Freddy Ferreira analisa a bateria da Tijuca no ensaio técnico na Sapucaí
Um excelente ensaio técnico da bateria “Pura Cadência” da Unidos da Tijuca, comandada por mestre Casagrande. Um ritmo de equilíbrio pleno entre os naipes, além de uma fluência considerável, graças as bem afinadas marcações tijucanas. Se a chuva alterou afinações do meio da pista para frente, não impactou de modo algum na condução musical da bateria da Tijuca.
Uma bateria “Pura Cadência” com uma afinação acima da média foi notada. Os marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de demonstrarem bastante educação musical. O ótimo balanço dos surdos de terceira complementou os graves com eficiência. Repiques coesos e com volume diferenciado ajudaram no preenchimento da sonoridade dos médios, assim como as caixas de guerra foram simplesmente sublimes. É possível dizer que o trabalho destacado das caixas tijucanas serviu de base para os demais naipes, dada a consistência da execução da batida.
Na parte da frente do ritmo da Tijuca, um bom naipe de tamborins mostrou apuro técnico ao executar um desenho rítmico simples, mas bastante funcional. Tudo isso entrelaçado com uma ala de chocalhos de elevada qualidade musical, que se apresentou muito bem. Um naipe de cuícas seguro também ajudou na cabeça da bateria da escola do morro do Borel.
Bossas plenamente casadas com o samba-enredo foram realizadas. Destaque para a paradinha bastante dançante do refrão do meio e sua concepção criativa bem integrada à obra da Unidos da Tijuca. Todas as execuções de bossas pela pista foram sublimes, graças principalmente a educação musical de todo o ritmo tijucano, mas em principal os eficientes marcadores. Nem a chuva que caiu de forma pesada em grande parte do ensaio atrapalhou as execuções impecáveis dos arranjos.
Uma bateria da Unidos da Tijuca simplesmente exemplar realizando um grande ensaio técnico, dirigida por mestre Casão. Uma “Pura Cadência” que valorizou seu ritmo tradicional, acompanhando com segurança e qualidade o samba da Tijuca. Um conjunto de paradinhas bem vinculado a canção foi executado com maestria pelos ritmistas da escola do Borel, numa bateria que mostrou estar pronta para o desfile oficial.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Portela no ensaio técnico na Sapucaí
A bateria “Tabajara do Samba” da Portela, sob comando de mestre Nilo Sérgio, fez um ensaio técnico muito bom, mesmo com chuva forte durante todo o cortejo. Um ritmo portelense marcado pelo andamento confortável e pela boa fluência entre os mais diversos naipes.
Uma bateria da Portela com sua tradicional afinação mais pesada foi percebida. Manter a afinação, inclusive, foi um desafio com a chuva persistente. Marcadores de primeira e segunda foram precisos, além de firmes em seu pulsar. Os surdos de terceira foram sublimes, tanto proporcionando balanço, quanto adicionando valor sonoro em bossas. Repiques coesos ajudaram no complemento dos médios, assim como as genuínas caixas de guerra com batida rufada foram um verdadeiro pilar musical da cozinha da “Tabajara do Samba”.
Na parte da frente do ritmo da Águia, uma ala de tamborins com boa sonoridade executou uma convenção rítmica pautada pela melodia do belo samba-enredo da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Tudo interligado a um naipe de chocalhos de nítida qualidade técnica. A cabeça da bateria portelense também contou com uma boa ala de cuícas, que tocaram de forma segura e um naipe de agogôs de virtude sonora. Sem contar atabaques que foram eficientes seja em ritmo, ou nas bossas com pegada mais afro, complementando a sonoridade com requinte.
Bossas profundamente ligadas as variações melódicas da irretocável obra portelense foram percebidas. Uma sonoridade diferenciada, que ajudou a atrelar o ritmo da “Tabajara” ao tema de vertente africana da agremiação. As execuções das paradinhas e nuances rítmicas foram corretas e caprichadas. É possível dizer que a musicalidade dos arranjos com levada afro se destacaram e conduziram a bateria da Portela no grande ensaio realizado.
Um ótimo ensaio técnico da bateria da Portela, que mostrou uma “Tabajara” pronta para o desfile oficial. Mestre Nilo Sérgio, seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para voltarem orgulhosos para a rua Clara Nunes, após uma apresentação segura, firme e bem equalizada da bateria portelense. Uma sonoridade marcada pelos toques afros e uma concepção que vinculou o enredo portelense ao ritmo consistente além de equilibrado da “Tabajara do Samba”.
Bem organizada, Dom Bosco evolui no segundo ensaio técnico
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
As condições climáticas adversas são constantes em São Paulo. Prova disso foram os primeiros minutos do segundo (e último) ensaio técnico da Dom Bosco para o carnaval 2024, realizado neste sábado. A agremiação enfrentou garoa na Concentração – mas, quando boa parte da azul e branca ainda estava se preparando para pisar na passarela, parou de cair água do céu – e, então, os fortes ventos, tão tradicionais do Anhembi, apareceram. Nada que tirasse o ânimo dos componentes da instituição, que protagonizaram ótimos momentos no Sambódromo para defender o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, idealizado pelo carnavalesco Danilo Dantas, que será a primeira escola a desfilar no Grupo de Acesso I – no dia 11 de fevereiro.
Evolução
Bastante segura e organizada, a agremiação ganhou o Anhembi com movimentos bastante uniformes, sem paradas nem atropelos. Com duas alas coreografas logo na cabeça da escola (uma à frente do casal de mestre-sala e porta-bandeira e outra à frente do carro abre-alas), a instituição já começou o desfile bastante dinâmica. Se a tônica dos demais agrupamentos era a liberdade, os componentes aproveitaram bastante para curtir o samba. Destaque também para o recuo de bateria: comandada por Mestre Bola, a Gloriosa fez um movimento bastante simples: com a Ala das Baianas, que vinha logo à frente dos ritmistas, ainda na metade do espaço do box, os componentes entraram com celeridade e a ala seguinte logo preencheu todo o espaço – em movimento que durou cerca de apenas sessenta segundos.
Comissão de frente
Em tempos de diversos tripés alegóricos, o segmento veio “apenas” com um carrinho que trazia uma série de itens. Em alguns momentos, eles interagiam com o público e até mesmo com quem estava no corredor, jogando displays com o samba da agremiação e confete. Em outro momento, a comissão de frente, que apresentou dois atos, tirava um imenso pano branco e cobria alguns dos integrantes – dando a entender que alguma surpresa acontecerá.
Samba-enredo
Elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e ao mundo do carnaval, a canção teve excelente resposta de boa parte dos componentes e do público presente, que ameaçava cantar, sobretudo, o verso “Com a Dom Bosco, pra ‘mode’ a gente prosear”. Desde a Concentração, por sinal, o carro de som, capitaneado por um mais uma vez inspirado Rodrigo Xará, chamava atenção: do incidental muito executado por Ariane Cuer e Yara Melo, a escola já emendou os primeiros versos da canção – que fizeram ritmistas e componentes cantarem sanguineamente, gerando muita empolgação.
Harmonia
Como é tradicional em escolas de samba da Zona Leste de São Paulo, a Dom Bosco teve ótima resposta no canto da comunidade – que, como dito anteriormente, empolgou até mesmo os presentes na arquibancada. Uma ala, entretanto, teve um canto mais abaixo: o agrupamento antes do segundo carro, que pouco colaborou para embalar o samba-enredo. Vale destacar, também, a ótima resposta da agremiação durante e depois os dois apagões da Gloriosa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Além de uma pista minimamente úmida por conta da chuva e da garoa do meio da tarde paulistana, Leonardo Henrique e Mariana Vieira tiveram uma grande adversária: as grandes rajadas de vento no Anhembi. Se, no primeiro módulo, eles optaram pela segurança, com giros mais lentos com o ar se movimentando pouco, a partir da segunda cabine a situação mudou completamente. Na apresentação posterior, duas rajadas de vento tentaram atrapalhar a exibição – e, em uma delas, o pavilhão da agremiação deu uma discreta enrolada. Nos demais módulso, mais rajadas de vento – mas sem qualquer tipo de ocorrência negativa. Como característica, a dupla faz muito contato visual um com o outro, utilizando mais tal expediente que outros duos. E, claro: para combinar com o enredo, ambos, em determinados momentos, executam passos de ritmos nordestinos.
Outros destaques
A corte da bateria Gloriosa apresentou duas destaques: Mayra Barbosa (rainha) e Mariana Mello (madrinha) – que veio com uma sanfona de brinquedo para a passarela.
Comissão de frente e harmonia são destaques do último ensaio técnico da Unidos de Vila Maria
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
A Unidos de Vila Maria realizou seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. A vigorosa comissão de frente e o canto da comunidade foram os principais destaques do treinamento encerrado aos 55 minutos. A Mais Famosa será a sexta escola a desfilar no dia 11 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo com o enredo “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, assinado pelo carnavalesco Fábio Ricardo.
Comissão de frente
A comissão de frente se apresentou em dois atos marcados por passagens do samba. Conta com a participação de um protagonista carregando uma corrente enquanto todos os demais utilizavam a mesma fantasia e empunhavam espadas, arma característica do orixá homenageado pelo enredo.
Toda a coreografia gira em torno da interação desses “Oguns”, que chamavam atenção porque a espada que cada um empunhava é de fato de metal, o que causava um efeito à forte dança realizada ainda mais intenso. Na parte final do segundo ato a corrente do protagonista é dividida entre os demais atores, que fazem uma interação de giro coordenado que causou um bom efeito. A Vila Maria inicia seu desfile com a energia de uma escola que está disposta a provar que seu lugar é na elite da folia paulistana.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O vento foi ingrato com o pavilhão da Vila Maria ao longo do ensaio. A dança de Mauro César e Geisle Siqueira foi bem executada nos módulos em que foram observados, com giros que aproveitavam o espaço que a pista oferece e boa sincronia demonstrada pelo casal. Por duas vezes, porém, o vento empurrou a bandeira da Mais Famosa e quase a enrolou no primeiro módulo, com o mestre-sala conseguindo pegar bem a tempo de desfraldar, mas no terceiro módulo a embolada ocorreu na finalização de um giro. É um detalhe que depende de um elemento imponderável, mas que os treinamentos que ocorrerão até o dia do desfile podem ajudar a enfrentar melhor.
Harmonia
A comunidade da Vila Maria deu uma bela demonstração de amor ao pavilhão. O canto foi intenso e presente por todos os segmentos ao longo de todo o ensaio, conseguindo transmitir para o público a alegria de desfilar, embalados especialmente pelo bom refrão principal do samba. A vontade de ganhar o carnaval é evidente, e a Mais Famosa pode ter tranquilidade de que poderá contar com seus componentes nessa missão.
Evolução
A Vila Maria não quis esperar os portões abrirem para arrancar com o samba, e assim que o cronômetro iniciou a comissão de frente já entrou na pista evoluindo. Foco total para aproveitar ao máximo o tempo disponível para ensaiar refletido em uma escola que desfilou de forma fluída e constante por todos os 55 minutos em que esteve na Avenida.
Mesmo assim, um apontamento já feito anteriormente se faz necessário. A bateria iniciou a manobra para entrar no recuo com cerca de metade do espaço disponível, vindo atrás da marcação do carro Abre-alas. Ao realizar o movimento, parte dos ritmistas do lado direito esbarraram no responsável por segurar a faixa no final da alegoria, algo impensável de acontecer no dia do desfile. Outras escolas estão tentando realizar essa arriscada estratégia e enfrentando problemas, cabendo à direção da Vila Maria pensar se vale a pena correr tamanho risco.
Samba-enredo
A grande surpresa do quesito no ensaio ficou com a chegada de um gigantesco reforço de última hora. O intérprete Nêgo, que já defendeu a Vila Maria em 2012, chega para fazer dupla com Royce do Cavaco no carro de som da Mais Famosa.
A primeira atuação dos lendários sambistas juntos contribuiu positivamente para o andamento do samba da Vila Maria, que ganhou corpo na Avenida e animou os componentes a cantarem ainda mais. É possível que com os ensaios de quadra que a escola ainda tem pela frente possa tornar essa parceria ainda melhor.
Outros destaques
Ora yê yê ô, Oxum! Savia David, a Rainha da bateria “Cadência da Vila”, veio fantasiada em homenagem à orixá das águas doces, rios e cachoeiras e foi reverenciada pelo público do Anhembi. Os ritmistas comandados por mestre Moleza tiveram uma grande atuação, com bossas de alto nível aplicadas em momentos-chave. Destaque para o caminho do desfecho da segunda do samba que faz com quem ouve não conseguir ficar parado.
Com destaque para comissão de frente, Nenê de Vila Matilde realiza segundo ensaio técnico
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
A Nenê de Vila Matilde, que canta Lia de Itamaracá, teve como principal destaque a sua própria comissão de frente, onde se teve uma grande performance dos integrantes, principalmente da criança, que interpretava a própria homenageada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, que segurou o forte vento também foi destaque. O ‘Lado Leste’ entrou bem emocionado no desfile e mostra que apesar de tudo, está na busca pela vaga ao grande sonho, que é voltar ao Grupo Especial.
Assinado por Fábio Gouveia, o enredo da Nenê de Vila Matilde para 2024 é intitulado como “Cirandando a ida pra lá e pra cá. Sou Lia, sou Nenê, sou de Itamaracá”
Comissão de frente
A ala, que é comandada por Jeferson Ricardo, é uma beleza à parte. A apresentação tinha como figura principal uma criança menina representando Lia de Itamaracá. Segundo o carnavalesco Fábio Gouveia, o enredo consiste em tratar a cirandeira em algo lúdico, sem tanta coisa acadêmica.
Na apresentação havia vários integrantes. Homens que aparentavam representar pescadores, ficavam encantados pela pequena Lia e faziam um tipo de perseguição, até que uma figura do mar, uma espécie de caranguejo, protegia ela. Após, tudo dava certo e todos cirandavam em um tapete azul que era estendido, representando o mar.
É claro que havia outros detalhes na comissão de frente, mas só vendo para entender. É algo para se reverenciar a parte.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Cley e Thayla lutou bravamente contra as fortes rajadas de vento no Anhembi. Eles também pegaram a pista um pouco molhada, visto que choveu um pouco antes dos ensaios da própria Nenê e da Imperatriz da Paulicéia. Mas nada impactante. Deu para ensaiar com o chão mesmo sobre essas condições. O que preocupava mesmo era o vento, mas de toda forma, onde se analisou, a porta-bandeira não deixou o pavilhão enrolar no mastro.
Ao todo, o casal mostrou bastante sincronia entre os movimentos, nos giros e finalizações. Foi um ensaio satisfatório para a jovem dupla matildense.
Harmonia
Foi uma questão abordada no ensaio anterior. A comunidade da Nenê de Vila Matilde ainda tem certas dificuldades em algumas partes do samba, mas mesmo assim, houve uma melhora em relação ao primeiro ensaio. A verdade é que as escolas estão subindo o nível do primeiro para o segundo, e com a Águia não foi diferente.
As partes mais cantadas do samba são: “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação” e também o refrão principal – “Ô Lia entra na roda…”
Evolução
Neste ensaio houve uma melhora no andamento da escola. No primeiro treino se viu algo ‘morno’, mas em questão de dança não tem o que falar. Houve uma evolução com intensidade e com a comunidade evoluindo de um lado para o outro. Não há coreografia, mas o que se destaca é a parte das palmas sincronizadas nos versos do “Firma na palma da mão/mostra sua tradição/é festa de coroação”.
Samba-enredo
Interpretado por Agnaldo Amaral, o samba-enredo tem se destacado muito mais por seus refrões. É uma letra que realmente explica o enredo, explosivo, mas não se fez forte o canto da comunidade matildense, por exemplo, como foi em 2023.
O carro de som é experiente e conta com apoios de renomados, além do grande intérprete citado acima, que já está na escola há muito tempo.
Outros destaques
A “Bateria de Bamba”, do mestre Matheus Machado, mostrou um andamento forte, com surdos potentes e em alto volume. Deu uma marcação elevada para o samba.
As baianas, que especialmente da Nenê merecem respeito, pois a escola tem 76 anos. As mães do samba chegaram em um tom azul, na cor da escola.
A rainha de bateria, Gabriela Ribeiro, desfilou em uma espécie de palanque azul na frente da bateria. Optou por não ir no chão e sim ganhar um destaque maior.
Harmonia e samba são destaques do último ensaio técnico do Império de Casa Verde
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
O Império de Casa Verde realizou seu segundo ensaio técnico no último sábado no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. Os desempenhos da harmonia e da ala musical foram destaques do treinamento encerrado após 62 minutos. O Tigre Guerreiro será a sexta escola a desfilar no dia 10 de fevereiro pelo Grupo Especial de São Paulo com o enredo “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, assinado pelo carnavalesco Leandro Barboza.
Foi o último treinamento geral que o Império pôde realizar na Passarela do Samba antes do desfile oficial, e a sensação transmitida é de que o sábado de carnaval já poderia ser naquele momento. Todos os quesitos conversaram de maneira uníssona, praticamente perfeita, gerando grandes expectativas para ver como música e técnica se unirão à tão aclamada estética imperiana.
Comissão de frente
O Império abriu o ensaio com uma comissão de frente atuando em dois atos marcados por passagens do samba. Uma protagonista carregando duas maracas aparenta representar Fafá de Belém, com o restante do grupo interagindo com ela. O primeiro ato ocorre completamente no chão, enquanto no segundo a dançarina com parte dos companheiros sobem em um tripé, aonde a principal vai para uma estrutura ao centro que é erguida pelos demais com um mecanismo giratório, dando um efeito interessante.
A atuação do quesito é segura, mesmo sem o uso das fantasias e o tripé ainda sem a decoração. A clareza da representatividade da protagonista gera expectativas para o desfile, prometendo a abertura imperiana causar um impacto positivo no desfile.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Rodrigo Antonio e Jessica Gioz estiveram em grande noite. O casal imperiano cravou todos os movimentos nas três cabines em que foram observados, com direito a inserção de passos de dança marcados dentro das obrigatoriedades que engrandeceram ainda mais a atuação. A dupla, que garantiu 40 pontos no carnaval de 2023, chega para o próximo desfile com boas chances de repetir o resultado.
A inusitada posição do quarto módulo de jurados, muito mais elevado que os demais, tem causado confusão para alguns casais, e Jessica Gioz falou a respeito da experiência de dançar diante dele.
“Senti muita dificuldade. Nós notamos a montagem dessa cabine na quarta-feira, não foi algo que foi combinado. Desde o começo de janeiro estamos nos programando para nos apresentarmos em baixo, como são todas. Na última quarta-feira, vimos a montagem e subentendeu que seria mais alto. Para mim, pelo menos, ainda não chegou um comunicado concreto, mas tudo indica que sim e é ruim, sim. Eles estão muito em cima, a visão deles é muito ampla. Antes, tínhamos uma estratégia de ir mais para perto deles, e agora temos que nos afastar mais para eles conseguirem ter a visão da coreografia inteira. Temos quinze dias para trabalhar em cima disso”, declarou.
Harmonia
Quando o samba é bom e a escola tem uma comunidade aguerrida, a tendência natural é o coral proporcionar um grande espetáculo. Ao longo de todo o ensaio os componentes clamaram o samba imperiano com vigor e disposição, mesmo fora das várias bossas que a bateria “Barcelona do Samba” apostou pela Avenida.
É mais um ano em que o Império de Casa Verde tem a tranquilidade de ter no seu povo uma fonte segura de boas notas. O diretor de carnaval, Tiguês, fez uma análise geral do desempenho técnico da escola no ensaio.
“Sentimos que realmente a escola está pronta para o combate. Sentiu que alguns componentes que ainda estavam chegando, pegando o samba, neste ensaio aqui percebemos que o povo pegou melhor, e agora acho que a escola está pronta para o combate. O primeiro ensaio avaliamos como muito, muito bom, foi um ensaio muito bom. A parte de andamento, evolução, canto da escola. Neste ensaio agora não tinha muita coisa para mexer, era mais mesmo de componente novo que chegava e tals para corrigir. Fizemos ensaios na quadra e fluiu bem”, disse.
Na opinião de Tigues, o grande destaque do ensaio foi o ânimo dos componentes em cantar o samba.
“Temos esse apagão do ‘Emoriô’, mas não é só isso. Vejo a escola cantando muito animada o samba inteiro, então é difícil falar de um ponto alto dentro de um conjunto desse. Acredito que o canto da escola foi o ponto melhor hoje”, completou.
Evolução
A comunidade imperiana compareceu em peso ao último ensaio técnico da escola, o que permitiu um treinamento próximo à realidade do desfile oficial. Ao longo de toda a passagem da escola a fluidez ocorreu tranquilamente, parando apenas em certo ponto para que a bateria pudesse realizar uma apresentação especial para a arquibancada Monumental e no recuo. É um quesito que costuma trazer segurança para o Império há anos, e mais uma vez não será motivo de preocupação.
Samba-enredo
O “Emoriô” é um verdadeiro hit do carnaval paulistano em 2024, e as vozes da ala musical liderada por Tinga só engrandecem ainda mais excelente samba imperiano. Em um ano que os intérpretes estão sendo mais cautelosos em função das mudanças no regulamento o talento vocal faz toda a diferença, e o artista carioca tem de sobra a oferecer ao Império de Casa Verde.
Tinga fez uma análise geral do desempenho da ala musical no segundo ensaio técnico da escola.
“A gente vai procurar sempre melhorar até o dia do desfile oficial. A gente vem com esse samba lindo, maravilhoso em homenagem à nossa querida Fafá de Belém. Carro de som está de parabéns, com todo mundo se doando o máximo para fazer o melhor pelo Império de Casa Verde. Aqui a gente trabalha sem a vaidade, trabalha em prol do Império de Casa Verde para a gente chegar ao nosso objetivo. Está todo mundo de parabéns, toda a escola, toda a comunidade que está cantando bonito, cantando forte, e estamos juntos sempre”, avaliou.
Diante do engajamento forte dos componentes, Tinga deixou uma mensagem especial para a comunidade imperiana.
“É para chegar junto para Império chegar com tudo, com muita força, com essa alegria, trazer essa alegria para a Avenida. Com certeza, a gente vai fazer um grande desfile e chegar ao nosso objetivo, que é ser campeão do carnaval”, concluiu.
Outros destaques
A bateria “Barcelona do Samba” teve a sua frente a rainha Theba Pitylla vestida com uma bela fantasia cravejada de conchas, muito conveniente para brilhar diante do mar azul incansável dos ritmistas imperianos. Para um artista da música como mestre Zoinho, poder homenagear na Avenida uma consagrada cantora tem um sentimento especial.
“É diferente, muito especial e a gente se preparou muito para isso. Trata-se de um enredo muito importante, a Fafá tem uma grande representatividade na nossa música brasileira. Estamos falando de música, e estou lidando com uma música. Não só com um samba-enredo, é uma música de excelentes compositores. Tive todo um cuidado para fazer todos os arranjos e paradinhas que eu fiz. Trata-se de Fafá de Belém, uma das maiores do nosso país e temos que valorizar uma artista desse tamanho. Muita gente não valoriza o que temos no Brasil em relação à música, mas a Fafá tem uma grande carreira e temos que valorizar isso. É uma grande homenageada”, afirmou.
Mancha Verde mostra força da comunidade com destaque para o canto em ensaio técnico
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
Ter uma escola engajada é meio caminho andado para alcançar o sucesso. É isso que a Mancha Verde tem. Isso foi mostrado no ensaio técnico deste último sábado, onde o canto dos componentes da ‘mais querida’ ecoou forte, desde a concentração até a dispersão. Na verdade, foi um ensaio satisfatório como um todo. Teve quesitos que se destacaram além da harmonia, como a comissão de frente e casal, mas ao todo, tudo fluiu tranquilamente. A Mancha prometeu melhorias para este segundo ensaio e, de fato, conseguiu. “Do Nosso Solo Para o Mundo” é o enredo da escola para o Carnaval 2024, assinado pelo carnavalesco André Machado.
É o que diz o diretor de carnaval Paolo Bianchi. De acordo com o profissional, todas as correções foram feitas. “A gente encontrou algumas coisas que queria melhorar. Conversou a semana inteira, teve uma parte que não gostamos no primeiro ensaio e hoje a gente corrigiu. O canto funcionou, fizemos os apagões e hoje foi melhor ainda do que semana passada. O andamento foi tudo o que a gente desenhou. Temos uma forma de trabalhar isso e cada ala e cada marcação de alegoria saiu exatamente em cada tempo que desenhamos e deu até para tirar uma onda no final, que era o combinado. Deu tudo certo, graças a Deus”.
Comissão de frente
Uma apresentação com muitas informações teve a ala da Mancha Verde, que é liderada pelos coreógrafos Wender Lustosa e Marcos dos Santos. Na dança, esteve presente os orixás Ocô, esse que é ponto chave do enredo e junto dele Ogum e Oxalá. Todos tinham participações fundamentais. Os outros personagens eram aparentemente mulheres do campo e outros homens da cultura afro.
A apresentação consistia em exaltar Ocô e a agricultura. Claramente com a letra do samba dava para notar que, com sua flauta, Ocô recebia a missão de olorum, como bem diz a trilha-sonora da escola para 2024. Em outra parte da encenação, Ogum, o homem do ferro tomava as frentes e Oxalá também. Após, em determinado momento, as supostas mulheres do campo pegavam uma bacia que estava em um pequeno tripé. Ou seja, uma comissão de frente recheada de informações para apresentar o enredo da ‘mais querida’.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mais um grande ensaio de Marcelo Silva e Adriana Gomes. Da outra vez a porta-bandeira teve problema com o cinto e mesmo assim havia feito um treino satisfatório. Agora, foi 100%. Vale ressaltar que o casal tem uma estratégia de ‘se poupar’. Os dois bailam na pista, estendem o pavilhão ao público, mas só colocam a intensidade na dança mesmo quando vai se apresentar para a cabine dos jurados. A dupla opta pela integridade para dar o melhor de si nos pontos estratégicos da pista.
“Eu estou feliz porque a gente mudou quinta-feira, ensaiou junto com a quadra em um lugar separado, só eu e a Adriana e em vez de uma, mudamos quatro coisas. Sem perder o critério, é lógico, mas mudamos para a gente poder entrar no contexto da evolução da escola também e sem perder o nosso critério. Pensando na escola para gente fazer parte desse título. O que eu estou mais feliz é saber que a gente está há 11 anos junto e que ela tem a confiança em mim na avenida. Eu só disse para ela antes de entrar olhar para mim, e mesmo pequenas coisas a gente acertava e dava certo. Eu acho que é Deus, são os orixás. A gente não quer ser melhor do que ninguém, a gente quer ser melhor para nossa escola”, disse o mestre-sala.
“A gente é um time. Não adianta só o casal ser bom, tem que o time ser bom. Somos nove quesitos, e se os nove quesitos não estiverem ornando e um só der certo não tem nota, não tem campeonato, não tem sucesso de ninguém. Sem esse time, sem o time da minha equipe, sem o William, sem a Vanusa, a Vanessa, a Domênica, a Daniela, sem o apoio da diretoria da escola, sem o Paulo Serdan confiar, que ele aposta na gente, nada disso seria possível”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Foi o grande destaque da Mancha no ensaio. É impressionante como a comunidade abraça qualquer samba escolhido pela agremiação. É claro que todos os componentes tem carinho pela sua agremiação, mas neste ensaio deu para ver o brilho no olhar do componente da ‘mais querida’. Uma empolgação e uma atitude de quem realmente quer vencer e defender o pavilhão. Uma escola muito bem ensaiada, com vários repertórios, bem focadas nos apagões da bateria “Puro Balanço”. Isso tudo faz com que a harmonia da agremiação seja um ponto positivo. Diretor de carnaval Paolo Bianchi, presidente Serdan, diretor de harmonia Bruno Ferrari e demais membros da diretoria merecem seus devidos créditos – Isso também engloba bateria e ala musical. Como dito, a escola é muito bem ensaiada.
Evolução
Os componentes da Mancha Verde fizeram o que é agradável. Dançaram com empolgação, apesar do samba, que tem a melodia para baixo. Executaram a evolução de um lado para o outro. Não tem coreografia dentro do samba, pois realmente a ideia é deixar os componentes soltos. As fileiras estavam compactas e não teve percalços no término do desfile.
Samba-enredo
Realmente é incrível como o intérprete Freddy Vianna conduz o seu carro de som e a sua comunidade. Na largada, com seu grito “Vem que vem”, a galera vem junto. Ainda antes de começar, o cantor foi para o meio dos desfilantes em um gesto emocionante. Mostra o engajamento de um profissional que está há 12 anos defendendo o pavilhão alviverde.
A parte mais cantada do samba são os últimos versos e o refrão principal, com destaque para os apagões da bateria “Puro Balanço” nos versos “orvalho que toca a viola/dá o tom pro matuto versar/levando aos céus/as bênçãos dessa noite de luar”.
O intérprete Freddy Vianna falou sobre o ensaio. “Devido ao novo regulamento da Liga das Escolas de Samba, eu decidi mudar o jeito da minha ala musical e interpretar o samba. A gente vem de uma forma mais uníssona, todos numa só voz. Só a Clara Vidal, que vem fazendo uma ‘tercinha’ no meio, até mesmo para não sobrepor a minha voz porque tudo a gente corre risco hoje. Eu acho que a gente vindo dessa forma, a gente vai convencer os jurados que a ala musical da Mancha é bem musical, e o samba também é um samba que pega no coração. Eu estou fazendo uma desenvoltura diferente com as cordas também, são as cordas que vão brilhar esse ano, e a ala musical vai vir em redondinha, cantando, como se fosse um CD. Eu achei que foi muito proveitoso, só tenho feras comigo. Eu só tenho pessoas que abraçam a causa, então eu só tenho a agradecer a eles”, avaliou.
O cantor exaltou o canto da comunidade no Anhembi. “Eu acho que melhorou muito, principalmente a organização, o canto. A Mancha tem um canto muito maciço e hoje ela mostrou isso no nosso apagão, em momentos que são fortes do samba como o refrão, então o samba ecoa. Eu acho que a ala musical tem um papel muito importante e desempenha muito bem o samba cantado. Eu acho que ela mostra realmente o que é o samba no CD, ela trouxe o CD para a Avenida. Isso é muito importante, essa divisão como a divisão do CD, porque as pessoas escutam muito de casa, as pessoas escutam muito pelo celular, as pessoas sempre estão escutando a gravação da Mancha, então eu trouxe a gravação da Mancha para o Anhembi”, completou.
Outros destaques
A bateria “Puro Balanço”, dos mestres Cabral e Vinny, deram um andamento satisfatório para o samba, com bossas soltadas o tempo todo. Como dito, os apagões dão o tom nos versos citados acima. Também no refrão principal, na frase “Mancha Verde esperança”.
“Eu acho que a gente deu um grande passo em relação ao primeiro ensaio. Conseguimos corrigir coisas que a gente tinha em mente e hoje foi um grande ensaio”, disse Vinny.
“A gente conseguiu corrigir alguns erros pequenos, estamos sempre conversando com a diretoria e com os ritmistas. O ensaio foi maravilhoso, vamos continuar trabalhando para conseguir fazer um ótimo desfiles”, completou Cabral.
A rainha de bateria, Viviane Araújo, esteve presente no ensaio. A artista se mostrou totalmente engajada e sorridente. O carinho da comunidade e diretoria é recíproco. uda Serdan, princesa da “Puro Balanço”, brilhou ao lado de ‘Vivi’. Baianas vestidas de verde e branco cantando o samba também foram destaques.
Inocentes faz ensaio com destaque para o carro de som e casal, mas com problemas de evolução e canto irregular
Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini
A Inocentes de Belford Roxo foi a terceira escola de samba a se apresentar no ensaio técnico da Série Ouro na noite de sábado na pista da Marquês de Sapucaí. Antes de começar, o discurso do presidente Reginaldo Gomes chamou muito a atenção. Nitidamente chateado, o líder reclamou da liga organizadora dos desfiles do Grupo Especial, a Liesa, dizendo que eles são covardes com as escolas que sobem do Grupo de Acesso, as rebaixando de forma injusta. Também criticou a prefeitura de Búzios, que seria o enredo da escola. Ele disse que não tiveram coragem de sustentar a parceria, após a briga política com o prefeito de Belford Roxo, a quem o dirigente chamou de ‘ditadorzinho’. Ainda falou que foi melhor assim, pois deixou de homenagear uma cidade elitista, em suas palavras, para poder dar vez ao povo ambulante, que é pobre, preto e batalhador.
- VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
- LEIA AQUI: FREDDY FERREIRA ANALISA O ENSAIO
- VÍDEOS: ARRANCADA, BATERIA E ALA A ALA
A chamada ‘Caçulinha da Baixada’ começou seu treino com uma comissão de frente bem simples, que parece ter escondido o jogo. Destaque para a atuação do casal de mestre-sala e porta-bandeira Matheus e Jaçanã, que exibiram um forte e bonito bailado. Outro ponto alto foi o desempenho do carro de som da escola, sob o comando do intérprete Thiago Brito, que mostrou ótima e valente atuação na condução do samba. Obra musical que é muito funcional por traduzir o enredo de forma certeira. A bateria também teve uma boa participação. Porém, os quesitos técnicos de pista deixaram a desejar. A harmonia da Inocentes não foi das melhores, com algumas alas cantando pouco, deixando um conjunto irregular. E a principal preocupação foi com a evolução da escola, que teve problemas de buracos entre a bateria e os componentes logo à frente, que ocorreram duas vezes, além de embolamento de alas. A escola precisa corrigir seus defeitos em pouco tempo.
A Inocentes será a quarta agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, e levará o enredo “Debret pintou, camelô gritou: ‘compre 2, leve 3!’ Tudo para agradar o freguês”, contando a história dos trabalhadores informais do Brasil, desde a sua origem nos tempos do Império até os dias atuais.
Comissão de frente
O grupo de bailarinos comandado por Juliana Frathane tinha seis homens e seis mulheres. Eles estavam vestidos como se fossem pintores, usando boinas e camisas com manchas de tinta. Os integrantes mostraram uma dança bem normal, com movimentos simples e não muito intensos, sem grande grau de dificuldade. Em certos momentos, eles formavam duplas para bailar, em outros todos eles faziam uma fila para definir poses, simulando uma pintura. Ao final, exibiam uma faixa com os dizeres “Viva a arte”, Viva a cultura”, Viva o carnaval!”. Passou a impressão de ser apenas uma coreografia de passagem ou um número organizado para o ensaio técnico.
“Deu tudo certo. Ensaiamos muito. O que eu mostrei hoje foi 80% da coreografia original. Tive que fazer as adaptações porque eu não posso entregar o que será a grande surpresa do dia 9. Olha, vocês podem esperar muita força, energia, garra”, comentou a coreógrafa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Destaque para a atuação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Inocentes. A dupla formada por Matheus Machado e Jaçanã Ribeiro exibiu uma dança tradicional de movimentos fortes e bem entrosados. Eles mostraram muita segurança em seu número, usando bom espaço da pista. As interações foram constantes, com algumas pitadas de irreverência, como pede o enredo. Aliás, ele estava vestido para representar Silvio Santos, com um microfone no paletó. Em alguns momentos, ele fazia um aviãozinho de dinheiro e jogava para o público.
“Ah, eu acho que para a gente foi um ensaio perfeito na nossa visão técnica, a gente veio brincando bastante, executamos o nosso passo que a gente precisava mostrar na frente dos jurados e a gente fez um ensaio leve e divertido, a gente veio brincando com o público e eu acho que foi bem legal. Hoje a gente fez algumas coisas que não faremos no dia do desfile oficial, a gente veio brincando mesmo, a gente veio fazendo o passo básico do mestre-sala e porta-bandeira, a dança clássica, e no dia do desfile é algo meio sagrado. A gente não pode falar o que é, mas a gente tem que ter fé. E aí vocês já pegam o spoiler”, disse a porta-bandeira.
“Foi bem gratificante que tudo que a gente ensaiou há bastante tempo, a gente conseguiu executar. Eu estou bastante feliz de que saiu tudo perfeitamente da maneira que a gente combinou. E foi descontraído também, a gente veio brincando bastante com as pessoas e as pessoas merecem esse abraço, o povo do carnaval, a gente que luta tanto, eu me incluo nisso, pelo carnaval, pela nossa arte, principalmente o que tem acontecido em Belford Roxo nos últimos momentos, foi ótimo, foi bom demais. Eu estou bastante feliz. O que aconteceu aqui hoje”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
A obra musical da Inocentes não tem uma letra das mais rebuscadas ou uma melodia diferenciada, mas passa o enredo de forma muito clara. O samba se mostra funcional para o desfile da escola, até pelo fato de ser fácil de cantar, com algumas passagens do nosso cotidiano. O rendimento da canção foi muito bom através do carro de som, com ótima atuação. A bateria também teve um bom desempenho, ajudando a impulsionar o samba. Porém, o mesmo rendimento não foi visto pela voz da comunidade, que não cantou a obra com potência, mesmo sendo favorecida por todos esses fatores.
“O rendimento do samba foi bom para caramba. Acima da média, o pessoal está cantando bem. Já era esperado, que a gente tem feito grandes ensaios. O andamento a gente já testou várias vezes nos ensaios o que a gente iria fazer e a gente achou o caminho certo para o samba. Cada samba pede um andamento e esse a gente testou algumas coisas até chegar nesse”, disse o cantor.
Harmonia
O canto da comunidade de Belford Roxo deixou a desejar no ensaio técnico de sábado. O volume apresentado foi de médio para fraco em boa parte da escola. Algumas alas passavam cantando bem pouco, outras exibiam um nível levemente maior, mostrando a irregularidade. Apenas no refrão principal era possível ouvir a escola com maior clareza. Para uma escola como a Inocentes, de boa trajetória no Grupo de Acesso, não foi o suficiente. A agremiação precisa melhorar sua harmonia.
“Na frente da escola, eu não tenho aquela sensação de como foi ela no todo. Vou ter uma reunião com o pessoal da harmonia e eles vão me passar como foi o andamento, o canto, a compactação. Do que vi aqui na frente, do que notei quando a escola estava passando, eu achei o canto bom, podendo melhorar mais ainda. Nós temos mais quatro ensaios de rua para aprimorar esse canto da escola, com certeza nós vamos chegar no dia do desfile na totalidade de 100% da melhor coisa que tem. No ensaio técnico, na minha opinião, é para você corrigir os seus erros no campo de jogo. O campo de jogo é aqui. É corrigir os erros. E hoje, o canto chegou, na minha opinião, a 80%, podendo melhorar, repetindo no ensaio de rua, que eu tenho quatro por fazer ainda”, comentou Saulo Tinoco, diretor de carnaval.
Evolução
Quesito da Inocentes que se mostrou muito problemático no treino. A escola desfilou com certa desorganização em suas alas. Algumas chegavam a entrar com componentes na outra logo à frente, gerando embolamento. Desfilantes paravam para conversar entre si ou com pessoas que assistiam nas frisas. E o mais grave foi a abertura de grandes espaçamentos entre a bateria e a ala que vinha na frente. Isso aconteceu nos dois primeiros módulos de jurados. Erro básico da escola que se for repetido no desfile oficial sofrerá penalização. Além disso, os desfilantes não mostraram a total animação que o enredo pede. A situação é preocupante e precisa ser corrigida.
Outros destaques
A bateria comandada por mestre Washington Paz teve um bom desempenho no ensaio. Os ritmistas colocaram um ótimo ritmo para embalar o samba-enredo da escola. As bossas tinham um certo nível de dificuldade e estavam bem adequadas.
“A gente esperava o som um pouquinho melhor, fomos um pouquinho prejudicado, mas isso não atrapalha a gente não. Vamos embora, a gente tem que ensaiar do jeito que dá. Gostei muito do andamento da bateria, tem algumas coisas para acertar, mas a avaliação foi muito boa, sempre podendo melhorar”, afirmou o mestre de bateria.