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Série Barracões: Apostando em jovens carnavalescos, Portela terá estética a serviço do enredo que contará, acima de tudo, uma história de afeto

Após um desfile do centenário em que pouca coisa funcionou, e depois de muitos problemas, a Azul e Branca de Madureira amargou um décimo lugar em 2023. Por isso, a Portela mexeu um pouco em suas peças e teve como grande mudança a direção artística de seu carnaval. Nos últimos anos, a águia centenária vinha trabalhando com profissionais experientes e já vitoriosos no carnaval carioca, como foram os casos do casal Renato e Márcia Lage, Rosa Magalhães, Paulo Barros e Alexandre Louzada. Para o próximo desfile há uma clara mudança de perfil ao apostar nos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. André assinou seu primeiro carnaval no Grupo Especial em 2023, quando dividiu o comando da produção do desfile da Beija-Flor com Alexandre Louzada. Já Gonzaga, foi ainda além, o desfile passado do Arranco do Engenho de Dentro, que manteve a escola na Série Ouro, foi o primeiro assinado pelo carnavalesco que agora chega em Madureira para, com certeza, um dos maiores desafios da sua curta carreira. A dupla falou sobre esta oportunidade na Majestade do Samba e de como entendem essa mudança de perfil da centenária de Madureira.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“A Portela sentiu que precisava de uma mudança não só em seu visual, acho que nem é essa questão, pois cada artista tem a sua linguagem, e eu e André chegamos e colocamos a nossa linguagem a serviço da Portela, mas acho que a Portela sentiu uma necessidade de repensar a forma dela de fazer carnaval discursivamente, estruturalmente e plasticamente. A gente está agradando, mas isso é um processo que passa por todos os profissionais da Portela, todo mundo está fazendo parte deste trabalho coletivo e a gente caminha junto, e o desfile a gente espera que seja um resultado desse processo” , entende Antônio.

“Tem muito essa coisa da roupagem, não é intencional da nossa parte estar mudando a Portela, acho que é intencional da Portela nos trazer para fazer tudo que a gente sabe fazer, essa nova roupagem não é uma intenção nossa, a Portela trouxe para que a gente desenvolvesse o que a gente sabe de melhor, o que a gente pode oferecer de melhor para a Portela e a gente está muito feliz com tudo, com essa liberdade de fazer, com um incentivo de fazer, que não parte só da diretoria, mas parte dos próprios portelenses. É muita escuta antes de produzir, é muito carinho, são muitas conversas boas com a escola, entendendo também o que as pessoas querem de Portela e isso para gente é algo que dá base e segurança para continuarmos o que estamos produzindo sem ficar pensando se isso é bom ou não, a gente está muito seguro de fazer este carnaval para a Portela”, esclarece Rodrigues.

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Liderado pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage, o desfile do centenário até contou com uma abertura impactante e emocionante, mas o sonho virou pesadelo após a apresentação da escola ser afetada pelos problemas na pista. Mas tudo isso ficou no passado, para a nova dupla de carnavalescos da agremiação, o resultado adverso do desfile de 2023 só influenciou na possibilidade da chegada dos artistas. O que aconteceu na Passarela do Samba no ano passado, segundo os profissionais que agora comandam o projeto artístico da Azul e Branca, em nada vai influenciar no trabalho para o desfile deste ano, como salienta André Rodrigues.

“Toda essa situação, acredito que permitiu que a Portela se abrisse a outras ideias. Mas isso em momento nenhum foi um fato para a gente. Nós chegamos para produzir um carnaval para Portela e a gente fala isso desde o início, sabemos o que é a Portela, e isso sempre foi um local de respeito para a gente, por isso a gente estamos aqui para fazer o melhor em relação aquilo que a gente conhece que é a Portela, independente do último carnaval, independente do próximo carnaval, não importa. A Portela é uma escola que tem 100 anos de idade, é extremamente importante para o carnaval carioca, é importante na minha vida, é importante na vida do Antônio, então, a gente tem o nosso entendimento do que é a Portela e a gente está fazendo um carnaval para suprir esse entendimento que a gente tem da instituição. O que foi o último carnaval, para a gente honestamente é mais uma via de que a própria Portela esteja com a gente nestas possibilidades de carnaval que a gente fornece, e menos sobre a gente. Mais sobre a própria escola”, explica o carnavalesco que produziu o desfile da Beija-Flor em 2023.

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Antonio Gonzaga complementa afirmando que o projeto de carnaval da Portela tem sido tocado de uma forma que mesmo que a escola viesse de um título, nada seria pensado diferente para este carnaval.

“Acho que é essa compreensão da grandeza do que é a Portela, independente do que foi o último carnaval da Portela. A gente está fazendo um carnaval que mesmo que a Portela tivesse sido campeã, estaríamos tocando o projeto da mesma forma. A gente pensa na melhor versão da Portela que a gente é capaz de fazer neste momento. Isso é o que mantém o nosso trabalho”, reitera o artista.

Enredo traz mensagem sobre afeto e estética apresentará diversas linguagens

Campeã pela última vez em 2017, quando dividiu o título com a Mocidade, a Portela busca encerrar um jejum de mais de 50 anos sem vencer um campeonato de forma isolada. Na última vez, o enredo era “Lendas e mistérios da Amazônia”, com um samba bastante aclamado pela crítica que até hoje se configura como um clássico da Majestade do Samba. Com outra grande obra em mãos, para 2024, a dupla de carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues desenvolveram o enredo “Um Defeito de Cor”, baseado na obra homônima da autora Ana Maria Gonçalves. O sonho da Portela está centrado no principal fator simbólico que dá consistência para ela ser o que é e chegar onde chegou: o Afeto. Por isso, o enredo traz uma outra perspectiva, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luíza Mahim. O artista Antônio Gonzaga adianta que é um projeto dedicado a todas as mães e uma forma de demonstração de afeto e gratidão por sua chegada à escola, ao lado de André Rodrigues.

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“Acreditamos que esse enredo é a nossa mais profunda manifestação de afeto nessa chegada. É um enredo que dedicamos a nossas mães, nossas avós e a cada mulher preta que carrega a força de sobreviver, ser e semear novas histórias. ‘Um Defeito de Cor’ é a história da luta preta no Brasil incorporada em uma mulher que enfrentou os maiores desafios inimagináveis para continuar viva e preservar suas heranças e raízes. A história de uma mãe, heroína, filha de África, que pariu a liberdade dessa nação. É uma honra imensa contar essa história e imaginar esse reencontro de Luísa com Luís Gama. Essa história fala de todos nós. É a nossa identidade construída no tempo”, frisa Gonzaga.

O título, “Um Defeito de Cor”, é baseado no artifício da dispensa do defeito de cor usado por negros no século passado que, quando acatado, os permitia exercer cargos de importância na religião, governo e na política. É justamente esta característica, a da cor, que posiciona os personagens deste carnaval da Portela. Caminhos, histórias e consequências que apenas se explicam por serem vivenciadas por sujeitos negros no Brasil conforme explica o carnavalesco André Rodrigues.

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“O livro nos entrega uma história que entendemos que se confunde muito com a história de tantas outras mães negras que tem suas experiências maternas atravessadas pela questão racial; conseguimos compreender as marcas da violência histórica que justifica, inclusive, sobre as nossas experiências com as nossas mães”, diz Rodrigues.

Em um enredo que apresenta muito da luta contra o racismo, na época luta pela abolição da escravatura, e da valorização de uma personagem histórico tão importante como Luíza Mahim para estes movimentos, a dupla de artistas da Portela revela que vai tocar muito no aspecto do afeto, do carinho para levar para a Sapucaí estas importantes questões.

“A grande mensagem desse desfile na minha opinião é que o afeto é um caminho de resolução das coisas para muitas vias de resolução daquilo que a gente vive . Desde a gente compreender a trajetória do outro, de a gente compreender a individualidade dessas pessoas, enfim, o afeto é uma via de possibilidades, principalmente de existência, de sobrevivência. A gente diz muito sobre lutar, lutar, lutar, de se colocar nesse lugar de luta, principalmente através do atravessamento das questões raciais, independente de qual seja, mas principalmente as que envolvam esse tema. O enredo diz muito de como o afeto, o carinho e o olhar, são uma via de sobrevivência tanto quanto você ir e buscar. Acho que a mensagem é essa”, explica o carnavalesco André Rodrigues.

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“É importante também entender que essa luta que a gente fala, é uma forma de lidar com carinho com a sua própria história. Quando você luta por uma causa, quando você luta pelo seu povo você está oferecendo carinho às pessoas que vem depois de você, e você está tratando com carinho a história das pessoas que vieram antes de você. O afeto é o que costura todo o enredo”, acrescenta o carnavalesco Antônio Gonzaga.

Quem entra no barracão da Portela e estava acostumado a entrar nos últimos anos, nota uma diferença na parte plástica, é tudo bastante novo em relação ao que a escola vem levando para a Sapucaí nos últimos anos. Tem uma assinatura bem original no traço utilizado para as esculturas das alegorias, nos materiais utilizados para ornamentação dos carros, nos detalhes das saias dos elementos alegóricos, etc. Essa ruptura é até natural após um ano em que os resultados foram bem aquém do que o portelense esperava, e é natural pela própria chegada de novos artistas. Mas, André Rodrigues frisa e entende que o estilo que a Portela vem adotando para este desfile é menos baseado nos carnavalescos, e mais justificado na necessidade que o próprio tema pede.

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“É uma escola que está entregue ao dinamismo do enredo. Quando o enredo se abre para isso, ela é muito mais a Portela, quando o enredo se abre para uma maneira mais ampla, para o contar a história, ela é 100% a Portela, mas quando o enredo pede determinados assuntos, determinados locais, a estética é o que tem que ser. A Portela está se rendendo, com a nossa passagem aqui, com o nosso trabalho esse ano, à narrativa antes de tudo, e à necessidade da narrativa, à necessidade estética para a narrativa. Não é a narrativa compondo a estética, mas sim a estética que está a favor da narrativa”, explica André.

Antonio Gonzaga complementa demonstrando que o enredo fez com que a dupla precisasse usar de diferentes linguagens em cada setor do desfile.

“Isso fica muito claro a partir da divisão de setores. A linguagem muda muito de um setor para o outro pela dinâmica do desfile, para não se tornar monótono. Mas é legal que o enredo pede isso. Tem momentos que o enredo pede uma linguagem mais luxuosa, assim por dizer, e tem momentos que a escola pede algo mais singelo, tocante e simples”, aponta o carnavalesco.

Trabalho em dupla traz desafios, mas diálogo é o caminho

Trabalhando juntos pela primeira vez, André e Antônio têm trajetórias diferentes no carnaval carioca. Formado em Design pela PUC-Rio, Antônio Gonzaga começou no samba como compositor do Salgueiro. Projetou-se como designer de moda e de comunicação visual. Estreou no carnaval elaborando as identidades visuais dos enredos da Cubango em 2019, sendo convidado pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora para integrar a equipe de criação, e ajudando posteriormente nos carnavais seguintes da Grande Rio também. Sua estreia assinando um desfile, como citado acima, foi no Arranco de 2023.

Figurinista e projetista, André Rodrigues iniciou os trabalhos, em 2007, na Lins Imperial. No currículo traz passagens em outras funções pela Vila Isabel, Grande Rio, Mocidade Independente de Padre Miguel, União da Ilha, entre outras. Em São Paulo, atuou na Vai-Vai, Mocidade Alegre e assinou o carnaval da Mocidade Unida da Mooca (Acesso 1) de 2018 a 2020. Como carnavalesco assinou também o projeto da Acadêmicos do Sossego (Série Ouro), em 2022.Em 2023 foi o responsável pelo desfile da Acadêmicos de Niterói, também na Série Ouro e, no Especial, da Beija-Flor, ao lado de Alexandre Louzada.

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Desde março, quando foram anunciados, a dupla conta que o trabalho tem sido pautado pelo diálogo, sempre com os dois participando das decisões importantes e com uma divisão de funções que aproveita o melhor de cada um. André, que já teve essa experiência no ano passado na Beija-Flor, ao lado do experiente Louzada, rendendo um quarto lugar para a Soberana, revela que o processo tem sido prazeroso na Portela.

“Tem sido lindo, a gente conseguiu encontrar o nosso espaço, eu não consigo definir isso bem, acho que se torna tão natural as demandas do carnaval que e onde um está e o outro não está, e fazer de maneira independente o que o outro não consegue, a gente consegue naturalizar bem o processo do carnaval junto, tem sido muito diferente, eu já tive a oportunidade de trabalhar em dupla. Para mim é diferente. Mas é prazerosa, é bonita, é respeitosa, e é principalmente revigorante, quando você está trabalhando com uma pessoa que você confia e que você sabe que nós estamos aqui fazendo o melhor independente de onde cada um está atuando. É bem tranquilo”, conta André Rodrigues.

Antônio Gonzaga ratifica a opinião de André e acrescenta que o convívio com toda a equipe de criação da Portela tem facilitado e muito o trabalho.

“O processo todo foi de muita conversa, muito debate, independente do que cada um esteja fazendo neste momento no barracão, a gente está com a linguagem muito bem alinhada, a gente sabe muito bem onde cada um quer chegar, e o que a gente quer comunicar, por isso as decisões acabam saindo de comum acordo. Isso torna tudo muito mais fácil, muito diálogo, a gente tem uma sala incrível em que a gente debate tudo lá, junto com as pessoas que trabalham com a gente, sempre agregando, opinando e participando do processo, foi muito fácil “, declara Gonzaga.

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A dupla garante também que não existe vaidade e que o trabalho visa entregar a melhor Portela possível unindo o que cada um tem para contribuir, isto desde o início do processo na escolha do enredo e desenvolvimento da sinopse.

“Acho que foi um encontro de ideias, não é sobre onde você coloca o seu, é onde o outro entra no seu espaço, saber ceder. O encontro é muito sobre isso, por mais que você tenha o ímpeto de fazer, a gente entende que o outro também está dentro do processo e que ele vai colocar a parte dele dentro deste projeto. Mesmo que parta do Antônio ou de mim uma ideia primordial, a gente sabe que vai debater, não existe uma ideia única. A ideia é a que a gente decide em conjunto. A gente só tem uma ideia concreta quando os dois batem o martelo e decidem que isso é uma ideia. Desde o início do processo a gente aprendeu muito com isso. Desde entender qual era o enredo, por qual caminho a gente ia, qual seria a sinopse, quais seriam os setores, como seriam as fantasias. Tudo isso foi muito dessa maneira. Ter a proposta do Antônio e do André “, garante Rodrigues.

“Uma das coisas mais bacanas deste processo de se trabalhar em dupla é justamente nós sermos artistas diferentes, que temos histórias no carnaval diferentes, viemos de lugares diferentes, e temos linguagens diferentes por mais que nós estejamos muito alinhados para a linguagem que vamos precisar na Portela. A linguagem de um agrega muito na linguagem do outro também. Os saberes se somam. Às vezes eu tenho uma ideia e o André sugere ‘e se a gente usar esse material aqui’, um material que eu jamais teria pensado. E a gente testa e dá certo, às vezes não dá. A gente vai testando. É um trabalho de muita troca, muito teste, de muita experimentação para chegar em um resultado bacana”, revela Antônio, que vai estrear no Grupo Especial em 2024.

Sem Spoiler da Águia, carnavalescos definem seus ‘xodós’

Uma das perguntas que mais gera curiosidade no mundo do samba, e principalmente no portelense, no pré-carnaval, é como virá a águia da Portela. A mascote da centenária de Madureira já veio de diversas formas: branca, azul, dourada, prateada, segurando o pavilhão, high-tech, de óculos, etc. Por isso, há sempre esse clamor por saber como vem o símbolo maior da Portela. Estreando na agremiação, a dupla de carnavalescos Antônio e André também tem tratado com carinho a produção da mascote portelense. Mesmo a gente insistindo, a dupla não quis revelar muita coisa sobre o ícone, só prometeram muitas surpresas, com a tônica sendo a emoção que vai passar para quem acompanhar o desfile.

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“Existem muitas linguagens para esse ano, muitos caminhos para dizer qual é o meu preferido. Emocionalmente, o abre-alas e o último carro são os meus favoritos, são muito fortes os dois. O abre-alas principalmente por se tratar de a gente está fazendo o abre-alas da Portela, tem um valor muito grande nas escolas mais tradicionais, de você fazer a entrada dessas escolas, a gente está trazendo o símbolo da Portela, tudo isso tem um valor muito grande que agrega as sabedorias, do jeito que ele é, ela é muito tocante, tem uma mensagem muito forte, tem detalhes muito comoventes, tudo isso agrega muito para que ele seja o meu xodó. Também gosto muito do último carro, ele também é muito emocionante. Eu falaria de todas as alegorias, o terceiro é muito forte. O terceiro é um lugar muito importante do enredo, uma passagem que tem muito a ver com a história da minha mãe, por exemplo, tudo isso envolve um pouco. Todos esses carros me emocionam”, revela André.

Antônio também colocou como preferido o abre-alas, onde vem a águia, também frisando que a emoção, o caráter tocante será a grande força que a alegoria vai trazer, onde o símbolo maior da Portela está inserido.

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“Meu xodó é o abre-alas, pela águia da Portela, acho que é um abre-alas diferente do que a Portela tem se acostumado a trazer, mas é uma alegoria muito forte, muito pertinente ao enredo, muito grandiosa, acho que capaz de transmitir algumas emoções bem tocantes”, espera Gonzaga.

Na sinopse do enredo, Antônio e André citam que “através de seu filho, Luiz Gama, sonhamos com uma carta onde o importante abolicionista responde a sua mãe sobre o legado da memória que ela deixou: o livro”. O papel de Luiz ainda não está bem claro no desfile da Portela que tem um protagonismo feminino negro. Mas é possível pensar, em um enredo que procura muito trazer o afeto, em um encontro de Luiz com sua mãe Luiza Mahim. Os carnavalescos, porém, procuram não entregar muito do que pode acontecer neste sentido.

“Você que está dizendo (risos). Em nenhum momento eu estou dizendo que vai acontecer. Existem muitas camadas neste desfile e das coisas importantes para a gente é justamente esquecer a linearidade de tempo, a gente trabalha muito com diferentes tempos, diferentes lugares, inclusive essa questão de trazer o enredo para o contemporâneo, para os debates contemporâneos, sobre a perda de mães e filhos, a gente brinca muito com isso, óbvio que tudo é possível, encontros são possíveis, mas a gente está sempre em busca de um final feliz. A gente espera que tudo corra bem, que esse carnaval seja um final feliz, e que dentro desse carnaval com final feliz , também aconteçam muitos outros finais felizes”, despista André.

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“O enredo da Portela é um enredo sobre a sobrevivência. É um enredo sobre luta, é um enredo sobre a cara do Brasil. Quando a gente homenageia a Kehinde, a história de luta dessa mulher que foi criada pela Ana Maria Gonçalves, mas que é uma compilação da história de diversas mulheres que construíram a história do Brasil, a gente vai na verdade homenagear várias outras mulheres que passam por essas mesmas lutas para sobreviverem no Brasil”, finaliza Antônio Gonzaga.

Conheça o desfile

Dividido em cinco setores, a Portela vai levar para a Sapucaí 5 carros alegóricos e 24 alas. Os carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga explicaram mais do que cada parte do desfile vai representar ou o que vai estar presente em cada setor.

Primeiro Setor
“A abertura da Portela é uma abertura que tem um simbolismo pelo feminino muito forte. Isso é uma coisa para se notar. Desde o primeiro componente que entra até o abre-alas, a presença feminina será muito forte. E a gente tem presenças femininas muito importantes nesse momento. Óbvio, tem a águia e tudo mais”.

Segundo Setor
“Pode pensar que tem uma construção de imagem bem potente que as pessoas podem aguardar, uma coisa diferente e tem a ala das baianas que representa um momento mais emocional do desfile, elas vem com cara de Portela”

Terceiro Setor
“Vem a bateria, a Vilma Nascimento vem no terceiro Setor também em um lugar diferente. Temos Vilma, temos Bianca, temos Nilce Fran. As mulheres são muito protagonistas nesse desfile”.

Quarto Setor
“É muito mais relacionado ao carro, é um carro importante e que vem trazer muita gente importante, é um carro que é mais delírio nosso, sonho nosso, é um carro que traz pilares da Portela, mais uma vez com muito protagonismo feminino”.

Quinto Setor
“O final é um final emocionante. Ele pega muito pela emoção. É um setor que tem uma mensagem muito forte e os signos são muito fortes também”.

Carrossel de Emoções e Chá da Alice inauguram circuito de megablocos; confira esquema operacional pela cidade

Em seu fim de semana de estreia, o circuito de megablocos, no Centro do Rio, promete arrastar uma multidão de foliões com os desfiles dos blocos Carrossel de Emoções, no sábado, e Chá da Alice, no domingo. Para dar ‘start’ na realização dos megablocos na segunda semana de agenda oficial dos blocos, a Prefeitura do Rio por meio da Riotur, apresenta um esquema que conta com o apoio de diversos órgãos municipais e estaduais, que garantirá diversão aos cariocas e turistas que estiverem na cidade.

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Foliões lotam as ruas da cidade durante o carnaval 2023 – Foto: Fernando Maia/Riotur

“Esse será o primeiro fim de semana com desfiles no circuito de megablocos, estamos com tudo pronto para garantir ao folião alegria, segurança e lazer em todos os blocos do Carnaval de Rua. A Riotur trabalha no planejamento junto aos órgãos públicos com antecedência para a qualidade da festa.” destaca Ronnie Costa, presidente da Riotur.

Um dos blocos mais conhecidos dos cariocas e turistas, o ‘Carrossel de Emoções’ é símbolo da diversidade de ritmos, exaltando o funk, o samba, opagode e a música pop. Já no dia seguinte, o ‘Chá da Alice’ faz a festa com a presença da rainha do axé Daniela Mercury, que pela primeira vez se apresenta no circuito dos blocos de rua da cidade.

Mas a pré-folia não para por aí: por todo Rio, blocos de rua vão os foliões que estiverem nas ruas. Para saber onde encontrar seu favorito, basta baixar o app Blocos Rio 2024, disponível em todas as plataformas digitais. Lá é possível encontrar todos os blocos do Carnaval Rio 2024, com data, horário e percurso completos. A ferramenta é gratuita e funciona por geolocalização. Ou visite o site https://www.carnavalderua.rio/, que reúne também o calendário dos desfiles, notícias sobre os blocos e mais informações sobre o Carnaval de Rua Rio 2024.

Esquema operacional com demais órgãos

Para garantir que o público aproveite a festa com segurança e conforto, a Prefeitura, através da Riotur, preparou um grande esquema para os desfiles de sábado e domingo. Entre as novidades serão montados dois pontos de hidratação: um na rua Primeiro de Março, em frente ao Tribunal de Justiça e outro na Rua Araújo Porto Alegre, para o desfile dos blocos Carrossel de Emoções, no sábado, e Chá da Alice, no domingo. Ao todo serão distribuídos 30 mil litros de água gelada, o que equivale a 150 mil copos de 200 ml.

Os pontos contarão com 40 aguadeiros que servirão água ao longo do percurso dos blocos, dois caminhões pipa com 15 mil litros de água cada um e duas tendas para acomodação das bombas de água. Ambas serão facilmente identificadas pelos foliões que forem curtir os desfiles.

A Secretaria Municipal de Saúde contará, pela primeira vez, com dois postos médicos com capacidade para atender as principais urgências. O funcionamento acontecerá na Praça Ana Amélia e no Largo da Carioca, no sábado e no domingo. Ambos serão equipados com macas e cadeiras de hidratação, além de um leito de suporte avançado. Ambulâncias estarão disponíveis para casos que necessitem de transferência para a rede hospitalar.

Limpeza urbana

Cerca de 300 garis farão a limpeza da rua Primeiro de Março, no Centro, nos dois dias de desfile de megablocos.

Serão disponibilizados 600 contêineres na área de concentração e no percurso das agremiações para que o público possa fazer o descarte correto de seus resíduos. Neste ano, a Comlurb contará com 2 mil litros de essência de eucalipto concentrada – ano passado eram 800 litros -, doados pela Riotur, para deixar os pontos de passagem dos blocos com cheirinho agradável após a lavagem das vias com água de reuso.

Equipes do Lixo Zero estarão nas ruas. Quem for flagrado pela fiscalização urinando em via pública será autuado no artigo 103 A, da Lei de Limpeza Urbana, e receberá uma multa no valor atual de R$ 773,65. Já quem for pego jogando pequenos resíduos nas ruas, como latas de bebidas, copos e garrafas descartáveis, guimbas de cigarro e pequenas embalagens de lanches, será multado em R$ 282,38, de acordo com o Art. 82.

Ordenamento urbano

A Secretaria de Ordem Pública (SEOP) e a Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) montaram operação especial de ordenamento urbano e de trânsito para os desfiles que aconteceram neste fim de semana, com efetivo de mais de 1.000 agentes. Eles atuarão nos ensaios técnicos das Escolas de Samba, no Sambódromo, e também nos desfiles de blocos que acontecerão em todas as regiões da cidade.

Para os desfiles dos blocos, o efetivo contará com cerca de 800 agentes. A operação começará na sexta-feira (19/01) com ações preventivas de patrulhamento e fiscalização para megablocos, como o “Carrossel de Emoções” e “Chama Gente”. As equipes atuarão na concentração, vão acompanhar o trajeto e também na dispersão dos blocos com ações de ordenamento urbano, fiscalização do comércio ambulante irregular, com atenção especial a apreensão de garrafas de vidro que são proibidas e podem causar acidentes, e coerção a delitos.

Os guardas municipais também atuarão no monitoramento e fiscalização do trânsito, operando bloqueios viários, orientando a travessia de pedestres e coibindo irregularidades. A operação também terá como objetivo minimizar possíveis impactos no trânsito e agilizar a abertura das vias após o encerramento dos eventos.

Trânsito e mobilidade

Já a CET-Rio montou esquema especial para os desfiles dos blocos. Neste fim de semana, os foliões poderão festejar pelos bairros do Centro, São Conrado, Ilha do Governador, Tijuca, Grajaú, Pedra de Guaratiba, Botafogo, Humaitá e Piedade.

Equipes da CET-Rio, da Guarda Municipal e apoiadores de tráfego, com veículos operacionais e motocicletas irão trabalhar a favor da fluidez do trânsito, manutenção dos cruzamentos livres, coibição do estacionamento irregular e atuação nos bloqueios, como também, na orientação dos pedestres, foliões e motoristas. Técnicos da CET-Rio, diretamente do Centro de Operações Rio (COR), irão monitorar em tempo real toda a movimentação do trânsito através das câmeras para que, se necessário, sejam feitos ajustes na programação semafórica com o objetivo de garantir as boas condições viárias.

A partir da dispersão do bloco e a limpeza da via, o tráfego de veículos retorna às condições normais.

INTERDIÇÕES PROGRAMADAS

SÁBADO (20/01)

CENTRO

Interdições a partir das 5h às 13h
– Avenida Presidente Antônio Carlos, da Avenida Beira Mar até o cruzamento com as avenidas Franklin Roosevelt e Presidente Wilson;
– Avenida Presidente Antônio Carlos, desde o cruzamento com as avenidas Franklin Roosevelt e Presidente Wilson até a Rua Primeiro de Março;
– Rua Primeiro de Março, desde o cruzamento a Avenida Antônio Carlos até a Avenida Presidente Vargas;
– Todos os acessos para a Rua Primeiro de Março e Avenida Presidente Antônio Carlos.

PROIBIÇÃO DE ESTACIONAMENTO

Diversas vias do entorno da Avenida Antônio Carlos e Rua Primeiro de Março terão o estacionamento proibido desde às 23h do dia anterior, portanto, NÃO É RECOMENDADA A

Para o deslocamento dos condutores que circulam entre o Centro, Zona Norte e Zona Sul, a recomendação é utilizar as rotas, pela Lapa, Rua Teixeira de Freitas e Avenida Mem de Sá, ou os túneis Santa Bárbara, Rebouças e Marcello Alencar.

Para aqueles que possuem compromissos com horários marcados, como voos no Aeroporto Santos Dumont e viagens na Rodoviária Novo Rio, a sugestão é a antecipação do deslocamento.

Outra recomendação importante aos deslocamentos é dar prioridade à utilização dos trens da Supervia e o Metrô, já que esses modos de transporte são de alta capacidade e não são diretamente impactados por fechamentos viários.

ZONA SUL

Laranjeiras/Botafogo

Interdição das 10h às 14h
Interdição ao tráfego de veículos de um lado da Rua General Glicério, na altura da Praça Jardim Laranjeiras, enquanto o lado oposto será utilizado como mão dupla ao trânsito.
Proibição de estacionamento a partir das 18h de sexta-feira (19/01) até às 16h de sábado, dia 20/01 na Rua General Glicério:
– Lado par: Entre Rua Belizário Távora e a Rua Professor Ortiz Monteiro.
– Lado ímpar: Entre a Rua Professor Estelita Lins e a Rua Professor Ortiz Monteiro.

São Conrado

Interdição das 8h às 15h
– Avenida Prefeito Mendes de Morais, em ambos os sentidos, entre a Rua Herbert Moses e a Rua Engenheiro Armandino de Carvalho.
Proibido o estacionamento das 18h de sexta-feira (19/01) às 22h de sábado (20/01)
– Avenida Prefeito Mendes de Morais, entre o nº 808 e a Avenida Niemeyer;
– Rua Hebert Moses, no lado esquerdo da via, sentido Autoestrada.

ZONA NORTE

Interdições programadas

Concentração: 9h às 10h – Estrada Rio Jequiá, entre a Rua Formosa do Zumbi e a Rua Gáspar de Souza;

Interdições durante o desfile do bloco

10h às 14h – Itinerário: Estrada do Rio Jequiá, Rua Maldonado, Rua Paramopama e Praça Iaiá Garcia, onde será a dispersão do bloco.

DESVIOS

– Veículos que seguem do retorno da Estrada Rio Jequiá, em direção a Rua Formosa do Zumbi, seguirão pela Rua Gáspar de Souza, Praia do Zumbi e Rua Formosa do Zumbi.

– Veículos procedentes da Rua Gáspar de Souza, em direção à Rua Formosa do Zumbi, seguirão pela Rua Serrão, Rua Peixoto de Carvalho, Praia do Zumbi e Rua Formosa do Zumbi.

Avenida Maracanã – Tijuca
Interdição das 16h às 22h
Avenida Maracanã, entre a Rua Garibaldi e a Rua Marechal Trompovski.

ZONA OESTE

Pedra de Guaratiba
Interdição das 16h às 22h
Rua Barros de Alarcão, entre a Rua Professor Bastos e a Rua Saião Lobato.

DESVIOS

Os veículos deverão seguir pela Rua Professor Bastos e, em seguida, acessar a Rua Belchior da Fonseca.

DOMINGO 21/01/2024

Centro

Avenida Antônio Carlos e Rua Primeiro de Março

Interdições a partir das 5h às 13h

– Avenida Presidente Antônio Carlos, da Avenida Beira Mar até o cruzamento com as avenidas Franklin Roosevelt e Presidente Wilson;
– Avenida Presidente Antônio Carlos, desde o cruzamento com as avenidas Franklin Roosevelt e Presidente Wilson até a Rua Primeiro de Março;
– Rua Primeiro de Março, desde o cruzamento a Avenida Antônio Carlos até a Avenida Presidente Vargas;
– Todos os acessos para a Avenida Presidente Antônio Carlos e Rua Primeiro de Março.

PROIBIÇÃO DE ESTACIONAMENTO

Diversas vias do entorno da Avenida Antônio Carlos e Rua Primeiro de Março terão o estacionamento proibido desde às 23h do dia anterior, portanto, NÃO É RECOMENDADA A IDA E VOLTA COM VEÍCULO PARTICULAR ao evento.

DESVIOS E ROTAS ALTERNATIVAS

Para o deslocamento dos condutores que circulam entre o Centro, Zona Norte e Zona Sul, a recomendação é utilizar as rotas, pela Lapa, Rua Teixeira de Freitas e Avenida Mem de Sá, ou os túneis Santa Bárbara, Rebouças e Marcello Alencar. Para aqueles que possuem compromissos com horários marcados, como voos no Aeroporto Santos Dumont e viagens na Rodoviária Novo Rio, a sugestão é a antecipação do deslocamento.

Outra recomendação importante aos deslocamentos é dar prioridade à utilização dos trens da Supervia e o Metrô, já que esses modos de transporte são de alta capacidade e não são diretamente impactados por fechamentos viários.

ZONA SUL

Botafogo/Humaitá

De 9h às 18h

– Largo dos Leões, via interna, entre a Rua Conde de Irajá e Rua Marques;

Do meio-dia às 18h

– Rua Marques;

– Rua Capistrano de Abreu;

– Rua Conde de Irajá, entre a Rua Voluntários da Pátria e a Rua São Clemente (durante a passagem do bloco).

PROIBIDO O ESTACIONAMENTO A PARTIR DAS 18h DO DIA 20/01 ATÉ ÀS 21h do dia 21/01

– Rua Marques, entre a Rua Humaitá e a Rua Capistrano de Abreu;
– Rua Capistrano de Abreu, em toda a extensão da via;
– Rua Conde de Irajá, entre a Rua Capistrano de Abreu e a Rua São Clemente.

ZONA NORTE

Piedade
Interdição das 16h às 22h
Rua Pedro Domingues, entre a Rua Angelina e a Rua Silvana, em frente à edificação nº 80.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

– Para a segurança de todos, os pedestres só devem fazer a travessia das vias nos locais sinalizados, observando sempre as orientações dos agentes de trânsito;
-É muito importante que sejam respeitadas as ordens dos agentes de trânsito e também toda a sinalização implantada na área.
-Utilização dos transportes públicos como trem, ônibus e metrô;
-Respeitar os locais e horários de proibição de estacionamento;
-Sempre que possível, evitar circular de carros pelas regiões onde ocorrerão as interdições.

Confira abaixo os principais blocos do fim de semana:

Sábado – 20 de janeiro

Carrossel de Emoções
Rua Primeiro de Março, 57 – Centro
Concentração: 7h

Chame Gente (São Conrado)
Av. Prefeito Mendes de Moraes, 900 – São Conrado
Concentração: 9h

Os 20 de Ouro do Mestre Odilon
Estrada do Rio Jequiá, 482 – Zumbi Ilha do Governador
Concentração: 9h

Sorvetada Gigantes da Lira
Praça Jardim Laranjeiras – Laranjeiras
Concentração: 10h

Bloco Carnavalesco Nem Muda Nem Sai de Cima
Av. Maracanã, 838 – Tijuca
Concentração: 16h

Bloco Seu Kuka e Eu do Grajaú
Rua Barão de Mesquita 1032 – Tijuca
Concentração: 16h

Tá Chegando a Hora
Rua Barros de Alarcão, 370 – Pedra de Guaratiba
Concentração: 16h

Domingo – 21 de janeiro

Chá da Alice com Daniela Mercury
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Concentração: 7h

Bloco Caminhadinha
Largo dos Leões – Humaitá

Bloco Só Caminha
Largo dos Leões – Humaitá
Concentração: 12h

Bloco Carnavalesco Xodó da Piedade
Rua Pedro Domingues, 80 – Encantado
Concentração: 16h

Série Barracões SP: Buscando o tricampeonato, Mancha Verde irá mostrar uma visão diferente do agro brasileiro

Atual vice-campeã do carnaval paulistano, Mancha Verde irá migrar do nordeste ao agro brasileiro. Porém de uma maneira diferente. O carnavalesco André Machado, responsável pelo desfile, inseriu características de matriz africana dentro do tema, como o orixá Ocô. Tal entidade tem como personalidade um ser da agricultura. Ele será o ponto de partida do enredo. A escola alviverde almeja novamente o campeonato e virou uma potência desde que conquistou o seu primeiro título, em 2019. Já é bicampeã e coleciona dois vices. Não há dúvidas de que todo o mundo do samba e as co-irmãs olham para a ‘Mais Querida’ com uma potencial candidata a vencer o carnaval quando entra na passarela, desde então. A reportagem do site CARNAVALESCO visitou o barracão da Mancha e conversou com André Machado, encarregado pelo Carnaval 2024 da agremiação. Com o enredo intitulado “Do Nosso Solo Para o Mundo”, a alviverde será a sexta a desfilar na sexta-feira de carnaval.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Surgimento do tema

O artista contou como nasceu o tema e aproveitou para falar sobre. De acordo com o próprio, quis fazer uma narrativa que saísse da casinha, pois outras escolas já fizeram enredos parecidos. Graças a um livro, veio o nascimento do contexto que a Mancha Verde abordará em fevereiro. “Antes do último carnaval acabar, a gente já tinha idealizado e o presidente perguntou para mim um enredo falando sobre agricultura e eu achei interessante. A minha preocupação era apenas em relação que algumas escolas do Rio de Janeiro já falaram de agricultura e tinha que ser de uma forma diferente. Eu fui para casa, comecei a pesquisar e vi que realmente dava enredo, mas eu fiquei em dúvida de como abordar de uma forma diferente, principalmente pela internet, que tem como referência a Vila Isabel e Tijuca essa questão da comparação. Eu fiquei nessa neura de querer fazer uma coisa diferente e, do lado da minha cama, tem uma estante com um livro amarelo e até ele se destaca dos demais. O livro é a “Mitologia dos Orixás” e eu estava aqui no barracão, minha esposa fazendo uma faxina em casa e eu tinha começado a ler o livro, mas totalmente aleatório. Não peguei para poder desenvolver o enredo da Mancha e ela começou a foliar para ver e ela descobriu um capítulo sobre o orixá Ocô. Na mesma hora ela me ligou e falou assim: ‘você já viu o capítulo tal?’ Daí eu fui para casa correndo. Quando eu comecei a ler eu falei assim: ‘nossa, é tudo que eu precisava para poder desenvolver esse tema de uma maneira diferente. Tirei foto das páginas. Mandei pro Paulinho (Serdan) e ele disse que esse seria o nosso enredo”, explicou.

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Sonho do título

A escola foi vice-campeã em 2023 perdendo no desempate, tendo tomado a virada no quesito mestre-sala e porta-bandeira. Foi um grande desfile da Mancha, uma plástica impecável, mesmo debaixo de chuva. Porém, o carnavalesco está tão entusiasmado com este enredo agro, que está deixando o “Xaxado” de lado, dizendo que para 2024, há um material rico de informações em mãos.

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“Eu acho que é muito mais fácil de ser entendido. Até inclusive melhor que o ano passado, porque o xaxado é uma dança e era muito abstrato. Você não consegue retratar em fantasia. O que é uma dança só explica dançando. Esse enredo me dá elementos plásticos, como fruta, verdura, legume e é o homem do campo, é a plantação, a história do negro, do índio. É muita informação, muita riqueza de detalhes a ponto de me atrapalhar no sentido de que antes eram cinco carros alegóricos e hoje são só quatro. Eu precisaria de pelo menos uns cinco ou seis carros para poder desenvolver o enredo do jeito que a gente quer. Mas como a gente tem quatro no regulamento, vamos lá. Tem coisas que vocês talvez não vão ver nos carros, mas vocês vão ver em alas. Está tudo muito bem pensado para a gente fazer um grande desfile. Eu acredito muito no resultado. Vamos apostar que a gente vai estar entre as cinco e brigando muito forte pelo título. É uma coisa que é um sonho que eu tenho. Eu ainda não fui campeão do carnaval de São Paulo do Grupo Especial e eu espero que seja esse ano”, afirmou.

Saída da patrocinadora influência no carnaval?

Mesmo que a Mancha Verde tenha virado uma potência do carnaval paulistano, é sabido que o forte patrocínio ajudou bastante no crescimento nos últimos desfiles da entidade, principalmente para a parte de confecção de fantasias e alegorias. Entretanto, para Machado, a captação menor de dinheiro não irá influenciar no Carnaval 2024.

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“Eu acho que teve uma pessoa que me perguntou mais ou menos a mesma coisa do ano passado, porque uma já tinha sido campeã do carnaval anterior antes de eu entrar e as pessoas começaram a perguntar, mas a gente fez carnaval sem a Crefisa e foi vice campeã do carnaval. Estava brigando de igual para igual com a Mocidade. A gente só perdeu por causa de uma peninha da porta-bandeira. Eu falei nessa entrevista que, por mais que carnaval para disputar precisa de dinheiro, graças a Deus ele ainda é feito por pessoas, porque às vezes você não precisa de muito para poder escutar o carnaval, você precisa de pessoas com organização para isso. Até porque você vê escolas luxuosas, talvez na mesma pegada da Mancha ou até mais e não é campeã. E tem escolas que não tem o mesmo poder aquisitivo e arrebentam a boca do balão. O dinheiro é importante para pagar conta, para deixar o salário da galera em dia, para comprar os melhores materiais, mas não é tudo”, declarou.

O trunfo do desfile

Perguntado sobre o que mais pode ajudar a escola no desfile, o artista exaltou o canto, a bateria e as alegorias. ”O canto acho que vai ser um diferencial. O trabalho que está sendo feito em cima disso é um absurdo. Na quadra todo final de semana o ensaio geralmente começa por volta das 18 horas, mas a galera chega mais cedo e as meninas que cuidam das fantasias fazem um trabalho com a comunidade de canto o tempo inteiro. Então acho que vai ser o grande diferencial. A bateria da Mancha também. As alegorias eu acho que vai dar um bom caldo”, completou.

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Conheça o desfile

Setor 1
”A nossa abertura da escola vai falar sobre a lenda do orixá, o rosto vai estar na nossa comissão de frente e o Ocô já orixá, ele convocou todas as abelhas do mundo para poder polinizar o mundo e elas são as mensageiras. Isso seria a nossa ala das baianas que vem na frente do nosso abre-alas. Elas serão uma grande colmeia também, porque as abelhas realmente cientificamente são comprovadas que se desaparecerem vai ficar complicado. A agricultura é uma linda fantasia e aí gente vai abrir dessa forma”.

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Setor 2
“O nosso segundo momento, vai falar da chegada dos portugueses e a importância dos Jesuítas. Mostrar que o índio, apesar de também saber lidar com a terra, eles não vendiam. Era para se auto sustentar. Ele plantava só para isso e depois vieram os escravos no ciclo da cana-de-açúcar que aí sim, se a gente for na real da história foi que começou a agricultura mesmo, onde a pessoa plantava para colher e levava para fora com o objetivo de vender. O nosso segundo carro a gente vai mostrar uma caravela toda feita de cana. A ideia é mostrar o quanto esse ciclo da cana foi importante e ao mesmo tempo foi ruim, porque foi através dessas caravelas que foram buscar os navios negreiros e os escravos para poder trabalhar nas lavouras aqui A agricultura tem uma participação na escravização do negro”.

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Setor 3
“A gente parte para o nosso terceiro setor da escola, que vai falar dessa da ligação do homem da terra e o quanto a mecanização dos meios rurais foi importante para o desenvolvimento da agricultura no Brasil para se tornar o grande celeiro do mundo que ele é hoje. É uma grande potência na produção de alimentos. Isso é o nosso terceiro carro e a gente faz uma brincadeira. As crianças vêm fantasiadas de porquinho, fazendo uma analogia em cima da escola”.

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Fechamento
“O nosso último carro, olhando de cima, que a gente vê lá na arquibancada, vai observar que o carro é no formato da bandeira do Brasil e tem a figura do Alisson Paulinell,i que foi um grande agricultor e um cara que batalhou muito pelo meio rural. Ele faleceu esse ano inclusive e a gente vai fazer homenagem a ele e qual a importância do Alisson para o meio rural. Ele que levou a ciência para o campo e esses estudos facilitaram a vida dos agricultores para poder melhorar a terra”

Ficha técnica
Quatro alegorias
2300 componentes
Um Tripé (comissão de frente)
Diretor de barracão – Caíque Serdan e Léo Serdan
Diretora de fantasias – Bibinha

Ministra Sonia Guajajara confirma presença no desfile do Salgueiro

O Acadêmicos do Salgueiro recebeu a confirmação da presença da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, no desfile oficial da agremiação, que neste Carnaval vai levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “Hutukara”, desenvolvido pelo enredista Igor Ricardo e pelo carnavalesco Edson Pereira. A vermelho e branco fará uma defesa do povo Yanomami, reivindicando o fim da crise que ameaça a sobrevivência dos indígenas.

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Foto: Divulgação

O convite oficial à ministra foi feito pelo Presidente André Vaz. Ela aceitou participar como destaque no desfile da escola, no dia 11 de fevereiro. Para André Vaz, a presença da ministra na Academia do Samba reforça o manifesto salgueirense em prol dos povos indígenas, em uma das maiores representações culturais do mundo:

“A presença da Sonia em nosso desfile traz um impacto significativo ao chamar a atenção para as questões indígenas, aumentando a conscientização sobre os desafios enfrentados por essas comunidades. A visibilidade em um evento de grande magnitude como o desfile das Escolas de Samba é uma oportunidade para amplificar as vozes e chamar atenção para as demandas dos povos indígenas no Brasil”, destaca o administrador.

Em 2024, o Acadêmicos do Salgueiro vai levar para a Avenida a história e a luta do povo Yanomami com o enredo Hutukara, de autoria do carnavalesco Edson Pereira. A Academia do Samba faz um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. Hutukara significa “a floresta construída dos yanomami”. O enredo é baseado no livro “A Queda do Céu”, de Davi Kopenawa, xamã e líder político do povo yanomami.

Porto da Pedra apresenta Pipa Brasey como madrinha do carro de som

Com foco permanente em apresentar um grande espetáculo na Marquês de Sapucaí, no dia 11 de fevereiro, a Porto da Pedra garante mais um reforço de peso para o time que vai defender o hino oficial no Carnaval, trazendo Pipa Brasey para integrar o carro de som liderado por Wantuir Oliveira.

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Foto: Ana Victória/Divulgação Porto da Pedra

A cantora brasileira é radicada na Suíça, onde tornou-se uma das principais propagadoras do samba e da música basileira. O convite para que Pipa desfilasse pela escola partiu do próprio intérprete, cuja relação de amizade com a artista começou há cerca de quatro anos, durante um tour de Wantuir pela Europa, mais precisamente Londres, onde o intérprete defende o microfone da Paraíso London School, tradicional escola de samba inglesa.

“Pipa é uma grande artista. Nosso primeiro contato foi por conta de um compromissos profissional e ali já me impressionou a potência da voz dela. Dali surgiu uma amizade e ma grande parceria que culminou com a minha participação no DVD dela e em alguns shows que ela fez no Brasil. Em Londres, desfilamos juntos na Paraíso e também cantamos juntos no carnaval parisiense e, sempre que temos a oportunidade de cantar juntos, é sempre um prazer”, diz Wantuir.

O convite feito pelo intérprete foi a oportunidade para que Pipa revisitasse o passado, quando desfilou pela Porto da Pedra no enredo que homenageava Nelson Mandela (2007).

“Fiz uma viagem inacreditável no tempo porque eu ja desfilei na escola e foi uma emoção sem igual. Quando o Wantuir me fez o convite eu nem pensei duas vezes para aceitar”, diz a artista.

Shopping Boulevard inaugura espaço cultural com exposição da Herdeiros da Vila

Uma mostra que celebra as raízes de Vila Isabel, as próximas gerações e o legado do samba no bairro: A escola de samba mirim Herdeiros da Vila inaugurou, na última quarta-feira uma exposição no Shopping Boulevard para celebrar o Carnaval. A mostra “Herdeiros da Vila: a Esperança de Oxalá” é uma celebração vibrante da festa popular carioca, que oferece uma visão cativante dos momentos significativos no epicentro do samba, até o dia 18 de fevereiro. O shopping fica na Rua Barão de São Francisco, 236 e a entrada para a exposição é gratuita.

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Foto: Divulgação

A mostra fica na Galeria Boulevard, localizada no 2º piso, próximo ao fraldário do shopping. O espaço abrigará ao longo do ano diversas exposições e ativações culturais ligadas ao bairro e à região, além de celebrar manifestações artísticas diversas.

“Estamos muito felizes em inaugurar esse espaço cultural em nosso empreendimento. O bairro que abriga o nosso shopping tem uma importância história enorme para os cariocas, é considerado um dos berços do samba, terra de Noel Rosa e Martinho da Vila. Não podíamos inaugurar com exposição melhor que essa homenagem à Vila, uma das escolas mais importantes do carnaval carioca”, celebra Isabella Colonna, coordenadora de Marketing do Shopping Boulevard.

A mostra “Herdeiros da Vila” retratará momentos marcantes no berço do samba, como os ensaios de rua e do morro. Além de fotos históricas espalhadas pelo local, também estarão disponíveis cinco fantasias da agremiação para o próximo Carnaval, reforçando a importância das crianças para um mundo melhor com a proteção de Oxalá, um elo mágico com o samba “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”, criado originalmente para 1993 e que será reeditado pela Unidos de Vila Isabel neste ano.

“A Herdeiros da Vila, assim como a Unidos de Vila Isabel, quer estar sempre perto da sua comunidade. Por isso, nada melhor do que presentear os moradores da região com essa exposição cultural no principal centro de comércio do bairro. Vamos nos entregar à candura das crianças, resgatar a paz do criador e propagar essa mensagem juntos”, ressalta o presidente da escola mirim, Philipe Duarte.

As fotos da mostra proporcionam uma narrativa visual envolvente, capturando a essência do amor que une os membros e a comunidade desta escola de samba premiada. Ao capturar a atmosfera vibrante do samba, a exposição transcende a mera documentação visual. Ela se torna uma experiência sensorial que conecta o visitante emocionalmente com a tradição, a inovação e a paixão intrínseca à Unidos de Vila Isabel e a Herdeiros da Vila. Estas imagens não apenas contam histórias, mas também nos imergem no legado dessas escolas, destacando o papel vital que o samba desempenha na rica tapeçaria da cultura carioca.

Serviço
Exposição “Herdeiros da Vila: a Esperança de Oxalá”
Quando: De 17 de janeiro a 18 de fevereiro
Onde: Galeria Boulevard | 2º piso do Shopping Boulevard
Horários: Segunda a Sábado: 10h às 22h | Domingos e Feriados: 13h às 21h
Entrada: Gratuita

Comunidade do Salgueiro comparece em peso no primeiro ensaio de 2024 e dá show de harmonia com o samba do ano

Quem passou pela Rua Maxwell, no Andaraí, na noite de quinta-feira, pôde presenciar mais um espetáculo proporcionado pelo Acadêmicos do Salgueiro em seu ensaio. Como já é costumeiro, o local estava com muitos espectadores, que interagiram com a escola enquanto ela passava. O ponto alto do treino, sem dúvida, foi a comunidade salgueirense. Comparecendo em grande número, os desfilantes deram um show de canto e evolução. O belíssimo samba-enredo, na ponta da língua de todos, mostrou mais uma vez que deverá ser o diferencial da agremiação. Carro de som e bateria seguiram sustentando a obra com maestria. A poucos dias de seu ensaio técnico, que será realizado no próximo domingo, na Marquês de Sapucaí, é fácil perceber que o Salgueiro está pronto.

No carnaval de 2024, o Salgueiro levará para a avenida o enredo “Hutukara”, de autoria do carnavalesco Edson Pereira. A escola falará sobre a mitologia Yanomami, defendendo os povos originários e a preservação da Amazônia. A vermelho e branco será a terceira a desfilar no domingo de carnaval.

“O Salgueiro vai mostrar que tem a melhor comissão de frente com o Patrick, que a gente tem o melhor casal de mestre-sala e porta-bandeira, a Marcella e o Sidcley, vamos mostrar que temos o melhor carro de som e a melhor harmonia do carnaval. A única que ganhou 40 pontos no ano passado. No domingo, a gente vai mostrar que temos a melhor bateria do carnaval, a Furiosa do Salgueiro. Vamos mostrar que nós temos o melhor samba-enredo do carnaval. Um samba-enredo que tem uma mensagem forte. E essa mensagem forte que a gente está defendendo. No domingo, a gente vai mostrar que o Salgueiro tem uma comunidade apaixonada, que encara a escola como uma religião. Vamos lá, Salgueiro!”, discursou o diretor de carnaval Wilsinho Alves pouco antes do ensaio começar.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Sidcley Santos e Marcella Alves, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro, novamente tiveram a missão de abrir o ensaio de rua, visto que os integrantes da comissão de frente não se fizeram presentes. A dupla segue mostrando porque é considerada uma das melhores do carnaval carioca. Eles mostraram uma dança clássica com muita leveza, parecendo flutuar na pista. Alguns movimentos coreográficos pontuais estiveram presentes no número. Impressionou a segurança dos giros e das interações entre os dois. Sempre com muitos sorrisos e troca de olhares, a dupla também interagiu bastante com o público, que festejava a cada movimento.

Samba-enredo

Eleito pelos leitores do site CARNAVALESCO como o melhor do carnaval, o samba salgueirense teve mais um ótimo rendimento no ensaio de rua. Com uma letra que passa uma mensagem bastante forte, aliada a uma melodia valente, a obra musical é um grande acerto e tem tudo para impulsionar o desempenho da escola no desfile oficial. O time de cantores, bateria e comunidade estão perfeitamente integrados na execução do samba.

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Fotos: Rafael Soares/CARNAVALESCO

“Tenho a expectativa de mais um ensaio técnico quente. A comunidade botando para cima, cantando o samba de uma forma espetacular. É o Salgueiro na avenida. Se o samba é o melhor do carnaval, a gente vai ter que comprovar na avenida mesmo. Porque sendo campeão, aí sim eu acho que é o melhor do carnaval. E a gente está brigando muito por isso, dá muita força”, disse Emerson Dias sobre a expectativa de cantar o samba salgueirense na Sapucaí.

Harmonia

Ponto alto do ensaio desta quinta-feira. A comunidade salgueirense compareceu em peso e mostrou que irá defender o samba-enredo com unhas e dentes. Não se percebeu ninguém calado. Todas as alas passaram cantando a obra com muita potência. Destaque ficou para o refrão principal, que mostrou uma força incrível através da harmonia de seus componentes. O carro de som, comandado pelo intérprete principal Emerson Dias, guiou o samba com muita segurança. O cantor mostrou sua empolgação costumeira, levantando ainda mais a energia dos desfilantes.

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“O trabalho do Salgueiro está sendo conhecido desde a escolha do samba até a gravação. A gente tem um time muito competente de músicos, cantores, intérpretes, e tem sido bem tranquilo. A gente tem conseguido executar muita coisa. Eu costumo dizer, já com a experiência que tenho de carnaval há tantos anos, que a gente ensaia às vezes 12, 14 músicas pra uma banda pra fazer um show. A gente está ensaiando uma música há quatro meses. Então, é inadmissível que não esteja perfeito. Ou o mais próximo possível do perfeito. Estou muito feliz e com uma expectativa muito boa”, falou Alemão do Cavaco, diretor musical da escola.

Evolução

Quesito defendido de forma exemplar pelo Salgueiro. A escola exibiu uma evolução muito fluida e competente. Logo na primeira ala, já foi feita uma coreografia valente, que dava o tom do que viria a seguir. Um cortejo potente e solto para brincar seu carnaval. O ritmo do ensaio foi ótimo, sem qualquer tipo de correria ou lentidão. Também não foi notado espaçamento entre alas, o que mostrou uma escola compacta, mesmo estando grande numericamente.

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“Dia 21 de janeiro do ano passado foi o dia em que o mundo tomou conhecimento da tragédia Yanomami. Não existe coincidência. Nosso ensaio técnico foi marcado também para o dia 21 de janeiro deste ano. Exatamente um ano depois. Importantíssimo o que a gente vai fazer agora no próximo domingo. A palavra para domingo é nós sermos incontestáveis. Não deixar margem para contestação, margem para discussão”, disse Wilsinho sobre a expectativa para o ensaio técnico.

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Outros destaques

A bateria do Salgueiro segue em grande fase. Os ritmistas, comandados pelos mestres Gustavo e Guilherme, deram mais um show de cadência. O andamento utilizado continua se mostrando excelente, dando espaço para o samba brilhar na voz dos componentes da escola. As bossas são muito bem planejadas para dar ainda mais força ao desfile da vermelho e branco.

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Com canto e evolução em destaque, Unidos da Tijuca mostra a força do Borel em mais um ensaio de rua

O Morro do Borel cantou forte. O ensaio de rua da Unidos da Tijuca, na noite desta quinta-feira, foi marcado pela grande melhora da harmonia da escola, além de um desempenho positivo na evolução e mostra, aos poucos, a força do povo tijucano. A diretoria da agremiação acredita que mais de 1200 componentes estiveram presentes. Agora, a escola de samba busca evoluir ainda mais para fazer um bom ensaio técnico na Marquês de Sapucaí, no dia 28 de janeiro.

O ensaio de rua desta quinta começou por volta das 22h e teve cerca de uma hora de duração. Além do canto e da evolução técnica, o diretor de carnaval da escola, Marquinho Marino, elogiou a performance do carro de som e da bateria Pura Cadência. Ele acredita que o desempenho da comunidade, somado ao que foi preparado no barracão, vai resultar em um grande desfile. Confiante, o dirigente ainda afirmou que a agremiação vai brigar pelo título.

“Hoje, a bateria e o carro de som tiveram um desempenho espetacular. Isso me dá alegria, porque eu sei o que temos dentro do nosso barracão. Tendo um projeto tão bonito, bem feito e adiantado, além disso que aconteceu aqui na rua, nos dá a certeza que o trabalho que teve início em maio está certinho. Agora, é entrar no dia do desfile com essa energia que tivemos hoje. Desejar posição é demais, mas acredito que a gente briga pelo título”, disse Marino.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Antes da arrancada, Marino informou aos componentes que todas as fantasias já estão prontas e serão entregues a partir do dia 2 de fevereiro, após o último ensaio de rua da escola. A data, de acordo com ele, foi escolhida de forma estratégica pelo presidente Fernando Horta para que o último ensaio seja uma celebração entre a escola e seu chão. As alegorias, segundo o dirigente, estão praticamente prontas. A escola finaliza o último carro.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Como a comissão de frente ensaiou separadamente, a dupla ficou responsável por abrir o ensaio de rua da Tijuca. Com o ensaio técnico da Sapucaí e o grande dia do desfile se aproximando, o primeiro casal da escola, formado por Matheus André e Lucinha Nobre, ensaiaram com adaptações da fantasia. A porta-bandeira treinou utilizando anágua de peso, enquanto o mestre-sala usou uma capa. Mais uma vez, a experiência de Lucinha somada ao vigor de Matheus promete resultar em um grande desfile do casal tijucano.

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“Hoje fizemos pela primeira vez o ensaio com anágua de peso e capa. Estamos na reta final, por isso resolvemos fazer as adaptações da fantasia – que já está pronta. Ontem ensaiamos com ela, daí hoje viemos treinar. Estamos alinhando tudo para que possamos fazer o nosso melhor no desfile”, comentou a porta-bandeira.

“Agora é reduzir os erros, limpar o máximo que der e fazer os últimos ajustes. Hoje foi para sentir a temperatura com a fantasia – a capa. Também ventou um pouco e ameaçou chover. É forçar mais um pouquinho para chegar no desfile e arrebentar”, completou o mestre-sala.

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Harmonia

A evolução do canto da comunidade foi o grande destaque da noite. Já elogiada pela melhora durante os últimos ensaios de 2023, o chão tijucano mostrou que está com o samba na ponta da língua. Durante todo o ensaio de rua os componentes cantaram forte e com muita emoção. Destaque também para o carro de som, comandado por Ito Melodia, e a bateria “Pura Cadência”, do mestre Casagrande, que têm contribuído e muito para o sucesso do canto da escola.

O diretor de harmonia da Unidos da Tijuca, Fernando Costa, ressaltou que a harmonia e evolução da agremiação têm ganhado destaque a cada treino. Para ele, a escola terá um grande desempenho no ensaio técnico na Passarela do Samba.

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“A cada ensaio temos sentido uma evolução no canto, no andamento e na evolução em si. Ainda teremos mais um treino antes do nosso ensaio técnico na Marquês de Sapucaí. Pelo o que vi hoje acredito que iremos chegar na Avenida, no dia 28, em um nível muito bom. Tanto o canto como a evolução estão muito satisfatórios”, destacou Costa.

Evolução

Como Fernando Costa comentou, a evolução também foi outro quesito que disparou e mostrou grande melhora. Além do canto intenso, os componentes demonstram alegria e brincam carnaval ao longo da avenida. Também havia alas coreografadas, como a 28, que levou uma apresentação bastante entrosada e realçava a alegria entre a comunidade.

Para Marino, o resultado do ensaio desta quinta-feira é fruto do trabalho conjunto da escola, que teve início em maio. Agora, o diretor de carnaval acredita que a Tijuca busca acertar detalhes para realizar um grande ensaio técnico no dia 28 de janeiro.

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“Um dos pontos mais importantes é que o componente assimilou o samba. Ele não só canta, mas coloca a alegria para fora, evolui e se diverte. Acredito que quando chega neste ponto, o objetivo é alcançado. Estou muito feliz, porque a escola está em um momento muito bom e de muita união – tanto eu, como Fernando Costa, mestre Casagrande, Ito. É importantíssimo que a gente fale a mesma língua”, afirmou Marino.

Samba-enredo

O intérprete Ito Melodia e sua equipe de carro de som foram fundamentais para o bom desempenho da obra durante o ensaio. Grande puxador, Ito conseguiu levantar o clima entre os componentes ainda no aquecimento. O samba-enredo inicialmente criticado – e de início com razão -, foi abraçado pela comunidade tijucana e levantado pelo carro de som e a bateria. O sucesso da canção também é fruto do trabalho realizado pela equipe de harmonia da escola sob o comando de Fernando Costa.

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Ito Melodia afirmou que ficou em êxtase com o desempenho da comunidade tijucana. Para ele, o resultado é fruto do trabalho da diretoria da escola e da equipe que comanda o carro de som. Pelo o que foi apresentado pela agremiação, o intérprete acredita que o desfile será vibrante e marcado por garra, técnica, leveza e muito canto.

“Eles cantam, se envolvem e mostram como é ganhar carnaval. Vocês podem perceber o crescimento que o samba está tendo e a emoção de cada componente. Estou levando isso com tanto amor que a vontade que dá é cantar o tempo inteiro. O ensaio acaba e se deixar, a gente canta por mais uma hora. Acredito que todo o grupo do carro de som está muito preparado, tanto no canto como na interpretação, na letra, emoção e garra. Isso é transmitido e trocado com toda a comunidade da escola. Podem ter a certeza que teremos um ensaio técnico maravilhoso e um desfile maior ainda. Nos aguardem que vem coisa boa por aí”, disse Ito.

Outros destaques

O show da bateria “Pura Cadência” não poderia ficar de fora dos destaques. Os ritmistas mostraram um alto nível de entrosamento. À frente da bateria, a rainha Lexa também se destacou na avenida: mesmo com o salto quebrado, a majestade seguiu com seu samba no pé durante todo o ensaio.

Bateria e carro de som impulsionam alto desempenho do canto da comunidade em ensaio de rua da Mangueira

A Mangueira vem trabalhando forte desde que escolheu o samba em outubro do ano passado, e se a obra em um primeiro momento não esteve nas listas da que mais se destacavam pela crítica, a composição de Lequinho e Cia vem crescendo a cada ensaio, e, o principal, está na boca do componente que tem cantado com muita força e muita paixão o samba em homenagem a Alcione. Na noite da última quinta-feira, a Verde e Rosa fez mais um ensaio em que, apesar de outros quesitos terem passado muito bem, a harmonia e o samba seguem como principais destaques impulsionados por um trabalho de bateria dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto que tem trazido toda a musicalidade do enredo para a obra, além de um trabalho muito forte do carro de som comandado por Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz, mas contando também com nomes experientes no time de apoios. O diretor de carnaval Junior Cabeça avaliou o desempenho no ensaio como uma evolução gradativa que vai colocar a escola nas condições necessárias para brigar lá em cima no dia do desfile.

“Tecnicamente é o que eu venho falando toda a semana, nós estamos vindo em uma crescente muito boa, o samba já aconteceu, hoje é considerado um dos três melhores sambas do carnaval, isso muito em função do nosso trabalho, da nossa direção musical, pelos nossos mestres de bateria, de toda a nossa harmonia, e principalmente de toda a nossa comunidade que comprou a ideia, comprou o nosso samba e a cada ensaio a gente vê melhorando para chegar pronto no dia do desfile”, avalia Cabeça.

O diretor de carnaval Amauri Wanzeler também vê a escola quase pronta para entrar na Sapucaí e disputar o título e aproveita para questionar as críticas que o samba-enredo escolhido para 2024 recebeu logo após a disputa de samba.

“A gente tem evoluído muito graças ao trabalho do departamento musical, o Vitor Art, o Digão, garotos frutos da Mangueira do Amanhã, fizeram um grande trabalho, nós recebemos várias críticas pela escolha do nosso samba-enredo e acho que a prova maior está aí, hoje em dia ninguém mais fala nada do samba da Mangueira. A Mangueira está provando que é a Estação Primeira de Mangueira com o canto da sua comunidade, com a sua harmonia, com a sua evolução. Ainda não estamos 100%, a verdade é que o 100% vamos buscar no dia do desfile, estamos muito felizes com os ensaios realizados aqui às quintas e domingos”, revela o diretor.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

Já o diretor de harmonia Helton Dias procurou exaltar o enredo e a homenagem a Alcione como um gás a mais na entrega que o componente tem realizado na preparação para o próximo carnaval.

“O canto da comunidade vem do chão da escola, é um show à parte. O trabalho que é feito, nosso chão, a comunidade, esse enredo, é uma cereja de bolo, falar da Alcione fez com que a comunidade abraçasse ainda mais , como se fosse um centenário da escola, digamos assim. O canto da escola está afiado, cada semana está melhorando, algumas coisas a gente como diretor acredita que sempre tem uma coisinha para acertar. Mas na Avenida vai funcionar muito, tenho certeza, graças ao canto da escola”.

Neste ano, a Mangueira vai levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “A Negra Voz do Amanhã”, dos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon, e será a quarta agremiação a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Comissão de frente

Comandada por Lucas Maciel e Karina Dias, a comissão de frente trouxe uma coreografia mais intensa e possivelmente mais dentro do que deve levar para a Sapucaí. Uma das bailarinas claramente parecia ter um papel de destaque que pode se tratar de representar a homenageada. Os bailarinos em seus movimentos muitas vezes pontuavam algumas partes do samba como “encantados a girar” na primeira do samba em que alguns componentes faziam o movimento. Ou no “e vai provar que o samba é primo do jazz”, em que acontecia passos mais próximos do ritmo norte americano. A equipe também procurou simular um possível elemento cenográfico através de uma corda que fazia o espaço entre a comissão e o casal e que na apresentação a corda ficava mais próxima do lugar que simulava a cabine julgadora.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal muitas vezes chamado furacão fez jus ao apelido com muita intensidade nos movimentos, mas com um cuidado perceptível para manter a correção nos passos e trazer a tradicionalidade do bailado de um casal de mestre-sala e porta-bandeira. Uma das partes mais fortes era no “ê bumba meu boi”, pelo giro da dupla. Cintya Santos mostrou muito vigor, mas também muita delicadeza, no final da apresentação nos módulos, sozinha, mais próxima do lugar onde seria a cabine, foi muito aplaudida pelas bandeiradas finais que tinham muito da marca de sua dança. Matheus Olivério como sempre deslizava no chão quase que se não houvesse nenhum atrito com a postura e elegância de sempre. Apresentação muito forte.

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Harmonia

A Mangueira, mais uma vez, viu seu componente cantar o samba com muita garra, com muita vontade e intensidade, durante todo o ensaio. Os “harmonias de ala” a todo tempo incentivavam os componentes a entregar um pouco a mais e os foliões respondiam quase berrando a obra, mas com muita alegria. Importante destacar o trabalho musical da Mangueira, a arrancada foi de arrepiar pelo trabalho conjunto do carro de som e da bateria, muita musicalidade envolvida, time bem ensaiado e que trouxe beleza para o momento. A equipe de apoio de Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz é muito boa e conta com cantores experientes que cantam na Série Ouro como principais, o caso de Daniel Silva, do Império da Tijuca e Leandro Santos, da São Clemente. Além disso, Bico Doce segue reforçando os apoios, além da jovem e talentosa Cacá Nascimento, que abriu o samba representando a homenagem às vozes femininas. Parabéns a diretoria e ao trabalho realizado pela direção musical de Vitor Art e Digão. O diretor de Harmonia Helton Dias também salientou o trabalho da direção musical e do carro de som.

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“Quanto ao carro de som, tem que ressaltar que o trabalho do Vitor (Art) e do Digão são dois músicos sensacionais, tem um ouvido muito apurado, e conseguiram formar um carro de som ainda melhor que o ano passado. Estão fazendo com que esse time do carro de som consiga sustentar esse samba, fazendo com que cada nuance do samba tenha a dicção perfeita. A gente tá no estúdio 24 horas, toda semana estúdio, muito ensaio e acho que a boa harmonia não vem só do nosso trabalho mas de toda a equipe musical que fazem um grande trabalho. E o Dowglas e o Marquinhos já são muito queridos da comunidade, o Dowglas é cria do morro e o Marquinhos já está na escola desde 2019. Eles fazem um trabalho que tem que aplaudir”, finaliza o profissional.

Júnior cabeça também foi por este viés e lembrou das aquisições feitas pela direção que reforçaram a equipe da Mangueira.

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“O trabalho da nossa direção musical está muito forte. A presidente não mediu esforços, trouxe pessoas de grande porte também para ficar de apoio no carro de som, por isso o Daniel Silva está com a gente , tem nomes bem conhecidos. O trabalho está andando, está sendo bem feito, a parte harmonia da escola tanto no carro de som, quanto na comunidade está pronta e agora é só esperar o dia do desfile e a gente ir se aperfeiçoando para ganhar os 40 pontos nesse quesito e nos outros também, e a gente levar a Mangueira para a disputa do título”.

Evolução

A evolução da escola foi correta e no geral bem espontânea. As alas coreografadas deram um molho e uma dinâmica diferente ao desfile, trazendo coreografias que ressaltam a musicalidade de Alcione e pontuando a letra do samba. O único ponto a se atentar é o espaço entre as alas e as musas que alguns momentos ficou um pouco demasiado porque a ala da frente andava e algumas vezes a escola não acompanhou, mas não se configurando em buracos. Porém, a Verde e Rosa tem um mecanismo luminoso que em geral consegue corrigir isso no desfile. No mais, só destacar a alegria do mangueirense que tem sido contagiante, mostrando uma escola feliz com o trabalho que vem sendo realizado.

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Samba-enredo

O samba, como citado acima, não esteve entre os “hits” deste carnaval, em relação a opinião da crítica e dos sambistas em geral, mas tem crescido muito e o trabalho da bateria tem sido fundamental. A paradinha com o tambor de crioula e o uso dos xequerês na bossa do “Ê bumba meu boi…” dão muita musicalidade ao samba e as retomadas tem sido muito com cara de Mangueira com o surdo um explodindo e marcando bem. Excelente Trabalho de Taranta Neto e Rodrigo Explosão. A segunda parte mais melódica também tem sido valorizada, já que a explosão da obra e as bossas mais potentes tem vindo antes, o que valoriza a melodia da segunda do samba. E por fim, mais uma vez elogiar o trabalho da equipe musical e carro de som, vozes de apoio, que também tem tirado a obra do lugar comum.

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Outros destaques

Evelyn Bastos, mais uma vez, reinou como poucas à frente da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”, fazendo inclusive coreografia com a ala de xequerês e sendo muito atenciosa com as crianças no final do treino. Algumas crianças da Mangueira do Amanhã apareceram sambando com ela já nos últimos momentos de ensaio, a escola mirim veio em peso também na última ala cantando o samba e mostrando muita alegria.

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Destaque para a ala das baianas que giravam bastante, algo que nem sempre é comum de se ver nos ensaios de rua de outras agremiações, ainda mais pelo calor que tem feito. Os passistas também mostraram muito samba no pé durante o treino. Uma das alas, trazia muito da cultura do Maranhão, terra natal da homenageada, com saias enormes e com as moças girando em um bonito bailado.

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Com presença de Eli Corrêa no ensaio técnico, Águia de Ouro canta forte

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Na noite desta quinta-feira, houve um ensaio técnico geral solo no Anhembi. O Águia de Ouro colocou a sua comunidade da Pompeia para treinar visando o desfile de 2024. Dentro disso, se viu uma comunidade bem forte em seu canto. Fez valer o estereótipo de ser uma das escolas que mais coloca a voz para fora. Outro ponto importante foi a bateria de mestre Juca, que ao longo do ensaio, soltou várias bossas, o que não era corriqueiro da “Batucada da Pompeia”. O ensaio marcou a presença da porta-bandeira Monalisa Bueno, que fez a sua estreia junto a comunidadeia, após a saída de Lyssandra Grooters.

O presidente Sidnei Carrioulo falou sobre o ensaio. “Fizemos um ensaio razoável, a escola tem um potencial muito maior do que isso, mas não vou dizer para você que eu não fiquei satisfeito não. Gostei do astral, gostei da energia que foi mais importante. Lógico, sempre tem muita coisa para corrigir, muita coisa pra gente resolver, mas temos mais um ensaio técnico”, avaliou.

De acordo com o presidente, a energia da escola foi importante. “A energia da escola foi boa, quando a escola está com a energia boa, tudo fica melhor, fica mais fácil. Foi bom, isso para mim me deixou muito satisfeito”, comentou.

Comissão de frente

A ala, que é coreógrafa por Ruy Oliveira, não apresentou tantos elementos consideráveis para uma análise profunda. O grupo evoluiu de um lado para o outro e saudou o público a todo instante, sendo de forma sincronizada. O diferente é que havia dois integrantes (um homem e uma mulher) logo atrás, onde ficava acenando para as arquibancadas e beijando a camisa. Suponha-se que represente o futebol no rádio.

Vale ressaltar que o coreógrafo Ruy Oliveira retornou recentemente, pois Marcelo Gomes, que estava comandando a ala, teve o seu desligamento da agremiação.

AguiaDeOuro et Comissao

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal João Camargo e Monalisa Bueno fez uma dança segura. Foi a estreia da porta-bandeira com o pavilhão da Pompeia. Nitidamente a dupla ainda está se entendendo, visto que a dançarina foi apresentada nesta última terça-feira, véspera do ensaio, em decorrência da saída de Lyssandra Grooters. O casal se mostrou sorridente e realizou os giros horário e anti-horário, sem dar prioridade à coreografia dentro do samba.

“A gente teve poucos dias de ensaio, como vocês já sabem, mas tudo foi dentro do que a gente ensaiou. Vai ter muitos consertos, a gente vai se conectar e se entrosar muito mais. Agora é ensaiar muito para conseguir um resultado positivo”, disse a porta-bandeira.

AguiaDeOuro et PrimeiroCasal

“Foi o nosso quarto ensaio junto, mas posso dizer que foi muito positivo. Obviamente, como qualquer outro casal, a gente tem ajustes a serem feitos, mas nós estamos satisfeitos com a entrega como casal. É muito importante a gente falar sobre entrega, energia, conexão, não soltar a mão do outro e entender o processo que está acontecendo com a gente. A pista é um pisto de emoções. Independente de prazo, estamos nos entregando um para o outro. É isso que faz a magia do casal acontecer”, concluiu o mestre-sala.

Harmonia

Foi o ponto alto da escola no ensaio. Os componentes da Pompeia fizeram valer o título de ser uma das melhores escolas de harmonia de São Paulo. O canto é um quesito que a agremiação sempre pode contar com a sua comunidade. As alas demonstraram um alto volume com uma constância do início ao fim. Vale destacar o “Oiiii Gente”. Tal parte tem uma entonação que se estende, mas tudo foi feito corretamente. Era um receio.

AguiaDeOuro et Interpretes

Porém, houve uma falha considerável devido à falta de carro de som. Quando a bateria estava no recuo, soltou uma bossa. As últimas três alas que estavam entrando em frente ao setor A, se embolaram de uma maneira em que tiveram que parar o canto para ver onde estavam. É uma parte em que a escola deve se atentar para fazer as devidas correções.

Evolução

O Águia prioriza por um andamento compactado e enfileirado. Com exceção das alas coreografadas, tudo é feito bastante em linha reta desde que entra na pista. E isso também ocorreu no último ensaio. As fileiras foram feitas corretamente, sem espaços entre elas, mas é bastante ‘militarizado’. Não é um erro, mas vale ressaltar o estilo de evolução que a escola gosta de impor.

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Samba-enredo

O carro de som, liderado pelos intérpretes Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto, teve um grande rendimento neste ensaio. É uma grande sintonia que a dupla tem. Fazem poucos cacos e não atropelam uns aos outros. Isso ajuda bastante o samba, pois é uma obra com melodia acelerada o tempo todo. Por consequência, ajuda a comunidade, que consegue entender melhor o que é cantado.

As partes mais cantadas pelos componentes foram o refrão de cabeça, que é uma explosão na letra, principalmente no “Oiii gente” e os últimos versos do samba – “Águia de Ouro: A sua estação/Ligada no seu coração/Esse amor não se acabou/E no futuro assim será”.

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“Eu gostei bastante, como foi o primeiro aqui na passarela do samba, no Anhembi, eu acho que ainda tem coisas que a gente precisa realmente dar uma melhorada. Mas no geral, a escola se comportou muito bem. Hoje não era dia de desfile. No próximo ensaio a gente já vai fazendo um clima mesmo de como se estivesse valendo. Hoje é ajustar alguma coisinha, mas me agradou demais, nossa escola cantou, bateria veio bem e nosso carro de som veio bem também. Eu não tive a oportunidade de prestar muita atenção em outros setores que vem na nossa frente. Comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, mas acredito que tenham vindo bem também”, disse o intérprete Douglinhas Aguiar.

AguiaDeOuro et Baiana

O seu companheiro, Serginho do Porto, completou dizendo que foi ótimo e está ansioso pelo segundo, pois vai ser com o som inteiro da avenida. “Para um primeiro ensaio nosso aqui no Anhembi, foi maravilhoso, porque a gente já vem fazendo isso dentro da quadra e no ensaio de rua também. A pegada foi muito boa, a gente precisava ter essa conexão aqui dentro para sentir a pressão do samba, para sentir esse termo todo e foi ótimo. E no dia 27 vai ser melhor ainda porque a escola já vem mais da vontade, é mais cedo e o som todo da avenida já vai estar. Vai ser uma coisa bem gostosa, e assim, eu estou muito feliz. O Águia tem uma comunidade muito forte, que canta muito, e isso é importante para qualquer escola de samba”, finalizou.

Outros destaques

A bateria “Batucada da Pompeia”, regida por mestre Juca, soltou mais bossas do que o normal. Fizeram até um ‘algo a mais’, quando todos agacharam em frente ao setor monumental em um breque. Também fizeram isso uma vez no recuo.

AguiaDeOuro et MestreJuca

Juca avaliou o ensaio. “Foi um bom ensaio. As bossas estão sincronizadas com o samba. Lógico que tem algumas coisas que a gente deve corrigir até o dia 27 ainda, mas no dia do desfile, se Deus quiser, conseguir a nota”, disse.

De acordo com o mestre, o movimento é pensado para fazer o recuo de bateria. “A bateria do Águia de Ouro sempre foi uma bateria que soltou bastante bossas, só que recentemente a gente estava vindo com o regulamento debaixo do braço. Estava dando certo. Mas esse ano a gente preferiu ousar um pouquinho mais. A entrada da bateria antigamente não era julgada, mas agora está sendo. O que a gente está fazendo ali na hora é passar todos os instrumentos leves para trás. Logicamente é uma brincadeira que o público vai gostar.

AguiaDeOuro et RainhaVanessa

A rainha de bateria, Vanessa Alves se mostrou bastante emocionada durante todo o ensaio

A escola teve a presença de Eli Corrêa, radialista que é a cara do enredo. Ele discursou e soltou o seu bordão “Oi gente”.

Como foi dito, harmonia foi o destaque, mas vale destacar três alas que realmente era perceptível um forte canto. São elas: ‘Ala Methanol’ e ‘Ala Amigos do Ouro’.

AguiaDeOuro et EliCorreaPresidenteSidnei

Outro fato que vale uma observação é a ‘Ala Águia Maria’, que é composta somente por mulheres.