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Samba levanta público em desfile com evolução irretocável da Unidos de São Lucas

A Unidos de São Lucas abriu os desfiles deste domingo pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo no carnaval de 2025. No retorno da escola para a segunda divisão da folia paulistana, o animado samba levantou o público e animou os desfilantes que evoluíram muito bem durante todo o cortejo, encerrado após 55 minutos. A comunidade da Zona Leste se apresentou com o enredo “Ijexá”, assinado pelo carnavalesco Fernando Dias.

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Comissão de Frente 

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Foto: Fábio Martins

Coreografada por Jonathan Santos, a comissão de frente da São Lucas foi intitulada “Os Guardiões de Ijexá” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba e fez uso de um tripé que representou a “Morada de Exu”. Na apresentação, os componentes mostraram a celebração feita pelos guardiões após vitórias obtidas em batalhas, que ocorria através do ritmo do Ijexá. Os guerreiros fazem oferendas ao protagonista da coreografia, Exu, que abriu os caminhos para que o som dos tambores, tocado em cima do tripé, possam chegar à regente Oxum como forma de gratidão à dádiva concedida por Olorum. A coreografia foi animada e reproduz bem os elementos da proposta, com destaque especial para a irreverente representação de Exu e o momento do batuque de tambores em cima do tripé. O único elemento que preocupa é quanto ao acabamento da própria alegoria, em que uma das duas tiras finas penduradas enroscou com o vento em outras estruturas – causando uma falha de uniformidade.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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Foto: Fábio Martins

O primeiro casal da São Lucas, formado por Erich Sorriso e Victoria Devonne, se apresentou representando o “Rei e Rainha de Ijexá”. O casal cumpriu com todas as obrigatoriedades do quesito com exatidão, realizando uma coreografia animada dentro da proposta do enredo.

Enredo 

O enredo da São Lucas retratou a origem do Ijexá, que é um ritmo africano que nasceu da celebração pelas glórias obtidas em batalhas por guerreiros de um Reino iorubá de mesmo nome, fruto de uma dádiva concedida por Olorum, o Deus da Criação. O Ijexá era entoado com a abertura dos trabalhos através de oferendas a Exu para agradecer à Oxum as vitórias alcançadas. O desfile mostrou como esse ritmo se espalhou por diferentes tribos africanas e se tornou parte de suas culturas, chegando ao Brasil na época da Diáspora Africana e se disseminando pelo país pelas casas de candomblé, ganhando as ruas no carnaval de Salvador através do Afoxé Filhos de Gandhy. O ritmo se tornou patrimônio nacional por conta da sua capacidade de se espalhar por diferentes culturas, sendo executado em festas por todo país, desde o maracatu de Pernambuco até o Bumba-Meu-Boi do Maranhão. Um enredo de leitura muito fácil por todas as alegorias e fantasias do desfile da escola ao longo da Avenida, com riqueza de detalhes contribuindo para uma transmissão cultural satisfatória. Certamente um dos pontos positivos do desfile da São Lucas.

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Foto: Fábio Martins

Alegorias 

A São Lucas apresentou um conjunto alegórico formado por três carros e um tripé, que veio no começo do desfile chamado “Ijexá em Monumento”. O Abre-alas, intitulado “Templo Natural de Oxum”, faz referência uma floresta localizada na África que se tornou um templo simbólico dos Reinos que existiram na época para o culto à Orixá, onde o ritmo do Ijexá era tocado nos rituais.

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Foto: Fábio Martins

O segundo carro representou o “Cortejo Preto em Salvador”, mostrando como os africanos trazidos ao Brasil na Diáspora usavam dos festejos cristãos para celebrar a própria fé através do Ijexá. A última alegoria, “Movimento multicultural”, exaltou as diferentes manifestações culturais que incorporaram o ritmo em suas danças, além dos grandes artistas que compuseram músicas embaladas pelo Ijexá. A representação dos elementos propostos na Avenida contribuíram para a narrativa do desfile com exatidão, mas algumas irregularidades de acabamento observadas podem levar os jurados a interpretarem como falhas.

Fantasias  

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Foto: Fábio Martins

As fantasias da São Lucas se encarregaram de conduzir a narrativa do enredo entre as propostas das alegorias. O primeiro setor focou em vestimentas representando a cultura africana e suas tribos, enquanto no segundo setor as referências foram da chegada dos povos africanos ao Brasil e a influência do ritmo nos festejos de Salvador, e o último setor, a parte com mais alas do desfile, celebrou as diferentes culturas brasileiras que incorporaram o Ijexá. A leitura das fantasias dentro do enredo foi muito fácil, enriquecendo a contribuição cultural do desfile da São Lucas, mas as falhas de acabamento observadas pelas alas, principalmente da primeira, que soltou muitas tiras finas pela pista, podem prejudicar a avaliação do quesito.

Harmonia 

O canto da comunidade da São Lucas foi outro ponto positivo do desfile. As alas estavam cantando muito animadas, embaladas pelo bom samba da escola. Os componentes do terceiro setor estavam especialmente animados, aferindo uma notável crescente por toda a Avenida. Atuação clássica do canto forte das escolas da Zona Leste.

Samba-enredo 

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Foto: Fábio Martins

A obra que conduziu o desfile da São Lucas é assinada por Bruno Leite e Ricardinho Olaria, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Tuca Maia. As passagens da letra são bem claras em dividir o desfile em três diferentes setores através da primeira parte, refrão do meio e segunda do samba. Na Avenida, o samba teve um grande desempenho, favorecido pela qualidade do conjunto da obra e a interpretação de alto nível da ala musical liderada por Tuca Maia, conseguindo levantar o público logo no primeiro desfile da noite. Mais um ponto positivo do desfile da escola.

Evolução 

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Foto: Fábio Martins

Tecnicamente falando, a São Lucas teve um desempenho irretocável. A fluidez pela Avenida foi constante, com um recuo de bateria bem-executado e com liberdade para os desfilantes brincarem o carnaval pelas alas. O fechar dos portões aos 55 minutos, exato meio-termo entre tempo mínimo e máximo de desfile, apenas crava quão boa foi a evolução da escola no desfile.

Outros destaques 

Fantasiados em referência ao Afoxé Filhos de Gandhy, os ritmistas da “Bateria USL” trouxeram no desfile uma pegada digna do ritmo africano difundido pelo Brasil através do Ijexá. A rainha Pepita também embalou o público demonstrando muito samba no pé.

Mocidade Unida da Mooca 2025: galeria de fotos do desfile

Sob cuidados de Cahê Rodrigues, Amazônia é o tema da decoração do Camarote King neste Carnaval

O carnavalesco Cahê Rodrigues é o responsável por assinar a decoração do Camarote King em 2025. Neste ano, o espaço tem como tema a maior floresta do mundo: a Amazônia.

Todos os detalhes, da decoração à culinária, foram cuidadosamente pensados pela equipe. Logo na entrada, a riqueza de plantas e a escultura de um indígena dão luz ao DNA e à diversidade cultural brasileira. Cahê explicou como surgiu o convite para desenvolver o trabalho.

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“Quem conhece a minha história com o King sabe a relação de amizade que tenho com a família. Eles sabem do meu envolvimento com o festival de Parintins. Existia um projeto criado por uma outra equipe e fui chamado para trazer isso à realidade. Conseguimos encontrar caminhos práticos para trazer o cliente para dentro desse conceito da Amazônia – do verde, da planta, do som e dos bichos. Acredito que conseguimos apresentar um trabalho de qualidade, desde a entrada com esse índio lindo e a natureza linda”, contou o carnavalesco.

O artista também destacou os pontos que mais gostou no projeto de 2025. Logo na entrada, uma diversidade de plantas compõe a parede externa do camarote. Cahê assina a decoração do tradicional trono do King desde 2018. Neste ano, o assento ganhou a escultura de duas araras azuis, que dão ênfase à fauna amazônica.

“Gosto muito da abertura. Ela está muito impactante com esse índio em cima acompanhado do painel de led de fundo, já trazendo essa riqueza da Amazônia. A entrada do camarote já é um convite para essa imersão que você vai viver aqui dentro do camarote”, explicou.

Ao todo, são 2.600 metros quadrados de camarote, com três andares climatizados e 100% de acessibilidade. Cerca de 2.500 foliões marcam presença em cada um dos seis dias de desfiles na Passarela do Samba.

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E a decoração não é a única novidade do King no Carnaval de 2025. A empresária e apresentadora Karen Lopes, de 46 anos, é a nova musa do camarote. Apaixonada pela folia, ela é musa da Grande Rio há nove anos. Frequentadora assídua do King, ficou encantada com a inclusão e a acessibilidade do espaço no carnaval deste ano.

Me sinto honrada, porque sou ‘40 mais’, não sou mais uma garotinha. Estar aqui, onde muitas meninas mais novas já estiveram, é um prazer. Foi um presente. Eu frequento o camarote do King desde sempre. Para mim, realmente, é o melhor camarote da Sapucaí. Aqui, você tem autoatendimento, é bem tratado, a comida é maravilhosa e a limpeza é feita o tempo inteiro. O projeto de acessibilidade também está incrível. É um ambiente familiar”, comentou Karen.

Além de ser conhecida como musa, Karen viralizou nas redes sociais no início do ano devido à semelhança com a rainha de bateria do Salgueiro, Viviane Araújo. Apesar de discordar, ela fica feliz com a comparação.

“Foi muito louco. A Viviane é um ícone no nosso Carnaval. É uma mulher guerreira, que está há anos no Carnaval e que passa na Avenida transmitindo toda uma energia para essa galera. Eu me sinto super lisonjeada, porque, realmente, ela é a rainha das rainhas. Mas, particularmente, não me acho parecida com ela. Mas é um privilégio, porque sou super fã e acho a Viviane maravilhosa”, afirmou.

Abre-alas da UPM celebra a força de Iyá Nassô e da religiosidade de matriz africana

A Unidos de Padre Miguel foi a primeira escola a se apresentar na noite desse domingo, inaugurando o Grupo Especial. A escola, que ganhou a segunda divisão da disputa em 2024, obtendo acesso à competição principal em 2025, homenageou a sacerdotisa do candomblé Iyá Nassô, responsável pela fundação do primeiro terreiro no Brasil, em Salvador.

“A Iyá Nassô é responsável por trazer o candomblé da África, uma das três. Ela fundou a primeira casa de candomblé no Brasil, lá na Barroquinha, na Casa Branca. A gente também traz essa questão de hoje a Vila Vintém ser um terreiro, uma terra de macumbeiro, como o próprio samba fala. Como esse candomblé que ela funda gera frutos, raízes por todo o Brasil, hoje também a Vila Vintém é um terreiro, uma descendência dessa casa branca fundada lá na Bahia”, disse o integrante da equipe de criação carnavalesca Alex Carvalho, de 25 anos.

Alex Carvalho

Todo em dourado, com detalhes em marrom e vermelho, o carro abre-alas da escola trouxe, de forma imponente, a representatividade da religião de matriz africana para a avenida.

“O abre-alas representa o reino de Oyó. Ele traz toda essa imponência de Xangô, com muitos machados, leões, muito dourado, com cores quentes, muita palha, do jeito que Xangô merece ser representado, tendo toda essa ancestralidade africana na sua estética”, comentou Alex.

“O boi vermelho, símbolo da escola, traz imponência pela primeira vez com o corpo todo. Ele sempre veio só com a cabeça, agora ele vem com a cabeça e o corpo. O nosso objetivo é tocar o torcedor da União de Padre Miguel com essa o movimento. Ele vai sair fumaça, o efeito especial para que a gente possa conquistar o torcedor, o jurado e toda a Marquês de Sapucaí”, complementou.

A proposta do abre-alas foi abraçada pela comunidade da vermelho e branco da Vila Vintém. Destaques do carro relataram ao CARNAVALESCO a emoção de desfilar na primeira alegoria da escola.

“O abre-alas representa a riqueza do reino de Xangô. Cada um de nós estamos representando os guardiões e toda a riqueza do reino. Você vê em tons dourado aqui no carro a realeza, a riqueza. Eu, que não sou pertencente às religiões de matriz africana, acho interessante essa questão do enredo e da constituição também do nosso povo brasileiro. Diversas culturas fizeram crescer todo o nosso país”, defendeu o engenheiro e arquiteto Luiz Antônio Almeida, de 51 anos, em sua trceira vez na UPM.

Luiz Antonio

“O abre-alas é a cabeça da escola, mostra força, mostra energia, para o que que ela veio. Somos 12 homens, 12 negros, 12 xangôs. A UPM está com muita garra, muita vontade desse ano porque é o ano que finalmente subimos para o Grupo Especial”, compartilhou o cabeleireiro e maquiador Robertto Elias, de 38 anos, que desfila há seis na UPM.

Robertto

“É muito emocionante, é uma honra vir num carro tão importante para escola e representar a realeza de Xangô. É muito especial para mim, que venho pela primeira vez na escola, ter uma representatividade tão grande num carro tão importante que é o abre-alas. Eu desejo toda a felicidade dentro da Sapucaí, que a gente possa brincar, se divertir e que a UPM faça um ótimo desfile. Eu não tenho dúvidas que ela vai fazer”, finalizou a administradora Mariana Santana, de 33 anos.

Mariana

Ala Sociedade Secreta: espiritualidade e resistência no desfile da UPM

O enredo da UPM narra a fundação do terreiro Casa Branca do Engenho Velho, considerado o primeiro terreiro de candomblé Ketú no Brasil. Surgido na primeira metade do século XIX, durante a escravização, ele foi palco de diversas táticas de resistência contra a intolerância religiosa.

Sobre essas táticas de resistência, a ala 9, chamada “Sociedades Secretas” apresentou em suas fantasias adornadas em palhas e tons terrosos, dando a essência de grupos que cobriam os ritos religiosos afro brasileiros com seus mantos de resistência e espiritualidade. Na fantasia, o manto é representado por asas de fé em tons terrosos, cujas sociedades secretas eram guardiãs de negras e negros escravizados, oferecendo-lhes refúgio espiritual, resistência e proteção contra todas as adversidades.

Torcedora da escola e cria da comunidade, Raiane Silva está há mais de dez anos na escola e muito emocionada em estar presente na volta da UPM no Grupo Especial.

“É uma emoção muito grande, porque a gente veio lá do acesso por anos, sempre batendo na trave, e agora estamos desfilando de novo no especial, que é algo muito importante para a gente. A minha ala se chama Sociedade Secreta, que fala de resistência, ajuda mútua entre os negros na época da escravização, tem uma mensagem muito forte e muito importante para nós mesmos e para o nosso conhecimento”, disse a professora de 28 anos, que desfila há 12 pela escola.

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Em família, a mãe de Raiana falou da influência religiosa que a fantasia da ala apresenta.

“Desfilo há mais de dez anos e nossa, a emoção é muito grande porque nesses dez anos a gente vem batendo na trave muitas vezes e quando a gente conseguiu subir, foi uma emoção muito grande, muito grande mesmo. Ainda mais com essa fantasia grandona, representando toda emoção e grandiosidade da UPM. Com esse enredo perfeito que fala da nossa ancestralidade, a gente que é do candomblé vemos que a escola vem falando da nossa história mesmo. Vila Vintém é terra de macumbeiro”, disse Flávia dos Santos, costureira de 49 anos.

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Vindo no terceiro setor, chamado “Candomblé da Barroquinha”, a ala simbolizou homens e mulheres pertencentes a sociedades secretas, que além de ajudar Iyá Nassô na perseverança do candomblé, moldaram a história religiosa e política baiana da época.

“Tudo isso aqui é muito especial e muito importante, porque após muitos anos que a UPM vem tentando, finalmente consegue adquirir o lugar no especial, o lugar merecido. E estou muito ansioso, porque ela promete muito, ela se empenhou muito para estar no lugar onde ela está. E eu acho que ela vai entregar um belo desfile. Ainda mais com essa fantasia incrível. Perfeita em todos os detalhes, somos a Sociedade Secreta. É a ala dos Refugiados, que fugiram das revoltas, que fugiram da monarquia inglesa, se encaixando muito bem no enredo, que é bem interessante, traz uma proposta bem diferente, e é pura macumba, puro suco de macumba, então vem muita coisa boa”, declarou o promotor de vendas Gabriel Alves, de 20 anos, morador de Bangu que estreou na UPM.

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A ala “Sociedade Secreta” não apenas encantou pela riqueza dos detalhes em suas fantasias, mas também trouxe à avenida a força da resistência e da ancestralidade. O enredo da UPM resgata a história de luta do candomblé, reforçando sua importância cultural e espiritual. A volta ao Grupo Especial marcou não só um triunfo da escola, mas também a celebração da tradição afro-brasileira

Guardiãs Ílarìs: A ancestralidade das baianas da UPM brilha na Avenida

A ala das baianas da Unidos de Padre Miguel abriu o desfile do Boi da Zona Oeste neste domingo. A escola trouxe o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que narra a trajetória de perseverança e bravura de Iyá Nassô, fundadora do primeiro terreiro de candomblé Ketú no Brasil. Para homenagear essa grande líder religiosa, a UPM escolheu a ala mais maternal do carnaval: as baianas, representantes de mulheres fortes de axé.

Chamada de “Guardiãs Ílarìs”, a ala representou as cuidadoras, guardiãs, servas, guerreiras do Império de Oyó, berço de Iyá Nassô, a grande homenageada do enredo! As Ílarìs eram aquelas que prestavam todos os serviços no Reino.

Para a candomblecista Jussara Alves, de 64 anos e descendente de Iyá Nassô na linhagem da religião, a emoção é imensa. Pois, estreando como baiana no carnaval, ela descobriu depois de entrar na ala, que o enredo seria sobre sua casa matriz do candomblé, a Casa Branca do Engenho Velho e sua matriarca.

“Não consigo não me emocionar em estar nessa homenagem a minha avó de santo, Iyá Nassô, a primeira Oxum da Bahia, sou das águas do Engenho Velho da Casa Branca, sou filha de santo de Luciano de Xangô,  de Duque de Caxias e tem muita gente da minha nação do meu axé, que eu não fui apresentada, mas eu sei que eles estão aqui lá na avenida para poder abrir o Carnaval da UPM, então é a minha raiz na Sapucaí. Eu gosto da escola porque eu tive um namorado que ele desfilava na UPM, mas nunca tive a oportunidade de desfilar. Esse ano eu já ia desfilar antes, mas quando eu soube do enredo, eu gostei mais ainda, pois vem falando do meu axé. Eu tenho muito orgulho da minha religião, tenho muito orgulho de ser candomblecista, tenho muito orgulho de ser de axé. Sou uma mulher de Ogum e meu pai Xangô e meu pai Oxalá me dão tudo que eu preciso, então nada mais justo do que eu desfilar hoje os homenageando”, disse Jussara Alves, técnica de enfermagem com lágrimas nos olhos ao falar de sua fé e devoção.

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Desfilando há mais de dez anos como baiana pela Unidos de Padre Miguel, a Jaqueline Duarte, é só sorrisos ao estar presente na volta da escola para o Grupo Especial.

“Estar com a minha escola é uma honra sempre, ainda mais na tão sonhada volta ao Grupo Especial. É uma emoção muito grande, ainda mais com esse enredo tão potente, mesmo eu não sabendo muito sobre essas questões religiosas, sei que é muito importante falar disso. A nossa fantasia é linda, vamos representar grandes mulheres guerreiras, que é o que as baianas são”, afirmou Jaqueline, de 29 anos.

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“Sou baiana há 25 anos, cinco só na UPM. Que além de nos dar esse presente lindo de fantasia, nos deu a oportunidade de abrir o desfile dela como primeira ala. Nós somos uma ala de pessoas mais velhas, então é importante ter a ancestralidade das mulheres da UPM abrindo essa homenagem, a gente vem com muita garra, independente de idade, a gente está aqui pelo amor ao nosso pavilhão”, disse a enfermeira Ironita Velásquez, de 62 anos.

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“Voltar ao Grupo Especial é um sonho que todo mundo espera por esses anos todos, isso é um sonho de anos e anos E hoje estamos concluindo esse sonho. Hoje temos a responsabilidade de abrir a nossa escola e mostrar na avenida para o público o que é esse sonho de estar aqui e representar essa figura maravilhosa que foi Iyá Nassô”, contou a professora Rosane Neves, de 62 anos.

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A mineira Isabela Nunes, que torce para a Vila Isabel, foi convidada para ser baiana também na UPM esse ano e não resistiu ao convite.

“Foi um convite irrecusável, sou baiana da Vila Isabel, mas estar aqui com a UPM neste momento tão importante para ela é muito emocionante. Não entendo muito bem o assunto do enredo, mas é a cara da escola e extremamente necessário falar de religião nesse país tão intolerante”, disse a auxiliar administrativa de 40 anos.

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Com isso, as baianas representaram a importância das mulheres no Palácio de Oyó. E falando em importância é impossível não falar do quão importante é a volta da UPM ao Grupo Especial e da relevância das tradicionais baianas, mulheres anciãs e grandes mães das escolas de samba, abrirem esse desfile tão feminino, empoderado e maternal.

Unidos de São Lucas 2025: galeria de fotos do desfile

Mocidade Alegre supera as adversidades para seguir na busca pelo tão sonhado tricampeonato

Terceira a desfilar na noite de sábado, a Mocidade ainda pode sonhar com o tricampeonato. O enredo “Quem não pode com mandinga, não carrega patuá” aguçou a superstição da Morada do Samba. A escola do bairro do Limão teve uma falha no gerador do último carro, que logo foi resolvida graças à força dos empurradores. Os quesitos da escola conversaram com o site CARNAVALESCO após o desfile e demonstraram confiança no resultado.

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Junior Dentista, diretor de carnaval Mocidade

“Eu saio muito satisfeito, não tive avaria nenhuma. Tive um problema no último carro porque ele é motorizado e aí ele não veio no motor, veio empurrando. O pessoal até me pergunta: ‘mas abriu um pouquinho’, e eu posso abrir até 4 grades, estou dentro da regra do jogo. Eu vim mantendo essas 4 grades, então está tudo certo. Mas montamos o terço, montamos o coração, veio dentro da proposta, bem solto, escola tranquila, calma. Graças a Deus, tudo certo. Ainda deu uma gordurinha de tempo aqui. É missão cumprida, nós trabalhamos muito durante o ano para poder estarmos preparados. As coisas acontecem na pista, sabemos que tudo acontece aqui, é a verdade. Nós temos que estar preparados de verdade. Há uns dois anos que o Mocidade vem mudando de estratégia. O Mocidade vem trabalhando em cima de planilha de erros porque nós trabalhamos muito para o acerto, trabalhamos muito para planilha de erros. Eu não esperava que o motorizado na hora ele não ia pegar, então veio na mão para podermos ter esse andamento. Nós viemos preparados”.

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Mestre Sombra, Mocidade Alegre

“Missão cumprida, nós entregamos o projeto. Ensaiamos bastante, conseguimos executar tudo que ensaiamos e agora é esperar, aquela ansiedade da espera do dia da apuração, mas eu acho que conseguimos cumprir a meta. Sabemos que tem outras grandes escolas almejando isso aí, então vamos com calma, com o pé no chão e esperar. Foi um ano meio complicado. Tive um problema de saúde, fiquei internado. Assim que eu saí do hospital passou alguns dias minha mãe ficou ruim e veio a falecer. Fiquei afastado do barracão praticamente 40 dias, dos ensaios no processo de recuperação, mas acho que é mais um momento de superação na vida, enquanto tivermos forças. Agradeço a Deus por poder ter desfilado, agradeço a Deus porque não choveu. Se tivesse chovido eu não ia poder desfilar porque eu não posso molhar meu pé, ficar com o pé encharcado ainda, estou em um processo de recuperação, mas graças a Deus deu certo e só tenho a agradecer a Deus por esse momento. Não tenho palavras para orar agora, para agradecer bastante. Agradecer a minha comunidade, a minha família que me deu muito apoio em um momento com várias dificuldades. Eu tenho que agradecer todo mundo que me apoiou, todo mundo que me visitou no hospital, as pessoas que foram me mandando mensagens via Instagram, Facebook, Whatsapp e nos dias difíceis de hospital. Eu só tenho a agradecer a Deus e a todos eles.”

Caio Araújo, carnavalesco

“Acho que agora é fazer um balanço, entender tudo o que foi agora na pista. Acho que sobretudo com uma sensação de superação, de alegria, de missão cumprida, de que a gente conseguiu entregar um trabalho bem feito e um conjunto visual que a galera que está assistindo gostou. Acho que é a nossa abertura, o nosso conjunto de comissão de frente até o abre-alas é bem impactante. Agora é um ciclo de missão cumprida, vamos descansar um pouco e ver o que acontece para 2026.”

Jhean Allex, coreógrafo da comissão de frente

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“Acho que a gente veio trazendo uma história muito forte, é muita energia envolvida. Acho que a gente trouxe um carnaval muito bonito. A forma como foi conduzida a Comissão de Frente, que os bailarinos são guerreiros, porque não é fácil trazer uma roupa tão cheia de detalhes para a avenida. Mas foi tudo bem, graças a Deus. Eu vejo que quando estão todos os personagens em cena, a magia acontece muito mais forte. Preocupação a gente tem todo dia, toda hora, em todo carnaval. O carnaval é uma preocupação, porque a gente trabalha um ano para trazer um dos melhores espetáculos do mundo aqui para o público. Mas eu acredito que foi tudo bem e que vai dar tudo certo. O dever foi cumprido e trabalhar na Mocidade é sempre muita emoção. Então eu fico muito satisfeito e muito feliz de poder completar um desfile tão forte, de tanta energia. Porque não é só o tricampeonato que a gente busca, é a qualidade que a escola traz sempre.”

Diego Motta, Mestre-sala

“Eu acredito que a gente entregou tudo, tudo, mas tudo mesmo. Não faltou nada. A gente estava conversando agora e foi um desfile excelente. A gente tá muito satisfeito com o trabalho e com a entrega do trabalho, que eu acho que é o principal. Foi muito bom. Pra mim o ijexá que a gente faz é a parte mais gostosa da coreografia. Tá bem no meio da coreografia técnica, serve pra gente descansar, mas serve pra gente se divertir também, porque eu acho que é o principal também disso aqui. A gente relaxa pra entrar no ponto de mais tensão. Acho que foi o melhor desfile da minha vida. De tranquilidade, de fantasia. A Mocidade nos presenteou com uma fantasia incrível. Pra mim de verdade foi um excelente carnaval. Eu esperei 18 anos pra virar o Mestre-sala oficial de uma escola do grupo especial. Eu sei o peso da responsabilidade em uma escola que tá brigando pelo título, em que um décimo faz total diferença no resultado. Conhecer a Natália, Porta-bandeira e pessoa, eu acho que foi uma grata surpresa e fez a dança fluir melhor. A gente veio esse ano pra pista muito mais tranquilos, como um casal novo que a gente é, estamos completando nosso segundo ano, a gente teve a oportunidade e se deu a possibilidade de se conhecer, conhecer as histórias, os sonhos, as vontades, as dores… Então pra mim o que fica hoje é essa amizade com essa mulher forte pra caramba.”

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Nathalia Lago, Porta-bandeira

“Acho que a gente saiu da pista com aquela sensação de dever cumprido. Agora a nota vai ser uma consequência. Mas temos o coração tranquilo, a consciência tranquila de tudo que a gente trabalhou esse tempo todo, a gente conseguiu desenvolver. Eu sou muito grata ao Diego pela paciência, por tudo que a gente vive, que a gente passa, que é uma relação extremamente de conexão, amizade também e vai além de carnaval.”

FNT e Liesa transformam Sambódromo em polo de conectividade para o Carnaval 2025

A FNT Telecomunicações, em parceria com a LIiesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), anunciou um salto tecnológico histórico para o Sambódromo. A empresa detalhou projetos que colocam a Marquês de Sapucaí na vanguarda da conectividade, garantindo internet gratuita de até 100 Mbps para o público em 2025, além de iniciativas de segurança e planos ambiciosos para os próximos carnavais.

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Os primeiros passos do projeto ocorreram durante os ensaios técnicos de 2025, onde foram realizados testes em ambiente controlado nas frisas e adjacências. Com participação massiva do público, a rede alcançou resultados “maravilhosos”, segundo a FNT, atendendo toda a demanda com estabilidade e segurança. A novidade oficializada no Carnaval 2025, marcado como o primeiro a oferecer conexão gratuita de alta velocidade aos foliões. “A rede implantada suporta até 100 Mbps por usuário, suficiente para transmissões ao vivo, redes sociais e streaming simultâneo”, explicou um representante da empresa.

Para sustentar o projeto, o Sambódromo recebeu 5 km de cabos de fibra óptica – 2 km deles em dutos subterrâneos, aumentando a segurança contra interferências. A estrutura ainda inclui centenas de pontos de Wi-Fi e um data center com capacidade comparável ao de “uma pequena cidade”. A FNT destacou o trabalho de uma equipe multidisciplinar, com engenheiros, projetistas e técnicos, para garantir a eficiência da rede mesmo durante os picos de uso.

Com 13 anos de atuação no carnaval – incluindo uma década fornecendo conexão exclusiva para camarotes e imprensa –, a FNT celebra a expansão do serviço para o público geral, um marco viabilizado pela Liesa. “O grande público é o verdadeiro protagonista, e precisamos evoluir junto com a tecnologia”, afirmou o representante. Para 2026, a empresa planeja parcerias com gigantes de tecnologia e a implementação de soluções baseadas em inteligência artificial, prometendo “o melhor da conectividade a serviço de todos”.

Além do entretenimento, a rede da FNT integra um sistema de segurança com mais de 20 câmeras de reconhecimento facial no entorno do Sambódromo – projeto piloto em 2023, agora oficializado. A iniciativa, em parceria com o governo, visa coibir crimes e garantir maior tranquilidade aos foliões. A empresa também ressaltou o desejo da Liesa de oferecer experiências híbridas, como assistir ao Oscar durante os desfiles: “Queremos unir o melhor da festa brasileira ao conforto tecnológico global”, destacou.

A FNT reforçou o objetivo de manter a parceria com a Liesa de forma duradoura, buscando tornar o Carnaval “o mais confortável e prazeroso de todos os tempos”. Ao final da apresentação, agradeceram aos colaboradores e à liga: “Acreditamos que a conectividade fará parte dessa história de sucesso. E em 2026, a maior festa popular do mundo também será a mais tecnológica”.