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No embalo da comunidade, Tatuapé se prepara para o Carnaval 2024

Por Will Ferreira e Fábio Martins

Como diz um dos alusivos da agremiação, teve samba na rua Melo Peixoto no último sábado de extremo calor e emenda de feriado. A Acadêmicos do Tatuapé realizou mais um ensaio geral visando o carnaval de 2024, com boa presença de segmentos importantes da escola de samba e, como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, canto alto em determinados pontos do samba-enredo – que cantará “Mata de São João – Uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!”. Com ótimo número de integrantes da ala das baianas e da Velha Guarda, a quarta colocada em 2023 falou diversas vezes em recuperar o título – que veio nos anos de 2017 e 2018.

Tatuape et AlaMusical
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Explosão de alegria

Para contar um município baiano, não poderia ser diferente: a alegria deu o tom para a canção, define Celsinho Mody, intérprete da escola. “É muito difícil falar desse samba, que é todo explosivo. Ele tem várias tinturas, ele é todo colorido, como é a Bahia. Mas ele traz coisas muito importantes. O primeiro é a forma de contar: ele trata da identidade do povo baiano, você vê que ele começa ali com o Xangô, depois os índios tupinambás, depois o povo negro, você vai construindo o cenário com a personalidade e identidade das pessoas. Fala da baiana, fala da senhora dos navegantes , fala de Iemanjá, fala do nosso senhor do Bonfim. Depois conclama o povo brasileiro a um grande abraço. Depois da pandemia, que foi ontem, a gente não podia abraçar ninguém – e esse samba conclama um grande abraço do povo do samba. E, no final fecha com ‘a Bahia tem axé do meu orixá’. Então eu tenho certeza que esse será um grande samba na avenida, a comunidade está muito feliz, cantando muito feliz, e eu vou te dizer que é o samba que eu mais estou cantando feliz até hoje, muito feliz mesmo”, destacou.

Tatuape et CelsinhoMody

A força da comunidade também foi citada por Eduardo Santos, diretor de carnaval e um dos presentes da agremiação – juntamente com Erivelto Coelho, Antônio de Castro e Edu Sambista. O trunfo da nossa escola sempre foi a nossa comunidade, a força do nosso componente, fantasiado ou não, que abraça a escola de uma maneira fantástica. Contamos com eles novamente, como sempre vamos contar. Ele é a nossa diferença e grande trunfo. Sem ele, não somos nada. Eles que vão levar tudo que está sendo feito na Fábrica, e eles quem levam todo o trabalho para o jurado ver. Se o jurado fosse na Fábrica do Samba, certeza que seria nota dez; se ele viesse aqui e visse nosso canto, nosso chão, ala musical e baianas, também daria dez para todo mundo. Mas nós dependemos do dia em que isso acontecendo, quando aproximadamente duas mil pessoas vão no Anhembi levar o trabalho todo produzido e ensaiado para o jurado ver. É para ele que entregaremos tudo isso para que, no dia 09, com a competência de sempre, ele mostre tudo o que fizemos ao longo de todo ano”, comentou.

Ao falar sobre pontos que podem ter evolução, Eduardo deixou claro que a autocrítica sempre acontece na escola. “Tudo tem ajuste para fazer, esse ajuste acaba quando o portão abre. Até lá, estamos ajustando, ensaiando, gravando ensaios, aperfeiçoando, onde não estamos legal para ficar legal, onde já está legal para ficar melhor ainda. Isso não para, é uma luta constante de todo dia, toda hora e todo ano. Vamos fazer isso sempre”, pontuou.

Tatuape et PresidenteDiretorEduardoSantos

A alegria também deu o tom na Evolução da escola. Em ritmo já bastante correto, a escola fez o ala a ala com ótimo andamento, aproveitando ao máximo o espaço da quadra – em determinado momento, com a presença de algumas pessoas que não estavam ensaiando (provavelmente aguardando a roda de samba que aconteceria depois do ensaio), os componentes passaram a evoluir em um espaço pouco menor. Também chamou atenção o fato de todos já estarem com a coreografia ensaiada e bastante expressivos em relação à dança.

Regulamento sem dramas

Grande novidade para o carnaval 2024, a mudança em boa parte dos quesitos no novo regulamento não é algo que assuste muitos segmentos da escola. Jussara Souza, porta-bandeira da escola, abordou o tema em entrevista. “O regulamento não é que está mais desafiador, ele está mais visualmente pronto para qualquer pessoa que estiver assistindo entender a forma como o jurado pode avaliar o casal. Tem a parte de musicalidade, de ritmo, de qualidade técnica – que é muito importante. Para o Casal Foguinho, atacamos esse novo regulamento da forma que já vínhamos trabalhando. Não mudou muita coisa porque, nos desfiles anteriores, já vínhamos trabalhando em cima do samba. Se a nossa fantasia representa o mar, nossa coreografia também representa o mar. Sempre trazemos alguma referência sobre o samba junto com a fantasia para o coreografia. Antes, o regulamento não pedia isso; agora, pede. Para nós, está tudo ok. Estamos prontos para encarar esse novo desafio”, comentou.

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A tranquilidade é tamanha que ela e Diego Silva já estão com quase tudo pronto para a apresentação oficial. “Não mudamos a forma de planejar o nosso trabalho para o próximo carnaval, estamos ensaiando e já estamos com a pista, a apresentação para o jurado, já pronta. Se o desfile fosse amanhã, já estaríamos prontos para brigar pela nota mais uma vez. Estamos ensaiando duas vezes por semana, trabalhando bastante a parte física e seguindo”, declarou. Vale destacar que a porta-bandeira estava acompanhando o casal mirim da agremiação (ela é mãe do mestre-sala de tal dupla) e que, antes do ensaio começar, a ala musical da instituição pediu forças para a mãe de Diego – por redes sociais, ele revelou que estava com a matriarca em um hospital. Toda a equipe também deseja forças para ela.

Celsinho aproveitou para destacar uma das novidades que a ala musical da agremiação trará para o Anhembi. “É um prazer a gente cantar junto, nosso trabalho aqui é coletivo. O nome do intérprete é Celsinho Mody, mas aqui é um trabalho coletivo, das vozes, das cordas. Para mim é um prazer e isso já entra no próximo regulamento, ao qual são dois décimos, que a sala musical pode tanto pontuar, trazer a mais ou perder pontos. Nós sempre tivemos aqui um trabalho muito rebuscado musical, você vê que a gente parava o canto das vozes para ouvir as cordas e vice-versa, e esse ano esse trabalho será multiplicado. Nós vamos fazer uma divisão de canto, um trabalho chamado reconstrução, que é trazer aquele canto da década de 1970, 1960, que as escolas de samba faziam, para o carnaval de 2024. Ou seja: as mulheres cantando como mulheres, cantando as vozes agudas, as oitavas, e os homens cantando como homens, com as notas mais graves, as notas mais, tônicas do samba. Vai ser muito bonito”, suspirou.

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Estreante na função de mestre de bateria, Léo Cupim (que não se incomoda em ser chamado por apenas um dos nomes) também destacou que o trabalho na Qualidade Especial é de seguimento. “O processo, na verdade, é uma continuidade. Vai ser uma continuidade do trabalho do mestre Higor, que já tinha a filosofia da escola há muitos anos. Vamos manter a bateria com vigor, com andamento mais para frente, que se tornou a característica da escola. Até por ter sido uma troca repentina, daremos sequência no que vinha sendo feito”, afirmou, relembrando o antigo comandante dos ritmistas – que permaneceu de 2010 a 2023 no posto.

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Vale destacar que a Qualidade Especial aproveitou para fazer algumas paradinhas e bossas, o que agitou os componentes. O mestre de bateria, por sinal, foi visto, em alguns momentos, indo para o meio da bateria para conversar diretamente com diretores e ritmistas.

Também em fala que remete ao regulamento, Léo Cupim trouxe mais alguns detalhes da bateria para o ano que vem. “O enredo sobre Mata de São João, na Bahia, certamente vai influenciar paradinhas e bossas da Qualidade Especial para 2024. Não teremos instrumentos complementares com referência à Bahia, mas todos os arranjos e bossas foram pensados com a temática, casando também com o samba”, revelou.

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Equipe entrosada

Em cada entrevista, diversos segmentos da escola se elogiam. Celsinho, por exemplo, faz questão de elogiar todo o restante do time de canto. “Nós temos três mulheres no canto: Keyla Regina, que é uma das maiores cantoras do Brasil, um vozeirão espetacular; Sté Oliveira, que entrou esse ano, que é um diamante, uma voz imensurável; e um tesouro que a gente tem, que é a Vanessa Demetria, uma musicista, está se formando agora em musicoterapia, e era componente da ala e passistas e veio integrar a nossa sala musical, já é o terceiro ano dela. Ela já vem fazendo esse trabalho de abertura de vozes para as oitavas, e esse ano ele será massificado. Nós temos aqui os nossos, que sem eles eu não sou nada: André Ricardo, o nosso capitão, Douglas Chocolate e Adriano, cantando as vozes masculinas. Nas cordas são quatro: Kleber, Souza, Celso do Cavaco, que toca bandolim, Caio Sena e Leonardo Gomes. A equipe é a mesma, são nove anos da mesma equipe, fomos aos poucos integrando a voz das mulheres, e esse ano haverá realmente uma divisão igualitária entre as vozes masculinas e femininas. É um trabalho conjunto muito ensaiado, muito rebuscado, um arranjo feito pela ala musical, com a regência da nossa diretora musical, Ana Nascimento, e vamos com tudo para levar música para os jurados. Eu confio muito, respeito muito os jurados do carnaval de São Paulo, porque são sempre músicos conceituadas na área, falando especificamente dos nossos quesitos que tangem o nosso canto. São jurados especializados, gente que sabe de música. Nós vamos fazer um espetáculo para o povo ser feliz, mas também para agradar esses jurados”, derreteu-se.

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Vale pontuar, por sinal, que a ala musical, em diversas oportunidades, conclamou a comunidade a cantar mais fortemente e sentir a Harmonia do samba – e os componentes responderam muito bem ao pedido.

O intérprete, por sua vez, recebeu vários elogios de Léo Cupim. “O Celsinho é um parceiro, grande amigo. Desde quando ele retornou à escola, foi uma honra recebê-lo aqui. Ele até conta que eu fui uma das primeiras pessoas a recebê-lo na quadra, e ali fizemos um pacto para buscar o título – o que aconteceu duas vezes. Essa parceria vai continuando, nada muda em busca em torno da nossa terceira escola”, afirmou.

Tatuape et Harmonia

Responsável pela escola e pelos desfiles, Eduardo também entrou na onda. “Estamos trabalhando muito, dentro do nosso prazo. Estamos fazendo um trabalho fantástico na parte plástica lá na Fábrica do Samba, tudo dentro do cronograma – tanto nas alegorias como nas fantasias. Os três quesitos que estão por lá estão todos eles sendo muito bem realizados, dentro do prazo. Dentro da quadra, já estamos a todo vapor fazendo ensaios quintas e sábados. A partir da semana que vem, será terças, quintas e sábados. E, a partir de janeiro, com ensaios de rua e técnicos. Estamos aprimorando nosso canto e evolução, nossa dança… nossa bateria em um desenvolvimento muito legal, mestre Cupim em um trabalho maravilhoso. Nossa ala musical tem uma energia muito grande, que só nos traz muito orgulho e alegria. Estamos esperando com muita ansiedade o dia que juntaremos tudo isso para fazer um grande desfile, e esse dia será o 09 de fevereiro. Estamos nos preparando para que a gente consiga cumpriu o objetivo para o ano que vem: o grande desfile da nossa vida. Acho que vamos conseguir, mais uma vez, estabelecer um pacto de fazer o nosso desfile perfeito”, destacou.

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Sem a presença de Muriel Quixaba, rainha de bateria, quem interagiu com a comunidade à frente dos ritmistas foi a princesa da bateria, Talita Guastelli. Com extrema simpatia, ela apresentou os ritmistas e fez a ligação com o restante dos componentes da agremiação.

Cartas na manga

Se o segredo do sucesso da Tatuapé é conhecido, a escola não deixa de ter algumas surpresas para a avenida. Sem revelar a fantasia que usará em 2024, Jussara falou sobre o andamento da vestimenta. “Já vimos a fantasia, mais um ano podendo dar a opinião e deixar a fantasia de uma forma mais leve e tranquila para executar os movimentos da pista. Vai ser uma fantasia bonita mais uma vez, e já fizemos prova de costura e sobre o pano. Agora, ela está entrando na parte de finalização, de decoração e montagem de plumagem. Já está bem adiantado”, comemorou.

Tatuape et Componentes

Por fim, Léo Cupim comentou que a Qualidade Especial terá um segundo instrumento para que todos fiquem de olho. “Além do agogô, temos um naipe especial que eu gosto de exaltar: o de chocalhos. É um naipe bem forte, que tem um arranjo bem especial para 2024”, finalizou.

Mais fotos do ensaio

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Debaixo de chuva forte, Porto da Pedra realiza ensaio de alto rendimento, com destaque para o samba-enredo

A Unidos do Porto da Pedra realizou na noite do último sábado o seu terceiro ensaio de rua rumo ao carnaval 2024, a forte tempestade que atingiu o município de São Gonçalo afastou o público, mas não impediu que a comunidade cantasse e evoluísse com muita empolgação. O público já estava chegando e a escola se concentrando nas ruas Doutor Feliciano Sodré e Doutor Nilo Peçanha quando o vento anunciou a forte tempestade que estava chegando. Por conta disso, o treino da vermelha e branca atrasou e começou ás 21h30, durando pouco mais de uma hora. Apesar da adesão não ter sido completa por conta do tempo, o samba-enredo da escola foi o ponto alto da noite, conduzido brilhante por Wantuir, a obra contribuiu para que a comunidade cantasse com muito vigor.

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Fotos: Luan Costa/CARNAVALESCO

Para o Carnaval 2024 a vermelha e branca levará para a avenida o enredo: “O Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”, que celebrará o saber popular utilizando o “Lunário Perpétuo”, seus ensinamentos e desdobramentos, como guia precioso. O tema está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes e pelo enredista Diego Araújo. O Tigre de São Gonçalo terá a missão de abrir os desfiles no Grupo Especial, domingo, dia 11 de fevereiro. O próximo ensaio a céu aberto da agremiação será na Praça dos Bandeirantes, no bairro de Amendoeira, no dia 25, trata-se de uma iniciativa da Prefeitura em parceria com a escola para que sejam realizados treinos em diversas localidades do município.

“Caiu um dilúvio antes, a gente tava com a escola pronta, acabou afastando muita gente, mas de um modo geral o ensaio foi bom, a resposta da comunidade foi muito boa, infelizmente o público não ficou presente por conta da chuva. O importante é que a escola está em uma crescente no que diz respeito a canto, é gradativo, é ensaio de rua, é ensaio de canto as quintas-feiras, sinto que estamos subindo um degrau a cada ensaio”, disse Amauri de Oliveira, diretor geral de Harmonia da Porto da Pedra, em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.

Comissão de Frente

Pela primeira vez nessa temporada, a comissão de frente assinada pelo coreógrafo Júnior Scapin participou do ensaio de rua, composta somente por rapazes, a comissão realizou a coreografia de deslocamento e cada componente utilizou uma espécie de bastão para auxiliar nos movimentos. Segundo Scapin, o ensaio serviu para colocar em prática as duas semanas de ensaio que tiveram, além de testar a resistência física dos bailarinos.

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“A gente começou a ensaiar fazem duas semanas, estamos com a coreografia de deslocamento pronta, que é essa que estamos ensaiando nessas duas semanas, na próxima segunda-feira a gente começa a outra coreografia de deslocamento e parte pra jurado. Cheguei atrasado por conta da chuva, tava tudo parado, mas consegui chegar, peguei eles fazendo o quarto jurado, mas pelo o que minha assistente falou foi ótimo, é a primeira vez que estamos aqui, então a gente usa esse ensaio mais pra resistência, ver como os meninos vão aguentar, a roupa deles é bem pesada, eles são um personagem muito importante e específico dentro da história. Pelo o que vi aqui vai dar tudo certo, eles aguentaram e deram conta do recado”, disse o coreógrafo.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Não foi só a comunidade que não conseguiu chegar em peso para o ensaio, por conta da chuva, a primeira porta-bandeira, Denadir Garcia, ficou presa no trânsito e não pôde participar do treino, seu parceiro de dança, Rodrigo França, dançou com a segunda porta-bandeira e mesmo com as adversidades aprovou o ensaio.

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“Sem a Denadir foi complicado, a gente está ensaiando desde que ela chegou na escola, então tudo que a gente trabalhou a gente coloca em prática no ensaio de rua, mas deu pra levar, eu tenho o tempo do samba, tenho o momento de entrar e o momento de sair, graças a Deus com a segunda porta-bandeira consegui fazer bonito. Ensaiar debaixo de chuva também faz parte, no dia oficial pode estar tá chovendo, tem que tirar de letra e saber dibrar as adversidades”, pontuou Rodrigo.

Harmonia

O ensaio de sábado mostrou que a comunidade da Porto da Pedra está com o samba na ponta da língua, foi apenas o terceiro ensaio de rua, mas é possível perceber a crescente do canto da escola, aliado a isso, o carro de som conduzido por Wantuir e com participação de Luizinho Andanças, intérprete que marcou época no Tigre, mostrou estar muito entrosado. O samba para 2024 é leve e proporcionou que os componentes se divertissem durante o cortejo, neste ensaio foi possível observar um canto uniforme de todas as alas, até mesmo as que estavam posicionadas no final.

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Evolução

O componente da Porto da Pedra ensaiou de forma solta, a chuva que caiu antes poderia desanimar, mas ocorreu o contrário, a comunidade se entregou e evoluiu com muito vigor. Apesar de não estar em grande número (muito por conta da dificuldade que alguns tiveram para chegar), o balanço foi positivo, as alas ensaiaram de forma descontraída e nenhum componente parecia estar engessado, o que tornou a passagem da escola ainda mais leve. Alguns elementos foram utilizados para demarcar o espaço das alegorias no dia do desfile oficial e algumas alas coreografadas marcaram presença também. A vermelha e branca não apresentou nenhum buraco ou pausas abruptas, nem mesmo com a entrada e saída da bateria do recuo.

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Samba-enredo

O samba-enredo de autoria de Guga Martins, Passos Júnior, Gustavo Clarão, Lucas Macedo, Leandro Gaúcho, Clairton Fonseca, Richard Valença, Gigi da Estiva, Abílio Jr., Marquinho Paloma, Cristiano Teles e Ailson Picanço foi peça fundamental no bom ensaio realizado pela escola, conduzido brilhante por Wantuir, que se mostrou extremamente a vontade durante a passagem, o samba se mostrou desde o início um trunfo da escola, a comunidade abraçou a obra e cantou com extrema empolgação.

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A obra tem uma melodia que permite que o componente cante sem demonstrar cansaço, tudo ocorre de forma fluída e facilita a vida do brincante, a letra tem alguns trechos que mexem com o brio da comunidade e permite que eles cantem com ainda mais empolgação. Vale destacar o refrão principal, com os versos “Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Okê, caboclo! Tempo bom vem pra ficar!/Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Faltava o tigre pro Lunário completar!”, foi berrado pelos desfilantes, sendo o trecho de maior rendimento.

Bateria

Mesmo não estando completa, a “Ritmo Feroz” mostrou que está entrosada e contribuiu para o bom rendimento do samba. A chuva, que é sempre dor de cabeça para qualquer bateria, não foi impecilho para que os ritmistas pudessem brincar durante o ensaio, com um andamento agradável e inúmeras paradinhas, a bateria foi um dos pontos altos da noite. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, mestre Pablo contou que as adversidades da noite contribuíram para preparar ainda mais a escola, ele também pontuou que não houve mudanças por conta da chuva.

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“A gente precisa estar preparado para qualquer situação, chuva, chuva de granizo, nada vai parar o tigre de São Gonçalo, pode cair canivete que a gente vai tá lá e mostrar a garra povo gonçalense. Não fizemos nada diferente, nada mudou, fizemos paradinhas, tudo que vamos fazer na avenida, nós fizemos hoje aqui, a chuva não atrapalhou em nada, pelo contrário, só deu mais alegria pra gente”, disse mestre Pablo.

Outros Destaques

Mesmo com a condição climática adversa, o ensaio deste sábado contou com presenças ilustres, a começar pelo prefeito da cidade, Capitão Nelson, ele esteve presente, mas diferentemente do último ensaio, não realizou nenhum discurso.

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Tati Minerato, a sempre presente rainha de bateria da ritmo feroz, não se importou com a chuva e esbanjou samba no pé, a loira ainda demonstrou muito carisma e foi bastante tietada pela comunidade.

De volta a vermelha e branca depois de longos anos, a cantora Valesca Popozuda caiu no samba e mostrou que já está com o hino de 2024 na ponta da língua, muito festejada pelo público, a cantora fez questão de tirar foto com todos que pediram.

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Porém, o grande destaque da noite foi o Tigre de São Gonçalo, o mascote oficial da Porto da Pedra, ele marcou presença e foi a figura mais procurada antes, durante e depois do ensaio, inúmeros segmentos pediram para tirar foto com o mascote, que caiu no gosto popular rapidamente.

Tirolesa com bicicleta faz sucesso entre os sambistas no festival Guardiões da Favela na Cidade do Samba

Não faltou entretenimento e diversão na segunda edição do Guardiões da Favela, que ocorreu no último sábado na Cidade do Samba. Além do espetáculo produzido pelas baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, o festival contou com uma tirolesa. O projeto foi resultado de uma parceria entre a Acadêmicos do Grande Rio e a prefeitura de Maricá e era gratuito.

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Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Em cima das tradicionais bicicletas da cidade, as “vermelhinhas”, o público precisava pedalar para cruzar os 100 metros de cabo de aço que cruzavam a Fábrica de Sonhos. A travessia era registrada por um drone e a filmagem fornecida no final. Os únicos requisitos eram preencher um termo de responsabilidade e ter no máximo 100 kg. Segundo Oz Eneas, diretor de Live Marketing da STA.live, que presta serviços para a prefeitura de Maricá, a proposta foi levar para o carioca um pouco do que o município oferece e, ao mesmo tempo, enaltecer a Unidos de Maricá.

“A nossa escola se chama Unidos de Maricá. Daí fizemos esse trocadilho com a hashtag “Unidos por Maricá”, e trouxemos um resumo do nosso olhar social – tudo o que a cidade faz pelo povo. A bicicleta é um dos símbolos do nosso município, porque assim como os ônibus, a população utiliza sem ter que pagar nada. A ideia é trazê-la em uma forma de tirolesa, gratuita, representando essa entrega social”, explica Oz.

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Apesar de bastante utilizada e elogiada por quem a frequentava, a tirolesa precisou ser fechada por conta das fortes chuvas e ventanias que atingiram a Região Metropolitana do Rio. Idealizador do festival, mestre Fafá, que comanda a bateria da tricolor de Caxias, revelou que a proposta inicial era colocar uma roda gigante. Devido ao alto custo e inspirados em uma ideia da Beija-Flor, a organização do evento buscou patrocínios para que a tirolesa fosse instalada.

“Foi uma ideia em conjunto. Vou confessar que iria ter uma roda gigante, só que o custo seria muito alto. Foi uma ideia nossa e até seguindo a ideia bacana que a Beija-Flor fez na quadra deles. Conseguimos esse apoio com a prefeitura de Maricá. Tivemos um probleminha com São Pedro, mas deu tudo certo”, contou Fafá.

Juntando o samba no pé com a aventura radical, o sambista Diego Tavares, 22 anos, universitário e torcedor da Portela, testou a tirolesa e aprovou. Para ele, seria importante mais iniciativas que oferecessem serviços gratuitos.

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“Quando eu cheguei, achei que precisaria pagar para usar. Seria legal que outras coisas desse tipo fossem disponibilizadas nas escolas para mais público – principalmente o mais jovem. Espero que tenha nas outras vezes. O mais legal é que ao mesmo tempo a tirolesa mostra algo que o Rio não tem, que é o transporte público gratuito”, diz Diego.

Imperatriz realiza feijoada da Consciência Negra com Mangueira e Fundo de Quintal

A Imperatriz Leopoldinense realiza, nesta segunda-feira, a partir das 13h, a Feijoada da Rainha – em homenagem ao dia da Consciência Negra -, com a presença da Estação Primeira de Mangueira, show do Grupo Fundo de Quintal e muito mais.

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“A feijoada da Imperatriz é famosa também pelo ambiente familiar e acolhedor. Esse é um evento de comemoração e também de reflexão do dia da Consciência Negra, que é a ancestralidade do nosso carnaval”, afirma Cátia Drumond, presidente da Imperatriz.

A Feijoada da Rainha de Ramos vai contar, também, com um super show da Swing da Leopoldina e o Pagode do mestre Lolo. A compra dos ingressos para o evento, que vai reunir o melhor do samba e do carnaval, pode ser feita através do app da Sympla ou de link disponível no Instagram da escola.

Guardiões da Favela é um sucesso e merece estar no calendário anual de eventos

A segunda edição do Festival Guardiões da Favela foi realizada na tarde/noite de sábado e terminou na manhã de domingo, na Cidade do Samba. Um total de 15 baterias se apresentaram, revezando no palco colocado de forma centralizada onde fica a tenda. A ornamentação já indicava que o Festival desse ano pensou bastante nos detalhes. Em momento algum faltou água para ritmistas que tocavam, preocupação válida por causa da onda de calor. O calor, inclusive, acabou atrasando o início, mas nada que prejudicasse a animação do público. A Viradouro não se apresentou no encontro, porque houve atraso no evento e a escola já tinha compromisso na quadra da Mangueira.

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Porto da Pedra: A bateria da Unidos do Porto da Pedra contou com sua tradicional pegada característica. E mesmo com o andamento um pouco mais acelerado por questão de identidade, a “Ritmo Feroz” fez sobressair o peso de suas marcações. O balanço cativante dos surdos de terceira foi um dos pontos altos do ritmo gonçalense, bem como o toque firme dos marcadores de primeira e segunda. Vale menção para a execução privilegiada do samba campeão do grupo de Acesso da Liga-RJ do Carnaval 2023, com suas bossas potentes sendo apresentadas com precisão e firmeza.

Império Serrano: Com um ritmo de energia ancestral é possível dizer tranquilamente que a “Sinfônica do Samba” é uma verdadeira entidade musical do carnaval carioca. Sua levada identitária de caixa com rufada se apresentou de forma uníssona, garantindo com o bom balanço das terceiras, uma apresentação bastante vibrante. O nível de detalhamento musical de uma bateria como a do Império Serrano é simplesmente impressionante. Além das convenções repletas de densidade sonora, vale ressaltar a própria forma como os ritmistas se entregam musicalmente, produzindo uma sonoridade profundamente diferenciada e de amplo destaque.

Unidos da Tijuca: Mesmo com número de contingente reduzido em relação às demais baterias, a “Pura Cadência” se exibiu de forma consistente. Uma apresentação que brindou o público com uma afinação de surdos diferenciada, que ajudou a evidenciar o trabalho pulsante dos surdos de terceira. As caixas de guerra tijucanas também contribuíram preenchendo a sonoridade com aquela batida clássica do ritmo do Borel. Os naipes agudos ajudaram a consolidar a musicalidade da bateria da Tijuca. Cuícas ressonantes, além de tamborins e chocalhos que tocavam de forma sincronizada, deram leveza à parte da frente do ritmo.

União de Maricá: A bateria “Maricadência” fez uma apresentação intensa. Com marcadores bem firmes e surdos de terceira cheios de balanço, se mostrou uma bateria que aproveitou o momento de fazer ritmo para interagir com o público, através de uma exibição musicalmente energética. Seu esquenta misturou um ritmo pesado e acelerado, com uma bateria que não só pulsou firme, como se exibiu de forma animada, jogando o clima do evento lá no alto! Durante a apresentação do samba do Carnaval 2024, mestre Paulinho Steves não conseguiu conter a emoção e acabou indo às lágrimas, enquanto agradecia aos ritmistas pela exibição que dignificou o ritmo da União de Maricá, num evento dessa magnitude e importância.

Império de Casa Verde: Antes mesmo de iniciar seu esquenta, foi possível ouvir raios e trovões que precederam um dilúvio que acompanhou toda a exibição da bateria do Império de Casa Verde. No esquenta, a “Barcelona do Samba” adotou um andamento um pouco mais para frente que o de costume, mas que contribuiu dando pressão ao ritmo imperiano. Com um naipe de caixas absurdamente ressonante, a bateria do Império executou seus sambas de forma precisa, contando ainda com uma levada de surdo de terceira de grande destaque, que contribuiu tanto com balanço, quanto com pressão. É possível afirmar que a explosiva apresentação do samba do Carnaval 2023 foi um dos pontos altos da festa. Principalmente devido à paradinha do refrão principal, quando os surdos terminam a bossa subindo em progressão dinâmica, demonstrando bom gosto.

Estação Primeira de Mangueira: Toda a energia tipicamente mangueirense foi traduzida em forma de ritmo genuinamente verde e rosa. Uma bateria vibrante, com marcadores poderosos e caixas ressonantes. O surdo de primeira pulsou firme, intercalado pelo balanço dos surdos mor. A bateria “Tem que Respeitar meu Tamborim” fez jus ao nome, apresentando uma ala de tamborim coesa, firme e profundamente impactante. Vale mencionar também cinco ritmistas do naipe de xequerês, que ajudaram não só no ritmo, mas como na leveza e energia da cabeça da bateria. Tocaram, dançaram e se divertiram! A espontaneidade da bateria da Mangueira foi aquele peculiar show. Uma exibição poderosa, com sonoridade sobretudo sofisticada.

Acadêmicos do Salgueiro: Com sua típica vibração salgueirense a bateria Furiosa fez uma apresentação espontânea e intensa. Começando com um esquenta que jogou o clima lá no alto, a nítida energia dos ritmistas contribuiu na exibição luxuosa. Apresentando sua afinação de timbre grave característico, o molho de caixas, taróis e repiques foi realçado pelos surdos de terceiras com sua pegada peculiar. A pressão de suas marcações deixou os presentes impressionados com o ritmo da Furiosa, proporcionando uma interação popular de grande destaque. Vale ressaltar que o já aclamado samba para o Carnaval 2024 provou seu valor, possibilitando uma apresentação pra cima e vigorosa.

Acadêmicos do Grande Rio: A escola organizadora do Festival optou por iniciar sua apresentação no palco principal da Cidade do Samba, até por apresentar de longe o maior contingente da noite. A escolha trouxe conforto no esquenta dos ritmistas, que puderam se divertir enquanto faziam ritmo. A cadenciada bateria da Grande Rio se exibiu de forma segura, num ritmo cujo destaque foi a equalização entre os naipes, onde era possível ouvir qualquer instrumento independente do ponto onde se estava na bateria. O toque ressonante das caixas foi destaque de um ritmo absolutamente fluído, que ainda contou com repiques coesos e retos no preenchimento da sonoridade dos médios. Todos os instrumentos eram percebidos, graças ao toque educado e ponderado dos ritmistas, que tiravam som das peças com a firmeza certa.

Beija Flor de Nilópolis: Antes mesmo de subir para o palco, a bateria “Soberana” iniciou seu esquenta cantarolando seu samba do ano, enquanto executava seu privilegiado leque de bossas para o próximo carnaval. Vale destacar a animação dos ritmistas, que fizeram um esquenta que mesclou ritmo com alto astral. A bateria da azul e branca de Nilópolis exibiu sua afinação característica de surdo, com destaque para o timbre agudo do surdo de segunda. O complemento dos médios esteve em evidência, graças ao bom trabalho de caixas e repiques. A ênfase no samba do Carnaval 2024 foi tanta que, logo após o hino de exaltação, rolou sua surpreendente execução. A Soberana acompanhou de forma simplesmente luxuosa a obra da Deusa da Passarela, com convenções extremamente conectadas ao samba-enredo. Nitidamente a sonoridade da bateria da Beija Flor impulsionou o samba da escola, recheando sua apresentação com bom gosto musical.

Portela: A bateria “Tabajara do Samba” se apresentou com sua peculiar classe. Com marcadores que pulsaram de forma firme, mas sem correria, o que auxiliou o bom preenchimento dos médios, com repiques ressoando juntos à batida tradicionalmente rufada das caixas de guerra. Os surdos de terceiras foram o ponto alto da sonoridade portelense, possibilitando um balanço simplesmente único para a bateria da Águia. A musicalidade genuinamente portelense encantou o público presente, com seu aspecto particularmente grave, que ainda contou com naipes agudos sólidos para preencher com consistência a bateria da Portela.

Paraíso do Tuiuti: A bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiuti se exibiu com um ritmo requintado. Com uma afinação de surdos mais leve, os naipes médios sobressaíram de forma considerável, com destaque para repiques e caixas. Com um agudo de qualidade, o preenchimento sonoro da bateria do Tuiuti se mostrou simplesmente sublime, principalmente com sua ala de chocalhos altamente técnica, acompanhada de tamborins e cuícas tocando de forma segura e coesa. Uma atuação profundamente precisa da bateria do Tuiuti, com um ritmo refinado e consistente. A apresentação tecnicamente impecável se juntou a um clima de interação popular, à medida que a bateria do Tuiuti executava suas bossas com maestria.

Unidos de Vila Isabel: A bateria “Swingueira de Noel” se apresentou de forma sólida e precisa. Com sua afinação particularmente grave, os marcadores foram firmes. O destaque musical ficou por conta do ritmo coeso e equilibrado dos médios, desenvolvidos por caixas retas, repiques e taróis com batida de partido alto. A segurança e consistência dos naipes agudos também merecem menção musical positiva, pois auxiliaram no preenchimento do ritmo com eficácia e qualidade sonora. Animação não faltou aos ritmistas da bateria da Vila, que aproveitaram a participação no Festival para aliarem boa musicalidade e espontaneidade. A execução privilegiada das bossas impressionou, assim como a boa educação musical do ritmo da Vila.

Imperatriz Leopoldinense: Uma bateria “Swing da Leopoldina” muitíssimo bem afinada foi notada. Sua definição de timbres beirou o espetáculo, tudo isso fortalecido por um balanço irrepreensível dos surdos de terceira. No preenchimento dos naipes médios, repiques sólidos tocaram entrosados com caixas de guerra ressonantes. As peças agudas também impulsionaram o bom ritmo da verde e branca de Ramos, adicionando nítida qualidade à parte da frente da bateria. As bossas foram executadas com firmeza e precisão. A educação musical nítida facilitou com que a segurança pautasse o toque dos ritmistas, incluindo as retomadas.

Vai-Vai: A bateria “Pegada de Macaco” se apresentou com seu ritmo tradicionalmente acelerado, com bastante pressão provocada pela afinação de timbre bem grave das marcações. O balanço dos surdos de terceira foi o destaque da cozinha da bateria. Os naipes agudos auxiliaram no preenchimento sonoro demonstrando virtudes musicais, com menção positiva para o entrosamento entre tamborins e chocalhos. É possível dizer que o ritmo da bateria do Vai-Vai possui uma energia musical bastante peculiar, com os ritmistas colocando também muita emoção como parte característica do seu toque. O público, nitidamente fascinado, respondeu com interação caindo dentro da escola do povo de São Paulo e de seus sambas históricos. Uma apresentação visceral, que conectou a musicalidade da bateria do Vai-Vai, com a explosão típica dos sambas da escola do bairro do Bixiga.

Unidos de Padre Miguel: A Bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel fez uma apresentação segura e equilibrada. Um fato que merece ser mencionado é que foi o ritmo com maior participação feminina, graças inclusive ao projeto de Bateria das Guerreiras, lançado por mestre Dinho e com ritmo completamente composto por mulheres, comandada pela mestra Vivian Pitty. Com uma afinação tradicionalmente mais pesada, a bateria da UPM exibiu um ritmo consistente, com ótima execução dos agudos, principalmente dos tamborins e chocalhos, que por vezes tocavam entrelaçados. As bossas altamente musicais foram destaque dentro da sonoridade da bateria da UPM.

Mocidade Independente de Padre Miguel: A bateria “Não Existe Mais Quente” iniciou seu esquenta com repique solista tocando, lembrando as apresentações “das antigas”. Logo após o repique chamar o ritmo foi possível constatar a inigualável subida cascavel do chocalho independente. A afinação invertida de surdos foi percebida. O complemento sonoro dos médios foi contundente. Repiques coesos e caixas de guerra rufadas com acentuação diferenciada preencheram a sonoridade com eficácia, bem como os agogôs de duas bocas contribuíram no balanço, junto de surdos de terceira profundamente envolventes. Tamborins e chocalhos se exibiram de forma sublime, acrescentando valor sonoro à musicalidade da bateria “NEMQ”. O jeito característico e único da bateria da Mocidade encerrou o evento da melhor forma possível, com uma sonoridade que reflete por completo seu DNA musical. Ao invés de terminar sua apresentação andando pela passarela até o palco principal iguais às demais escolas, a bateria da Mocidade preferiu descer pelas escadas que subiu para o palco e terminar sua apresentação no meio da tenda da Cidade do Samba, em meio ao calor do público. Um final apoteótico, de um festival feito de sambistas para sambistas.

Mais do que nunca o Festival Guardiões da Favela foi um sucesso. É necessário que ele faça parte do calendário anual de eventos da Cidade do Samba, permitindo inclusive uma exploração comercial visando turismo. Nossa cultura rítmica de baterias pode ser difundida tanto em caráter nacional, quanto internacional, atingindo cada vez mais um público que não costuma ter contato com os ritmos, dignificando o gênero samba-enredo.

Há mais de uma década na Vila Isabel, Sabrina Sato afirma: ‘Vou ficar para o resto da minha vida’

A apresentadora Sabrina Sato irá alcançar uma marca expressiva como rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2024. Atualmente em sua segunda passagem, a artista fará no ano que vem o décimo segundo desfile à frente dos ritmistas da “Swingueira de Noel”. Para efeito de comparação, no Grupo Especial do Rio, apenas Viviane Araújo no Acadêmicos do Salgueiro possui um tempo maior na função. A contratada da Globo estreou no posto em 2011 e ficou de forma consecutiva até 2019. Em 2020, ela foi substituída por Aline Campos, ex-Riscado, vindo naquele ano como rainha da agremiação. O retorno para o cargo mais cobiçado da folia aconteceu na apresentação de 2022, permanecendo nele até hoje. Em entrevista exclusiva concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Sabrina recordou como foi a chegada na escola e fez questão de exaltar sua relação de amor com a azul e branca.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Lembro que foi em setembro de 2010 a primeira vez eu pisei nessa quadra. Eu sou aquariana, então as pessoas falam que eu seguro muito a emoção, mas eu não aguentei naquele momento. Um sentimento muito forte tomou conta de mim e começou a escorrer lágrimas dos meus olhos, tamanha era a minha felicidade pelo carinho que recebi na chegada a Vila, nunca esqueci disso. Sinceramente, nunca imaginei que eu fosse ficar tanto tempo e ser tão acolhida. Tenho certeza que eu vou ficar para o resto da minha vida. Então aqui, quando não me quiserem mais como rainha, vou para velha guarda ou para onde tiver que ir. Estando na Vila Isabel, eu estou feliz”, declarou a rainha da “Swingueira de Noel”.

Apesar da extensa agenda de compromissos profissionais, Sabrina Sato procura ser uma figura presente na Unidos de Vila Isabel. A apresentadora, que também é rainha de bateria da Gaviões da Fiel em São Paulo, afirma fazer questão de comparecer ao máximo dos eventos promovidos pela azul e branca do bairro de Noel, incluindo os ensaios realizados no Boulevard 28 de Setembro. Nestas ocasiões, a beldade costuma esbanjar carisma e simpatia, sempre atendendo aos apelos dos fãs com fotos, beijos e abraços. No bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, a musa nipônica falou sobre a importância de vivenciar a agremiação, além da emoção de estar na rua com a comunidade do morro dos Macacos e região.

“É uma emoção única todas as vezes. Estou sempre aprendendo, me divertindo, me jogando e me entregando. Chega uma hora que eu falo assim: ‘Eu vou morrer aqui de tanta emoção’. É muito cansaço misturado com muita adrenalina, sabe? O nosso coração bate mais forte mesmo nessas horas. É igual na Avenida, mas diferente ao mesmo tempo. Até porque aqui você se sente acolhido e muito amado. Então, eu não sei nem explicar direito qual é esse sentimento, porém envolve muita pureza. É algo que está todo mundo junto, em uma força única, de querer o melhor para essa escola, de ver o sorriso nas crianças e no povo, além de estar completamente entregue ao samba e ao Carnaval”, relatou Sabrina.

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Sobre os preparativos para o Carnaval de 2024, a contratada da Globo garantiu já ter definido todos os detalhes do figurino que usará no desfile oficial na Marquês de Sapucaí. O responsável pela roupa será novamente o estilista paranaense Henrique Filho. O profissional, que já trabalhou com outros grandes nomes da folia como Luma de Oliveira e Valéria Valença, assina as fantasias de Sabrina Sato há mais de uma década. Ainda de acordo com a beldade, o carnavalesco da Vila Isabel, Paulo Barros, está acompanhando todas as etapas e participando ativamente de tudo.

“Já sei como vai ser a fantasia. O nosso Paulo Barros está participando de todo o processo. Ele está ligado em tudo que está acontecendo e já falou com o Henrique Filho, que é o meu estilista. Os dois conversaram sobre o desenho, acertaram os detalhes e posso garantir que tem tudo haver com a bateria. E o spoiler que posso dar é que venho de uma cor que eu nunca tinha vindo antes na Vila. Outra coisa que posso revelar é que não vai ter nenhum tipo de pena animal. Aliás, faz muitos e muitos anos que eu não uso. Geralmente tenho usado mais seda ou então eu mando fazer com outro material. Nesses últimos carnavais já usei isopor, canudo de piscina, bambu… A gente vai inventando, vai criando e tem dado certo”, contou a apresentadora.

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A azul e branca do bairro de Noel apresentará, no ano que vem, uma reedição de “Gbalá – Viagem ao templo da criação”, originalmente feito em 1993. Na época, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Oswaldo Jardim. Desta vez, a proposta ganhará a assinatura do artista multicampeão Paulo Barros. A Vila Isabel será a terceira a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, em busca do seu quarto título de campeã na elite da folia carioca.

É com você! Indique seus escolhidos para categorias do prêmio ‘Destaques do Ano’

O site CARNAVALESCO prepara mais uma edição do prêmio “DESTAQUES DO ANO“. É a quarta edição da premiação. Até o dia 20 de novembro, o leitor poderá indicar pessoas e escolas de samba. De 21 de novembro até 1 de dezembro será o prazo para votação. A festa de premiação acontecerá no dia 11 de dezembro, em local que ainda será divulgado pelo site.

Nesta fase atual de indicações, vamos levar em consideração apenas os nomes citados pelo público. Na outra etapa o sistema de pontuação será o seguinte para cada categoria: 40 pontos para o mais votado pelos internautas, 30 pontos para o mais votado pela equipe do CARNAVALESCO e 30 pontos para o mais votado entre os jornalistas. Em caso de empate, o escolhido será o que venceu na votação popular.

A edição deste ano terá novidades. Além de mais categorias, o CARNAVALESCO vai homenagear dois sambistas com a categoria “Anel de Sambista”. Vamos premiar anualmente uma mulher e um homem escolhidos pela direção do site. Também teremos premiações para a campeã do Grupo Especial em 2023, a Imperatriz Leopoldinense, a campeã da Série Ouro em 2023, a Porto da Pedra.

Abaixo, você pode fazer suas indicações nas categorias de 2023.

Tuiuti realiza feijoada no dia da Consciência Negra

O feriado pelo Dia da Consciência Negra será de celebração na quadra do Paraíso do Tuiuti. Nesta segunda-feira, 20, a partir das 14h, a sede da agremiação em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, realiza a tradicional feijoada para marcar a importância da data no reconhecimento dos descendentes africanos na constituição e na construção da sociedade brasileira.

tuiuti apresenta 54Durante o evento, haverá apresentação das escolas de sambas Unidos da Tijuca e Porto da Pedra, além de shows do Art Junior, Luiz Camilo e outros. Os ingressos custam R$ 20. A feijoada custará R$ 25.

No próximo Carnaval, o Tuiuti será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval com enredo “Glória ao Almirante Negro!”, uma homenagem a João Cândido, marinheiro brasileiro que atuou na liderança da Revolta da Chibata. O desenvolvimento do tema é do carnavalesco Jack Vasconcelos.
 
Serviço:
Feijoada da Consciência Negra
GRES Paraíso do Tuiuti
Data: segunda-feira, 20 de novembro, a partir das 14h
Local: Campo de São Cristóvão, 33 – São Cristóvão, Zona Norte do Rio
Ingressos a R$ 20. Feijoada a R$ 25
Classificação: Livre

Freddy Ferreira: ‘Desafio rítmico e artístico: qual a fantasia da bateria?’

Uma das questões que mais preocupam mestres e ritmistas envolve como será a fantasia usada pela bateria no desfile. Inúmeros foram os bons trabalhos musicais que acabaram comprometidos, em virtude de uma roupa inapropriada para a única ala fantasiada que permanece dentro da Avenida durante todo o cortejo da escola.

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Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval

A bateria é responsável pelo esquenta da agremiação no setor 1, bem como é a ala que encerra os desfiles. Isso acarreta necessariamente em muito tempo vestido e tocando, sendo um próprio desafio humano criar uma roupa que possibilite a plena execução do naipe, aliada ao bem estar do ritmista. Fatores preponderantes para uma fantasia que ajude num desempenho acima da média serão citados na coluna, mas já é possível adiantar que o perfeito alinhamento com diálogo objetivo entre mestre e equipe de criação é a principal forma de evitar prejuízos sonoros ou físicos.

Uma fantasia muito volumosa pode prejudicar os movimentos de braços dos ritmistas ou mesmo dificultar seu próprio caminhar enquanto toca. É vital que toda a movimentação de quem faz ritmo esteja completamente desimpedida, garantindo além da excelência do toque, a própria espontaneidade que um ritmista é capaz de colocar no seu instrumento, enquanto faz sua energia musical transcender dentro da execução do samba-enredo.

Chapéus altos encobrem a visão de quem é da bateria (que desfila às cegas). Isso gera dificuldades terríveis para enxergar as sinalizações dos diretores. O ritmista acaba por tocar tenso, sem poder curtir seu desfile ou aproveitar o frisson do público. Costeiros também podem trazer prejuízos visuais, fora que são bem incômodos e por vezes pesados. Pior ainda é quando o chapéu cobre parte do ouvido. Aí é praticamente entregar nas mãos de Deus. Um trabalho musical de toda uma temporada pode ser potencialmente destruído quando a roupa interfere na percepção sonora de quem vai tocar.

O calor precisa ser uma preocupação séria a se levar em conta no momento de criar o figurino da galera do ritmo. Roupas quentes diminuem a capacidade física, ainda mais diante de tanto tempo tocando e sustentando musicalmente a escola. Máscaras também são extremamente nocivas, pois elevam a temperatura corporal da face, isso quando não interferem na própria visualização Num desfile sem uma maior interação popular, inclusive, esse conjunto calorento costuma jogar o clima lá pra baixo. Garantir uma temperatura adequada pode ser o divisor de águas para uma boa apresentação da bateria. Inúmeros foram os sacodes ao longo dos anos envolvendo roupas leves e mais frescas.

Outro detalhe que demanda atenção é o material da fantasia. Ele pode acabar influenciando na forma como o som se propaga. O excesso de palha, por exemplo, tende a deixar a sonoridade mais opaca. Essa é uma questão que vale um carinho a mais dos mestres, pois numa prova de roupa somente um ritmista veste a fantasia para tocar e tirar fotos. Não há um toque em conjunto para propagar o som e comprovar sua transformação diante de determinados materiais que possam modificar o resultado final do ritmo.

Os problemas podem ser tranquilamente resolvidos com uma boa troca de ideia entre equipe de criação de carnaval e direção de bateria. Carnavalescos e mestres juntos podem dialogar em prol da melhor solução comum para ambos. Têm ritmistas que gostam demais de estarem bem vestidos, com figurinos luxuosos, que de certa forma dignifiquem seu esforço ensaiando. Talvez a maior parte prefira vir com uma fantasia mais cômoda e principalmente funcional. Já ouvi muito por aí que ritmistas deviam vir de terninho sempre ou blusa da agremiação com calça branca. O Carnaval é uma festa audiovisual, portanto, não podemos também descaracterizar nossa estética dessa forma. O bom senso, seja musical ou artístico, é quem sempre deve imperar como norte no desafio rítmico e carnavalesco que é criar o figurino da bateria.

Todos os elementos mencionados na coluna possuem o intuito de contribuir com uma cultura que valorize o sacrificante trabalho anual de ritmistas, que tanto se dedicam ao longo de um ano inteiro para buscar a nota máxima e manter o grau de excelência musical. A bateria de uma escola de samba, além de seu coração, é possivelmente durante toda uma temporada de ensaios, uma das estrelas principais da festa. Nossos colaboradores emocionais do ritmo só querem respeito e carinho para entregar seu melhor, contribuindo ainda mais com a grandiosidade do maior espetáculo da Terra!