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Furacão do carnaval! Viradouro ‘passa por cima’ da chuva e faz último ensaio de rua com garra e força no canto

Um raio atravessou o céu de Niterói logo no momento em que Wander Pires entoava pela primeira vez no domingo o “Arroboboi meu pai, arroboboi Dangbê”. Parecia um aviso da força e da potência com que a Viradouro ia fazer o seu último ensaio na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, neste pré-carnaval de 2024. Semana que vem a Viradouro estará no ensaio técnico na Sapucaí e na outra já vai ser para valer. A tempestade, para o bem, não chegou com mais raios do que aquele primeiro, garantindo que o ensaio pudesse continuar. Já a chuva foi constante durante todo o teste, na maioria do tempo sendo moderada, o que já incomodaria bastante o componente. Mas não a comunidade da Vermelha e Branca do Barreto. O canto, mais uma vez, foi muito forte, assim como a evolução. Os outros quesitos tiveram excelência e, o principal, a escola mostrou a organização de sempre e superou a chuva apresentando tudo aquilo que planejou para o ensaio. O samba foi a mola propulsora do treino e esteve na boca não só dos foliões como de quem assistia nas laterais. Os diretores de carnaval da Viradouro, Alex Fab e Dudu Falcão, consideram que a escola chegou a este momento em um estágio de rendimento dos componentes e segmentos dentro do planejado e que agora é ir para o ensaio técnico e posteriormente desfile com tudo aquilo que foi ensaiado e preparado.

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Fotos: Lucas Santos/Divulgação

“A gente vem trabalhando ao longo destes meses, a direção de carnaval, eu e Dudu, toda a direção de harmonia, todos os componentes de uma forma geral, viemos trabalhando para chegar no ápice do processo nestas duas semanas que restam. Na semana do ensaio técnico e consequentemente, a gente faz o ensaio técnico agora por mérito, por ter chegado no vice-campeonato. E logo na semana seguinte nós temos o grande dia. A gente vem em uma crescente e acho que vamos para domingo no ensaio técnico com os olhos bem atentos, espertos para os detalhes que a gente sempre pode melhorar. Mas a gente acredita que alcançamos o patamar que a gente estabeleceu para esse processo, para esses últimos ensaios. Agora é seguir trabalhando nas próximas duas semanas”, esclarece Alex Fab.

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“É um método que já estamos há 7 anos fazendo. A comunidade ajuda, todos os envolvidos no projeto ajudam. Nós fazemos um planejamento para chegar aqui perto do ápice, mas o ápice, a grande excelência é justamente essas duas semanas em que teremos o ensaio técnico que é muito importante para avaliar tudo que fizemos até aqui e transformar no que chamam de nota máxima no desfile oficial e para o nosso trabalho, para o nosso projeto é entender que fizemos tudo da melhor maneira possível para poder atingir o melhor resultado para a escola”, entende Dudu Falcão.

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Em 2024, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodun serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, em seu segundo carnaval solo na Vermelha e Branca.

Comissão de Frente

Sempre entusiastas de grandes surpresas e grandes transformações, o casal Priscila Mota e Rodrigo Negri trouxe para este ensaio os dois elencos que vão fazer parte desta comissão. Além disso, uma corda marcava o espaço do elemento alegórico que deve ser usado na apresentação. Na coreografia muito vigor e uma pitada bem significativa de encantaria. Nos bailarinos muitas vezes era fácil ver os traços e movimentos da serpente.

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Um bom equilíbrio nas coreografias de apresentação para o módulo de julgadores e as coreografias de deslocamento. A troca de elenco também se deu de forma bem natural. A chuva não atrapalhou e os bailarinos não mostraram receio na hora de ir se deslocando pelo chão encharcado e pelas poças enormes. Muita sincronia nos movimentos e principalmente em algumas partes mais dançadas, também quando os componentes se aproximavam e avançavam como em falange.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla tem trabalhado bastante para surpreender o público. Julinho e Rute Alves trajavam uma vestimenta, neste ensaio, que trazia um colorido e algumas cores mais cítricas. Julinho abusou do laranja e Rute tinha em seu vestido uma mistura de cores. O casal vai apostar em uma coreografia com muito vigor, como perde o enredo, mas tomando o cuidado para não se perder toda a singeleza do bailado do casal. Durante o treino deste domingo, a dupla realizou potente dança e apresentação, abusando de giros muito intensos, com bastante entrosamento nos movimentos e com elementos que pontuavam a letra do samba-enredo da Viradouro.

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Em um momento de grande ápice, a dupla girava cada um em seu eixo de forma bastante veloz, mas com muita técnica. Outro ponto alto, foi em um momento mais coreográfico, em que o casal executava passos de danças referentes à religião de matriz africana, bem pertinente à temática do enredo. Uma grande exibição, ainda deixando um gostinho de que tem mais coisa boa por vir.

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Harmonia

O componente da Viradouro já vem cantando o samba com muita força há um bom tempo. A questão era saber o quanto a chuva constante deste domingo ia atrapalhar e deixar o folião mais contido. A resposta é que a comunidade ligou muito pouco para a chuva. Até as capas eram raras, o componente encarou a água que via do céu como combustível para cantar ainda mais o samba.

Desempenho do canto com constância, força e correção. Muitas vezes você via no olhar a potência do enredo, a vontade com que o desfilantes mostrava que estava bem entrosado com o tema que pede um um pouco desse vigor mesmo. Em relação ao carro de som, Wander mostrou ter dominado completamente o samba achando o equilíbrio entre a força e potência que a obra pede, e as suas características mais melódicas, fazendo uma grande apresentação acompanhado pelas vozes de apoio e ancorado no apoio a todo o momento do diretor musical Hugo Bruno. O diretor geral de harmonia, Jefferson Coutinho, fez uma avaliação positiva do trabalho até aqui.

“Fizemos aqui hoje o nosso último ensaio de rua certos de que o trabalho que nos propusemos a fazer chega nesse dia 28 de janeiro da forma como gostaríamos. Logicamente sempre tem um ou outro acerto. Semana que vem é ensaio na Sapucaí. Mas, a gente consegue enxergar uma escola alegre, que não tem chuva, que não tem qualquer tipo de intempérie que afete o rendimento. Você pode ver hoje mais um ensaio com muito canto, muita evolução e agora é domingo que vem e dia 12 a gente quer coroar todo o esforço que foi feito até agora”.

Evolução

Com responsabilidade em uma pista que tinha alguns trechos encharcados, até porque semana que vem tem ensaio técnico e faltam 15 dias para o desfile oficial, o folião velho e branco mostrou a espontaneidade de sempre e a escola a organização de sempre. A evolução se deu com fluência, mas cadenciada, sem correria para que cada parte do desfile tivesse a ênfase necessária na sua apresentação.

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Pode-se perceber uma bonita ala coreografada de mulheres com bastões que tem uma grande chance de estarem representando as guerreiras Minô. A escola fez o ensaio em cerca de uma hora e pouco, não apresentando buracos e nem alas se embolando. Também não houve correria em nenhum momento, e os momentos em que a escola ficou um pouco mais parada por conta de apresentações de comissão de frente, primeiro casal e bateria, a todo momento os demais componentes se mantinham em movimento, com energia e cantando a obra.

Samba-enredo

O samba desde a escolha sempre foi apontado como um dos melhores dessa safra. Mas, é claro, que havia o que se trabalhar na obra de achar o melhor andamento para Wander e bateria, o melhor arranjo para valorizar as características do intérprete e impulsionar o canto do componente. Chegando ao último ensaio na Avenida Amaral Peixoto ficou claro que o trabalho de harmonia, carro de som, bateria e toda diretoria resultou em uma obra que não só tem recebido elogios de gente de fora da Viradouro como está bastante acertada com aquilo que a agremiação quer levar para o seu desfile, seja em força, vigor, potência, melodia, andamento. E o principal está na boca da comunidade. Destaque para a potência dos refrãos tanto do meio, como de baixo, muito dançantes inclusive e do pré “Ê alafiou” e em termos de melodia para a segunda parte da obra, principalmente a partir do primeiro verso “vive em mim…”. A Furacão Vermelha e Branca também fez sua colaboração com a obra com bossas bastante relacionadas à temática.

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Outros destaques

A rainha Erika Januza também não fugiu da rainha e fez pouco da chuva. A bela trouxe um modelito produzido pelas artesãs Marina e Elisa Guajajara, mostrou o samba no pé de sempre, apresentou a bateria nos pontos que simulavam os módulos de julgamento, dançou muito com as bossas, mostrando grande desenvoltura e fez sucesso como sempre com o público nas laterais que a chamavam e soltavam “gritinhos” quando ela acenava e dava atenção.

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A bateria, de mestre Ciça, apresentou suas bossas com muita africanidade e características musicais de tom religioso, além de fazer coreografia em uma delas abaixando. No esquenta, Wander cantou, entre outros, o samba de 2019 que garantiu um vice-campeonato logo no retorno ao Grupo Especial com o “O Brilho no olhar voltou”, além da obra do carnaval passado. O presidente de honra Marcelo Calil inflamou os componentes em seu discurso antes do ensaio ao pedir para eles irem buscar o décimo que faltou em 2024 para que a escola fosse campeã.

Debaixo de chuva, Imperatriz encerra temporada de ensaios de rua em alto astral e com excelente performance dos quesitos

A Rua Euclides Faria foi palco, na tarde de domingo, do último ensaio de rua da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 2024. Quem esteve presente no local, mesmo sob forte chuva, pôde desfrutar da apresentação de uma escola feliz, confiante e de desempenho irretocável de seus quesitos. O grande destaque ficou por conta do forte canto da comunidade leopoldinense, alinhado ao grande samba-enredo da escola, magistralmente conduzido pelo carro de som comandado por Pitty de Menezes. No final do ensaio, o clima era o melhor possível, com os componentes da escola felizes e em clima de festa. Em 2024, a Imperatriz será a sexta e última escola a desfilar no domingo de Carnaval. A agremiação busca o bicampeonato com o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, do carnavalesco Leandro Vieira. Antes do ensaio, o diretor-executivo da Imperatriz, João Drumond, fez forte discurso de incentivo à comunidade da escola.

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Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

“Eu estou aqui já em clima de avenida, em clima de desfile, a nossa equipe está empolgadíssima, animada. O carnaval está pronto e agora está na mão de vocês. Não vai ser fácil, a gente tem sofrido uns ataques na internet, vamos sofrer até o dia, eu sei que isso faz parte. Quando a gente estava lá no fundo do poço, ninguém falava mal da gente porque não se preocupavam com a gente. Nós vamos conseguir manter a Imperatriz no seu lugar. Falta pouco, mas falta muito ao mesmo tempo porque a nossa missão é árdua, vamos manter os pés no chão, mas vamos com muita alegria e com muita coragem, trazer esse bicampeonato para Ramos. Vamos com tudo! Aqui é Imperatriz!”, discursou João Drumond.

Comissão de Frente

Pelo segundo ano consecutivo comandada pelo experiente coreógrafo Marcelo Misailidis, a Comissão de Frente da Imperatriz Leopoldinense brindou o público presente no ensaio de rua com uma bela apresentação. Na dança, os bailarinos, com roupas de ciganos e distribuídos em casais, realizavam movimentos e gestos típicos do mundo cigano. As saias das mulheres produziam um lindo efeito na dança. Todos os movimentos realizados pela dançarinos na frente dos locais em que eram marcados como cabines de julgadores eram realizados com muita sincronia e vigor.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Impecável. Assim, pode ser definida a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense, Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro, no último ensaio de rua rumo ao carnaval de 2024. Após retomar a parceria no último carnaval, a dupla mostrou estar completamente entrosada e em um nível ainda mais alto do que já foi mostrado no desfile do campeonato.

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No ensaio, Raphaela vestia uma bela roupa branca e dourada e Phelipe vestiu-se de verde e branco. Nas apresentações nos módulos de julgadores, a dupla realizava movimentos extremamente coordenados, com fortes giros e momentos de doçura e leveza, como pede a tradicional dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. O casal foi muito aplaudido pelo público presente.

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Harmonia

O nível do canto da comunidade da Imperatriz Leopoldinense é de impressionar a todos que acompanham o ensaio de rua da escola. Os componentes da Verde e Branca cantam e em certos momentos, “berram” o samba-enredo da escola a plenos pulmões, com uma grande explosão no refrão, sobretudo o trecho do “Vai clarear”. Soma-se a isso o desempenho impecável e contagiante do intérprete Pitty de Menezes e a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo. Pitty e Lolo, que estão há dois anos trabalhando juntos na Imperatriz, dão a impressão de já trabalharem há mais de 20 anos em parceria na escola, tamanho o entrosamento da dupla. Em certo momento do ensaio, a bateria realizou um “apagão” no refrão principal, o que destacou ainda mais o forte canto dos componentes da escola.

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“Hoje foi realmente incrível. A gente teve um ensaio apenas cancelado por motivo de chuva, a cidade estava um caos. E hoje, não tinha muita previsão de chuva, acabou chovendo, mas serviu para lavar a alma. O povo está muito feliz com o resultado, acredita muito no trabalho dos profissionais que estão aqui. Então assim, tudo o que a gente pede, tudo o que a gente informa para eles, que a gente vai fazer, eles abraçam. E o resultado é esse. Se a gente cantasse aqui mais uma hora, ia ficar todo mundo aqui cantando. Todos os testes que a gente queria fazer hoje, a gente fez, deu tudo certo. Estamos muito preparados. Vamos ter ensaio quinta-feira no setor 11 para ajustar mais algumas coisas. Para dia 4, estar tudo perfeito lá no nosso ensaio técnico”, ressaltou o diretor de harmonia, Thiago Santos.

Samba-Enredo

Composto por Renne Barbosa, Antonio Crescente, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Gabriel Coelho, Me Leva, Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Jorge Goulart, Silvio Mesquita, Carlinhos Niterói e Bello, o samba-enredo da Imperatriz prova, a cada dia, a decisão acertada da direção da escola de optar pela junção de duas obras. Impulsionado pelos trabalhos do intérprete Pitty de Menezes e do mestre Lolo, com a bateria “Swing da Leopoldina”, o samba contribuiu muito para a leveza e o forte canto apresentado pelos componentes da escola. O grande destaque do samba-enredo ficou por conta do refrão principal da obra, “Vai clarear/Olha o povo cantando na rua/ A Imperatriz desfila com a sorte virada pra Lua”.

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“Hoje é muito mais do que ensaiar a forma técnica de desfilar, é mais um divertimento da galera, brincar, brincar de uma maneira mais séria. A escola já sabe o que tem que fazer na avenida, a gente vai colocar em prática isso no dia 4, no ensaio técnico. A Imperatriz é uma escola maravilhosa, uma escola que a comunidade canta muito, não tem chuva, não tem sol pra atrapalhar isso. A escola é maravilhosa. Eu só tenho que agradecer toda essa comunidade, que estende um pouco da minha voz. A avaliação é nota mil, comunidade nota mil. Parabéns a todos da zona da Leopoldina, de Ramos. Parabéns a comunidade, parabéns a todos os segmentos. Vamos embora, rumo ao bicampeonato”, comentou o intérprete Pitty de Menezes.

Evolução

A evolução dos componentes da Imperatriz ao longo da Rua Euclides Faria se deu de maneira leve, compacta e fluída. A se destacar, a felicidade e alto astral apresentadas por cada ala da escola, que já foi considerada “certinha demais”. Ao longo dos cerca de uma hora de ensaio, a escola não apresentou quaisquer tipos de problemas, como alas emboladas, buracos ou clarões. De destaque positivo no quesito, a tradicional ala de baianas da Imperatriz, que evoluiu de maneira animada, fluída e esbanjou elegância e simpatia no ensaio.

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Outros Destaques

Um show à parte, a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo, realizou mais uma grande apresentação no último ensaio de rua da Imperatriz. Além de sustentar o ritmo, bossas e convenções realizadas pelos ritmistas contribuíram muito para o bom desempenho do samba-enredo da escola.

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A rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, esteve presente e vestiu uma bela roupa de cigana. No final do ensaio, os componentes da escola estavam em clima de festa e felicidade. Era possível perceber muitas pessoas visivelmente emocionadas, com a rainha de bateria Maria Mariá. O clima na comunidade da Imperatriz, após o título de 2023, é o melhor possível.

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Fotos do ensaio da Unidos da Tijuca na Sapucaí para o Carnaval 2024

Fotos do ensaio da Portela na Sapucaí para o Carnaval 2024

Freddy Ferreira analisa a bateria da Tijuca no ensaio técnico na Sapucaí

Um excelente ensaio técnico da bateria “Pura Cadência” da Unidos da Tijuca, comandada por mestre Casagrande. Um ritmo de equilíbrio pleno entre os naipes, além de uma fluência considerável, graças as bem afinadas marcações tijucanas. Se a chuva alterou afinações do meio da pista para frente, não impactou de modo algum na condução musical da bateria da Tijuca.

Uma bateria “Pura Cadência” com uma afinação acima da média foi notada. Os marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de demonstrarem bastante educação musical. O ótimo balanço dos surdos de terceira complementou os graves com eficiência. Repiques coesos e com volume diferenciado ajudaram no preenchimento da sonoridade dos médios, assim como as caixas de guerra foram simplesmente sublimes. É possível dizer que o trabalho destacado das caixas tijucanas serviu de base para os demais naipes, dada a consistência da execução da batida.

Na parte da frente do ritmo da Tijuca, um bom naipe de tamborins mostrou apuro técnico ao executar um desenho rítmico simples, mas bastante funcional. Tudo isso entrelaçado com uma ala de chocalhos de elevada qualidade musical, que se apresentou muito bem. Um naipe de cuícas seguro também ajudou na cabeça da bateria da escola do morro do Borel.

Bossas plenamente casadas com o samba-enredo foram realizadas. Destaque para a paradinha bastante dançante do refrão do meio e sua concepção criativa bem integrada à obra da Unidos da Tijuca. Todas as execuções de bossas pela pista foram sublimes, graças principalmente a educação musical de todo o ritmo tijucano, mas em principal os eficientes marcadores. Nem a chuva que caiu de forma pesada em grande parte do ensaio atrapalhou as execuções impecáveis dos arranjos.

Uma bateria da Unidos da Tijuca simplesmente exemplar realizando um grande ensaio técnico, dirigida por mestre Casão. Uma “Pura Cadência” que valorizou seu ritmo tradicional, acompanhando com segurança e qualidade o samba da Tijuca. Um conjunto de paradinhas bem vinculado a canção foi executado com maestria pelos ritmistas da escola do Borel, numa bateria que mostrou estar pronta para o desfile oficial.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Portela no ensaio técnico na Sapucaí

A bateria “Tabajara do Samba” da Portela, sob comando de mestre Nilo Sérgio, fez um ensaio técnico muito bom, mesmo com chuva forte durante todo o cortejo. Um ritmo portelense marcado pelo andamento confortável e pela boa fluência entre os mais diversos naipes.

Uma bateria da Portela com sua tradicional afinação mais pesada foi percebida. Manter a afinação, inclusive, foi um desafio com a chuva persistente. Marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de firmes em seu pulsar. Os surdos de terceira foram sublimes, tanto proporcionando balanço, quanto adicionando valor sonoro em bossas. Repiques coesos ajudaram no complemento dos médios, assim como as genuínas caixas de guerra com batida rufada foram um verdadeiro pilar musical da cozinha da “Tabajara do Samba”.

Na parte da frente do ritmo da Águia, uma ala de tamborins com boa sonoridade executou uma convenção rítmica pautada pela melodia do belo samba-enredo da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Tudo interligado a um naipe de chocalhos de nítida qualidade técnica. A cabeça da bateria portelense também contou com uma boa ala de cuícas, que tocaram de forma segura e um naipe de agogôs de virtude sonora. Sem contar atabaques que foram eficientes seja em ritmo, ou nas bossas com pegada mais afro, complementando a sonoridade com requinte.

Bossas profundamente ligadas as variações melódicas da irretocável obra portelense foram percebidas. Uma sonoridade diferenciada, que ajudou a atrelar o ritmo da “Tabajara” ao tema de vertente africana da agremiação. As execuções das paradinhas e nuances rítmicas foram corretas e caprichadas. É possível dizer que a musicalidade dos arranjos com levada afro se destacaram e conduziram a bateria da Portela no grande ensaio realizado.

Um ótimo ensaio técnico da bateria da Portela, que mostrou uma “Tabajara” pronta para o desfile oficial. Mestre Nilo Sérgio, seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para voltarem orgulhosos para a rua Clara Nunes, após uma apresentação segura, firme e bem equalizada da bateria portelense. Uma sonoridade marcada pelos toques afros e uma concepção que vinculou o enredo portelense ao ritmo consistente além de equilibrado da “Tabajara do Samba”.

Bem organizada, Dom Bosco evolui no segundo ensaio técnico

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

As condições climáticas adversas são constantes em São Paulo. Prova disso foram os primeiros minutos do segundo (e último) ensaio técnico da Dom Bosco para o carnaval 2024, realizado neste sábado. A agremiação enfrentou garoa na Concentração – mas, quando boa parte da azul e branca ainda estava se preparando para pisar na passarela, parou de cair água do céu – e, então, os fortes ventos, tão tradicionais do Anhembi, apareceram. Nada que tirasse o ânimo dos componentes da instituição, que protagonizaram ótimos momentos no Sambódromo para defender o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, idealizado pelo carnavalesco Danilo Dantas, que será a primeira escola a desfilar no Grupo de Acesso I – no dia 11 de fevereiro.

Evolução

Bastante segura e organizada, a agremiação ganhou o Anhembi com movimentos bastante uniformes, sem paradas nem atropelos. Com duas alas coreografas logo na cabeça da escola (uma à frente do casal de mestre-sala e porta-bandeira e outra à frente do carro abre-alas), a instituição já começou o desfile bastante dinâmica. Se a tônica dos demais agrupamentos era a liberdade, os componentes aproveitaram bastante para curtir o samba. Destaque também para o recuo de bateria: comandada por Mestre Bola, a Gloriosa fez um movimento bastante simples: com a Ala das Baianas, que vinha logo à frente dos ritmistas, ainda na metade do espaço do box, os componentes entraram com celeridade e a ala seguinte logo preencheu todo o espaço – em movimento que durou cerca de apenas sessenta segundos.

Comissão de frente

Em tempos de diversos tripés alegóricos, o segmento veio “apenas” com um carrinho que trazia uma série de itens. Em alguns momentos, eles interagiam com o público e até mesmo com quem estava no corredor, jogando displays com o samba da agremiação e confete. Em outro momento, a comissão de frente, que apresentou dois atos, tirava um imenso pano branco e cobria alguns dos integrantes – dando a entender que alguma surpresa acontecerá.

DomBosco et Comissao 1

Samba-enredo

Elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e ao mundo do carnaval, a canção teve excelente resposta de boa parte dos componentes e do público presente, que ameaçava cantar, sobretudo, o verso “Com a Dom Bosco, pra ‘mode’ a gente prosear”. Desde a Concentração, por sinal, o carro de som, capitaneado por um mais uma vez inspirado Rodrigo Xará, chamava atenção: do incidental muito executado por Ariane Cuer e Yara Melo, a escola já emendou os primeiros versos da canção – que fizeram ritmistas e componentes cantarem sanguineamente, gerando muita empolgação.

Harmonia

Como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, a Dom Bosco teve ótima resposta no canto da comunidade – que, como dito anteriormente, empolgou até mesmo os presentes na arquibancada. Uma ala, entretanto, teve um canto mais abaixo: o agrupamento antes do segundo carro, que pouco colaborou para embalar o samba-enredo. Vale destacar, também, a ótima resposta da agremiação durante e depois os dois apagões da Gloriosa.

DomBosco et InterpreteRodrigoXara 1

Mestre-sala e Porta-bandeira

Além de uma pista minimamente úmida por conta da chuva e da garoa do meio da tarde paulistana, Leonardo Henrique e Mariana Vieira tiveram uma grande adversária: as grandes rajadas de vento no Anhembi. Se, no primeiro módulo, eles optaram pela segurança, com giros mais lentos com o ar se movimentando pouco, a partir da segunda cabine a situação mudou completamente. Na apresentação posterior, duas rajadas de vento tentaram atrapalhar a exibição – e, em uma delas, o pavilhão da agremiação deu uma discreta enrolada. Nos demais módulso, mais rajadas de vento – mas sem qualquer tipo de ocorrência negativa. Como característica, a dupla faz muito contato visual um com o outro, utilizando mais tal expediente que outros duos. E, claro: para combinar com o enredo, ambos, em determinados momentos, executam passos de ritmos nordestinos.

DomBosco et PrimeiroCasal 2

Outros destaques

A corte da bateria Gloriosa apresentou duas destaques: Mayra Barbosa (rainha) e Mariana Mello (madrinha) – que veio com uma sanfona de brinquedo para a passarela.

Comissão de frente e harmonia são destaques do último ensaio técnico da Unidos de Vila Maria

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Unidos de Vila Maria realizou seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. A vigorosa comissão de frente e o canto da comunidade foram os principais destaques do treinamento encerrado aos 55 minutos. A Mais Famosa será a sexta escola a desfilar no dia 11 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo com o enredo “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, assinado pelo carnavalesco Fábio Ricardo.

Comissão de frente

A comissão de frente se apresentou em dois atos marcados por passagens do samba. Conta com a participação de um protagonista carregando uma corrente enquanto todos os demais utilizavam a mesma fantasia e empunhavam espadas, arma característica do orixá homenageado pelo enredo.

VilaMaria et Comissao1

Toda a coreografia gira em torno da interação desses “Oguns”, que chamavam atenção porque a espada que cada um empunhava é de fato de metal, o que causava um efeito à forte dança realizada ainda mais intenso. Na parte final do segundo ato a corrente do protagonista é dividida entre os demais atores, que fazem uma interação de giro coordenado que causou um bom efeito. A Vila Maria inicia seu desfile com a energia de uma escola que está disposta a provar que seu lugar é na elite da folia paulistana.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O vento foi ingrato com o pavilhão da Vila Maria ao longo do ensaio. A dança de Mauro César e Geisle Siqueira foi bem executada nos módulos em que foram observados, com giros que aproveitavam o espaço que a pista oferece e boa sincronia demonstrada pelo casal. Por duas vezes, porém, o vento empurrou a bandeira da Mais Famosa e quase a enrolou no primeiro módulo, com o mestre-sala conseguindo pegar bem a tempo de desfraldar, mas no terceiro módulo a embolada ocorreu na finalização de um giro. É um detalhe que depende de um elemento imponderável, mas que os treinamentos que ocorrerão até o dia do desfile podem ajudar a enfrentar melhor.

VilaMaria et PrimeiroCasalMauroGeilse

Harmonia

A comunidade da Vila Maria deu uma bela demonstração de amor ao pavilhão. O canto foi intenso e presente por todos os segmentos ao longo de todo o ensaio, conseguindo transmitir para o público a alegria de desfilar, embalados especialmente pelo bom refrão principal do samba. A vontade de ganhar o carnaval é evidente, e a Mais Famosa pode ter tranquilidade de que poderá contar com seus componentes nessa missão.

Evolução

A Vila Maria não quis esperar os portões abrirem para arrancar com o samba, e assim que o cronômetro iniciou a comissão de frente já entrou na pista evoluindo. Foco total para aproveitar ao máximo o tempo disponível para ensaiar refletido em uma escola que desfilou de forma fluída e constante por todos os 55 minutos em que esteve na Avenida.

Mesmo assim, um apontamento já feito anteriormente se faz necessário. A bateria iniciou a manobra para entrar no recuo com cerca de metade do espaço disponível, vindo atrás da marcação do carro Abre-alas. Ao realizar o movimento, parte dos ritmistas do lado direito esbarraram no responsável por segurar a faixa no final da alegoria, algo impensável de acontecer no dia do desfile. Outras escolas estão tentando realizar essa arriscada estratégia e enfrentando problemas, cabendo à direção da Vila Maria pensar se vale a pena correr tamanho risco.

Samba-enredo

A grande surpresa do quesito no ensaio ficou com a chegada de um gigantesco reforço de última hora. O intérprete Nêgo, que já defendeu a Vila Maria em 2012, chega para fazer dupla com Royce do Cavaco no carro de som da Mais Famosa.

VilaMaria et InterpretesNegoRoyce

A primeira atuação dos lendários sambistas juntos contribuiu positivamente para o andamento do samba da Vila Maria, que ganhou corpo na Avenida e animou os componentes a cantarem ainda mais. É possível que com os ensaios de quadra que a escola ainda tem pela frente possa tornar essa parceria ainda melhor.

Outros destaques

Ora yê yê ô, Oxum! Savia David, a Rainha da bateria “Cadência da Vila”, veio fantasiada em homenagem à orixá das águas doces, rios e cachoeiras e foi reverenciada pelo público do Anhembi. Os ritmistas comandados por mestre Moleza tiveram uma grande atuação, com bossas de alto nível aplicadas em momentos-chave. Destaque para o caminho do desfecho da segunda do samba que faz com quem ouve não conseguir ficar parado.

Com destaque para comissão de frente, Nenê de Vila Matilde realiza segundo ensaio técnico

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Nenê de Vila Matilde, que canta Lia de Itamaracá, teve como principal destaque a sua própria comissão de frente, onde se teve uma grande performance dos integrantes, principalmente da criança, que interpretava a própria homenageada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, que segurou o forte vento também foi destaque. O ‘Lado Leste’ entrou bem emocionado no desfile e mostra que apesar de tudo, está na busca pela vaga ao grande sonho, que é voltar ao Grupo Especial.

Assinado por Fábio Gouveia, o enredo da Nenê de Vila Matilde para 2024 é intitulado como “Cirandando a ida pra lá e pra cá. Sou Lia, sou Nenê, sou de Itamaracá”

Comissão de frente

A ala, que é comandada por Jeferson Ricardo, é uma beleza à parte. A apresentação tinha como figura principal uma criança menina representando Lia de Itamaracá. Segundo o carnavalesco Fábio Gouveia, o enredo consiste em tratar a cirandeira em algo lúdico, sem tanta coisa acadêmica.

NeneVilaMatilde et ComissaoFrente 1

Na apresentação havia vários integrantes. Homens que aparentavam representar pescadores, ficavam encantados pela pequena Lia e faziam um tipo de perseguição, até que uma figura do mar, uma espécie de caranguejo, protegia ela. Após, tudo dava certo e todos cirandavam em um tapete azul que era estendido, representando o mar.

É claro que havia outros detalhes na comissão de frente, mas só vendo para entender. É algo para se reverenciar a parte.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Cley e Thayla lutou bravamente contra as fortes rajadas de vento no Anhembi. Eles também pegaram a pista um pouco molhada, visto que choveu um pouco antes dos ensaios da própria Nenê e da Imperatriz da Paulicéia. Mas nada impactante. Deu para ensaiar com o chão mesmo sobre essas condições. O que preocupava mesmo era o vento, mas de toda forma, onde se analisou, a porta-bandeira não deixou o pavilhão enrolar no mastro.

NeneVilaMatilde et PrimeiroCasal

Ao todo, o casal mostrou bastante sincronia entre os movimentos, nos giros e finalizações. Foi um ensaio satisfatório para a jovem dupla matildense.

Harmonia

Foi uma questão abordada no ensaio anterior. A comunidade da Nenê de Vila Matilde ainda tem certas dificuldades em algumas partes do samba, mas mesmo assim, houve uma melhora em relação ao primeiro ensaio. A verdade é que as escolas estão subindo o nível do primeiro para o segundo, e com a Águia não foi diferente.

As partes mais cantadas do samba são: “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação” e também o refrão principal – “Ô Lia entra na roda…”

Evolução

Neste ensaio houve uma melhora no andamento da escola. No primeiro treino se viu algo ‘morno’, mas em questão de dança não tem o que falar. Houve uma evolução com intensidade e com a comunidade evoluindo de um lado para o outro. Não há coreografia, mas o que se destaca é a parte das palmas sincronizadas nos versos do “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação”.

Samba-enredo

Interpretado por Agnaldo Amaral, o samba-enredo tem se destacado muito mais por seus refrões. É uma letra que realmente explica o enredo, explosivo, mas não se fez forte o canto da comunidade matildense, por exemplo, como foi em 2023.

O carro de som é experiente e conta com apoios de renomados, além do grande intérprete citado acima, que já está na escola há muito tempo.

Outros destaques

A “Bateria de Bamba”, do mestre Matheus Machado, mostrou um andamento forte, com surdos potentes e em alto volume. Deu uma marcação elevada para o samba.

NeneVilaMatilde et Baianas 1

As baianas, que especialmente da Nenê merecem respeito, pois a escola tem 76 anos. As mães do samba chegaram em um tom azul, na cor da escola.

A rainha de bateria, Gabriela Ribeiro, desfilou em uma espécie de palanque azul na frente da bateria. Optou por não ir no chão e sim ganhar um destaque maior.