Voltar a ser crianças e aproveitar uma tarde de brincadeiras, doces e distribuição de brinquedos, foi a proposta de Carolane Silva e Washington Paz para ritmistas e comunidade da Inocentes de Belford Roxo. A rainha e o mestre da Cadência da Baixada distribuíram cerca de 500 brinquedos e saquinhos de doces para os sambistas mirins, além de promover uma tarde de diversão e confraternização entre os integrantes da bateria.
“Eu me sinto verdadeiramente acolhida pela comunidade e pela bateria. A gente se transformou em uma grande família e é maravilhoso poder se sentir assim. Não tem preço ver o sorriso das nossas crianças e eu só agradeço por isso”, diz a rainha de bateria que participou ativamente dos preparativos da festa e das brincadeiras.
A agitação começou ao longo da semana, quando a dupla escolheu o Mercadão de Madureira para as compras.
“Eu me jogo de cabeça , principalmente quando o assunto é criança. Sou mãe solo e sei como essas datas são importantes para eles. A gente fez tudo com muito carinho para que eles tivessem uma tarde inesquecível”, completou Carolane que já confirmou presença no primeiro ensaio de rua da escola, nesta quarta-feira, 15 de outubro.
A manhã desta segunda-feira foi marcada por muitas surpresas e emoção no barracão do Salgueiro. A Influencer e empresária Gkay, musa da agremiação em 2026, recebeu das mãos do carnavalesco Jorge Silveira o desenho de sua fantasia.
“Estou muito emocionada e feliz por poder viver esse sonho pela primeira vez. Minha fantasia é linda e me surpreendeu de diversas formas”, conta a Influencer.
Foto: Divulgação/Salgueiro
Gkay vai desfilar no sexto setor da escola com uma fantasia chamada ‘Antropofágica’, onde irá representar a construção da brasilidade na obra de Rosa Magalhães, influenciada pela antropofagia proposta pela Semana de Arte Moderna de 1922. O movimento, liderado por Oswald de Andrade, defendia a ideia de que o Brasil deveria “devorar” as influências culturais estrangeiras e transformá-las em algo genuinamente brasileiro.
Quando perguntada sobre a sua participação na escola, Gkay afirma que quer ser uma musa presente. “Estou conhecendo a história do Torrão e me apaixonando cada vez mais. Quero estar presente no máximo de compromissos possíveis com o Salgueiro”.
Em 2026, o Salgueiro será a última escola a desfilar na Marques da Sapucaí e levará para a avenida o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, uma homenagem à eterna carnavalesca Rosa Magalhães, a maior campeã da Sapucaí.
A Unidos de Vila Isabel realizou, no último domingo, uma grande festa em celebração ao Dia das Crianças, levando diversão, música e solidariedade à sua comunidade. Mais de 600 crianças foram beneficiadas com a entrega de brinquedos, doces e lanches.
A ação foi promovida com o apoio dos Herdeiros da Vila e do Celeiro de Bamba, segmentos da escola mãe que se uniram para proporcionar um dia inesquecível aos pequenos. Além das doações, a festa contou com diversas atividades recreativas e apresentações que reforçaram o compromisso da Vila Isabel com o bem-estar e a inclusão social da sua comunidade.
Para a diretora de Harmonia da agremiação, Joelma Veiga, momentos como este fortalecem o vínculo entre a escola e seus moradores.
“Ver o brilho no olhar de cada criança é o que nos motiva. A Vila sempre foi mais do que uma escola de samba: é uma grande família que cuida do seu povo e mantém viva a alegria do nosso bairro”, afirmou.
A Fábrica do Samba foi palco, no último domingo, do desfile das escolas de samba mirins do carnaval de São Paulo. Uma festa marcada por esculturas inspiradas em desenhos animados, brinquedos, muito samba e famílias que reuniram suas crianças para celebrar o Dia das Crianças. O evento, organizado pela Liga-SP, mostrou na prática a continuidade das raízes do samba paulistano. Ao CARNAVALESCO, pais e filhos relataram a alegria de participar dessa iniciativa que reforça a tradição do carnaval em São Paulo.
Simone Costa, mãe da porta-bandeira mirim da Independente Tricolor, Kihara, celebrou o momento.
Fotos: Naomi Prado/CARNAVALESCO
“É um evento muito importante porque vem de gerações. A Kihara faz parte de uma família que já vive o mundo do samba, assim como várias outras crianças de diferentes agremiações. Elas são o futuro das nossas escolas. Estou amando! Os desfiles estão fantásticos, as crianças estão se divertindo e tudo está maravilhoso. As escolas se organizaram muito bem. Parabéns a todas as agremiações e à Liga por este evento”, destacou.
Para Kihara, o evento foi além do desfile: “Amei desfilar, mas principalmente estar com meus amigos, cantar o samba da minha escola e ver todo mundo feliz. Foi muito divertido e espero voltar no ano que vem!”, disse.
Caike Silva, mestre-sala mirim da Independente Tricolor, comemorou sua estreia: “É uma experiência nova. É a minha primeira vez desfilando em São Paulo, e estrear já no desfile mirim é uma felicidade imensa”, contou.
A mãe de Caike, Valdelis Silva, ressaltou a importância das escolas de samba mirins: “É essencial incentivar as crianças a participarem da cultura, trazê-las para cá para que aprendam e vivam esse momento. É bom que saibam de onde o samba veio e para onde ele vai. Todo esse clima de alegria, com doces e brinquedos, é feito para elas. É um incentivo muito bonito das agremiações. Que São Paulo repita essa iniciativa mais vezes e que venham ainda mais crianças”, afirmou.
Em família
Maiara Oliveira, mãe do componente mirim da Acadêmicos do Tatuapé, Pedro, falou sobre a relação da sua família com o carnaval.
“Aqui vemos as raízes se formando, crianças que serão nosso futuro e o futuro da Tatuapé. Para mim, é especial porque minha família nasceu no carnaval. Conheci meu marido na Tatuapé e, a partir disso, formamos nossa família. Ver meus filhos vivenciando e participando desse universo deixa meu coração quentinho”, contou.
Pedro também compartilhou sua alegria: “Foi muito legal desfilar! Gostei de estar com meus amigos e ver todo mundo batendo palma pra gente. Também adorei brincar aqui na Fábrica. Queria que tivesse todo fim de semana!”, disse.
Leonardo Cardoso, intérprete mirim da Rosas de Ouro, comemorou seu momento e destacou a importância de estar com a família: “Gostei mais de cantar e de estar no carro de som da minha escola. Quero fazer isso no futuro, mas estar com a minha família aqui me acompanhando também foi muito especial”, contou.
Para Cristina Cardoso, mãe de Leonardo, o evento reforçou valores importantes: “É muito interessante colocar as crianças desde pequenas nesse ambiente, com suas famílias orientando. Também tivemos inclusão dos neurotípicos, o que é fundamental. É importante que as crianças conheçam o carnaval desde cedo por várias razões. Fico muito feliz com essa iniciativa”, afirmou.
O mundo do carnaval ainda tenta superar o falecimento de Gilsinho, intérprete de muita história e títulos Brasil afora. Nas escolas que eram defendidas por ele, é claro, o sentimento é ainda mais intenso. Uma delas é a Tom Maior, que realizou um ensaio inteiro em homenagem ao cantor no último domingo e aproveitou para anunciar o substituto no microfone principal: Bruno Ribas, que retorna para a agremiação após cinco anos de hiato. Sempre presente em momentos importantes para as escolas de samba de São Paulo, o CARNAVALESCO esteve presente no ensaio da Tom Maior em razão do enredo “Chico Xavier — Nas entrelinhas da alma, as raízes do céu em Uberaba”, assinado por Flávio Campello.
O feriado de Nossa Senhora Aparecida (e, também, de Dia das Crianças) marcou o início da segunda passagem de Bruno Ribas pela Tom Maior. A primeira foi bastante qualifica: entre 2017 e 2020, a Tom Maior se estabilizou no Grupo Especial (e, aqui, convém lembrar que, em 2019, a agremiação foi campeã do Grupo de Acesso I) e teve o que é, para muitos, o melhor desfile da história da agremiação: “O Brasil de duas Imperatrizes: De Viena para o novo mundo, Carolina Josefa Leopoldina; De Ramos, Imperatriz Leopoldinense”, quarto lugar no concurso e que acabou sem perder décimos na apuração, perdendo o título nos critérios de desempate.
Ao relembrar a primeira passagem pela Tom Maior, Bruno Ribas destacou o desfile citado: “Em 2018, eu estava cantando, estava no barracão… estava muito envolvido com esse carnaval da Tom Maior. Tem aqui dentro do peito um pelinho ainda guardado por não ter sido campeão. Mas o gosto daquele desfile foi de campeão, não tenha dúvida”, comentou, também falando da já citada pontuação na terça-feira de carnaval – data em que, tradicionalmente, acontece a apuração do carnaval de São Paulo.
O intérprete foi ainda mais claro logo na sequência: “Eu te digo que a gente volta para, de novo, se agrupar, juntar a equipe, brigar pelo campeonato e ser feliz de novo”, concluiu.
Motivos do retorno
Se mostrou muita felicidade por retornar à Tom Maior, os responsáveis diretos pela contratação frisaram o porquê de Bruno Ribas voltar a vestir vermelho e amarelo. Carlos Alves, o Carlão, presidente e mestre de bateria da Tom 30 (ala de ritmistas da agremiação), fez questão de destacar que tudo passa pela busca do melhor resultado possível: “É um profissional que eu acredito muito, atende às nossas necessidades técnicas, e nós o contratamos. Foi isso que aconteceu. O carnaval hoje em dia é muito concorrido e eu trato a Tom Maior como empresa, como algo sério. Eu quero o melhor para a escola na vida dela. Sempre vou defender o melhor para a minha escola”, ponderou.
Erica Ferreira, diretora de Carnaval e de Harmonia da Tom Maior, foi exatamente na mesma linha que o presidente vermelho e amarelo: “Jogo é jogo e a gente está indo para disputar um campeonato – e, para isso, a gente precisa ter o melhor. Na atualidade, no mercado, o melhor era o Bruno Ribas. Nós tivemos algumas outras pessoas que não só nós fomos atrás também, mas muita gente entrou em contato com a gente. Muita gente fez sinal para a Tom Maior, mas a gente decidiu ser o Bruno Ribas. Conversamos com ele e, hoje, ele está aqui com a gente. Como eu falei, a gente está indo para uma disputa, o carnaval é um concurso e a gente precisa ir atrás do que tem de melhor no mercado”, comentou.
Voz ativa da comunidade
Além de justificar a contratação do intérprete, Erica também fez questão de destacar que o nome do cantor era o preferido de quem frequenta a Tom Maior: “De fato o Bruno Ribas é uma recontratação para a escola, mas eu vou falar ‘contratação’ porque faz dois anos que eu estou na escola – então, na minha gestão, é uma contratação. O fato é que ele super já era da casa! Foi um nome que os ritmistas, os Harmonias e todo mundo ficava falando dele, o nome imediatamente foi super bem cotado. E, mais uma vez, nós escutamos a voz da nossa comunidade – assim como foi na escolha do samba-enredo. Quem escolheu foi a comunidade – ouvindo, fazendo as nossas enquetes e sempre em comunhão com a escola como um todo. A gente foi lá, conversou com ele e ele topou. Ele é profissional e topou estar aqui com a gente”, disse.
Outros baluartes
Erica também fez questão de destacar outros nomes que fazem parte da antologia da Tom Maior: “Com o falecimento do Gilson, é claro que eu, como diretora de carnaval, tenho o Gilson aqui no coração eternamente. O Gilson é maravilhoso, é uma Ferrari que vai estar junto com Chico Xavier, com o Marko Antônio da Silva, com o Jura e tantos outros da nossa agremiação que se foram”, finalizou.
Chico Xavier é o fio condutor do enredo da Tom Maior para 2026, Marko foi o presidente da agremiação entre 1978 e 2011; e Jura é Jurandir Motta Santos, histórico diretor de bateria e de Carnaval da agremiação.
Noite para Gilsinho
Em homenagem ao intérprete, boa parte dos componentes que estiveram na quadra da Tom Maior vestiram branco, muitos deles, por sinal, com os dizeres “É Tudo Nosso”, histórico grito de guerra do intérprete, na camiseta. Enquanto Bruno Ribas ainda não tinha sido apresentado oficialmente, a ala musical da agremiação executou o ponto de Xangô imortalizado por Gilsinho no esquenta do desfile “Um Defeito de Cor”, da Portela, em 2024.
Enquanto “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, samba de 2009 (e reeditado em 2025, com direito a título do Grupo de Acesso I e interpretado por Gilsinho) da agremiação, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da vermelho e amarelo, Ruhanan Lucas e Ana Paula Sgarbi, defenderam um pavilhão com o rosto do intérprete – que foi entregue aos filhos do cantor, Duda Gomes e Vinícius Sumas.
Ao falar do intérprete que também se tornou amigo pessoal, Carlão precisou interromper o discurso por conta da emoção que o inundou. Coube a Erica anunciar que, tal qual aconteceu na Portela, o palco da quadra da Tom Maior também ganhou o nome do intérprete.
Compositores: Verônica dos Tambores, Junior Fionda, Marcelinho Santos, Junior Falcão, Flavinho Avelar, Geraldo M. Felício, Camila Lúcio, Gilsinho da Vila, Rogério Máximo, Rafael Gonçalves, Soares do Cavaco, Antônio Neto e Davison Jaime
Intérprete: Danilo Cezar
Se a canoa não virar, olê olá
Meu recado vira samba e carnaval
Chega ao destinatário
O meu grito libertário
Vigário Geral
Sou eu teu canibal e remetente
Nessa carta incoerente
Vim lembrar do que passou
Aporto nesse mar de atrocidade
Pindorama insanidade
Que desvenda o Invasor
A tinta da história que insistiu me decifrar
Um Bicho de arco e flecha a devorar
Os livros, ao contar que fui escravo do passado
Um filho de tupã catequizado
Tomaram terra…e me forçaram misturar
a pele preta, a coroa, o cocar
Deixa o chão tremer eeô
Que mata a dentro a cobiça reluziu
Qual é meu nome ora pois
A força, o sangue de nós dois
Debaixo de pau, Brasil
Ao ler que minha fome de saber se alimenta
Degusta o verbo te supera e reinventa
Devo sentir que a transgressão te causa dor
Se me criou sabia um dia quais seriam os meandros teu Deus de pedra não põe medo em meus malandros
E teu sagrado insiste em vilipendiar
Vixe Maria! Cabra da peste arretada é Betinha, a devoção da minha gente encarnada
A eterna fome de prazer me consumiu
Se festejar é minha sina
A Vera Cruz quem te assina
E te entregue a tua pátria que pariu!
EU SOU FILHA DESSA DOR
QUE NASCEU NO INTERIOR DE UMA SAUDADE
NETA DE PRETO VELHO
QUE ME ENSINOU OS MISTÉRIOS
BITITA COR, RETINTA VERDADE
ME CHAMO CAROLINA DE JESUS
DELE HERDEI TAMBÉM A CRUZ
OLHEM EM MIM EU TENHO AS MARCAS
ME IMPUSERAM SOBREVIVER
POR SER LIVRE NAS PALAVRAS
CONDENARAM MEU SABER
FUI A CANETA QUE NÃO REPRODUZIU
A SINA DA MULHER PRETA NO BRASIL.
OS OLHOS DA FOME ERAM OS MEUS
JUSTIÇA DOS HOMENS, NÃO É MAIOR QUE A DE DEUS
MEU QUARTO FOI DESPEJO DE AGONIA
A PALAVRA É ARMA CONTRA A TIRANIA
SONHEI SOBRE AS PÁGINAS DA VIDA
ILUSÕES TOLHIDAS NO SISTEMA ALGOZ
QUE TENTA APAGAR NOSSA GRANDEZA
CALAR A REALEZA QUE RESISTE EM NÓS
DOS SALÕES DA BURGUESIA AOS BARRACOS DO BOREL
DE ONDE NASCEM CAROLINAS
NÃO SEREMOS MAIS SÓ VÓS!
POR TANTAS MARIAS QUE VIRAM SEUS FILHOS CRUCIFICADOS
NAS LINHAS DA VIDA, VERBO NA FERIDA, DEIXEI MEU LEGADO
MEU PAÍS NASCEU COM NOME DE MULHER
SOU A LIBERDADE, MÃE DO CANINDÉ
MUDA ESSA HISTÓRIA, TIJUCA!
TIRA DO MEU VERSO A FORÇA PRA VENCER
RECONHECE O SEU LUGAR E LUTA
ESSE É NOSSO JEITO DE ESCREVER
A emoção tomou conta de Igor Vianna na final de samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, realizada na quadra da escola, que definiu o hino oficial para o Carnaval 2026. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o intérprete titular da Verde e Branco falou sobre o significado de viver esse momento na agremiação onde cresceu e que faz parte de sua história familiar.
“É um momento único, estar na minha escola do coração. Eu só tenho a agradecer a Deus e aos meus Orixás”, declarou Igor, visivelmente emocionado. O cantor, que segue os passos do pai, o lendário intérprete Ney Vianna, destacou o quanto é especial representar o pavilhão da Mocidade.
“É muito diferente cantar aqui, a emoção bate diferente”, resumiu, com brilho nos olhos.
Questionado sobre o que diria ao pai se pudesse compartilhar com ele o momento atual, Igor respondeu com sentimento: “Eu agradeceria a ele por ter plantado essa semente e ter deixado esse legado pra mim. O que ele me falaria eu não sei, mas eu sei que eu só agradeceria”.
Vivendo uma sintonia elogiada com mestre Dudu e a bateria “Não existe mais quente”, Igor reforçou a confiança no desempenho do carro de som da Mocidade e no potencial do novo samba-enredo para empolgar a Avenida.
“Podem esperar um grande trabalho na avenida, minha troca com Dudu é excelente e o nosso hino vai levantar a Sapucaí”, garantiu.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, Renato Remondini, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP), conhecido como Tomate, revelou os planos audaciosos da entidade para os próximos anos, abrangendo desde a logística da Festa das Crianças até a reestruturação das cabines de julgamento e o fim definitivo do CD físico. Um dos principais focos da Liga-SP é a realização do minidesfile infantil, a “Festa do Dia das Crianças”, no Sambódromo do Anhembi. Embora o evento deste ano tenha acontecido em formato mais restrito, Remondini confirmou que o Anhembi é o local planejado para o futuro, visando à segurança das crianças e à ampliação do público. Segundo o presidente, a impossibilidade de realizar o evento no Anhembi neste ano ocorreu por conta de reformas. No entanto, o futuro já está traçado.
“A data já está reservada para o próximo ano, para que a gente efetivamente realize o evento no Anhembi e possa receber todo o público”.
O objetivo principal da mudança de local é garantir segurança e isolamento adequado para as crianças. O evento atual, apesar de “fechado”, recebeu quase 20 mil pessoas de forma rotativa, incluindo 5 mil crianças e seus acompanhantes. Remondini explicou a necessidade de reorganizar os espaços.
“A ideia é que no Anhembi a gente consiga deixar as crianças de forma isolada para que elas façam o desfile, e o público entre com toda a questão de segurança. A gente consegue colocar lá 40, 50 mil pessoas com segurança para as crianças”.
Adeus ao CD físico e investimento em clipes de excelência
Abordando uma das maiores discussões entre colecionadores, o presidente da Liga-SP confirmou a substituição do CD físico, tradicional mídia que reúne os sambas-enredo, por um investimento maciço em produções audiovisuais. Remondini justificou a decisão citando a baixa procura e o desuso da mídia. Ele detalhou o acúmulo de material não retirado.
“A gente tem aqui uma sala pequena, de uns 16 m², mas ela está até o teto de CDs dos anos anteriores. As pessoas não retiram o CD que compram. A gente preferiu investir mais no clipe. Teremos clipes de excelência. Neste ano, o clipe tem uma produção três vezes maior do que a do ano passado. Vai ser um trabalho incrível, uma entrega maravilhosa. Estamos gastando o dobro do que gastamos no ano passado”.
Como contrapartida à ausência do CD, a Liga-SP adotou um modelo de ingresso solidário para os minidesfiles, no dia 6 de dezembro, na Fábrica do Samba, no qual a entrada é gratuita mediante doação de alimentos: “O ingresso será gratuito. A pessoa não paga para entrar na Fábrica do Samba, ela traz 1 kg de alimento para doarmos às ONGs que apoiamos”.
Mudanças estruturais nas cabines de julgamento
Pensando na evolução do espetáculo e na precisão da avaliação, a Liga-SP planeja, para 2026, uma mudança na localização e na altura das cabines de julgamento. Diferentemente de iniciativas anteriores, o processo começou com a escuta ativa dos próprios avaliadores.
“A gente fez um trabalho de conversa este ano. Ouvimos quem julga. Trouxemos os jurados à Liga e perguntamos o que eles achavam, o que poderia mudar, o que poderia melhorar. Extraindo todas essas informações, chegamos a um ponto em que entendemos quais são os melhores lugares para colocar cada cabine, os quesitos de áudio, os visuais”.
A proposta foi apresentada aos presidentes das escolas de samba no Anhembi e foi bem recebida. A Liga agora avança para a fase de execução, trabalhando em conjunto com órgãos públicos, incluindo o Procon, para garantir que as alterações não prejudiquem a visão do público.
Segundo o presidente, o trabalho está sendo feito com responsabilidade e planejamento: “Está sendo uma coisa bem planejada, com muita antecedência.”