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Nova voz da Beija-Flor, Nino emociona: ‘Cantei também pelo Bakaninha’

A emoção tomou conta da quadra da Beija-Flor na noite da última quarta-feira, quando foi anunciado o resultado do reality show “A Voz do Carnaval”. A disputa revelou os novos intérpretes oficiais da azul e branca de Nilópolis para o Carnaval 2026: Nino e Jéssica Martin. A atração vai ao ar em setembro, no canal Multishow. Em uma final carregada de sentimento e história, Nino não conteve a emoção ao celebrar a vitória.

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Foto: Reprodução de internet

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“Na minha cabeça eu só estou abraçando as pessoas aqui, tirando as fotos com a galera, ainda estou processando o momento. É uma coisa muito surreal na minha cabeça, porque envolve muita coisa ao mesmo tempo, de pessoas que eram meus amigos, que já se foram, momentos que eu passei aqui. Eu olho pra trás, vejo minha carreira também, nunca imaginei estar passando por esse momento agora”, desabafou.

A conquista ganha contornos ainda mais simbólicos por acontecer justamente após a aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor, ícone máximo da escola no carro de som. Nino relembrou com carinho os caminhos que o levaram até ali — e os amigos que o acompanharam.

“Eu vi o anúncio da aposentadoria, eu não estava no carro de som, a escola me convidou para fazer reforço, convidou a mim e ao Leozinho Nunes para reforçar. Depois surgiu a história do reality. Eu, a princípio, na minha cabeça, não queria participar, mas depois eu mudei de ideia”, contou.

Mais do que uma vitória pessoal, Nino dedicou a conquista a um nome especial: Bakaninha, intérprete que vinha sendo preparado por Neguinho para sucedê-lo e faleceu de forma precoce em 2022.

“Hoje eu não cantei só por mim, cantei também pelo Bakaninha, que era meu amigo. Ele que seria o sucessor do Neguinho, o mestre já estava preparando ele pra isso. Hoje eu cantei não só pela comunidade nilopolitana, por mim, pelo meu sonho, mas pelo meu eterno amigo”.

A partir de agora, Nino dividirá a função com Jéssica Martin, com quem construiu uma forte amizade durante o processo do programa. Otimista, ele acredita que a parceria tem tudo para render grandes frutos.

“A gente vai trabalhar. Imaginar rimando com trabalhar, pode esperar um grande trabalho. Eu mesmo, vocês sabem, do carnaval, já dividi microfone na minha carreira, isso não é um problema. Jéssica é uma menina que canta muito, é tranquila. A gente criou um laço de amizade maravilhoso esse ano aqui. E só tende a dar certo, se depender de mim então…”, afirmou.

Demonstrando humildade e espírito de equipe, Nino deixou claro que o ambiente na Beija-Flor é de união, sem espaço para egos. “Aqui é Beija-Flor, aqui é família, aqui não tem vaidade. Quem me conhece sabe que eu não sou vaidoso, e eu estou pronto para fazer um grande trabalho, porque agora sim é a maior oportunidade da minha carreira. Agora sim é. Já tive muitas, mas definitivamente agora essa é a maior, monstruosamente, de todas.”

Ao ser questionado sobre outras referências além de Neguinho, Nino foi direto: “Jackson Martins e Wander Pires”, citou com respeito.

Savia David volta ao carnaval de São Paulo como rainha de bateria da Terceiro Milênio

Savia David está oficialmente de volta ao carnaval de São Paulo. A influenciadora e empresária agora será a nova rainha de bateria da Estrela do Terceiro Milênio. Em entrevista, ela falou sobre a emoção de ocupar o cargo na escola do Grajaú e prometeu dar seu melhor à frente da bateria Terceiro Milênio.

“Estamos muito felizes pela chegada da Sávia. Ela tem uma energia contagiante, gosta muito da nossa escola e o carinho da comunidade é recíproco. Será um grande momento para ela e para nós”, declara o presidente Gilberto Rodrigues.

“É uma honra ter a Savia como rainha. Nossos ritmistas estarão muito bem representados por ela, que esbanja carisma e muito samba no pé”, conta o mestre Vitor Velloso.

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Foto: Divulgação/Terceiro Milênio

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“Estou muito feliz de voltar ao carnaval de São Paulo! Posso dizer, inclusive, que São Paulo já ganhou meu coração faz tempo. E senti muita falta neste ano que não estive desfilando no Anhembi, mas não deixei de assistir nem de estar presente, pelo menos assistindo, porque já me sinto de fato pertencente a essa festa paulista, que eu amo! Então podem esperar uma Rainha do Povo e muito dedicada, que estará ali vestido de fato a camisa e se entregando de corpo e alma”, prometeu.

Já muito conhecida pelos foliões paulistas, Savia David reinou soberana por sete anos à frente da bateria da Unidos de Vila Maria. Cargo que se despediu em 2024. “O convite veio logo depois de eu ter me desligado de outra escola. E a partir daí passei a ter contato com alguns componentes da escola e começou o nosso namoro, vamos dizer assim (risos). Ano passado tive a oportunidade de conhecer a quadra deles, cheguei a ir no lançamento do enredo deles e outras eventos. Além de visitar o barracão da escola também”, revelou.

Por fim, a beldade abriu o coração sobre os seus desejos como rainha de bateria da Estrela da Terceiro Milênio: “Quero fazer história junto com cada componente. Quero unir forças, e acho muito bacana porque o cenário é outro. Nós já temos afinidade, eu e a comunidade, os diretores, as passistas. A gente já se apaixonou! Sinto neles muito da Beija-Flor, eles têm uma pegada muito raiz. Então estou muito feliz e grata. Tenho certa que estou entrando para uma grande família e pretendo ficar lá até ir para a velha-guarda”.

Carnavalesco Flávio Campello se inspira em obra psicografada por Chico Xavier para enredo da Tom Maior

A Tom Maior lançou seu enredo para o Carnaval 2026. O evento aconteceu no Teatro Ruth Escobar, localizado na Bela Vista, no Centro de São Paulo. Para envolver o público no tema, a escola proporcionou um espetáculo que durou mais de uma hora. Abordando o município de Uberaba e o médium Chico Xavier, o show teve pontos altos, como a representação do local na antiguidade, a relação da cidade com a Índia, danças e diversas expressões culturais. Para finalizar, um ator representando Chico Xavier discursou no palco, acompanhado por uma dança que revelou a logo do enredo.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

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Assinado pelo carnavalesco Flávio Campello, o enredo da Tom Maior tem como título:
“Chico Xavier – Nas entrelinhas da alma, nas raízes do céu em Uberaba”. A presença da comitiva do município, liderada pela prefeita Elisa Araújo, reforçou ainda mais a força da narrativa. A parceria entre a cidade e a escola promete seguir firme rumo ao desfile de 2026.

Inspiração em obra literária e respeito à espiritualidade

Flávio Campello comentou sobre a abordagem do tema. Segundo o carnavalesco, a grande inspiração foi o livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. A obra, psicografada por Chico Xavier, retrata principalmente o Brasil no plano espiritual. Flávio também revelou que a inserção da figura do médium foi fundamental para evitar um enredo “CEP” — centrado apenas em uma localidade.

“A gente não quis cair naquela rotina de enredo CEP, porque acho que isso acaba sendo muito cansativo. A prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, junto com o secretário de Cultura, abraçou nossa ideia, que era fazer uma homenagem a Chico Xavier e, ao mesmo tempo, narrar a história da cidade de Uberaba por meio dele. Nos inspiramos muito no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, com a linguagem que Chico utilizou através de Humberto de Campos, que psicografou a obra em 1939. É uma obra fantástica, e tentamos usar toda a fantasia, magia e espiritualidade encontrada no livro para construir nosso enredo”, contou o artista.

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Dentro da estética do desfile, Campello reconhece o desafio de levar o tema para a avenida, mas se mostra confiante com o que vem sendo desenvolvido e elogia o apoio do presidente Carlão.

“É um desafio, pois Chico Xavier representa a espiritualidade, e isso precisa ser tratado com muito respeito. Mas a plástica está fluindo muito bem, estou gostando de cada linha e esboço desenhado. O Carlão me dá todas as condições para desenvolver meu trabalho, e tenho certeza de que vamos dar um pouquinho de trabalho no Anhembi em 2026. Que Chico Xavier nos abençoe”, disse.

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O espetáculo no Teatro Ruth Escobar teve grande aprovação. Toda a encenação exaltou Chico Xavier e, sobretudo, a cidade de Uberaba.

“Ensaiamos por quatro semanas para este dia e estamos muito felizes com o resultado. Toda a comunidade participou. Não havia nenhum profissional. Conseguimos fazer um espetáculo com as pessoas da nossa própria escola. No palco, elas puderam brilhar, ter esse reconhecimento e o aplauso do público”, completou.

Busca por um grande samba e o merecimento da vitória

O presidente Carlos Alves, o Carlão, contou como surgiu o enredo e destacou a receptividade da comitiva de Uberaba. O também mestre de bateria prometeu um grande espetáculo.

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“A ideia surgiu por meio de uma agência que nos apresentou essa proposta de parceria. Eu topei, e nossa direção também. Fomos para Uberaba, recebidos com muito carinho pela prefeita e pelo secretário. Estou muito feliz. Uberaba é uma cidade grande, com uma história marcante. Vamos falar sobre um filho adotivo da cidade, Chico Xavier, que, na minha opinião e na de muitos brasileiros, é um dos três homens mais importantes do Brasil. Nossa diretoria está feliz, a comunidade já abraçou a ideia e vamos fazer um grande espetáculo”, declarou.

Carlão explicou que a escolha do samba-enredo seguirá o mesmo formato dos anos anteriores: audições internas e divulgação pela internet.

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“Na quarta-feira teremos a explanação do Flávio para os compositores, com a entrega da sinopse. As eliminatórias seguirão o mesmo modelo: gravação em estúdio e entrega de 10 CDs por samba. Esperamos receber uma obra de impacto, como tem sido nos últimos anos, para irmos fortes para a avenida”, explicou.

O dirigente também comentou sobre a inesperada sexta colocação conquistada no sorteio da ordem dos desfiles e a expectativa para o próximo carnaval.

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“Ninguém esperava essa colocação. A oportunidade foi dada e vamos desfilar. Gostei muito. Não é que espero o título, mas vamos fazer o possível e o impossível para merecê-lo”, finalizou.

Imersão em Uberaba: uma cidade culturalmente rica

A diretora de Carnaval Érica Ferreira falou sobre a viagem da escola a Uberaba e destacou a riqueza do tema.

“Esse enredo chegou para nós e acabamos desenvolvendo. Fomos até Uberaba e fizemos uma imersão: eu, o Carlão e o nosso carnavalesco. Vimos como é rico não só falar de Chico Xavier, que é um ser iluminado, mas também da cidade, que tem aspectos que eu nunca imaginava. Por exemplo, há o Geopark, o sexto maior parque de dinossauros do mundo. Visitamos uma igreja onde convivem cristãos, evangélicos, candomblecistas, umbandistas… todos juntos. É uma cidade muito rica. De cada dez pessoas que conhecem Uberaba, seis vão por causa de Chico Xavier. Acho que esse enredo chegou no momento certo, agora que estamos de volta ao grupo de elite do carnaval paulistano”.

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Érica também destacou o envolvimento da comunidade no espetáculo de lançamento. “Esta apresentação foi desenvolvida por mim, Flávio e João Vitor, com nosso diretor artístico. Pegamos partes do enredo — começo, meio e fim — e transformamos em um grande espetáculo. Para que tudo desse certo, convidamos toda a comunidade. Não foi só a comissão de frente. Participaram também a velha guarda, as baianas, o chefe de ala, as musas… Foi uma entrega muito bonita em um tempo curto”, concluiu.

Junior Escafura fala ao CARNAVALESCO sobre enredo, mestre Vitinho e disputa de samba para o Carnaval 2026

O presidente recém-eleito da Portela, Júnior Escafura, comandou a primeira feijoada da família portelense em sua gestão, no último sábado, ocasião em que realizou seu primeiro discurso como mandatário da escola. Escafura conversou com o CARNAVALESCO durante o evento, abordando este início de mandato, as mudanças na bateria e os preparativos para a disputa de samba da Águia de Oswaldo Cruz e Madureira.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

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O novo presidente começou falando sobre a preparação para o próximo carnaval, mencionando que a escolha do enredo está em fase final e ressaltando a qualidade cultural da proposta.

“Estamos finalizando a questão do enredo e também a montagem da equipe. Estamos trabalhando muito e acredito que, nas próximas semanas, teremos novidades. É um enredo em que estamos apostando bastante, com muita relevância e densidade cultural. Acredito que as pessoas vão gostar e se identificar com a história”, disse Escafura.

O dirigente também falou sobre a mudança no comando da “Tabajara do Samba”, com a saída de mestre Nilo Sérgio e a chegada de mestre Vitinho. Ele exaltou o trabalho realizado por Nilo ao longo dos 20 anos à frente dos ritmistas da escola e também valorizou a chegada de Vitinho, destacando suas origens na Azul e Branca.

“Houve vários caminhos, mas temos um respeito muito grande pelo mestre Nilo, pelo tempo que ele ficou aqui. Tenho uma amizade enorme com ele. Somos praticamente da mesma geração e chegamos quase juntos à Portela. Conversamos numa boa. Acho que ele entendeu os motivos, e eu também entendi. É óbvio que toda ruptura causa um sentimento de tristeza, porque ele é portelense, e as portas da Portela estarão sempre abertas para ele, como estarão para qualquer portelense. Mas entendemos que era o momento de mudança. E o Vitinho chegou. É outro grande portelense, criado aqui nesse chão. Vamos trabalhar muito para que ele consiga manter o nível do trabalho realizado por Nilo, com grandes notas, até porque os ritmistas, a base da escola, estarão presentes”.

Final de samba: 26 de setembro

Por fim, Júnior Escafura explicou como será a disputa de samba-enredo da Portela para o próximo Carnaval. Ele anunciou que a final acontecerá em 26 de setembro e que o calendário já está definido. As primeiras apresentações ocorrerão sem torcidas, que só serão permitidas na fase final da competição.

“Iniciaremos no dia 17 de agosto com as apresentações. As datas estão definidas e já foram repassadas aos compositores. Um pedido antigo da ala é que as primeiras apresentações sejam sem torcidas, para que a disputa fique mais equilibrada. Atendemos a esse pedido. As quatro primeiras eliminatórias não terão torcida — apenas os compositores e a bateria com o carro de som poderão se apresentar. A escola considerou essa solicitação válida, pois muitos compositores não têm as mesmas condições que outros. Entendemos que a disputa deve ser de samba, e não de torcida. Nas três últimas apresentações — quando ocorrerão a junção de chaves, a semifinal e a final —, a entrada de torcidas será permitida”, concluiu.

Sinopse do enredo do Salgueiro para o Carnaval 2026

Enredo: “A delirante jornada carnavalesca da professora que ao tinha medo de bruxa, de bacalhau e nеm do pirata da perna-de-pau”

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Sinopse

Muitos devem achar que um desfile nasce de uma ideia da cabeça de um artista. No entanto, em alguns casos, um desfile pode também surgir da conversa entre a mente e um livro. Palavras e mais palavras que, juntas, vão construindo sentido e nos levando para lugares distantes, nos apresentando a personagens históricos ou inventados. Logo, na magia da Avenida, tudo isso ganha vida. O que antes era apenas abstração de letras agora ganha forma no traço que risca o papel, outrora vazio. Da ideia original, da palavra lida, um mundo de texturas e cores preenche a folha em branco para que, depois, tudo seja materializado em tecido, estrutura e adereço. Desse processo, nascem milhares dos desfiles que cruzaram a passarela da ilusão.

Em nossa delirante jornada carnavalesca, partimos de uma grande biblioteca adornada de volutas, anjinhos e candelabros. Esses volumes de capa dura formam o fabuloso portal para a mente de uma artista genial: Rosa Lúcia Benedetti Magalhães. A professora que traçou histórias escritas com arte e por tantos mundos navegou. Seguimos os caminhos orientados por nossa “Rosa dos Ventos” em um reencontro emocionado por seu universo de páginas. Ela, entusiasta exploradora e narradora do deslocamento, fez de seus cortejos verdadeiras cartografias carnavalescas, dominando um oceano de memórias afetivas na pista da Sapucaí.

Somos poetas da canção e embarcamos rumo a um reino encantado no qual criaturas fantásticas ganham vida. Dos fascículos desta coletânea, emergem galantes heróis de capítulos e letras em pomposas carruagens. Dos povos que aportaram na Avenida, Rosa foi amiga de muitos. Se esbaldou com os bobos da corte, dançou ao som de alaúdes em meio ao luxo e a bonança, com louças e pratarias “cheias dos rococós”. A comida era farta e bem confeitada, o açúcar estava na mesa da nobreza. Toda a fidalguia se fez presente em uma festança das boas, que celebrava o encontro inusitado da corte da Rainha de Ramos, do Reizinho de Madureira e da Princesa da Vila.

A farra foi tanta que seguimos o trajeto ainda meio empapuçados para além das montanhas cobertas de neve. Eis que ancoramos na Terra do Faz de Conta, recebidos por um cisne altaneiro na vasta coleção de causos e lendas que o povo soube inventar. Um lugar de moinhos de vento e teatro de bonecos no qual cenas inusitadas acontecem: fadas tropicais contracenam com cavaleiros de capa e espada. A bailarina troca o amor do Soldadinho de Chumbo pelos gracejos do pirata malandro. A Boneca de Pano e o Visconde de Sabugosa recebem bichos que ainda falam com humanos. E até mesmo a bruxa malvada saiu para tomar uma com o saci-pererê. Vixe, que confusão!

E foi… daqui pra lá, de lá pra cá… singrando os mares; a ordem da mestra era navegar e reunir riquezas de além-mar. Nosso itinerário literário avança por águas bravias, cruzando novos e antigos mundos… Culturas que embarcam e reinventam geografias, unindo em poucos parágrafos terras tão distantes. Acompanhamos expedições científicas que se aventuraram rumo ao desconhecido, seja a pé, de jegue ou de avião, cruzando do Norte da América até o Oriente conhecer. Os mitos, que enlaçam antigas tradições, fazem todos se encontrarem bem ali, na esquina do mundo. Bem onde comerciantes habilidosos pechinchavam para vender o verdadeiro bacalhau, as especiarias da Índia, os marfins de Angola e até um chiclete tutti-multinacional, que gerou o maior “tititi”. Lugar mais bonito, porto da Utopia, no qual se respeitam as diferenças, abraçando imigrantes e refugiados de todas as partes do globo para descansar à sombra de um pau-brasil.

Aqui, no país com nome de árvore, a excursão ganha ares científicos, fazendo saltar das páginas um fascinante teatro de coisas naturais, povoado por imagens do Brasil pintadas por artistas viajantes. Nessas obras imortais, cintilam os tons da terra, do verde das matas até o amarelo escaldante do sol. Resplandece a formosura de aves do paraíso, flores vibrantes, animais singulares e frutas exóticas que revelam o amor por esse chão. No fim das contas, em Terra Brasilis, tudo que se planta dá.

Mas não foi apenas pela lente da natureza que tentamos compreender o que nos faz Brasil. A arte, entre apagamentos e celebrações, também se lançou no desafio de decifrar nossa identidade. Do lado de cá do Equador, nos aproximamos das prateleiras onde se acumulam intelectuais, pensadores e pintores e músicos que se debruçaram sobre a construção do nosso orgulho nacional. O país se revela em seus muitos volumes: o indianismo forte e romântico, a celebração contraditória do modernismo e até a festividade irônica da Tropicália. Foi devorando e deglutindo as heranças artísticas definidoras de nação que Rosa foi, generosamente, colocando mais água no feijão para quem chegasse.

Depois de passear por terras geladas e desertos áridos, e de investigar as belezas da nossa nação, nossa incansável heroína volta para sua casa momesca. E, nessa história, assim como em muitas outras, tudo acaba em Carnaval. A seção mais animada da mestra, que investigou e cantou nossa folia como ninguém. Tudo se torna um verdadeiro paticumbum, com mais de mil palhaços, pierrôs e colombinas no salão. Somos da lira, afinal, não podemos negar. Nesse sassarico, não poderia faltar ela, a eterna freguesa, aluna dedicada da Academia do Samba, que retorna para ser coroada, neste reino de Xangô, como uma autêntica Rainha Momo. Herdeira legítima do homem que não tinha medo de fazer revolução e do menino romântico que transformou a Avenida em Ribalta. Aqui, aprendeu como fazer a mistura de um bom vermelho, a brasa que deu nome ao nosso país, em um caldeirão efervescente no qual a combinação de branco e rubro deu Rosa.

Professora, hoje, sua herança desfila aqui. Em cada memória, em cada enredo sonhado, em cada lágrima emocionada na arquibancada. Todos somos seus honrosos alunos. Legado que está estampado nos pavilhões multicoloridos e nas batidas furiosas de um surdo. E se, no samba, antes faltava este traço de amor, agora não falta mais. A sua história — feita de tantas outras histórias — segue viva, encantando e ensinando, como um livro que nunca fecha, uma festa que nunca termina. Afinal, a plateia pede bis!

À mestra, com carinho.

Enredo de Jorge Silveira, Leonardo Antan, Allan Barbosa e Ricardo Hessez.
Texto de Leonardo Antan.

‘Arraiá do Brás’ revela enredo que marca os 50 anos da Colorado; bruxas serão o tema

Como tem se tornado tradicional nos últimos anos, a festa junina da Colorado do Brás não teve como única finalidade reunir a comunidade para comer, beber, dançar quadrilha e pular fogueira. O evento, realizado no Ginásio da Portuguesa, às margens do Tietê, também teve um propósito que tem tudo a ver com a escola de samba: o lançamento do enredo para o desfile de 2026. Assinado pelo carnavalesco David Eslavick, a agremiação do Centro de São Paulo apresentará “A Bruxa Está Solta: Senhoras do Saber Renascem na Colorado” no Anhembi. Novamente marcando presença em um evento importante para uma escola de samba paulistana, o CARNAVALESCO conversou com figuras relevantes da escola sobre a temática durante a festividade, chamada de Arraiá do Brás.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

‘Arraiá bão’ demais

O nome do local não é por acaso: o Ginásio da Portuguesa fica sediado no clube que é tricampeão de direito do Campeonato Paulista e vice-campeão brasileiro de 1996. Está localizado, por sinal, ao lado do estádio Oswaldo Teixeira Duarte, conhecido como Canindé. O espaço estava tomado por uma série de barraquinhas que vendiam bebidas e comidas, além de oferecerem brincadeiras como a tradicional pescaria. Havia também um espaço com escorregadores infláveis para as crianças.

O Arraiá do Brás começou com um show do cantor sertanejo Cícero Lima. Depois, como em toda boa festa junina, foi organizado um grande bingo. Houve tempo também para o “Pagode do Presidente”, no qual Antônio Carlos Borges, o Ká, mandatário da agremiação, tocou tantã, e Léo do Cavaco, intérprete da escola, honrou o apelido e assumiu o cavaquinho.

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Os eventos ligados à escola começaram logo na sequência. Primeiro, uma quadrilha formada por passistas da Colorado. Depois, o esquenta da “Ritmo Responsa”, bateria da escola comandada por mestre Acerola de Angola. Jessika Barbosa foi oficialmente empossada como porta-bandeira da agremiação ao lado de Brunno Mathias – presente na escola desde 2023. As novidades quanto ao quadro de casais não pararam por aí: o segundo casal, formado por Edgar Tadeu e Liliane Cocchi, chegando para o desfile de 2026, também foi apresentado. Após anos com apenas duas duplas, a escola terá um terceiro casal para proteger o pavilhão do Jubileu de Ouro, e caberá a Marcus Amorim e Isabella Andrade tal honra.

Não foram as únicas novidades. A “Ritmo Responsa” também oficializou a nova corte: Talita Guastelli é a nova rainha, enquanto Bruna Costa foi nomeada madrinha. Para tornar a apresentação ainda mais especial, ambas se posicionaram no meio da bateria ao som do clássico “Catopês do Milho Verde, de Escravo a Rei da Festa”, samba de 1988 da escola, considerado um dos melhores da história do carnaval paulistano.

Com a ilustre presença de Luiz Felipe, intérprete do Vai-Vai, alguns sambas da tradicional escola alvinegra também foram cantados. Após uma apresentação dos integrantes da comissão de frente, coreografada por Paula Gasparini, David Eslavick declamou um texto alusivo ao enredo antes da revelação do imenso banner da temática, posicionado atrás da ala musical da agremiação. Para encerrar, sambas recentes (mas já históricos) da Colorado foram executados.

Ideias vindas de experiências

Em entrevista, David revelou as motivações por trás da proposta de enredo para a Colorado: “É uma ideia totalmente minha. Sempre tive curiosidade em abordar esse tema. Trabalhei muito tempo na Noite do Terror, no antigo Playcenter, e na Hora do Horror, no Hopi Hari. Essa magia sempre me encantou. Meus amigos são apaixonados pelo tema, e eu dizia que um dia faria um desfile sobre isso. Falar sobre essas mulheres que tiveram extrema importância na ciência e no mundo é inspirador. Deveríamos dar a elas o respeito e o valor que merecem. E enredo de bruxa é um enredo extremamente feminista. Vamos falar da mulher em si, das bruxas, de seus feitos e histórias. Ao final do desfile, há uma mensagem relacionada às mulheres, pois bruxa também representa empoderamento feminino. Achei totalmente interessante abordar isso em samba e poesia”.

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Jairo Roizen, diretor de carnaval da agremiação, endossou a proposta: “A gente não vai falar só sobre bruxaria. Vamos falar sobre empoderamento feminino. A grande mensagem do enredo é que, em todos os tempos, mulheres que se destacam acabam sendo chamadas de bruxas. As bruxas eram isso: mulheres que se sobressaíam. A ideia é mostrar que a bruxa está solta no desfile da Colorado no carnaval de São Paulo. Solta para ser o que quiser, fazer o que quiser e mostrar que a mulher pode e deve ocupar cada vez mais espaços na sociedade”.

O que o público vai ver na avenida

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David também detalhou a estrutura do desfile: “Abro o carnaval com a visão da Igreja, a demonização das bruxas, quando se acreditava que elas tinham pacto com o demônio por conta dos feitiços. Já começamos com a Inquisição, com uma abordagem intensa. Depois, viajamos no tempo, mostrando os feitos dessas mulheres e sua importância – especialmente nos países que protagonizaram a caça às bruxas. Em seguida, abordamos a aceitação no cinema e nos contos infantis – quando a bruxa ganha chapéu e vassoura, como n’O Mágico de Oz, o primeiro filme a retratar uma bruxa com nariz e verruga. Encerramos com uma homenagem à mulher, ao empoderamento feminino, mostrando todos os feitos femininos. Achei importante retratar isso – é extremamente relevante para o momento atual”.

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A empolgação continuou com mais referências: “Teremos um carro totalmente voltado para uma convenção de bruxas. São personagens de todos os contos de fadas, desenhos animados e filmes de terror… será uma espécie de ‘reunião de fofocas’ das bruxas. É um carro bem interessante, com espaço também para as crianças – elas vão reconhecer João e Maria, por exemplo. As referências são ótimas: vamos levar o público de volta à infância, com a bruxa do Pica-Pau, a Maga Patalójika, a Feiticeira… todas estarão retratadas”.

Recepção positiva

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Embora o enredo fuja do convencional, foi bem recebido pela direção. O presidente Ká comentou: “Não foi um choque ouvir essa ideia. Tínhamos outras opções, mas quando o David apresentou a proposta da bruxa, falei o mesmo que disse a outros carnavalescos: você precisa me provar que dá samba, que dá enredo, que tem história e que quer fazer algo alegre. Bruxas têm histórias tristes – são banalizadas, condenadas à morte, à fogueira. Mas, ao pesquisar mais, vimos que elas têm muitas facetas interessantes. E a escola está num momento muito lúdico: vamos falar de todas as bruxas, inclusive as boas. A bruxa do Pica-Pau, a Bruxa do 71, a do Mágico de Oz. Teremos um setor lúdico. Não será um desfile obscuro. Vai ter muita novidade. Serão bruxas diferentes”.

Jairo completou, lembrando quando ouviu o tema pela primeira vez: “O David comentou a ideia uns 15 dias antes do carnaval 2025. Eu já gostei de cara. Pedi apenas para focarmos no carnaval atual e, depois, voltarmos à proposta. Assim que acabou o carnaval 2025, começamos a pensar em 2026. Esse foi o enredo que o carnavalesco e a direção levaram à escola. Discutimos outras possibilidades, claro, mas concluímos que esse tema era o mais adequado – por seu potencial visual e plástico, e também pela força da mensagem”.

Equipe elogiada

Questionado sobre o trabalho de David na escola, Jairo foi enfático: “Ele está mais do que aprovado! O David foi um grande presente para a Colorado. Já havia trabalhado conosco, como assistente dos carnavalescos Leonardo Catta Preta e André Machado. Era alguém de confiança. Precisávamos de alguém capaz de dar conta do recado, de fazer fantasias, alegorias. E vimos seu potencial criativo. Não tivemos dúvidas de que ele deveria continuar como nosso carnavalesco. Espero que fique por muitos anos. Ele entende a escola, entende o Ká – o que é fundamental. E não posso deixar de citar o Thiago Morganti, nosso enredista. Após definido o enredo, ele e David fizeram toda a pesquisa e construíram essa temática. O Thiago também é fundamental para nós”.

Próximos passos

Uma das marcas do presidente Ká é antecipar datas no planejamento. Ele confirmou: “Sou louco por prazos! Está tudo dentro do cronograma. Já compramos materiais, temos cinco alas em produção. A partir de 9 de junho, começamos pra valer. Fechei com toda a equipe de Parintins que vai trabalhar conosco e renovei com todos os setores. Tenho uma meta para o desfile e fiz um organograma com o carnavalesco. Ele precisa me entregar três pilotos por semana. A Colorado não vai ficar para trás. Estamos trabalhando, e vamos trabalhar muito mais. É um ano diferente para mim e para a escola”.

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David acrescentou: “Iniciamos os pilotos no dia 9 de junho, já com provas e ensaios. Os figurinos estão prontos, as alegorias desenhadas. É uma loucura – minha cabeça trabalha 24 horas por dia”.

Mais datas

Em um ano especial, Jairo antecipou os próximos eventos da escola: “Os carros e fantasias já estão desenhados. Começamos a fazer pilotos na Fábrica do Samba, no barracão. Não faremos eliminatória de samba-enredo – o samba será encomendado à parceria do Léo do Cavaco, nosso intérprete. O próximo evento será o lançamento do samba-enredo, previsto para 24 de agosto, um domingo. Ainda definiremos o local: pode ser na Portuguesa, na Rua Itaqui ou em outro espaço. Em outubro, faremos a festa de 50 anos da escola. Já lançamos o pavilhão comemorativo, temos um novo casal, o terceiro – algo que não tínhamos há anos. A escola volta a ensaiar após o lançamento do samba. Que esse ciclo seja forte, que tudo dê certo e que alcancemos o maior resultado da história da Colorado do Brás. A escola me abraçou e me fez ter certeza de que este é o meu lugar”.

Acadêmicos do Tucuruvi divulga sinopse do enredo para o Carnaval 2026

Enredo: ANTI-HERÓI BRASIL

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SINOPSE

Brasil, alguma hora entre a primeira faísca e a última gota.

Noite de lua cheia. Temperatura indeterminada.

Cruzamento entre as ruas da glória e da amargura. Sem número. (1ª instância)

O desafio foi lançado: o veneno ou a cura? A palavra ou o não disse? A luz ou a sombra? O cachimbo ou a flauta? Ser herói ou vilão? O Senhor do Corpo irrompe a lógica dualista e abre caminhos: é preciso de uma terceira cabaça! Eis a energia exusíaca que, ao misturado e sacudido, faz com que os opostos possam coexistir no mesmo ser. Ao fazer da encruzilhada seu domínio, ensina que não há uma direção única: inventa-se a vida pelos desvios, pelos dribles, pelas curvas.

Laroyê ! Da cabaça de Igbá Ketá , propaga-se a voz ancestral de um estado de vida que desafia a presença do Estado. Sim, há um Estado que toma para si o poder da força e há uma voz que não se comporta nos padrões estabelecidos. Uma voz que não se deixa ser controlada ou regulada. Uma voz anti-heroica! Na esquina em que a desigualdade corta a humanidade, o anti-herói é concebido para assentar suas práticas que desorganizam e ordenam a realidade.

Manifesto Valente! Ao andar pelas ruas, vigiadas e vigilantes, a voz anti-heroica puxa coro em levante. Ecoa em cantos para ocupar o espaço público mesmo sob perseguição, com todos os olhos voltados para si, dizendo-lhe ser criminosa. Para fazer da rua terreiro, essa voz transgrediu leis, esquivou-se de normas, revidou a violência. No cruzo onde a noite atravessa o prazer, a voz se fez malandragem brasileira, enredada pela pele negra, pela pobre posição e pela situação periférica.

Brava atitude! Essa voz aflorada é a sabedoria oralizada pela poética das margens, dos que foram desamparados pela centro-cidade e afastados para nunca reverberarem. Ledo engano! As mãos do controle não podem impedir uma comunicação poderosa da boca a boca. Sob a melodia de Enugbarijó , da Boca Coletiva, a condição marginal tornou-se altiva. Todo um arsenal de lábias e gírias foi criado e transmitido como legado dos que lutaram para fazer a conversa de bar ser aula, a vida se tornar escola.

Glórias aos mestres! Os marginalizados fizeram do corpo um texto vivo, compilado de páginas da história que ginga com dinamismo. Um salve à voz repercutida nos encantamentos de Zés e Marias, que diante da opressão e do silenciamento, mantiveram seus ideais desobedientes no fio da navalha. O poder de se adaptar é a especialidade da voz que se tornou o coração da identidade nacional. E não “ tum-tum ”, essa voz segue a palpitar!

Ponto de cruzamento entre as páginas dos corpos e as páginas das estantes. Horário comercial. (2ª instância)

Em sutis, ouve-se as necessidades do brasileiro e seus atos errantes, tortuosos, desviantes. Quando veio a civilidade, as pessoas foram jogadas para debaixo do tapete. Afinal, quem é notário? Escondidas do mundo, em silêncio, passariam a não existir. Mas essa voz abafada emite ruídos pela literatura ao fazer do cotidiano poesia.

Abriu-se um “ trac , trilha ! trec , trec ”! É o som enferrujado da máquina que legisla baseada em preconceitos. Desafiá-la requer burlar seus princípios e desativar suas leis de funcionamento. O ar que sai dos pulmões recusa ser programado para só dizer “sim, sim”, porque seu recurso mais potente é a palavra. Com diferentes nomes e histórias, a voz brasileira foi sendo balbuciada com linguagem anti-heroica.

“Vruuuum”, o avanço industrial toma conta das ruas! O som da garganta resiste nem sempre será, nem sempre serão. Ora, ora pro nobis de uma voz com as marcas da falta de um abrigo, que sem o afeto familiar vai capitanear entre a poeira e a areia. Ela pega carona com o vento de um canto para o outro, em busca de alguma esperança de que chegue a hora de seus sonhos, numa migração de mãos dadas com a morte e a vida. Nos atalhos encontrados, se envereda com seu bando à espera da sorte e busca nunca estar na solidão que mata de dor.

E quando preciso, volta como ataque para se defender. E quando é o caso, compadece com malícia para se saciar, porque a cobra coral já morde a cauda, sendo a fome e a comida. E quando perdida, acredita no milagre porque se tem fé na proteção de todos os deuses e de todos os guias. E quando quer vadear, faz murmurinho em mesa de bar, vira o copo sem pensar na saideira e cai no gosto da boemia.

É uma voz que faz o corpo libertar-se na sensual que não dá ouvidos às queixas dos olhares. É um gemido de prazer aos amantes do sexo. É a ousadia de um beijo que dá língua ao carinho que não se deixa censurar.

É o desejo de que a cultura popular salve a pátria. Voz utópica que nos liga.

“Trimmmm-trimmmm”, caiu a ligação! A voz anti-heroica desbrava todas as regiões, se lança na lama e vira constelação porque a missão exige estar em constante metamorfose para ser a cara do país. A cidade moderna é uma máquina de capital motorizada que consome a energia da massa às cinco horas na Avenida Central e depois empilha os restos por aí como se a vida fosse desejada. Essa é a espécie de retroalimentação de pessoas que se sacrificam na jornada do dia a dia e que são vistas como animais a serem abatidos. A metrópole é uma indústria que fabrica marginalidade como efeito colateral. Nesse campo de batalhas sem rimas, a voz marginal é heroica no improviso para lançar o verso que denuncia o podridão desse mercado.

No cruzamento das ruas do passado com as ruas do futuro, o relógio marca a hora: agora. (3ª instância)

Uma urgência é sentida no ar. Brasil, mostre a sua voz! O desabafo de uma legião de anônimos quebra o silêncio do status quo. Ouve-se um clamor que retome as ruas pela boca coletiva de trabalhadores que estão em deslocamento o tempo todo. Entre a Augusta e a Angélica, multiplica-se um grito que dá a mão na Consolação. No fluxo ordinário, essa voz se expressa pelos semáforos, em parques e praças. Percorre quadras, campos e ginásios. Trafego por calçadas, vias e viadutos. Circula por obras, passagens e edifícios. Trânsito de lá pra cá, do Leste para Oeste, do Sul para Norte, arriscando o asfalto e cantando pneus para sustentar um filho e uma nação. Seguem com ambição porque, apesar de tudo, o tempo não para e o corre é mil grau. Mas nos respiramos dessa escalada, as ruas são ocupadas por gargalhadas que mostram que a vida não é só trabalho. Em meio às contradições, o riso tromba com a alegria na maior atividade e se faz comunidade.

Aparecendo na fotografia somente do outro lado da vida, os heróis dessa história não são os mais corajosos, os grandes campeões, os super-heróis midiáticos que só existem na tela. Pelo contrário, são aqueles que erram, que caem, que perdem, mas que continuam bradando o seu direito à humanidade. Cujo aqueles que falam é um perigo para a hipocrisia social e por isso são julgados e condenados. Consagrada seja a voz dos que incomodam, inquietam, subvertem, radicalizam, retrabalham e revolucionam a ordem operante e a “pasta” do progresso.

Encruzilhada entre as ruas da criação e da realidade. Hora exata em que da periferia ecoa uma reforma: “Seja marginal, seja herói”! Na entregue, tudo que era resto passou a ser início, a obra do futuro é feita da matéria do passado. Na terceira cabaça, nossa gente vira nossas estrelas. Na Avenida, quem leva o país nas costas recebe os devidos louros pelo canto da Cantareira. Na voz eternizada, reverbera o nosso ato heróico.

Que toda hegemonia seja questionada.

Que toda imposição seja superada.

Que toda convenção seja transgredida.

Anti-heróis brasileiros, uni-vos!

Vizinha Faladeira define carnavalescos para o Carnaval 2026

A Vizinha Faladeira definiu sua nova dupla de carnavalescos para o Carnaval 2026. Leandro Mourão e Vitor Mourão, que estavam atuando na direção artística de alegorias desde julho do ano passado, foram efetivados e agora assumem oficialmente o comando criativo do desfile da agremiação da Saúde. A missão dos irmãos será conduzir a “Pioneira do Samba” no desfile da Série Prata da Superliga Carnavalesca do Brasil.

Foto: Divulgação/Vizinha

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Foto: Divulgação/Vizinha

Leandro Mourão iniciou sua carreira como carnavalesco em 2011 no G.R.E.S. Unidos de Lucas, onde conquistou o campeonato em sua estreia. No ano seguinte, foi vice-campeão com a Mocidade Unida da Cidade de Deus, onde também assinou o carnaval de 2013. Em 2014, teve uma dupla jornada, integrando a comissão de carnaval da Alegria da Zona Sul e assinando o desfile do Engenho da Rainha. Em 2016, trabalhou ao lado de Luana Rios no Gaviões da Iconha, em Guapimirim. No ano seguinte, iniciou uma parceria com seu irmão Vitor Mourão no comando do carnaval da União do Parque Curicica.

Vitor, por sua vez, traz um perfil multifacetado para a função. Multiartista, atua como desenhista, figurinista, cenógrafo, pintor e escultor, sempre com forte presença nos bastidores dos desfiles. Em 2017, deu um passo à frente e assinou seu primeiro carnaval ao lado de Leandro, também na União do Parque Curicica.

Luto no carnaval: Morre João Carlos, mestre-sala do Águia de Ouro

O mundo do samba amanheceu mais triste. Faleceu João Carlos, mestre-sala do Águia de Ouro e um dos grandes nomes da dança do carnaval paulistano. Carismático, elegante e profundamente apaixonado pelo pavilhão azul, branco e dourado da Pompéia, João deixa uma lacuna imensurável na folia paulistana. Não foi informada a causa da morte.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

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João Carlos não foi apenas mais um entre tantos que já passaram pelas pistas de dança do Anhembi. Ele foi símbolo, referência e emoção pura. Com sua postura impecável e o inconfundível sorriso no rosto, tornou-se sinônimo de respeito e amor à arte de conduzir o pavilhão de uma escola de samba. Ao lado de grandes porta-bandeiras, protagonizou momentos memoráveis que estão eternizados na memória de quem vibra com o desfile das escolas de samba.

Mais do que um exímio dançarino, João era um ser humano ímpar. Dentro e fora da quadra da Águia de Ouro, cativava todos com sua generosidade e afeto. Era o tipo de figura que acolhia com um abraço, aconselhava com sabedoria e iluminava com sua presença. Uma liderança natural, que fazia questão de cultivar laços, transmitir ensinamentos e manter acesa a chama da cultura popular.

Na avenida, representou com garra e leveza o pavilhão que tanto amava, desfilando com emoção em cada apresentação. Fora dela, era um irmão de samba, sempre pronto a ajudar, rir e sonhar junto. O legado que deixa não se mede apenas em notas ou troféus, mas em histórias, amizades e inspiração.

Em nota, a Águia de Ouro expressou toda sua dor e saudade:

“É com o coração em luto e os olhos marejados que a Família Águia de Ouro comunica o falecimento do nosso inesquecível e amado João Carlos, eterno Primeiro Mestre-Sala desta agremiação.

João Carlos não foi apenas um mestre-sala. Ele foi uma verdadeira lenda viva do nosso pavilhão, um artista nato que, com sua elegância, leveza e paixão, defendeu o nosso pavilhão como poucos na história do samba. Cada movimento seu era reverência, cada gesto era respeito, e cada sorriso sempre presente em seu rosto era um ato de amor ao Águia de Ouro, à cultura popular e à nossa comunidade.

Homem de alma generosa e coração gigante, João Carlos era daqueles que chegava e iluminava o ambiente. Tinha sempre uma palavra amiga, um gesto de carinho e um sorriso sincero que acolhia a todos. Nunca negou um abraço, um conselho ou uma risada. Era mestre não só de dança, mas de vida.

Durante todos esses anos desfilando conosco, foi o orgulho da nossa escola, sendo exemplo de dedicação, disciplina e amor ao nosso Pavilhão. Na avenida, dançava como se fosse a primeira vez com emoção, brilho nos olhos e uma conexão com a porta-bandeira que emocionava até os corações mais duros. Fora da avenida, era um companheiro leal, amigo de todos, um irmão de samba.

Hoje, perdemos uma parte de nossa história, uma parte do nosso coração. O céu ganhou um mestre-sala de luxo, e temos certeza de que ele já está lá em cima, rodopiando com leveza, sorriso no rosto, e carregando no peito o mesmo orgulho de sempre: o de ser Águia de Ouro.

A saudade será eterna, mas o legado de João Carlos viverá para sempre em cada passo, em cada ensaio, em cada desfile. Obrigado, João, por tudo o que você foi e continuará sendo para nós.

Descanse em paz, querido João. Seu nome será lembrado enquanto existir samba.

Dona Solange… receba seu filho e através de cada giro que vocês derem juntos derramem bênçãos e amor para a comunidade da Pompéia!

Com amor e gratidão,
GRCES Águia De Ouro”

A equipe do site CARNAVALESCO se solidariza com toda a família de João Carlos, amigos, admiradores e integrantes da Águia de Ouro. O samba perde um ícone. Mas sua arte, seu sorriso e sua leveza continuam vivos em cada nota, em cada passo e em cada coração sambista.

Cidade do Samba 2 para Série Ouro sofre revés com suspensão de pagamento para empresa que faz a obra na Leopoldina

O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou a suspensão do pagamento à Concrejato Engenharia, empresa responsável pela reforma da Estação Leopoldina. Em publicação nas redes sociais, Paes destacou que a empresa “tem histórico de graves acidentes em suas obras, com destaque para o desabamento da Ciclovia da Niemeyer, que levou à morte de duas pessoas”, além de denúncias de descumprimento de leis trabalhistas, colocando em risco a segurança dos operários.

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Fotos: Divulgação/Prefeitura do Rio

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A decisão tem impacto direto nas obras planejadas para o terreno da antiga estação, onde será construída a Cidade do Samba 2, voltada para abrigar os barracões das escolas de samba da Série Ouro. Segundo o prefeito, “em razão disso, e para apurações mais detalhadas”, o pagamento à Concrejato foi suspenso. “Ou a Concrejato/Concremat passa a cumprir as leis e respeita a vida ou as obras continuam com outra empresa”, afirmou Paes.

O projeto da Cidade do Samba da Série Ouro prevê a construção de 14 galpões para abrigar as agremiações. Ela será erguida numa área de cerca de 28 mil metros quadrados dentro do terreno da Estação Leopoldina, na parte virada para a Rua Francisco Eugênio. O projeto prevê, além dos galpões, praça de eventos, prédio de administração e um parque linear. Os galpões foram projetados para comportar a confecção de alegorias e terão ainda vestiários, sanitários e refeitórios para os trabalhadores do carnaval. Sua construção está orçada em cerca de R$ 194 milhões.

O projeto de revitalização da Estação Leopoldina prevê ainda a construção empreendimentos habitacionais. A previsão é que sejam erguidos na área 700 unidades habitacionais, divididas em 35 blocos de apartamentos. Na área também deverão ser erguidos uma Clínica da Família, um Ginásio Educacional Tecnológico, ciclovia, quadra esportiva e áreas verdes. Também está prevista a construção de um Centro de Convenções.