Início Site Página 451

Terceiro Milênio levanta arquibancada com show da ‘Pegada da Coruja’ em ensaio cheio de destaques

Cheia de novidades para 2024, a Estrela do Terceiro Milênio fez seu primeiro ensaio técnico neste domingo, dia 15 de janeiro, e vai trazer o enredo: “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: O Mito da Criação”, sendo a sétima escola a desfilar no domingo, 11 de fevereiro, no Grupo de Acesso I. Neste primeiro ensaio podemos destacar o conjunto da escola, mas um quesito que merece algo a parte é a ‘Pegada da Coruja’, a bateria da escola fez uma grande apresentação, sacudindo a Monumental.

Comissão de frente

A comissão bem teatral com três crianças, tinha uma coroação para uma das integrantes que ficava dentro do elenco alegórico, saia atordoada e desmaiava no colo dos integrantes, uma hora o vestido preto e na outra um branco e os componentes puxavam as pontas. Três partes do elemento alegórico abriram e encenaram enquanto outra parte ia para a pista dançar. Mais uma vez, a comissão coreografada por Régis, mostra toda sua teatralidade, e claramente traz referência a Vovó Cici que é a grande homenageada. Arrancou a atenção do público, pois são alguns atos que vão acontecendo e mudanças de cenário, pessoas, até chegar nesta espécie de coroação, apesar de não ser uma coroa de fato e sim um capacete Portanto, a comissão de frente também teve um destaque importante no ensaio.

Milenio et Comissao1

Harmonia

O quesito foi bem coeso na Milênio, manteve a regularidade do canto entre as alas. Ainda que a agremiação possa cantar um pouco mais pelo que conhecemos, não podemos dizer que deixaram de cantar ou cantaram pouco. Foi bem regular, e a comunidade sabendo o samba que é bem alto astral, alegre, o que é importante. Os melhores momentos de canto, ou na harmonia, foi justamente quando a bateria explodiu em fazer paradinhas, bossas, em frente a monumental. A própria bateria cantou bastante. A ala 7 foi uma das mais animadas, é uma ala grande, e cantou bastante. Ala 11 também muito animada. As crianças também mostraram muito ânimo.

Evolução

Uma das poucas escolas que contam com numeração entre os harmonias ao lado da pista, o que facilita muito identificar cada ala, onde termina os setores da agremiação. É um dos fatores para constatar o quanto a Milênio é organizada. E assim foi na evolução da escola, bem compacta, desfilando com tranquilidade, no fim diminuiu um pouco o passo, mas nada que fosse prejudicar muito. Terminou aproximadamente em 54 minutos, uma apresentação bem tranquila e leve.

Milenio et Torrida

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Arthur e Waleska encarou o vento, dançando com sorrisos e sincronia, demonstrou ser um casal bem intenso. Vale citar que Waleska já com sua experiência e intensidade no seu modo de dançar, enquanto Arthur, era segundo mestre-sala da agremiação, muito jovem, mas também com uma grande energia e intensidade. Durante a passagem pela pista, fizeram giros sincronizados. Teve um momento, logo ao entrarem na monumental, que mostrou o entrosamento do casal, onde conectam as mãos, olhando um para o outro e fazem o mesmo movimento de um agachamento rápido para assim começarem os giros e fazerem apresentação.

Milenio et CasalWaleskarthur

Samba-enredo

Primeiramente temos que dizer sobre Grazzi Brasil, que fase vive, conduzindo muito bem e criando cada vez mais sua identidade com a Milênio. Ganhou um reforço, Darlan Alves, e neste começo da nova dupla, estão funcionando bem, entrosados, interagindo bastante um com o outro, dando espaço para o outro em cada trecho. Falando sobre o samba, podemos destacar que é leve, e a comunidade canta bastante, a ala musical colabora fluindo bem e com bom entrosamento. Como diz um trecho do samba que a comunidade gosta: “Canta forte Grajaú, faz tremer o seu ilé”.

Outros destaques

A bateria “Pegada da Coruja” comandada por mestre Vitor Velloso deu um show, pode ver no Twitter do site CARNAVALESCO, tem dois minutos da apresentação em frente a Monumental. Foram três paradinhas por ali, ou melhor, uma foi uma paradona, cerca de dois minutos. Foi um show, escola cantando, e a bateria também, ou seja, ecoou no Anhembi. Levantou o público, entre os 17 e 19 minutos de desfile. Na segunda parte após saída do recuo, apostaram em bossas em diversos momentos na reta final do desfile, e também fizeram a galera que assistia levantar. A corte de bateria da Milênio corresponde muito bem com Mirela, Mah e Geovanna.

Milenio et AlaMusical

A torcida da Coruja sempre é algo a ser destacada, faz a festa nas arquibancadas, é uma ala extra em todo ensaio ou desfile da comunidade. Acende seus sinalizadores, tem bandeirões, faixas, vibra com a escola, é uma força extra, ainda mais no calor que estava naquele momento.

Milenio et Torrida

Foi a terceira escola da tarde, e ainda sim pegou um forte calor, principalmente na concentração, o que obviamente desgasta componentes. Já batia um vento, que até citamos acima na apresentação do casal, mas ainda sim estava muito quente. Inclusive teve componente passando mal ainda na concentração, durante a pista não vi casos como aconteceu nas duas escolas que antecederam a Milênio.

Wenny Isa demonstra amor pela Bangu, fala sobre a influência da sua irmã, mãe e como lida com comentários negativos

Por Giovanna Garcia e Rhyan de Meira

Wenny Isa, rainha de bateria Caldeirão da Zona Oeste, comentou em entrevista para o site CARNAVALESCO sobre sua relação com o carnaval e o que representa para ela ser rainha de bateria. Com apenas 14 anos, ela já passou algumas escolas no carnaval carioca. Nesse ano estreia como musa na Portela e rainha dos ritmistas da Independente de Boa Vista, no Espírito Santo. Além de manter sua coroa na bateria da Unidos de Bangu.

bangu et24 4

Wenny conta que se apaixonou pela querida da Zona Oeste.“Eu amo, amo, amo essa comunidade. Eu amo ter esse carinho que as pessoas me dão. Esse carinho é muito importante porque me faz querer continuar”, disse emocionada.

Além disso, ela entende que o título da realeza e a bateria tem um grande significado. “O carnaval é a nossa cultura e ser rainha de bateria é estar no coração de toda a escola de samba. Porque a escola de samba vem da bateria, vem com mestre-sala e porta-bandeira, as baianas, a velha guarda, mas a gente não pode esquecer da bateria, que é o que faz tudo se movimentar e todo mundo sambar”, comentou Wenny Isa.

Ela, além de ser um sucesso no mundo do carnaval, esse ano lançou seu primeiro álbum como artista. A cantora é um sucesso nas redes sociais, tendo mais de 950 mil seguidores no Instagram. No entanto, junto com a fama, amor e fans, vem o “hate”. A influencer abriu o coração sobre os ataques virtuais que tem sofrido. Ela reconhece a pressão constante, mas em vez de se deixar abalar, lembra do amor e carinho que recebe.

“A pressão realmente existe, porém, em vez de me abater por ela, eu continuo e às vezes as pessoas atacam, porém, quando eu recebo esse ataque, eu reverto ele, penso nas pessoas que me fazem bem e assim eu continuo. Você se torna mais forte”, garantiu.

bangu et24 3

Wenny disse como consegue transformar isso em força para continuar. De acordo com ela, o principal é persistir: “É persistir e se agarrar nas pessoas que você mais ama. Porque você, pensando nas pessoas que você mais ama. Mesmo que não tenha alguém ali pra te apoiar, você tem que acreditar em si mesmo, porque você tem que acordar todo dia, se olhar no espelho e falar que você se ama. Se você se amar, você consegue muito, e com Deus você também consegue”, contou.

Wenny carrega o legado familiar com orgulho. Antes dela, o posto na Unidos de Bangu foi ocupado inicialmente por Lexa e depois por Darlin, que, ao se tornar rainha no Império Serrano, passou a coroa para sua filha mais nova. As duas tiveram um papel fundamental na construção de quem é a Wendy hoje.

“Elas me ensinaram a persistir. Eu lembro quando eu era pequenininha, uns oito anos, eu vi a minha irmã e minha mãe desfilarem e eu fiquei muito feliz. Eu ficava pulando na cama, querendo ser assim também. E daí, elas me ensinaram a ser quem eu sou”, afirma Wenny Isa.

bangu et24 2

Ainda, a caçula compreendeu o que é representar uma escola de samba por meio desse legado. “A referência da minha irmã e da minha mãe é maravilhosa porque, assim, é com elas que eu aprendi que eu tenho que ser feliz na frente da bateria”, disse ao ser questionada sobre as mulheres que inspiraram a trajetória avenida. “Em qualquer posto que eu esteja, o que importa é eu estar feliz no carnaval”, completou.

A rainha expressou grande admiração pelo enredo da escola deste ano, “Jorge da Capadócia”, criado pelo carnavalesco Robson Goulart e com sinopse de Amarildo de Mello. “A Bangu vai entrar na avenida arrasando, com um enredo maravilhoso. A história é super forte, até porque é que é meu santo! Ela vai vir muito forte e com samba muito bom”, explicou. A escola vai ser a sétima escola na sábado de carnaval.

Barracões Especial SP: Viajando ao infinito, Gaviões da Fiel almeja retomar o seu lugar no alto do carnaval

Para 2024, os Gaviões da Fiel irá mudar completamente o seu estilo de desfile que criou nos últimos dois anos. Em 2022, com o enredo “Basta”, a comunidade alvinegra clamou pelo fim do preconceito e a tão sonhada igualdade social. No carnaval passado, a ‘torcida que samba’, falou das diversas religiões, colocando até a questão da intolerância religiosa dentro da apresentação. São os chamados enredos densos. Entretanto, com o tema “Vou te levar pro infinito”, a Fiel Torcida promete algo mais descontraído para o próximo desfile. Declaradamente uma proposta leve e plasticamente colorida. Por isso, a contratação dos profissionais Rodrigo Meiners e Rhayner Pereira, que se junta à Júlio Poloni, formando um trio de carnavalescos para 2024. O site CARNAVALESCO teve acesso ao barracão da agremiação e conversou com Rodrigo Meiners, um dos responsáveis pelo desfile dos Gaviões da Fiel.

gavioes barracao24 4
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Surgimento do enredo

O artista contou brevemente o surgimento do enredo, e que a proposta de sair dos temas ‘provocativos’ foi estratégico e pedido pela comunidade.

“É um enredo de ideia do Júlio Poloni, que tem a ideia desde a infância. A gente chegou a apresentar aqui 10 temas, mas por estratégia de desfile da agremiação, foi cortando logo de cara e a escola saiu um pouco da polêmica do carnaval de São Paulo. Os Gaviões havia trazido dois enredos fortes, críticos nesse sentido de engajamento político. Eles decidiram que não queriam mais isso. Nós fizemos um mapeamento nas redes sociais, e logo quando a gente foi anunciado, vimos a comunidade pedindo uma escola mais leve, sem polêmica e entendemos que isso é super importante para o carnaval, que tem esse papel. Só que o carnaval tem 33 escolas, juntando todos os grupos. Não é obrigação dos Gaviões da Fiel fazer esse enredo todo ano. A gente optou por fazer esse tema, que é voltado mais para o visual, que a gente sabia que seria mais difícil de as pessoas entenderem, dos compositores fazerem sambas, mas com essas mudanças de regulamento de criatividade, variação de forma, de cor, material, escolhemos um visual diferente. Fora do negro, da política, da religião, que é o que os Gaviões vinha trazendo”.

A explicação do tema

Essa viagem pelo infinito será grande. Rodrigo conta que a escola vai do espaço sideral até a demonstração de amor da Fiel Torcida pelo Corinthians.

gavioes barracao24 1

“’Vou te levar pro infinito’ é um delírio em tudo o que é infinito no mundo e na sociedade fazendo um questionamento se realmente as questões ambientais e da natureza são infinitas. Ou se a infinita ambição e ganância do homem. Nosso primeiro setor é o espaço sideral, nosso segundo setor é a natureza e o nosso terceiro setor, que é o meio do desfile, a gente para e faz o questionamento se as espécies são realmente infinitas, se o homem vai conviver em comunhão com isso ou se a ganância do homem vai ser infinita e vai destruir o infinito da natureza. Nosso quarto setor a gente fala de imaginação e criatividade. Nosso último setor a gente termina com o amor, finalizando obviamente com o amor dos Gaviões pelo Corinthians, que é o maio infinito de todos nós que estamos aqui”.

O que mais encantou

De acordo com Meiners, os Gaviões pode fazer uma grande apresentação no sentido visual. E isso é o que mais fascina o carnavalesco dentro do tema.

gavioes barracao24 7

“Me fascinou a quantidade e possibilidades de recursos visual e estético que a gente tem para levar nesse desfile. A gente tem uma narrativa sequencial, mas todos os setores estão ligados um ao outro. Nos permite construir um visual completamente diferente. Essa mudança de regulamento, de mudança de forma, variação de cores, que está se prometendo, esse tema nos permite fazer isso. Eu acho que isso facilita uma identificação do público e eu bato isso na tecla em todas as entrevistas e reuniões. Todo mundo sabe que os Gaviões é mais do que maioria na arquibancada. Eles são componentes, mas não estão na pista. Vão na quadra, mas não tem como desfilar no Anhembi. Não tem tempo, dinheiro para fazer fantasia. Então se a gente fazer com que o componente entenda esse enredo e tenha fácil identificação, eu acho que a gente possa conseguir uma explosão”.

Saudosismo necessário

Quando se ouve ‘vou te levar pro infinito’, os mais saudosistas sambistas paulistanos logo irão se recordar do refrão do meio do samba-enredo dos Gaviões de 1995. A trilha-sonora foi um sucesso transcendeu o carnaval de São Paulo, além de ter dado o primeiro título para a agremiação do Bom Retiro. Sendo assim, naturalmente se questiona se terá uma ligação entre 1995 e 2024, mas Rodrigo descarta essa possibilidade e explica que o título do enredo foi criado para cativar o componente e torcedor da escola.

gavioes barracao24 2

“Diretamente, não. ‘Vou te levar pro infinito’ é a frase do 95, mas os temas não se encontram em nenhum momento. Foi uma coincidência. Vamos falar do infinito. A gente escolhe trazer essa frase do samba de 95 como o título do enredo para 2024 em uma tentativa apelativa e saudosista de fazer com que nossa comunidade, nosso público e nossa torcida lembrem o que já foi os Gaviões no carnaval. Eu não estava aqui, mas a gente sabe que os últimos anos dos Gaviões não veio trazendo o resultado que todo mundo esperava. A gente sabe que os Gaviões nos últimos anos entraram olhando muito mais para a parte de baixo do que a parte de cima da tabela. Internamente o pessoal esqueceu a força que isso aqui tem e eu vindo de fora, por exemplo, meu primeiro desfile que eu assisti no carnaval de São Paulo na minha vida foi em 2015, que eu vim para trabalhar no Império de Casa Verde e eu assisti Gaviões na concentração que desfilou uma antes ou duas antes. Aquela concentração me fascinou de uma forma, porque eu fiquei parado olhando e falei: ‘Olha a força que os Gaviões têm. Então a escola precisava desse ‘start’, dessa lembrança, desse gatilho mental e principalmente emocional para voltar a acreditar e voltar a entender que a gente passou por uma fase difícil, mas não é coitadinha. Nós somos o Gaviões da Fiel”, declarou.

É sabido que a agremiação sofreu um tanto com a parte estética nos últimos desfiles e teve que optar por realmente trabalhar com o regulamento. Porém, o discurso do carnavalesco é de que a ousadia na apresentação irá prevalecer.

gavioes barracao24 3

“Esse ano a gente deixa bastante essa questão do carnaval reativo, do regulamento embaixo do braço, porque a gente está acreditando muito nessas mudanças que estão sendo prometidas no julgamento. Nós temos muita coisa, tanto em alegoria quanto em fantasia e até mesmo a escolha do enredo que para o manual do julgador até o carnaval de 2023, era bastante arriscado, mas com essas mudanças que estão sendo prometidas e foi pedido por todos, por transmissão, pelo produto do carnaval, pela imprensa, que falou que o carnaval de São Paulo tinha que mudar. Para essa mudança eu acho que encaixa bastante no nosso desfile. Não é nada ‘quadradinho’, não é nada dentro da casinha, não é nada pensando em regulamento, A gente tem pelo menos dentro de cada setor um ou dois elementos que é completamente ousado para o manual do jogador até 2023. Para o manual do jogador novo não é. O novo critério está atiçando nós carnavalescos a sairmos da caixa e trazer inovação”, contou.

É clichê falar isso, mas o diferencial dos Gaviões é a sua massa. Rodrigo também diz isso, mas completa falando que o trunfo maior será um desfile solto.

gavioes barracao24 6

“O grande trunfo dos Gaviões é sempre a torcida. É clichê falar isso, mas até no dia a dia a torcida é o grande trunfo. Se a gente não está com um cronograma adiantado de barracão de ateliê, mas por exemplo tivesse atrasado, era um telefonema, um mutirão, que a torcida viria aqui e ajudava a terminar e colocava a escola na avenida, igual foi ano passado e retrasado. Mas falando de carnaval, na minha opinião, o grande trunfo do desfile é essa quantidade de momentos diferentes. Eu acho que vai ser um desfile que as pessoas não vão sentar na arquibancada, porque a cada dois ou três itens alguma coisa vai estar acontecendo. Então a gente não vai ter na pista aquele desfile parado em formato tradicional. Eu acho que esse pode ser o grande trunfo, sendo a quarta do sábado, é um horário nobre de público no Anhembi e da televisão. Eu acho que vai ser um desfile muito interativo, muita informação, muita movimentação muita coisa acontecendo e os Gaviões pode vibrar de uma maneira diferente”.

Conheça o desfile

Setor 1
“O primeiro setor é o tempo espaço, A gente fala do infinito do tempo do espaço sideral”.

Setor 2
O segundo setor é o infinito na natureza. Fauna, flora, espécies água, areia. “No segundo setor a gente não tem alegoria. Ele é composto de mistura de tripés com elementos de fantasia, com alas justificadas, que a gente acredita que vá fazer essa divisão do setor e preencher bem ali um espaço no Anhembi sem usar uma base alegórica. É como se fosse formar um carro alegórico sem a base, sem roda, mas trazendo um volume de alegoria sem ser uma alegoria. Eu acho bastante isso bastante ousado”.

gavioes barracao24 5

Setor 3
“O nosso terceiro setor é o questionamento. O que o que vai ser mais infinito dentro do homem. essa ambição e ganância para destruir todo o mundo ou essa criatividade para ele viver em harmonia com todo esse infinito da natureza”.

Setor 4
“O quarto setor é a imaginação e a criatividade infinita através da arte, revelando uma imaginação e uma criatividade sem limite”.

Setor 5
“O quinto setor é o amor. A gente cita o infinito desse sentimento terminando com o infinito amor dos Gaviões pelo Corinthians”.

Ficha técnica
15 alas (1700 componentes)
4 alegorias
6 tripés
Diretor de barracão – Fábio Ram
Diretor de ateliê – Marcelo Silvério

Beija-Flor de Nilópolis faz mutirão ajudar vítimas das chuvas na região

Integrantes da Beija-flor de Nilópolis se uniram em uma ação solidária neste domingo, 14, para ajudar os moradores da região afetados pela intensa chuva que atingiu o município no sábado. Distribuindo alimentos, água, leite, marmitas e itens de higiene, a iniciativa começou cedo e se estenderá ao longo da noite para atender às necessidades da população local.

bf agua
Foto; Divulgação/Beija-Flor

Nilópolis encontra-se em estado de emergência, conforme decretado pela prefeitura. Entre os locais atendidos pela escola, destaca-se a Ponte Azul, no bairro Paiol, duramente afetado pelas fortes chuvas.

Série Barracões: Arranco vai à loucura com afeto ao levar Nise da Silveira para a Sapucaí

Olhando novamente para a história do seu bairro, o Arranco do Engenho de Dentro traz para a Sapucaí o enredo “Nise – a reimaginação da loucura”, de autoria do carnavalesco Nícolas Gonçalves. O artista assina seu primeiro carnaval contando a luta, o legado, e as inspirações deixadas por Nise da Silveira não só para a medicina, mas para o espaço que hoje leva seu nome e o próprio bairro do Engenho de Dentro. O enredo é feito como um conto ficcional em que a médica retorna a localidade para uma análise das memórias do passado e dos feitos da atualidade.

arranco barracao24 1
Fotos: Thiago Albuquerque/Divulgação

Nícolas conta que o enredo veio, em primeiro lugar, dessa identidade que está sendo formada desde a volta do Arranco para a Sapucaí, olhando para o seu próprio lugar de origem, como foi com o enredo de 2023 sobre Zé Espinguela. Além disso, ele ressaltou que a busca por uma figura feminina foi inspirada também pelo fato da presidência, da vice-presidência e de muitos cargos da direção da escola serem ocupados por mulheres. Ainda assim, outras propostas de enredo foram apresentadas, porém a primeira, sobre Nise, foi a escolhida.

“Quando eu chego na minha pesquisa e eu descubro o instituto a duas quadras de lá eu falo: ‘olha eu acho que está tudo calhando para esse tema e não vai ter como ser outro’. Eu ia só desviando de enredos, e falei: ‘gente é esse’”, afirmou Nícolas.

arranco barracao24 2

Junto com o enredista Clayton Almeida, o carnavalesco se debruçou em livros, documentos, produções audiovisuais e catálogos de exposições dos pacientes de Nise. Porém foi com as visitas ao Instituto Nise da Silveira que o enredo tomou a forma que tem. Através do contato com os usuários e pacientes, com as instalações do lugar, com os projetos que são oferecidos no local, e com o bloco Loucura Suburbana que a mente do artista foi concebendo a história e o visual do Arranco para este ano, em especial através das artes do Espaço Travessia, de onde afirma ter tido a inspiração para o Abre-Alas e três fantasias, e que ganhou muito carinho do artista.

“Virou um grande parque cultural ali, então parte muito da criação dali, não tem jeito. Esses dois meses que eu passei indo lá toda semana foi incrível. A pena é que eu infelizmente também tenho outros trabalhos, mas a minha ideia, se eu pudesse, era fazer uma residência lá junto com os artistas do Espaço Travessia”, relembrou o carnavalesco.

O segundo carro do desfile, entretanto, é o considerado o mais interessante, até o momento, e que deve retratar as mandalas de Nise, fato que veio da observação da mesma em relação a como as formas circulares despertavam algo muito profundo em vários dos pacientes que ela tratava. Assim também está a ala ‘Vazio das telas manicomiais”, “teve um amigo meu que falou ‘essa fantasia aqui sintetiza todo o seu enredo’, A fantasia trata de pegar a camisa de força, rasgá-la e transformar uma tela para a pintura”.

arranco barracao24 3

Mas o artista considera que o grande trunfo do desfile é a mensagem que está sendo passada para o folião e o espectador, principalmente em relação à saúde mental e o carnaval como auxílio para o tratamento e a aceitação de questões como a própria loucura: “Carnaval também trata a loucura de uma maneira muito bonita. Ele não exclui a loucura, pelo contrário, ele abraça e fala, não vamos ser todo mundo louco junto. Isso que eu aprendi, acho que foi o meu maior aprendizado”.

O jovem carnavalesco expõe também as dificuldades enfrentadas na Série Ouro na preparação do carnaval, e como isso também o potencializa como artista, tendo que lidar com os recursos mais escassos, e atrasados, do poder público, para fazer o desfile, a reutilização de adereços e esculturas, e a busca por materiais.

“A gente sabe da realidade da série ouro que a gente não faz um projeto na íntegra. Não adianta eu criar fantasias e alegorias mirabolantes. Eu vou ter que aproveitar uma escultura que passou no ano passado no especial. […] Ano passado foi carnaval dos Reis Momos. Eu vou botar um Rei Momo aqui na sinopse porque eu já tenho no mínimo quatro escolas com Rei Momo que eu vou poder pegar. Não consegui nenhum. Um Rei Momo foi pra outro, outro foi o Rei Momo, o outro cortou, chegou um diabo. O diabo vai virar Rei Momo e vambora”, afirmou, confiante.

arranco barracao24 4

Nícolas, antes de assinar este primeiro carnaval solo no Rio, foi assistente de alguns dos nomes que comandam as escolas do Grupo Especial, e ainda é na Viradouro, auxiliando Tarcísio Zanon, além de ter tido experiências também no carnaval do interior de São Paulo.

“É nesses perrengues que a gente descobre métodos de adereço rápido, nessas experiências que a gente descobre a importância de um ferreiro, a importância de um carpinteiro, de um escultor. Você toma um choque de realidade”, explicou Nícolas.

Conheça o desfile do Arranco

O Arranco para 2024 vem com cerca de 1.100 componentes em 17 alas e três carros alegóricos, marcando os três setores, além de um tripé. A azul e branca do Engenho de Dentro será a terceira escola do sábado de carnaval, na Série Ouro. Assim Nícolas Gonçalves detalhou o desfile, para o CARNAVALESCO, citando que está dividido não em setores, mas em quadros:

Setor 1: “Diante das ruínas do antigo hospital, no primeiro quadro é representada a batalha do revolucionário tratamento pela arte contra os métodos arcaicos e agressivos. Para derrotar o caos de um mundo que acreditava no isolamento, na prisão e na desumanização, colocamos a figura mitológica do afeto como símbolo de todos os que lutaram contra aquele sistema. Esse primeiro setor a gente vai trazer essa batalha que ela teve. A gente também vai falar um pouco da parte que ela foi presa. A Nise foi presa por ser considerada comunista. A Nise era uma mulher em meio a diversos homens formada em medicina, que naquela época era inimaginável. Tudo isso voltado para as ruínas desse hospital. A gente faz essa brincadeira dela encontrar essa camisa de força e transformar ela em um quadro”.

Setor 2: “Em seguida, Nise adentra o Museu do Inconsciente para o segundo quadro, em que é representado o processo de construção de novas percepções de mundo através da abstração. A tela em branco recebe linhas, formas e cores até que os fragmentos reunidos se tornem a mandala, tão presente nos estudos de Nise e que materializam uma nova unidade, de um novo cosmo. A mandala querendo ou não é uma reorganização cósmica. Você via que o usuário estava literalmente reorganizando. Então essas mandalas tinham muita potência no trabalho dela, então a gente fecha esse setor com o meu queridinho carro que vai remeter essas mandalas”.

Setor 3: “Por fim, no terceiro quadro Nise encontra o retrato da contemporaneidade, com as vitórias da luta antimanicomial e as políticas de socialização, representadas de maneira carnavalizada pelas oficinas oferecidas no Instituto e pelo bloco Loucura Suburbana. Encerraremos nossa narrativa em um grandioso festejo, propagando a mensagem de que é preciso lidar com a saúde mental de maneira humanizada e sem preconceitos. Nosso carnaval é a afirmação da importância de ressignificação desse território no Engenho de Dentro que outrora foi sinônimo de dor e que hoje funciona com inúmeros dispositivos que fomentam a arte, a cultura e o lazer da sociedade em geral. Ela reencontra todas essas potências que ela desde o início do trabalho falava da importância, estando lá ativo. E finalizando, claro, com o carnaval. Finalizando com o próprio Arranco”.

Liesa define novo calendário dos ensaios técnicos na Sapucaí

A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), em plenária, na tarde desta segunda-feira, definiu o novo calendário dos ensaios técnicos do Grupo Especial, no Sambódromo, para o Carnaval 2024.

sambodromo
Foto: Divulgação/Riotur

Como já acordado anteriormente, a Mocidade terá o direito de fazer um novo treino. Será no próximo domingo, dia 21 de janeiro, com Tuiuti e Salgueiro. Portela e Tijuca, que não puderem ensaiar no último domingo, devido ao temporal no Rio de Janeiro, vão treinar no dia 28 de janeiro.

Além disso, a Mangueira estará no último domingo de ensaios, dia 4 de fevereiro, junto com a Viradouro e Imperatriz, no teste de som e luz. Na véspera, haverá a tradicional lavagem e depois a Grande Rio, Vila Isabel e Beija-Flor também vão poder utilizar o sistema todo de som e luz da Avenida.

Novo calendário

Dia 21
18h30 – Mocidade
20h30 – Paraíso do Tuiuti
22h – Salgueiro

Dia 28
19h30 – Portela
21h – Unidos da Tijuca

Dia 3
18h – Lavagem da avenida
19h – Grande Rio
20h30 – Beija-Flor
22h – Vila Isabel

Dia 4
19h – Mangueira
20h30 – Viradouro
22h – Imperatriz Leopoldinense

Com forte calor, Rosas de Ouro se supera em ensaio técnico

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Rosas de Ouro realizou o seu primeiro ensaio técnico na tarde deste sábado. A análise deste treino foi baseada no forte calor, que impossibilitou a escola de fazer muitas coisas. Dá para dizer que a Brasilândia foi guerreira no Anhembi. Um sol escaldante onde muitas pessoas não aguentaram e acabaram com mal-estar, a comunidade foi firme e forte até acabar. Contudo, dá para tirar algo positivo deste ensaio, como a forte presença da ala musical em conjunto com a bateria, além da criatividade da comissão de frente.

Provavelmente nunca irá existir um desfile às 16h, tampouco uma apresentação no Anhembi com um sol tão escaldante como foi visto. Portanto, a Roseira terá a chance de fazer ensaios técnicos ainda neste ano, com horário mais tarde e, sendo assim, pode aproveitar o treino para visar o Carnaval 2024.

“Faz parte do jogo. Como o carnaval é um espetáculo a céu aberto, estamos sujeitos a qualquer tipo de acontecimento. Tempestades, sol e o que vier. Mas acaba prejudicando um pouco, porque as pessoas cansam muito mais rápido, então o que a gente poderia ter sido melhores, de repente por conta desse calor, muita gente passou mal, então as pessoas deram uma segurada também para não acontecer nada de mais grave. Então eu acho que dava para ser um pouquinho melhor se não tivesse esse sol”, explicou o diretor de carnaval, Evandro Souza.

Comissão de frente

A ala comandada por Helena Figueira, executou a sua apresentação com um grande elemento alegórico. Tal carro aparenta ser o próprio Ibirapuera, pois lá em cima acontecem várias ações que remetem a isso, como simulações de piquenique, brincadeiras, esportes e outras coisas que o parque tem como característica.

RosasDeOuro et Comissao

A forma que a comissão saudou o público foi diferente. Era de uma forma descontraída. Os componentes acenavam com as mãos e sorriam para o público. Uma apresentação simples e de fácil leitura que a Rosas propôs neste treino. Vale ressaltar que, em análise, até o setor C, os componentes evoluíram muito bem, mesmo com o forte calor.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Uilian Correia e Isabel Casagrande executou uma apresentação segura. A dupla mesclou muito bem os giros horário e anti-horário e a coreografia dentro do samba. A dança dentro do hino foi mostrada com simplicidade. Vale destacar que até o setor C, que era o local onde a reportagem estava localizada, o casal suportou a alta temperatura com uma roupa quente.

“Tivemos muita força! Trabalhamos muito há muitos meses, nos surpreendemos com o calor: o Sol nos pegou um pouquinho de surpresa. Mas conseguimos aplicar o trabalho na pista, conseguimos desenvolver as cabines. Agora é pegar os pontos de atenção, os ajustes e conseguir aplicar para vir muito melhor no segundo ensaio”, disse o mestre-sala.

RosasDeOuro et Casal

“Por tudo que a gente passou… nesses dias, tivemos um ensaio fechado e pegamos uma baita chuva. E, hoje, esse Sol que estava muito forte. Eu daria dez para a gente hoje! É claro que ainda temos alguns detalhes, temos tempo para ajustar. Ao todo, achei que foi muito bom pela garra e pela força”, declarou a porta-bandeira.

O casal falou sobre o novo posicionamento dos módulos, que mudaram de local, sendo que as torres não existem mais. “Para mim, não ter a sinalização clara é confuso. Para a gente, que está se acostumando e se habituando com os novos lados e posicionamento das cabines, fica confuso porque não está muito bem sinalizado”, afirmou Uillian.

RosasDeOuro et Baianas

“Estávamos acostumados com as torres, e agora não temos mais elas. Fica algo meio escondido, tem lugar que ainda não está sinalizado – ou estava e, com o vento, saiu. Só isso que dificulta, já que estamos tão preocupados com a dança e estávamos tão preocupados com as torres, que a gente se perde. É claro que, no dia, teremos uma sinalização escrita, então vai ser diferente. Do chão eu não tenho do que reclamar, mas a sinalização tá me pegando um pouquinho”, finalizou Isabel.

Harmonia

Deu para notar que a escola sabe cantar o samba. Porém, na metade da pista, devido ao excesso de calor, o ritmo já estava lento. Os componentes não conseguiam respirar forte e tirar a voz lá do fundo. Apesar disso, deu para notar que as partes que mais pegaram na boca do povo da Brasilândia foram o refrão do meio e também os últimos versos: “Rosas pra comemorar, cantar pra você/chegou a Brasilândia com toda humildade/mostrando sua identidade”.

Tudo isso citado acima, acarretou na sincronia errada com o carro de som em alguns momentos. Há de se lembrar que o Anhembi ainda não tem o som inteiro e a marcação fica somente com o caminhão que transporta a ala musical.

Evolução

Esse foi o quesito que mais sofreu com o calor. Parece exagero, mas muitas pessoas não se aguentavam em pé. Algumas saíram pela lateral da pista, outras acusaram o baque na dispersão e as demais frearam o ritmo na pista. Não foi uma evolução no ritmo do ensaio e da bateria. Em conversas da reportagem com pessoas das escolas, chegaram a afirmar que teve que parar um tempo para continuar conseguindo continuar.

RosasDeOuro et Responsabilidadesocial

Ao todo, a comunidade da Brasilândia evoluiu como dava. Alguns conseguiram colocar um gás, mas a maioria acusou o golpe.

Samba-enredo

Neste ensaio a participação da ala musical foi muito grande. O intérprete Carlos Jr abusou dos cacos e tentou jogar a comunidade para cima de alguma forma. A interação com a “Bateria com Identidade” é algo a se destacar, visto que a batucada solta muitas bossas e a ala musical consegue responder bem. A parte que mais se destaca é o refrão do meio: “Nasce com as flores, quase primavera/árvore de amores, meu Ibirapuera. Apesar de curto, ele explica totalmente o que é o parque, sendo na história (nasceu na primavera e é um parque da estação). E tem árvores de amores. Esses são os princípios básicos do Ibira.

O intérprete Carlos Jr avaliou o ensaio e exaltou a comunidade, dizendo que se pode corrigir erros antigos. “Hoje eu senti uma escola que está disposta a fazer algo diferente para melhorar o que está ruim. A gente, antes de querer ser campeão, precisa estar seguro de que a gente está com um bom trabalho e estamos todos alinhados. Não adianta querer e não ter uma comunicação, por exemplo. Acredito que comunicação e diretoria estão alinhados – e o povo está entendendo a comunicação”, afirmou.

RosasDeOuro et InterpreteCarlao

‘Carlão’, como é conhecido no meio do carnaval, comentou sobre a alta temperatura. Na avaliação do mesmo, não atrapalhou o canto. “Acho que o canto pelo Sol não foi prejudicado porque viemos esperando chuva. Mas, no domingo passado, fizemos um ensaio de rua e eu achei que teríamos o mesmo número de pessoas que estava indo na sexta-feira. Mas eu tinha uma preocupação que aquele ensaio teria que ser o feedback para esse ensaio técnico. No domingo em questão, estava esse mesmo Sol, com muito mais gente. Então, a comunidade estava preparada”, completou.

Outros destaques

A “Bateria com Identidade”, regida por mestre Rafa, foi destaque no ensaio de hoje. De acordo com mestre Rafa, houve o sol com empecilho e, segundo o próprio, ainda é cedo para avaliar.

RosasDeOuro et MestreRafa

“A avaliação que eu tenho para fazer, por enquanto, é muito cedo. Mas falando de bateria, trocamos a baqueta, então ficou mais pesado. O andamento caiu um pouco, essa bateria já não é tão para frente, ela até valente, mas não é para frente. Então a gente está usando as baquetas com a cabeça grande. Um globo maior e isso assim não prejudicou, deixou a bateria mais pesada, do jeito que a gente gosta, mas ainda não estamos acostumados. Então o andamento veio brando. E aí também entra a parte do Sol. A gente é 8 ou 80, então chuva ou sol demais (choveu bastante no ensaio específico de bateria na quarta). Graças a Deus foi sol e não choveu ainda. Agora a gente vai se encontrar com a direção de harmonia e de carnaval e tudo mais. Vamos avaliar como foi, eu senti a escola leve e tranquila. E eu espero que no segundo ensaio a gente consiga fazer um trabalho assim, já colocar o trabalho que queremos fazer no dia do desfile”, comentou.

Empolgação o tempo todo! Canto da Dragões da Real se destaca no primeiro ensaio técnico

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Dragões da Real realizou o seu primeiro ensaio técnico visando o Carnaval 2024. Foi realmente uma grande apresentação. O destaque principal foi a harmonia da escola. Os componentes da agremiação da Vila Anastácio deram a vida no canto e tiveram um desempenho para lá de satisfatório, muito também por responderem perfeitamente os apagões feitos pela bateria “Ritmo que Incendeia”, de mestre Klemen. Outros quesitos que ficaram em evidência, foram mestre-sala e porta-bandeira e evolução. Elegância pura de Rubens e Janny e bela compactação entre as alas da Dragões da Real. Com o enredo “África – Uma constelação de Reis e Rainhas”, a ‘comunidade de gente feliz’ será a terceira a desfilar na sexta-feira de carnaval.

“Para o nosso primeiro ensaio geral me surpreendeu as expectativas. Eu costumo dizer que a Dragões tem feito ao longo de muitos anos, bons ensaios técnicos. Hoje acho que a gente elevou isso, estamos um degrau acima, acho que a comunidade está engajada, entendeu o recado. Entendeu para que serve esse ensaio, antes de mais nada para elevar a energia pessoal da nossa comunidade, é trazer a gana de vencer para eles. Está aprovado aqui, depois da faixa amarela que é essa família toda feliz, sorrindo e alegre e é isso”, disse o diretor de carnaval, Márcio Santana.

Comissão de frente

A comissão, que é comandada por Ricardo Negreiros, teve uma dança bem complexa com um grande elemento alegórico. Havia um personagem principal com um cajado, onde ele ficava circulando o tempo todo pelos demais componentes, sendo no chão ou em cima do tripé.

DragoesDaReal et Comissao

Tinha um momento chave onde os integrantes rodeavam esse personagem principal e ele subia em uma espécie de queijo. Este elemento subia sozinho. Dava um ar de superioridade ao homem que estava representando essa pessoa. Como o enredo se trata de reis e rainhas, suponha-se que se trata de uma espécie de coroação ao rei ou louvação à divindade.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Rubens de Castro e Janny Moreno, provaram porque gabaritaram o quesito no último carnaval. É impressionante a elegância que os dois formam juntos. Janny toma o pavilhão para si como nunca, defende e mostra sua experiência. Até parece que está desfilando no quintal de casa, tamanha experiência que mostra. O Rubens mostrou lindos passos de mestre-sala, sambou, fez a coreografia corretamente junto a porta-bandeira e os movimentos foram totalmente sincronizados. É um ensaio para ficar na história da dupla, que está indo para o segundo ano juntos, ostentando o pavilhão tricolor.

DragoesDaReal et PrimeiroCasal

“A dança deu uma repaginada, estava comentando com um grupo de jornalistas, que fazia 21 anos que eu não dançava afro. Em 2003 havia sido a última vez afro e foi a primeira vez que fui primeiro (mestre-sala). É muito número, agora falando sério, a nossa dança vamos trazer uma ancestralidade, vamos fazer os movimentos, foi difícil pegar, a Janny vem de escola mais tradicional que tem essa pegada e dançou mais afro, passou muita coisa”, declarou o mestre-sala

“Foi bem bacana, estreia tivemos uma desenvoltura bem legal, mas sempre tem o que melhorar. Com essas mudanças também que teve, temos algumas coisinhas para acertar, mas está tudo sob controle, graças a Deus”, completou a porta-bandeira.

Harmonia

Foi o principal destaque da escola. O canto da Dragões da Real foi impressionante. É fruto de um trabalho de anos, mas vai além disso. A agremiação vem com um enredo afro pela primeira vez. Consequentemente, vem samba com palavras diferentes, como o refrão do meio. Mas já pegou totalmente na comunidade. A parte mais cantada é o último verso: “Coragem, resistência, comunidade… Africanidade!” – Principalmente a última palavra, onde era gritada para embalar no refrão principal.

Vale destacar que muitas escolas têm problemas com carro de som e bossas juntamente às alas. O fato de voltar no tempo certo. Contudo, a Dragões da Real acertou em cheio todas as vezes que executou os apagões. Os componentes voltaram no tempo correto, sem atravessar uns aos outros. É um ponto bastante positivo.

Todas as alas tiveram uma harmonia forte, mas vale destacar ‘Avalanche da Real’ e outro grupo que é formado pelas alas ‘Tamo Junto’ e ‘Zona Sul’.

DragoesDaReal et Mahryan

Evolução

Juntamente com o intenso canto, a evolução chegou junto. Os componentes se movimentavam rapidamente de um lado para o outro. Exceto as alas coreografadas, não tinha nenhum tipo de coreografia padrão nas comerciais. Apenas ficaram livres para evoluir.

A compactação é algo que chama a atenção na Dragões da Real. Se for parar para ver em uma visão ampla, é um ‘mar de alas’, pois dificilmente se vê espaçamentos. É tudo preenchido, o que dá um contraste visivelmente belo.

DragoesDaReal et 22

Samba-enredo

O carro de som comandado por Renê Sobral teve uma atuação satisfatória. É perceptível que o intuito da ala musical é deixar o samba correr e a comunidade cantar, que por sinal teve grande desempenho junto aos atuantes nos microfones. Isso é visto quando o cantor não executou tantos cacos. Deixou seguir o andamento junto com a bateria.

DragoesDaReal et InterpreteReneSobral

“Eu estou em êxtase, porque foi o primeiro ensaio. Eu estava muito confiante no canto da escola devido aos ensaios de quadra e rua. Estou muito feliz que a comunidade correspondeu. O samba correspondeu, a bateria deu um show, foi um ensaio maravilhoso”, contou o intérprete Renê Sobral.

De acordo com o cantor, o entrosamento com o mestre Klemen está da melhor maneira possível. “Casou 100%. Eu respeito a bateria dele e ele respeita a nossa ala musical. Nós temos um entrosamento de equipe. Tudo que a gente for fazer, tem que ser conversado. Todo trabalho é feito em conjunto. Tudo que ele faz, me consulta e tudo que eu faço eu o consulto. Se tem algo que incomoda, a gente senta e conversa para achar um termo que fica legal para a escola”.

DragoesDaReal et Baianas

Outros destaques

A bateria “Ritmo que Incendeia”, regida por mestre Klemen, teve um desempenho muito satisfatório. O músico está indo para o seu segundo ano na agremiação e dá para dizer que este ensaio foi o melhor que a batucada teve em seu comando. Bossas e apagões perfeitamente executados.

DragoesDaReal et MestreKlemen

“Como todos os anos, temos coisas a serem acertadas como em qualquer ensaio técnico e na quadra também. Gostei muito da energia e sinergia. Pessoal se entregou mesmo para esse ensaio com cara de desfile. Mas a gente sempre tem coisas para arrumar e vamos fazer isso”, comentou o mestre Klemen.

De acordo com o músico, os ‘apagões’ serão feitos quantas vezes ele quiser no dia do desfile. “O presidente Tomate me deu total liberdade para fazer quando eu quiser no meu ‘feeling’ de desfile. Se eu tiver que fazer 30 vezes na avenida, vai ajudar muito na evolução e harmonia da escola. A gente quer fazer um desfile solto e jogando para a escola”, completou.

Mais Destaques

– Muitas alas com adereços de mão;

– Um belo tripé foi levado, onde Simone Sampaio foi à frente dele;

DragoesDaReal et SimoneSampaio

– A corte de bateria foi bem vestida, com destaque para a rainha de bateria Karine Grum, que sambou muito no pé;

– O carnavalesco Jorge Freitas foi atuante o tempo todo. Em vista no setor C, ele estava na ala das crianças, que ficou na marcação de uma das alegorias. O artista estava animando os componentes a todo instante;

DragoesDaReal et CarnavalescoJorgeFreitas

– Presidente Renato Remondini (Tomate) também incentivando a comunidade a cantar.

Com Fafá de Belém, Império de Casa Verde mostra força nos quesitos; principal destaque é a energia da escola

O Império de Casa Verde vai homenagear a lenda, ‘a cabocla mística’, Fafá de Belém no carnaval de 2024, com o enredo: “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, e no primeiro ensaio técnico da escola no último domingo, mostrou sua força com todos os quesitos redondos, show à parte da ‘Barcelona do Samba’ e presença da homenageada que mostrou sua energia surreal para o Anhembi.

Harmonia

Dentro do quesito harmonia quero destacar o canto bem regular da agremiação. Do começo ao fim, as alas mostraram um canto bom, sem deixar cair. O samba funcionou muito bem de todas as partes, ala musical, bateria, e o canto da escola, ou seja, a harmonia fluiu muito bem. Vale destacar a Ala Tiger Show que veio toda no estilo do Pará. Na realidade, a escola inteira estava com característica do norte brasileiro, vestiram realmente o enredo em homenagem a Fafá de Belém. Uma ala que chamou atenção foi a Ala Imperial que veio com canto positivo, muita animação e inúmeras bandeiras representativas LGBTQIA+, algumas com recados. O canto foi muito positivo em diversas alas. O diretor de carnaval, Tiguês, conversou com o site CARNAVALESCO e falou sobre a energia no ensaio.

“Você usou a palavra certa, a energia que emana do norte do país, chegamos muito feliz com a presença da Fafá de Belém, então o clima maravilhoso que a gente trouxe para a avenida, cantando muito o samba, então nosso componente está de parabéns”. Em seguida complementou dizendo:” O canto da escola, um canto vibrante, é um samba vibrante, o canto foi algo que me tocou mais. Algo mais forte que vimos no desfile, claro que se a gente for falar de bossa de bateria, coreografia de casal de mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, mas o principal foi o canto da comunidade que veio forte”.

A presença de Fafá de Belém foi um dos pontos altos do ensaio, e Tiguês comentou sobre: “Ela é maravilhosa, por telefone ela é uma vibe diferente, ser de muita luz, uma pessoa que já merecia ser homenageada como enredo há muitos anos no carnaval brasileiro. E o Império está pagando essa dívida ao povo do carnaval, ela é maravilhosa, comprou a ideia e vem no clima, estamos muito feliz com ela”.

Evolução

ImperioCasaVerde et FafaDeBelem

Seguindo a lógica, precisamos falar da evolução que foi redondinha. O Império passou muito bem pelo Sambódromo do Anhembi, destacou no quesito, a leveza dos componentes, que dançavam, cantavam, e mostraram realmente uma força, a energia foi surreal. A comunidade imperiana realmente fez um ensaio interessante e com quesitos compactos, ou seja, a evolução precisa ser valorizada. Afinal, a vizinha do Anhembi teve um desfile correspondendo todos os quesitos necessários.

Samba-enredo

Seguindo a linha lógica, harmonia, evolução, é a vez do samba-enredo. Fluiu muito, mas muito bem na pista do Anhembi. Bateria e carro de som tem papel a ser destacado, o intérprete Tinga conduziu de forma bem positiva. Com isso, o canto foi muito forte da comunidade, bem regular. Foi um dos pontos a ser destacado, em vários momentos o samba explode na pista, mesmo fora de refrão, ou seja, dá para sentir que está funcionando tudo que a escola tem trabalhado na quadra aos domingos, só mudou o palco, e fluiu bem. O intérprete Tinga vai para o segundo ano na casa imperiana e comentou sobre o primeiro ensaio técnico em 2024.

ImperioCasaVerde et AlaDestacada

“Foi maravilhoso. Deu para conferir que a escola está feliz demais com nosso enredo, nosso samba para a gente fazer um maravilhoso desfile como ano passado. Vamos tentar buscar esse título para a nossa querida Império de Casa Verde”.

Em relação ao entrosamento com a bateria comandada por Zoinho, o intérprete revelou: “Estou feliz demais. A gente trabalha bastante com a bateria e todos os segmentos da escola. Fico feliz demais com o carinho comigo. Trabalhamos com muita alegria e muita vontade”.

Comissão de frente

A comissão de frente, comandada por Anderson, em momentos círculos lembrando rituais, em um momento a personagem central era protegida pelos guerreiros e faziam gestos indígenas, quando atacados por outras pessoas. Depois dessa mesma dançarina, saia em liberdade e dançava junto com todos. É uma coreografia bem intensa, e com várias partes para notarmos. O que senti é que teremos uma coreografia mesmo no estilo indígena, outro momento é quando abriam dois círculos e referências a personagem principal, que era uma mulher, também senti a presença do carimbó na dança, ou seja, temos muito Fafá de Belém e o Pará. Despertou muita curiosidade do que está por vir.

ImperioCasaVerde et ComissaoDeFrente

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Jéssica e Rodrigo mostrou a versatilidade na dança, já deram pequenos spoilers do que irão trazer. Mas fizeram uma passagem tranquila e bem na pista, a Jéssica sempre intensa, instruindo bastante os movimentos. A sincronia do casal também funcionou muito bem. Destaco momentos como o samba diz ‘Ê emoriô… ê emoriô’, já demonstraram que terão um passo especial. Em outro trecho do samba, ‘Se ajoelhou aos pés da santidade’, o casal ajoelhou na pista em pura sincronia. Com isso, o casal com certeza foi um ponto a ser destacado no primeiro ensaio técnico da Império de Casa Verde. Apesar do bom ensaio, a porta-bandeira Jéssica avaliou pensando em melhorias.

“Sempre tem coisa para melhorar até um minuto antes para melhorar – sempre teremos alinhamentos. A gente fez o que estava proposto, o que está pronto desde novembro. Sempre tem algo para melhorar e arrumar, para acertar, mas foi de acordo com o que a gente esperava”.

ImperioCasaVerde et PrimeiroCasal

O mestre-sala Rodrigo complementou dizendo sobre o piso do Anhembi: “O piso, para mim, está maravilhoso: tem aquela caída mais torta, estabiliza muito mais a nossa dança, com a fantasia (que tem um peso) e está nivelado. Antes, era algo meio na diagonal que a água escorria. Agora, está maravilhoso. Quanto às torres, estamos nos adaptando. Foram dez anos com torres, e os lados dos jurados eram os mesmos sempre – e, agora, mudou. A gente já começa do lado contrário do que era”.

A porta-bandeira complementou dizendo sobre a dificuldade que o casal tem enfrentado neste momento: “A dificuldade que estamos tendo ainda é na segunda cabine. Antes, tem um clarão da bateria e, como passamos sem a bateria, já achamos que é ali o jurado – mas, na verdade, é um pouquinho depois. Ainda estamos pegando o tempo para entrar nesse jurado. No mais, estamos apenas nos adequando aos lados. Mas a entrada e saída estão tranquilas”.

Outros destaques

A bateria, comandada por mestre Zoinho, tem sido sempre um ponto a ser destacado na Império, sempre inovando e ousando nas paradinhas, bossas. Vale citar a paradinha no recuo, em outros momentos do samba, paravam e cantavam ‘nós somos a flecha’ e já voltava. Teve uma coreografia da bateria com a rainha Theba, levantou o público. A bateria coreógrafa diversas vezes, e ousou nas bossas, brincou com o samba, a parte do êmorio, o chocalho tirou onda nesta parte. Vão trazer elementos do carimbó, ou seja, tem sido bacana acompanhar esse quesito na escola. O mestre Zoinho falou sobre o primeiro ensaio da Barcelona do Samba junto com a comunidade no Anhembi.

ImperioCasaVerde et MestreZoinho

“Gostei do nosso desempenho! Foi uma grande noite, passaram várias escolas de alto nível, apresentando grandes trabalhos. O Império fechou essa noite de desfiles, depois de Mocidade Alegre, atual campeã do carnaval, Dragões da Real, Rosas… muita escola boa. Mas apresentamos um trabalho muito bom, que vem em uma crescente. Com certeza estaremos muito preparados para o desfile, temos mais um ensaio e a avaliação foi muito boa dentro do que estávamos planejando”.

Com 230 ritmistas na Barcelona do samba, Zoinho falou sobre o trabalho para trazer a batida em homenagem ao enredo: “Para a gente fica fácil o processo de criação de toques paraenses porque temos uma ala de compositores, autores desse samba, que facilitam para a gente. Na construção do samba, eles me chamam para participar e eu vou acompanhando todos os momentos da canção. Eu entro fazendo o acompanhamento musical de tudo isso: não é apenas fazer uma bossa na avenida, isso todo mundo vai fazer. Fazer o acompanhamento musical do enredo e do que ele está pedindo é um trabalho muito maior, que exige um estudo e compromisso maiores. Temos que fazer algo mais, já que temos que fazer um processo maior”.

ImperioCasaVerde et RainhaTheba

A agremiação veio com destaques de chão pela escola, o que é uma novidade, antes vinham juntas, mas agora estão separadas durante a escola da Zona Norte. Todas cantando o samba, interagindo bastante com o povo. A rainha Theba Pitylla contém uma sintonia muito grande com a escola, contém inclusive tatuagem da Império, e representa muito à frente da bateria.

Por fim, propositalmente, destaco a presença da Fafá de Belém, que energia surreal ela tem, simpatia, e interagiu muito com a comunidade. Tirando fotos, desfilando à frente da bateria, brincando com a rainha Theba, componentes, está totalmente em casa e trouxe seu alto astral para o desfile, é a cereja do bolo, que esteja sempre presente.

Organização e coesão se destacam em ensaio técnico seguro da Mocidade Alegre

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Atual campeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre fez o primeiro ensaio técnico em vista do carnaval 2024 no domingo. Com Anhembi cheio, a agremiação desfilou com ótimo clima (sem o forte Sol que castigou escolas que vinham antes e sem um pingo de chuva sequer) e colaborou com a atmosfera invejável com uma apresentação segura e uniforme – marcada, justamente, por um show da Evolução da Morada do Samba, que apresentará o enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, terceiro desfile a ser exibido no sábado de carnaval (10 de fevereiro).

Evolução

Desde quando os primeiros componentes da agremiação ultrapassaram a faixa amarela, a Mocidade Alegre teve um movimento uniforme que faria inveja às aulas de Física. Sem ter qualquer oscilação, a instituição deu mais uma prova da organização que lhe é tão característica nos últimos anos.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Estreando como dupla no Anhembi, Diego Motta e Natália Lago não mostraram dose alguma de nervosismo na primeira vez atuando em união. Defendidos por guardiões e já com fantasias, trazendo ainda mais brilho para a apresentação, ambos tiveram giros (majoritariamente em sentido horário) e movimentos extremamente sincronizados. Vale destacar, também, a ótima comunicação de ambos com o público, sorrindo e arrancando aplausos e gritos da arquibancada. Para Diego, a exibição evidenciou que o trabalho já está em fase final.

“Teve muita coisa legal! Muita coisa que planejamenos deu certo, funcionou com o andamento da escola. O desafio, agora, é incluir tudo que a gente criou baseado no contexto da escola inteira: andamento, Evolução, ritmo. Por ser o primeiro, estamos felizes. Fizemos o que tínhamos que fazer, tem muita coisa para consertamos ainda, mas faz parte. É uma construção, já que nós mesmos estamos nos construindo. Estamos chegando na parte dos acabamentos finais, com piscina, plantinha e água de coco”, brincou.

MocidadeAlegre et PrimeiroCasal

Destacando os últimos dias da dupla, Natália também mostrou-se satisfeita. “Depois das festas, só tivemos um ensaio no Anhembi. Hoje foi para valer, foi muito bom”, afirmou.

Ela, por sinal, pontuou que as mudanças pelas quais o Anhembi passa tornaram a exibição ainda mais estimulante. “Hoje também foi para testar como estaria nossa dança com as reformas pelas quais o Anhembi passa. Realmente está muito diferente do que estava acostumado. Foi mais desafiador que o normal. Até às vésperas do desfile, o chão não é a mesma coisa. Temos que tomar cuidado”, relembrou. Focando exclusivamente na sua função, Diego também fez apontamentos. “Para os mestres-sala, a gente conta muito mais com os atravessadores. As torres eram uma referência alta, então a gente conseguia visualizá-la com antecedência. Agora, é no susto. Se você não estiver concentrado no percurso, quando você se dá conta, já está em cima da cabine. Essa é a dificuldade: a sinalização. Memorizar e entender esse espaço físico para fazer tudo na hora certo. Mas, para a gente, deu tudo certo”, suspirou.

Comissão de frente

MocidadeAlegre et Comissao

Surpreendendo muitos, a Mocidade Alegre não trouxe tripé algum para o primeiro ensaio técnico. Apostando na dança bastante expressiva dos componentes, as meninas do segmento utilizavam collant preto enquanto as figuras masculinas estavam sem camisa, todos com calças ou saiotes cor de creme. A coreografia, bastante enérgica, marcou o samba com primazia, executando danças conforme o que era cantado.

Samba-enredo

Os compoenntes conduziram muito bem a canção da escola em diversos momentos. Colaborou, também, o ótimo trabalho do carro de som da Morada do Samba, comandado por Igor Sorriso – que fez questão de elogiar os demais companheiros.

“Gostei do ensaio, sim! Fizemos o que estávamos ensaiando, e estamos ensaiando bastante em prol de um canto uníssono, alinhado com bateria e clareza nos arranjos em parceria com o Junior Denden, nosso diretor musical. Acho que conseguimos executar o que estamos fazendo. Agora, vamos ouvir, gravamos o ensaio para ver o que tem para ajustar (e sempre tem algo para ajustar) para que, no dia 27, tudo esteja ainda melhor”, destacou.

O intérprete, por sinal, mostrou-se satisfeito com o quanto a canção foi cantada no Sambódromo. “A Mocidade Alegre é uma escola muito querida e ficamos felizes com o apoio do público. A Mocidade tem uma torcida muito grande e o povo gosta de acompanhar a gente, de interagir. Eu percebo e fico muito feliz com isso”, comemorou.

Harmonia

Como citado anteriormente, os componentes da escola, no geral, corresponderam muito bem ao samba da agremiação. Mas, antes de fechar com chave de ouro, houve um deslize da instituição. Nas últimas alas da escola foi registrado uma queda na intensidade do canto, destoando de todos os setores à frente – que estavam com ótima exibição.

MocidadeAlegre et InterpreteIgorSorriso

Após destacar que o canto, na visão dele, foi o principal ponto forte do ensaio, Junior Dentista, diretor de carnaval da agremiação, aproveitou para afirmar que, por conta da função exercida por ele na exibição, não é possível cravar como foi o ensaio como um todo. Vou começar a ter uma ideia amanhã quando eu assistir, tenho uma função que o relógio é meu, estou na frente da escola, e não consigo hoje falar como foi o meu ensaio ou não. A minha parte é muito técnica, tem o espaçamento, e isso veio dentro do planejado. Agora tenho outros fatores que preciso ver no vídeo e ala a ala. Viemos com uma estratégia diferente, coloquei quatro animadores aí, dois de cada lado, que era onde estavam os jurados, e esses animadores vinham para dar um sacode na galera, para mexer com expressão corporal. Mas no canto pelo que senti aqui, gostei muito, claro que é sempre uma evolução para o segundo estar redondo, vamos evoluir, mas preciso estudar no vídeo para ter certeza como foi”, pontuou.

Outros destaques

Para incentivar os componentes, a Mocidade Alegre colocou alguns utensílios semelhantes a escadas com harmonias e frases de incentivo (algo como “Estamos na metade, mas estamos sendo julgados!”) em cima nos corredores laterais da passarela. Os próprios staff da Morada do Samba tinham dificuldade para se locomover – precisando invadir a passarela e, por vezes, resvalar em desfilantes, que estranhavam a cena. A escola virá com, no mínimo, dois tripés – além dos quatro carros alegóricos que o regulamento permite.

MocidadeAlegre et Escada

Com diversas inspirações em ritmos musicais brasileiros diversos, a “Ritmo Puro”, bateria da Mocidade Alegre, sustentou o samba de maneira sóbria, sem abusar de muitas convenções. Mestre Sombra, comandante dos 280 ritmistas, destacou alguns dos gêneros que será “homenageados” pelo segmento. “A gente tem algumas bossas no ritmo de frevo e maracatu, por exemplo. De acordo com o que o enredo está pedindo, a gente dá uma pincelada de um ritmo diferente”, destacou.

MocidadeAlegre et MestreSombra

O líder da bateria, por sinal, destacou, de maneira sucinta, que o ensaio foi satisfatório. “Estamos dentro do que estamos ensaiando. Está tudo certo. Agora, vamos assistir com calma os vídeos existentes, vamos analisar tudo para ter um relatório mais apurado e detalhado. Mas posso adiantar que está tudo dentro do que estamos ensaiando”, finalizou mestre Sombra.