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Leve, cheia de sensualidade e alegria, Mocidade faz primeiro ensaio com direito a ‘pós’ na quadra

Buscando apagar a imagem deixada após dois carnavais com resultados ruins no Grupo Especial, a agremiação inicia a preparação na rua com novo dia de ensaio

A Mocidade Independente de Padre Miguel deu início nesteo último sábado à sua temporada de ensaios de rua em preparação ao Carnaval 2024. Aproveitando a temática do enredo e procurando dar um charme a mais, a escola chamou o evento de “Caju Folia”, não se configurando só no treino propriamente dito, mas também com o “after” tendo roda de samba na quadra da Vintém. Neste primeiro teste, a agremiação concentrou seu desfile, na praça Guilherme da Silveira, e teve de tudo: ala evoluindo de patins, carro de som novinho em folha, fogos, Castorzinho, Zé Paulo Sierra alucinado cantando de cima da passarela, compositores da obra 2024, a “Não Existe Mais Quente” cheia de paradinhas, segmentos completos, sensualidade na comissão de frente, caju e até a chuva que quis dar o ar da graça, mas pelo bem da noite não se firmou. No final, a comunidade feliz ainda foi curtir um pagode na quadra mais antiga da Verde e Branca da Zona Oeste, completando “os embalos de sábado à noite”.

Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

Buscando apagar a imagem deixada após dois carnavais com resultados ruins no Grupo Especial, em 2022 e 2023, e desfiles marcados por problemas, a Mocidade inicia a preparação na rua com novo dia de ensaio, tendo a proposta de aproximar mais os componentes. O vice-presidente Luiz Claudio definiu a iniciativa da agremiação algo inerente ao enredo e enfatizou mais uma vez a importância de um tema leve, até mesmo para influenciar a organização de treinos na rua da Estrela Guia de Padre Miguel.

“É muito importante logo após a nossa disputa de samba já termos começado os ensaios de canto na quadra, e hoje já estar dando o pontapé inicial para a gente começar a trabalhar firme a técnica da escola juntamente com o canto. Sem dúvida nenhuma, a gente acaba o ensaio e vamos para a nossa quadra da Vila Vintém para poder fazer uma grande confraternização com todos do ensaio, com toda a comunidade e com todos os independentes. Esse enredo pede muito isso, o mundo do carnaval abraçou o nosso enredo e tenho certeza que vai ser um sucesso e como já falei outras vezes, acredito que depois do que a gente passar na Avenida em 2024, a tendência do carnaval nos próximos anos, pode voltar a ser uma ideia que a Mocidade retorna, ao ter um enredo leve, um enredo sexy, um enredo suculento e tudo que hoje o nosso país, e o nosso mundo do samba, as pessoas que vão à Sapucaí querem encontrar a felicidade. E o enredo da Mocidade retrata isso, a felicidade do povo brasileiro”, define o dirigente.

Novidade para o carnaval 2024, a comissão de carnaval é formada pelo carnavalesco Marcus Ferreira e o trio de diretores Wilker Jorge, Vânia Reis e Marcelo Plácido. Ocupada em apresentar o primeiro casal, além de organizar alas e a dinâmica de entrada dos componentes, Vânia também explicou o que a diretoria levou em consideração para definir os treinos da rua no sábado à noite.

“É uma aposta nova para esse ano, nós nunca fizemos ensaio dessa forma, já ensaiamos as segundas-feiras, já ensaiamos no Campo do Bangu, no campo da Castelo Branco, na Praça do Canhão e aqui por último, tradicionalmente, os nossos ensaios eram sempre aos domingos, é uma proposta nova, porque quando acabava o ensaio no domingo, de fato, todo mundo dispersava, ia embora, porque na segunda-feira estava todo mundo na labuta, mesmo a gente fazendo um pagodinho na quadra, nem todo mundo podia ficar. É uma maneira da gente entrar para quadra e até avaliar como foi o ensaio, mas de uma forma mais descontraída, podendo curtir um pagode, essa é a intenção. É para a gente confraternizar. É uma alegria, e comentar como foi o ensaio, ainda fresco na memória, aquele sentimento e lá a gente conversa também e apara as arestas”, revela a diretora.

Vânia também explicou a importância da escola vir logo para a rua para treinar movimentos, evolução, canto em deslocamento, além de elogiar o trabalho de preparação desenvolvido pelos profissionais da Mocidade.

“A gente já tinha uma expectativa muito positiva porque começamos os ensaios de canto na quadra. A comunidade abraçou o nosso samba, é uma obra fácil, leve, todo mundo cantando com muita alegria. Hoje deu uma preocupada por conta do mau tempo, mas isso também já serve como ensaio, porque se chover no dia a gente vai ter que estar com a mesma garra, a expectativa é muito grande de ver a Praça da Guilherme cheia dos independentes cantando com muita garra o nosso samba. Nós temos dialogado bastante, o fato de ser uma comissão de carnaval foi muito bom porque ninguém fica sobrecarregado, e a gente divide as tarefas. Nós quatro, cada um com uma fatia do bolo, não fica pesado para ninguém. E o diálogo sobretudo, o nosso vice-presidente e o nosso presidente, o Luiz Claudio e o Flávio Santos, estão dialogando bastante com a comissão, nada está sendo imposto, todas as decisões são tomadas em conjunto e isso tem feito com que o trabalho flua. Está bem agradável trabalhar”, assegura a diretora de carnaval.

“Pede caju que dou… Pé de caju que dá!” é o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. Por força do regulamento, após terminar a apuração de 2023 em décimo primeiro lugar, a escola terá a missão de abrir as apresentações na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio.

Duda buscando a excelência e Zé Paulo nos braços da escola

Com quase 20h da noite, a “Não Existe Mais Quente” fazia o seu deslocamento para entrar no primeiro recuo ainda na Rua Sidnei que corta a praça e desemboca na Coronel Tamarindo, via de deslocamento do ensaio da Mocidade. Dos ritmistas de Dudu também veio o início do samba 2024 neste primeiro treino, antes do primeiro acorde. Feliz com a obra escolhida para o próximo desfile, mestre Dudu enfatizou a importância da obra para um bom desfile da escola, já gerando grande expectativa pelo seu brilho nos treinos nos arredores de Padre Miguel e da Vila Vintém.

“A gente vem de dois carnavais um pouco complicados e para a nossa felicidade a escola acertou no samba. A gente sabe que um samba bem escolhido é um grande passo, acho que é metade do carnaval, e eu sempre falo dentro da escola que se cada uma fizer a sua parte a Mocidade vai voltar para o lugar de onde não deveria ter saído. Estou muito feliz por esse momento de retorno a rua, tivemos todos tristes pelo o que passou, mas passou, beleza, e falando de bateria, a escola gabaritou esse ano, depois de muitos anos sem gabaritar, então, um momento muito feliz ‘Não Existe Mais Quente’ como um todo, e é o que eu falo para todos, a gente tem que manter esse legado. Hoje eu vou de fato atender a esse samba, o samba é bom , mas hoje que eu vou colocar a bateria na rua, vou andar, sentir o clima do samba, vou dar o trabalho para escola, o trabalho que ela merece, e na bateria um trabalho sempre esperado pelo escola”, promete o comandante da Não Existe Mais Quente.

Com os arranjos já pensados desde a disputa de samba, mestre Dudu já começou a trazer para o ensaio de rua aquilo que vai levar para a Sapucaí. O diretor de bateria explicou ao site CARNAVALESCO como vê este processo de inserção de paradinhas, bossas e convenções.

“O andamento a gente também vê a partir do ensaio de rua, mas a nossa proposta, desde que eu assumi a bateria em 2016, é fatiar o samba em quatro partes, a cabeça do samba, refrão do meio, a segunda do samba e o refrão de baixo, para que a gente possa a qualquer momento mostrar a bossa para o jurado. Está tudo muito rápido, parece que o carnaval já é amanhã, está tudo muito rápido, já conseguimos executar duas, temos duas bossas já montadas, ensaiamos com a bateria, vou largar o aço, deixar algumas passadas sem bossa para poder entender o desenho do tamborim, da cuíca, chocalho e também fazemos ensaio só de bateria também. A proposta para o desfile é quatro paradinhas e dois arranjos, o trabalho vai ficar bonito, pode aguardar a Mocidade”, garante mestre Dudu.

Debutando nos ensaios na Guilherme da Silveira, o intérprete Zé Paulo Sierra confessou sobre o frio na barriga antes deste primeiro treino, mas no que externou no canto e performance foi um artista já bastante entrosado com os independentes e a comunidade da Vila Vintém. O cantor, adepto de estar próximo a galera, como vinha fazendo nos ensaios de quadra, esteve sempre ao lado, ou no meio dos componentes. Até no inusitado, subiu para cantar em uma passarela que durante os ensaios na Rua Coronel Tamarindo, virá arquibancada com fogos e bandeiras penduradas. As ações são resultado de um profissional já bem à vontade em sua nova casa.

“Estou muito feliz porque também é muito novo para mim hoje aqui, primeira vez que eu venho, o clima, o astral é muito bom, você estar dentro da comunidade de uma escola de samba que é gigantesca como é a Mocidade, você já sente esse clima, essa energia boa, a expectativa é a melhor possível, coração disparado ,com muita vontade de começar logo tudo para poder fazer bonito na Guilherme”, falou o intérprete ainda antes de sua estreia nos ensaios da famosa praça em Bangu.

E o samba, com toda a sua leveza, irreverência e alegria permitiu a Zé Paulo extravasar e ser o tempo todo o artista que a gente conheceu em tempos de Viradouro, mas que nos últimos anos estava um pouco mais contido. O cantor elogiou bastante a obra da Mocidade para o carnaval 2024 e projetou a música como “sucesso” sempre bastante esperado nos eventos de carnaval.

“Estamos com uma expectativa grande do nosso samba, até para sábado que vem no lançamento do álbum da Liesa na Cidade do Samba, que vai se grande porque as pessoas esperam o samba da Mocidade, a gente teve isso no Guardiões da Favela, foi bem legal porque fomos a última a se apresentar, mas tinha bastante gente esperando a gente cantar, muito por ser a Mocidade, mas também pelo samba que tem um apelo muito forte com o público. Hoje a gente já vai ter esse termômetro bacana, que já tivemos na quadra, a gente acabou gravando o samba ao vivo na quadra, o pessoal está muito empolgado e feliz com o samba que a gente escolheu. A expectativa pelo alto rendimento do samba, não só das pessoas da comunidade, mas das que vieram. Estou muito confiante que a gente faça um grande desfile porque temos um grande samba”, conclui Zé Paulo Sierra.

Casal adiantado na coreografia e comissão de frente ‘causando’ em ensaio

Puro suco da arte. O mestre-sala Diogo Jesus e a porta-bandeira da Mocidade Bruna Santos, garantias de notas e grandes destaques da escola nos últimos anos, se fizeram presentes no primeiro ensaio de rua para o Carnaval 2024 já mostrando um pouco do que pretendem levar para a Sapucaí. Com vestimentas predominantemente na cor branca, a dupla foi muito aplaudida e ouviu sempre palavras de incentivo a cada movimento executado. Já com o trabalho adiantado, o casal contou mais sobre o andamento da preparação.

“Nós fizemos uma base de coreografia, a gente acredita que a nossa coreógrafa vai mudar muito ainda daqui para o desfile. Mas assim, é bom ter a base, porque a gente vai incrementando e pegando os pontos positivos da coreografia, e tirando os pontos negativos. O bom é que a gente já tem a base e vamos ver se vai mudar, não vai. Hoje viemos fazer um teste para ver se o espaçamento físico está bom, se não está. A gente espera mudar e mudar para melhor”, explica Diogo.

“A gente já está com a coreografia pronta, mas ainda deve mudar muitas coisas, porque a gente idealiza uma coisa, mas quando a gente coloca na prática, algumas coisas se sente a necessidade de serem mudadas, mas 60 por cento da coreografia já está pronta”, entende Bruna.

O casal também ressaltou a importância do treino na rua como ensaio técnico, mas também como encontro para receber o calor da comunidade e dos independentes.

“É muito bom estar de volta aqui no ensaio de rua, agora é um novo dia, no sábado, um dia de festa de alegria, onde todo mundo aproveita para curtir um pagodinho, um samba, é muito bom então os ensaios terem voltado dessa forma, mas temos que batalhar, toda comunidade, para fazermos um grande desfile, eu e o Diogo hoje vamos começar a fazer algumas coisinhas do desfile, e esperamos que dê tudo certo daqui para frente”, projeta Bruna.

“A expectativa é sempre boa, para a gente encontrar a nossa comunidade, para treinarmos juntos da comunidade na rua, é um ensaio técnico que a gente visualiza o nosso andamento, para gente é importante, esse contato também com o público em geral de Padre Miguel, a gente sentir esse calor, essa emoção que eles nos passam. Por incrível que pareça, eu nunca achei a Mocidade internamente com esse aspecto de ter que ir para a Sapucaí para fazer um grande trabalho a ponto de superação, pelo contrário, acho sempre muito leve, e esse ano não foi diferente. Porém, a gente como casal sabe que a nossa responsabilidade é maior, mas eu tenho certeza que vamos chegar na Sapucaí prontos para garantir a nossa nota, e a escola também garantir os pontos que ela precisa garantir”, acredita o mestre-sala da Mocidade.

Quem também mexeu muito com o público que assistia o ensaio e recebeu muitos aplausos foram os bailarinos da comissão de frente de Paulo Pina. Com uma coreografia que trazia muita irreverência, intensidade, mas sobretudo sensualidade, a comissão abriu muito bem o desfile na Rua Coronel Tamarindo. Em um momento no trecho “Tarsila pinta a sanha modernista…”, os dançarinos faziam pose como se fossem um retrato arrancando mais aplausos e gargalhadas de quem acompanhava nas calçadas. Sobre o enredo, Paulo Pina definiu que a temática ajudou bastante a desenvolver seu trabalho até aqui.

“O enredo bem mais leve, samba bem mais gostoso de trabalhar, no meu segmento particularmente, estou muito satisfeito com o que venho fazendo para o próximo desfile, como ideia, como projeto e com certeza, esse ano, está uma vibe muito mais tranquila, estou muito confiante, e espero entregar um bom trabalho”, espera o coreógrafo.

Paulo também elogiou os ensaios de rua, definindo-os como etapa importante do seu planejamento e preparação para o desfile.

“Eu ama ensaio de rua, trago sempre a comissão, acho que é o ensaio técnico, não deixa de ser, e a partir do público eu vejo se a galera está sentindo a coreografia, se está de acordo com o que as pessoas esperam, acho que é um termômetro muito bom para o meu trabalho saber se estou agradando a galera, como está o andamento na comunidade, que é diferente do ensaio técnico na Sapucaí. Eu particularmente amo o ensaio de rua e conto como ensaio técnico para mim”, conclui.

Com o Dia Nacional do Samba se aproximando e a Mocidade abrindo o segundo dia de apresentações na Cidade do Samba na festa de lançamento do álbum com os sambas da Liesa, a Verde e Branca de Padre Miguel só irá realizar seu próximo ensaio de rua no dia 09 de dezembro na Praça Guilherme da Silveira.

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