InícioGrupo EspecialFreddy Ferreira: 'Desafio rítmico e artístico: qual a fantasia da bateria?'

Freddy Ferreira: ‘Desafio rítmico e artístico: qual a fantasia da bateria?’

Carnavalescos e mestres juntos podem dialogar em prol da melhor solução comum para ambos

Uma das questões que mais preocupam mestres e ritmistas envolve como será a fantasia usada pela bateria no desfile. Inúmeros foram os bons trabalhos musicais que acabaram comprometidos, em virtude de uma roupa inapropriada para a única ala fantasiada que permanece dentro da Avenida durante todo o cortejo da escola.

Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval

A bateria é responsável pelo esquenta da agremiação no setor 1, bem como é a ala que encerra os desfiles. Isso acarreta necessariamente em muito tempo vestido e tocando, sendo um próprio desafio humano criar uma roupa que possibilite a plena execução do naipe, aliada ao bem estar do ritmista. Fatores preponderantes para uma fantasia que ajude num desempenho acima da média serão citados na coluna, mas já é possível adiantar que o perfeito alinhamento com diálogo objetivo entre mestre e equipe de criação é a principal forma de evitar prejuízos sonoros ou físicos.

Uma fantasia muito volumosa pode prejudicar os movimentos de braços dos ritmistas ou mesmo dificultar seu próprio caminhar enquanto toca. É vital que toda a movimentação de quem faz ritmo esteja completamente desimpedida, garantindo além da excelência do toque, a própria espontaneidade que um ritmista é capaz de colocar no seu instrumento, enquanto faz sua energia musical transcender dentro da execução do samba-enredo.

Chapéus altos encobrem a visão de quem é da bateria (que desfila às cegas). Isso gera dificuldades terríveis para enxergar as sinalizações dos diretores. O ritmista acaba por tocar tenso, sem poder curtir seu desfile ou aproveitar o frisson do público. Costeiros também podem trazer prejuízos visuais, fora que são bem incômodos e por vezes pesados. Pior ainda é quando o chapéu cobre parte do ouvido. Aí é praticamente entregar nas mãos de Deus. Um trabalho musical de toda uma temporada pode ser potencialmente destruído quando a roupa interfere na percepção sonora de quem vai tocar.

O calor precisa ser uma preocupação séria a se levar em conta no momento de criar o figurino da galera do ritmo. Roupas quentes diminuem a capacidade física, ainda mais diante de tanto tempo tocando e sustentando musicalmente a escola. Máscaras também são extremamente nocivas, pois elevam a temperatura corporal da face, isso quando não interferem na própria visualização Num desfile sem uma maior interação popular, inclusive, esse conjunto calorento costuma jogar o clima lá pra baixo. Garantir uma temperatura adequada pode ser o divisor de águas para uma boa apresentação da bateria. Inúmeros foram os sacodes ao longo dos anos envolvendo roupas leves e mais frescas.

Outro detalhe que demanda atenção é o material da fantasia. Ele pode acabar influenciando na forma como o som se propaga. O excesso de palha, por exemplo, tende a deixar a sonoridade mais opaca. Essa é uma questão que vale um carinho a mais dos mestres, pois numa prova de roupa somente um ritmista veste a fantasia para tocar e tirar fotos. Não há um toque em conjunto para propagar o som e comprovar sua transformação diante de determinados materiais que possam modificar o resultado final do ritmo.

Os problemas podem ser tranquilamente resolvidos com uma boa troca de ideia entre equipe de criação de carnaval e direção de bateria. Carnavalescos e mestres juntos podem dialogar em prol da melhor solução comum para ambos. Têm ritmistas que gostam demais de estarem bem vestidos, com figurinos luxuosos, que de certa forma dignifiquem seu esforço ensaiando. Talvez a maior parte prefira vir com uma fantasia mais cômoda e principalmente funcional. Já ouvi muito por aí que ritmistas deviam vir de terninho sempre ou blusa da agremiação com calça branca. O Carnaval é uma festa audiovisual, portanto, não podemos também descaracterizar nossa estética dessa forma. O bom senso, seja musical ou artístico, é quem sempre deve imperar como norte no desafio rítmico e carnavalesco que é criar o figurino da bateria.

Todos os elementos mencionados na coluna possuem o intuito de contribuir com uma cultura que valorize o sacrificante trabalho anual de ritmistas, que tanto se dedicam ao longo de um ano inteiro para buscar a nota máxima e manter o grau de excelência musical. A bateria de uma escola de samba, além de seu coração, é possivelmente durante toda uma temporada de ensaios, uma das estrelas principais da festa. Nossos colaboradores emocionais do ritmo só querem respeito e carinho para entregar seu melhor, contribuindo ainda mais com a grandiosidade do maior espetáculo da Terra!

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