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Imperatriz Leopoldinense Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

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Unidos Padre Miguel Carnaval 2025: galeria de fotos do desfile

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Com duas águias, Nenê tem ótima noite do casal de mestre-sala e porta-bandeira

Buscando a correção nos quesitos, a Nenê de Vila Matilde desfilou neste domingo (02 de março) no Sambódromo do Anhembi, sendo a sexta a se apresentar no Grupo de Acesso I. Com excelente apresentação de Edgar Carobina e Graci Araújo, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Quartel General de Bamba. A águia, símbolo da agremiação, também teve destaque por vir em dois momentos cruciais da apresentação: no abre-alas (em um azul que a destacou bastante) e no último carro (neste, em tons terrosos). A apresentação inteira teve 58 minutos.

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Sempre presente em tudo que envolve escolas de samba, o CARNAVALESCO traz a análise do desfile da onze vezes campeã do carnaval paulistano:

Comissão de Frente

Nene2025 Comissao1

Com o nome “O Encontro da Arte”, os componentes cumpriram muito bem o papel de apresentar o enredo da escola. Com um personagem vestido de trovador (segurando um alaúde), um de bufão (popularmente conhecido bobo da corte) e os demais de artistas mambembes. Coreografados pelo diretor artístico da Comissão de Frente, Fernando Lee, os componentes executaram uma coreografia animada e que tinha como objetivo mostrar um pouco do desfile que estava se iniciando. Vale destacar que o tripé, intitulado “Carroça Medieval”, tinha pouca participação no resultado do segmento.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Primeiro casal da agremiação, Edgar Carobina e Graci Araújo desfilaram com uma fantasia chamada “Rei e Rainha Medieval” – que também já deixa claro qual era o papel desempenhado por eles na exibição.

Nene2025 PrimeiroCasal

Inteiros nas cores azul e branco e com uma indumentária com brilhantes estrategicamente posicionados que tornavam a roupa de muito bom gosto. A dupla, formada por profissionais bastante experientes e de alto gabarito, não surpreendeu: dançou muito bem, com Graci executando os giros com maestria e Edgar a cortejando muito bem – além do cada vez mais afiado samba no pé.

Enredo

De maneira bastante resumida, a Nenê de Vila Matilde falou sobre festejos populares brasileiros e a raiz comum de todos eles- tradições da Idade Média. Nessa linha cronológica bastante ampla, existem alguns fatos bastante relevantes que permeiam a temática: o clássico livro “Os Doze Pares da França” que falava sobre a guarda pessoal de Carlos Magno; e o Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna, para valorizar a cultura brasileira – e já reconhecendo o medievalismo em cada uma delas.

Nene2025 8

Dividido em três setores, o primeiro tem o nome de “Um Quê de Poesia” e fala sobre a era medieval e o trovadorismo. Depois, é a hora do setor “Um Tanto de Magia”, que mostra a influência do medievalismo em representações folclóricas brasileiras. Por fim, aparece o segmento “A Arte de Encantar o Imaginário Popular”, fincando raízes no país.

Alegorias

Nene2025 AbreAla

O abre-alas, “Era do Trovadorismo”, obviamente foi inteiro inspirado na Idade Média e possuía esculturas e itens que remetiam ao período em questão – além, é claro, da indefectível águia, símbolo da agremiação. Quase que inteiramente azul (incluindo a mascote), o carro trouxe boas soluções plásticas. O segundo, “Trupe de Artistas”, enquanto começa a mescla entre festejos brasileiros e inspirações medievais, tem uma estética bem mais colorida. Por fim, a última alegoria, “Relicário Armorial”, deixa explícita a retomada da cultura brasileira proposta pelo movimento criado por Ariano Suassuna. A surpresa no último carro é a presença de outra águia: se a primeira inicia a viagem, a segunda conclui – na tonalidade marrom, tal qual a alegoria, com temática nordestina.

Fantasias

Nene2025 Baiana

Majoritariamente exaltando movimentos medievais (como guardiões, nobres da corte e damas da Idade Média) e brasileiros (tal qual a cavalhada e as congadas), o grande mérito do conjunto de fantasias foi a simples assimilação para quem conhece cada uma das manifestações. Outra mescla muito bem pensada pela escola foi a altura de costeiros – algumas eram mais altas, enquanto outras tinham um teto menor. O que não falhava era o volume: todas tinham alguma representação e muitas tinham adornos – o que também ajudava no quesito Evolução. É importante destacar, porém, a lindíssima indumentária da Ala das Baianas: chamada de “Damas da Idade Média”, elas traziam o tradicional azul da Vila Matilde para o desfile da Nenê.

Harmonia

Nene2025 Passista

Historicamente, escolas de samba da Zona Leste de São Paulo são conhecidas pela força do chão das comunidades. A Nenê, terceira maior campeã do carnaval paulistano e grande vencedora do “Lado Leste”, novamente não decepcionou em tal aspecto. Mesmo com o potente sistema de som do Anhembi, era possível ouvir o samba ressoando no Anhembi.

Evolução

Nene2025 1

Com boa presença de fantasias volumosas, a movimentação dos componentes da escola criou uma dinâmica interessante na avenida – e a comunidade em geral se mostrava satisfeita com o que estava sendo apresentado. Houve, entretanto, um momento que pode ser mal interpretado pelos julgadores: enquanto o casal de mestre-sala e porta-bandeira se apresentava no segundo módulo, a ala à frente não parou de evoluir – criando um espaço próximo das seis grades, limite para não ser considerado passível de penalização.

Samba-Enredo

Nene2025 InterpreteAgnaldo

Dividindo opiniões entre quem acompanha o carnaval paulistano, a canção optou por mesclar alguns versos mais poéticos com outros mais objetivos. Vale destacar que, tal qual o enredo, a canção é escrita na visão da Águia, mascote da agremiação, que percorre locais e eras diferentes para contar a própria visão de tudo que viu e aprendeu. Como é de praxe, a obra teve excelente interpretação por parte de Agnaldo Amaral e foi muito bem sustentado pela Bateria de Bamba, sob o comando de Matheus Machado.

Outros Destaques

Reinando absoluta na frente da Bateria de Bamba, a rainha Gabriela Ribeiro.

Componentes da Mocidade Unida da Mooca vibram com desfile da escola e reforçam sonho de chegar ao Grupo Especial

A Mocidade Unida da Mooca desfilou no Anhembi com o enredo “Krenak – O presente ancestral”, desenvolvido pelo carnavalesco Renan Ribeiro. O desfile trouxe uma mensagem potente sobre a visão indígena de mundo, encantando o público e mostrando a força da escola, que luta pelo acesso ao Grupo Especial. Ao CARNAVALESCO, quesitos exaltaram o desempenho da agremiação.

O mestre-sala Jefferson celebrou o desfile e destacou os desafios enfrentados durante a preparação.

MocidadeUnidaMooca2025 PrimeiroCasal
Fotos: Fábio Martins

“Muito feliz com a missão cumprida. Só de nós termos cruzado a avenida já foi uma vitória. Passamos por vários percalços até chegar aqui, a preparação foi interrompida umas duas, três vezes, mas conseguimos montar uma coreografia bem legal, bem dinâmica. Nós conseguimos nos apresentar para o jurado dentro da proposta, dentro do andamento da escola, e eu acredito que fomos bem felizes nas cabines julgadoras e durante a pista. Muito calor, roupa esquenta um pouquinho mais que o comum, mas eu saio da avenida com a sensação de missão cumprida”, relatou.

E porta-bandeira Karina também se emocionou com a apresentação.

“Hoje eu falo que fiquei o dia todo emocionada e continuo emocionada. Passar aqui, nós chegarmos até aqui, por tudo que passamos na nossa vida pessoal, é uma vitória independente de qualquer coisa, de resultados. Estamos aqui juntos e conseguimos fazer toda a nossa coreografia para o jurado. Eu saio com meu coração feliz, satisfeito, e eu nem sei o que dizer, porque é uma emoção muito grande. Eu estou desde manhã assim e só de ter cruzado essa avenida tudo bem, em pé, firme, nós ficamos felizes”, contou.

MocidadeUnidaMooca2025 InterpreteEmersonDias
Fotos: Fábio Martins

O carro de som da MUM também teve uma atuação destacada, com os intérpretes Emerson Dias e Gui Cruz comandando o samba com muita energia.

“Primeiramente, vamos nos sentir com a sensação de campeões. Se vai ser ou não é outra história, mas o desfile da forma que foi, a energia que a escola depositou aqui no Anhembi hoje, esse cara aqui jogando tudo para cima, botando a galera para cantar, a ‘Chapa Quente’ em uma pegada incrível. É esperar muito pelas notas 10 e esperar muito pelo campeonato”, afirmou Emerson Dias.

MocidadeUnidaMooca2025 InterpreteGuiCruz
Fotos: Fábio Martins

Já Gui Cruz, reforçou o sentimento de missão cumprida.

“Energia lá em cima, galera feliz. Eu acho que não tem coisa melhor do que nós encerrarmos o desfile no clima que encerramos. Acho que o sambista merece isso, fechar o portão e se sentir campeão. Terça-feira não depende de nós, mas a nossa parte fizemos muito bem-feita”, concluiu.

Para o carnavalesco Renan Ribeiro, o desfile foi a conclusão de um processo intenso e enriquecedor.

MocidadeUnidaMooca2025 CarnavalescoRenanRibeiro
Fotos: Fábio Martins

“Foi um carnaval longo, um processo longo. Saímos de um carnaval de fevereiro para um carnaval de março, foram 12 meses de trabalho, um ano, uma semana e um dia a partir da minha contratação. Foi absurdamente prazeroso entender Ailton Krenak, entender essa ótica indígena e essa relação com o planeta, essa relação entre a humanidade. Ter contato com Ailton Krenak é modificador, é transformador e foi prazeroso. Foi um carnaval absurdamente tranquilo, calmo, para mim como carnavalesco, para toda a equipe. Chegamos no final do projeto, apesar do cansaço de um ano, muito unidos, muito felizes, todos os responsáveis, quesitos, todos os contratados da escola, todos muito felizes, muito satisfeitos, muito confiantes. Eu acho que isso se refletiu na avenida, mas que é uma escola alegre, colorida, bonita e com uma mensagem que é, acima de tudo, forte, importante, para que consigamos olhar para o futuro e tentar pisar nesse futuro com segurança”, explicou.

A coreógrafa Sabrina, da comissão de frente, celebrou a parceria com seus bailarinos.

MocidadeUnidaMooca2025 Comissao 2
Fotos: Fábio Martins

“Eles são meus amores, a gente virou uma família, e faz tempo que estamos nesse processo muito intenso. Foi dessa forma que passamos aqui, de uma forma muito intensa, dando a vida, entregando tudo o que poderíamos entregar. Eu acredito que o resultado disso é até a galera ter chegado na dispersão passando um pouco mal, porque é muita energia, é muita vibração, é muita coisa, é muito intenso. Graças a Deus, não tivemos nenhuma falha grave e agora é esperar os jurados e aguardar a apuração, mas estou muito feliz com o que vi na avenida”.

Os diretores de harmonia Yves e Neto comentaram sobre a organização do desfile e os desafios superados.

“Não vou te dizer que foi tudo conforme o planejado, porque tivemos um probleminha na concentração no acoplamento dos carros, mas conseguimos remediar 100% sem deixar impactar na avenida. O que fizemos na avenida, de fato, planejamos dessa maneira mesmo: uma escola solta, uma escola alegre, uma escola ‘tirando onda’, como a gente diz, e trazendo o espírito da Mooca”, afirma Yves.

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Fotos: Fábio Martins

Neto complementa, destacando a superação da equipe.

“Seria um prazer reviver tudo isso de novo, desde o início do processo até a conclusão dele. Fomos muito felizes até nos percalços, portanto, 12 por 8, conseguimos controlar todas as ansiedades possíveis, até dos nossos componentes, que sentiram em um determinado momento: ‘será que a escola vai ou não vai?’. E, graças a Deus, eles confiaram no processo e tiramos de letra toda a situação que tivemos, infelizmente, mas fluiu”, explicou.

O presidente da escola, Rafael Falanga, reforçou a felicidade com o trabalho realizado.

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Fotos: Fábio Martins

“É um sentimento de muita felicidade pelo trabalho que foi feito durante o ano, pela entrega da comunidade, dos setores, dos quesitos, da diretoria, o empenho de todo mundo, o incansável trabalho para conseguirmos corrigir as nossas questões internas. Foi contemplado hoje um desfile perfeito, um desfile de muita garra, de muita raça, e de muita humildade de uma comunidade que quer muito estar no Grupo Especial em 2026”, declarou.

Denny, mestre de bateria da MUM finalizou falando sobre o planejamento de 8 meses.

MocidadeUnidaMooca2025
Fotos: Fábio Martins

“Nós fizemos um planejamento de oito meses junto com o samba, e desde o começo a ideia foi esse andamento. Nós participamos pela primeira vez da construção do samba, portanto a gente estava sabendo de todas as melodias, de todas as intervenções do samba, onde o samba respirava, e conseguimos nos apresentar bem em todos os jurados, com todas as bossas. Estou muito feliz com o resultado”, comemorou.

Com um desfile forte, repleto de simbolismo a Mocidade Unida da Mooca enfatizou seu desejo de estar no Grupo Especial.

Baianas da Imperatriz levam à Sapucaí a força e a ancestralidade das ialorixás

As ialorixás, também conhecidas popularmente como mães de santo, desempenham um papel fundamental nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Muito além de líderes espirituais, elas são guardiãs da tradição e responsáveis por transmitir conhecimentos ancestrais, preservando rituais e mantendo a conexão com os orixás, voduns e inquices. Sua importância transcende o campo religioso, alcançando esferas sociais e culturais que moldam a identidade afro-brasileira.

baiana imperatriz

A ala das baianas da Imperatriz Leopoldinense trouxe uma homenagem às ialorixás e ao que elas representam.

“O importante das ialorixás é aquela representação da mãe de santo. Todas elas, com a sua representatividade, têm a função de mãe baiana também, aquelas que abençoam. Elas têm uma representatividade muito forte. Eu acredito que elas têm aquela força, aquele axé, aquela magnitude de representação. A ala das baianas da Imperatriz representa a ancestralidade”, declara Henrique Bianchi, de 38 anos, responsável e coordenador técnico da ala desde 2024.

A ancestralidade ficou perceptível nos mínimos detalhes da fantasia, como a saia, o pano da costa e o da cabeça.

“Olha, é maravilhosa! É uma representação muito boa, satisfatória, feliz. A roupa está uma delícia, porque não está pesada. Vou rasgar a avenida!”, diz Jaciara, conhecida como Neném, de 45 anos, desfilante da escola há 31 anos.

O uso de colares e as comidas de Oxalá têm uma simbologia bastante significativa para as ialorixás com o sagrado. A fantasia destaca essas características marcantes, com a roupa na cor branca, estampa em um tom de azul bem suave que remete às águas, colares com miçangas, búzios e cordas trançadas. Já na cabeça, estampas, rendas, pérolas, flores claras e uma pomba branca, símbolo do orixá.

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No contexto da diáspora africana, as ialorixás foram essenciais para a manutenção dos laços espirituais entre os povos escravizados e suas origens. Durante períodos de perseguição, muitas dessas mulheres utilizaram estratégias de sincretismo religioso e camuflagem cultural para garantir que os rituais sagrados continuassem vivos.

Verdadeiras guardiãs da ancestralidade, as baianas da verde e branco de Ramos carregam as cores azul e branco de Oxalá, simbolizando a cerimônia das águas. “Elas representam esse banho novo, esse novo axé, e esse banho é para purificar, aquela purificação para que todos possam ter as águas de Oxalá, representando toda magnitude e fé dentro da religião”, destaca o coordenador da ala.

A baiana da escola Juciara Nascimento, de 70 anos, que desfila na escola há 31 anos, declarou estar bastante emocionada em representar uma ala sobre o enredo que conta sobre sua nação religiosa e carrega toda sua ancestralidade. “É uma emoção muito grande, porque eu nunca imaginei que uma escola de samba fosse falar da minha nação, fosse falar desse Oxalá, que é o rei, é o dono da minha nação. São dois reis: Oxalá e Iruco, que é o dono da nação Efon. Meu avô, Cristóvão do Ogum, baixei a Pantanal, foi quem trouxe o Efon aqui para o Rio de Janeiro.”

Em uma conexão sagrada entre o humano e a divindade, Maria de Fátima, de 67 anos, desfila na escola desde 1995 e finaliza dizendo: “Representar essa conexão sagrada com esse orixá é muito importante. É uma apresentação muito bonita que estamos fazendo ao nosso pai Oxalá.”

 

Sexta ala da Viradouro retrata guardiões espirituais do quilombo de Malunguinho

A Unidos do Viradouro foi a terceira escola a se apresentar nesta primeira noite de desfiles do Grupo Especial de 2025, no Sambódromo carioca. A escola de Niteroi levou à avenida o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”, sobre o líder quilombola pernambucano que viveu durante o século XIX e tornou-se cultuado como entidade afro-indígena. A sexta ala do desfile, denominada “Sentinelas da Mata”, homenageou os pajés e encantados que protegiam o quilombo.

“Nós somos os guardiões da mata. Quando o carnavalesco nos explicou o que significava, foi muito encantador o estudo que ele fez e me senti honrada por estar desfilando nessa ala. Destaco o colorido da fantasia. Esse verde da mata explica bem o que é que a gente está significando, dentro do enredo”, disse a aposentada Sandra Tancredo, de 65 anos, em seu oitavo ano pela Viradouro.

sandra

“Representar um guardião espiritual do quilombo de Malunguinho é uma responsabilidade. Eu espero que o público reaja de uma maneira positiva. E que a quarta estrelinha brilhe pra gente. Estou mega ansiosa”, afirmou a dona de casa Isabel Cristina Caxeiro, de 56 anos, que desfila na Viradouro desde 2018.

A escolha do enredo despertou nos desfilantes a consciência acerca da importância da função pedagógica da escola de samba, que, ao dar visibilidade a questões sensíveis da sociedade em que está inserida, convida o público à reflexão e ao aprendizado.

“Poderiam mostrar mais isso nas escolas para as crianças aprenderem, contar a história, porque muita coisa fica escondida. Eu não sabia da história. Fiquei sabendo agora, por causa da Viradouro”, confessou Isabel.

Isabel

“Muita gente depois de hoje vai conhecer realmente quem é Malunguinho. Não sabe ainda, mas vai conhecer e vai ver a importância dele no folclore, no espiritual”, apontou Sandra.

“A importância de levar Malunguinho para a avenida é a gente nunca esquecer da raiz, da onde a gente veio. A cada ano que passa, a Viradouro vem mostrar pra gente da onde a gente veio, porque o povo brasileiro é misto, ele é misturado. Você vem, você desfila e você mostra o seu sangue ancestral”, finalizou a doméstica Sheyla de Santos, de 54 anos, que já ultrapassou 20 carnavais pela vermelho e branco de Niteroi.

sheila

Tom Maior executa grande apresentação e confirma favoritismo no Grupo de Acesso

A Tom Maior realizou o seu desfile de reedição 2009 neste último domingo. A vermelho e amarelo que agora habita a zona oeste fez com sucesso e o favoritismo foi confirmado. Alegoria nível Grupo Especial, canto forte e Gilsinho cantando o samba de uma nova forma foi destaque. Também vale ressaltar o ótimo andamento e bossas criativas que a bateria “Tom 30” imprimiu na passarela. Somente o aperto no passo após o terceiro módulo ficou visível, pois se fez necessário. A escola correu risco de estourar o cronômetro, fechando com 1h cravado.
Comissão de frente
TomMaior2025 Comissao2
Fotos: Fábio Martins
Quando há uma reedição conhecida, é inevitável fazer uma análise sem sitar comparação. Realmente se confirmou o que era falado pela escola no pré-carnaval: A famosa comissão de frente, que ficou famosa em 2009 por representar a guerra da África da forma mais melancólica possível, foi extinguida. Essa nova Angola de 2025 foi completamente diferente. Alegria, religiosidade, cultura e dança eram mostradas na comissão. A criança presente na ala aparentava representar o futuro do país.
Mestre-sala e porta-bandeira
TomMaior2025 PrimeiroCasal
Fotos: Fábio Martins
O casal Ruhanan Pontes e Ana Paula desfilaram leves pela pista. As coreografias dentro do samba e os movimentos obrigatórios fizeram a dupla ter um exemplar desempenho. A dança sincronizada dos dois colocam a Tom Maior em um quesito a mais no patamar dos melhores quesitos. Ambos mostraram o motivo do investimento do presidente Carlão para mantê-los mesmo estando no Grupo de Acesso.
Enredo
TomMaior2025 10
Fotos: Fábio Martins
A Tom Maior quis mostrar uma nova Angola para o Anhembi e remodelar o contexto do tema levado em 2009. Desta vez, o enredo logo de cara já foi apresentado de forma positiva, sem guerras ou destruições, diferente daquela oportunidade, onde havia um cenário pesado na abertura (e marcante), A religiosidade do país, a música, danças e costumes foram incorporados ao longo do desfile, dentro das alegorias e fantasias.
Alegorias
TomMaior2025 AbreAlas
Fotos: Fábio Martins
O abre-alas, chamado de “A Terra D’Angola – Um Santuário Sagrado: Reconstruindo a sua História!”, também foi totalmente diferente de 2009. Da outra vez representou o caos e, agora, a paz. As esculturas do carro no topo eram vermelhas, simbolizando animais do continente africano. Nas outras partes da alegoria, eram mostradas as outras riquezas africanas. Esculturas de mulheres negras com luxo mostraram a força dessa abertura.
Fantasias
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Fotos: Fábio Martins
A escola mostrou um nível satisfatório de fantasias, tendo uma paleta de cores variada na avenida. Um colorido muito grande entre os setores foi visto na avenida, O único apontamento é referente a primeira ala (“Palancas Negras”), que soltou pequenos pedaços da fantasia por algumas partes da pista.
Harmonia
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Fotos: Fábio Martins
Um quesito arrebatador. O canto que a comunidade colocou na pista é para ficar na história. A Tom Maior tem uma comunidade que canta bastante nos últimos anos e, agora, a agremiação que agora habita na Barra Funda. Esse fato soma-se ao samba de 2009 tão conhecido e louvado por todos do carnaval paulistano, só prova que a estratégia de reedição do presidente Carlão foi ótima.
Evolução
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Fotos: Fábio Martins
Nos primeiros módulos ocorreu tudo bem. Todos os componentes desfilaram soltos, cantando e dançando o samba, com destaque para a parte do “oh deixa gira, girar”, onde todos rodam de forma sincronizada. Até uma parte da arquibancada vai junto. Porém, há de se destacar o grande aceleramento nos passos que a escola deu no segundo módulo para frente, pois percebeu um aperto no tempo e teve que realizar essa estratégia para não estourar o cronômetro. Mesmo assim, fechou com uma hora de desfile e alguns segundos. Um tempo bem arriscado para penalização. Ou seja, dois módulos bons e os outros para ficar de olho.
Samba-enredo
TomMaior2025 InterpreteGilsinho
O samba de 2009 é um dos mais conhecidos do carnaval paulistano por sua melodia e qualidade musical. Agora, interpretado pelo Gilsinho, deu um tom ainda mais diferente. Sempre que o intérprete carioca cantava o samba nos esquentas da agremiação, dava para notar que era diferenciado, e foi assim no desfile oficial. A ala musical junto à bateria “Tom 30” levantou as arquibancadas do primeiro ao último minuto. O refrão do meio era o ápice das passagens.
Outros destaques
TomMaior2025 MestreCarlao
A bateria “Tom 30”, de mestre Carlão deu um andamento correto para a bateria e realizou bossas criativas, com destaque para o refrão do meio.

Nenê de Vila Matilde 2025: galeria de fotos do desfile

Chegou pra ficar! Unidos de Padre Miguel brilha em seu retorno ao Grupo Especial com um conjunto visual impressionante

Após décadas de espera, a Unidos de Padre Miguel finalmente pisou na Marquês de Sapucaí, abrindo com grandeza a primeira noite de desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2025. A imponência visual foi, sem dúvida, o grande destaque da apresentação. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato realizaram um trabalho estético impressionante, respeitando as características da escola, que sempre prezou pela grandiosidade. O desfile trouxe requinte e extremo cuidado, tanto nas alegorias quanto nas fantasias, resultando em um conjunto visual luxuoso e impactante. Além do apuro estético, os quesitos de chão também foram excelentes, com destaque para a evolução, que manteve-se coesa e bem distribuída do início ao fim.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

O desfile do “Boi vermelho” era cercado de grandes expectativas no mundo do samba, e ao final do cortejo, todas foram correspondidas. A apresentação consolidou a Unidos de Padre Miguel como uma das melhores escolas a abrir os desfiles do Grupo Especial.

A vermelho e branca da Vila Vintém levou para a Avenida o enredo “Egbé Iyá Nassô”, em homenagem a Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O tema foi desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato, e a escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 78 minutos.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente da Unidos de Padre Miguel, coreografada por Sérgio Lobato, apresentou o conceito “De Orí para Orí”, representando a força espiritual da ancestralidade e a jornada de Iyá Nassô.

A apresentação simbolizou a proteção e a autorização dos orixás para a saga de Iyá Nassô no Brasil. A dança sagrada de Ayrá formava um redemoinho de resistência, enquanto a Coroa de Xangô, carregada de fé ancestral, abria caminhos e guiava a sacerdotisa. Iyá Nassô surgiu ao lado de Iyá Adetá e Iyá Akalá, guardiãs dos segredos de Ifá, iniciando sua missão envolta nos mistérios do Axé.

A cenografia trouxe um cenário onde todos os componentes vestiam branco, evocando espiritualidade e conexão com os orixás. A coreografia, pautada em movimentos afros e religiosos, reforçou a narrativa sagrada.

A apresentação utilizou uma passada e meia do samba-enredo e foi dividida em dois atos: o primeiro, no chão, e o segundo, sobre o elemento cenográfico. No momento em que os componentes do chão desapareciam, as mães de santo surgiam no carro por meio de elevadores. O grande ápice foi a aparição de Xangô, que emergia em uma espécie de mola, evoluindo sobre a coroa. A execução foi precisa e impecável em todas as cabines de jurados.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, representou a corte real de Oyó e ostentou um figurino imponente, com tons de branco e prata. A passagem da dupla pela avenida teve uma crescente ao longo das cabines de julgamento. No primeiro módulo, a execução da coreografia foi lenta, o que gerou dificuldade para que Jessica conseguisse esticar a bandeira durante os giros. O espaço gerado pelos guardiões foi pouco. A segunda apresentação foi parecida, sendo o maior problema o fato da dança estar travada. Porém, nas últimas cabines o casal se encontrou e a dança foi clara, limpa e com os passos bem definidos, dentro da coreografia eles realizaram movimentos em referência aos orixás.

Enredo

Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato desenvolveram o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que homenageou Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O desfile contou sua trajetória, desde suas origens no Império de Oyó, na África, passando pela travessia forçada pelo Atlântico até sua chegada a Salvador, onde ajudou a consolidar o Candomblé. A escola também destacou sua luta durante a Revolta dos Malês e o legado deixado por suas sucessoras. O interessante é que os carnavalescos fizeram mais que uma homenagem, a escola exaltou a resistência negra, a força do Candomblé e o papel fundamental das mulheres na preservação das tradições afro-brasileiras.

Alegorias e Adereços

A Unidos de Padre Miguel apresentou um conjunto de alegorias imponente, rico em detalhes e repleto de elementos. No total, foram seis carros alegóricos e um tripé, além do elemento cenográfico da comissão de frente. A iluminação funcionou perfeitamente em todas as alegorias, realçando a cenografia e garantindo um impacto visual ainda maior.

Outro ponto de destaque foram as esculturas, bem trabalhadas e expressivas, agregando realismo e imponência ao desfile. Chamou a atenção o fato de que cada alegoria possuía uma concepção própria, com propostas distintas que se diferenciavam entre si, garantindo identidade e força individual a cada uma delas.

As alegorias retrataram com maestria a trajetória de Iyá Nassô e a formação do Candomblé no Brasil, as falhas observadas foram mínimas perto da grandeza e riqueza de detalhes. O primeiro carro, “O Império de Oyó”, representou a grandeza da terra natal de Iyá Nassô, destacando o Boi Vermelho, símbolo da escola, a riqueza do reino e a força de Xangô, orixá da justiça, o único ponto de atenção foi o desgaste da pintura em alguns elementos que simulavam fogo. Em seguida, o segundo carro, “A Travessia”, mostrou o doloroso percurso dos africanos escravizados pelo Atlântico, com um navio tumbeiro cercado por elementos marinhos e a proteção de Iemanjá e Olokun

O terceiro carro, “Barroquinha: Reduto de Mistérios e Fé”, retratou a Igreja da Barroquinha, onde Iyá Nassô e outras sacerdotisas estabeleceram o primeiro terreiro de Candomblé, misturando referências católicas e africanas para representar o sincretismo religioso. Já o quarto carro, “Salvador de Xangôs e Imalês”, abordou a Revolta dos Malês, com elementos islâmicos e símbolos de Xangô, destacando a perseguição sofrida pelos praticantes do Candomblé e a deportação dos filhos de Iyá Nassô para a África. O carro possuía espelhos em sua decoração.

Um tripé, “O Clã de Obatossi”, homenageou Marcelina Obatossi, sucessora de Iyá Nassô, que consolidou a Casa Branca do Engenho Velho, tema da quinta alegoria, “Casa Branca de Fundamentos e Axés”. Essa alegoria exaltou o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, destacando a coroa de Xangô, o verde de Oxóssi, as águas de Oxum e a presença de líderes religiosos da Casa Branca. Houve uma falha no acabamento, no pescoço do jabuti foi observado um pequeno rasgo.

O desfile encerrou com o sexto carro, “Egbé Vila Vintém”, mostrando como o legado de Iyá Nassô se espalhou até a comunidade da escola. A alegoria trouxe Olorun, criador do universo, guiando o Boi Vermelho, além das águas de Oxalá e da Velha Guarda, representando a ancestralidade. Cada alegoria reforçou a grandiosidade do enredo e manteve as características de grandiosidade da agremiação.

Fantasias

Assim como em alegorias, o conjunto de fantasias foi extremamente inspirado, os carnavalescos entregaram um trabalho de muito cuidado em cada ala. O volume das fantasias impressionou, algumas alas pareciam destaques, como por exemplo a ala 22, “Oxum”, que impressionou pelo tamanho do costeiro. Apesar de grandiosas, as fantasias não prejudicaram a evolução dos componentes, que pareceram não se importar com o peso. Luxo é a palavra ideal para expressar as fantasias da agremiação, em nenhum momento do desfile o nível caiu, se mantendo sempre no mais alto patamar.

Harmonia

O desempenho harmônico da Unidos enfrentou problemas no início do desfile por conta da sonoridade da avenida. Porém, ao longo do cortejo o problema foi parcialmente resolvido e o desenvolvimento musical foi bem trabalhado pelo carro de som encabeçado por Bruno Ribas. A bateria de mestre Dinho também evoluiu de forma significativa e contribuiu para que o canto da escola fosse satisfatório. Apesar de não haver uma explosão por parte da comunidade, o canto foi constante durante todo o desfile sendo o refrão o momento de maior destaque, principalmente o verso: “Vila Vintém é terra de macumbeiro”.

Samba-Enredo

Os compositores responsáveis pelo samba foram Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça Do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo, a obra​ seguiu a linha narrativa do enredo e contou com versos fortes e referências ao iorubá. A obra teve uma crescente ao longo do desfile, o início morno deu lugar a uma explosão no final. Muito comentado no pré carnaval, o samba passou muito bem, impulsionou o canto da escola e também foi festejado nas arquibancadas.

Evolução

A evolução foi um dos grandes destaques do desfile. A agremiação demonstrou excelente técnica, com um tempo muito bem controlado. Apesar da grandiosidade das alegorias, a entrada e a saída da Avenida ocorreram de forma tranquila e organizada.

As alas evoluíram de maneira coesa, linear e fluida, sem momentos de estagnação ou aceleração excessiva. Além disso, os componentes atravessaram a Avenida felizes, sem demonstrar nervosismo ou excesso de seriedade, mas sempre mantendo o alinhamento e a harmonia, garantindo um desfile leve e envolvente.

Outros Destaques

O desfile contou também com outros momentos especiais, a rainha de bateria Dedê Marinho ostentou um visual diferente e impressionou por toda sua entrega. A ala das crianças da Unidos é sempre cercada de muita expectativa, eles vieram no final da escola representando a perpetuação do legado, o canto na ponta da língua arrancou aplausos do público.

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