Com um espetáculo da comunidade e o samba-enredo na boca do povo, a Portela realizou na noite do último domingo seu terceiro ensaio de rua. O treino ocorreu na Rua Carolina Machado, teve início em frente a estação de trem de Oswaldo Cruz, e terminou na Rua Clara Nunes, onde fica a quadra da agremiação. A duração foi de 60 minutos. Com o enredo “Um Defeito de Cor”, dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga, a Majestade do Samba será a segunda agremiação da segunda-feira de carnaval que vai desfilar na Marquês de Sapucaí. Para o diretor de carnaval da escola, Junior Schall, o canto da comunidade está em uma crescente, o que contribui para o desempenho na Passarela do Samba.
“A gente está incentivando – e a harmonia trabalhando muito bem – para que o componente tenha liberdade para poder não só evoluir em direção à Praça da Apoteose, mas lateralmente e de forma mais solta. De uma forma que ele possa ter a expressão da felicidade mais manifestada nessa evolução. Isso agrega o canto, o volume dele e, consequentemente, a felicidade. É fator preponderante: as pessoas têm que estar felizes conosco quando estão ensaiando na Portela. Entendemos que, por ser uma obra musical, precisamos fazer etapas e processos do aumento do volume desse canto e da intensidade. Não é só cantar muito durante um momento, é cantar muito durante todos eles para fazer uma grande Apoteose no dia do desfile”, afirma Schall.
Harmonia
A cada ensaio a comunidade canta o samba ainda mais forte. Destaque para a ala 19, coreografada, que cantou durante todo o ensaio e animou o público presente. Não tão diferente – do primeiro ao último setor – o portelense deu um verdadeiro show na Rua Carolina Machado. No refrão “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/Em cada um de nós, derrame seu axé!”, uma explosão entre os componentes dava ainda mais emoção ao hino.
“A cada semana melhoramos um pouquinho mais. Acredito que é um processo gradativo para que possamos estar prontos para fazer, no dia do desfile, um grande carnaval. Destaco sempre o canto da escola, que está cada vez mais forte. A evolução também está aparecendo muito. A escola está com muita vontade e isso é bastante importante. A cada treino e ensaio vamos tentando chegar a um nível de excelência para melhorar, porque hoje o carnaval é muito competitivo. Sabemos que temos que trabalhar muito para fazer um grande carnaval no dia do desfile”, afirma o vice-presidente, Junior Escafura.
Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO
Evolução
Com 60 minutos de duração – formato adotado para os ensaios de rua da escola até aqui – a evolução da Portela foi boa. Apesar da rua não comportar o grande público que é arrastado pela Azul e Branca, todos os segmentos conseguiram aproveitar o ensaio. Algumas correções ainda são necessárias, o que é normal para o terceiro ensaio de rua.
“O segredo é um bom samba. É fruto de um trabalho que começámos lá atrás, há quatro meses. Graças a Deus a comunidade está correspondendo à altura. Ainda temos muita coisa para acertar, estamos nos ajustes de andamento e ajustando o carro de som. Hoje entramos com a primeira introdução que vamos levar para a Avenida. Deu tudo certo, todos trabalharam bem e tivemos uma evolução quase perfeita. Vamos em busca da nota”, diz o diretor de harmonia da escola, Julinho Fonseca.
Samba
Abraçado desde a disputa, o samba ganha cada vez mais força entre os portelenses. De fato, a obra caiu nas graças do portelense, que já canta ao pé da letra, e tem tudo para levantar a Passarela do Samba no dia do desfile. Vale ressaltar a longa parceria entre o intérprete Gilsinho e o mestre de bateria Nilo Sérgio, que contribui ainda mais para o bom desempenho do samba.
“Sempre vamos proporcionar um grande desfile quando todos estão cantando em sintonia. A nossa escola, graças a Deus, está cantando o samba muito bem. O carro de som está com um bom desenvolvimento. Toda semana acompanhamos a evolução da comunidade, que canta com muita alegria – o que é mais importante. Eu e o Nilo trabalhamos muito juntos, daí fica fácil de trabalhar o samba e compor o que faremos na Avenida”, comenta o intérprete Gilsinho.
Outros destaques
Destaque para a rainha de bateria, Bianca Monteiro, que esbanjou simpatia e samba no pé. Em determinado momento do ensaio, ela sambou junto com a irmã, a pequena Laiz Inês, que se tornou um mascote do povo portelense.
As musas também deram um grande show de samba no pé. Vick Campos, que representou a Majestade do Samba no último concurso de Rainha do Carnaval, e Amanda Oliveira, musa da comunidade, ressaltaram a força e o bailado do DNA portelense e contagiaram a comunidade de Oswaldo Cruz. Wenny Isa, que vai desfilar na Portela pela primeira vez, não pode deixar de ser citada. A jovem demonstrou uma grande evolução e conquistou o público presente.
Após um hiato de duas semanas, a Beija-Flor de Nilópolis voltou o ocupar a Estrada da Mirandela, na noite desse sábado, para realizar mais uma edição do “Encontro de Quilombos”. A escola convidada, dessa vez, foi a coirmã de Baixada Fluminense, a Acadêmicos do Grande Rio. E coube justamente a tricolor caxiense o papel de abrir os trabalhos na tradicional via, sendo seguida pela anfitriã. Por conta disso, o relógio já passava das 23h quando a Deusa da Passarela deu a largada no seu segundo ensaio de rua da temporada para o Carnaval de 2024. O horário tardio do treino, que terminou já na madrugada de domingo, não afastou o público que acompanhou a passagem da azul e branca até o final. Além disso, a agremiação contou com praticamente todo o seu contingente de desfile, incluindo os principais segmentos. Em meio a tudo isso, o veterano casal de mestre-sala e porta-bandeira formado por Claudinho e Selminha Sorriso e a bateria “Soberana” roubaram a cena e foram os destaques da apresentação que durou aproximadamente uma hora e 15 minutos.
“A Beija-Flor está em uma crescente. Hoje a gente conseguiu trazer as alas que ensaiam também na Cidade do Samba, então a escola ficou bem maior. Gosto muito do canto da escola, da evolução, mas acho que a gente ainda tem que melhorar algumas coisas da evolução interna das alas. A ideia é soltar um pouco mais, porque o samba é muito alegre. Atualmente, temos alas brincando mais do que as outras e queremos tentar dar uma igualada nisso aí. Aí é o trabalho dos ensaios de quadra, que fazemos todas às quintas-feiras”, analisou o diretor de carnaval da Beija-Flor, Dudu Azevedo, em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.
Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO
Em 2024, a Beija-Flor terá como enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo. Na ocasião, a Deusa da Passarela será a segunda agremiação a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. Esta será a primeira vez que a azul e branca desfilará nesta posição.
Comissão de frente
O segundo ensaio de rua da Beija-Flor de Nilópolis na temporada para o Carnaval de 2024 foi aberto com uma performance dos integrantes da comissão de frente, comandados por Jorge Teixeira e Saulo Finelon. A apresentação contou com dez componentes, todos uniformizados com camisas e bonés da escola, que realizaram uma coreografia marcada por giros, saltos e passos sincronizados, além de gestos longilíneos. Ao longo do percurso com a agremiação, eles fizeram esse número pelo menos em três ocasiões, justamente nas cabines simuladas de julgadores.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Em seguida a comissão de frente, quem se apresentou foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor, Claudinho e Selminha Sorriso. Os dois, que são considerados verdadeiras entidades do Carnaval carioca, mostraram mais uma vez o motivo de serem referências para tantas pessoas. Com um figurino na cor azul, a dupla apostou em um bailado predominante mais tradicional, mas com alguns passos coreografados. Os giros, característicos de Selminha, estiveram presentes na performance, assim como o riscado de Claudinho. Ao longo de todo o trajeto pela Estrada da Mirandela, eles fizeram questão de dançar sem parar, presenteando dessa forma os espectadores que se aglomeraram nas calçadas para assistir a passagem da Deusa da Passarela. Outro ponto de destaque foi o altíssimo entrosamento, fruto dos mais de trinta anos de parceria, que se manifestou nos diversos momentos em que ambos se comunicaram através de uma simples troca de olhares. Ao final do percurso, o casal conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO e fez um balanço desse segundo treino a céu aberto da escola, enfatizando a importância deles na preparação para o desfile oficial.
“Aprendemos com o mestre Laíla que treino é jogo. Cada um de nós entende o compromisso de passar aqui valendo, buscando a perfeição, querendo aprimorar para chegar no dia e arrasar. Aqui é um treino com seriedade, com respeito ao público, que vem em massa prestigiar a Beija-Flor, ainda mais hoje em dia com o ‘Encontro de Quilombos’. Estamos aprimorando, devagarinho, passinho por passinho com perfeição, concentração, dedicação e muito amor. Vai dar certo”, declarou a porta-bandeira.
“Para gente aqui o treino é valendo, como bem disse a Selminha. E hoje, com a presença de todas as alas e quase 100% da escola, deu para gente ter uma noção bem real. Ficou mais fácil da gente entender o andamento e ir testando algumas coisas, como por exemplo a parte coreográfica e o condicionamento físico. Então, é importante para gente estar fazendo um trabalho legal e chegar mais preparados no dia do desfile. É óbvio que tem algumas coisas guardadas, que a gente não executa nos ensaios de rua. Porém, testamos sim algumas coisas para ver se rola no momento, se podemos inserir no dia do desfile ou não”, afirmou o mestre-sala.
Samba-enredo
Doa quem doer, o samba-enredo da Beija-Flor de Nilópolis teve uma boa performance nesse segundo ensaio de rua da temporada para o Carnaval de 2024. Mesmo com a ausência da voz oficial Neguinho, o carro de som da Deusa da Passarela deu conta do recado e soube conduzir a obra composta por Kirraizinho, Lucas Gringo, Wilsinho Paz, Venir Vieira, Marquinhos Beija-Flor e Dr. Rogério explorando a sua principal característica que é a alegria. O intérprete Igor Pitta, que comandou o microfone principal, se mostrou seguro diante do desafio e ainda buscou incentivar o canto da comunidade, sejam os desfilantes ou até mesmo os torcedores que assistiam nas calçadas da Estrada da Mirandela. Outro fator importante para o rendimento positivo foi a bateria “Soberana”, que através de uma sequência de bossas, algumas com referências a ritmos nordestinos, deu um tempero a mais para o hino oficial.
Harmonia
Embalado pelo bom funcionamento do samba, a Beija-Flor fez bonito no quesito harmonia. A comunidade nilopolitana mostrou ter abraçado o samba escolhido pela agremiação, que teve no refrão principal o seu ponto alto. Os versos “Aqui é Beija-Flor, doa a quem doer/Do gênio sonhador, da gana de vencer/Tá no meu peito, tá no meu grito/Escola de respeito que coroa Benedito” foram entoados com extrema força. Além dele, o refrão do meio, “Tem mironga, festa da ralé/Malandragem, frevo, arrasta-pé/A magia que avoa, o rosário no andor/A cantiga que ecoa no axé do meu tambor”, também foi bem cantado pelos componentes. Em relação às alas em si, o destaque ficou para a primeira da escola que cantou a obra com afinco do começo ao fim, mesmo se tratando de uma ala coreografada. Já como um ponto de atenção vale mencionar uma queda de rendimento que ocorreu em parte da primeira estrofe do samba, especialmente nos versos “Herdeiro da dinastia e das lutas de Zumbi/De Palmares às palmeiras e marés/Da cultura e bravura dos Tupis e Caetés”, nos quais foi possível observar diversos componentes sem cantar esse trecho ou entoando em menor volume.
“A gente está trabalhando no canto da escola e observamos muito. E o que nós percebemos é um equilíbrio no canto. Temos mais de 60 diretores, alas ensaiando separadas e na quadra. A gente não se pegou nesse ponto. Entendemos que temos um canto muito equilibrado, de ponta a ponta. Tem frases que a galera bate mais no peito, mas é algo natural. Não ouvimos esse desequilíbrio”, afirmou o diretor de carnaval Dudu Azevedo para reportagem do site CARNAVALESCO, ao ser questionado sobre este último tópico.
Evolução
Acostumada a ser considerada um “rolo compressor” no quesito evolução, a Beija-Flor irá adotar uma filosofia um pouco diferente no próximo Carnaval. A ideia é manter a força do seu chão, mas com uma pegada mais leve, brincalhona e alegre, condizente com o enredo da agremiação para o ano que vem. Isso já pode ser visto nesse segundo ensaio de rua. Em diversas alas, como por exemplo as do último setor, já é possível observar componentes soltos, pulando, vibrando e cantando. Tal postura não trouxe prejuízos para a performance da escola, que mesmo sem a regidez de alas enfileiradas, não abriu clarões e nem teve registro de embolamentos. Também não ocorreram abertura de buracos e as paradas de segmentos em cabines simuladas de julgadores, assim como a entrada e saída da bateria do recuo, ocorreram sem maiores transtornos. Quanto ao ritmo, a azul e branca manteve durante todo o percurso um andamento mais cadenciado, sem correrias, e terminou o treino com um tempo de aproximadamente uma hora e 15 minutos.
Outros destaques
Uma das principais atrações desse treino da Deusa da Passarela foi a bateria “Soberana”. Os ritmistas liderados pelos mestres Rodney e Plínio tiveram uma performance inspirada e impulsionaram o rendimento do samba-enredo da escola. A levada dada por eles não só contagiou os componentes como também os torcedores que assistiam a apresentação, sendo crucial para criar o clima de alegria que é proposto pelo tema da agremiação. Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Rodney avaliou o trabalho desenvolvido até o momento, além de comentar sobre o andamento e as bossas que pretendem levar para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
“A gente está incessante na busca de achar o melhor andamento. Hoje nós começamos com 144 BPM (batidas por minuto) e o carro de som se sentiu à vontade. O nosso samba é muito leve, não tem necessidade de você vir em um andamento mais acelerado. No outro ensaio de rua, a nossa largada tinha sido com 145 BPM e o samba rendeu também. No entanto, acho que com o andamento de 144 BPM ficou mais gostoso, mais acomodado. Em relação a bossas, hoje executamos sete ao todo. Porém, depois do réveillon, a gente vai inserir mais duas, até para galera não cair naquela zona de conforto. Já definimos o que vai ser feito e, assim que virar o ano, vamos começar a inserir essas novas bossas. Então, a ideia é ir com essas nove convenções para Avenida, pois assim o samba fica bem dividido e não tem como passar em frente do julgador sem estar fazendo alguma coisa. É uma forma de evitar aquela justificativa famigerada de falta de criatividade”, relatou mestre Rodney.
A rainha da “Soberana” Lorena Raíssa foi outro destaque desse segundo ensaio de rua da Beija-Flor de Nilópolis. A jovem, no clima do “Encontro de Quilombos”, homenageou o enredo da coirmã Grande Rio no figurino e veio vestida de onça. Em seu segundo ano de reinado, ela demonstrou estar cada vez mais à vontade no posto e deu um verdadeiro show na frente da bateria. Prata da casa, Lorena fez questão de atender o público que assistia a passagem da escola, dando beijos, abraços e tirando fotos. Em alguns momentos, ela ainda mostrou seus dotes como ritmistas e se arriscou tocando chocalho.
A Acadêmicos do Grande Rio desembarcou, na noite do último sábado, no Centro de Nilópolis para participar do “Encontro de Quilombos”, evento promovido pela Beija-Flor. Apesar do clima de festa, a agremiação levou a sério o ensaio de rua na casa da coirmã e fez um belo espetáculo na Estrada da Mirandela. Embalado pelo ótimo rendimento do samba-enredo, os quesitos de chão da tricolor caxiense foram os destaques da apresentação, assim como o carro de som comandado pelo intérprete Evandro Malandro e a bateria liberada pelo mestre Fafá. Logo após o término do treino, o diretor de carnaval Thiago Monteiro concedeu uma entrevista para a reportagem do site CARNAVALESCO, na qual avaliou o desempenho da escola e fez questão de elogiar o canto dos componentes.
“Estou muito feliz, muito satisfeito. Acho que a escola cantou bem e o principal destaque foi essa irmandade entre a Beija-Flor e a Grande Rio. Em 2022, no ano do Exu, eles já tinham ido nos visitar em Caxias e hoje a gente teve a possibilidade de retribuir essa gentileza. Então, estou muito contente com a apresentação e acho que a agremiação está cada vez mais madura. Estamos em fase de preparação e o samba está pegando. Tecnicamente, embora seja um campo diferente, a metragem é bem semelhante. E o balanço é que a comunidade se comportou muito, muito bem”, ponderou Thiago Monteiro.
No ano que vem, a Grande Rio será a quarta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do segundo título de campeã da folia carioca com o enredo “Nosso destino é ser onça”, assinado pela dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. A proposta é fazer uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria.
Comissão de Frente
Formada pelo casal Hélio e Beth Bejani, a dupla de coreógrafos da Acadêmicos do Grande Rio trouxe para Estrada da Mirandela uma apresentação especialmente elaborada para os ensaios de rua. A performance contou com a participação de 14 integrantes e foi marcada por passos bem definidos, assim como movimentos que faziam alusão ao que era contado pela letra do samba-enredo. Mesmo sem o uso de fantasias ou elementos cênicos, a comissão chamou a atenção do público que assistia a passagem da tricolor caxiense e arrancou aplausos durante diversos momentos. O principal deles ocorreu no refrão do meio, quando uma das componentes ia para o centro de uma roda para, em seguida, ser erguida para o alto. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, os dois responsáveis pelo quesito falaram sobre a importância dos treinos a céu aberto, além de comentarem sobre o trabalho que está sendo realizado por eles visando o Carnaval de 2024.
“Tem duas questões que são bem importantes para nós, da comissão de frente, nos ensaios de rua. A primeira é o contato com a comunidade, enquanto a segunda é o preparo físico. Acima de tudo, esse tipo de ensaio ajuda muito no condicionamento da galera. Além disso, a gente consegue ir aprimorando o trabalho, desenvolvendo algumas situações, fazendo alguns testes, justamente visando uma melhor preparação. Claro que o que apresentamos aqui não é o que vamos levar para a Avenida, mas a gente experimenta algumas coisas sim”, relatou Hélio Bejani.
“A gente está se baseando na coreografia oficial e está testando várias coisas que a gente pretende usar no desfile. É claro que não colocamos tudo que a gente pretende levar na apresentação, porém muita coisa aqui já funcionou. Isso vai fazer parte do avanço e do andamento da performance que estamos desenvolvendo para o grande dia”, pontou, logo na sequência, a coreógrafa Beth Bejani.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Após obterem no último desfile um total de três notas máximas e um 9,9, que acabou sendo descartado, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Acadêmicos do Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto, está empenhado na busca por alcançar os 40 pontos no Carnaval de 2024. Pelo menos, é o que ambos demonstraram durante a passagem pela Estrada da Mirandela, em Nilópolis, no “Encontro de Quilombos”. Com um figurino clássico, todo na cor branco, os dois apostaram em uma dança marcada pela intensidade, que mesclou o bailado tradicional com diversos passos coreografados, muitos deles fazendo referências à letra do samba. Repleta de giros, a apresentação executada pela dupla no treino desse sábado teve como características os movimentos precisos e o gestual elegante. Ela deixou evidente ainda a sintonia existente entre Daniel e Taciana, fruto de uma parceria que já possui mais de cinco anos de existência.
Samba-enredo
Um dos pilares do ótimo ensaio de rua realizado pela tricolor de Duque de Caxias, com certeza, foi o samba-enredo. A obra de autoria de Derê, Marcelinho Júnior, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro, Tony Vietinã e Eduardo Queiroz deu uma amostra de sua potência na noite desse sábado ao embalar os quesitos de chão da escola, que correspondeu com um canto bastante aguerrido e uma evolução alegre. Isso foi potencializado graças à performance do intérprete Evandro Malandro, que manteve uma pegada vibrante do começo ao fim, além de ter buscado a todo momento trazer os componentes para cantarem juntos. Outro fator importante para o rendimento do hino oficial foi o desempenho da bateria. Os ritmistas comandados por mestre Fafá souberam explorar o desenho melódico da composição, através de bossas e nuances, enriquecendo a mesma e levantando a galera presente na Estrada da Mirandela, sejam elas desfilantes ou meros espectadores.
Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO
“No primeiro ensaio de rua da Grande Rio, eu estava em Manaus fazendo um trabalho pela escola. Já no segundo, teve a questão da chuva que caiu logo depois daquela semana de onda de calor. Então, não tinha conseguido participar até agora e estava doido para fazer um ensaio de rua. E, sinceramente, nada melhor do que treinar com uma grande coirmã, como a Beija-Flor. O ensaio aqui na Mirandela foi maravilhoso e o samba rendeu muito. Devido a acústica que a gente tem na quadra, o canto ecoa bastante, mas faltava ter essa noção dele ao livre. Aqui, sentimos o clima de Avenida. Ver a escola cantando com muita vontade foi gratificante demais, não tenho palavras. Tinha certeza que a escola já estava cantando muito, mesmo sem a minha participação. Aliás, a voz principal participa de um ensaio de rua junto com a sua comunidade, mas quem carrega o samba é o componente. Portanto, tinha certeza que ia acontecer e hoje foi nota mil. Claro que ainda tem bastante coisinha para acabarmos de acertar, alguns molhos para colocar, tanto na bateria, carro de som, quanto na comunidade. Tem bastante coisa legal para gente fazer, aguardem”, declarou Evandro Malandro em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após a conclusão do treino.
Harmonia
Os componentes da Acadêmicos do Grande Rio provou estar com a letra do samba na ponta da língua nesse ensaio de rua na Estrada da Mirandela. Ao longo de aproximadamente uma hora de apresentação, os desfilantes entoaram a obra com afinco, especialmente o refrão principal. Os versos “Werá, werá auê, naurú werá, auê/A Aldeia Grande Rio ganha a rua/No meu destino a eternidade/Traz no manto a liberdade/Enquanto a onça não comer a Lua!” foram berrados por eles e serviram como um momento de explosão da agremiação. Além dele, o refrão do meio, “É preta, parda é pintada feita a mão/Sussuarana no sertão que vem e vai/Maracajá, jaguatirica ou jaguar/É jaguarana, onça grande mãe e pai”, e o trecho “Kiô! Kiô, kiô, kiô Kiera/É cabocla, é mão-torta/Pé-de-boi que o chão recorta, travestida de pantera/Kiô! Kiô, kiô, kiô Kiera/A folia em reverência/Onde a arte é resistência/Sou Caxias, bicho fera!”, presentes na segunda estrofe, também se destacaram e foram fortemente cantados. Em relação às alas em si, chamou a atenção a intensidade do canto nas duas primeiras e nas duas últimas, mesmo elas estando mais afastadas do carro de som e da bateria.
Evolução
Além da harmonia, outro quesito que foi impactado positivamente pelo ótimo rendimento do samba-enredo foi a evolução. Mesmo ensaiando “fora de casa”, a comunidade da tricolor caxiense compareceu em peso na Estrada da Mirandela, fazendo uma apresentação que ficou marcada pela alegria dos desfilantes. Sem estar preso em qualquer tipo de amarra ou fileiras rígidas, eles aproveitaram ao máximo a passagem da escola para brincar, pular, sambar e se divertir. O uso de adereços diversos como balões, bastões de luzes e pom poms ajudou a reforçar o clima de leveza, dando um charme a mais para o espetáculo da Grande Rio. Vale mencionar que essa empolgação não acarretou qualquer tipo de prejuízo para a agremiação, que mesmo em um clima mais descontraído, não sofreu com abertura de buracos, clarões no meio das alas ou embolamentos. Os momentos de parada dos segmentos para a apresentação dos quesitos nas cabines simuladas de jurados também não atrapalharam a escola, que conseguiu manter um ritmo cadenciado do início ao fim.
Outros destaques
A bateria da Acadêmicos do Grande Rio foi uma atração à parte no “Encontro de Quilombos”. Os ritmistas liderados pelo mestre Fafá demonstraram estar entrosados com o carro de som e contribuíram para a ótima performance do samba-enredo, sendo peças cruciais para mantê-lo com um alto rendimento durante aproximadamente uma hora de ensaio de rua. As bossas e nuances realizadas por eles agitaram o público, que não ficou parado durante a apresentação e entrou no clima da escola.
Sem a presença da rainha de bateria Paolla Oliveira, coube a musa Luciene Tavares, a Santinha, a missão de vir à frente dos ritmistas da tricolor caxiense. A beldade não se intimidou com o desafio e deu uma aula de samba no pé. Com um vestido brilhoso e de estampa de onça, ela esbanjou beleza e simpatia no decorrer da passagem da agremiação, fazendo questão de interagir com os espectadores presentes nas calçadas da Estrada da Mirandela e com os comandados de mestre Fafá.
A Unidos do Porto da Pedra realizou, na noite do último sábado, o seu quarto ensaio de rua rumo ao carnaval de 2024. Ao invés das ruas do Centro de São Gonçalo, onde tradicionalmente ocorrem os ensaios, o Tigre ensaiou no bairro do Bandeirantes, com forte presença do público local. O elogiado samba-enredo da Vermelha e Branca, alinhado a um ótimo desempenho do carro de som comandado por Wantuir e a bateria Ritmo Feroz, de Mestre Pablo, foram destaques no ensaio que durou aproximadamente 1 hora e 10 minutos. Para o Carnaval 2024 a Vermelha e Branca levará para a avenida o enredo: “O Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, que celebrará o saber popular utilizando o “Lunário Perpétuo”, seus ensinamentos e desdobramentos, como guia precioso.
Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO
“A Porto da Pedra não é uma escola só do bairro Porto da Pedra, ela representa todo o município de São Gonçalo. A vinda para cá, para um outro polo de São Gonçalo, que é o Alcântara, acho que foi muito positivo. Acho que o presidente vai fazer outros ensaios aqui porque foi muito produtiva e positiva a resposta do público”, explicou o diretor geral de harmonia, Amauri de Oliveira.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Porto da Pedra, Rodrigo França e Denadir Garcia, apresentaram grande desempenho no ensaio de rua da escola. A dupla apostou em uma roupa em tons de bege, com Rodrigo utilizando uma blusa com estampa de “Tigre”. Mesmo no primeiro ano de parceria, a dupla já demonstra total entrosamento e cumplicidade na dança.
Durante sua apresentação, Rodrigo e Denadir apostaram em uma leve coreografia, com uma mescla de elementos tradicionais da dança com passos alusivos à letra do samba-enredo da Porto da Pedra. Em determinados momentos, como quando a bateria realizava a “paradinha do forró”, o casal fazia passos do ritmo.
Samba-Enredo
Um dos grandes destaques da noite, o samba-enredo da Porto da Pedra, de autoria de Guga Martins, Passos Júnior, Gustavo Clarão, Lucas Macedo, Leandro Gaúcho, Clairton Fonseca, Richard Valença, Gigi da Estiva, Abílio Jr., Marquinho Paloma, Cristiano Teles e Ailson Picanço, confirmou, mais uma vez, sua qualidade e bom desempenho no ensaio de rua da escola. A obra, com sua característica leve e alegre, deu o tom de todo o ensaio da Vermelha e Branca.
O desempenho da obra foi impulsionado pela condução do intérprete Wantuir e todo seu carro de som. O refrão principal do samba, “Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Okê, caboclo! Tempo bom vem pra ficar!/Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Faltava o tigre pro Lunário completar!”, foi fortemente cantado pela comunidade gonçalense e conquistou o público que acompanhou o ensaio na Praça dos Bandeirantes. “O mais importante hoje foi o lado festivo, para a comunidade, trazer toda a comunidade de São Gonçalo. O ensaio foi maravilhoso, o samba é sensacional, a bateria é um escândalo e vamos embora para a avenida. Tecnicamente, não foi possível tirar muita coisa porque aqui é totalmente diferente da Sapucaí. Foi muito bom, foi maravilhoso”, salientou o intérprete Wantuir.
Evolução
A evolução da Unidos do Porto da Pedra pela Estrada do Raul Veiga se deu de maneira leve e fluída. Apesar de um trecho do ensaio ter uma ladeira, a animação dos componentes da Vermelha e Branca superou qualquer obstáculo. A escola inicou seu ensaio às 20h58 e terminou por volta das 22h15, sem grandes sustos. A passagem das alas do Tigre não apresentou nenhum buraco, nem mesmo com a entradas e saídas da bateria dos dois recuos montados ao longo da pista.
Harmonia
Impulsionada pelo bom desempenho do samba-enredo, a Harmonia da Porto da Pedra teve bom desempenho na noite do último sábado. As alas da escola, dos mais diferentes setores, apresentaram bom canto e mostraram total domínio da letra do samba da Vermelha e Branca de São Gonçalo. Do início ao final da escola, era possível perceber o forte canto das alas.
O carro de som, comandado pelo intérprete Wantuir, contribuiu, de maneira excelente, para o bom ensaio da escola. O refrão principal do samba e o trecho em que se repete “Quem acendeu as lamparinas desse céu” foram muito cantados pela comunidade. No quesito, a se destacar o forte canto da ala de baianas, que portava uma roupa nos tons da escola.
“Me surpreendeu positivamente porque é uma logística completamente diferente de onde a gente já está acostumado, mas a comunidade veio em massa, a escola gradativamente canta mais. A cada ensaio, a escola canta mais. O ensaio foi muito positivo, muito mesmo. Mais uma vez, me surpreendeu positivamente e a escola está em uma crescente muito grande e a tendência agora é só esperar mesmo o nosso dia 11 de fevereiro, dia do desfile para a gente poder fazer o que tem que ser feito”, comentou Amauri de Oliveira.
Outros Destaques
Comandado por mestre Pablo, a bateria Ritmo Feroz, da Unidos do Porto da Pedra, foi um show à parte no ensaio da escola nas ruas do Bandeirantes. Mesmo sem a presença de todos os ritmistas, a bateria fez apresentação e contribuiu para o bom desempenho de outros quesitos da escola, como Harmonia e Samba-Enredo. No ensaio, a “Ritmo Feroz” não economizou nas bossas, com uma que, inclusive, emulava o ritmo do forró. Em certos momentos, no início do samba, “Olhe pro céu onde a Lua vagueia” até “Porto da Pedra no meu coração”, a bateria realizava um “apagão”.
“Estamos ensaiando exatamente o que vamos fazer na avenida para não ter surpresas. Teve paradinha, paradão, tudo que tem direito. Na avenida, vai ser um show como os jurados querem ver e o público da Marquês de Sapucaí merece”, resumiu Mestre Pablo, em entrevista ao site CARNAVALESCO.
A rainha de bateria da escola, Tati Minerato, esteve presente no ensaio, com uma bela roupa preta de renda e uma rosa na cabeça. A artista demonstrou toda sua simpatia e elegância para o público presente.
Sem presenças dos componentes da Comissão de Frente, a Velha-Guarda da Unidos do Porto da Pedra foi responsável por abrir o ensaio e apresentar a escola ao público presente.
Uma das alcunhas mais tradicionais quando se pensa no Vai-Vai é “Escola do Povo”. A agremiação, que quase sempre ensaiou na rua ao longo da história, voltou a pisar o asfalto na tarde do último sábado. E, junto de tal ensaio, uma das características mais marcantes da Alvinegra se fez presente: o canto fortíssimo da comunidade. Cantando o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, abrindo o sábado de carnaval (10 de fevereiro), a agremiação já tem nova atividade marcada no próximo domingo, já em ritmo forte visando o carnaval de 2024.
Integrante da comissão de carnaval da escola, Luiz Robles focou na retomada de uma tradição da Saracura – nome de um córrego que foi canalizado na região da Bela Vista, espaço onde a escola cresceu e como também a agremiação pode ser chamada. “Para nós, não é só uma avaliação. É uma reconexão com o bairro e com a rua. A gente necessita disso, já que ficamos presos na quadra do Sindicato dos Bancários e a gente acaba perdendo uma referência. Vir para a rua é se reconectar com tudo que sabemos fazer e trazer esse ensaio belíssimo, debaixo de um tempo adverso. A palavra certa é conexão, na verdade. Avaliando alguns pontos de andamento e de tempo, tivemos algo positivo para um primeiro ensaio em uma escola que veio grande”, destacou, relembrando o fato de que a Alvinegra, após ter sua quadra demolida para a construção da futura estação 14 Bis do metrô – muito embora segmentos da sociedade queiram a mudança da nomenclatura para Saracura/Vai-Vai.
Também um dos diretores de Harmonia da agremiação, juntamente com Paulo Melo, Robles mostrou-se bastante satisfeito com o que ouviu no ensaio de rua – e aproveitou para fazer uma crítica ao equipamento locado. “Foi positivo para nós verificar o canto forte da comunidade no ensaio de rua. Acho que o samba está ajudando bastante, ele cresceu muito. Da primeira apresentação dele na quadra após a escolha, sentimos que teríamos um canto muito mais forte do que a gente imaginava por ser um samba novo – quando comparamos com o samba anterior é até desleal, já que era um samba que estava na boca do povo. O samba de 2024 pegou e hoje o carro de som não ajudou muito, o que elevou ainda mais o canto. Para nós, não temos o que falar. Foi super positivo”, destacou, relembrando “Eu Também Sou Imortal”, samba de 2005 reeditado pela escola com o qual foi campeão do Grupo de Acesso I de 2023.
Intérprete da agremiação, Luiz Felipe, também comemorou o resultado da atividade. “Primeiro ensaio maravilhoso! A gente não precisa pedir nada para essa escola, o povo vem junto e abraça, como sempre. A tendência é melhorar. Temos setenta dias para o carnaval e a tendência é melhorarmos cada vez mais para buscar um grande resultado no dia 10 de fevereiro”, finalizou.
Nem mesmo as condições climáticas, com céu nublado e garoa, tirou o ânimo de Clarício Gonçalves, presidente do Vai-Vai. “Eu só tenho gratidão a esse povo. Saímos dos Gaviões às 5h da manhã, mas honraram com o compromisso do ensaio e chegou com esse tempinho agradável. A comunidade chegou em peso e, como sempre, é gratificante saber que todo mundo está cantando o samba. Estamos nos preparando para o Carnaval 2024 trabalhando para errar menos e alcançar o nosso objetivo”, afirmou, relembrando um evento na noite anterior com presença da escola. Sobre as diferenças de um ensaio na rua para um de quadra, ele mesmo explica. “A diferença do ensaio de quadra é que lá nós fazemos em dois setores. Dividimos o ensaio em duas partes. O interessante é que agora conseguimos fazer o ensaio completo”, finalizou.
Vale destacar que o ensaio de rua teve concentração na esquina das ruas Manoel Dutra e João Passalacqua, subindo dois quarteirões e se dispersando na praça Dom Orione – ambos os pontos localizados na Bela Vista, reduto da escola.
Comissão de frente
Com cerca de seis componentes, o primeiro setor do Vai-Vai veio sem fantasias e executando passos coreográficos, sem avançar muito em relação à ala seguinte. Não foram notados tripés e foi possível perceber muito cuidado ao executar a dança por conta do asfalto úmido graças à garoa que caiu ao longo de toda a tarde paulistana.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Experientíssimos e com quatro títulos na escola, Renatinho e Fabíola Trindade tiveram mais uma apresentação segura junto à escola. Desde antes do ensaio, por sinal: na roda de samba antes da atividade começar, o mestre-sala era um dos mais animados, cantando, pedindo o canto da comunidade e tocando pandeiro. Altamente sincronizados, a rua escolhida pela direção da escola, sem grandes buracos e/ou ondulações, ajudou o desempenho da dupla, que tinha muito espaço para fazer os cadenciados e graciosos giros. Vale destacar, também, que Fabíola não precisou segurar o pavilhão em momento algum e que ela estava com uma bota para dar mais estabilidade ao pé. Com um vento gelado, mas não tão forte assim, a exibição foi segura, arrancando aplausos a cada vez que o pavilhão era desfraldado.
Harmonia
Certamente o grande destaque do ensaio de rua. Mesmo as primeiras alas, que por vezes não são das mais animadas, tiveram bastante força ao cantar – com destaque para a Ala das Baianas, a “Somos Todos Irmãos” e a “Resplandeceu”. O canto ficou sempre forte ao longo da atividade, mas era fortíssimo no início da exibição e nos agrupamentos mais próximos à bateria – quando ela entrou no recuo, feito na rua Conselheiro Carrão, era visível a empolgação de cada desfilante ao passar em tal esquina. Se não foi uniforme, a comunidade do Bixiga (região que não mais existe oficialmente, mas fica dentro da Bela Vista e até hoje é citado pelos componentes) superou muitas expectativas e contagiou quem se divertia ao ver a escola passar. Vale destacar, também, a cobrança de vários Harmonia para que que cada componente cantasse – a reportagem notou que até mesmo uma pré-adolescente, que fazia coreografias, foi chamada atenção por uma diretora de ala para que cantasse. Quem também se destacou foi a Velha Guarda, tradicionalmente uma das últimas alas, que cantava e interagia com todos.
Evolução
Era perceptível a preocupação dos Harmonia do Vai-Vai com o espaço entre as alas. As alsa logo após o segundo carro, por exemplo, ficavam muitas vezes próximas demais. Uma das alas coreografadas, que vinha à frente do conjunto de passistas, também requeriu especial atenção. Sem buraco algum ao longo da apresentação, a escola já tinha coreografias bastante definidas. A ala dos passistas, por sinal, chamou atenção por um pedido da diretora do contingente: ela pediu para que quatro deles estivessem na frente, liberando as demais fileiras para terem número diferente. Também é importante pontuar que, embora não houvesse pressão dos staffs para formação de fileiras, elas se formavam de maneira natural.
Samba
Se não é um dos favoritos da comunidade do samba paulistano, a canção foi cantada de maneira forte pelos componentes. Como destacado por Luiz, um dos diretores de Harmonia da instituição, a música foi bem recebida pelos componentes da escola. Além do refrão principal (“Olha ‘nóis’ aí de novo, coroa de rei/Capítulo quatro, versículo três/Vai-Vai manifesta o povo da rua/É tradição e o samba continua”), os primeiros versos da segunda estrofe (“Solta o som, alô DJ/Que eu mando a rima para embalar manos e minas”) também tinham especial força, principalmente por movimentações executadas pela “Pegada de Macaco” – bateria da escola. Vale pontuar, também, que muitas vezes o canto de Luiz Felipe, intérprete da escola, encontrava-se distante – na entrevista de Luiz Robles, ficaram evidentes problemas no carro de som utilizado.
Outros Destaques
A “Pegada de Macaco” não contou com integrantes da corte da bateria – formada pela rainha Madu Fraga, pela madrinha Negra Li e pela princesa Giuliana Silva. A rainha esteve presente no já citado evento na quadra dos Gaviões da Fiel, na madrugada de sexta para sábado; e já informou pelas redes sociais que estará presente no ensaio no próximo domingo. Os ritmistas, por sinal, fizeram o que é tradicional do Vai-Vai: poucas convenções, levantando o povo presente mesmo assim.
A cidade de São Paulo conheceu na noite do último sábado a Corte do Carnaval 2024, eleita em concurso realizado na Fábrica do Samba. A comunidade do carnaval compareceu em peso para reverenciar os novos monarcas, com todos os participantes contando com volumosas torcidas para dar apoio. Ricardo Lima, da Tom Maior, foi eleito Rei Momo em uma disputa envolvendo sete candidatos. Entre as doze mulheres postulantes, foram eleitas a Rainha do Carnaval Jennifer Weida, da Mocidade Unida da Mooca, a Primeira Princesa Bruna Negreska, da Tom Maior e a Segunda Princesa Tatá Soares, da Unidos do Peruche. Os vencedores foram escolhidos após o julgamento de três diferentes atuações para o júri que contou com a participação da atriz Rita Cadillac compondo o corpo de sete jurados.
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO
Rainha que quebrou paradigmas
Quando subiu ao palco para se apresentar no quesito Comunicação e Elegância, a Rainha Jennifer Weida começou a manifestar sua majestade. “Se presenteie com a chance de ao menos tentar” foi uma das marcantes frases de seu cativante discurso, com direito a uma risada sutil ao final que levou o público ao delírio e conquistou aplausos dos jurados. A apresentação da dança no ritmo do Partido Alto e Samba Rasgado foi o suficiente para tirar qualquer dúvida que o júri poderia ter, também marcada por um desempenho de alto nível. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a vencedora maior do concurso falou sobre o que representou para ela a conquista.
“É representatividade de quebrar barreiras, paradigmas. É como eu falei, eu tenho um perfil diferente do que geralmente o carnaval, o samba adota para uma Rainha do Carnaval de São Paulo. A mulher alta, grandona, do corpão. Eu quebrei essa barreira, essa era a intenção. Existem muitas outras meninas com o mesmo perfil que eu que sonham em subir nesse palco e se tornar da Côrte Real, se tornar uma grande Rainha, mas infelizmente o seu perfil não é adotado por mais talento que ela tenha. Uma precisava vir, enfrentar todas as dificuldades e dar o seu melhor para as demais falarem: ‘na próxima vez sou eu’. Para mim está sendo grandioso, estou muito feliz com essa oportunidade. Agradeço à torcida, agradeço à Mocidade Unida da Mooca e ao presidente Falanga pela oportunidade. Eu sou prata da casa da escola de samba do Vai-Vai, sou prata da Unidos de Guaianazes, mas foi a MUM que me deu a oportunidade para realizar o meu sonho. Chegar aqui com o pensamento que eu sempre mantive desde o começo de quebrar essa barreira. Da menina magrinha, pequenininha, mirradinha se tornar uma grande Rainha. Eu espero que as portas sejam abertas para outras meninas. Para mim está sendo gratificante”, declarou.
A preparação para o concurso contou com o apoio de seus professores como suporte, além da necessidade de superar os tantos questionamentos feitos a sua capacidade para ser uma candidata competitiva.
“Comecei em abril. Eu ia o ano passado caso a minha escola, Unidos de Guaianazes, conseguisse subir. Não aconteceu, e foi quando esse ano os meninos conversaram comigo, meus professores Marcus Prado e Victor Allonzo: ‘vamos para o Rainha’. ‘Tem certeza?’. ‘Tenho’. ‘Tá comigo, tô com você’, e eles fecharam comigo. De lá para cá a gente vem enfrentando algumas dificuldades, mas eles não largaram da minha mão, me apoiaram. Bem agora nesse período final de dois, três meses do concurso, essa preparação mais intensa, eles foram fazer turnê lá fora. Foi assim: eles lá e eu aqui, online, sem perder o foco, sempre conversando. Continuar na persistência não foi fácil, enfrentei muitas dificuldades. Como falei, você se preparar para um concurso de tal tamanho como esse e tendo muitos nãos, muitas pessoas desacreditando de você, não é fácil. Não é fácil, de verdade. Eu chorava bastante. Falei: ‘meu Deus, o que que está acontecendo?’, mas eu não podia desistir do meu sonho. Eu não podia desistir. Acabei blindando tudo isso e comecei a trabalhar com o que eu tinha, ensaiar com o que eu tinha, como eu podia. Era trabalho, era sair tarde do serviço para poder ir procurar um espaço para poder ensaiar às altas da noite, dormindo sempre de madrugada… Deu, deu certo”, detalhou.
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO
A Rainha do Carnaval 2024 demonstrou grande apreço a festa que tanto ama, clamando pela alegria e respeito às diferenças ao falar sobre suas expectativas para o próximo ano.
“Eu espero o que sempre nós esperamos como sambistas do carnaval. Com ele, o maior espetáculo da Terra, cheio de energia, cheio de alegria, de diferenças. Todos os padrões, todos os perfis se encaixam em um só. Que a gente possa comemorar essa festa que a gente trabalha incansavelmente todo ano para poder fazer acontecer. Cada um no seu setor, mas trabalha grandiosamente para fazer acontecer. Para receber o folião que vem lá de fora do Brasil, de todo canto do mundo, para ver de perto o mais lindo show, o maior espetáculo da Terra, de pertinho. Eu espero que seja tudo maravilhoso. Já está sendo, já começou muito bonito para mim e vou dar o meu melhor, vou me dedicar junto da minha Côrte para fazer o diferencial nessa festa linda”, concluiu.
Verde e Amarelo em dose dupla
A comunidade da Tom Maior, que compareceu em peso para torcer por seus candidatos saiu da Fábrica do Samba em estado de graça com Ricardo Lima coroado como Rei Momo e Bruna Negreska como Primeira Princesa. Seus discursos orgulhosos em defesa da ancestralidade somados à leveza na dança foram fundamentais para convencer os jurados e garantirem suas conquistas.
O monarca eleito para reinar no carnaval de 2024 falou a respeito da emoção de vencer o concurso.
“É uma emoção única, não tem como descrever. Você não sente nem as pernas, nem o palco, nem nada. Você sente só entrando e o mais gostoso é saber que a gente tá fazendo pelo carnaval, pelo samba e pela nossa ancestralidade. É isso que eu sinto muito no meu coração pulsar muito. Eu acho que a minha missão é abrir os desfiles trazendo alegria pra todos os públicos que estão ali receber a escola com muita alegria, com muito mais amor.
Ricardo anseia para o próximo carnaval uma festa repleta de paz em nome do elemento maior que é o samba.
“Um Carnaval perfeito, com muita paz, com muito amor, fazendo tudo igual fazer sempre, sempre pelo samba. Quando a gente faz pelo samba e traz com paz, tudo flui normalmente. E quando flui normalmente acaba sendo muito mais fácil”, completou.
Há dez anos defendendo o pavilhão da Tom Maior, Bruna Negreska demonstrou sua emoção ao falar sobre ser a Primeira Princesa do Carnaval 2024.
“Eu estou em êxtase. Poder vir pela segunda vez nesse concurso, que eu vim em 2020. Não entrei na corte, mas foi uma comunicação marcante as pessoas lembrando esse dia. Poder vir esse ano e ser coroada é sobre não desistir. É sobre resiliência, é representar a Tom Maior em dez anos que eu estou nessa escola. Isso aqui é deles, essa coroa, essa faixa são deles. Eles me receberam há dez anos e estão ali sentados me esperando. É só a união de uma família mesmo, e eu poder levar um pouquinho dessa alegria para eles não tem preço”, disse.
Bruna fez questão de clamar para que os sambistas compareçam aos desfiles das escolas de samba para também celebrarem esse momento tão especial.
“Há 10 anos em carnavais maravilhosos, mas esse vai ter um gostinho muito especial, com certeza. Estou vindo também de musa da minha escola, e poder ser coroada como princesa é um misto de emoções. Eu espero que nossos sambistas venham para o Anhembi e se divirtam, que a gente vai estar lá, esperando por eles”, completou.
Emoção da princesa confeiteira
Com direito a um forte discurso demonstrando o orgulho de suas conquistas ao empunhar um fuê, uma de suas ferramentas de trabalho, Tatá Soares conquistou a coroa de Segunda Princesa do Carnaval 2024 somando palavras encorajadoras com muito samba no pé. A confeiteira falou a respeito da emoção dessa importante conquista.
“Como eu estava falando eu tive vários momentos de superação, passei por algumas dificuldades em relação à saúde e por estar aqui hoje representando os meus amigos que me apoiaram, a minha religião da Umbanda, dos meus orixás, por Deus no universo que conspirou o meu favor por estar aqui hoje. É uma emoção que eu ainda não estou sabendo explicar, não estou sabendo mensurar, porque poder lembrar da Talita que tinha 12 anos e hoje, no auge dos 35 anos, estar aqui hoje liberando tudo e ter conquistado como segunda princesa não tem, eu não tenho como mensurar a felicidade que eu estou, estou tendo gratidão e obrigado pela oportunidade de vocês me entrevistarem”, declarou.
Questionada sobre o que significará para ela a conquista a partir de agora, Tatá fará da coroa de princesa mais um item de seu trabalho, além de garantir que cumprirá com sua missão de maneira honrada.
“Vai ter Tatá Soares na cozinha, de faixa e coroa, que não sou obrigada. Eu vou pegar metrô e trem também porque eu não obrigada. Essa segunda-feira eu trabalho, então temos a realidade. Vocês podem esperar muito de mim na Avenida porque eu vou sambar, vou curtir com todo mundo e vou poder mostrar o lado realmente que eu sou e vender meus brigadeiros, que eu vendo bastante brigadeiros”, afirmou.
Tatá falou sobre a necessidade de acelerar a recuperação de uma cirurgia para conseguir se apresentar em alto nível.
“Eu fiz uma cirurgia diária umbilical tem dois meses e o médico falou que eu só podia sambar depois de seis. Então eu tive trinta dias para poder me preparar, quando eu fiquei sabendo do concurso foi a corrida para poder me recuperar e para poder preparar a comunicação e tudo e deu tudo certo. Então assim, foi trinta dias de loucura e superação, mas deu tudo certo”, explicou.
Tatá pretende demonstrar no carnaval de 2024 a força da superação que fez a diferença para se tornar Segunda Princesa.
“É mais fácil o que o carnaval espera da Tatá, porque com certeza que com essa superação e essa conquista que eu tive hoje, eles podem esperar muita coisa boa que realmente vou representar todo mundo na Avenida”, concluiu.
A Mocidade Independente de Padre Miguel deu início nesteo último sábado à sua temporada de ensaios de rua em preparação ao Carnaval 2024. Aproveitando a temática do enredo e procurando dar um charme a mais, a escola chamou o evento de “Caju Folia”, não se configurando só no treino propriamente dito, mas também com o “after” tendo roda de samba na quadra da Vintém. Neste primeiro teste, a agremiação concentrou seu desfile, na praça Guilherme da Silveira, e teve de tudo: ala evoluindo de patins, carro de som novinho em folha, fogos, Castorzinho, Zé Paulo Sierra alucinado cantando de cima da passarela, compositores da obra 2024, a “Não Existe Mais Quente” cheia de paradinhas, segmentos completos, sensualidade na comissão de frente, caju e até a chuva que quis dar o ar da graça, mas pelo bem da noite não se firmou. No final, a comunidade feliz ainda foi curtir um pagode na quadra mais antiga da Verde e Branca da Zona Oeste, completando “os embalos de sábado à noite”.
Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO
Buscando apagar a imagem deixada após dois carnavais com resultados ruins no Grupo Especial, em 2022 e 2023, e desfiles marcados por problemas, a Mocidade inicia a preparação na rua com novo dia de ensaio, tendo a proposta de aproximar mais os componentes. O vice-presidente Luiz Claudio definiu a iniciativa da agremiação algo inerente ao enredo e enfatizou mais uma vez a importância de um tema leve, até mesmo para influenciar a organização de treinos na rua da Estrela Guia de Padre Miguel.
“É muito importante logo após a nossa disputa de samba já termos começado os ensaios de canto na quadra, e hoje já estar dando o pontapé inicial para a gente começar a trabalhar firme a técnica da escola juntamente com o canto. Sem dúvida nenhuma, a gente acaba o ensaio e vamos para a nossa quadra da Vila Vintém para poder fazer uma grande confraternização com todos do ensaio, com toda a comunidade e com todos os independentes. Esse enredo pede muito isso, o mundo do carnaval abraçou o nosso enredo e tenho certeza que vai ser um sucesso e como já falei outras vezes, acredito que depois do que a gente passar na Avenida em 2024, a tendência do carnaval nos próximos anos, pode voltar a ser uma ideia que a Mocidade retorna, ao ter um enredo leve, um enredo sexy, um enredo suculento e tudo que hoje o nosso país, e o nosso mundo do samba, as pessoas que vão à Sapucaí querem encontrar a felicidade. E o enredo da Mocidade retrata isso, a felicidade do povo brasileiro”, define o dirigente.
Novidade para o carnaval 2024, a comissão de carnaval é formada pelo carnavalesco Marcus Ferreira e o trio de diretores Wilker Jorge, Vânia Reis e Marcelo Plácido. Ocupada em apresentar o primeiro casal, além de organizar alas e a dinâmica de entrada dos componentes, Vânia também explicou o que a diretoria levou em consideração para definir os treinos da rua no sábado à noite.
“É uma aposta nova para esse ano, nós nunca fizemos ensaio dessa forma, já ensaiamos as segundas-feiras, já ensaiamos no Campo do Bangu, no campo da Castelo Branco, na Praça do Canhão e aqui por último, tradicionalmente, os nossos ensaios eram sempre aos domingos, é uma proposta nova, porque quando acabava o ensaio no domingo, de fato, todo mundo dispersava, ia embora, porque na segunda-feira estava todo mundo na labuta, mesmo a gente fazendo um pagodinho na quadra, nem todo mundo podia ficar. É uma maneira da gente entrar para quadra e até avaliar como foi o ensaio, mas de uma forma mais descontraída, podendo curtir um pagode, essa é a intenção. É para a gente confraternizar. É uma alegria, e comentar como foi o ensaio, ainda fresco na memória, aquele sentimento e lá a gente conversa também e apara as arestas”, revela a diretora.
Vânia também explicou a importância da escola vir logo para a rua para treinar movimentos, evolução, canto em deslocamento, além de elogiar o trabalho de preparação desenvolvido pelos profissionais da Mocidade.
“A gente já tinha uma expectativa muito positiva porque começamos os ensaios de canto na quadra. A comunidade abraçou o nosso samba, é uma obra fácil, leve, todo mundo cantando com muita alegria. Hoje deu uma preocupada por conta do mau tempo, mas isso também já serve como ensaio, porque se chover no dia a gente vai ter que estar com a mesma garra, a expectativa é muito grande de ver a Praça da Guilherme cheia dos independentes cantando com muita garra o nosso samba. Nós temos dialogado bastante, o fato de ser uma comissão de carnaval foi muito bom porque ninguém fica sobrecarregado, e a gente divide as tarefas. Nós quatro, cada um com uma fatia do bolo, não fica pesado para ninguém. E o diálogo sobretudo, o nosso vice-presidente e o nosso presidente, o Luiz Claudio e o Flávio Santos, estão dialogando bastante com a comissão, nada está sendo imposto, todas as decisões são tomadas em conjunto e isso tem feito com que o trabalho flua. Está bem agradável trabalhar”, assegura a diretora de carnaval.
“Pede caju que dou… Pé de caju que dá!” é o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. Por força do regulamento, após terminar a apuração de 2023 em décimo primeiro lugar, a escola terá a missão de abrir as apresentações na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio.
Duda buscando a excelência e Zé Paulo nos braços da escola
Com quase 20h da noite, a “Não Existe Mais Quente” fazia o seu deslocamento para entrar no primeiro recuo ainda na Rua Sidnei que corta a praça e desemboca na Coronel Tamarindo, via de deslocamento do ensaio da Mocidade. Dos ritmistas de Dudu também veio o início do samba 2024 neste primeiro treino, antes do primeiro acorde. Feliz com a obra escolhida para o próximo desfile, mestre Dudu enfatizou a importância da obra para um bom desfile da escola, já gerando grande expectativa pelo seu brilho nos treinos nos arredores de Padre Miguel e da Vila Vintém.
“A gente vem de dois carnavais um pouco complicados e para a nossa felicidade a escola acertou no samba. A gente sabe que um samba bem escolhido é um grande passo, acho que é metade do carnaval, e eu sempre falo dentro da escola que se cada uma fizer a sua parte a Mocidade vai voltar para o lugar de onde não deveria ter saído. Estou muito feliz por esse momento de retorno a rua, tivemos todos tristes pelo o que passou, mas passou, beleza, e falando de bateria, a escola gabaritou esse ano, depois de muitos anos sem gabaritar, então, um momento muito feliz ‘Não Existe Mais Quente’ como um todo, e é o que eu falo para todos, a gente tem que manter esse legado. Hoje eu vou de fato atender a esse samba, o samba é bom , mas hoje que eu vou colocar a bateria na rua, vou andar, sentir o clima do samba, vou dar o trabalho para escola, o trabalho que ela merece, e na bateria um trabalho sempre esperado pelo escola”, promete o comandante da Não Existe Mais Quente.
Com os arranjos já pensados desde a disputa de samba, mestre Dudu já começou a trazer para o ensaio de rua aquilo que vai levar para a Sapucaí. O diretor de bateria explicou ao site CARNAVALESCO como vê este processo de inserção de paradinhas, bossas e convenções.
“O andamento a gente também vê a partir do ensaio de rua, mas a nossa proposta, desde que eu assumi a bateria em 2016, é fatiar o samba em quatro partes, a cabeça do samba, refrão do meio, a segunda do samba e o refrão de baixo, para que a gente possa a qualquer momento mostrar a bossa para o jurado. Está tudo muito rápido, parece que o carnaval já é amanhã, está tudo muito rápido, já conseguimos executar duas, temos duas bossas já montadas, ensaiamos com a bateria, vou largar o aço, deixar algumas passadas sem bossa para poder entender o desenho do tamborim, da cuíca, chocalho e também fazemos ensaio só de bateria também. A proposta para o desfile é quatro paradinhas e dois arranjos, o trabalho vai ficar bonito, pode aguardar a Mocidade”, garante mestre Dudu.
Debutando nos ensaios na Guilherme da Silveira, o intérprete Zé Paulo Sierra confessou sobre o frio na barriga antes deste primeiro treino, mas no que externou no canto e performance foi um artista já bastante entrosado com os independentes e a comunidade da Vila Vintém. O cantor, adepto de estar próximo a galera, como vinha fazendo nos ensaios de quadra, esteve sempre ao lado, ou no meio dos componentes. Até no inusitado, subiu para cantar em uma passarela que durante os ensaios na Rua Coronel Tamarindo, virá arquibancada com fogos e bandeiras penduradas. As ações são resultado de um profissional já bem à vontade em sua nova casa.
“Estou muito feliz porque também é muito novo para mim hoje aqui, primeira vez que eu venho, o clima, o astral é muito bom, você estar dentro da comunidade de uma escola de samba que é gigantesca como é a Mocidade, você já sente esse clima, essa energia boa, a expectativa é a melhor possível, coração disparado ,com muita vontade de começar logo tudo para poder fazer bonito na Guilherme”, falou o intérprete ainda antes de sua estreia nos ensaios da famosa praça em Bangu.
E o samba, com toda a sua leveza, irreverência e alegria permitiu a Zé Paulo extravasar e ser o tempo todo o artista que a gente conheceu em tempos de Viradouro, mas que nos últimos anos estava um pouco mais contido. O cantor elogiou bastante a obra da Mocidade para o carnaval 2024 e projetou a música como “sucesso” sempre bastante esperado nos eventos de carnaval.
“Estamos com uma expectativa grande do nosso samba, até para sábado que vem no lançamento do álbum da Liesa na Cidade do Samba, que vai se grande porque as pessoas esperam o samba da Mocidade, a gente teve isso no Guardiões da Favela, foi bem legal porque fomos a última a se apresentar, mas tinha bastante gente esperando a gente cantar, muito por ser a Mocidade, mas também pelo samba que tem um apelo muito forte com o público. Hoje a gente já vai ter esse termômetro bacana, que já tivemos na quadra, a gente acabou gravando o samba ao vivo na quadra, o pessoal está muito empolgado e feliz com o samba que a gente escolheu. A expectativa pelo alto rendimento do samba, não só das pessoas da comunidade, mas das que vieram. Estou muito confiante que a gente faça um grande desfile porque temos um grande samba”, conclui Zé Paulo Sierra.
Casal adiantado na coreografia e comissão de frente ‘causando’ em ensaio
Puro suco da arte. O mestre-sala Diogo Jesus e a porta-bandeira da Mocidade Bruna Santos, garantias de notas e grandes destaques da escola nos últimos anos, se fizeram presentes no primeiro ensaio de rua para o Carnaval 2024 já mostrando um pouco do que pretendem levar para a Sapucaí. Com vestimentas predominantemente na cor branca, a dupla foi muito aplaudida e ouviu sempre palavras de incentivo a cada movimento executado. Já com o trabalho adiantado, o casal contou mais sobre o andamento da preparação.
“Nós fizemos uma base de coreografia, a gente acredita que a nossa coreógrafa vai mudar muito ainda daqui para o desfile. Mas assim, é bom ter a base, porque a gente vai incrementando e pegando os pontos positivos da coreografia, e tirando os pontos negativos. O bom é que a gente já tem a base e vamos ver se vai mudar, não vai. Hoje viemos fazer um teste para ver se o espaçamento físico está bom, se não está. A gente espera mudar e mudar para melhor”, explica Diogo.
“A gente já está com a coreografia pronta, mas ainda deve mudar muitas coisas, porque a gente idealiza uma coisa, mas quando a gente coloca na prática, algumas coisas se sente a necessidade de serem mudadas, mas 60 por cento da coreografia já está pronta”, entende Bruna.
O casal também ressaltou a importância do treino na rua como ensaio técnico, mas também como encontro para receber o calor da comunidade e dos independentes.
“É muito bom estar de volta aqui no ensaio de rua, agora é um novo dia, no sábado, um dia de festa de alegria, onde todo mundo aproveita para curtir um pagodinho, um samba, é muito bom então os ensaios terem voltado dessa forma, mas temos que batalhar, toda comunidade, para fazermos um grande desfile, eu e o Diogo hoje vamos começar a fazer algumas coisinhas do desfile, e esperamos que dê tudo certo daqui para frente”, projeta Bruna.
“A expectativa é sempre boa, para a gente encontrar a nossa comunidade, para treinarmos juntos da comunidade na rua, é um ensaio técnico que a gente visualiza o nosso andamento, para gente é importante, esse contato também com o público em geral de Padre Miguel, a gente sentir esse calor, essa emoção que eles nos passam. Por incrível que pareça, eu nunca achei a Mocidade internamente com esse aspecto de ter que ir para a Sapucaí para fazer um grande trabalho a ponto de superação, pelo contrário, acho sempre muito leve, e esse ano não foi diferente. Porém, a gente como casal sabe que a nossa responsabilidade é maior, mas eu tenho certeza que vamos chegar na Sapucaí prontos para garantir a nossa nota, e a escola também garantir os pontos que ela precisa garantir”, acredita o mestre-sala da Mocidade.
Quem também mexeu muito com o público que assistia o ensaio e recebeu muitos aplausos foram os bailarinos da comissão de frente de Paulo Pina. Com uma coreografia que trazia muita irreverência, intensidade, mas sobretudo sensualidade, a comissão abriu muito bem o desfile na Rua Coronel Tamarindo. Em um momento no trecho “Tarsila pinta a sanha modernista…”, os dançarinos faziam pose como se fossem um retrato arrancando mais aplausos e gargalhadas de quem acompanhava nas calçadas. Sobre o enredo, Paulo Pina definiu que a temática ajudou bastante a desenvolver seu trabalho até aqui.
“O enredo bem mais leve, samba bem mais gostoso de trabalhar, no meu segmento particularmente, estou muito satisfeito com o que venho fazendo para o próximo desfile, como ideia, como projeto e com certeza, esse ano, está uma vibe muito mais tranquila, estou muito confiante, e espero entregar um bom trabalho”, espera o coreógrafo.
Paulo também elogiou os ensaios de rua, definindo-os como etapa importante do seu planejamento e preparação para o desfile.
“Eu ama ensaio de rua, trago sempre a comissão, acho que é o ensaio técnico, não deixa de ser, e a partir do público eu vejo se a galera está sentindo a coreografia, se está de acordo com o que as pessoas esperam, acho que é um termômetro muito bom para o meu trabalho saber se estou agradando a galera, como está o andamento na comunidade, que é diferente do ensaio técnico na Sapucaí. Eu particularmente amo o ensaio de rua e conto como ensaio técnico para mim”, conclui.
Com o Dia Nacional do Samba se aproximando e a Mocidade abrindo o segundo dia de apresentações na Cidade do Samba na festa de lançamento do álbum com os sambas da Liesa, a Verde e Branca de Padre Miguel só irá realizar seu próximo ensaio de rua no dia 09 de dezembro na Praça Guilherme da Silveira.
A sexta-feira fria na Zona Norte de São Paulo foi de homenagens na quadra do Rosas de Ouro, na Freguesia do Ó. Para homenagear Bahia, integrante do departamento de Alegorias da escola e vítima de um infarto horas antes do ensaio da semana começar, a escola contou com uma potente ala musical, honrando o baluarte que se foi. Para defender o enredo “Ibira 70 – A Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024”, a agremiação teve noite inspirada da equipe de canto e da bateria.
Com a palavra, a ala musical
O bom desempenho dos ritmistas, na visão do mestre Rafael Oliveira, popularmente conhecido como Rafa, vem da sequência do trabalho desenvolvido pela equipe comandada por ele. “Nós não mudamos nada no nosso trabalho, ele é sempre intenso. Em 2023, fizemos seis bossas; para o ano que vem, já estamos com quatro – e vamos colocar mais uma, além de um arranjinho. Para nós, não muda nada: são dois ensaios por semana, daqui a pouco serão três ou quatro… e será assim até o carnaval”, destacou o comandante do segmento na agremiação desde 2014.
Ainda na linha da sequência de trabalho, Rafa pontuou que o segmento comandado por ele não terá grandes alterações em relação ao desfile desse ano. “Não usamos nenhum instrumento diferente e não temos um instrumento específico, as bossas são em cima de todos os instrumentos, com pergunta e resposta e coisas com chocalho desenhando junto com o tamborim e com o surdo de terceiro. Mas não temos uma ênfase especial em algum naipe. É uma Bateria com Identidade tradicional e com ousadia, mas sem novidades de instrumentos nesse ano”, comentou, aproveitando para destacar alguns instrumentos.
Já Carlos Junior, intérprete da agremiação, buscou o autoencorajamento para se inspirar. “Eu sempre me baseio pela motivação. Ontem mesmo eu estava tendo essa conversa com o vice-presidente Osmar. Eu falei: ‘Osmar, eu só preciso estar motivado de energia e sinergia’. A gente vai trabalhar de manhã, e faz tempo que eu não desfilo de manhã. O Rosas trabalhou de manhã mais recente que eu. Acho que a última vez que eu trabalhei de manhã foi quando teve aquele atraso por conta de carro da Dragões que quebrou, lá na império, mas eu estava totalmente preparado porque já estava duas, três horas ali já conversando. Eu estava totalmente preparado, só que eu senti que a escola não estava pronta para aquele episódio, e aí eu tentei o que? A motivação. Eu busquei a motivação. Eu tenho o microfone na mão. Eu aprendi a motivar. Apesar de hoje em dia isso ser uma coisa meio que ultrapassada, eu entendo dessa forma. Acredito que se você olhar, por exemplo, para o futebol, se você olhar para a Fórmula 1, eles ainda continuam sendo pessoas motivadas a chegarem no melhor lugar possível pelos seus dirigentes, pelos seus técnicos. Eu me sinto na obrigação de passar isso para o Rosas de Ouro, do que é trabalhar de manhã em busca de algo”, comentou.
Amizade que engaja
Uma das tantas curiosidades sobre o atual quadro do Rosas de Ouro está na parceria entre o comandante da bateria e o intérprete da agremiação. Citando antigos cantores da azul e rosa, mestre Rafa falou de Carlos Junior. “O Carlão é um grande amigo desde sempre, amigo particular. Como foi com o Royce e outros cantores, era um sonho trabalhar com ele e estamos realizando. Está sendo super bacana, porque estamos trabalhando com um ídolo. É como eu tocar com um grande artista fora do mundo do samba. Ele está se adaptando bem, é um cantor super agressivo no palco, com uma pegada diferente e que nos proporciona jogar a bateria mais para frente, com uma melodia mais aguerrida. Estamos curtindo para caramba, acho que vai ser um grande desfile e um grande renascimento dele – já que, em toda escola que você passa, é um tipo de trabalho e execução. Acho que ele vai ser feliz aqui no Rosas junto com a Bateria com Identidade e com a comunidade. É um cantor diferente de todos que passaram nos últimos anos. Estou aqui há onze anos e trabalhei com o Darlan, que foi muito bom, ele foi um dos grandes responsáveis por eu ser mestre hoje. Trabalhei com o Royce, que era um sonho. E, agora, estamos sendo felizes com o Carlos Junior bem como fui com os outros dois”, comentou.
O poder da união também foi destacado pro Carlos Júnior. “para chegar ao nosso objetivo é preciso isso, é preciso aquilo, é preciso seguir algumas coisas que são informadas da Harmonia, algumas coisas relacionadas à comissão de carnaval. Precisamos estar em sintonia e comunicação, e essa comunicação eu vou dar o tempo todo mesmo que alguém ache ruim. É o meu jeito”, afirmou.
Leveza que traz resultados
Outro ingrediente para o sucesso da ala musical no ensaio foi dado por Evandro Souza, um dos diretores de carnaval da azul e rosa – juntamente com Leandro Lion e Victor Lebro. Na visão dele, a escola resgatou uma característica da agremeiação. “Depois dos dois últimos carnavais, que a gente levou enredos com mensagens, eram enredos mais densos, a gente sentou, conversou e falou assim: ‘eu acho que a gente precisa resgatar um pouco da essência da escola de enredos mais leves e divertidos’. Não só por questão de resultado, mas a gente esteve desenvolvendo alguns enredos mais sérios nos últimos anos, e eu acho que voltar a falar de São Paulo acho que foi um grande acerto. Um enredo que até então inédito no Grupo Especial. Falar de São Paulo, que é uma característica da Rosas de Ouro, então a gente conseguiu juntar tudo isso. O samba vem crescendo. No início a gente recebeu algumas críticas, mas a gente tinha certeza de que o samba ia acontecer e está fluindo, está sendo legal. Eu acho que o clima da escola está vindo na proposta que a gente tinha de enredo, ou seja, uma coisa mais leve, mais alegre. Acho que a gente vai chegar em janeiro com uma energia superbacana”, pontuou.
Revelando uma ação bastante especial que a escola falará, Evandro também destacou qual ponto, na visão dele, ainda pode ser melhorado pela agremiação. “Eu acho que a gente está nesse processo agora de trazer o povo para a quadra. As alas estão se movimentando, ensaiando em separado., e essa semana a gente começou a juntar a escola para fazer o primeiro ensaio de canto. Justamente na semana que vem a gente tem a festa do lançamento do carnaval lá na Fábrica do Samba. Em dezembro a gente tem ensaio no Ibirapuera, o que seria um ensaio de rua aqui a gente vai levar para lá e fazer um ensaio lá no Ibirapuera no dia 17. Estamos nesse momento de unir as pessoas, trazer as pessoas, juntar realmente a escola para a gente sentir isso e ver o ponto que a gente precisa aplicar algum tipo de trabalho especial”, destacou.
Aqui, é importante destacar que o tamanho da quadra do Rosas, uma das maiores da cidade de São Paulo, impacta na impressão sobre número total de pessoas no ensaio – bem como o fato do espaço ter diversos ambientes. Também é válido pontuar que, ao contrário de outras agremiações, havia número semelhante de pessoas assistindo ao desfile em relação a que, de fato, estava ensaiando.
Novos trabalhos
Se a bateria está mantendo um ritmo há uma década, outros segmentos estão com novidades na Roseira. Um deles é o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Desde 2016 na escola, Isabel Casagrande bailará ao lado de Uilian Cesário a partir de 2014. E, para o entrosamento vir rápido, eles estão cada vez mais próximos. “A frequência de ensaios aumentou! A gente até tenta ensaiar mais vezes, mas estamos tentanto, no mínimo, duas ou três vezes na semana. E domingo tem feijoada aqui no Rosas, então, nessa semana, ensaiaremos quatro vezes. Estamos dançando, nos encontrando… e o ritmo vai aumentar até o carnaval”, confirmou Isabel. O parceiro dela preferiu focar no samba-enredo ao falar da importância de tais eventos. “Agora, estamos mais familiarizados com o samba, conseguimos dar corpo para coreografia da pista, focar nas finalizações e segurar o regulamento debaixo do braço, para que a gente não tenha nenhum risco no dia do desfile”, disse.
Sem dramas
Assunto de diversas rodas de discussão no samba paulistano, o novo regulamento para o carnaval 2024 também foi tema de entrevistas. Citando a principal característica dos ritmistas da agremiação, mestre Rafa destacou que as novas regras já estão sendo seguidas pelos comandados. “O samba de 2023 não proporcionava tantas bossas. Nele, fazendo uma análise, se for pegar o samba, era para ser algo mais conservador. Mas a nossa característica é a de fazer muitas bossas, com muita ousadia. É onde a gente acredita em que nos sobressaímos. A melodia daquele samba não proporcionava tudo isso, mas nós fizemos bastante coisa. Já em 2024, é novamente um samba melodioso… mas, não tem jeito: gostamos de fazer isso, é algo que foi criado como nossa identidade, nos tornamos isso de 2017 para cá. É o nosso estilo: bossa atrás de bossa. É isso que dá uma abrilhantada no samba, já que não colocamos nada sem sentido. Fazemos tudo dentro da melodia, não inventamos o que não é para inventar, apenas exploramos o que dá para fazer”, afirmou.
Ao citar o novo julgamento, Carlos Junior preferiu ser enfático. “Quando se mexe em regulamento em qualquer quesito é para pegar alguém ou alguma escola. Eu não sei quem é a vítima dessa vez, mas alguém vai ser pego, e tomara que não seja o Rosas. Eu vou rezar todo dia para que a gente esteja enquadrado dentro desse item que mudou, mas era isso que o povo também pedia. Mas eu vou tranquilo, não vou preocupado com o que está escrito ou não, a não ser que a diretoria me chame a atenção sobre essa questão. A gente vai alinhado, até porque é uma comissão de carnaval. O dever dessa comissão é está a par de tudo que está escrito nesse regulamento, essa é a minha opinião”, disparou.
O grau de dificuldade também foi citado pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. “O regulamento está mais desafiador. Ele está pedindo o trabalho individual – e, dessa maneira, os casais ficarão diferentes um do outro. Estávamos habituados a ver na pista coreografias, movimentos de braço e corporais muito parecidos. Agora, com as novas adaptações e exigências, cada casal vai precisar se cobrar mais e fazer um trabalho diferenciado na pista para agradar os jurados”, destacou Uilian. Isabel mostrou mais simpatia ao novo texto. “Eu gostei do novo regulamento. Achei que vai ser desafiador, e alguns pontos que não eram obrigatórios e tinham casais que não faziam (instrumento de mão, largura do pavilhão padronizada) passavam despercebidos porque não estava sendo julgado. Agora, quem não seguir a cartilha não vai ter sucesso. Nós gostamos, para a gente está tranquilo e estamos seguindo tudo certinho”, determinou.
Visando 2024
Para Evandro, o Rosas está cumprindo o cronograma pensado pela escola – e dividido internamente. “A gente tem dois processos diferentes. A gente tem o processo de competição do carnaval, que acontece na Fábrica do Samba, e nesse gente está vendo o vapor. A gente tem uma agenda para cumprir, pretendemos chegar em janeiro para cuidar somente de pista. Nosso cronograma está super dentro do que a gente tinha planejado. Estamos com as alegorias já em fase de finalização, e as fantasias a mesma coisa. Acredito que, dentro do nosso cronograma, no final de dezembro a gente já deve estar encerrando a nossa confecção para o desfile, e aí é cuidar de pista, ensaiar. Graças a Deus está muito legal o nosso projeto”, comentou.
Já para a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, de acordo com os próprios, o público pode esperar muita beleza. “Já vimos o figurinho, ainda não está pronto. Já tiramos medidas e ainda está tudo em um processo de construção. Podemos falar que é linda, estamos apaixonados pela nossa fantasia. Espero que o pessoal goste, sobretudo os jurados. Estamos encantados”, pontuou Isabel, sendo seguida por Uilian. “Estamos bem felizes e supresos com o presente que o croqui que chegou na nossa mão. Agora, a expectativa é para ver o figurino pronto. Estamos bem confiantes e seguros, já que estamos na mão de um bom ateliê”, finalizou.
O desenho do tamborim de uma escola é parte incontestável da assinatura rítmica de uma bateria. Seja ouvindo áudios ao vivo ou assistindo gravações de desfiles é plenamente viável perceber essa sonoridade de forma destacada, por causa do timbre agudo. Está inserida em nossa cultura musical ouvirmos a subida curta dos tamborins da Beija-Flor após a virada do refrão principal, ou mesmo aquele telecoteco genuinamente mangueirense tocado de forma peculiar num trecho da segunda do samba, isso sem contar as subidas atrasadas do naipe da Mocidade Independente, entre tantas outras inegáveis batidas ligadas ao DNA musical das agremiações. Toda ala de tamborim, portanto, tem uma missão no que tange a preservação de determinadas características musicais, bem como na propagação da cultura de desenhos rítmicos.
É vital mencionar que o tamborim é um naipe de apoio. Uma ala que complementa com coletividade e uma peça bastante aguda, acompanhando o ritmo da bateria e consolidando seu desenho rítmico através da melodia do samba. Serve, inclusive, de referência para os demais naipes. Em qual trecho do samba está? A resposta normalmente se encontra facilmente ouvindo com atenção as frases musicais dos tamborins.
Exatamente por servir como referência é que o tamborim ganha uma projeção dentro das escolas que extrapola a importância rítmica para a bateria. Pois essa referência também é notada, assimilada e constantemente utilizada por componentes durante os ensaios. Um desenho rítmico de tamborim influencia, sobretudo, no jeito como a agremiação irá evoluir, dançar e de certa forma até cantar o samba. Importante citar a eficácia inestimável envolvendo o toque do carreteiro (aquele pacaticapá frenético e constante), pois o mesmo impulsiona desfilantes em aspectos primordiais de um cortejo, como canto e dança. Quanto mais simples forem os desenhos, mais o componente irá absorver musicalmente e atrelar a batida do naipe de tamborins à sua cultura performática de ensaios.
Uma questão específica a ser contornada é que a evolução técnica dos ritmistas de tamborim tem provocado desenhos cada vez mais complexos e bem elaborados, com dificuldade de execução praticamente crescente. Inúmeros são os momentos, em diversas batidas de tamborim, que um grande volume de informação rítmica é colocado em trechos musicais que mal cabem. Essa falta de integração musical, por vezes, ocasiona desenhos rítmicos executados de modo mecânico e não orgânico, pois o ritmista irá fazer a batida, mas sem sentir e se entregar de forma apropriada a energia da música. É necessário um cuidado ainda maior quando inserir floreios no desenho de tamborim, pois os mesmos exigem capacidade técnica unida a alto poder de concentração, além de andamento confortável, para garantir a execução mais limpa e natural possível.
A fluidez musical é imprescindível como norte para criação de uma batida de tamborim. É importante buscar soluções intuitivas ao criar o desenho rítmico. Deixar a melodia do samba guiar a convenção acaba sendo a maneira mais ritmicamente inspirada de sentir a música, além de buscar que os ritmistas responsáveis por tocar o desenho façam isso da forma mais orgânica e espontânea possível. Indica coerência possuir um desenho alinhado com a capacidade técnica de toda ala, evitando que os ritmistas desfilem presos ou com medo de executarem determinados trechos. Quanto mais o ambiente da ala for leve e o ritmista desfilar solto melhor será para a mais perfeita execução da batida, garantindo ainda por cima uma entrega energética, além de rítmica. Fazer ritmo é bom demais, mas poder tocar curtindo o desfile certamente é ainda mais.
Talvez exatamente pela questão envolvendo a assinatura musical é que algumas alas tenham buscado um caminho de crescimento rítmico constante. Mas já estamos num ponto que deixamos de refletir sobre as bases fundamentais que sempre nortearam o toque dos tamborins dentro das baterias cariocas, na criação de suas convenções. É urgente que deixem o ego de lado e busquem soluções musicais simples e eficazes, de melhor assimilação geral, contribuindo assim ritmicamente com a bateria e animicamente com os componentes das escolas. Tamborim é naipe rítmico de complemento e a bateria responsável pela execução musical de acompanhamento a um cortejo e seus desfilantes. Mais do que nunca se faz necessário olhar para o passado com muito carinho, para avaliar se estamos de fato evoluindo ou simplesmente descaracterizando, cada vez mais, nossos ritmos.
Escolas de samba passam por momento preocupante. Faltando menos de 80 dias para os desfiles o clima é de preocupação. Poder público ainda não deu nenhum centavo da subvenção para o Carnaval 2024 e agremiações estão com a corda no pescoço. Veja mais no vídeo com a opinião.