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Entregador agredido a chicotadas no Rio vai interpretar João Cândido no desfile do Tuiuti

O entregador Max Ângelo dos Santos, que foi agredido a chicotadas em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, no ano passado, aceitou o convite do Paraíso do Tuiuti e desfilará na agremiação neste Carnaval. Ele será João Cândido na terceira alegoria da escola, que representa o momento da Revolta da Chibata (1910). Max esteve no barracão da azul e amarelo, na Cidade do Samba, e conversou com o carnavalesco Jack Vasconcelos.

entregador tuiuti
Foto: Divulgação/Tuiuti

“O que aconteceu comigo, mais de um século depois da revolta liderada pelo João Cândido, não pode acontecer nunca mais. Vai ser uma responsabilidade muito grande representar esse herói na Marquês de Sapucaí. Fiquei muito honrado com o convite do Tuiuti”, afirmou Max, que é morador da Rocinha. Ele confirmou presença no ensaio técnico da agremiação neste domingo, na Marquês de Sapucaí.

Para Jack, a presença do entregador no desfile promete emocionar o público e alertar que casos de agressões ao povo preto não podem ficar impunes.

“A agressão sofrida pelo Max foi muito importante na definição do nosso enredo para o Carnaval. A gente não pode aceitar nenhum tipo de agressão, muito menos física e da forma que foi. O Max é um personagem muito simbólico dentro do desfile”, conta o artista.

Outros nomes já confirmados

O ator Izak Dahora também vai marcar presença na apresentação do Tuiuti. O eterno saci do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” estará em um dos tripés do desfile, representando o João Cândido em outra fase da vida. O jornalista Ernesto Xavier e o próprio filho do Almirante Negro, Seu Candinho, farão as demais interpretações.

Na folia deste ano, o Tuiuti vai desfilar com o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, homenageando a vida e história de João Cândido, marinheiro brasileiro que se empenhou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatas sofridas pelos colegas. A azul e amarelo será a quinta a desfilar na segunda-feira de Carnaval.

Freddy Ferreira analisa a bateria do Império Serrano no ensaio na Sapucaí

Um ótimo ensaio técnico da bateria do Império Serrano, comandada por mestre Vitinho. Um ritmo da “Sinfônica do Samba” de boa equalização e equilíbrio. Tanto faz o ponto onde se estivesse na bateria do Império, era possível conferir qualquer naipe que fosse, graças a boa distinção entre os timbres. Isso possibilitou uma fluência rítmica considerável entre as mais diversas peças.

Uma bateria “Sinfônica do Samba” com sua levada clássica foi percebida. Com sua afinação de surdos tradicionalmente pesada, seus marcadores de primeira e segunda foram exímios durante todo o ensaio. Os surdos de terceira contribuíram com um balanço simplesmente irrepreensível. As caixas de guerra, com sua histórica batida rufada, reinaram musicalmente. O complemento dos naipes médios ainda contou com uma ala de repiques acima da média e bem coesa.

Na cabeça da bateria do Império, uma ala de cuícas segura foi notada. Assim como um naipe de chocalhos altamente técnico, que tocou de forma integrada com uma ala de tamborins esplêndida. É possível dizer, inclusive, que o tamborim imperiano parecia um só durante todo o cortejo do Reizinho de Madureira, exibindo um desenho rítmico bastante ligado ao samba-enredo do Império Serrano. As peças leves ainda contaram com o luxuoso complemento do histórico, além de absurdamente musical, agogô da Serrinha. Na parte da frente do ritmo também foi possível perceber atabaques, que adentravam o corredor da bateria para a realização de bossas, utilizando duas baquetas, fazendo referência ao Aguidavi sagrado.

As bossas da “Sinfônica” eram plenamente inseridas no enredo de vertente africana da escola. Eram arranjos de elevado grau de dificuldade de execução, além de bastante complexidade. A bossa musicalmente mais atraente era a da cabeça do samba, que mesmo extensa, foi bem executada durante todo o treino. Além do êxito cultural de conectar a sonoridade ao tema da agremiação, é importante ressaltar que a bateria do Império Serrano foi ovacionada por onde se exibiu.

Mestre Vitinho e toda a bateria do Império estão de parabéns pelo grande ensaio técnico, ao exibirem um ritmo consolidado e conectado ao enredo da verde e branco de Madureira. Uma “Sinfônica do Samba” caminhando para mais um desfile de alto nível foi apresentada.

Freddy Ferreira analisa a bateria da São Clemente no ensaio na Sapucaí

Um ensaio técnico muito bom da “Fiel Bateria” da São Clemente, sob o comando do estreante mestre Marfim. Um ritmo bem integrado às tradições musicais clementianas, sem abrir mão por exemplo, da clássica e genuína subida de quatro dos surdos. Uma sonoridade equilibrada foi exibida.

Uma parte de trás do ritmo com a tradicional afinação de surdos clementiana mais pesada foi notada. Marcadores de primeira e segunda foram seguros durante todo o ensaio. Assim como os surdos de terceira garantiram o bom balanço complementando os graves. Já pelos naipes médios, repiques coesos tocaram de forma integrada à caixas de guerra de virtude musical, garantindo uma sonoridade de destaque.

Na frente do ritmo da “Fiel Bateria”, uma ala de cuícas correta tocou entre um naipe de chocalhos eficiente e uma ala de tamborins de qualidade técnica, que executou uma convenção rítmica pautada pela melodia do samba-enredo clementiano.

Com bossas simples, mas altamente funcionais, a apresentação dos arranjos ao público garantiu uma interação bem bacana, principalmente numa paradinha onde a bateria se abaixava no refrão do meio, que foi bastante aplaudida pelos presentes. As bossas se aproveitavam da melodia da obra da agremiação de Botafogo para consolidar o ritmo com pressão. Embora não fossem complexas, é possível dizer que provaram seu valor com impacto sonoro, sem contar o aspecto dançante presentes nos arranjos.

Uma “Fiel Bateria” bem ajustada e equilibrada para o desfile foi apresentada, sob a regência de mestre Marfim. Os ritmistas da escola preta e amarela do bairro de Botafogo têm motivos de sobra para saírem felizes do treino caprichado que realizaram, além de confiantes na almejada nota máxima para o próximo Carnaval.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Vigário Geral no ensaio na Sapucaí

Uma excelente apresentação no ensaio técnico da bateria “Swing Puro” da Acadêmicos do Vigário Geral, comandada por mestre Luygui. A escolha foi por um ritmo atrelado ao enredo da escola. Ritmistas, em sua maioria, usavam vestimentas juninas, assim como as bossas esbanjavam nordestinidade.

Na cozinha da bateria, uma afinação extremamente acima da média foi percebida. A distinção entre timbres se manteve muito bem definida, o que ajudou na integração musical de todo o ritmo da “Swing Puro”. Marcadores foram seguros e firmes durante o cortejo. Surdos de terceira contribuíram no balanço da parte traseira da bateria da Vigário. Caixas de guerra e taróis ressonantes deram consistência musical aos naipe médios, que ainda contaram com repiques coesos e com nítida virtude sonora.

Na parte da frente do ritmo, um naipe de cuícas de qualidade e uma ala de agogôs eficiente , com uma convenção rítmica baseada nas nuances do samba ajudaram no preenchimento da sonoridade das peças leves. Um naipe de chocalhos de nível técnico incontestável tocou de forma entrelaçada com uma ala de tamborins de bastante qualidade, que executou um desenho rítmico que mesmo com certa complexidade, se mostrou funcional pela Avenida.

As bossas da bateria da Vigário Geral usavam a seu favor a pressão provocada pelas marcações pesadas. Uma musicalidade de profundidade foi apresentada, com destaque pela nordestinidade presente nos arranjos, sendo o principal deles a bossa do refrão principal com um ritmo junino explosivo, envolvente e dançante. Durante as passagens também foi possível constatar nuances rítmicas interessantes e de bom gosto, demonstrando versatilidade.

Um ensaio técnico que mostrou uma bateria “Swing Puro” praticamente pronta para o desfile oficial. Bossas juninas se mostraram funcionais, tanto no ritmo, quanto para canto e dança dos componentes. Mestre Luygui saiu da Avenida certamente orgulhoso do treino grandioso da bateria da Vigário Geral na Sapucaí.

Freddy Ferreira analisa a bateria do Sereno de Campo Grande no ensaio na Sapucaí

A bateria do Sereno de Campo Grande de mestre Vinícius fez um um ensaio técnico correto, que foi melhorando do meio para o final, conforme convenções e bossas foram sendo mais executadas e aprimoradas durante o cortejo.

Na parte traseira do ritmo da bateria “Swing da Coruja”, uma boa afinação de surdos foi notada, sendo o destaque o agudo da segunda. Os marcadores apresentaram bastante firmeza, enquanto ditavam o andamento, por vezes um pouco excessiva, o que ocasionou em leves desajustes principalmente quando a bateria se locomovia pela pista. É um momento onde todos que tocam surdo devem redobrar a atenção enquanto andam, evitando assim desajustes sonoros. Importante ressaltar que essa instabilidade não ocorreu quando o ritmo estava parado. O balanço dos surdos de terceiras foi eficiente, inclusive com participação conceitual importante em bossas. Nos naipes médios, caixas de guerras corretas foram percebidas, com repiques que em menor quantidade ressoavam menos, fato que ainda pode ser tranquilamente contornado acrescentando mais ritmistas no naipe, buscando um preenchimento mais consistente na sonoridade.

Já na cabeça da bateria, uma ala de cuícas funcional tocou junto de um naipe de agogôs eficaz, que pontuou a melodia do samba com eficiência rítmica. Uma ala de chocalhos com bom volume auxiliou no complemento das peças leves, assim como uma boa ala de tamborins executou um desenho rítmico funcional, baseado nas nuances da melodia da obra da escola de Campo Grande.

As bossas buscavam o impacto musical através das variações melódicas do samba-enredo, tentando usar a seu favor a pressão das marcações. De maneira geral, é possível dizer que suas execuções foram melhorando ao longo de toda pista, conforme a maioria dos ritmistas foram assimilando de forma orgânica e apresentando fluidez na hora de fazer os arranjos.

Pode ser dito que foi um treino positivo para bateria “Swing da Coruja” do Sereno de Campo Grande, comandada por mestre Vinícius. Agora é focar nos detalhes e ajustes finais para fechar a temporada com louvor, em busca da nota máxima.

Zé Paulo diz que samba de 2024 da Mocidade já lavou a alma e desabafa: ‘Tem muita gente com medo de falar coisas para o bem do carnaval’

Zé Paulo Sierra tem história na Sapucaí. Depois de nove anos na Viradouro, agora ele assumiu o microfone da Mocidade Independente de Padre Miguel, marcando o carnaval sendo a voz de um samba que se transformou em um hit, explodindo nas plataformas de áudio por todo Brasil. Com o samba da Mocidade para 2024 voando alto, o CARNAVALESCO entrevistou o cantor para saber um pouco mais sobre o samba, o ensaio técnico e a parceria com mestre Dudu.

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Você acha que já pode cravar que o pré-carnaval desse ano já lavou a sua alma após o ano de 2023?

“Já! Até agora a gente e Porto da Pedra fomos as únicas que ensaiamos. Não foi debaixo de chuva, teve o problema do som, mas acho que o contexto do ensaio, comunicação com o público, a própria escola cantando, a bateria mesmo com a dificuldade de entendimento com o carro de som que não funcionava, o comportamento do carro de som, a gente fez um trabalho dentro da possibilidade. Na minha opinião, muito bom. Agora a gente tem essa segunda chance, é mais uma chance de lavar a alma de novo. Com previsão de chuva, vamos ver se realmente os ensaios vão ser confirmados, pela meteorologia caiu muita chuva a partir de sábado e domingo, mas estamos feliz para caramba, isso que importa”.

Quando que você percebeu que o samba desse ano de 2024 iria viralizar? Você teve essa percepção?

“Na verdade, a gente sempre achava que o samba poderia ter um alcance grande, uma aceitação muito boa, até porque a gente conviveu mais tempo com o samba nas eliminatórias. Mas, confesso que chegar ao ponto que chegamos: primeiro lugar no Rio de Janeiro em uma noite de Réveillon, décimo lugar no Spotify Brasil, é uma surpresa, acho que para todo mundo e um privilégio para o carnaval. A gente tem um samba como protagonista na música popular brasileira. É muito bom para a gente, mas aumenta a nossa responsabilidade. De fato é um privilégio para os sambistas”.

O departamento de marketing da Mocidade é muito elogiado, qual é o tamanho da importância desse trabalho para a Mocidade como um todo?

“Acho que o Bryan (Bryan Clem, diretor de marketing da Mocidade) comanda o departamento de marketing, que é um trabalho fundamental na projeção do que vem acontecendo. É claro que tudo acontece de maneira muito louca, porque você dorme em um dia, no dia o samba está viralizado, são coisas que a gente não vai saber explicar nunca, mas acho que o marketing da Mocidade é muito importante dentro da própria Mocidade e também para estourar essa bolha do carnaval. Eles tem muita ideia, são uns caras muito criativos, acho que isso é bastante importante para o carnaval, é uma forma de fazer marketing diferente, eles acertam em cheio”.

Você falou um pouco sobre o carro de som, vocês acham que se ajustou tudo que tem que se ajustar nesse sentido para o ensaio que vai ter agora, a expectativa de que o carro de som vai estar melhor?

“A gente vai saber no dia. É a primeira vez que a gente vai testar esse carro. Se der tudo certo, não tiver nenhum problema com chuva, de não colocar ninguém em risco, a gente vai testar esse carro no domingo. Como seremos a primeira, teremos a responsabilidade de testar o caminhão, mas acredito que a Liesa deve ter tomado as providências cabíveis. A Century é uma empresa tanto de som quanto de estúdio que é bem gabaritada no mercado, grava os melhores. Já captou o som esse ano da gente da gravação de áudio das faixas, então acredito que a gente vai ter uma condição melhor sim”.

Durante o ensaio falaram que você teve a coragem de falar que o som estava seguindo ruim. O que você pensa desse momento?

“No carnaval, isso serve para a imprensa também, tem muita gente omissa, puxa-saco, parcial e com medo de falar coisas para o bem do carnaval, e isso é muito ruim. Porque quando você emite uma opinião crítica para o bem é para o bem comum. Não tenho nada contra ninguém, acho inclusive que o Rick (Ricardo Mello, fundador da Rick Sound) já contribuiu muito para o carnaval, isso merece ser exaltado, mas é porque eu gosto do Rick, que eu tenho um carinho por ele que se tiver alguma coisa ruim a gente tem que falar, até para que ele possa melhorar também. Acredito que aquilo possa ter sido uma fatalidade e ele possa, daqui para frente, melhorar o trabalho dele. Quando eu falei do som jamais foi com o intuito de tirar ninguém. Essa parte de tirar já não cabe a quem falou, cabe a quem comanda, então se eles decidiram por isso é uma resolução deles. As coisas têm que ser faladas sim, com respeito, emitindo opinião sem ofender ninguém para que o carnaval cresça, porque é isso que a gente quer. A gente ama o evento, a gente ama o samba, o carnaval e a gente quer ver melhor sempre, então quando a gente fala alguma coisa é para melhorar, sem ofender ninguém, é claro”.

A sua relação com o Dudu ela parece estar muito bem, super tranquila. Como é que foi o seu encaixe com a bateria?

“O Dudu é um cara incrível. Além de um talento ímpar, tem essa bateria na mão. Filho de quem é, do mestre Coé. Um cara que vive Mocidade, cresceu na Mocidade, conhece muito e é muito fácil trabalhar com ele, porque é um cara que ouve muito, também ouço muito o Dudu. A gente tem uma relação boa de carinho um com o outro, é o que eu falo, a gente quer sempre o melhor do outro. Se o Dudu vê alguma coisa errada no carro de som que ele acha que pode melhorar para funcionamento da bateria ele fala com a gente. Se a gente acha que tem alguma coisa ali que pode melhorar para funcionamento… você está vendo agora aqui a gente falando coisas que a gente possa colocar até para não atrapalhar, porque o chocalho faz um movimento que a gente não quer que atrapalhe a sanfona. A gente está sempre ligado um no outro para que as coisas aconteçam da melhor forma possível. Dudu é um querido, merece tudo de bom. Bateria faz um trabalho incrível, ensaiam demais. Uma bateria que tem que ser muito respeitada, porque ainda mantém as tradições da sua fundação. É um privilégio muito grande cantar com a ‘Não Existe Mais Quente'”.

Comissão de frente da Mancha Verde é destaque no primeiro ensaio técnico

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Tradicionalmente, o primeiro ensaio técnico da Mancha Verde é utilizado pela escola como uma espécie de descompressão e para reconhecimento do Anhembi. Não foi diferente nesta sexta-feira, quando a agremiação estreou no Sambódromo no ciclo para o carnaval de 2024. Vale destacar a comissão de frente da agremiação, que mostrou-se bem diferente de boa parte das coirmãs ao apresentar o enredo “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”, que será a sexta a desfilar na sexta-feira de carnaval (09 de fevereiro).

Comissão de frente

Primeiro segmento da escola, os componentes surpreenderam em muitos aspectos. O traje, inteiro branco, remetia a uma influência afro – e a presença de uma participante vestida como uma baiana e de um dançarino interpretando Okô, o orixá da agricultura (com direito até mesmo a uma flauta) apenas reforça tal percepção. Outro ponto de surpresa foi a coreografia, bem independente em relação ao samba, exigindo muito mais que uma passada da canção para ser executada em sua plenitude. Por fim, ao invés de tripés que mais parecem uma alegoria pela imponência, a agremiacão optou por um elemento bem discreto, servindo de apoio para algumas bacias – que, em dado momento, são pegas por alguns dos integrantes. A primeira impressão manchista não poderia ser melhor.

ManchaVerde et Comissao 2

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Dos casais mais premiados do carnaval paulistano, Marcelo Silva e Adriana Gomes, mais uma vez, encantaram os presentes no Sambódromo. Em tons alviverdes, ambos seguiram a segurança e a prudência, em giros com velocidade mais cadenciada. Em cada movimento coreográfico, porém, era nítido o quanto ambos estão bem ensaiados: até mesmo as piscadas de olho para o público eram dadas simultaneamente.

Mesmo ciente do bom trabalho que fez, Marcelo aproveitou para destacar as reformas pelas quais o Anhembi está passando. “É o décimo primeiro ano juntos, e a gente sempre teve a consciência de que ensaio é para errar inclusive, errar para a gente sentar e conversar, mas eu estou saindo muito sossegado e tranquilo. É óbvio que a gente tem sim que conversar, mas foi um dos primeiros ensaios em que a gente saiu mais tranquilos. A escola deu um suporte para a gente. O nosso suporte de ensaio, o nosso suporte de apresentação para o jurado, cumprindo todos os critérios que a gente precisa cumprir para o jurado na frente do jurado. De verdade, eu saí tranquilo. Eu estou surpreso com a Avenida. A impressão que eu tive é que ela está mais alta, e eu acho que ela tem um desnível e isso me preocupa um pouco. A gente está de fantasia e me preocupa enquanto a minha porta-bandeira está de saia. Eu acho que a gente vai ter que ter uma certa atenção, mas acredito que até o dia do desfile eles vão acertar as coisas. Ela me olha e eu sei do que ela está precisando, ela me olha e ela sabe do que eu estou precisando, e a gente vai adaptando. Nós estamos saindo tranquilos, mas não sossegados. A gente tem sim conversar, a gente tem sim que continuar trabalhando para chegar no dia do desfile prontos”, disse.

ManchaVerde et PrimeiroCasal

Adriana concordou com os pontos abordados pelo parceiro de segmento. É o primeiro ano que a gente sai do primeiro ensaio tão bem. A gente teve que fazer algumas mudanças na coreografia depois que a gente veio para cá. A gente muda a coreografia na quadra e depois que traz para cá tem que mudar um pouquinho, e quando a gente coloca a fantasia muda mais um pouquinho. Acho que tudo encaixou bem. Acho que para o primeiro foi leve, foi tranquilo. Santa Clara nos ajudou, minha santinha, que a chuva não veio, então eu estou saindo muito feliz. Com o critério que teve umas mudanças, acho que a gente conseguiu fazer todos os balizamentos que o critério pede com os novos módulos em vez de cabines. Acho que rolou, acho que deu certo. A gente veio com os sapatos apropriados para a pista que a gente estava acostumados antes, então quando a gente sente que ela está diferente daquilo que a gente está acostumado a gente faz algumas adaptações nos passos. Mas quando a gente tem um par de confiança a gente pode fazer passo novo que a gente vai fazer o passo certo”, notou.

Samba-enredo

Alvo de diversas críticas ao longo de todo o ciclo carnavalesco, a canção foi executada de maneira bastante cadenciada ao longo de todo o percurso, com a Puro Balanço sustentando muito bem o ritmo – e com boa quantidade de apagões e miniapagões. Vale destacar que Freddy Viana, intérprete da escola, teve atuação bastante sóbria, sem fazer muitos cacos.

O próprio intérprete destacou a busca pela nota máxima por conta da canção. “Gostei do desempenho do samba, sim. Para falar a verdade, a Mancha sempre cantou muito. Se você acompanhar os ensaios da Mancha na quadra, é uma coisa absurda mesmo: deixa muitas pessoas com lágrimas nos olhos. A gente fica muito feliz por termos a comunidade na mão, que canta e sabe o que tem que desempenhar na avenida, o papel que ela tem que fazer para a escola tirar nota dez em Harmonia”, pontuou.

Sobre as críticas à obra, Freddy afirma que foca na escola e não dá muita atenção para o que o mundo do samba está falando. “A gente deixa para lá os comentários e fazemos o nosso trabalho. O que sabemos é que o samba vai crescer na nossa mão. Os críticos sempre vão falar de um samba ou outro, mas o samba da Mancha é muito leve e fácil de cantar. A comunidade aderiu a ele. O que dizem a gente nem absorve: o que a gente sabe é que faremos um grande trabalho com o que temos em mãos. A comunidade abraçou esse samba e está falando que não tem samba ruim na Mancha, não. Se está na escola, é bom”, ejactou-se.

Harmonia

Ao longo de todo o ensaio técnico, o canto foi bastante irregular. Os refrões e os primeiros versos logo após os mesmos eram cantados com força pelos componentes; mas, pouco depois, o vigor vocal rareava. É importante destacar duas alas que tiveram destaque em tal aspecto: os componentes que vinham antes e depois do segundo carro tiveram desempenho bem satisfatório e mais forte que as demais.

ManchaVerde et 14

Evolução

Ao longo do desfile inteiro, chamou atenção o quanto a agremiação tinha um andamento, além de bastante uniforme, cadenciado. O ponto negativo foi o recuo de bateria, que deve exigir atenção da instituição carnavalesca. Se o movimento foi muito bem executado pelos ritmistas, que adentraram o box quando a ala da frente estava ainda na metade do espaço, os componentes do grupamento seguinte tiveram certa morosidade para ocupar o espaço aberto. Ao final do movimento, que durou cerca de 140 segundos, foi possível notar que staffs da agremiação pediram para que os componentes seguissem sem se movimentar por mais alguns minutos.

ManchaVerde et Baiana 2

Paolo Bianchi, diretor de carnaval da agremiação, exaltou o que foi feito pela escola da Zona Oeste, “Tudo que a gente programou aconteceu. Duas horas antes estava caindo o mundo de chuva aqui em São Paulo, mas 80% da escola estava aqui pela contagem que a gente fez. Escola cantou, primeiro ensaio, pessoal está voltando de férias, mas funcionou o canto. O andamento foi fantástico. No rádio a gente falou aqui que foi o melhor ensaio da história em termos de andamento. É só não se empolgar muito e voltar para quadrar e trabalhar mais”, comemorou.

ManchaVerde et Passista

O controle do período para ensaia também foi destacado por Bianchi. “A disciplina da galera. A gente fez muitas reuniões desde agosto com componentes já explicando algumas coisas que não foram legais ano passado e claramente os diretores de ala assimilaram o que a gente falou e foi o relógio. Foi a maior parte positiva. As coisas que combinamos com todo mundo funcionou. As pessoas se dedicaram e tiveram disciplina. O ponto alto foi a nossa organização”, afirmou.

Outros destaques

Juntamente com os primeiros diretores da agremiação, o Manchão, mascote da escola, veio em um monociclo batucando um tambor – tudo isso de pelúcia. A ala das baianas veio inteira em tons de verde.

A marcação dss alegorias foi feita com quatro caminhões de um hortifruti parceiro da escola. O calçado de ao menos duas passistas teve problemas e ambas vieram descalças na passarela.

ManchaVerde et ComissaoTorcida

Os dois casais mirins da agremiação merecem destaque. Com muitos giros e dançando bastante, ambos estavam bem sincronizados e expressivos. Na “Mais Querida”, o quesito está com o futuro garantido.

Bastante cadenciada, a bateria Puro Balanço foi, pela primeira vez em um ensaio técnico, comandada pelos mestres Cabral e Viny. E ambos gostaram do desempenho dos ritmistas. “A gente é muito chato, para dizer a verdade. A gente diz bastante até para a nossa bateria que o trabalho é de formiguinha, nunca estamos muito satisfeitos com o trabalho. A gente é incrível, nós dois somos muito iguais. Acho que a gente vai estar satisfeito daqui uns 30 anos talvez. A bateria, às vezes, tem um grande desempenho, mas sempre a gente acha que tem que ter um quê a mais. Sempre acha que talvez a afinação, talvez a caixa, sempre a gente acha que falta um pouquinho e isso já é de nós. A gente sempre está buscando alguma coisinha de perfeição, e para a gente nunca vai estar perfeito”, destacou Viny.

ManchaVerde et MestresVinyCabral

O companheiro dele seguiu a mesma linha. “Estamos com várias ideias. Foi o que o Vini acabou de falar, a gente é muito perfeccionista, a gente quer sempre fazer o melhor. A gente sempre acha um erro ali, um erro aqui, e às vezes não é nem tanto erro, mas para a gente é muita coisa e estamos procurando sempre acertar. A gente não consegue chegar à perfeição, é difícil demais, mas a gente consegue botar no padrão legal para que a gente possa alcançar o objetivo junto com a escola. O nosso trabalho começou agora, a gente vem de uma continuidade, mas a gente tem a nossa cara e quer botar a nossa identidade um pouco na Puro Balanço. Demora, daqui a uns três, quatro anos a gente acha que a gente consegue já deixar um padrão legal na bateria. Hoje foi o nosso primeiro ensaio técnico do Anhembi como mestres e foi logo um geral, e a gente gostou, mas sempre com uma pontinha de que algo poderia ser melhor. De uma maneira geral a gente, quando chegar em casa, vamos escutar os vídeos e vamos estudar tudo porque a gente na frente não tem muita referência do que vem do peso, tá muito leve na nossa frente, mas a gente vai estudar. A diretoria de capacidade vai conversar com a gente, a gente vai entrar num acordo ali para ver o que a gente pode fazer de melhor já para o próximo ensaio”, pontuou.

Quando perguntados sobre qual foi o ponto forte dos comandados, Viny focou na atmosfera criada pelos ritmistas. “Eu acho que o entusiasmo da bateria, a alegria. A gente achava até que a bateria estava num clima até mais pesado, mas bateria está num clima leve e isso para a gente é até gratificante. Como o Cabral disse, foi o nosso primeiro ensaio aqui e querendo ou não é um peso, não é fácil. Uma escola de porte que é a Mancha Verde, num Grupo Especial. Uma escola que faz um grande carnaval todo ano e sempre vem brigando por título, e a gente está com essa chance, com essa oportunidade nesse cargo e nessa escola, nessa bateria que é a Puro Balanço. É um grande peso para todo mundo, e acho que é gratificante para a gente e para eles”, afirmou.

Cabral, por sua vez, deu outro detalhamento. “Só para dar um adendo aqui. Quero agradecer a Puro Balanço. A gente sempre agradece todos os dias, em todos os ensaios, mas mais uma vez, agradecer publicamente para todos verem que nós somos muito gratos a todos esses ritmistas. O clima é muito leve, a gente vem pedindo desde maio. Só agradecer a eles e ao presidente Paulo Serdan porque é uma responsabilidade muito grande no lugar que a Mancha está hoje ele apostar em dois iniciantes. Isso ele teve peito e a gente vai junto com ele, vai botar a cara e vai fazer o melhor para a bateria Puro Balanço e para a Mancha Verde”, finalizou.

Comissão de Frente e casal se destacam em primeiro ensaio técnico da Nenê de Vila Matilde

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Nenê de Vila Matilde fez na sexta-feira seu primeiro ensaio técnico em preparação para o desfile do Grupo de Acesso 1 do Carnaval 2024 de São Paulo no Sambódromo do Anhembi, com destaque para o bom desempenho da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira. A Águia da Zona Leste será a terceira escola a se apresentar no dia 11 de fevereiro com o enredo “Cirandando a vida pra lá e pra cá. Sou Lia, sou Nenê, sou de Itamaracá”.

Comissão de Frente

A comissão de frente da Nenê chamou atenção logo de cara, ao se posicionar para ensaiar totalmente fantasiada, se apresentando em dois atos ao longo de duas passagens do samba. Uma criança parecia representar a homenageada da escola, Lia de Itamaracá interagindo em um primeiro momento com personagens vestidos de pescadores e em outro com animais marinhos que dançavam sob um grande tapete azul simbolizando o mar. O grupo cênico demonstrou um claro modo de atuar lúdico, dando leveza à abertura da escola e chamando a atenção do público.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Nenê, formado por Cley Ferreira e Thayla, tiveram uma atuação agradável de se presenciar. Com passos de dança alternando entre o tradicional do quesito e o ritmo do samba, a dupla cumpriu diante do módulo em que foi observado os diferentes elementos exigidos sem falhas, e mesmo diante do vento que impôs desafio adicional à Thayla, ambos conseguiram transmitir sincronia e elegância com seus passos. Se mantiverem o bom desempenho observado, podem trazer as notas que a escola almeja para alcançar seus objetivos.

Harmonia

A comunidade da Nenê demonstrou ao longo do ensaio disposição para cantar e defender o pavilhão matildense, o que ficou explícito no empenho e alegria demonstrados com destaque para a animada ala das baianas. O andamento da parte musical, porém, causava dificuldades em diferentes pontos da letra para parte dos componentes, em especial na primeira parte do samba que contêm diferentes versos com muitas palavras. Essa dificuldade de cantar o samba causou prejuízos ao canto como um todo, que foi irregular ao longo da passagem da escola.

Evolução

Foi outro quesito seguro da escola. Ao longo da passagem foi possível observar as alas com compactação adequada, sem grandes espaçamentos entre elementos. É possível haver até mais espaço para destaques e casais para que possam evoluir com mais leveza, mas as alas não serão problemas para a escola caso a condução das alegorias siga dentro do esperado.

Samba-enredo

Destaque na boa safra do Grupo de Acesso 1, o samba da Nenê de Vila Matilde se apresentou no primeiro ensaio de forma deveras acelerada. O ritmo imposto a uma obra que na faixa oficial do CD aparenta estar mais cadenciado foi o principal responsável pela dificuldade da comunidade em cantar o samba com maior clareza. Certamente é o quesito que precisa de mais atenção para correções no segundo ensaio, com a ideia de cadenciar mais o andamento sendo uma possibilidade para resolver o problema.