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Canto vibrante da comunidade é espetáculo proporcionado pelo ensaio da cinquentenária Barroca Zona Sul

Em preparação para o desfile onde celebrará seus 50 anos de história, a Barroca Zona Sul realizou no último domingo um ensaio geral com a presença em peso de sua apaixonada comunidade. A quadra da Faculdade do Samba, localizada no bairro do Jabaquara, foi tomada pelos componentes que esperaram pacientemente a conclusão das gravações da vinheta televisiva para iniciar seu treinamento. Uma apresentação alegre e com samba na ponta da língua marcou o encerramento do fim de semana da comunidade Verde e Rosa, que será a segunda a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, pelo Grupo Especial paulistano com o enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”.

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Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

Dedicação aos ensaios e dieta ‘raíz’: a preparação de Pixulé

A Barroca Zona Sul já está encravada no coração de Pixulé. O intérprete não perde a oportunidade de exaltar a agremiação a qual irá defender pelo sexto carnaval consecutivo sempre que pode, e fala com gosto a respeito da preparação da ala musical da Verde e Rosa para o próximo carnaval.

“Olha, está de vento em popa. A Barroca ensaia todos os domingos. Antes de começar o nosso ensaio tradicional, tem o ensaio de canto com a comunidade, e pasmem: a comunidade está com samba na ponta da língua. Vocês vão conferir isso no nosso ensaio técnico. Vocês vão ver toda a comunidade cantando samba. E detalhe: não é só a comunidade, o mundo do samba em São Paulo estão todos cantando o samba da Barroca Zona Sul”, declarou o artista.

Pixulé afirma que está marcando presença em todos os momentos da preparação da Barroca para garantir que o conjunto esteja afinado no dia da apresentação oficial.

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“A gente está tendo um ensaio intenso. O nosso diretor musical, o Cacá, ele faz um ensaio separado com os músicos para ver, limpar notas, essas coisas assim, e um ensaio separado com todos os cantores também para limpar finalzinho de notas, coisas assim. Depois faz um ensaio com todo o grupo para gente colocar em prática tudo aquilo que a gente vem ensaiando separadamente. E o Pixulé entra nisso aí porque eu tenho que estar nos dois ensaios. Eu vou no ensaio dos músicos e vou no ensaio dos cantores, e quando é o grupo inteiro eu também tenho que estar presente para passar aquilo que eu quero que eles façam durante o ensaio, principalmente durante o desfile da escola de samba”, explicou.

Questionado sobre seu trunfo para garantir as notas que a Barroca Zona Sul almeja no ano do jubileu de ouro, Pixulé reforçou a tese a respeito da necessidade do descanso, além de dar a dica de uma dieta reforçada e peculiar a qual considera sagrada antes de cantar na Avenida.

“O trunfo é o de sempre, né? A arma do cantor é o sono. Ele tem que dormir para descansar suas cordas vocais, para descansar a sua voz. Eu tenho a minha religião de todo ano quando a gente vai para a Avenida: eu bato uma feijoada com mocotó. Aquela descansada, aquela dormida, e à noite eu estou inteirinho para a Avenida. Alguns vão fazer exercício de voz, vão fazer nebulização. O Pixulé tem a religião de comer um mocotó e uma feijoada. Eu chego inteiro, inteirinho na Avenida e com sangue nos olhos. Ainda tem a caipirinha, que não pode faltar a caipirinha”, concluiu.

Dedicação e originalidade na dança de Marquinhos e Lenita

Ao longo do ensaio, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Barroca Zona Sul, Marquinhos e Lenita, demonstrou disposição e originalidade em seus movimentos, participando ativamente de todo o longo treinamento realizado pela escola. A dupla revelou como está o processo de preparação, que do que já está intenso aumentará ainda mais na próxima semana.

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“A gente tem ensaio uma vez por semana só nós dois, fechados aqui, quando vem só o casal e o coordenador para o ensaio, e a gente tem o ensaio de quadra. Fora isso, cada um de nós tem uma rotina de dança que já ajuda na preparação. A Lenita com as aulas de ballet dela, eu com meu programa, que agora começou os ensaios, também está alucinante. A resistência, essas coisas, a nossa rotina acaba ajudando bastante. E quando a gente vem para cá, nesse um dia que a gente vem para cá, a gente costuma dizer que é para otimizar o tempo. É um dia, mas é um dia que a gente consegue fazer ballet no mesmo”, detalhou Marquinhos.

“Mas ele está sendo humilde, porque é um dia agora. A partir da semana que vem começam os ensaios de quarta. Então, quarta, domingo e as terças que nós temos o nosso ensaio específico de jurado, preparação para a Avenida”, comentou Lenita.

“Aqui de agora para frente vai apertando, né? Dezembro aumenta um pouquinho, janeiro aumenta um montão”, acrescentou o mestre-sala.

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As tão faladas mudanças geradas pelo novo regulamento que passará a valer para os casais em 2024 foram defendidas por Marquinhos e Lenita com a propriedade de quem contribuiu para a construção do texto que estará nas mãos dos jurados.

“Eu fui uma das pessoas que ajudou a redigir. Aliás, todos os casais participaram, só que a proposta que serviu como base eu sou uma das pessoas que ajudou a redigir. O novo regulamento nada mais é do que um esclarecimento da fala para os jurados. Não só para os jurados, mas para a gente também porque muitas vezes as pessoas têm um olhar mais crítico quando o jurado é acadêmico. A proposta desse texto novo foi mais para aproximar uma linguagem que o jurado tenha mais esclarecido o que ele precisa ver da nossa dança tradicional. O segundo é resgatar a dança tradicional do mestre-sala e porta-bandeira, porque esse novo critério pede muita coisa da dança tradicional. Ele pede a forma da porta-bandeira segurar o pavilhão, que era em aberto. O trabalho de perna do mestre-sala, o desenho de pista, o casal tem que se desenvolver bem na pista, a questão de abrir o pavilhão. Isso só contribui para que a gente veja danças realmente com um bom material, tanto para o jurado quanto para o público. A questão do pavilhão que aumentou para 1,20m. Não se aumentou, o pavilhão já era 1,20m no passado, nós que fomos diminuindo. Como qualquer mudança, é o primeiro ano, então a gente só vai entender como isso foi olhado depois da apuração, mas eu acho que é um caminho bom porque a gente teve o treinamento dos jurados e até as perguntas dos jurados já estão muito mais pertinentes do que eram em outros anos. Agora não, agora está mais claro”, declarou Marquinhos.

Gestão de crise é o trunfo da direção de carnaval

Para o carnaval de 2024, a Barroca Zona Sul aposta em uma comissão responsável por cuidar da direção de carnaval. Um dos seus membros, Alex Ferreira, falou a respeito do andamento da preparação da Verde e Rosa para o desfile.

“Considerando que eu também sou diretor de alegoria, no que diz respeito a alegoria, fantasias, eu acho que, dentro do que a gente programou no início, a Barroca deu um ‘start’ muito antes. A gente começou já no final de julho a mandar as fantasias para fazer, e a gente começou os carros alegóricos. Hoje, a gente tem parte do carnaval praticamente pronto, acho que uns 70, 80% de tudo pronto. Quanto aos ensaios, uma coisa que a gente tem visto de positivo, pelo menos no nosso carnaval esse ano, é que o samba teve uma boa aceitação, e isso tem trazido até um público diferente pra escola. A gente tem feito também algumas escalas de ala e ensaios específicos com alas também”, declarou Alex.

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Em relação a ajustes que a escola possa vir a fazer até a chegada dos ensaios técnicos, Alex exaltou o retorno do tradicional ensaio de rua como parte importante para analisar os aspectos a serem melhorados. “No que diz respeito às alas, o feedback que a gente tem dos chefes de ala é que a gente está completo. É claro que uma coisinha ou outra, um ou outro departamento ainda precisa ali de público, mas a gente acredita que até o ensaio técnico, a gente tem a média de uns 5, 6 ensaios, e no dia 9 de dezembro a gente vai fazer uma coisa que já faz um tempão que o Barroca não faz, que é um ensaio de rua, e que também vai ser um termômetro para a gente. O carnaval tem se profissionalizado, essa é uma fala que todo mundo faz nos últimos anos, e a gente sabe que, nessa lógica da disputa, se o Barroca se perder a gente, por décimos, pode se prejudicar. Toda a preparação a gente tem feito”, afirmou.

O maior trunfo que a Barroca Zona Sul aposta para garantir uma vantagem no desfile do carnaval 2024 é se antecipar aos problemas. Com as grandes mudanças previstas em diferentes segmentos, principalmente a respeito de concentração, a Faculdade do Samba está preparando uma estratégia para garantir que tudo dê certo. O diretor explicou detalhes do plano em andamento.

“A gente tem feito uma análise principalmente dessas mudanças de regulamento, e principalmente no que diz respeito à organização, a montagem da escola. Esse é o primeiro ano em que as 14, teoricamente, ou pelo menos na lógica do que diz respeito à oferta da Liga, estão no mesmo patamar. Todas estão na Fábrica do Samba, todas terão as mesmas dificuldades de montagem. Todas partem de uma lógica que é nova para todo mundo. No que diz respeito à nossa posição no desfile, a gente é a segunda escola. E aí, dentro desse pensamento, acho que as escolas que vão desfilar primeiro, elas terão que usar como laboratório, pelo menos como observação, o desfile do Acesso 2, que acontece uma semana antes. Eu acho que ali vai ser o grande laboratório para a gente começar a visualizar. ‘Óh, isso deu certo, isso não deu certo. Acho que a gente tem que mudar aqui, tem que mudar ali’, e uma das estratégias que a gente tem pensado é estudar. Olhar para esse espaço e pensar em N possibilidades de dar errado, principalmente, porque se de novo a gente tiver que entrar para desfilar, deixando o pessoal lá embaixo na Praça Campo de Bagatelle, e as pessoas virem andando para montar a escola, se por um vacilo a gente atrasar em meia hora a nossa montagem, a gente vai ter que atravessar no meio das coirmãs. Acho que esse é um dos trunfos. A ideia é de tentar planejar o máximo de erros possíveis que possam acontecer para que a gente consiga chegar bem e fazer um bom desfile com todo mundo calmo, tranquilo, cantando o samba do jeito visto aí, para que a gente tenha sucesso no final”, concluiu.

Retorno às raízes é a aposta da bateria

Mestre Fernando Negão chega para 2024 com a missão de ditar o ritmo das celebrações dos 50 anos da Barroca Zona Sul. O comandante da bateria “Tudo Nosso” falou a respeito de algumas características diferentes que seus ritmistas levarão para a Avenida no próximo carnaval.

“A gente não vai mudar muita coisa. Os outros sambas eram mais afro, e agora é um samba bem raiz mesmo na escola. A nossa bateria vai ser bem forte, bem raiz, bem química, igual era antigamente. Eu peguei algumas características da bateria que eram antigamente e plantei na bateria”, declarou.

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Questionado a respeito de paradinhas e novidades que estão sendo preparadas, Fernando garante que boa parte do repertório já é conhecido da comunidade da Barroca.

“Tenho várias coisas que a gente está preparando. Inclusive, a gente está testando algumas coisas vistas aí hoje. Breque, paradinha, apagão. Olhar onde se encaixa, onde a escola canta mais, onde a escola canta menos. Mas hoje rolou aqui no ensaio praticamente 90% do que vai acontecer na Avenida”, afirmou.

O mestre aposta no conjunto dos instrumentos para garantir o resultado esperado pela Barroca Zona Sul em 2024. “O nosso destaque vai ser o conjunto. A gente não tem nada específico assim. Estamos priorizando mais o conjunto, a força do nosso conjunto para firmar na Avenida”.

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Questionado a respeito da relação com o carro de som diante das mudanças previstas no regulamento, mestre Fernando Negão exaltou os componentes e apontou a importância dos ensaios nesse processo.

“Antes, o carro de som não era julgado, e a partir desse próximo carnaval vai começar a ser julgado. Agora tem mais responsabilidade ainda entre o conjunto da bateria com o carro de som. Tem que estar bem sincadinho, porque senão aí já viu né. O nosso relacionamento aqui é bem bacana. É bem bacana com o Pixulé, o Cacá, que é o diretor musical. A gente ensaia fora da quadra, a gente tem algumas reuniões. Eles ensaiam, a gente ensaia aqui de quarta-feira junto com a ala musical para deixar tudo bem sincadinho, bem legal”, finalizou.

Um ensaio completo, digno de uma escola cinquentenária

Apesar do fato de completar 50 anos ser um marco relevante para qualquer escola de samba, contar a própria história na Avenida tem sido um desafio malsucedido de grande parte das agremiações que fazem essa aposta. Os resultados obtidos pelo Jubileu de Ouro da Mocidade Alegre, o Centenário da Portela e algumas outras apostas passadas fazem qualquer aniversariante pensar duas vezes antes de assoprar as velinhas sob os holofotes de um Sambódromo.

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Geralmente, as coisas começam a desandar quando o samba, razão maior de existir de uma escola, não corresponde às expectativas da comunidade. Mas o que o ensaio da Barroca mostrou no domingo foram componentes felizes por demais em celebrar a bela história da Verde e Rosa. A bela obra definida foi clamada com vigor por praticamente todos os presentes no cortejo circular que ocorreu ao redor da bateria “Tudo Nosso” do início ao fim do longo ensaio.

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Em dado momento, já partindo para reta final, um ciclo de três passagens do samba ocorreu cantado apenas pela comunidade enquanto os ritmistas se hidratavam. Surpreendente: o canto não caiu e o fluxo das alas ocorreu com a mesma desenvoltura dos primeiros minutos do treinamento. A sensação que um desempenho tão positivo de um ensaio de quadra proporciona é que a Faculdade do Samba parece ter superado o primeiro grande desafio que o tema definido precisava vencer: fazer seu povo não ter vergonha de bater no peito e cantar o orgulho de ser Barroca Zona Sul.

Bateria da Imperatriz se destaca e colabora com alto rendimento do canto em ensaio de rua fresco no clima, mas quente no samba

Em um fim de semana bastante atípico no Rio de Janeiro, com diversos eventos e uma situação de calor extremo no sábado e previsões de tempestade, a Imperatriz lavou a alma e se viu abençoada com um segundo ensaio de rua realizado no final da tarde do último domingo em Ramos que pela qualidade confirma a intenção da escola em brigar para continuar no topo em 2024. Se havia o temor com a possibilidade de um volume intenso de chuva para o domingo, que poderia até ameaçar o treino, a Imperatriz iniciou seu treino ainda no seco e com a temperatura bastante agradável que ajudou na evolução. A chuva mais intensa no final foi mais um ingrediente para temperar um ensaio alegre, com o samba mais uma vez dando o recado e a “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo, apresentando todo o seu arsenal de bossas e convenções e convocando a comunidade e componentes a aproveitar o clima de samba e seresta cigana.

Em uma das convenções, os ritmistas tocavam em uma pulsação mais parecida com seresta, destacando bastante os surdos, depois a bateria secava justo no trecho “ao som do violão e violino”, com o cavaquinho fazendo a intenção do violino, a bateria secava para valorizar o canto e voltava em alguma chamada que algumas vezes era de repique já com muita força e potência. Sobre o trabalho realizado para este treino, mestre Lolo revelou que a Swing da Leopoldina ainda tem alguma surpresa para levar para a Sapucaí, mas que procurou trazer para o ensaio já o grosso do trabalhado baseado no que pede o enredo para o samba deste ano.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Tudo o que vocês puderam acompanhar aí é o que vai para a Avenida, mas tem uma surpresinha que eu vou botar só na Avenida mesmo, mas o ensaio é isso aí mesmo, sem tirar nem pôr essas paradinha que colocamos hoje. Tem a bossa da seresta, é o que pede o enredo, trabalhamos dentro do tema, ano passado colocamos a zabumba, em 2022 teve o pagode, e esse ano tínhamos que inventar alguma coisa. A gente já está estudando e vai fazer. Não adianta a gente só fazer por fazer. tem que ter relação com o enredo”, explica o comandante dos ritmistas da Leopoldina.

André Bonatte, diretor de carnaval ao lado de Mauro Amorim, analisou mais um treino da Imperatriz Leopoldinense e elogiou o teste em comparação com o primeiro, considerando a Rainha de Ramos em uma condição de trabalho mais evoluída do que a própria escola estava neste período na preparação para o carnaval passado.

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“Eu acho que o processo é crescente, acho que a gente fez um bom ensaio inicial , acho que com a partida inclusive melhor que em 2023, foi uma boa largada na semana passada, e hoje acho que isso se consolidou. Mesmo com a chuva que a gente sempre fica apreensivo porque poderia ser um temporal e essas questões que sempre preocupam, mas acho que a comunidade se fez presente, gostei mais do canto que na semana passada, mas eu sempre acho que tudo pode melhorar, são condições de trabalho que a gente vai a cada semana acrescentando um ou outro elemento, mas eu vejo a escola pronta para ir para a Avenida hoje, tranquilamente”.

Em 2024, a Imperatriz vai levar para a Sapucaí o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, do carnavalesco Leandro Vieira. Buscando o bicampeonato, a Verde e Branca de Ramos irá encerrar a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial. No próximo domingo, 26 de novembro, a escola vai realizar mais um treino na rua.

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Comissão de frente

O coreógrafo Marcelo Misailidis levou para este novo treino na rua seis casais de bailarinos com as mulheres tipicamente portando uma saia e um lenço na cabeça que remete às roupas das ciganas. O grupo apresentava passos típicos das danças ciganas e apresentou uma coreografia de deslocamento já bastante interessante. Na representação da apresentação para a cabine, os dançarinos optaram de forma mais intensa por uma coreografia mais dançante, sem entregar muito das surpresas preparadas, mas com sincronia, beleza e intensidade, alternando entre passos mais de casais e outros mais coletivos. O efeito das saias e um momento em que as bailarinas eram erguidas no alto pelo par foram os pontos altos e de maior destaque da exibição.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro formam um casal que com certeza experimentam o tempo todo uma intensa troca a partir das características de cada um. No ensaio de hoje havia a intensidade de Phelipe com a delicadeza nos movimentos de Rafaela, mas que acompanhavam a velocidade do mestre-sala sem perder sua originalidade. Logo no início de uma apresentação no lugares onde estavam representados as cabines, Rafaela entrava na coreografia com muita potência em suas giradas, mas ao mesmo tempo com muita eficiência nos movimentos. Phelipe com sua intensidade e técnica nos passos, cortejava a porta-bandeira sempre com muita elegância, representando como a dupla faz bem um para o outro e formam um grande time que só fortalece o quesito. Importante destacar que o casal não pareceu em nenhum momento ter a intenção de se poupar na rua, entregando tudo e sendo bastante aplaudidos nos movimentos.

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Harmonia

O canto mais uma vez foi um dos destaques do treino. Se o samba juntado, de forma inédita na escola, poderia gerar alguma apreensão, até mesmo tem termos de aprendizado, pois aconteceram alterações para que as duas obras se unissem de forma eficiente, neste segundo treino mais uma vez a comunidade cantou de forma satisfatória, com alegria, com espontaneidade e pode-se perceber também uma boa resposta do público que acompanhava o treino. Um destaque era o mestre-sala Phelipe Lemos que além de cantar bastante a música também a todo momento inflamava os componentes com gritos de incentivo, principalmente nos deslocamento entre os pontos que representavam as cabines. O carro de som também foi um destaque com o equilíbrio e a eficiência no trabalho de cavaquinho dando a intenção do violino nas bossas que chamavam o verso do samba “ao som do violão e violino”. Pitty mais uma vez mostrou bastante domínio da situação e trouxe vozes de apoio bem afinadas, ensaiadas e sabendo tirar o melhor da obra. O diretor geral de harmonia da Imperatriz Leopoldinense, Thiago Santos, avaliou que o canto da escola teve um bom rendimento mais uma vez e que isso corrobora a decisão da escola de fazer a junção da obra de duas parcerias na final.

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“A gente sempre acreditou que ia dar certo, são muitos profissionais de excelência, a gente ficou muito tempo no estúdio, fizemos muitas reuniões, e a gente sabia que isso ia dar certo, que o samba ia ser muito popular porque os dois pedaços que se juntaram e hoje são um samba só, a gente sabia que eram as partes mais incríveis dos samba e elas se encaixavam. Eram obras do mesmo tom, então muita coisa estava caminhando para chegar nisso, e a confirmação está aí. O samba está sendo muito bem cantado, já foi muito bem cantado ontem no evento Guardiões da Favela, e aqui, até por gente que não é da escola, e a gente está muito feliz, tem muita coisa para vir ainda, acho que a gente vai melhorar mais ainda, e a gente começou esse ano da mesma forma que terminamos o ano passado, a gente já conseguiu botar muita gente na rua já no início do processo, e a tendência é isso melhorar”.

Evolução

Em um ritmo bem fluido, sem correria, e com as alas bem definidas, a Imperatriz evoluiu com muita alegria pela Rua Euclides Faria até a altura da esquina com a Rua Doutor Miguel Vieira Ferreira. Pode-se perceber, principalmente nas primeiras alas, alguma propensão para as coreografias, mas tudo acontecia de forma bastante espontânea, porém organizada e com algum sincronismo traduzindo uma verdadeira festa cigana pelo bairro. As saias de algumas alas produziam um bonito efeito e traziam colorido. Aliás, o colorido não se viu só na saia mas em outros adereços pelos componentes como balões, leques e alguns panos. O sincronismo também se via em uma bossa nas palmas muitas vezes puxada desde a comissão de frente no ritmo de seresta bem cigana mesmo. A comunidade vinha junto neste momento. No geral, não se viu buracos e nem alas se chocando ou embolando, a escola manteve seu padrão alto no quesito trazido desde o último carnaval. Alguns trechos da letra eram pontuadas por pequenas coreografias como no verso “Olhei o céu” em que os componentes olhavam para cima com os braços abertos ou no trecho “Vai clarear” em que os foliões levantavam e mexiam os braços.

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Samba-enredo

Como citado em harmonia, o samba mais uma vez passou muito bem no canto e não só sendo importante para o quesito harmonia e para o próprio quesito samba-enredo, mas claramente puxando também a evolução dos componentes que se mostraram bastante entrosados com a obra e felizes no ensaio. Um ponto importante a se destacar mais uma vez foi o trabalho desenvolvido pela bateria de mestre Lolo em cima da obra, respeitando a melodia e colocando um molho na música que deixou ela muito confortável e agradável de cantar, gostosa de se brincar, mas mantendo a força nos trechos necessários. Destaque, claro para o refrão “Vai Clarear…”, mas também pelo trecho final da segunda estrofe nos quatro últimos versos “Prenúncio da sina da minha escola/O sol beija a lua no espelho do mar/já está marcado no meu calendário/Verde-esmeralda é vitória que virá”. Sobre o rendimento do samba, o que ele já vem proporcionando para a escola e o trabalho da bateria em cima da obra, André Bonatte afirma estar surpreso com a fácil assimilação da música pela comunidade.

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“Eu achei que esse ano ia ser o maior desafio da minha história na Imperatriz porque pela primeira vez a escola fez uma junção de sambas e uma boa surpresa é que o samba foi muito facilmente assimilado pela comunidade. Eu acho que esse é inclusive um dos pontos fortes deste samba, porque consegue ser uma obra de fácil assimilação e ao mesmo tempo sendo uma composição bonita e poética. Acho que a comunidade consegue cantar ele com bastante facilidade, e sem dúvida nenhuma, um dos motivos principais pela junção do samba também foi essa condição harmônica que essa união poderia proporcionar junto a bateria. Quando se pensou nessa junção, o Lolo que participou do processo também já tinha os desenhos rítmicos pensados. É uma coisa que vem sendo pensada ao longo do tempo e hoje a gente só está consolidando um trabalho que já vinha sendo feito”, explica Bonatte.

Outros destaques

Antes da arrancada, em seu discurso, o diretor executivo da Imperatriz João Drumond prestou homenagem a Soninha, colaboradora e responsável pela boutique da quadra, e pelo ritmista da Swing da Leopoldina, Jefão, que faleceram esta semana. A rainha Maria Mariá, mais uma vez, veio acompanhada de crianças, esbanjando simpatia e samba no pé trajada bem a vontade com um top verde e um short jeans. Na bateria de mestre Lolo pode-se notar a presença de Caliquinho, ex-mestre da São Clemente, entre os diretores.

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Outra que mostrou muito samba no pé foi a musa Tati Rosa, recém promovida ao cargo este ano depois de representar a escola no concurso da corte do carnaval carioca. A beldade que já foi coordenadora da ala de passistas foi uma das mais festejadas pelo público, por onde passava neste desfile da escola. No esquenta deste ensaio foi a vez da comunidade relembrar o samba de 2022 em homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues, obra que marcou a volta da agremiação ao Grupo Especial, após passar e ser campeã pelo Grupo de Acesso em 2020, importante etapa desse momento de reestruturação da Rainha de Ramos que tem até agora no seu clímax o título do carnaval passado.

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O ensaio teve pouco mais de 1h de duração, com bom contingente, bom público e com a participação da maioria dos segmentos, além da diretoria representada principalmente pela presidente Cátia Drumond e o diretor executivo João Drumond.

Debaixo de chuva, comunidade da Portela mostra o seu valor e bateria faz espetáculo

Sob uma chuva persistente, centenas de componentes portelenses lotaram a Rua Carolina Machado, na noite desse domingo, para realizar o segundo ensaio de rua da Majestade do Samba visando o Carnaval de 2024. O treino teve início por volta das 19h40 e durou uma hora exata. O percurso realizado pela escola começou próximo à entrada da estação de trem de Oswaldo Cruz e terminou na esquina da Rua Clara Nunes. Os desfilantes enfrentaram diversos desafios provocados pelo mau tempo, como o acúmulo de água no chão, e outros originários da própria pista, entre os quais a falta de iluminação em alguns trechos da via. Essas adversidades poderiam ser sinônimos de uma apresentação problemática da agremiação, porém o que se viu foi um chão aguerrido, marcado pela superação dos componentes. Nem mesmo o não comparecimento de nomes importantes como o intérprete Gilsinho, o mestre-sala Marlon Lamar e dos integrantes da comissão de frente tiraram o brilho da passagem da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira, que viu o seu hino oficial para o ano que vem ter um bom rendimento embalado pela excelente performance da bateria “Tabajara do Samba”.

“Gratidão a todos os portelenses que puderam vir nesse domingo, que estiveram conosco na rua, porque teve a questão da chuva, teve a questão do tempo, mas a comunidade se fez presente mesmo assim. Em nenhum momento foi fraco o ímpeto e a força de canto portelense. Então, é disso que a gente está falando. Trata-se de um processo, onde etapa após etapa vamos cada vez mais cantar com força, evoluir com força. Fizemos o ensaio em uma rua que nos oferece uma técnica melhor, realizamos as cabines, balizamos um tempo que a gente entende que é bastante interessante para desfile e isso só acontece porque nós temos uma escola que, em uma situação climática como essa, comparece e representa com orgulho esse pavilhão. Todos nós estamos fazendo um processo de construção cada vez melhor. É sobre a Portela como um todo, sempre”, afirmou o diretor de Carnaval, Junior Schall, em entrevista concedida depois do ensaio de rua para a reportagem do site CARNAVALESCO.

No ano que vem, a Portela será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do seu vigésimo terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Um Defeito de Cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, a proposta é trazer uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim.

Samba-enredo

Após uma disputa equilibrada e marcada pelo bom nível dos concorrentes, a Portela escolheu, no início de outubro, a obra assinada por Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto, Bira e André do Posto 7 como hino oficial da agremiação para o Carnaval de 2024. A partir dessa definição, a composição, que despontou como uma das mais elogiadas da safra do Grupo Especial, passou a ser trabalhada em eventos na quadra, como os ensaios de canto, até ganhar as ruas de Oswaldo Cruz e Madureira neste mês. E mesmo com a ausência do intérprete oficial Gilsinho, o samba-enredo conseguiu ter um excelente rendimento neste segundo treino a céu aberto.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

O cantor Niu Souza, que comandou excepcionalmente o microfone principal, se saiu bem no desafio e mostrou segurança na condução. Ele soube explorar, junto aos demais integrantes do time de apoio, a riqueza melódica do samba, sem que este ficasse arrastado ou cansativo. Todavia, é importante ressaltar que a bateria “Tabajara do Samba” desempenhou papel crucial para que isso fosse possível. Com um andamento cadenciado e a qualidade já característica, os ritmistas comandados pelo mestre Nilo Sérgio deram um verdadeiro show na Rua Carolina Machado e foram responsáveis por não deixar nenhum dos presentes ficarem parados durante a passagem da Majestade do Samba, sejam eles somente moradores curiosos assistindo no portão de casa ou os próprios segmentos da escola enquanto desfilavam. O feito desencadeou um reflexo positivo no canto da comunidade e na evolução, contribuindo que o bom ânimo se mantivesse principalmente nos momentos em que a chuva castigou com mais força.

Harmonia

A comunidade da Águia Altaneira não se abateu com as adversidades geradas pela chuva e fez bonito no quesito harmonia na noite desse domingo. Com a letra na ponta da língua, os componentes entoaram o samba-enredo com bastante afinco. O trecho de maior rendimento foi justamente o refrão principal, cujo os versos “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/Em cada um de nós, derrame seu axé!” foram berrados por uma boa parcela das pessoas que estavam no local. Além dele, o refrão do meio, “Salve a Lua de Bennin/Viva o povo de Benguela/Essa luz que brilha em mim/E habita a Portela/Tal a história de Mahin/Liberdade se rebela/Nasci quilombo e cresci favela”, também teve uma boa performance e se destacou pela força do canto. Em contrapartida, outras partes da obra foram pouco entoadas ou em menor volume como “Me embala, oh! Mãe, no colo da saudade/Pra fazer da identidade nosso livro aberto” e “Sagrado feminino ensinamento/Feito águia corta o tempo/Te encontro ao ver o mar/Inspiração a flor da pele preta/Tua voz, tinta e caneta/No azul que reina Yemanjá”, ambas presentes na primeira estrofe. Falando das alas propriamente, um canto mais aguerrido foi observado em desfilantes de todas elas, só variando a quantidade deles dentro daqueles determinados contingentes. A primeira e a terceira ala do treino a céu aberto, assim como as duas últimas, acabaram sendo as que mais chamaram atenção positivamente nesse sentido.

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“O samba é muito potente como um todo. Em toda a obra musical, você tem um trabalho, que é contínuo, para conseguir obter um maior rendimento. Esse trabalho não vai só pela questão do canto, mas pela evolução, espontaneidade, o balanço de uma escola. Nós estamos buscando isso na rua, mas também nos ensaios de quarta-feira de canto. A Portela está ensaiando muito, com um calendário muito bom de treinos, para termos o melhor aproveitamento em cada parte. Interessante é que nós estamos naquele processo, como um todo, em que componentes tomam o samba para si. Ele passa a ser do desfilante, que o explora nesse espaço da melhor maneira possível. E com certeza, nesse momento, até pela característica dos refrões, eles são os pontos de ápice. O nosso trabalho agora é trazer para o máximo de posicionamento bom, efervescência, pulsação, força de canto, todas as partes do samba. É uma obra muito boa, formidável, que narra bem o enredo e que toca o coração e a alma do componente portelense”, ponderou Junior Schall durante conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

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Evolução

A Majestade do Samba definitivamente não quer cometer os erros do passado e esse segundo ensaio de rua na temporada para o Carnaval de 2024 serve como um exemplo dessa máxima. Debaixo de uma chuva que perdurou todo o período de apresentação, os componentes da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira demonstraram bastante garra para superar todos os percalços, que incluíram desde bolsões d’água no caminho até mesmo a pouca iluminação do trajeto. Mesmo nos momentos de maior aguaceiro, os desfilantes mantiveram a empolgação, cantando o samba, vibrando, abrindo os braços e pulando. Apesar das ausências da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, houve a simulação das paradas técnicas nas cabines de jurados. Por conta disso, o ritmo de desfile da escola oscilou trechos de lentidão com outros de maior agilidade. No entanto, isso não acarretou falhas mais graves no quesito como a abertura de buracos ou o embolamento entre alas. Além disso, a bateria também realizou o recuo e conseguiu fazer as manobras de maneira tranquila, sem passar por grandes transtornos.

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Bateria

O grande destaque desse segundo ensaio de rua da Portela na temporada para o Carnaval de 2024. Nem mesmo a chuva persistente foi empecilho para uma performance inspirada dos ritmistas liderados pelo mestre Nilo Sérgio. Ao todo, duas bossas, além de duas nuances, foram executadas no decorrer da passagem pela Carolina Machado, o que animou os desfilantes e os espectadores que se aglomeraram nas calçadas apertadas. A presença de atabaques e a ênfase dada à ala dos agogôs foram alguns dos pontos que se sobressaíram, assim como o andamento adotado pela “Tabajara do Samba”. Ao longo de uma hora de treino ao ar livre, o metrônomo registrou entre 144 e 145 BPM (batidas por minuto), o que permitiu preservar as características originais do hino oficial da agremiação para o ano que vem, assim como da própria bateria da Majestade do Samba.

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“O balanço desse ensaio é positivo, até porque serviu para ver como nos sairíamos em uma situação adversa. Se no dia do desfile estiver chovendo, a gente vai ter que ir de qualquer forma. Além disso, foi bom poder ter uma noção daquilo que desenvolvemos desde o primeiro ensaio, checar se vamos ou não tirar e colocar alguma coisa… Por tudo isso, o treino desse domingo era muito importante para a gente prosseguir o trabalho. Limpamos o que tinha que limpar na semana passada, limpamos na quarta, e hoje praticamos na rua. E essa semana agora já vou botar outra bossa, outro veneno, e assim vai. Portanto, o ensaio de rua foi muito importante sim, independente de chuva ou não. Pode até ter atrapalhado a afinação, mas em matéria de pegada, continuou tendo a mesma. E só aconteceu porque a gente não estava preparado. Pensávamos que ia chover e ia parar rápido, ou então não ia ter ensaio, por isso não botei o plástico nos instrumentos. Mesmo com esse ponto, o resultado foi muito bom, muito positivo”, avaliou o mestre Nilo Sérgio em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após a conclusão do treino.

Outros destaques

Prestes a fazer seu sétimo desfile no cobiçado posto à frente dos ritmistas da azul e branca da Oswaldo Cruz e Madureira, Bianca Monteiro já se tornou uma figura quase que dissociável da “Tabajara do Samba”. Em uma noite de ensaio de rua na qual a bateria roubou a cena, a beldade não ficou de fora dos holofotes e também se sobressaiu. Mesmo com a pista molhada e os trechos com acúmulo de água, a majestade portelense não economizou no gingado e deu uma verdadeira aula de samba no pé. Com um figurino simples, composto por um short jeans e um biquíni cravejado com pedras azuis, ela esbanjou beleza e simpatia durante sua passagem, fazendo questão de interagir com o público que assistia a apresentação da Portela nas estreitas calçadas da Rua Carolina Machado. Em um dado momento, próximo ao fim do treino, Bianca protagonizou uma cena fofa com a própria irmã, a pequena Laíz Inês, de apenas três anos. A garota mostrou que o amor pela folia vem de família e fez questão de ir para frente dos comandados do mestre Nilo Sérgio sambar junto da irmã mais velha.

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Outro destaque foi a participação da porta-bandeira Squel Jorgea no ensaio de rua desse domingo. Por conta da agenda de compromissos em São Paulo, o mestre-sala Marlon Lamar não pode estar presente e coube ao segundo casal portelense, formado por Emanuel Lima e Thainara Matias, a missão de conduzir o pavilhão na abertura do treino. Dessa forma, Squel optou por desfilar à frente da primeira ala e aproveitou para se jogar no samba. Animada, ela fez questão de interagir com os espectadores e os próprios componentes, mostrando já se sentir completamente em casa na nova agremiação.

Viradouro não toma conhecimento da chuva e realiza mais um ensaio de alto nível rumo ao Carnaval 2024

A Unidos do Viradouro realizou na noite do último domingo o seu terceiro ensaio de rua rumo ao carnaval 2024. Como tradição, o treino ocorreu na Avenida Amaral Peixoto, tendo início às 19h20 e com término às 20h13. Como todos sabem, boa parte da comunidade da Viradouro é oriunda de São Gonçalo e Niterói, ambos os municípios enfrentaram condições climáticas adversas, como ventania e fortes chuvas, deixando inúmeros bairros sem luz por horas, mas enganasse quem pensa que isso desanimou a escola, muito pelo contrário, apesar do contingente menor que o costumeiro, aqueles que marcaram presença não tomaram conhecimento da chuva e deram um verdadeiro. A raça de cada componente deve ser valorizada, do início ao fim todas as alas cantaram com muito vigor e deixaram uma belíssima impressão.

Antes do ensaio o diretor executivo da escola, Marcelinho Calil, falou sobre os problemas que atingiu parte dos municípios de São Gonçalo e Niterói e como isso poderia afetar o desenvolvimento do ensaio, segundo ele, a noite seria atípica, mas que tinha certeza que aqueles que conseguiram comparecer dariam conta do recado, ele ainda aproveitou para enaltecer o público presente. De fato Marcelinho estava certo, a comunidade deu mais um show e a sensação foi de que não havia ocorrido nenhum problema externo.

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“Grande parte Rio de Janeiro tá sofrendo um pouquinho com as chuvas, com questões de ordem natural que foge completamente da normalidade, a comunidade sempre lota, abraça, é que que hoje a questão de transporte público ficou também um pouquinho diferente do habitual, pessoal sem luz, sem sinal de telefone, então com certeza hoje é um contingente a menor. Mas não por falta de vontade, é porque a mobilidade ficou um pouco prejudicada nessas últimas horas. Mas não tem problema nenhum, quem está aqui vai dar o seu melhor. A escola está feliz, está contente de poder realizar o ensaio apesar disso tudo. A gente podia cancelar o ensaio, seria uma coisa muito mais lógica, mas obviamente quem tá aqui teve condição, a gente também tem condição, agora por exemplo, já não tá chovendo, enfim, o que a gente tem aqui com material humano e com as ferramentas que a gente tem, pode esperar um grande ensaio como sempre”, disse Marcelinho.

Em 2024 a Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente. Criado e desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo. O próximo ensaio da vermelha e branca será no próximo domingo, novamente na Avenida Amaral Peixoto.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Julinho e Rute são duas entidades e se comportam como tal, poder ver de perto o bailado dos dois é um verdadeiro bálsamo, a sintonia, a cumplicidade e a leveza ficam nítidos diante de nossos olhos. Neste ensaio não foi diferente, apesar da pista molhada, ambos passaram com a naturalidade e o vigor de sempre, durante as três paradas para os jurados eles já apresentaram a coreografia oficial do próximo desfile.

Sobre o ensaio, eles brincaram dizendo que esperam que no dia oficial a chuva não caia, afinal, desfilar com a pista seca é tudo que todos desejam. Rute pontuou que o ensaio foi importante para comunidade aprimorar ainda mais o canto e entrosar toda a escola. Já Julinho aproveitou pra dizer que a pista molhada é mais uma oportunidade da dupla trabalhar, ensaiar e se adaptar às situações adversas que podem surgir.

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Fotos: Luan Costa/CARNAVALESCO

“Sinceramente eu espero que o ensaio de hoje não tenha importância pro dia oficial. Que o ensaio de hoje seja pra cumprir mais um ensaio de canto, mais um ensaio da nossa coreografia porque a gente já treina a coreografia oficial. Eu espero que o tempo seja um zero à esquerda para o nosso ensaio. Mas é isso mesmo, a cada semana a gente sente que o canto tá mais apri não é um um samba com letras fáceis, que esteja no cotidiano das pessoas. Então, pra elas aprenderem, pra comunidade aprender, cantar bem, cantar com garra. Serve para interagir o carro de som com a bateria, e com toda a escola”, disse Rute.

“A gente procura desenvolver o nosso trabalho, é óbvio que as modificações vão acontecendo, a gente vai tentando melhorar, vai adaptando o que a gente quer enxergar lá na frente, como a gente quer o melhor pra nossa dança. E hoje é mais uma oportunidade que a gente tem de trabalhar e de ensaiar. Mesmo com chuva, com pista molhada, a gente vai tentando se adaptar a essas situações externas”, finalizou Julinho.

Samba-enredo

Um dos principais destaques da noite foi o samba de autoria de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno. O entrosamento de Wander Pires com a bateria de mestre Ciça contribuiu para que a obra crescesse a cada passada. Nem mesmo as palavras consideradas difíceis no samba foram capazes de diminuir a empolgação da comunidade, a adesão foi unânime inclusive pelo público que acompanhava o ensaio. O hino da escola se manteve bem durante todo momento, mas na parte “ê alafiou, ê alafiá!”, até a final da estrofe e nos dois refrãos o nível conseguia atingir a perfeição sonora. Foi uma avalanche.

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Bateria

Como já é habitual, a Furacão Vermelha e Branca deu mais um show, mesmo com o número de ritmistas reduzidos, os comandados de mestre Ciça deram conta do recado e contribuíram para mais uma avalanche da comunidade, a musicalidade e o entrosamento com o intérprete Wander Pires foram notáveis. Ciça contou que a programação seguiu a mesma, mas que a chuva e os problemas que o município enfrentou acabaram prejudicando um pouco.

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“A programação continua a mesma, mas a chuva prejudica um pouco porque Niterói sofreu muito com essa chuva. Aí a gente teve problema com componente, teve muita gente sem luz, sem água, sem telefone, mas vamos que vamos a Viradouro é essa raça. Hoje testamos colocar plásticos nos instrumentos e fizemos tudo que estava programado”, disse o mestre.

Harmonia

Uma escola alegre, vibrante e aguerrida, foi assim que os componentes da Viradouro passaram pela Amaral Peixoto. Ver e ouvir a forma como eles estavam foi uma experiência incrível, era impossível não seguir no embalo. O canto foi crescente e destacar uma ala seria injusto com as demais. Porém, na parte do samba que diz “Pra vitória da Viradouro” era uma verdadeira avalanche, principalmente quando a bateria parava, de longe era possível ouvir os componentes gritando o samba. Elogiada desde a escolha, a obra da vermelha e branca se mostra um verdadeiro acerto e tem tudo para crescer ainda mais até o desfile oficial.

Evolução

Organização e espontaneidade, assim pode ser definido a evolução da Viradouro durante este ensaio. Para quem nunca esteve na Amaral Peixoto, a via é extremamente larga, o que poderia atrapalhar a compactação da escola, principalmente neste ensaio por conta dos problemas já apresentados acima, foi motivo de aplausos. As alas evoluíram com extrema leveza e literalmente brincaram com o samba, mas sem perder a organização que já é marca da escola, todos sabem seu lugar e o que devem fazer, mesmo assim se divertem. Alguns elementos foram utilizados para demarcar o espaço das alegorias no desfile oficial e tudo ocorreu com extrema naturalidade, assim como a presença de algumas alas coreografadas que permearam o ensaio e nenhum problema foi observado, nem mesmo na entrada e saída da bateria do recuo.

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“Não temos como parar pra pensar que hoje realmente foi fora da sua normalidade, tudo que aconteceu na cidade, nós mantivemos a agenda, claro sempre resguardando quem não poderia vir, quem não pôde vir nós entendemos e quem veio veio com uma vontade muito grande de fazer o que a gente tem sempre feito aqui na avenida, que é ensaiar na intenção de fazer o melhor pra escola, e hoje mesmo com o contingente menor todos que estiverem aqui cantaram muito, o andamento do carro de som, bateria novamente mesmo com a chuva atendeu a nossa expectativa e é isso, daqui até o carnaval é tentar ensaiar todos os domingos”, disse Dudu Falcão, diretor de carnaval da Viradouro.

Outros Destaques

Os destaques da noite vão todos para Erika Januza, a incrível rainha de bateria da vermelha e branca de Niterói brilhou mais uma vez, com uma fantasia feita apenas com pérolas, ela foi extremamente festejada pela comunidade e mesmo com o chão molhado mostrou o habitual samba no pé, é incrível observar o quanto Erika está entrosada com a agremiação e de fato parece que nasceu para ocupar esse cargo.

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Vale destacar também novamente a força da comunidade da Viradouro, mesmo com todas as adversidades, o ensaio estava cheio e a raça apresentada foi digna de aplausos, mais uma vez foi uma amostra de que eles querem o campeonato e farão de tudo para levar o caneco para Niterói. Como brincou Marcelo Calil, presidente de honra da escola, aqueles que estiveram presentes no ensaio ganharam uma estrelinha.

No embalo da comunidade, Tatuapé se prepara para o Carnaval 2024

Por Will Ferreira e Fábio Martins

Como diz um dos alusivos da agremiação, teve samba na rua Melo Peixoto no último sábado de extremo calor e emenda de feriado. A Acadêmicos do Tatuapé realizou mais um ensaio geral visando o carnaval de 2024, com boa presença de segmentos importantes da escola de samba e, como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, canto alto em determinados pontos do samba-enredo – que cantará “Mata de São João – Uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!”. Com ótimo número de integrantes da ala das baianas e da Velha Guarda, a quarta colocada em 2023 falou diversas vezes em recuperar o título – que veio nos anos de 2017 e 2018.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Explosão de alegria

Para contar um município baiano, não poderia ser diferente: a alegria deu o tom para a canção, define Celsinho Mody, intérprete da escola. “É muito difícil falar desse samba, que é todo explosivo. Ele tem várias tinturas, ele é todo colorido, como é a Bahia. Mas ele traz coisas muito importantes. O primeiro é a forma de contar: ele trata da identidade do povo baiano, você vê que ele começa ali com o Xangô, depois os índios tupinambás, depois o povo negro, você vai construindo o cenário com a personalidade e identidade das pessoas. Fala da baiana, fala da senhora dos navegantes , fala de Iemanjá, fala do nosso senhor do Bonfim. Depois conclama o povo brasileiro a um grande abraço. Depois da pandemia, que foi ontem, a gente não podia abraçar ninguém – e esse samba conclama um grande abraço do povo do samba. E, no final fecha com ‘a Bahia tem axé do meu orixá’. Então eu tenho certeza que esse será um grande samba na avenida, a comunidade está muito feliz, cantando muito feliz, e eu vou te dizer que é o samba que eu mais estou cantando feliz até hoje, muito feliz mesmo”, destacou.

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A força da comunidade também foi citada por Eduardo Santos, diretor de carnaval e um dos presentes da agremiação – juntamente com Erivelto Coelho, Antônio de Castro e Edu Sambista. O trunfo da nossa escola sempre foi a nossa comunidade, a força do nosso componente, fantasiado ou não, que abraça a escola de uma maneira fantástica. Contamos com eles novamente, como sempre vamos contar. Ele é a nossa diferença e grande trunfo. Sem ele, não somos nada. Eles que vão levar tudo que está sendo feito na Fábrica, e eles quem levam todo o trabalho para o jurado ver. Se o jurado fosse na Fábrica do Samba, certeza que seria nota dez; se ele viesse aqui e visse nosso canto, nosso chão, ala musical e baianas, também daria dez para todo mundo. Mas nós dependemos do dia em que isso acontecendo, quando aproximadamente duas mil pessoas vão no Anhembi levar o trabalho todo produzido e ensaiado para o jurado ver. É para ele que entregaremos tudo isso para que, no dia 09, com a competência de sempre, ele mostre tudo o que fizemos ao longo de todo ano”, comentou.

Ao falar sobre pontos que podem ter evolução, Eduardo deixou claro que a autocrítica sempre acontece na escola. “Tudo tem ajuste para fazer, esse ajuste acaba quando o portão abre. Até lá, estamos ajustando, ensaiando, gravando ensaios, aperfeiçoando, onde não estamos legal para ficar legal, onde já está legal para ficar melhor ainda. Isso não para, é uma luta constante de todo dia, toda hora e todo ano. Vamos fazer isso sempre”, pontuou.

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A alegria também deu o tom na Evolução da escola. Em ritmo já bastante correto, a escola fez o ala a ala com ótimo andamento, aproveitando ao máximo o espaço da quadra – em determinado momento, com a presença de algumas pessoas que não estavam ensaiando (provavelmente aguardando a roda de samba que aconteceria depois do ensaio), os componentes passaram a evoluir em um espaço pouco menor. Também chamou atenção o fato de todos já estarem com a coreografia ensaiada e bastante expressivos em relação à dança.

Regulamento sem dramas

Grande novidade para o carnaval 2024, a mudança em boa parte dos quesitos no novo regulamento não é algo que assuste muitos segmentos da escola. Jussara Souza, porta-bandeira da escola, abordou o tema em entrevista. “O regulamento não é que está mais desafiador, ele está mais visualmente pronto para qualquer pessoa que estiver assistindo entender a forma como o jurado pode avaliar o casal. Tem a parte de musicalidade, de ritmo, de qualidade técnica – que é muito importante. Para o Casal Foguinho, atacamos esse novo regulamento da forma que já vínhamos trabalhando. Não mudou muita coisa porque, nos desfiles anteriores, já vínhamos trabalhando em cima do samba. Se a nossa fantasia representa o mar, nossa coreografia também representa o mar. Sempre trazemos alguma referência sobre o samba junto com a fantasia para o coreografia. Antes, o regulamento não pedia isso; agora, pede. Para nós, está tudo ok. Estamos prontos para encarar esse novo desafio”, comentou.

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A tranquilidade é tamanha que ela e Diego Silva já estão com quase tudo pronto para a apresentação oficial. “Não mudamos a forma de planejar o nosso trabalho para o próximo carnaval, estamos ensaiando e já estamos com a pista, a apresentação para o jurado, já pronta. Se o desfile fosse amanhã, já estaríamos prontos para brigar pela nota mais uma vez. Estamos ensaiando duas vezes por semana, trabalhando bastante a parte física e seguindo”, declarou. Vale destacar que a porta-bandeira estava acompanhando o casal mirim da agremiação (ela é mãe do mestre-sala de tal dupla) e que, antes do ensaio começar, a ala musical da instituição pediu forças para a mãe de Diego – por redes sociais, ele revelou que estava com a matriarca em um hospital. Toda a equipe também deseja forças para ela.

Celsinho aproveitou para destacar uma das novidades que a ala musical da agremiação trará para o Anhembi. “É um prazer a gente cantar junto, nosso trabalho aqui é coletivo. O nome do intérprete é Celsinho Mody, mas aqui é um trabalho coletivo, das vozes, das cordas. Para mim é um prazer e isso já entra no próximo regulamento, ao qual são dois décimos, que a sala musical pode tanto pontuar, trazer a mais ou perder pontos. Nós sempre tivemos aqui um trabalho muito rebuscado musical, você vê que a gente parava o canto das vozes para ouvir as cordas e vice-versa, e esse ano esse trabalho será multiplicado. Nós vamos fazer uma divisão de canto, um trabalho chamado reconstrução, que é trazer aquele canto da década de 1970, 1960, que as escolas de samba faziam, para o carnaval de 2024. Ou seja: as mulheres cantando como mulheres, cantando as vozes agudas, as oitavas, e os homens cantando como homens, com as notas mais graves, as notas mais, tônicas do samba. Vai ser muito bonito”, suspirou.

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Estreante na função de mestre de bateria, Léo Cupim (que não se incomoda em ser chamado por apenas um dos nomes) também destacou que o trabalho na Qualidade Especial é de seguimento. “O processo, na verdade, é uma continuidade. Vai ser uma continuidade do trabalho do mestre Higor, que já tinha a filosofia da escola há muitos anos. Vamos manter a bateria com vigor, com andamento mais para frente, que se tornou a característica da escola. Até por ter sido uma troca repentina, daremos sequência no que vinha sendo feito”, afirmou, relembrando o antigo comandante dos ritmistas – que permaneceu de 2010 a 2023 no posto.

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Vale destacar que a Qualidade Especial aproveitou para fazer algumas paradinhas e bossas, o que agitou os componentes. O mestre de bateria, por sinal, foi visto, em alguns momentos, indo para o meio da bateria para conversar diretamente com diretores e ritmistas.

Também em fala que remete ao regulamento, Léo Cupim trouxe mais alguns detalhes da bateria para o ano que vem. “O enredo sobre Mata de São João, na Bahia, certamente vai influenciar paradinhas e bossas da Qualidade Especial para 2024. Não teremos instrumentos complementares com referência à Bahia, mas todos os arranjos e bossas foram pensados com a temática, casando também com o samba”, revelou.

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Equipe entrosada

Em cada entrevista, diversos segmentos da escola se elogiam. Celsinho, por exemplo, faz questão de elogiar todo o restante do time de canto. “Nós temos três mulheres no canto: Keyla Regina, que é uma das maiores cantoras do Brasil, um vozeirão espetacular; Sté Oliveira, que entrou esse ano, que é um diamante, uma voz imensurável; e um tesouro que a gente tem, que é a Vanessa Demetria, uma musicista, está se formando agora em musicoterapia, e era componente da ala e passistas e veio integrar a nossa sala musical, já é o terceiro ano dela. Ela já vem fazendo esse trabalho de abertura de vozes para as oitavas, e esse ano ele será massificado. Nós temos aqui os nossos, que sem eles eu não sou nada: André Ricardo, o nosso capitão, Douglas Chocolate e Adriano, cantando as vozes masculinas. Nas cordas são quatro: Kleber, Souza, Celso do Cavaco, que toca bandolim, Caio Sena e Leonardo Gomes. A equipe é a mesma, são nove anos da mesma equipe, fomos aos poucos integrando a voz das mulheres, e esse ano haverá realmente uma divisão igualitária entre as vozes masculinas e femininas. É um trabalho conjunto muito ensaiado, muito rebuscado, um arranjo feito pela ala musical, com a regência da nossa diretora musical, Ana Nascimento, e vamos com tudo para levar música para os jurados. Eu confio muito, respeito muito os jurados do carnaval de São Paulo, porque são sempre músicos conceituadas na área, falando especificamente dos nossos quesitos que tangem o nosso canto. São jurados especializados, gente que sabe de música. Nós vamos fazer um espetáculo para o povo ser feliz, mas também para agradar esses jurados”, derreteu-se.

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Vale pontuar, por sinal, que a ala musical, em diversas oportunidades, conclamou a comunidade a cantar mais fortemente e sentir a Harmonia do samba – e os componentes responderam muito bem ao pedido.

O intérprete, por sua vez, recebeu vários elogios de Léo Cupim. “O Celsinho é um parceiro, grande amigo. Desde quando ele retornou à escola, foi uma honra recebê-lo aqui. Ele até conta que eu fui uma das primeiras pessoas a recebê-lo na quadra, e ali fizemos um pacto para buscar o título – o que aconteceu duas vezes. Essa parceria vai continuando, nada muda em busca em torno da nossa terceira escola”, afirmou.

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Responsável pela escola e pelos desfiles, Eduardo também entrou na onda. “Estamos trabalhando muito, dentro do nosso prazo. Estamos fazendo um trabalho fantástico na parte plástica lá na Fábrica do Samba, tudo dentro do cronograma – tanto nas alegorias como nas fantasias. Os três quesitos que estão por lá estão todos eles sendo muito bem realizados, dentro do prazo. Dentro da quadra, já estamos a todo vapor fazendo ensaios quintas e sábados. A partir da semana que vem, será terças, quintas e sábados. E, a partir de janeiro, com ensaios de rua e técnicos. Estamos aprimorando nosso canto e evolução, nossa dança… nossa bateria em um desenvolvimento muito legal, mestre Cupim em um trabalho maravilhoso. Nossa ala musical tem uma energia muito grande, que só nos traz muito orgulho e alegria. Estamos esperando com muita ansiedade o dia que juntaremos tudo isso para fazer um grande desfile, e esse dia será o 09 de fevereiro. Estamos nos preparando para que a gente consiga cumpriu o objetivo para o ano que vem: o grande desfile da nossa vida. Acho que vamos conseguir, mais uma vez, estabelecer um pacto de fazer o nosso desfile perfeito”, destacou.

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Sem a presença de Muriel Quixaba, rainha de bateria, quem interagiu com a comunidade à frente dos ritmistas foi a princesa da bateria, Talita Guastelli. Com extrema simpatia, ela apresentou os ritmistas e fez a ligação com o restante dos componentes da agremiação.

Cartas na manga

Se o segredo do sucesso da Tatuapé é conhecido, a escola não deixa de ter algumas surpresas para a avenida. Sem revelar a fantasia que usará em 2024, Jussara falou sobre o andamento da vestimenta. “Já vimos a fantasia, mais um ano podendo dar a opinião e deixar a fantasia de uma forma mais leve e tranquila para executar os movimentos da pista. Vai ser uma fantasia bonita mais uma vez, e já fizemos prova de costura e sobre o pano. Agora, ela está entrando na parte de finalização, de decoração e montagem de plumagem. Já está bem adiantado”, comemorou.

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Por fim, Léo Cupim comentou que a Qualidade Especial terá um segundo instrumento para que todos fiquem de olho. “Além do agogô, temos um naipe especial que eu gosto de exaltar: o de chocalhos. É um naipe bem forte, que tem um arranjo bem especial para 2024”, finalizou.

Mais fotos do ensaio

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Debaixo de chuva forte, Porto da Pedra realiza ensaio de alto rendimento, com destaque para o samba-enredo

A Unidos do Porto da Pedra realizou na noite do último sábado o seu terceiro ensaio de rua rumo ao carnaval 2024, a forte tempestade que atingiu o município de São Gonçalo afastou o público, mas não impediu que a comunidade cantasse e evoluísse com muita empolgação. O público já estava chegando e a escola se concentrando nas ruas Doutor Feliciano Sodré e Doutor Nilo Peçanha quando o vento anunciou a forte tempestade que estava chegando. Por conta disso, o treino da vermelha e branca atrasou e começou ás 21h30, durando pouco mais de uma hora. Apesar da adesão não ter sido completa por conta do tempo, o samba-enredo da escola foi o ponto alto da noite, conduzido brilhante por Wantuir, a obra contribuiu para que a comunidade cantasse com muito vigor.

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Fotos: Luan Costa/CARNAVALESCO

Para o Carnaval 2024 a vermelha e branca levará para a avenida o enredo: “O Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”, que celebrará o saber popular utilizando o “Lunário Perpétuo”, seus ensinamentos e desdobramentos, como guia precioso. O tema está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes e pelo enredista Diego Araújo. O Tigre de São Gonçalo terá a missão de abrir os desfiles no Grupo Especial, domingo, dia 11 de fevereiro. O próximo ensaio a céu aberto da agremiação será na Praça dos Bandeirantes, no bairro de Amendoeira, no dia 25, trata-se de uma iniciativa da Prefeitura em parceria com a escola para que sejam realizados treinos em diversas localidades do município.

“Caiu um dilúvio antes, a gente tava com a escola pronta, acabou afastando muita gente, mas de um modo geral o ensaio foi bom, a resposta da comunidade foi muito boa, infelizmente o público não ficou presente por conta da chuva. O importante é que a escola está em uma crescente no que diz respeito a canto, é gradativo, é ensaio de rua, é ensaio de canto as quintas-feiras, sinto que estamos subindo um degrau a cada ensaio”, disse Amauri de Oliveira, diretor geral de Harmonia da Porto da Pedra, em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.

Comissão de Frente

Pela primeira vez nessa temporada, a comissão de frente assinada pelo coreógrafo Júnior Scapin participou do ensaio de rua, composta somente por rapazes, a comissão realizou a coreografia de deslocamento e cada componente utilizou uma espécie de bastão para auxiliar nos movimentos. Segundo Scapin, o ensaio serviu para colocar em prática as duas semanas de ensaio que tiveram, além de testar a resistência física dos bailarinos.

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“A gente começou a ensaiar fazem duas semanas, estamos com a coreografia de deslocamento pronta, que é essa que estamos ensaiando nessas duas semanas, na próxima segunda-feira a gente começa a outra coreografia de deslocamento e parte pra jurado. Cheguei atrasado por conta da chuva, tava tudo parado, mas consegui chegar, peguei eles fazendo o quarto jurado, mas pelo o que minha assistente falou foi ótimo, é a primeira vez que estamos aqui, então a gente usa esse ensaio mais pra resistência, ver como os meninos vão aguentar, a roupa deles é bem pesada, eles são um personagem muito importante e específico dentro da história. Pelo o que vi aqui vai dar tudo certo, eles aguentaram e deram conta do recado”, disse o coreógrafo.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Não foi só a comunidade que não conseguiu chegar em peso para o ensaio, por conta da chuva, a primeira porta-bandeira, Denadir Garcia, ficou presa no trânsito e não pôde participar do treino, seu parceiro de dança, Rodrigo França, dançou com a segunda porta-bandeira e mesmo com as adversidades aprovou o ensaio.

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“Sem a Denadir foi complicado, a gente está ensaiando desde que ela chegou na escola, então tudo que a gente trabalhou a gente coloca em prática no ensaio de rua, mas deu pra levar, eu tenho o tempo do samba, tenho o momento de entrar e o momento de sair, graças a Deus com a segunda porta-bandeira consegui fazer bonito. Ensaiar debaixo de chuva também faz parte, no dia oficial pode estar tá chovendo, tem que tirar de letra e saber dibrar as adversidades”, pontuou Rodrigo.

Harmonia

O ensaio de sábado mostrou que a comunidade da Porto da Pedra está com o samba na ponta da língua, foi apenas o terceiro ensaio de rua, mas é possível perceber a crescente do canto da escola, aliado a isso, o carro de som conduzido por Wantuir e com participação de Luizinho Andanças, intérprete que marcou época no Tigre, mostrou estar muito entrosado. O samba para 2024 é leve e proporcionou que os componentes se divertissem durante o cortejo, neste ensaio foi possível observar um canto uniforme de todas as alas, até mesmo as que estavam posicionadas no final.

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Evolução

O componente da Porto da Pedra ensaiou de forma solta, a chuva que caiu antes poderia desanimar, mas ocorreu o contrário, a comunidade se entregou e evoluiu com muito vigor. Apesar de não estar em grande número (muito por conta da dificuldade que alguns tiveram para chegar), o balanço foi positivo, as alas ensaiaram de forma descontraída e nenhum componente parecia estar engessado, o que tornou a passagem da escola ainda mais leve. Alguns elementos foram utilizados para demarcar o espaço das alegorias no dia do desfile oficial e algumas alas coreografadas marcaram presença também. A vermelha e branca não apresentou nenhum buraco ou pausas abruptas, nem mesmo com a entrada e saída da bateria do recuo.

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Samba-enredo

O samba-enredo de autoria de Guga Martins, Passos Júnior, Gustavo Clarão, Lucas Macedo, Leandro Gaúcho, Clairton Fonseca, Richard Valença, Gigi da Estiva, Abílio Jr., Marquinho Paloma, Cristiano Teles e Ailson Picanço foi peça fundamental no bom ensaio realizado pela escola, conduzido brilhante por Wantuir, que se mostrou extremamente a vontade durante a passagem, o samba se mostrou desde o início um trunfo da escola, a comunidade abraçou a obra e cantou com extrema empolgação.

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A obra tem uma melodia que permite que o componente cante sem demonstrar cansaço, tudo ocorre de forma fluída e facilita a vida do brincante, a letra tem alguns trechos que mexem com o brio da comunidade e permite que eles cantem com ainda mais empolgação. Vale destacar o refrão principal, com os versos “Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Okê, caboclo! Tempo bom vem pra ficar!/Quarto minguante, a moringa quase seca/Maré virou, virou luar!/Tem alambique pra beber na quarta-feira/Faltava o tigre pro Lunário completar!”, foi berrado pelos desfilantes, sendo o trecho de maior rendimento.

Bateria

Mesmo não estando completa, a “Ritmo Feroz” mostrou que está entrosada e contribuiu para o bom rendimento do samba. A chuva, que é sempre dor de cabeça para qualquer bateria, não foi impecilho para que os ritmistas pudessem brincar durante o ensaio, com um andamento agradável e inúmeras paradinhas, a bateria foi um dos pontos altos da noite. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, mestre Pablo contou que as adversidades da noite contribuíram para preparar ainda mais a escola, ele também pontuou que não houve mudanças por conta da chuva.

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“A gente precisa estar preparado para qualquer situação, chuva, chuva de granizo, nada vai parar o tigre de São Gonçalo, pode cair canivete que a gente vai tá lá e mostrar a garra povo gonçalense. Não fizemos nada diferente, nada mudou, fizemos paradinhas, tudo que vamos fazer na avenida, nós fizemos hoje aqui, a chuva não atrapalhou em nada, pelo contrário, só deu mais alegria pra gente”, disse mestre Pablo.

Outros Destaques

Mesmo com a condição climática adversa, o ensaio deste sábado contou com presenças ilustres, a começar pelo prefeito da cidade, Capitão Nelson, ele esteve presente, mas diferentemente do último ensaio, não realizou nenhum discurso.

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Tati Minerato, a sempre presente rainha de bateria da ritmo feroz, não se importou com a chuva e esbanjou samba no pé, a loira ainda demonstrou muito carisma e foi bastante tietada pela comunidade.

De volta a vermelha e branca depois de longos anos, a cantora Valesca Popozuda caiu no samba e mostrou que já está com o hino de 2024 na ponta da língua, muito festejada pelo público, a cantora fez questão de tirar foto com todos que pediram.

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Porém, o grande destaque da noite foi o Tigre de São Gonçalo, o mascote oficial da Porto da Pedra, ele marcou presença e foi a figura mais procurada antes, durante e depois do ensaio, inúmeros segmentos pediram para tirar foto com o mascote, que caiu no gosto popular rapidamente.

Tirolesa com bicicleta faz sucesso entre os sambistas no festival Guardiões da Favela na Cidade do Samba

Não faltou entretenimento e diversão na segunda edição do Guardiões da Favela, que ocorreu no último sábado na Cidade do Samba. Além do espetáculo produzido pelas baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, o festival contou com uma tirolesa. O projeto foi resultado de uma parceria entre a Acadêmicos do Grande Rio e a prefeitura de Maricá e era gratuito.

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Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Em cima das tradicionais bicicletas da cidade, as “vermelhinhas”, o público precisava pedalar para cruzar os 100 metros de cabo de aço que cruzavam a Fábrica de Sonhos. A travessia era registrada por um drone e a filmagem fornecida no final. Os únicos requisitos eram preencher um termo de responsabilidade e ter no máximo 100 kg. Segundo Oz Eneas, diretor de Live Marketing da STA.live, que presta serviços para a prefeitura de Maricá, a proposta foi levar para o carioca um pouco do que o município oferece e, ao mesmo tempo, enaltecer a Unidos de Maricá.

“A nossa escola se chama Unidos de Maricá. Daí fizemos esse trocadilho com a hashtag “Unidos por Maricá”, e trouxemos um resumo do nosso olhar social – tudo o que a cidade faz pelo povo. A bicicleta é um dos símbolos do nosso município, porque assim como os ônibus, a população utiliza sem ter que pagar nada. A ideia é trazê-la em uma forma de tirolesa, gratuita, representando essa entrega social”, explica Oz.

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Apesar de bastante utilizada e elogiada por quem a frequentava, a tirolesa precisou ser fechada por conta das fortes chuvas e ventanias que atingiram a Região Metropolitana do Rio. Idealizador do festival, mestre Fafá, que comanda a bateria da tricolor de Caxias, revelou que a proposta inicial era colocar uma roda gigante. Devido ao alto custo e inspirados em uma ideia da Beija-Flor, a organização do evento buscou patrocínios para que a tirolesa fosse instalada.

“Foi uma ideia em conjunto. Vou confessar que iria ter uma roda gigante, só que o custo seria muito alto. Foi uma ideia nossa e até seguindo a ideia bacana que a Beija-Flor fez na quadra deles. Conseguimos esse apoio com a prefeitura de Maricá. Tivemos um probleminha com São Pedro, mas deu tudo certo”, contou Fafá.

Juntando o samba no pé com a aventura radical, o sambista Diego Tavares, 22 anos, universitário e torcedor da Portela, testou a tirolesa e aprovou. Para ele, seria importante mais iniciativas que oferecessem serviços gratuitos.

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“Quando eu cheguei, achei que precisaria pagar para usar. Seria legal que outras coisas desse tipo fossem disponibilizadas nas escolas para mais público – principalmente o mais jovem. Espero que tenha nas outras vezes. O mais legal é que ao mesmo tempo a tirolesa mostra algo que o Rio não tem, que é o transporte público gratuito”, diz Diego.

Imperatriz realiza feijoada da Consciência Negra com Mangueira e Fundo de Quintal

A Imperatriz Leopoldinense realiza, nesta segunda-feira, a partir das 13h, a Feijoada da Rainha – em homenagem ao dia da Consciência Negra -, com a presença da Estação Primeira de Mangueira, show do Grupo Fundo de Quintal e muito mais.

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“A feijoada da Imperatriz é famosa também pelo ambiente familiar e acolhedor. Esse é um evento de comemoração e também de reflexão do dia da Consciência Negra, que é a ancestralidade do nosso carnaval”, afirma Cátia Drumond, presidente da Imperatriz.

A Feijoada da Rainha de Ramos vai contar, também, com um super show da Swing da Leopoldina e o Pagode do mestre Lolo. A compra dos ingressos para o evento, que vai reunir o melhor do samba e do carnaval, pode ser feita através do app da Sympla ou de link disponível no Instagram da escola.

Guardiões da Favela é um sucesso e merece estar no calendário anual de eventos

A segunda edição do Festival Guardiões da Favela foi realizada na tarde/noite de sábado e terminou na manhã de domingo, na Cidade do Samba. Um total de 15 baterias se apresentaram, revezando no palco colocado de forma centralizada onde fica a tenda. A ornamentação já indicava que o Festival desse ano pensou bastante nos detalhes. Em momento algum faltou água para ritmistas que tocavam, preocupação válida por causa da onda de calor. O calor, inclusive, acabou atrasando o início, mas nada que prejudicasse a animação do público. A Viradouro não se apresentou no encontro, porque houve atraso no evento e a escola já tinha compromisso na quadra da Mangueira.

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Porto da Pedra: A bateria da Unidos do Porto da Pedra contou com sua tradicional pegada característica. E mesmo com o andamento um pouco mais acelerado por questão de identidade, a “Ritmo Feroz” fez sobressair o peso de suas marcações. O balanço cativante dos surdos de terceira foi um dos pontos altos do ritmo gonçalense, bem como o toque firme dos marcadores de primeira e segunda. Vale menção para a execução privilegiada do samba campeão do grupo de Acesso da Liga-RJ do Carnaval 2023, com suas bossas potentes sendo apresentadas com precisão e firmeza.

Império Serrano: Com um ritmo de energia ancestral é possível dizer tranquilamente que a “Sinfônica do Samba” é uma verdadeira entidade musical do carnaval carioca. Sua levada identitária de caixa com rufada se apresentou de forma uníssona, garantindo com o bom balanço das terceiras, uma apresentação bastante vibrante. O nível de detalhamento musical de uma bateria como a do Império Serrano é simplesmente impressionante. Além das convenções repletas de densidade sonora, vale ressaltar a própria forma como os ritmistas se entregam musicalmente, produzindo uma sonoridade profundamente diferenciada e de amplo destaque.

Unidos da Tijuca: Mesmo com número de contingente reduzido em relação às demais baterias, a “Pura Cadência” se exibiu de forma consistente. Uma apresentação que brindou o público com uma afinação de surdos diferenciada, que ajudou a evidenciar o trabalho pulsante dos surdos de terceira. As caixas de guerra tijucanas também contribuíram preenchendo a sonoridade com aquela batida clássica do ritmo do Borel. Os naipes agudos ajudaram a consolidar a musicalidade da bateria da Tijuca. Cuícas ressonantes, além de tamborins e chocalhos que tocavam de forma sincronizada, deram leveza à parte da frente do ritmo.

União de Maricá: A bateria “Maricadência” fez uma apresentação intensa. Com marcadores bem firmes e surdos de terceira cheios de balanço, se mostrou uma bateria que aproveitou o momento de fazer ritmo para interagir com o público, através de uma exibição musicalmente energética. Seu esquenta misturou um ritmo pesado e acelerado, com uma bateria que não só pulsou firme, como se exibiu de forma animada, jogando o clima do evento lá no alto! Durante a apresentação do samba do Carnaval 2024, mestre Paulinho Steves não conseguiu conter a emoção e acabou indo às lágrimas, enquanto agradecia aos ritmistas pela exibição que dignificou o ritmo da União de Maricá, num evento dessa magnitude e importância.

Império de Casa Verde: Antes mesmo de iniciar seu esquenta, foi possível ouvir raios e trovões que precederam um dilúvio que acompanhou toda a exibição da bateria do Império de Casa Verde. No esquenta, a “Barcelona do Samba” adotou um andamento um pouco mais para frente que o de costume, mas que contribuiu dando pressão ao ritmo imperiano. Com um naipe de caixas absurdamente ressonante, a bateria do Império executou seus sambas de forma precisa, contando ainda com uma levada de surdo de terceira de grande destaque, que contribuiu tanto com balanço, quanto com pressão. É possível afirmar que a explosiva apresentação do samba do Carnaval 2023 foi um dos pontos altos da festa. Principalmente devido à paradinha do refrão principal, quando os surdos terminam a bossa subindo em progressão dinâmica, demonstrando bom gosto.

Estação Primeira de Mangueira: Toda a energia tipicamente mangueirense foi traduzida em forma de ritmo genuinamente verde e rosa. Uma bateria vibrante, com marcadores poderosos e caixas ressonantes. O surdo de primeira pulsou firme, intercalado pelo balanço dos surdos mor. A bateria “Tem que Respeitar meu Tamborim” fez jus ao nome, apresentando uma ala de tamborim coesa, firme e profundamente impactante. Vale mencionar também cinco ritmistas do naipe de xequerês, que ajudaram não só no ritmo, mas como na leveza e energia da cabeça da bateria. Tocaram, dançaram e se divertiram! A espontaneidade da bateria da Mangueira foi aquele peculiar show. Uma exibição poderosa, com sonoridade sobretudo sofisticada.

Acadêmicos do Salgueiro: Com sua típica vibração salgueirense a bateria Furiosa fez uma apresentação espontânea e intensa. Começando com um esquenta que jogou o clima lá no alto, a nítida energia dos ritmistas contribuiu na exibição luxuosa. Apresentando sua afinação de timbre grave característico, o molho de caixas, taróis e repiques foi realçado pelos surdos de terceiras com sua pegada peculiar. A pressão de suas marcações deixou os presentes impressionados com o ritmo da Furiosa, proporcionando uma interação popular de grande destaque. Vale ressaltar que o já aclamado samba para o Carnaval 2024 provou seu valor, possibilitando uma apresentação pra cima e vigorosa.

Acadêmicos do Grande Rio: A escola organizadora do Festival optou por iniciar sua apresentação no palco principal da Cidade do Samba, até por apresentar de longe o maior contingente da noite. A escolha trouxe conforto no esquenta dos ritmistas, que puderam se divertir enquanto faziam ritmo. A cadenciada bateria da Grande Rio se exibiu de forma segura, num ritmo cujo destaque foi a equalização entre os naipes, onde era possível ouvir qualquer instrumento independente do ponto onde se estava na bateria. O toque ressonante das caixas foi destaque de um ritmo absolutamente fluído, que ainda contou com repiques coesos e retos no preenchimento da sonoridade dos médios. Todos os instrumentos eram percebidos, graças ao toque educado e ponderado dos ritmistas, que tiravam som das peças com a firmeza certa.

Beija Flor de Nilópolis: Antes mesmo de subir para o palco, a bateria “Soberana” iniciou seu esquenta cantarolando seu samba do ano, enquanto executava seu privilegiado leque de bossas para o próximo carnaval. Vale destacar a animação dos ritmistas, que fizeram um esquenta que mesclou ritmo com alto astral. A bateria da azul e branca de Nilópolis exibiu sua afinação característica de surdo, com destaque para o timbre agudo do surdo de segunda. O complemento dos médios esteve em evidência, graças ao bom trabalho de caixas e repiques. A ênfase no samba do Carnaval 2024 foi tanta que, logo após o hino de exaltação, rolou sua surpreendente execução. A Soberana acompanhou de forma simplesmente luxuosa a obra da Deusa da Passarela, com convenções extremamente conectadas ao samba-enredo. Nitidamente a sonoridade da bateria da Beija Flor impulsionou o samba da escola, recheando sua apresentação com bom gosto musical.

Portela: A bateria “Tabajara do Samba” se apresentou com sua peculiar classe. Com marcadores que pulsaram de forma firme, mas sem correria, o que auxiliou o bom preenchimento dos médios, com repiques ressoando juntos à batida tradicionalmente rufada das caixas de guerra. Os surdos de terceiras foram o ponto alto da sonoridade portelense, possibilitando um balanço simplesmente único para a bateria da Águia. A musicalidade genuinamente portelense encantou o público presente, com seu aspecto particularmente grave, que ainda contou com naipes agudos sólidos para preencher com consistência a bateria da Portela.

Paraíso do Tuiuti: A bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiuti se exibiu com um ritmo requintado. Com uma afinação de surdos mais leve, os naipes médios sobressaíram de forma considerável, com destaque para repiques e caixas. Com um agudo de qualidade, o preenchimento sonoro da bateria do Tuiuti se mostrou simplesmente sublime, principalmente com sua ala de chocalhos altamente técnica, acompanhada de tamborins e cuícas tocando de forma segura e coesa. Uma atuação profundamente precisa da bateria do Tuiuti, com um ritmo refinado e consistente. A apresentação tecnicamente impecável se juntou a um clima de interação popular, à medida que a bateria do Tuiuti executava suas bossas com maestria.

Unidos de Vila Isabel: A bateria “Swingueira de Noel” se apresentou de forma sólida e precisa. Com sua afinação particularmente grave, os marcadores foram firmes. O destaque musical ficou por conta do ritmo coeso e equilibrado dos médios, desenvolvidos por caixas retas, repiques e taróis com batida de partido alto. A segurança e consistência dos naipes agudos também merecem menção musical positiva, pois auxiliaram no preenchimento do ritmo com eficácia e qualidade sonora. Animação não faltou aos ritmistas da bateria da Vila, que aproveitaram a participação no Festival para aliarem boa musicalidade e espontaneidade. A execução privilegiada das bossas impressionou, assim como a boa educação musical do ritmo da Vila.

Imperatriz Leopoldinense: Uma bateria “Swing da Leopoldina” muitíssimo bem afinada foi notada. Sua definição de timbres beirou o espetáculo, tudo isso fortalecido por um balanço irrepreensível dos surdos de terceira. No preenchimento dos naipes médios, repiques sólidos tocaram entrosados com caixas de guerra ressonantes. As peças agudas também impulsionaram o bom ritmo da verde e branca de Ramos, adicionando nítida qualidade à parte da frente da bateria. As bossas foram executadas com firmeza e precisão. A educação musical nítida facilitou com que a segurança pautasse o toque dos ritmistas, incluindo as retomadas.

Vai-Vai: A bateria “Pegada de Macaco” se apresentou com seu ritmo tradicionalmente acelerado, com bastante pressão provocada pela afinação de timbre bem grave das marcações. O balanço dos surdos de terceira foi o destaque da cozinha da bateria. Os naipes agudos auxiliaram no preenchimento sonoro demonstrando virtudes musicais, com menção positiva para o entrosamento entre tamborins e chocalhos. É possível dizer que o ritmo da bateria do Vai-Vai possui uma energia musical bastante peculiar, com os ritmistas colocando também muita emoção como parte característica do seu toque. O público, nitidamente fascinado, respondeu com interação caindo dentro da escola do povo de São Paulo e de seus sambas históricos. Uma apresentação visceral, que conectou a musicalidade da bateria do Vai-Vai, com a explosão típica dos sambas da escola do bairro do Bixiga.

Unidos de Padre Miguel: A Bateria “Guerreiros” da Unidos de Padre Miguel fez uma apresentação segura e equilibrada. Um fato que merece ser mencionado é que foi o ritmo com maior participação feminina, graças inclusive ao projeto de Bateria das Guerreiras, lançado por mestre Dinho e com ritmo completamente composto por mulheres, comandada pela mestra Vivian Pitty. Com uma afinação tradicionalmente mais pesada, a bateria da UPM exibiu um ritmo consistente, com ótima execução dos agudos, principalmente dos tamborins e chocalhos, que por vezes tocavam entrelaçados. As bossas altamente musicais foram destaque dentro da sonoridade da bateria da UPM.

Mocidade Independente de Padre Miguel: A bateria “Não Existe Mais Quente” iniciou seu esquenta com repique solista tocando, lembrando as apresentações “das antigas”. Logo após o repique chamar o ritmo foi possível constatar a inigualável subida cascavel do chocalho independente. A afinação invertida de surdos foi percebida. O complemento sonoro dos médios foi contundente. Repiques coesos e caixas de guerra rufadas com acentuação diferenciada preencheram a sonoridade com eficácia, bem como os agogôs de duas bocas contribuíram no balanço, junto de surdos de terceira profundamente envolventes. Tamborins e chocalhos se exibiram de forma sublime, acrescentando valor sonoro à musicalidade da bateria “NEMQ”. O jeito característico e único da bateria da Mocidade encerrou o evento da melhor forma possível, com uma sonoridade que reflete por completo seu DNA musical. Ao invés de terminar sua apresentação andando pela passarela até o palco principal iguais às demais escolas, a bateria da Mocidade preferiu descer pelas escadas que subiu para o palco e terminar sua apresentação no meio da tenda da Cidade do Samba, em meio ao calor do público. Um final apoteótico, de um festival feito de sambistas para sambistas.

Mais do que nunca o Festival Guardiões da Favela foi um sucesso. É necessário que ele faça parte do calendário anual de eventos da Cidade do Samba, permitindo inclusive uma exploração comercial visando turismo. Nossa cultura rítmica de baterias pode ser difundida tanto em caráter nacional, quanto internacional, atingindo cada vez mais um público que não costuma ter contato com os ritmos, dignificando o gênero samba-enredo.

Há mais de uma década na Vila Isabel, Sabrina Sato afirma: ‘Vou ficar para o resto da minha vida’

A apresentadora Sabrina Sato irá alcançar uma marca expressiva como rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2024. Atualmente em sua segunda passagem, a artista fará no ano que vem o décimo segundo desfile à frente dos ritmistas da “Swingueira de Noel”. Para efeito de comparação, no Grupo Especial do Rio, apenas Viviane Araújo no Acadêmicos do Salgueiro possui um tempo maior na função. A contratada da Globo estreou no posto em 2011 e ficou de forma consecutiva até 2019. Em 2020, ela foi substituída por Aline Campos, ex-Riscado, vindo naquele ano como rainha da agremiação. O retorno para o cargo mais cobiçado da folia aconteceu na apresentação de 2022, permanecendo nele até hoje. Em entrevista exclusiva concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Sabrina recordou como foi a chegada na escola e fez questão de exaltar sua relação de amor com a azul e branca.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Lembro que foi em setembro de 2010 a primeira vez eu pisei nessa quadra. Eu sou aquariana, então as pessoas falam que eu seguro muito a emoção, mas eu não aguentei naquele momento. Um sentimento muito forte tomou conta de mim e começou a escorrer lágrimas dos meus olhos, tamanha era a minha felicidade pelo carinho que recebi na chegada a Vila, nunca esqueci disso. Sinceramente, nunca imaginei que eu fosse ficar tanto tempo e ser tão acolhida. Tenho certeza que eu vou ficar para o resto da minha vida. Então aqui, quando não me quiserem mais como rainha, vou para velha guarda ou para onde tiver que ir. Estando na Vila Isabel, eu estou feliz”, declarou a rainha da “Swingueira de Noel”.

Apesar da extensa agenda de compromissos profissionais, Sabrina Sato procura ser uma figura presente na Unidos de Vila Isabel. A apresentadora, que também é rainha de bateria da Gaviões da Fiel em São Paulo, afirma fazer questão de comparecer ao máximo dos eventos promovidos pela azul e branca do bairro de Noel, incluindo os ensaios realizados no Boulevard 28 de Setembro. Nestas ocasiões, a beldade costuma esbanjar carisma e simpatia, sempre atendendo aos apelos dos fãs com fotos, beijos e abraços. No bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, a musa nipônica falou sobre a importância de vivenciar a agremiação, além da emoção de estar na rua com a comunidade do morro dos Macacos e região.

“É uma emoção única todas as vezes. Estou sempre aprendendo, me divertindo, me jogando e me entregando. Chega uma hora que eu falo assim: ‘Eu vou morrer aqui de tanta emoção’. É muito cansaço misturado com muita adrenalina, sabe? O nosso coração bate mais forte mesmo nessas horas. É igual na Avenida, mas diferente ao mesmo tempo. Até porque aqui você se sente acolhido e muito amado. Então, eu não sei nem explicar direito qual é esse sentimento, porém envolve muita pureza. É algo que está todo mundo junto, em uma força única, de querer o melhor para essa escola, de ver o sorriso nas crianças e no povo, além de estar completamente entregue ao samba e ao Carnaval”, relatou Sabrina.

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Sobre os preparativos para o Carnaval de 2024, a contratada da Globo garantiu já ter definido todos os detalhes do figurino que usará no desfile oficial na Marquês de Sapucaí. O responsável pela roupa será novamente o estilista paranaense Henrique Filho. O profissional, que já trabalhou com outros grandes nomes da folia como Luma de Oliveira e Valéria Valença, assina as fantasias de Sabrina Sato há mais de uma década. Ainda de acordo com a beldade, o carnavalesco da Vila Isabel, Paulo Barros, está acompanhando todas as etapas e participando ativamente de tudo.

“Já sei como vai ser a fantasia. O nosso Paulo Barros está participando de todo o processo. Ele está ligado em tudo que está acontecendo e já falou com o Henrique Filho, que é o meu estilista. Os dois conversaram sobre o desenho, acertaram os detalhes e posso garantir que tem tudo haver com a bateria. E o spoiler que posso dar é que venho de uma cor que eu nunca tinha vindo antes na Vila. Outra coisa que posso revelar é que não vai ter nenhum tipo de pena animal. Aliás, faz muitos e muitos anos que eu não uso. Geralmente tenho usado mais seda ou então eu mando fazer com outro material. Nesses últimos carnavais já usei isopor, canudo de piscina, bambu… A gente vai inventando, vai criando e tem dado certo”, contou a apresentadora.

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A azul e branca do bairro de Noel apresentará, no ano que vem, uma reedição de “Gbalá – Viagem ao templo da criação”, originalmente feito em 1993. Na época, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Oswaldo Jardim. Desta vez, a proposta ganhará a assinatura do artista multicampeão Paulo Barros. A Vila Isabel será a terceira a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, em busca do seu quarto título de campeã na elite da folia carioca.