No sábado, 18 de outubro, a quadra da Unidos da Tijuca abrirá as suas portas para a reestreia do Quintal da Tijuca. A combinação de samba, música boa e cerveja acontecerá a partir das 16 horas, recebendo os shows completos do Resenha Como Antigamente e Samba de Caboclo. E mais, DJs nos intervalos e Bateria Pura Cadência no encerramento. A entrada é franca até 20h.
Os ingressos poderão ser retirados antecipadamente através do Sympla. Quem optar por comprar na hora, pagará R$ 20,00 na pista (sujeito à lotação). A mesa para 4 pessoas com ingressos inclusos sai por R$ 100,00 e camarotes por R$ 150,00. A quadra da escola oferece área de alimentação com vastas opções de refeições, além de feirinha de gastronomia, roupas, artesanato e drinks especiais.
O Quintal da Tijuca celebrará o autêntico samba de raiz e de terreiro recheado de conexões positivas e de alegria para consagrar o retorno, levando muito samba e axé para o público. O tambor vai ecoar com a força dos ancestrais com o Samba de Caboclo, e a roda de samba do grupo Resenha Como Antigamente. O axé vai tomar conta da Unidos da Tijuca.
O Samba de Caboclo é uma celebração das raízes culturais e musicais do nosso país. O evento é uma oportunidade de mergulhar na essência do samba, apreciando performances que honram a tradição e a história desse gênero musical tão importante para a identidade brasileira. Não poderia faltar a batida contagiante da bateria Pura Cadência liderada pelo mestre Casagrande no tradicional encerramento do evento, colocando todo mundo no clima do carnaval.
A quadra de ensaios da Unidos da Tijuca fica localizada na Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo. Há estacionamento amplo no local.
Serviço:
Quintal da Tijuca
Atrações: Resenha Como Antigamente, Samba de Caboclo e Bateria Pura Cadência
Data: 18/10/2025
Horário: 16h às 01h
Endereço: Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo
Classificação: 18 anos
Pista: Entrada Franca até 20 horas retirando a cortesia no Sympla, após R$ 20
Vendas On-line: https://www.sympla.com.br/evento/samba-de-caboclo-no-quintal-da-tijuca/3133479
Após a reforma que modernizou sua quadra, o Império da Tijuca inaugurou uma nova fase de sua trajetória, marcada não apenas pelas melhorias estruturais, mas também pelo reconhecimento àqueles que ajudaram a construir a história da verde e branca do Morro da Formiga. O espaço administrativo do Império da Tijuca ganhou o nome de Sebastião Vicente da Silva, o inesquecível “Seu Tiãozinho”, o maior homenageado da noite. Nascido no mesmo ano da fundação da escola, ele foi presidente e é considerado uma verdadeira lenda viva da agremiação. Uma placa na entrada das salas administrativas eterniza seu nome como símbolo de dedicação, amor e compromisso com a escola.
Em seu discurso na reinauguração da quadra, o presidente Thiago Carvalho destacou a importância de reverenciar aqueles que abriram caminho para que o samba alcançasse a grandiosidade atual. “No Império da Tijuca, nossos baluartes merecem e têm todo o respeito. É importante fazer essas homenagens enquanto eles ainda podem estar conosco e, sobretudo, compartilhar toda a riqueza de histórias que guardam na memória”, afirmou.
Além dele, sete camarotes do novo complexo receberam o nome de personalidades marcantes que contribuíram — e ainda contribuem — para o fortalecimento da grande família imperiana. Os homenageados nas placas são:
Luciano Andrade do Nascimento (“Bola”)
João Luiz Evangelista de Cerqueira (“Seu João”)
Carlinho Ardelino Filho (“Seu Santos”)
Moisés Pereira das Neves
Guaraci Delegado (“Guará”)
Maria Rocidélia de Almeida Amorelli (“Lia Amorelli”)
Baltazar Olímpio Junior
Com a reforma, o Império da Tijuca reafirma seu compromisso de preservar a memória e valorizar aqueles que ajudaram a construir sua história. Cada detalhe da nova quadra celebra o passado e aponta para um futuro promissor da escola, que segue unindo gerações em nome do samba e da tradição do Morro da Formiga.
O presidente de honra da Viradouro, Marcelão Calil, conversou com o CARNAVALESCO, na final de samba-enredo da escola para o Carnaval 2026, e prometeu que não medirá esforços para fazer uma apresentação brilhante ano que vem na Marquês de Sapucaí.
“A gente tem um enredaço para disputar o carnaval. Não vamos medir esforços pra que seja um carnaval brilhante. Eu entendo que a gente vai fazer muito mais do que já fez até hoje”, disse.
O dirigente enalteceu mestre Ciça, que é o homenageado no enredo da escola de Niterói em 2026.
“O Ciça vive agradecendo a gente por ter sido escolhido como enredo. Mas eu acho que é a escola que tem que agradecer a ele. Merece isso, o samba merece isso, o carnaval merece isso. É alguém vivo que representa muito na história do carnaval e do samba, homenageado, trabalhando na avenida. É assim que a gente está vendo esse carnaval”.
A última sexta-feira foi de emoção no Largo da Prainha, na região central do Rio de Janeiro. Rainha de bateria do Império Serrano, Quitéria Chagas recebeu das mãos do carnavalesco Renato Esteves o croqui de sua fantasia para o Carnaval 2026, quando a escola apresentará o enredo “Ponciá Evaristo Flor do Mulungu”, uma homenagem à escritora mineira Conceição Evaristo, referência da literatura afro-brasileira.
A entrega simbólica aconteceu em frente ao mural dedicado à autora, próximo à Pedra do Sal, reforçando a conexão entre o samba, a arte e a ancestralidade que inspiram o desfile imperiano. Emocionada, Quitéria destacou a força e o significado desse momento:
“É algo inédito para mim. Receber o croqui da fantasia nesse lugar tão simbólico, diante da imagem de Conceição Evaristo, me faz sentir parte viva dessa história. Eu adoro os desenhos do Renato Esteves. Ele consegue traduzir em arte toda a energia que o Império representa. Desfilar em um enredo sobre Conceição é uma honra enorme, uma experiência de potência e identidade que vai muito além do Carnaval”, disse a rainha.
Renato Esteves adiantou que a fantasia da rainha trará elementos que unem beleza, ancestralidade e resistência feminina, em sintonia com o universo literário e simbólico da autora homenageada.
“A fantasia da Quitéria foi pensada para representar uma das personagens mais emblemáticas das obras de Conceição Evaristo. Ela simboliza a força que permeia a escrita da autora. É uma tradução visual do que Conceição expressa em palavras”, garantiu Esteves.
No próximo sábado, a partir das 22h, o Império Serrano escolherá o seu samba-enredo para o Carnaval 2026. Quatro composições buscam virar o hino oficial para o próximo desfile, quando o Reizinho de Madureira será a quarta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no dia 14 de fevereiro, pela Série Ouro.
A Fábrica do Samba foi tomada, no último domingo, pela emoção e pela alegria durante o desfile mirim das escolas de samba de São Paulo. Em meio a sorrisos, confetes e batidas, o que se viu foi muito mais do que um espetáculo infantil: foi a prova viva de que o amor pelo samba se herda, se ensina e se celebra em família. Cada fantasia, cada passo e cada toque carregavam a essência de uma tradição passada de geração em geração, de pais e parentes que cresceram no meio do samba e hoje se emocionam ao ver as crianças vivenciando essa cultura com o mesmo brilho no olhar. Ao CARNAVALESCO, alguns componentes e responsáveis contaram sobre esse amor hereditário pelo mundo do samba.
O jovem Guilherme Gennari, mestre-sala mirim da Estrela do Terceiro Milênio e cantor da Primeira da Cidade Líder, mostrou que o samba também é sobre amizade e novos desafios.
“Foi tudo de bom! A Líder foi uma escola maravilhosa, a bateria estava incrível. A gente tirou onda na ala musical, o abre-alas ficou muito bonito também. Eu sou mestre-sala da Milênio, mas hoje desfilei na ala musical com meus amigos, e foi legal demais”, contou.
Ao lado dele, a madrinha Kelly não escondia o orgulho. Para ela, o desfile é a semente que mantém o carnaval vivo.
“Tudo isso é fantástico. Viemos de um ciclo do carnaval em que, se não pensássemos nas crianças e não criássemos um projeto para trazê-las de volta, o carnaval maior poderia enfraquecer. Não dá para pensar em carnaval sem as nossas crianças, e ver o show que deram hoje me emociona. Muitas têm dons, alegria, e cada uma traz seu talento como sambista, porta-bandeira, baiana… O que mais me toca é saber que estamos transmitindo um amor. Na nossa família, ensinamos o samba com carinho. Tenho muito orgulho de fazer parte desse evento”, disse.
Tradição, família e futuro
Thamires Roberta, mãe do pequeno Eduardo, componente do Trevo da Barra Funda, disse que o desfile é um gesto de amor que une passado e futuro.
“É muito bom passar para as crianças nossa ancestralidade e nossa cultura, para que aprendam e curtam no dia delas. Nossa relação com o Camisa Verde e Branco é um amor que a gente planta e que floresce no sorriso deles”, relatou.
E o próprio Eduardo, com a espontaneidade que só as crianças têm, resumiu o espírito do evento: “Eu gostei mais de brincar! Gostei de dançar com os amigos. Me inspiro na bateria para quando eu crescer”, contou.
Para Alycia Amaral, madrinha mirim da bateria da Rosas de Ouro, o momento foi inesquecível.
Fotos: Naomi Prado/CARNAVALESCO
“O desfile foi muito especial. O nervosismo era o mesmo de um desfile normal, mas foi muito mais legal, porque tudo foi feito pra gente. Tinha muitos brinquedos, estavam todos os nossos amigos das outras escolas e até os amigos que fiz em Santos. Eu nunca vou esquecer desse dia, porque fui madrinha da bateria da minha escola, que também é a escola da minha família”, celebrou.
Para sua mãe, Naty Oliveira, ver esse amor ao pavilhão ser passado para a próxima geração é algo especial.
“A história da construção da minha família se mistura muito com o samba. Conheci meu marido em um ensaio dentro da nossa escola, e cada degrau da nossa vida foi sendo construído em paralelo ao carnaval. Minhas gestações aconteceram dentro da escola e, assim que eles saíram da barriga, já estavam na quadra. São, literalmente, ‘crias’ daquele chão. Naturalmente, a escola faz parte da nossa rotina, já que estamos lá todos os dias. Ela aprendeu a sambar, mas, principalmente, a ter amor e respeito pelo pavilhão e é disso que eu mais me orgulho. Fico muito grata e feliz em saber que o amor que eu e o pai dela temos pela Rosas de Ouro foi passado para ela também”, disse.
Entre as metas de médio prazo da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) está o desejo de assumir a gestão do Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O tema é constantemente debatido com a Prefeitura do Rio, mas o desafio financeiro é o principal obstáculo. Em entrevista ao vídeocast “Deixa Falar”, da Rádio Tupi, o presidente da Liesa, Gabriel David, comentou a ideia.
“Temos sim a intenção de, em algum momento, ser de fato a gestora do Sambódromo. É uma conversa que tenho com o prefeito Eduardo Paes desde minha entrada na Liesa. Não tirando a importância da Riotur. Porém, existe uma série de desafios. O primeiro seria o custo para obras estruturais no Sambódromo. Mas a Liesa teria que desembolsar um valor que não tem em caixa. Estudos preliminares apontam que o custo pode chegar a cerca de R$ 200 milhões”, disse Gabriel.
O presidente da Liesa citou que a possibilidade futura é que a administração do Sambódromo passe para Liga, através de uma Parceria Público-Privada (PPP).
“A gente tem conversado com a Prefeitura do Rio e a ideia das obras do entorno do Sambódromo é serem financiadas com recursos privados. Fazendo o Boulevard do Samba, melhorando chegada e saída, além das reformas estruturais. Acredito que isso vai acontecer ao longo dos próximos anos. Aí, a gente depois poderia fazer uma Parceria Público-Privada (PPP) para Liesa administrar o Sambódromo”.
O carnavalesco Leandro Vieira fez um balanço otimista do trabalho à frente da União de Maricá, que se prepara para o Carnaval 2026 após um desfile marcante neste ano. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o artista ressaltou a evolução da agremiação e o fortalecimento da identidade da escola, que, segundo ele, começa a se consolidar entre as potências do grupo.
“A Maricá tem apresentado grandes carnavais. 2025 também foi assim e, se Deus quiser, 2026 será. Acho que é uma escola que está se reconhecendo entre as grandes do grupo, apresentando um trabalho de construção de futuro: de comunidade, de identidade”, afirmou.
Leandro, que estreou na agremiação no último carnaval, acredita que o novo ciclo marca um momento de maior entrosamento e entendimento mútuo.
“Ano passado foi meu primeiro ano, e naturalmente, no primeiro ano em qualquer lugar, você chega sabendo menos do que vai saber no segundo. No segundo, você já tem a bagagem do primeiro. Acredito que, neste segundo desfile, eu tenha mais entendimento do que a escola pode render, de como pode se afirmar na sua vocação”.
O carnavalesco contou que o enredo de 2026 nasce justamente desse olhar mais atento à identidade e às potências simbólicas da União de Maricá.
“Identifiquei uma escola com uma força feminina muito grande, com uma construção territorial ligada à ancestralidade. Acho que o enredo também reflete esse aprofundamento. Eu costumo dizer que estou em um ‘namoro’ com a Maricá. É um namoro novo, estamos nos conhecendo, com expectativa de dar certo”.
Questionado se esse “namoro” tende a se estender pelos próximos carnavais, Leandro respondeu com o bom humor de sempre:
“A gente vai namorando enquanto for possível, enquanto for bom. Eu estou descobrindo a União de Maricá da mesma forma que a União de Maricá está descobrindo o seu atual carnavalesco. Espero que eu consiga continuar nesse namoro e que ela também queira (risos)”.
Barracão organizado e enredo em ritmo avançado
O artista revelou que a fase atual do trabalho é de intensa atividade no barracão, com todas as etapas caminhando dentro do cronograma.
“Estamos no processo de construção de protótipos. É sempre uma fase muito elaborada, porque eu gosto muito desse processo. Já entreguei o projeto completo de alegorias, e a escola está na fase de construção de ferragens, carpintaria, além do andamento das esculturas”.
Segundo Leandro, o barracão da União de Maricá segue em ritmo exemplar: “O barracão caminha dentro da normalidade, dentro de uma construção efetiva e organizada. As fantasias estão na fase de protótipo e compra de materiais para reprodução. Tudo segue dentro de um organograma muito bem estruturado. Isso facilita o trabalho e é muito gostoso de acompanhar”.
Harmonia entre samba e enredo
A disputa pelo samba-enredo 2026 também foi comentada por Leandro, que destacou o alinhamento entre as obras finalistas e o conceito do enredo.
“Os três sambas finalistas eram bem alinhados no discurso. Isso é muito importante, porque o samba-enredo tem a característica de contar uma história que será apresentada também visualmente. Quando os sambas se alinham no discurso, significa que houve entendimento do enredo”.
Entre a empolgação com a inovação e a cautela diante de um cenário ainda cheio de incertezas, coreógrafos da Comissão de Frente de dez escolas do Grupo Especial compartilharam com o CARNAVALESCO suas expectativas e preocupações sobre o novo modelo de julgamento do carnaval. A novidade é vista como uma oportunidade para dinamizar o desfile e ampliar a experiência do público, mas, para que as adaptações coreográficas e cenográficas sejam efetivas, os artistas destacam a importância de ter maior clareza nos critérios de avaliação.
Definida em plenária da Liesa pelos presidentes das agremiações, a mudança estabelece que, no Carnaval 2026, as escolas terão três paradas diante dos jurados, em vez das atuais quatro, e passarão a contar com uma cabine espelhada no Setor 7, que avaliará as apresentações simultaneamente à do Setor 6. A alteração busca melhorar a fluidez dos desfiles e a experiência do público na Sapucaí, trazendo impactos diretos na concepção artística das apresentações.
Entusiasmo com a novidade
Com uma visão otimista, Patrick Carvalho, coreógrafo da Imperatriz, acredita que a cabine espelhada pode abrir novos caminhos para o quesito. “Todo mundo fala que a Comissão de Frente se perdeu. Talvez seja isso que venha para a gente encontrar um novo caminho. Acho que vamos ter um trabalho de fazer mais de duas coreografias na avenida; vai ser mais do que fazer uma coreografia espelhada, uma hora pra um lado, outra hora para o outro. Agora vamos ter que impactar duas pessoas ao mesmo tempo. É um desafio gostoso”, disse.
Patrick Carvalho, coreógrafo da Imperatriz
Na Mocidade, Marcelo Misaílidis também vê a mudança como um avanço. Para ele, o formato democratiza o espetáculo, priorizando o público. “A ideia é muito boa porque democratiza o espetáculo para o público, que é a parte mais interessada, quem paga o ingresso, quem vive o Carnaval, de fato, o ano todo. E o espetáculo está voltado mais pro sentido do cortejo mesmo, como deve ser. É uma iniciativa superacertada da Liesa”, afirmou o coreógrafo. Misaílidis destacou ainda que a dinâmica 360 amplia a perspectiva visual e permite que todos na Sapucaí contemplem as apresentações. “O importante é que o espetáculo aconteça para frente. Acontecendo para frente, ele atende a todos os lados da avenida”, completou.
Marcelo Misaílidis
David Lima, do Tuiuti, vê a alteração como parte do processo evolutivo do Carnaval e acredita que ela pode dar mais tranquilidade ao desfile. “Com essa mudança, nós vamos parar três vezes. Acho que vamos conseguir fazer um Carnaval um pouco mais esticado, sem aquela correria, aquele desespero. Acredito que o Carnaval está evoluindo e, a cada ano, trazendo uma nova contribuição para a melhora do espetáculo”, declarou o coreógrafo.
David Lima, do Tuiuti
Na Unidos da Tijuca, as coreógrafas Bruna Lopes e Ariadne Lax também enxergam na cabine espelhada uma oportunidade de renovação. Elas explicaram que irão trabalhar com diferentes possibilidades para o desfile — desde apresentações em 360 graus até coreografias que alternem o foco entre os lados da Sapucaí, adaptando movimentos conforme o efeito desejado. A dupla acredita que, ao oferecer novas formas de interação, o formato pode ampliar o alcance do espetáculo e tornar a experiência mais democrática para quem assiste na avenida. “Engrandece para o público em geral. Quem está pagando e muitas vezes não consegue assistir, agora terá a chance de ver”, disse Bruna.
Bruna Lopes e Ariadne Lax, da Tijuca
Incertezas e critérios de avaliação
Apesar das avaliações positivas, há dúvidas sobre como o novo formato será julgado. Claudia Mota, da Portela, manifesta receio sobre a adaptação dos jurados. “Eu fiquei bem receosa no sentido: ‘será que vai dar certo?’. Até para o jurado poder analisar bem e ter a consciência de que realmente a gente está usando os dois lados. Eles precisam entender isso, porque não é uma missão fácil para a gente, e acredito que, para eles, também não vai ser”, afirmou a coreógrafa, que trabalha em parceria com Edifranc Alves.
Edifranc Alves e Claudia Mota, da Portela
Na Viradouro, Priscila Mota alerta para o impacto da mudança na experiência do julgador. “É uma mudança importante, do ponto de vista do julgamento. Eu e Rodrigo, há mais de cinco anos, estamos atentos à questão da bilateralidade da apresentação, isso é uma premissa do nosso trabalho. Agora, quando estamos na frente da cabine, nós estamos nos apresentando para uma pessoa que está nos julgando. Então, se você divide essa frente, você diminui a experiência do julgador. Quem conseguir driblar essa nova mudança vai se dar bem”, avaliou a artista, que está à frente da comissão da vermelho e branco junto com Rodrigo Negri.
Priscila Mota e Rodrigo Negri, da Viradouro
Ela também rebate a visão de que basta ‘fazer de frente’. “Não é bem assim. Quem é julgado é quem sabe a melhor maneira de se apresentar. Para quem não é responsável pelo quesito falar isso, é fácil, mas quem tem que ir lá, botar a mão na massa e resolver esse tipo de mudança que impacta tanto na apresentação somos nós. Estamos prontos e vamos trabalhar para fazer o melhor, para não diminuir nem um pouco a experiência do jurado e do público também”, acrescentou.
Para Márcio Jahú, da Vila Isabel, clareza nos critérios é fundamental para que as propostas sejam melhor planejadas. “As coisas têm que ficar mais alinhadas para a gente conseguir desenvolver a coreografia. É entender que, se tiver alguma cabine que não seja espelhada, vamos fazer como se ela fosse espelhada”, adiantou o coreógrafo, que trabalha na azul e branco em parceria com Alex Neoral.
Uso do tripé no novo formato
Jorge Teixeira, da Beija-Flor
Embora não seja obrigatório, o tripé se consolidou nos últimos anos como um dos elementos mais presentes na Comissão de Frente, marcando desfiles com soluções cenográficas e efeitos especiais. No novo modelo de julgamento, coreógrafos projetam adaptações para que a estrutura dialogue com os dois lados da avenida.
Handerson Big, da Acadêmicos de Niterói, vê no cenário atual a consolidação de uma tendência já presente no Grupo Especial: a transformação do tripé em palco. “São poucas as comissões que optam hoje por tripés megalomaníacos. Acho que já é uma tendência ele ser um palco para que as apresentações ocorram em cima dele. Então, agora é pensar esse palco em 360. Talvez a solução seja o tripé todo girando… mas não vou ficar dando spoiler”, brincou.
Marlon Cruz e Handerson Big, da Acadêmicos de Niterói
Na Beija-Flor, os coreógrafos Saulo Finelon e Jorge Teixeira defendem que o impacto visual não seja reduzido. “O show não pode diminuir. Acho que um tripé bem usado, por uma questão cenográfica, independe do tamanho. Nós trouxemos um tripé de 32 metros porque havia um canhão de 11 metros, então havia um porquê para aquele tamanho. Agora, uma visão mais ampla tende a permanecer. Menor ou maior, vai de acordo com o projeto de cada um”, explicou Saulo.
Saulo Finelon, da Beija-Flor
Para Márcio Jahú, a tendência é de estruturas mais baixas, que permitam ampla visibilidade. “Se você bota um tripé alto, bloqueia a visão de um lado para o outro. No ano passado, fizemos um palco bem grande na frente, mas com uma altura que o público conseguia assistir de todos os lados. A tendência vai ser essa, facilitando a visão ampla em 360”, avaliou.
Márcio Jahú, da Vila Isabel
Olhar para o futuro
O momento é de estudo, diálogo e experimentação. Paulo Pinna, do Salgueiro, recebeu a proposta com surpresa e defende que é preciso cuidado para que os jurados mantenham uma boa avaliação. “Eu adoro inovação, mas a gente tem que ir devagar para poder entender esse modelo novo. A gente vai conseguir conversar com a diretoria da Liesa para entender como vai ser esse julgamento de uma cabine espelhada”, declarou o artista, reforçando que, diante de qualquer mudança, o fundamental é não perder de vista o sentido do espetáculo. “O Carnaval é para o público, não só para um julgamento”, finalizou.