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De olho nos quesitos: 75% das notas em bateria nos últimos cinco anos foram 10

É senso comum entre ritmistas, mestres e analistas que o nível das baterias do Grupo Especial está muito elevado. Os responsáveis pelo comando do ritmo se aprimoraram musicalmente nos últimos anos e vêm entregando um desempenho que beira à perfeição na avenida. A distância técnica entre o nível das baterias de hoje e alguns anos atrás é gritante. Tamanha evolução no quesito é acompanhada na opinião dos jurados.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval

Na série “De olhos nos quesitos” a reportagem do site CARNAVALESCO se debruçou sobre as 162 notas dadas pelos quatro julgadores que irão avaliar o quesito este ano e encontrou uma verdadeira chuva de notas 10. Nada menos que 75% das notas aplicadas por eles nos últimos anos foi a nota máxima. A julgadora Mila Schiavo, por exemplo, que estreou em 2022, de suas 24 notas dadas nos últimos dois carnavais, 22 foram 10. Índice superior a 90%. Do corpo atual de julgadores, Ary Cohen e Philipe Galdino julgaram quatro vezes, Rafael Castro três vezes e Mila duas vezes.

Para os céticos, julgadores que ‘não julgam’. Para os defensores das notas dadas é difícil mesmo não dar 10 para as baterias do Grupo Especial. O site CARNAVALESCO encontrou 40 notas abaixo de 10 nos últimos cinco anos, média de oito por ano. Considerando que em 2018, 2019 e 2020 o desfile contou com mais de 12 escolas, a média de notas totais por ano no quesito é de 51,2. Apenas 15% não foram 10.

Imprecisão rítmica domina justificativas

Embora aos olhos dos jurados poucas baterias tenham cometido falhas relevantes nos últimos cinco anos, a falta de precisão rítmica foi a justificativa mais encontrada pela reportagem de 2018 para cá. Situações como naipes ‘sobrando’ nas retomadas, ausência de ‘peso’ de determinado naipe na apresentação da escola que torna a sonoridade da bateria ‘inconsistente’ e execução mal realizada das bossas podem se enquadrar nesse aspecto e tem sido observada pelos julgadores.

Um aspecto que sempre causou polêmica no julgamento de bateria, por ser um dos quesitos mais objetivos de todos, é o uso da criatividade (no caso a falta dela) para tirar décimos de alguma bateria. É polêmica justamente por ser algo subjetivo. O que seria uma bateria sem criatividade? Essa justificativa praticamente desapareceu nos últimos cinco anos, de acordo com o levantamento realizado pela reportagem do CARNAVALESCO.

Andamento e desencontro musical também citados

Outro ponto que sempre gera polêmica no julgamento de bateria é sobre o andamento. Mestres costumam ficar possessos quando são canetados por conta do número de batidas por minuto de suas baterias. Muitos alegam que julgadores desconsideram as características históricas de determinadas baterias. De todas as justificativas encontradas por nossa equipe e que apontam o andamento como responsável pela nota abaixo de 10, em 100% das vezes a crítica veio por andamento acelerado. Nunca por estar lento. Pode-se concluir com isso que baterias mais ‘na frente’ estão mais vulneráveis nesse aspecto.

De acordo com o manual do julgador não é apenas a precisão rítmica que está em julgamento em um bateria. A harmonia (não o quesito em si, que ainda será abordado nesta série) entre o canto e dança da escola com o andamento da bateria também deve ser avaliado. Nem sempre as falhas nesse aspecto podem ser creditadas aos mestres, pois as falhas no som da avenida comprometem este encontro do canto com o ritmo da escola. Mas a verdade é que encontramos algumas justificativas que alegam desencontro entre canto e ritmo e muitas vezes o vilão apontado é justamente o andamento.

Série Barracões: Um céu de fitas da Acadêmicos de Niterói com muita tradição e resistência

A Acadêmicos de Niterói apresentará no Carnaval 2024 pela Série Ouro um enredo autoral intitulado “Catopês – Um céu de fitas”, desenvolvido pelo carnavalesco Tiago Martins. Este enredo tem como propósito explorar a rica cultura popular da Festa de Catopês, originária de Montes Claros, Minas Gerais, destacando tradição e resistência. A escola de samba levará estandartes em nome da fé, exaltando a cultura popular.

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Fotos: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

A Festa de Catopês, que completa mais de 184 anos, teve seu início nas mãos dos negros das antigas fazendas na região do antigo Arraial das Formigas. Esses grupos negros estabeleceram toda a estrutura dos Catopês como uma festa de cunho religioso dedicada às liturgias católicas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo.

A origem das congadas foi crucial para os negros, proporcionando uma forma de potencializar sua força e reivindicar espaço com seus grupos em confrarias dedicadas à Nossa Senhora do Rosário. Ao longo dos anos, essa celebração tornou-se um elemento preponderante dentro dos domínios de seu opressor. Por meio do sincretismo, as festividades dos Catopês, ocorridas em agosto ao longo de quatro dias pelas ruas de Montes Claros, incluem não apenas os grupos de catopês, mas também a participação de marujadas e caboclinhos, destacando a beleza social e cultural da região do norte de Minas Gerais.

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Personagens emblemáticos da resistência cultural, como Mestre Zanza, comandante do primeiro terno de Nossa Senhora do Rosário e o mais antigo da cidade, contribuíram significativamente para o fortalecimento das manifestações culturais e folclóricas das tradicionais Festas de Catopês de Montes Claros.

Tiago Martins compartilhou, durante uma entrevista exclusiva para o site CARNAVALESCO, como ele pensou nesse enredo que irá colorir toda a Avenida com um “céu de fitas”, destacando a beleza e a tradição da Festa de Catopês: “Eu gosto muito dessa coisa regional e aí eu comecei a procurar essas festas folclóricas, e apareceu o nome Catopê. Aí um amigo que me apresentou: ‘olha, dá uma olhada nesse nome aqui’, e aí quando eu pesquisei, o pouco que eu vi, eu comecei a me apaixonar cada vez mais e me debrucei e fui embora estudando o que seria Catopê. E aí veio o convite da Acadêmicos de Niterói para fazer o carnaval, eles tinham uns enredos em mente, e aí os enredos não deram muito certo, e o presidente falou: ‘vamos fazer Catopê’”.

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Durante a pesquisa do enredo, Tiago percebeu que o aspecto mais interessante era a festa em si. Ele destacou que o Catopê é uma congada, uma manifestação cultural de matriz africana. Considerando o contexto histórico em que os participantes eram ex-escravizados, a celebração ganha um significado especial. O carnavalesco trouxe essa atmosfera festiva e alegre para o pavilhão, destacando a importância de transmitir a vibração positiva e a alegria presentes.

“Catopê é uma congada, então vem das matrizes africanas. E quando eles começam a contar um pouco para gente, eles falam a forma da congada, que é diferente do que a gente está acostumado a ver. Então eles falam que é uma congada festiva, para cima, alegre. A forma de dançar é diferente, não é com o corpo para baixo, é sim para cima, sempre alegre. Porque eles eram ex-escravizados, eles não eram mais escravizados. E aí a gente trouxe isso para dentro do carnaval, que é uma festa”.

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O ponto alto do desfile será a comissão de frente, cujos detalhes estão sendo cuidadosamente elaborados por Fábio e Alessandra, o coreógrafo e a cenógrafa, respectivamente. Destaca-se que o último carro será especialmente emocionante, pois homenageará o mestre Zanza, uma figura fundamental na continuidade da festa do Catopê que desempenhou um papel crucial ao manter viva essa tradição, mesmo quando tentaram acabar com ela. O desfile também contará com a participação de Mestre Zanza Júnior, filho do mestre Zanza, que continua o legado de seu pai, representando a transmissão dessa tradição de geração em geração. O enredo destaca a resistência e a resiliência dessas figuras importantes na preservação da cultura e das festividades do Catopê.

“Eu tenho a comissão de frente, que o Fábio está cuidando muito bem, a Alessandra, a cenógrafa, está cuidando de cada detalhe da comissão de frente. O último carro vai ser muito emocionante, porque a gente traz o mestre Zanza, que foi um cara que deu continuidade a essa festa. E hoje, vem no carro, ele não é mais vivo, e hoje vem no carro, o filho dele, mestre Zanza Júnior, que dá continuidade. Então isso vai passando de geração a geração. Quando tentaram acabar com a festa, o mestre Zanza, ele foi junto com os outros, junto com o João Faria, Joaquim Koló, ele foi para a rua com os estandartes para manter viva essa festa. E através disso, ele traz outros grupos como o Marujos e os Caboclinhos e outros grupos que existem folclóricos dentro da cidade para dentro do festejo que acontece em agosto”, comentou Tiago.

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O carnavalesco também expressou as dificuldades que são enfrentadas nos barracões da Série Ouro e como essas adversidades acabam impactando o andamento do Carnaval. Tiago mencionou a sorte que teve em comparação com outras situações, onde ouviu relatos de barracões com “uma cascata em cima dos carros”.

“É um pouco complicado. Eu falo que até isso eu tive sorte, porque eu escuto a história deles aqui, que era uma cascata em cima dos carros e eles conseguiram tampar esses buracos maiores, mas existem os menores. Como você mesmo está vendo a gente passa por essa situação na chuva de ter que estar cobrindo o carro correndo para gente não perder o que a gente está construindo. Mas eu falo que é bastante complicado. Carnaval sem sufoco não existe. Sem estresse, sem correria, não é carnaval”, desabafou Tiago.

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Para Tiago o Carnaval só é possível graças ao trabalho dedicado de uma equipe excelente, composta por ferreiros, carpinteiros, aderecistas e outros profissionais, que mesmo diante do estresse e das pressões, a atmosfera é de brincadeira, com momentos de descontração: “A gente tem a equipe muito boa. Eu acho que está centralizado com ferreiro, com carpinteiro, com os aderecistas. E é uma brincadeira o tempo todo. Por mais que rola o estresse, a gente está sempre brincando. É uma água, é um biscoito, é um chocolate. Então, tipo, a gente vai se divertindo a cada momento que a gente vai construindo e sentindo o prazer de ver aquilo tudo tomando vida. Mas isso só existe por causa deles, que são os trabalhadores. Porque sem eles a gente não teria carnaval.”

CONHEÇA O DESFILE DA ESCOLA

No primeiro dia de desfiles da Série Ouro, sexta 09 de fevereiro, o pavilhão da Acadêmicos de Niterói, será a sétima escola a desfilar com três carros alegóricos, um carro na comissão de frente e um tripé.

Setor 1: “A gente abre a escola trazendo a Congada, o povo preto, a coroação do Rei Preto, que vem essa história das matrizes africanas, da Congada, do povo preto, ele sendo coroado e de onde sai o nome Catopê. A gente faz a junção das três raças que a gente traz os indígenas, que monta o grupo dos caboclinhos, os marujos, que são a batalha de cristãos e mouros, que a gente traz a marujada e a gente traz os africanos, a Congada, que é do povo preto”.

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Setor 2: “Logo depois em seguida a gente tem o segundo setor, que lá acontece o festejo em quatro dias, o primeiro dia de Nossa Senhora do Rosário, o segundo dia de São Benedito, terceiro do Divino e no quarto são todos eles juntos. E aí o que eu fiz? Eu peguei o quarto dia e trago para Sapucaí, onde vocês vão ver Catopê, Marujo, Caboclinhos, Rei, Rainha, Príncipe, Princesa, Imperador e Imperatriz. Então, tem umas novidades bem bacanas, inclusive nas minhas baianas. Ficam de olho que é bem bacana. E logo depois em seguida a gente traz o carro com essa questão da religiosidade. A gente traz Nossa Sra. do Rosário, São Benedito, Divino Espírito Santo. E é legal porque lá tem a simbologia das cores. Nossa Sra. do Rosário que é na cor azul, São Benedito que é na cor rosa, e Divino Espírito Santo que é na cor vermelha. Então, além de vocês verem no carro muito dourado, vermelho, vocês vão ver muitas fitas coloridas dentro dessas cores, porque existe essa simbologia do dia. Inclusive, o cortejo, cada um no seu dia, é nas cores. E no quarto dia é aquele colorido, aquele tapete colorido que eu trago no segundo setor”.

Setor 3: “A gente já abre Catopês para sempre, que é uma roupa já mais em preto e branco, uma coisa meio que fúnebre. Quando tentaram acabar com a festa e a gente traz essa simbologia, essa homenagem ao mestre Zanza, porque ele foi para rua nesses dias para poder manter vivo, então é por causa dele, por ele ter pegado o estandarte e ter ido para rua, que hoje em dia essa festa mantém viva. E aí a gente traz outros grupos folclóricos de Montes Claros, porque através dessa manifestação ele consegue juntar um dia só de festa e agregar, trazer para junto com dos Catopês, esses outros grupos folclóricos. Hoje existe uma associação onde dá esse suporte para esses grupos folclóricos também, que a festa acontece em agosto, mas durante o ano inteiro vai existindo festa através da associação que organiza isso para acontecer”.

Setor 4: “E o último carro a gente traz uma escultura do mestre Zanza bem grande, que eu acho que melhor do que ninguém para encerrar esse desfile. E a gente traz todo esse povo do cortejo, caboclos, marujos, catopês, que vão estar em cima desse carro com as suas vestimentas que eles usam no cortejo lá, e as outras coisas em volta. A gente fala da musicalidade, não só do mestre Zanza, como a gente fala de outros líderes, de outros mestres que também, junto com o Zanza, manteve vivo, que vai estar seus netos, seus filhos, suas bisnetas que mantêm viva essa festa”.

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Vídeo Pôquer

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Série Barracões: Apostando no colorido e em história inédita, Viradouro traz mensagem de tolerância religiosa ao falar do culto ao candomblé Jeje

A Viradouro tem batido na trave nos últimos anos. Após a conquista de 2020, a agremiação conseguiu um vice-campeonato e um terceiro lugar. Sempre presente no top 3 desde que voltou ao Grupo Especial em 2019, a Vermelha e Branca do Barreto vai apostar novamente em um enredo profundo, complexo, inédito e carregado de religiosidade para buscar o terceiro título da elite do carnaval carioca. E uma das grandes apostas é o carnavalesco, Tarcisio Zanon, que não perdeu nenhum décimo válido nos quesitos plásticos e em enredo desde curiosamente no ano do título. Produzindo o segundo desfile na escola em voo solo, o artista quer se manter inatingível pela caneta dos jurados para ajudar a Viradouro a conquistar mais um caneco.

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Fotos: Rafael Arantes/Divulgação Viradouro

“Eu quero manter esse título aí. Se Deus quiser, estamos trabalhando muito para isso, e estendo esse resultado muito a essa equipe, porque a minha equipe, a equipe da Viradouro, o suporte que nós temos aqui , o suporte muito mais que só financeiro, o suporte organizacional, humano, que faz com que essa equipe se mantenha junto, faz com que esse resultado aconteça. Esse resultado não é só meu, é de uma equipe cada vez mais amadurecida, com um suporte muito grande por trás disso”, aponta o carnavalesco.

Em 2024, a Unidos do Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente. Força que se manifestou desde épicas batalhas na Costa ocidental da África e que influenciou as lutas das guerreiras Mino, do reino de Daomé, iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. O carnavalesco Tarcisio Zanon explica que o tema chegou até o artista ainda quando produzia o carnaval do ano passado sobre a Rosa Maria Egipcíaca e o conquistou e o levou a pensar como produzir para um desfile.

“Ano passado, quando fizemos a pesquisa da Rosa, a gente descobriu a religiosidade dela que era o Acotundá originário. E o Moacir Maia, que foi o escritor desse livro, foi convidado para desfilar e um dia ele esteve no barracão e a gente apresentou a obra da Rosa para ele, e ele nos contou que ia lançar um livro no ano que vem que era sobre as sacerdotisas voduns. Quando ele falou isso, me acendeu um alerta. Eu pensei em falar de vodu, uma coisa que pode ser interessante. Ele me antecipou a pesquisa antes do lançamento, eu li o livro e foi o estalo para que eu pudesse ir mais a fundo nesta história. Liguei para uma amiga minha da Bahia e perguntei para ela se ela conhecia alguém que tivesse mais conhecimento do assunto, e por uma coincidência, a namorada dela tinha acabado de ser feita na primeira casa de santo vodum na Bahia. E aí ela marcou uma reunião minha com a mãe de santo e com os antropólogos da casa. A partir daí o enredo foi ganhando corpo”, relata o artista.

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Por se tratar de uma temática que ainda não possui tantas informações reunidas e organizadas, a equipe de Tarcisio Zanon teve que se virar para construir a narrativa, contando obviamente com a pesquisa de Moacir Maia, mas também desenvolvendo o seu próprio trabalho. Para êxito nesta tarefa, o carnavalesco da Viradouro contou com uma importante ajuda de um pesquisador que já vem fazendo parte da família vermelha e branca de Niterói nos últimos anos.

“O João Gustavo Melo neste sentido foi fundamental para a pesquisa, esteve junto o tempo todo para a gente conseguir fazer essa amarração toda para contar essa saga. E foi se descortinando todas essas informações preciosas que fazem a nossa narrativa. Eu costumo dizer que o nosso enredo ele não tem como você pesquisar no Google, ou colocar na inteligência artificial e pedir como será esse enredo, porque a gente foi cruzando várias informações, informações históricas, registros históricos, documentários, oralidade das pessoas da casa, dos antropólogos para que a gente conseguisse compilar todas essas ideias e traçar essa narrativa”, explicou Tarcisio.

Serpente Sagrada na paleta do arco-íris, uma explosão de cores

Os poucos sortudos que entram no barracão da Viradouro neste pré-carnaval, além de ficarem admirados pela grandiosidade das alegorias como nos últimos anos, percebem uma verdadeira explosão de cor, uma opção por utilizar de forma mais intensa a paleta de cores, mais voltado para o colorido, mas tudo isso tem uma razão.No candomblé Jeje há Dangbé, o culto a serpente, o vodum de proteção, do equilíbrio e do movimento. Nele tudo avança e tudo retorna, nada acaba. Por isso é materializado pela imagem da cobra engolindo a própria cauda. Uma das imagens mais esperadas é justamente a da serpente, como virá presente no desfile da Viradouro. A cobra vai se relacionar de forma bastante destacada pela opção na paleta de cores relatada acima, como explica Tarcisio Zanon.

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“Ao pensar este carnaval, primeiro que a gente está falando sobre um enredo que trata de um sagrado em que o símbolo dessa serpente é o próprio arco-íris. Isso me trouxe uma liberdade cromática enorme. Eu não poderia deixar de retratar essa serpente sagrada sem utilizar toda a paleta de cores. E fora isso, a gente está tratando de uma África múltipla, uma África que ainda não foi muito difundida na Sapucaí. A gente procurou na pesquisa encontrar essa África colorida, essa África das estampas, das cores novas, por isso, eu acho que, quando o sambista, quando a Marquês de Sapucaí se deparar com essa África vai ter esse impacto que eu acho que vai ser bem favorável para trazer esse novo olhar para essa África”, aposta o profissional.

E, claro, há outro ponto importante que fez com que Tarcisio pensasse no uso das cores, não só olhando pelo prisma do contexto do enredo. Em 2023 já aconteceu bastante, mas em 2024 há uma clara intenção de um uso maior por parte dos carnavalescos da iluminação cênica da Sapucaí. Pela primeira vez, na Passarela do Samba, cada escola do Grupo Especial do Rio de Janeiro, terá o controle total do sistema de iluminação de toda a Avenida nos desfiles de 2024. Desde dezembro, as agremiações estão em contato com a equipe que opera o sistema e já iniciaram os testes oficiais, principalmente, em seus tripés e integrantes da comissão de frente. A Viradouro é mais uma escola que vai explorar essa tecnologia.

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“A gente está trabalhando também uma materialidade nova que o mercado está trazendo. A gente tem o recurso da iluminação, esse ano está muito mais próximo da gente, porque a gente está conseguindo pautar muito mais isso e estudar muito mais. Eu procurei utilizar materiais que pudessem causar contrastes com essa luz. Vocês podem esperar um refletivo muito maior, um contraste muito maior, essa matéria que a gente utiliza na estrada que é o ‘olho de gato’, a gente está utilizando para refletir a luz. A gente vai ter um jogo de luzes com o trabalho feito muito interessante, acho que na Marquês ainda não se pode explorar e agora a gente da nova geração está tendo essa oportunidade”, analisa Zanon.

Nos dois últimos anos, a iluminação vem sendo utilizada na Avenida, mas com reclamações dos artistas e do público, muito no sentido de que o foco de luz em alguns casos poderia esconder os componentes, além da questão da escuridão nas arquibancadas. Agora, o clima na maioria das escolas de samba é de encantamento com uma possibilidade artística. Ciente das críticas pela forma que o recurso foi utilizado recentemente, Tarcisio entende que a iluminação cênica deve ser aproveitada com parcimônia, procurando valorizar ainda mais o espetáculo e os componentes que são os protagonistas dos desfiles.

“Eu pretendo, vou usar, mas eu me preocupo muito com não perder as características do artesanal popular. O carnaval é feito disso. O carnaval tem como alma o artista, o brilho, o volume, o exagero, isso é o que faz a nossa arte ser tão diferenciada. E o detalhismo, não é utilizar a luz para esconder isso, é utilizar a luz para enaltecer esse trabalho”.

Arte cinética mais presente este ano e outras surpresas

Um aspecto que a Viradouro trouxe em sua estética no carnaval passado foi a chamada arte cinética, que é nada mais, nada menos, que o estilo que explora a ilusão de ótica e o movimento. Quem não se lembra, no carnaval passado, da pequena gota no abre-alas que subia e descia, ou do São Miguel que parecia voar sem estar preso a nada, e também do carro do Sagrado Coração de Jesus em que havia muito movimento de giro nas estruturas como que gerando uma hipnose. Pois bem, para 2024, a promessa do carnavalesco Tarcisio Zanon é de que será ainda maior o uso deste recurso, inclusive em outros lugares do desfile, não só nas alegorias.

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“A arte cinética vai estar presente muito mais até do que foi ano passado. Agora vamos ter nas fantasias também. Foi uma aposta que deu certo e a equipe que eu trabalho com cinético, que é de Parintins, cada vez mais está amadurecida neste trabalho, então eu venho trazendo propostas mais revolucionárias ainda esse ano, como deu resultado no ano passado, acredito que tem potencial para dar resultado esse ano também e tem outros aperitivos que a gente vai implantar e estamos apostando que dará muito certo também “, promete o artista.

Conhecido por um estilo bem atento aos detalhes, que procura fazer com que as alegorias não só sejam formadas por grandes esculturas, ou grandes estruturas e a ornamentação, mas trazendo para cada mínima parte do elemento alegórico uma atração diferente, Tarcisio esclarece que quer que o público se impressione com os carros não só de longe mas que esteja atento a tudo que acontece também no mais próximo que estejam do elemento.

“Eu sempre, em toda a minha carreira, procurei trabalhar cada vez mais e mais esse detalhismo, mas é claro que existe um pensamento de limpeza macro da forma, por mais que você tenha aquele micro visual, este micro tem que estar casado com o macro. Não tem como. Eu penso sempre essa colorimetria, esse artesanal, esse adereço, que faça com que esse conjunto visual se torne uma massa única, mas se você olhar de perto você vai se entreter visualmente também. É muito detalhe para poder captar”, argumenta o carnavalesco.

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E com o trabalho quase todo pronto, o artista não consegue eleger uma alegoria preferida, ou dizer qual será a que mais vai se destacar e impactar o público. Para Tarcisio Zanon, o conjunto da Viradouro em sua totalidade é onde residirá toda a força do desfile.

“Para mim esse ano é uma questão extremamente difícil. Porque eu trabalhei esse carnaval para o conjunto. Acho que o que tem força de fato no carnaval da Viradouro de 2024 é o conjunto, o todo da obra, eu não consigo dizer qual será a melhor alegoria porque cada alegoria tem uma característica artística, tem uma identidade artística, tem uma pesquisa diferente. Se você gosta do teatral, você vai ter o teatral, se você gosta de se emocionar, você vai se emocionar com alguma, se você gosta de algo mais forte você vai ter algo mais forte, se você gosta de tecnologia, você vai ter. Vai muito do gosto de cada um. Para o meu gosto , eu falo do conjunto da obra. Espero atender. Primeiro a gente faz para a gente, eu como espectador, espero atender também o grande público e se você estiver ali atento vai ter um pouquinho para cada gosto”.

Mensagem sobre respeito às religiões de matriz africana e desmistificação do culto Jeje

Com o ineditismo presente no enredo deste ano, e por se tratar de um tema que não é, infelizmente, de forma tão recorrente apresentado às pessoas, é natural haver a preocupação em como o público vai receber o desfile, se ficará clara a compreensão. O carnavalesco Tarcisio Zanon conta que vai trazer símbolos e representações que sejam mais orgânicos ao grande público. Este desafio pode ser inspirador a um artista que trabalha de forma mais direta com as artes visuais.

“A gente sempre tem que pensar nos signos visuais que atendem ao senso comum. Quando você fala de vodum, a primeira imagem que se vem à cabeça, o senso comum, são os bonequinhos espetados para o mal. A ideia da Viradouro não é se desfazer deste signo, mas desconstruir essa imagem. Todas as pessoas vão entender ou pelo menos é o que se pretende fazer, é que as pessoas saiam transformadas da Avenida e ao mesmo tempo, eu tenho uma oportunidade que é muito única, de contar uma religião que é completamente fechada, que você não tem muitas referências visuais e fazer com que as pessoas passem a ter uma imagem do que é o candomblé Jeje, do que é o vodu. Assim também aconteceu com Rosa Maria. A liberdade criativa foi muito maior. As pessoas não sabiam quem era a Rosa. Para o imaginário do público hoje, imageticamente foi o que eu consegui captar e transformar ali na Marquês de Sapucaí. E assim também será com esse enredo. Para o artista, é muito mais gostoso, muito mais desafiador quando você traz algo novo e você precisa construir esse imaginário na cabeça das pessoas e desconstruir também”, conta o carnavalesco bastante animado.

Com uma samba que tem sido bastante elogiada neste pré-carnaval, a Viradouro pretende mais do que garantir a nota em quesito, mas impulsionar a evolução, harmonia e abrilhantar ainda mais a bateria. Com um concurso extremamente acirrado, com a obra sendo escolhida verdadeiramente na final, os compositores proporcionaram alguns meses de intensa disputa, que teve em suas consequências muito mais do que apenas um bom samba, ou espetaculares noites de boa música. O conhecimento dos poetas da Viradouro sobre o tema também foram fundamentais para o trabalho do carnavalesco Tarcisio Zanon.

“No processo de tirar dúvidas aconteceu muita troca. Nosso receio, meu e do Gustavo(Melo), era que os compositores não tivessem entendimento, até por ser uma coisa muito limitada para pesquisa, muito longe do palpável nosso, da nossa realidade. E os compositores chegaram com informações novas, muitos já eram feitos no candomblé Jeje e a gente ficou impressionado como eles entenderam e como eles contribuíram para a pesquisa. Os sambas que não ganharam também contribuíram, tanto que nomes dados a alas, nomes dados a alegorias foram retirados de composições que não chegaram nem à final. Essa troca foi muito legal, muito importante para o nosso conhecimento e para o conhecimento dos compositores”.

Por fim, o carnavalesco Tarcisio Zanon frisa que mais do que tudo esse enredo pretende desmistificar e “desdemonizar” alguns conceitos equivocados e preconceituosos que surgem sobre as religiões de matriz africana, e especificamente, sobre o vodu, sobre o candomblé Jeje. O desfile da Viradouro é sobretudo um pedido de respeito a esses cultos e a esses sagrados.

“A importância desse enredo é transformar as pessoas. Se as pessoas saírem da Avenida com a simples informação na mente de que o candomblé Jeje, sem a água e sem a folha não vive, para mim já vai ser um ganho enorme porque as pessoas não terão mais aquela ideia negativa relacionada a esse sagrado. É essa a nossa missão”, finaliza Tarcisio.

Conheça o desfile

A Viradouro vai encerrar a segunda noite de apresentações do Grupo Especial e levará para a Marquês de Sapucaí seis alegorias, dois tripés e o elemento alegórico da comissão de frente. Ao todo são 23 alas. O carnavalesco Tarcisio Zanon destacou que a divisão dos cinco setores está de acordo com o abordado na sinopse. Confira um breve resumo baseado no texto da sinopse de João Gustavo Melo:

DANGBÉ – O CULTO À SERPENTE

“Um facho sinuoso desliza sobre o chão, chacoalha as folhas, estremece a terra e borbulha as águas. É Dangbé, o vodum da proteção, do equilíbrio e do movimento. Nele, nada principia nem finda, tudo avança, tudo retorna. É o constante rodopio do universo, o círculo fechado, sentido materializado pela imagem da cobra engolindo a própria cauda.Foi assim que resplandeceu Dangbé entre os povos de Uidá, na Costa da Mina, após a épica batalha contra o reino vizinho de Aladá”.

O PACTO MÍSTICO DAS GUERREIRAS MINO

As guerreiras Mino, as mulheres mais temidas do mundo, eram esposas e guardiãs do palácio do Rei do Daomé, além de audazes caçadoras de elefantes, cujos marfins eram utilizados como matéria-prima em cerimônias oficiais e religiosas. Ao serem recrutadas, participavam de um ritual de iniciação conduzido pelas sacerdotisas voduns, senhoras do trono da magia e dos encantes. Nessa sagrada assembleia, realizavam um pacto místico para que nunca traíssem umas às outras. O espírito de coletividade forjava a arma mais poderosa de que dispunham: o valor inegociável da lealdade”.

LUDOVINA PESSOA E A HERANÇA VODUM NA BAHIA

“Com a missão de perpetuar os cultos voduns no Brasil, Ludovina Pessoa ondeou pelo imenso oceano com a companhia mística dos seus antepassados. Tornou-se o pilar de terreiros consagrados aos voduns, entre eles o Seja Hundé, na cidade de Cidade da Cachoeira, no Recôncavo Baiano, e o terreiro de Bogum, erguido no coração de Salvador. No Bogum, casa centenária de liderança feminina, foram plantadas sementes de liberdade, tornando-se importante local de apoio à Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador na primeira metade do Século XIX”.

ENTRE A CRUZ E A SERPENTE: TEMPLOS SINCRÉTICOS

“Agora não só os voduns protegiam as mulheres. Com as irmandades, as mulheres também protegiam os voduns. Assim, tornaram-se senhoras da cura, da fortuna, da fertilidade, das adivinhações, dos conselhos e do destino. Orientações espirituais feitas inclusive a brancos e brancas que repudiavam publicamente o culto aos espíritos, mas que rogavam auxílio à magia nos fundos dos templos de adoração católicos. Em Cachoeira, no terreiro do Seja Hundé, Ludovina foi o elo entre muitas das sacerdotisas reunidas em irmandades, estabelecendo laços de pertencimento entre os clãs. Unidas, teciam uma rede matriarcal associativa, erguida com devoção e lealdade, pacto firmado sob a cruz e a serpente para que nunca abandonassem umas às outras”.

TERRA, TERREIRO CÓSMICO

“E cá estamos nós, Viradouro e Jeje, cruzando energias e tambores. A formação do Candomblé na Bahia passa pelo legado da crença vodum, manifestada no aguidavi, que comanda o toque de guerra do adarrum. Está nos ritos e nas divindades que se religaram a outras matrizes religiosas africanas, fluindo como rio serpenteando pela mata, rumo ao mar. E, assim como as ofídicas, sobrevivem e se expandem em peles que se renovam”.

Após testes, Grande Rio entregará prótese para passista que teve braço amputado: ‘Me sinto uma criança com um presente novo’

A trancista Alessandra dos Santos, 36 anos, passista da Acadêmicos do Grande Rio que perdeu o braço após uma cirurgia para retirada de miomas no útero, receberá em definitivo a prótese doada pela agremiação de Caxias. Em dezembro, durante o Natal e seu aniversário, ela utilizou o equipamento para fases de testes de comando. Agora, segundo Alessandra, a escola de samba entregará a prótese antes do carnaval.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

O caso ocorreu em fevereiro de 2023 e Alessandra só recebeu alta dois meses depois. Em maio, durante entrevista exclusiva ao site CARNAVALESCO, o presidente de honra da Grande Rio, Helinho de Oliveira, informou que a agremiação compraria uma prótese para a passista. No decorrer do ano, Alessandra passou por diversas consultas e etapas para a construção do equipamento. Para a passista, a prótese representa um recomeço e terá um grande impacto na autoestima.

“Eu estou igual a uma criança com um presente novo. É muito gratificante todo esse carinho das pessoas comigo. A prótese foi doada de coração pelos meus presidentes. Sou muito grata. Não devolve meu braço, mas esteticamente é muito bom. Eu, como mulher, tenho essa questão da vaidade e também sou passista. Ela vai dar apoio e um suporte básico. Hoje, dependo da ajuda da minha mãe para comer e me vestir. Agora me olho no espelho com outros olhos e estou conseguindo organizar a cabeça um pouco melhor. Foi um presente de aniversário e de Natal (risos)”, comenta a passista.

O equipamento foi produzido pelo Centro de Próteses e Órteses (CPO) e tem previsão de entrega até o final de janeiro. De acordo com Alessandra, a prótese ainda permite a realização de movimentos e algumas práticas do cotidiano, mesmo que limitadas. O equipamento conta com tecnologia avançada e abre e fecha as mãos conforme contrações musculares.

Apesar de poder desfilar e sambar com a prótese, Alessandra decidiu que entrará na Marquês de Sapucaí sem o aparelho. Aliás, sambar representa para a passista um recomeço e a volta por cima. Foi no carnaval – na Grande Rio – que ela encontrou forças para seguir em frente e não desistir.

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“A Grande Rio me fez voltar a vida social de novo. Eu estava em cima de uma cama e achei que tudo tinha acabado. Quando a minha mãe mostrou o vídeo da bateria tocando, não aguentei. A minha escola me abraçou e quando eu voltei, a comunidade inteira me abraçou e me deu carinho e força. A Grande Rio, para mim, representa a vida, a força e a união. Ela é uma família”, afirma.

Componente assídua da Tricolor de Caxias há 20 anos, Alessandra não pôde desfilar em 2023 por conta do acidente. Agora, ansiosa e com o samba no pé em dia, a passista conta as horas para a chegada do desfile oficial e está confiante com o bom desempenho da agremiação.

“Até brinco que vou alugar uma casinha em frente ao Sambódromo para não ter erro: quando soltarem os fogos, já atravesso a rua para não ficar pra trás (risos). Eu estou muito feliz de ver a comunidade cantando, ensaiando e com as pessoas otimistas pela vitória. Tenho fé que o bicampeonato virá. A ala de passistas vai vir linda, nosso figurinista arrasou. A Grande Rio, como sempre, faz de tudo pela sua comunidade. A escola estará linda e iremos brigar pelo título”, diz a componente.

Relembre o caso

Alessandra deu entrada no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, no dia 3 de fevereiro de 2023 após sentir fortes dores e ter sangramento pela genital. Constatada uma hemorragia interna, ela foi operada no mesmo dia. No dia seguinte, a passista passou por outra cirurgia, para a retirada do útero. Dois dias depois, a mulher foi transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia (Iecac), em Botafogo, com o braço já em necrose e teve o membro amputado.

Quase um ano depois, Alessandra luta por justiça. Sem conseguir trabalhar e dependendo de ajuda dos pais, ela afirma que nunca foi procurada pela equipe do hospital ou pelo estado. O caso está na justiça.

“Eu era trancista e estou desempregada. Estou sobrevivendo com a ajuda dos meus pais. Antes, quem ajudava em casa era eu. Hoje, infelizmente, estou impossibilitada de trabalhar. Até hoje não recebi o contato de ninguém – nem do médico que me operou e nem da equipe do Hospital da Mulher. Ninguém me deu assistência de nada”, conta Alessandra.

Unidos de Bangu programa mais dois ensaios antes do desfile oficial

A Unidos de Bangu está na reta final de preparação para o Carnaval 2024. Com o barracão em seus últimos detalhes, a escola vai focar nos quesitos de chão nos dias que antecedem o desfile em homenagem a São Jorge. O primeiro pavilhão da Zona Oeste vai realizar mais dois ensaios: nesta quarta-feira e na segunda-feira, no Largo de Bangu, com concentração a partir das 20h.

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Segundo o diretor de carnaval Marcelo do Rap, a escola está motivada para realizar um grande desfile na busca do título da Série Ouro e o acesso ao Grupo Especial. O dirigente fez questão de convocar toda a comunidade banguense para que apoie a agremiação nesta fase final:

“Estamos com um barracão grandioso, todas as fantasias estão prontas e serão entregues até domingo. Fizemos um trabalho que vai nos credenciar pelas primeiras colocações, mas para isso precisamos da força da nossa comunidade para rasgarmos o chão da Sapucaí no dia do desfile oficial. Teremos mais dois ensaios justamente para aprimorarmos ainda mais o canto e a evolução, fazendo bonito e mostrando a força da Unidos de Bangu. A comunidade é peça-chave neste trabalho e chegaremos ao nosso objetivo juntos”, afirmou Marcelo do Rap.

Os ensaios saem do Largo de Bangu, em frente a Paróquia São Sebastião e Santa Cecília, e seguem até a Rua Júlio Cesar, local da dispersão. A Unidos de Bangu será a sétima a se apresentar no sábado, 10 de fevereiro, pela Série Ouro, com o enredo “Jorge da Capadócia”, do carnavalesco Robson Goulart.

RioSolidario e parceiros promovem Folia Solidária: oficinas carnavalescas para mulheres residentes no entorno do Sambódromo

Com a proposta de capacitar 100 mulheres em adereços e cenografia, o RioSolidario e parceiros, como a Secretaria de Estado da Mulher, Lojas Caçula e a Universidade Estácio de Sá, lançam o projeto “Folia Solidária: oficinas carnavalescas para mulheres”. As oficinas são gratuitas e voltadas para residentes no entorno do Sambódromo, de baixa renda, com idade entre 16 e 70 anos e mulheres em situação de violência doméstica.

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Foto: Divulgação

O objetivo do projeto é contribuir para a formação de uma nova geração de trabalhadoras do Carnaval, aptas a serem contratadas por escolas de samba, blocos, outros produtores deste segmento ou para empreenderem. A turma de adereço teve início no dia 24 de janeiro e segue até esta terça-feira. Já as inscrições para a capacitação em cenografia, com aulas nos dias 31 de janeiro, 01, 02, 05 e 06 de fevereiro, das 14h às 17h, estão abertas e podem ser realizadas por meio do link: https://forms.gle/gojGsDq695vAFwA17

As aulas são realizadas na unidade Estácio Presidente Vargas – localizada na Avenida Presidente Vargas, n º 642. Ao final do curso, as participantes vão receber certificado e desconto nas lojas Caçula para realizarem a compra de insumos para empreender. As alunas irão interagir de forma dinâmica e objetiva, buscando o desenvolvimento da criatividade de cada uma de acordo com suas habilidades. Uma peça individual será confeccionada desde a montagem inicial até o acabamento final.

Para a presidente de honra do RioSolidario, Analine Castro, ao proporcionar habilidades práticas que abrem portas para mulheres ingressarem no mercado de trabalho, a Organização demonstra novamente o seu compromisso com a transformação social.

“A formação de uma nova geração de trabalhadoras do Carnaval não apenas fortalece o setor, mas também desafia estereótipos de gênero e promove a inclusão. Apoiar as mulheres na geração de renda contribui para o desenvolvimento econômico e social de comunidades inteiras. Ao capacitá-las estamos impulsionando suas vidas e enriquecendo a diversidade e a criatividade na folia”, ressaltou Analine.

Aprendizado com quem tem experiência

As aulas serão ministradas por Will Costa, diretor artístico de Carnaval que atualmente exerce o cargo na Unidos de Padre Miguel. No currículo, já trabalhou nas escolas Mocidade, Império Serrano, Grande Rio e Portela, no Rio de Janeiro. Já em São Paulo, atuou na Vila Maria.

Excelente iniciativa! Pré-estreia de documentário da Liga-SP conta com personalidades do carnaval e conteúdo de alto nível

A Liga-SP realizou na noite da última segunda-feira, no Itaú Cinemas, a pré-estreia de seu documentário, “Os Bastidores do Carnaval de São Paulo”, com direção de Jairo Roizen e Guma Sena. Foram convidados personalidades de escolas de samba e imprensa especializada do carnaval, que compareceram para prestigiar o filme. O documentário conta tudo o que está por trás do trabalho realizado pela Liga-SP. Foi todo montado pela empresa de áudio e vídeo, Sala 22, captando imagens do Carnaval 2023. Dali foi mostrado os vídeos de infraestrutura, projetos, funcionários, sonorização e entre outras coisas que a entidade faz acontecer para tudo ocorrer corretamente no dia do espetáculo. Além disso, mostraram como são alguns problemas na concentração, a cronometragem e a locução de voz para o Anhembi. O lançamento para o público geral acontece nesta terça, no canal da Liga, no YouTube.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Sidnei Carrioulo, presidente da Liga, dá depoimentos e conta sua história dentro da entidade. Fala sobre as ideias que teve para melhorar algumas questões, principalmente a questão do som do Anhembi, como o ponto cego.

Jairo Roizen, gerente de comunicação da Liga-SP e diretor do longa-metragem, resume tudo o que o documentário irá contar. “A ideia era nós termos um documentário para mostrar algumas situações. Mostraremos muita coisa, mas é muito pouco perto do que acontece no sambódromo. Coisas que as pessoas nem imaginam esse documentário mostrará. Primeiro, vamos mostrar para o nosso público, que já nos conhece, como funciona o som da avenida, o carro de som e o que está envolvido nos bastidores. Mas também queremos levar o documentário para plataformas de streaming para que as pessoas entendam que o carnaval não são apenas cinco dias de folia que tem um monte de gente que se fantasia. O carnaval gera empregos, é tocado por pessoas responsáveis e sérias. Em São Paulo, são 33 grandes empresas, com orçamentos maiores que muitas multinacionais – e todo esse trabalho é gerido com muita seriedade, dedicação e, principalmente, muito amor. É esse sentimento que move as escolas de samba e o carnaval de São Paulo”, explicou.

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O presidente da entidade, Sidnei Carrioulo, conversou com o CARNAVALESCO e falou da importância que é ter um material como esse que a Liga-SP proporcionou. “Foi uma coisa legal. Tem várias vertentes e maneiras de ver isso. Uma de esclarecimento, porque as pessoas acham que acontecem em um passe de mágico. É importante ver a geração de emprego… E a outra é a ótica do sambista. Tudo aquilo que antecede o espetáculo que eles assistem na avenida. Esse filme vai esclarecer muitas coisas, dúvidas e acredito muito que as pessoas depois de ver o filme, vão ter uma outra ótica de tudo aquilo que eles veem pronto. A gente fica muito feliz. Esse é o primeiro de muitos que a gente quer fazer. Queremos muito mostrar os bastidores internos das escolas. Desde a escolha dos sambas, ensaios, transporte de alegoria. A gente vai dar continuidade e fazer alguma coisa nesse sentido”, disse.

Direção do documentário

Diretor do projeto, Guma Sena conta sua ótica do filme. “Nesse documentário, estamos mostrando uma parte do carnaval que as pessoas não conhecem, que são os bastidores – justamente o título do documentário. Nele, a gente retrata como é o dia a dia da Liga-SP, como funciona e, em uma narrativa do Jairo, ele fala que as pessoas acham que a Liga-SP é um monstro ou algo intocável – e não é isso. A Liga-SP nada mais é do que a junção de todos os presidentes de todas as escolas de samba. Tudo isso é decidido em comum acordo – e, a partir disso, nasce a instituição. No documentário, retratamos um pouco da Concentração, a correria que é (e as pessoas não tem noção do que é isso), a parte operacional, a logística para montar o Anhembi (já que a empresa entrega a estrutura e quem faz isso é a Liga-SP, e administrar tudo isso durante o carnaval é um trabalho muito grande. É isso que o filme retrata”, declarou.

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De acordo com Guma, foi um aprendizado para a vida dele. “O documentário é importante para que as pessoas saibam, principalmente que já consome o carnaval e o samba – e, quem não gosta, também. É importante mostrar a estrutura como um todo. Tive a felicidade de participar de tudo isso, do dia a dia… eu, como sambista, que nasceu no carnaval, também aprendi muita coisa nesse período de gravação. Estamos sempre aprendendo, vendo alguma novidade. É o que o documentário vai retratar. É importante que todos conheçam isso, todos vão ver com um olhar um pouco diferente, além da pista e do espetáculo”, afirmou.

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A presidente da Mocidade Alegre, Solange Cruz, esteve presente. No filme, teve momentos emocionantes envolvendo a sua escola, como participação no desfile e o título do Carnaval 2023, e ela se disse emocionada, pois foi pega de surpresa. “Eu achei incrível, até porque tinha coisas que nem eu sabia. Isso é muito legal, as pessoas acham que a gente vive 24 horas por dia dentro da Liga-SP, e não é isso. Vamos para algumas reuniões, apenas. Tem muitas coisas que acontecem nos bastidores do evento e do projeto carnaval que até a gente desconhece. Tinham pessoas na sala falando que nunca viram tal pessoa ou que não sabiam que tal pessoa tinha tal função ou vice-versa. Isso foi muito legal, já que não vivemos esses bastidores diariamente. Quem vive foi quem realmente falou, colocou para fora e mostrou tudo isso. Eu, por exemplo, trouxe duas destaques minhas e elas ficaram impressionadas – e eu também, já que eu também não sabia. Isso foi muito legal, acho que vai ser bacana. Muita coisa que a gente também não sabia, ou até mesmo sabia e não sabia que era tão grandioso. Foi incrível”, comentou.

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Solange também exaltou o trabalho do diretor Guma. “O Guma faz um trabalho excelente, não só no documentário como em tudo que ele faz. Isso é muito bacana, porque ele é uma pessoa que não tem mais uma agremiação. Ele faz isso pelo carnaval, em nome do samba, que ele é um defensor. Isso é muito bacana: ver pessoas que trabalham em prol do samba e que não gere desconfiança. Vi o Pimentel falar, o Jairo, a Letícia falou super bem e colocou à frente o que ela representa nessa máquina, essa engrenagem que é o carnaval”, completou.

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