, um estado ou alguma região do nosso país, você tem que transmitir a alma e o sentimento do povo daquele local. Eu acredito que isso não é fácil, e você tem que trazer tudo isso de uma forma carnavalizada, onde as pessoas consigam ver aquela cidade que está sendo homenageada, que as pessoas consigam sentir as festividades daquela cidade, os passeios turísticos do local. Tudo isso estamos retratando de uma maneira bem legal. A ideia é fazer uma viagem turística à cidade de Paraty”.

Pesquisa do enredo: a emoção de Wagner Santos

Wagner Santos é uma verdadeira autoridade quando se trata de enredos “CEP”. Possui em seu currículo desfiles marcantes como as homenagem a Cubatão, em 2007 pela Vila Maria e o título na estreia pela própria Tatuapé em 2018, quando a escola homenageou seu estado natal, o Maranhão. Pesquisar para conceber o tema foi motivo de grande emoção por parte de Wagner pelas semelhanças que Paraty possui com sua cidade natal.

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“É um roteiro turístico pela cidade. Pelas suas festividades, pelos seus eventos, pelas feiras e congressos que lá tem. Diversas atividades culturais, artísticas e turísticas. A cidade também é conhecida como a cidade da diversidade gastronômica. A cidade de Paraty tem um cenário maravilhoso, do período colonial. A cidade tem uma coisa muito bacana, que me emociona e que eu gosto muito. O centro histórico de Paraty lembra muito da minha cidade no Maranhão. Aqueles casarões antigos, feitos pelos primeiros moradores da cidade. Nós vamos mostrar o centro histórico de Paraty, os locais mais procurados pelos turistas na cidade. Vamos falar da rica gastronomia da cidade. Vamos falar das festividades da cidade, mas também vamos falar dos eventos culturais que acontecem na cidade. E também vamos falar das belezas aquáticas da cidade de Paraty, que são diversas. Tem lugares encantadores na cidade para quem tem a oportunidade de conhecer, pegar um jet ski, passear pelas águas de Paraty. Pegar uma embarcação e conhecer algumas daquelas ilhas que compõem todo aquele cenário paradisíaco que rodeia toda cidade. Retrataremos no nosso enredo toda essa beleza e sutileza da cidade de Paraty. Os principais atrativos, o artesanato da cidade, o estilo de pessoas que moram na cidade. Mostraremos os hippies, que são muitos frequentes na cidade de Paraty. Retrataremos isso de uma forma bem carnavalizada, é claro, porque Carnaval é festa e alegria, e a gente tem que carnavalizar para termos um espetáculo de acordo com o que o Carnaval sempre merece”, explicou.

Paraty projetada no Sambódromo do Anhembi

O carnavalesco demonstrou otimismo em relação ao trabalho que a Tatuapé vem desenvolvendo para o Carnaval de 2023. Mesmo em um cenário de readequação da realidade por conta da pandemia da Covid-19, o carnavalesco aposta na inovação das propostas de se conceber um Carnaval nesse período retorno à certa normalidade.

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“Nunca podemos subestimar as nossas coirmãs, porque todo mundo que faz Carnaval, faz para ganhar. Todo mundo quer ser campeão. Mas eu acredito muito na proposta que levaremos para a Avenida. Levaremos um enredo bem diferente. As pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer a cidade de Paraty irão conseguir enxergar a cidade. Tenho certeza de que será um belo trabalho. Traremos propostas diferentes nas nossas alegorias, nas nossas fantasias. Uma proposta visual diferente, mas de acordo com o bolso da escola. A situação do país ainda não está normalizada, ainda está difícil. Estamos vivendo ainda uma situação pós-Covid onde o país está começando a se arrumar agora. Acredito que todas as escolas farão um Carnaval de acordo com o que cabe no bolso”.

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Conheça o desfile da Acadêmicos do Tatuapé

Wagner Santos resumiu o enredo de maneira geral e detalhou como se dará a distribuição dos setores ao longo da apresentação da Acadêmicos do Tatuapé.

“A Tatuapé irá apresentar um enredo em homenagem a Paraty. O resumo da história é um roteiro turístico que faremos pela cidade de Paraty. Faremos com que as pessoas conheçam as maravilhas e belezas que a cidade de Paraty tem a oferece a todos aqueles que tem vontade de conhecer. Claro que faremos dentro desse enredo a nossa viagem, porque a gente trabalha com Carnaval, trabalhamos com sonhos. Vamos partir para personagens mitológicos, para trazer essa Paraty para pessoas conhecerem. Através desses personagens da mitologia, personagens aquáticos, é que apresentaremos a Paraty que hoje nós conhecemos. A gente precisa ter um personagem, uma figura para retratar a história de Paraty. Não é só chegar e falar da cidade. Fomos lá na mitologia grega, fomos buscar personagens da mitologia grega, criamos personagens aquáticos, criamos um mundo aquático para apresentar a nossa Paraty de hoje”.

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Setor 1: “Passaremos no começo pela história de Paraty. Passaremos por piratas, portugueses, plantações de cana, momentos da colheita de açúcar, para chegar nos momentos atuais. Para chegar nos hippies, nas festas, na cidade gastronômica, são essas alas. Como, por exemplo, a nossa bateria. Ela representará Paraty. A cidade tem esse nome justamente pela grande quantidade de um peixe que existia na região, pelos indígenas que moravam na região, e esses peixes se chamavam “peixe-paraty”. A bateria retratará esses personagens aquáticos, que são os peixes da região da cidade de Paraty”.

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Setor 2: “Após esse primeiro setor, o número dois a gente já vem com o patrimônio histórico, lendas, gastronomia e Paraty, a Veneza brasileira. Porque ela tem um momento, uma fase do ano, que a cidade da maré enche a um certo ponto que invade a cidade. Aí, quando chega nesse momento, a cidade, no passado, acabou recebendo o apelido de Veneza Brasileira. O nosso segundo carro falará dos primeiros habitantes da cidade, os índios Paraty. Por que a cidade de Paraty tem essa raiz tão forte com o artesanato? Porque os nativos da região foram os primeiros que começaram com a venda de artesanatos. Cestos, balaios. A cidade é muito rica em traçados indígenas, como cerâmicas e diversos materiais de herança indígena.

Setor 3: “A partir desse momento, chegamos no terceiro setor. Já entram hippies, já entram os pescadores, uma série de situações. Séries, festividades que tem na cidade, como a Festa da Cachaça. Você tem a Festa da Literatura de Paraty. Tem um evento famoso de fotografia internacional. Tem uma série de atividades que envolvem todo aquele centro histórico da cidade. O carro que fala do patrimônio histórico da cidade, os casarões, traz outras informações, que são as lendas populares da cidade, a cidade gastronômica, mas também traz a Veneza Brasileira”.

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Setor 4: “Já o nosso quarto carro é o carro que falará das belezas da cidade de Paraty, a fauna e a flora. Vamos mostrar os espécimes curiosos de pássaros e animais que habitam a região. Mostraremos as cachoeiras. Mostraremos os passeios turísticos de jet-ski pela região da fauna e da flora da cidade. Também mostraremos as embarcações, os marinheiros, toda a beleza aquática que envolve a cidade de Paraty. Nós estamos retratando nesse carro como se fosse uma grande ilha. A volta dele é todo de água”.

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Ficha técnica:

Enredo: “Tatuapé Canta Paraty! Do Caminho do Ouro à Economia Azul. Patrimônio Mundial, Cultura e Biodiversidade. Paraty Cidade Criativa da Gastronomia”
Carnavalesco: Wagner Santos
Alegorias: 4
Alas: 19
Componentes: 2.500

Série Barracões: Tijuca vai mostrar a Baía de Todos Santos em narrativa lúdica desenvolvida por Jack Vasconcelos

No segundo ano à frente do carnaval da Unidos da Tijuca, Jack Vasconcelos resolveu retratar a Baía de Todos os Santos, de um jeito peculiar e próprio que já vem fazendo com os enredos que escolhe. Jack vai tratar uma região de muita cultura e espiritualidade, de uma forma lúdica, concatenando as histórias e os aspectos presentes na narrativa através do olhar das próprias águas da baía. Depois da complexa e criativa construção narrativa do enredo sobre o guaraná no carnaval passado, o carnavalesco agora se deslumbra com um enredo que tenta fugir da concepção óbvia chamada de C.E.P e dar vida a toda a multiplicidade cultural da Baía de Todos os Santos, região de muitos encantos naturais do estado da Bahia, mas também da pesca e da população ribeirinha, das lendas e da religiosidade, da música, e das festas. Depois de enredos sobre o guaraná, a arquitetura, Miguel Falabella e a música norte americana, a Baía de Todos os Santos era um tema que já se comentava muito dentro da escola e logo após o último desfile ganhou força.

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Fotos: Mauro Samagaio/Divulgação Tijuca

“Desde o final do carnaval passado, já se ventilava por aqui uma ideia de se fazer algo sobre a Baía de Todos os Santos, porque isso é natural de às vezes nas escolas a gente ter alguma ideia de enredo que a gente acaba discutindo em comum no corredor, ou alguém da diretoria que conhece alguém que foi em algum lugar e aí acabam vindo algumas ideias. E da Baía de Todos os Santos era um que estava bem forte, e o presidente Fernando Horta me perguntou se eu tinha alguma preferência de tema para o próximo ano e eu acabei externando a minha vontade de fazer o da Baía. E foi o escolhido e a gente desenvolveu”, revela o carnavalesco Jack Vasconcellos.

E para esta produção, Jack conta que durante o processo de pesquisa conheceu muito de um pedaço de Brasil que até então para ele era desconhecido, mesmo que fosse falado em outras esferas e outros ambientes externos ao carnaval. O artista define também que conhece um pouco mais do Brasil a cada trabalho que desenvolve.

“A gente no eixo Rio e São Paulo às vezes acha que conhece tudo de todos os lugares, aí toda vez que eu viajo para outro lugar fora daqui eu me surpreendo e vejo que a gente não sabe nada de Brasil. Eu já tinha levado um ‘tapa’ de Brasil quando eu viajei para Fortaleza para pesquisar sobre o Bode Ioiô no Tuiuti, e levei outro quando fui para a Baía de Todos os Santos. Porque são lugares que te trazem uma carga, um peso histórico e até energético muito grande. A experiência que eu tive na Baía de Todos os Santos foi quase espiritual. Eu viajando pelas Ilhas, em algumas cidades que a gente teve oportunidade de conhecer também para enriquecer a pesquisa, a carga de informação e de peso histórico mesmo, coisas antigas, coisas que você nem imaginava que poderiam acontecer e que aconteceram e as provas estão lá é impressionante. Uma coisa é você ler em um livro, ler em um artigo em site, mas quando você vê a parte da história do seu país ali na sua frente, materializada em um objeto, numa ruína, ou em um instrumento musical que foi trazido de um outro lugar do mundo alguns séculos atrás, isso muda a pessoa, muda a visão que a gente tem do nosso país, do país que eu vivo. A visão do país que eu nasci muda a cada ano em que eu faço um carnaval. Nela vão sendo anexadas mais coisas. É maravilhoso. E aconteceu muito isso o tempo inteiro”, entende o carnavalesco.

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Jack Vasconcelos explica como aconteceu a viagem a Baía de Todos os Santos que foi fundamental para que o artista pudesse reproduzir de forma mais certeira e precisa as maravilhas da região baiana.

“Passei quatro dias intensos lá. Eu acordava de manhã super cedo e a gente chegava no hotel muito tarde e no dia seguinte tinha outra viagem, outro lugar. Eu, por exemplo, passei um almoço no restaurante escola do SENAC e eles me deram uma aula de história da Bahia através da comida, das coisas que eu ia comendo, eles iam explicando o prato, como, quem trouxe e o que misturou com o que. O tempero era indígena que misturou com o africano que veio daquela região. Só isso já daria um enredo. Foi maravilhoso. Sou muito grato ao universo, a vida, por ter me proporcionado essa oportunidade de fazer essa viagem com essa atenção que eu tive lá. A gente foi muito bem tratado. Foi uma atenção absurda que eles deram pra gente e o apoio que deram depois em termos de material, de pesquisa, que é impressionante”.

Enredo pode ter pontos comuns com outros carnavais, mas com a visão única

A Unidos da Tijuca não será a única agremiação a falar de uma temática que está ligada territorialmente ao estado da Bahia. A Mangueira, em 2023, levará para a Sapucaí os cortejos afros do estado, enfatizando um toque feminino. A Bahia, aliás, sempre esteve muito presente no carnaval carioca, na produção dos enredos, pela proximidade cultural e até religiosa que a cultura baiana tem com a cultura do carnaval em si, e do carnaval carioca propriamente dito. Mas, a Azul e Amarela da Zona Norte, vai trazer para este desfile uma visão diferente da região, em primeiro lugar com um recorte territorial bastante específico, e também com um olhar para o enredo e para a narrativa bastante peculiar do carnavalesco Jack Vasconcelos.

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“Nós não estamos falando do estado da Bahia, falamos sobre a Baía de Todos os Santos, isso já dá um recorte bem específico, porque a gente está falando de uma região. Acho que é possível que os enredos se beijem em alguns momentos, natural. Eu não costumo pensar no que o outro está falando para fazer diferente. Eu faço do jeito que eu acho que deve ser feito para o meu enredo ser entendido. E eu acho que o que diferencia nosso enredo de outros que falaram de Bahia no geral é muito a questão da abordagem. A gente está falando sobre a região da Baía de Todos os Santos, e quem conta essa história é a própria água da Baía de Todos os Santos. Isso já dá um visual diferenciado porque sempre tem alguma coisa que liga como se a água estivesse te falando sobre aquilo. Não é tão compromissado com o real. A gente conseguiu uma narrativa lúdica para o visual da escola, para poder abordar as passagens do enredo”, esclarece o artista.

Parte estética não deve seguir desfile do carnaval passado

Sobre a parte estética, Jack, que foi muito elogiado pelo o que apresentou na Tijuca em 2022, afirma que o público não deve esperar uma continuação plástica porque a temática é completamente diferente, inclusive a visão dos narradores é completamente distinta.

“Eu costumo ser empregado do enredo. Eu boto a minha percepção artística a serviço do enredo. Acho que a gente sempre fica com um pouco da experiência do que a gente fez antes, isso acaba permanecendo nos trabalhos, porque a gente aprende com as experiências, mas é uma outra história. Então não faria sentido eu continuar com a mesma pegada porque não é o Curumim Kauê que está contando essa história. Aquela era a visão do Kauê contando o enredo. Através do filtro artístico do Jack, mas era o curumim, o olhar dele contando aquela história. Como agora é o olhar das águas da Baía de Todos os Santos contando a história dela”, define Jack.

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Muitas vezes retratado com um carnavalesco tropicalista pelos temas e o uso de cores, Jack confessa que gosta mesmo de um trabalho colorido desde que conectado com a temática do enredo.

“Eu gosto de ter a fantasia que eu vá mudar de enredo para enredo. Eu sei que isso não é possível cem por cento. A gente sempre vem de alguma coisa, é natural. Mas, eu tive o Kauê no ano passado, contando a história do guaraná, que foi um visual de carnaval que deu muito certo aqui. Só que eu não posso repetir essa linguagem porque o meu narrador então é outro. Eu tenho outro personagem contando outra história. Aquela linguagem já não serve para cá. Então eu vou estudar e vou experimentar outras coisas para que a Baía de Todos os Santos seja entendida como Baía de Todos os Santos e não como o Kauê contando essa região. Acho que falam de tropicalismo por causa da cor. Eu gosto muito de colorir tudo. Mas eu acho que a cor é uma ferramenta de comunicação muito potente. O Carnaval por si só a gente já espera muito colorido. Acho que cor é fundamental no diálogo com o público e no visual”, explana o carnavalesco.

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O artista acrescenta, ainda falando da parte plástica do desfile, que não procura desenvolver estereótipos para a sua forma de fazer carnaval. Segundo o carnavalesco há espaço para o moderno e para o tradicional.

“Acho que podemos ter uma Tijuca de tudo um pouco. Tradicional, mas com inovação. Não tenho essa neurose, não fico perseguindo ‘Ai! eu preciso ser inovador’, não. Acho que as ideias quando são boas vão acontecer. Pode ser uma ideia antiga, e está sendo revisitada. Porque nada é novo. A gente sempre vai partir daquilo que a gente já viu antes. Tudo é inspirado em alguma coisa que você já viu na vida em algum momento. É um processo evolutivo”, acredita o artista da Unidos da Tijuca.

Enredo é trunfo, mas escola tem outras grandes apostas para este carnaval

Sempre muito elogiado, a construção e o desenvolvimentos dos enredos por parte do Jack de forma criativa mas também clara é sem dúvida um grande trunfo da Unidos da Tijuca. O fato de ter escolhido um tema tão rico em cultura e diversidade também pode render um grande desfile. Mas Jack Vasconcelos acredita que a agremiação também vai ter outras armas, principalmente a vontade que a comunidade tem demonstrado nos ensaios para cantar o samba e evoluir com alegria.

“A gente tem um enredo muito bom, a gente tem quesitos muito bem ensaiados e preparados para o desfile. O desfile da Tijuca como um todo acho que será muito bom. A gente tem componentes apaixonadíssimos pela escola, eles nem cantam, gritam o samba-enredo. Isso é uma coisa tocante, dá alma para o que a gente faz aqui. A gente trabalha em objetos inanimados, e aí eles vão ganhar vida lá na Sapucaí. Saber que eles vão ganhar essa vida toda, é incrível. Até a gente do barracão está ansioso com o desfile, porque a gente sabe que vai ser incrível”, aposta o artista.

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E o casamento entre Tijuca e Jack vai se desenrolando bem em seu segundo ano. O artista conta que já está bastante adotado à agremiação e que tem desenvolvido uma relação muito boa com os segmentos, diretoria e comunidade

“Trabalhar na Tijuca é muito bom porque tem uma vibe muito sossegada, um negócio bacana. Eu tenho liberdade para trabalhar mas também sei que tenho os meus limites porque existe um diretor de carnaval que também tem a área de atuação dele, eu respeito o espaço do Casagrande, da presidente da ala das baianas, que tem tal necessidade com a roupa, passistas a mesma coisa. Eu me sinto respeitado e também respeito. E a gente dialoga bem e faz um bom projeto”, conclui o carnavalesco.

Conheça o desfile da Unidos da Tijuca

Para 2023, a escola do Morro do Borel vai levar para a Sapucaí cinco alegorias, sendo o abre-alas acoplado, dois tripés, mais o elemento cenográfico da comissão de frente. O contingente é de cerca de 3200 componentes e 28 alas. O carnavalesco Jack Vasconcelos esclareceu mais sobre os setores do enredo “É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra”.

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Abertura: “Kirimurê, no primeiro capítulo a gente fala da prisão dos tupinambás. Contamos a origem da Baía de Todos os Santos”.

Segundo Setor: “É o capítulo que fala sobre o povo que existe desde o descobrimento pelos europeus até a construção do sentimento de pertencimento da população que vai acabar nascendo, vai se encontrar ali”.

Terceiro Setor: “A gente fala da religiosidade que já são os frutos desses diálogos e a gente tem a relação com a religião de forma muito particular, essa troca da africanidade com o católico, com o indígena”.

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Quarto Setor: “A gente fala da relação da população ribeirinha com a Baía de Todos os Santos. A tradição da pescaria, das marisqueiras, da produção destes lugares e como se transita nessa baía, como vão parar nos mercados e nas feiras”.

Quinto Setor: “A gente fala sobre a natureza, citamos as ilhas e a relação do meio ambiente com as lendas”.

Sexto Setor: “O processo de carnavalização das festas e essa relação deles com as festividades, com a alegria”.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Grande Rio no ensaio técnico

A bateria da Acadêmicos do Grande Rio, sob o comando de mestre Fafá, fez um ótimo ensaio técnico no encerramento dos treinos para o desfile oficial. Uma musicalidade pautada pela cadência, pelo equilíbrio sonoro e pela equalização diferenciada envolvendo os timbres. Com arranjos bem elaborados, mas baseados em simplicidade, além de sempre integrados com o samba-enredo da escola de Caxias.

A cozinha da bateria exibiu um ritmo de profunda integração musical. Marcadores de primeira e segunda tocaram com leveza, garantindo a manutenção do andamento, tirando som dos surdos sem excesso de força. Surdos de terceira apresentaram um trabalho sólido e consistente, propiciando um swing envolvente ao ritmo caxiense. Repiques de inegável qualidade preencheram a musicalidade com exatidão. Caixas de guerra seguras, coesas e ressonantes foram percebidas, amparando as demais peças num toque que adicionou valor sonoro à bateria da Grande Rio.

Na cabeça da bateria um trabalho primoroso envolvendo as peças leves foi notado. A ala de cuícas se exibiu de modo seguro e coeso. Um naipe de chocalhos extremamente diferenciado contribuiu demais com a sonoridade da parte da frente do ritmo, tocando de forma atrelada musicalmente aos tamborins. A ala de tamborins merece não só menção, como exaltação musical. Tamborins se exibiram com firmeza e de forma chapada, executando um desenho rítmico de amplo destaque sonoro. Vale ressaltar que junto dos chocalhos, os tamborins participaram com precisão da bossa de maior complexidade e alto grau de dificuldade. Não poderia deixar de ser citado o trabalho praticamente relicário do naipe de agogôs. Com a batida do instrumento pautada pela melodia da divertida obra da Grande Rio, sua sonoridade deu molho considerável à bateria.

A bossa da cabeça do samba enredo uniu pressão dos surdos e tapas de diversos naipes. Um misto de boa sonoridade e integração musical com a obra da escola de Caxias. Antes da conclusão, o bom balanço das marcações foi notado, num arranjo musical que explorou sobretudo a diferença de timbres entre as afinações.

A paradinha do refrão do meio mostrou certa complexidade, além de elevado nível de dificuldade de execução. Tudo começa num corte seco ainda na primeira parte do samba, logo após o trecho “Eu tenho”. Logo após a fechada abrupta, os tamborins executam uma subidinha curta, bem em cima do momento que o ritmo é travado, num movimento rítmico de ousadia e disciplina. Depois surdos e principalmente caixas ganham destaque numa elaboração musical com pegada moderna e sofisticada. Sempre acompanhando a música com uma sonoridade produzida com inegável bom gosto.

A paradinha do final da segunda do samba envolveu um pequeno “apagão” que deixou o canto entoar em coro em alusão ao pagode, além de uma retomada profundamente atrevida já no refrão principal. Somente Chocalhos e Tamborins fazem um solo arriscado, mas realizado com precisão absoluta durante toda a pista. Uma bossa que mesclou ritmo exemplar e uma ovação popular considerável, graças a uma constituição requintada aliada a execução impecável.

Mestre Fafá, sua diretoria e ritmistas estão de parabéns pelo grande ensaio técnico realizado. Uma bateria da Grande Rio que apresentou um ritmo enxuto, além de uma conjunção sonora de nítida qualidade, graças ao trabalho rítmico acima da média em todos os naipes.

Com Zeca presente e samba na boca do povo, Grande Rio realiza ensaio técnico perfeito e vai em busca do bicampeonato

A Acadêmicos do Grande Rio, atual campeã do carnaval carioca, fechou com chave de ouro a maratona de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Na noite de domingo, a agremiação de Caxias passou pela avenida com o gabarito de quem é a atual campeã, mas também com as credenciais de quem vai em busca do bicampeonato. O ensaio, que durou pouco mais de uma hora, contou com o teste de luz e de som que serão vistos no desfile oficial. Vários foram os pontos fortes vistos nesta noite, o samba e consequentemente o canto da comunidade sobressaíram, mas vale destacar a belíssima apresentação da comissão de frente, o bailado sincronizado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, além da cadência da bateria comandada por mestre Fafá, em ótima sintonia com o intérprete Evandro Malandro. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

O cantor Zeca Pagodinho, grande estrela do desfile desse ano, esteve presente no ensaio e arrancou muitos aplausos do público presente, ele desfilou em cima de um tripé ao lado da família e rodeado de caixas de cerveja, doces e frutas, componentes da escola inclusive distribuíram cerveja nas frisas, o que causou enorme comoção. A Grande Rio será a segunda a desfilar no domingo de carnaval, dia 19 de fevereiro, quando levará para a Marquês de Sapucaí uma homenagem ao cantor Zeca Pagodinho, através do enredo “Ô Zeca, O Pagode, Onde É Que É? Andei Descalço, Carroça E Trem, Procurando Por Xerém, Pra Te Ver, Pra Te Abraçar, Pra Beber E Batucar”, desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

“Acho que foi muito bom, muito positivo. É nossa preparação final. Durante a semana a gente vai fazer ainda algumas reuniões, porque foi um treino no campo de jogo. Acho que a escola está quase pronta. Poucos detalhes. Gostei muito do canto, da participação da nossa comunidade. Esse é o nosso enredo. E todo mundo sai daqui feliz. Agora, feliz não é com salto alto, muito pelo contrário. Feliz com a atenção redobrada, porque nós temos que fazer isso e melhor no domingo. Mas eu saio satisfeito, porque tudo que eu queria ver aqui eu vi. Acho que a Grande Rio é uma escola completa. Os quesitos de chão hoje aqui fizeram muito bem o seu papel. E acho que o destaque é o conjunto da escola, canto, bateria, casal de mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, a organização da escola. Então acho que é um conjunto. E para (gente) ser campeão o nosso gráfico não pode ser pra cima e pra baixo, ele tem que ser linear e no alto. A gente tenta manter isso. O que eu queria ver aqui eu acho que correspondeu muito bem. Agora, são reuniões, ver vídeos desse ensaio. Gosto muito de trabalhar com vídeos. Aqui no ensaio a gente já corrigiu muitas coisas, em ala e tal. Aqui é feito para isso mesmo. Pra errar e para corrigir. O recado pra galera toda está dado… e a gente está quase que 99% pronto”, explicou Thiago Monteiro, diretor de carnaval.

Comissão de frente

A expectativa em cima da consagrada dupla de coreógrafos Hélio e Beth Bejani é sempre a maior possível, pelo que foi apresentado durante o ensaio, podemos esperar mais uma comissão que tem tudo para ser marcante. Extremamente popular e de fácil leitura, a comissão passeou pela vida de Zeca, foi realmente uma imersão ao enredo, os componentes da comissão encantaram o público com uma dança alegre, bem coreografada e com passos bem marcados na letra do samba. No final da apresentação, o boneco que representava Zeca interagiu com os componentes da comissão e levantou o público da avenida. Vale ressaltar que diferente da maioria das escolas, a apresentação da comissão utilizou uma passada e meia do samba.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Daniel Werneck e Taciana Couto formam um lindo casal e defendem com maestria o pavilhão da tricolor de Caxias, durante o ensaio desta noite ficou evidente o quanto eles se entendem apenas com o olhar, a dança deles é bastante coreografada e requer um maior nível de concentração e sincronismo, algo que eles dominam perfeitamente bem e com extrema naturalidade. Em um determinado momento eles davam um selinho e faziam o público vibrar. Foram três apresentações de excelência e que dão tranquilidade para o torcedor tricolor.

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“Para genge foi maravilhoso. Senti pela primeira vez, no ensaio técnico, o teste de luz e som. Para gente foi bastante importante. É essa alegria que a Grande Rio vai trazer no domingo de carnaval. A gente sempre se cobra demais. A gente quer passar aqui e deixar nossa mensagem. Vamos assistir os vídeos e onde a gente consegue dar uma melhorada, vamos dar com certeza. O ensaio técnico é muito importante para saber o andamento da escola e o tempo que ela vai sair de um jurado para outro”, disse Daniel.

“Foi um ensaio maravilhoso. Sentir esse clima, sentir o clima da avenida, saber como anda o desfile, o andamento da comissão de frente e da bateria. É muito importante esse teste aqui, agora com luz e som. Ter esse previlégio pela primeira vez é super importante para gente. Conseguimos fazer na avenida o que a gente propôs e veio trabalhando durante o ano. Falar de Zeca, falar de alegria, falar de carnaval, da boemia. É isto que a Grande Rio está trazendo pra avenida, muito amor e comemoração pelo título. A gente sempre tem alguma coisinha pra ajustar, vamos assistir os vídeos e ajustar tudo pra domingo que vem”, completou Taciana.

Samba-Enredo

De autoria Igor Leal, Arlindinho, Diogo Nogueira, Myngal, Mingauzinho e Gustavo Clarão, o quitandinha de erê, como ficou popularmente conhecido, já estava na boca do povo antes mesmo de ser escolhido oficialmente pela escola como o samba-enredo oficial na homenagem a Zeca Pagodinho. Com uma melodia leve e uma letra fácil, é possível rapidamente viajar pelo subúrbio carioca nessa grande procura pelo Zeca, como propõe os carnavalescos.

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No ensaio desta noite, antes mesmo dos primeiros acordes começarem, o público nas arquibancadas já cantava com enorme empolgação. O mesmo foi observado nas alas, a comunidade se divertiu e deu um show de canto. Várias foram as partes cantadas com mais empolgação pelos componentes, mas destaca-se o refrão do meio e o final do samba, “Zeca! Levante o copo para o povo brasileiro, te encontrei nesse terreiro, Xerém é o seu quintal!”.

Harmonia

Impulsionada pelo samba e o excelente desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Evandro Malandro, a harmonia da Grande Rio foi um dos inúmeros pontos altos do ensaio, como dito anteriormente, o samba tem uma melodia leve e com letra fácil, o que permite todos se sintam envolvidos e queiram cantar, a bateria de mestre Fafá complementou esses fatores e elevou ainda mais o conjunto harmônico da escola. Os componentes se divertiram e cantaram com muita desenvoltura a obra, destacar uma única ala é até injusto, do início ao fim todos demonstraram muita empolgação e vibração, o que contagiou toda a avenida.

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“Estou muito feliz e satisfeito de verdade, conseguimos fazer um ótimo trabalho e mostrar muita coisa que vamos fazer na avenida, muita coisa que vamos apresentar tanto para Sapucaí, quanto para o jurados, acho que foi bem concluído o papel. Para melhorar é só encher mais de gente e todo mundo cantar o samba junto, risos. O entrosamento é isso ritmo, melodia e harmonia tem que estar em uma só sintonia. A quitandinha de erê pegou no Brasil. Mas eu gosto muito do samba, tem melodia e é aguerrido. É um casamento perfeito este samba”, comentou o intérprete Evandro Malandro.

Evolução

A evolução se mostrou fluida e constante durante todo o cortejo, mesmo com um tempo maior de apresentação utilizado pela comissão, a escola não ficou parada excessivamente, pelo contrário, o ritmo foi tranquilo e sem atropelos, mesmo com alas com grande número de componentes e a presença de muitos destaques de chão, não houve espaçamento entre os segmentos. Os componentes se divertiram e brincaram carnaval, mas sem perder a organização.

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Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

Outros destaques

Como de costume, a rainha Paolla Oliveira marcou presença à frente da bateria e demonstrou enorme sincronia com os ritmistas, durante as apresentações nos módulos de julgamento ela subia em um pequeno elemento cenográfico e interagia com os ritmistas de mestre Fafá, ela foi ovacionada durante toda sua passagem pela avenida.

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“Acredito que o resultado tenha sido positivo. Para quem tinha dúvidas, a quitandinha de erê provou estar na boca do público. Tomou conta das arquibancadas, e a gente espera que no desfile seja tão bom quanto hoje. Sabemos que ainda temos detalhes para acertar, principalmente, por sermos uma escola perfeccionista, mas estamos confiantes. Sempre podemos melhorar. Como é um ensaio técnico, vamos analisar os pontos positivos e negativos. É assim que conseguimos trabalhar e evoluir. A gente sabe que falta só uma semana, então amanhã (segunda) já estaremos nos empenhando nisso. Temos quatro paradinhas. Em duas dessas, a gente deixa muito mais para o público cantar”, contou mestre Fafá, que levará 270 ritmistas para o desfile. “Estarão com fantasias incríveis. Vai ser uma surpresa absurda”, prometeu.

Marca registrada da escola, o ensaio também contou com a presença de algumas personalidades da mídia, como a influencer Pequena Lo, a atriz Monique Alfradique e os cantores Pocah e Xamã.

Colaboraram Cristiano Martins, Eduardo Frois, Luisa Alves e Rhyan de Meira

Freddy Ferreira analisa a bateria da Beija-Flor no ensaio técnico

A bateria da Beija-Flor de Nilópolis de mestres Rodney e Plínio fez um ensaio técnico excelente, na abertura da última noite de teste de som. Uma conjunção sonora de raro valor foi apresentada, guiada por uma musicalidade fluída com grande destaque para afinações diferenciadas, equilíbrio, sem contar uma notável equalização de timbres.

A cozinha da bateria contou com uma afinação de surdos extremamente privilegiada. Marcadores de primeira e segunda foram precisos, eficientes, além de tocarem com firmeza, mas sem dar pancada na peça. Surdos de terceira contribuíram de modo efetivo, dando swing ao ritmo. Caixas de guerra tocadas embaixo de forma reta deram sustentação ao ritmo. Já as caixas sem talabarte e tocadas em cima deram molho à bateria “Soberana” com sua peculiar batida de partido alto. Repiques seguros e ressonantes auxiliaram a preencher a musicalidade da bateria da Beija-Flor. Já os repiques mor ajudaram tanto no balanço, quanto nos arranjos musicais. Frigideiras complementaram a sonoridade nilopolitana produzindo aquele som metálico tradicional, contribuindo sobretudo na bela equalização do ritmo.

A cabeça da bateria exibiu um trabalho sólido e profundamente consistente. Uma ala de cuícas de nítida qualidade técnica foi notada. O trabalho dos chocalhos provocou uma sonoridade acima da média, sem contar a plena integração com o naipe de tamborins. A ala de tamborins foi o destaque musical entre as peças leves, com um desenho rítmico que se aproveitou das nuances melódicas do samba-enredo da escola para consolidar a batida. Inclusive, alguns trechos da convenção dos tamborins viraram breques da bateria “Soberana”, muito por causa de uma construção musical que deu ao samba exatamente o que a música solicitava.

Uma bossa que merece menção musical por sua construção sofisticada é uma subida de três um pouco mais elaborada, já emendada num breque funcional. Aliás, breques preenchem a sonoridade da bateria da Beija-Flor durante todo o samba, em vários momentos, propagando uma musicalidade de raro valor. Vale ressaltar que a busca é sempre pela integração musical e acompanhar o samba-enredo da escola para cantar, além de dançar, por vezes impulsionado pelo trabalho rítmico de inegável qualidade. O trabalho de arranjos musicais da bateria “Soberana” para esse carnaval é profundamente amplo, mas sempre pautado pela simplicidade, mesmo sem deixar de ser arrojado.

Já a bossa do final do refrão do meio merece exaltação pela elaboração atrelada às nuances melódicas da escola da Baixada. Sua constituição musical se aproveitou da diferença de timbres das afinações envolvendo as marcações, propiciando um swing envolvente. Com uma finalização requintada foi possível reparar nitidamente a frase rítmica no trecho do início da segunda “Desfila o chumbo” sendo desenhado pelos surdos durante a retomada do ritmo nilopolitano, dando à canção o que ela pede.

O maior acerto musical foi a paradinha iniciada na última passada do refrão que precede o principal. “Deixa Nilópolis cantar” foi exatamente o que a bateria “Soberana” fez ao pé da letra, parando o ritmo para o samba-enredo nilopolitano ser entoado em coro tanto pela escola, quanto pelo público. A retomada é muito bem conduzida por repiques mor fazendo solo, se aproveitando do impacto sonoro da batida em conjunto de todos os naipes antes de voltar pro ritmo, que ainda engloba um balanço envolvente dos marcadores em sua constituição musical diferenciada.

Uma apresentação que mostrou uma bateria “Soberana” pronta para brigar pela nota máxima dos jurados, além de exibir um ritmo condizente com a obra explosiva da Deusa da Passarela, com direito a trechos de potencial interação popular. Mestres Rodney e Plínio sem dúvida saíram satisfeitos com o desempenho seguro, consistente e equilibrado dos ritmistas da bateria da Beija-Flor de Nilópolis, no grande ensaio técnico realizado essa noite.

Com paradona da bateria e Ludmilla no carro de som, Beija-Flor mostra força dos quesitos de chão em ensaio técnico

Por Diogo Sampaio

A Beija-Flor de Nilópolis abriu a última noite da temporada de 2023 dos ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí com uma apresentação marcada pela força da sua comunidade. Com um canto muito forte e uma evolução sem erros, a azul e branca de Nilópolis provou estar preparada para ir em busca de mais um campeonato no desfile oficial. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

Repleta de expectativas, a participação da cantora Ludmilla no carro de som da agremiação causou frisson no público. Era notória a grande quantidade de celulares a postos e com as lentes voltadas para a cantora, tanto nas frisas quanto nas arquibancadas. Mas o sucesso não ficou restrito aos holofotes, com a artista demostrando bastante desenvoltura e interação com Neguinho da Beija-Flor.

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Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

A agremiação será a quinta escola a desfilar no Sambódromo na segunda-feira de Carnaval, dia 19, pelo Grupo Especial. Na ocasião, a Deusa da Passarela apresentará o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”, dos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues.

“Para gente foi bom, porque fizemos o que planejamos. É uma escola que ensaia muito, na Mirandela que é o tamanho da avenida, com as marcações das cabines. Chegamos aqui com a intenção de fazer o que gente vem fazendo. É um ensaio. Qualquer coisa que acontecer aqui a gente ainda pode corrigir, porque não é o desfile. Mas tem que ensaiar certinho, está próximo do carnaval. Viemos muito preparados. Estamos saindo daqui com a sensação de que fizemos o que a gente vem apresentando na Mirandela, na quadra, em termos de canto, de evolução, tempo de avenida. Agora é conversar com as pessoas de cada setor e ver o que a gente vai debater do ensaio. Eu parabenizo minha bateria, do mestre Rodney e mestre Plínio. Harmonia maravilhosa. Que trabalho de harmonia, que canto da escola. A gente vem ensaiando, ensaiando, pedindo canto e a gente botou uma passada da escola cantando ‘sem nada’. E a escola cantando certinha, no lugar. Um trabalho maravilhoso da nossa comunidade”, explicou Dudu Azevedo, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

A comissão de frente, assinada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, realizou uma apresentação preparada especialmente para este ensaio técnico. Os integrantes tinham como figurino uma calça e luvas azuis, camisa sem manga branca, uma placa prateada no peito, maquiagem verde no rosto e um cap policial estilizado. Eles ainda possuíam um bastão como adereço de mão.

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Com passos bem marcados e toques de teatralização, a coreografia fazia grande utilização do bastão, que servia como uma extensão do corpo dos bailarinos, além de simbolizar outros elementos como as armas dos policiais. A comissão trazia um elemento cenográfico todo na cor azul, pouco explorado, que só tinha destaque ao final da apresentação, quando soltava fogos e levantava o público com a surpresa.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Parceiros há mais de 30 anos, Claudinho e Selminha Sorriso mostraram, mais uma vez, neste ensaio técnico, o motivo de serem uns dos casais de mestre-sala e porta-bandeira mais cultuados e celebrados do Carnaval carioca. Apesar da chuva no início do ensaio e da pista molhada, o casal demonstrou segurança, realizou movimentos precisos, sem economizar nos giros e rodopios. Os dois optaram pela dança clássica, dando um show de elegância, com gestos singelos e sutis ao interagirem e ao apresentarem o pavilhão.

Quanto ao figurino, houve o predomínio do branco no vestiário de ambos. No caso dele, um terno clássico. Já no dela, uma saia com detalhes em azul na barra e a parte de cima toda em pedraria, com plumas brancas no ombro esquerdo.

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“Para mim, aqui, sempre é jogo. O treino é valendo. Respeito ao público , o prazer e a gratidão de estar aqui neste solo sagrado, no palco sagrado de todos os sambistas. É o primeiro desfile no calendário oficial, tem um gostinho muito especial. Com ou sem chuva. Sempre tem que melhorar. A humildade e o profissionalismo consiste em você entender que pode fazer o melhor. Cada dia vai se aperfeiçoando buscando o seu melhor. Buscar o melhor e entender onde precisa melhorar. Também ver o público que não paga pra estar aqui, vale muito a pena pode receber o carinho e calor humano deles”, disse Selminha.

“Foi maravilhoso. Só tenho que agradecer a Deus e os Orixás que nos abençoou. Hoje a gente pode fazer esse ensaio técnico mais tranquilo e com calma. A gente vai acertando. Ensaio técnico é feito para isso, testar algumas coidas e ver o que foi negativo e o que foi positivo. Você sente como se fosse o dia do desfile, sente sua escola pulsando’, completou Claudinho.

Samba-Enredo

Assinado pelos compositores Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa, o samba-enredo da Beija-Flor teve um ótimo rendimento no ensaio técnico. O canto forte da comunidade, aliado ao bom desempenho do carro de som e da bateria, fizeram a diferença para que a obra funcionasse na Avenida.

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Encarando pela primeira vez o desafio de defender um samba em plena Marquês de Sapucaí, a cantora Ludmilla não fez feio. A artista demonstrou segurança ao conduzir a obra ao lado de Neguinho da Beija-Flor e ainda arriscou alguns cacos. Neguinho também esbanjou confiança e entrosamento com a nova parceira de carro de som e com a bateria “Soberana”.

Aliás, os ritmistas de mestre Plínio e Rodney estão tão alinhados com o samba-enredo que ousaram ao fazerem uma paradona durante uma passagem inteira da obra. A experiência, que empolgou as arquibancadas, evidenciou ainda mais o canto da comunidade, que sustentou a harmonia sem deixar o ritmo cair.

Harmonia

Falando em harmonia, o quesito foi um dos pontos altos do ensaio técnico da Beija-Flor. A comunidade nilopolitana abraçou a obra escolhida para embalar o desfile deste ano e isso ficou evidente ao se observar a forma como a escola a entuou. Da primeira a última ala, foi possível conferir componentes com o samba na ponta na língua. Houve certas variações, mas no geral o canto foi bem uniforme. Um dos destaques positivos foi a ala das passistas, que além do samba no pé, berraram a plenos pulmões o hino para o Carnaval 2023.

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Evolução

A Beija-Flor teve uma evolução correta no ensaio técnico. A azul e branca de Nilópolis apresentou alas compactas, sem embolar ou abrir clarões, e manteve um ritmo cadenciado, não correndo em nenhum momento. O destaque positivo fica para metade final da escola, com componentes mais soltos, pulando e brincando. Já um ponto de preocupação fica para a sequência de alas coreografadas na abertura, as três primeiras, o que tira a espontaneidade logo no início do desfile.

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Outros Destaques

Se não bastante a força dos quesitos de chão e a presença de Ludmilla, o ensaio técnico da Beija-Flor contou com outras atrações que o transformam em um verdadeiro show. Em um dos momentos de interação, antes do treino começar, assim como no ano passado, membros da escola jogaram camisas para as arquibancadas e frisas, fazendo a alegria do público. Os canhões que disparavam papel picado também fizeram sucesso entre os presentes no Sambódromo.

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A rainha de bateria Lorena Raíssa não aparentou ter se abalado ou se amedrontado com a missão de substituir Raíssa de Oliveira, que ocupava o cargo há duas décadas. A jovem de 15 anos sambou, cantou e se jogou, sempre com um sorriso no rosto.

“Acho que foi um ensaio muito bom. Como os outros, também é um ensaio. Fomos bem. Sabemos que vamos colher os resultados no desfile. Estamos felizes demais. O pontapé foi dado e na próxima segunda-feira estaremos aqui para, se Deus quiser, levar o título para Nilópolis. “É tudo uma crescente. Desfile é diferente de ensaio, até mesmo pelo nível de emoção. Estamos prontos, apenas esperando o momento de colocar as fantasia”, contou mestre Rodney, que vai desfilar com 260 ritmistas e preparou sete convenções.

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Outras personalidades que chamaram a atenção ao longo do ensaio técnico foram Pinah e o carnavalesco André Rodrigues. A chamada Cinderela Negra foi ovacionada, com gritos e aplausos, após cumprimentar o público do Setor Um da Sapucaí. Já Rodrigues, parceiro de Alexandre Louzada na confecção do desfile da escola, se acabou na pista durante o final da apresentação nilopolitana.

Colaboraram Eduardo Frois, Luisa Alves e Rhyan de Meira